As parábolas de Nosso Senhor – A dracma perdida

Qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E, achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida (Lucas 15:8-9).

A primeira das três parábolas de Lucas 15 indiscutivelmente se refere ao Filho e a terceira ao Pai, é certamente razoável procurar o Espírito Santo nesta parábola “do meio”. É, de fato, uma abençoada verdade que cada Pessoa da trindade está igualmente interessada na bênção dos homens. Pai, Filho e Espírito Santo trabalham juntos em santa harmonia na graciosa obra da salvação.

O Salvador perguntou: “Qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?”. Aqui o que está perdido está sem vida, em contraste com a primeira parábola, que representa um ser vivo extraviado (a ovelha perdida). Estes são os dois pontos de vista dos quais as epístolas aos Romanos e aos Efésios, nessa ordem, consideram o pecador. A atividade no pecado é o ponto em Romanos; morte – morte espiritual – é o ponto em Efésios. A minuciosa obra do Espírito Santo na busca dos perdidos é apresentada de forma velada em nossa parábola. É uma mulher que age. Isso sugere a Igreja de Deus, cujos membros individuais são os instrumentos do Espírito para alcançar as almas dos homens. Muitos corações sombrios precisam que entre a luz da verdade divina, para que seu mal seja exposto e sua profunda necessidade de salvação seja trazida aos seus olhos. A candeia da mulher expressa isso.

Diferente das ovelhas que se desviavam pelos montes (Mateus 18:12), a dracma estava perdida em casa. A grande massa professa chamada cristandade é comparada em 2 Timóteo 2:20 a “uma grande casa” contendo uma mistura de preciosos e desprezíveis. Assim, não são apenas os devassos e iníquos que se perdem, mas também muitas pessoas religiosas. As almas que perecem podem ser encontradas tanto no bar da esquina quanto no “local de adoração”. A ovelha perdida é a imagem de um; a dracma perdida é a imagem do outro.

A alegria da mulher, quando a dracma que faltava foi encontrada, é declarada pelo próprio Salvador como alegria diante dos anjos de Deus quando um pecador é levado ao arrependimento. Uma única alma tem valor suficiente para atrair o interesse de todo o céu. Quem senão Deus sabe o valor dessa alma? Um único bandido arrependido fornece mais alegria no céu do que toda uma multidão de religiosos que se cobrem com as vestes de sua justiça própria. Além disso, é maravilhoso ver que o exército angélico se regozije desinteressadamente na bênção de um ser inferior em status natural em relação a eles, mas que pela graça soberana, é elevado a uma posição de bênção mais exaltada do que a mais alta hierarquia celestial que já conheceu ou jamais saberá. No entanto, com respeito a nossas bênçãos Pedro diz: “coisas essas que os anjos desejam bem atentar” (1 Pedro 1:12). E Paulo nos mostra que através da Igreja está sendo divulgada aos principados e potestades nos lugares celestiais a múltipla sabedoria de Deus (“Agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” – Efésios 3:10). Eles observam os caminhos do Senhor conosco e, assim, encontram proveito e bênção.

W. W. Fereday