A Grande Ceia
“Um certo homem fez uma grande Ceia”
“Grande é a casa e grande Aquele que a construiu;
Grande é a Ceia que Ele estendeu;
Grande foi o preço que Lhe custou,
E grande a graça que nos força a entrar.
Em breve, para aquela região Ele nos levará seguros,
Uma vez nessa morada que é Sua e nossa,
Tristeza e dor e morte não mais nos tocarão;
Lá adoraremos com força divina”
Ninguém com algum conhecimento sobre isso me contestará se eu disser que a parábola da GRANDE Ceia foi falada por nosso Senhor para ilustrar o modo de Deus para abençoar os homens. Ele conta como propõe satisfazer as necessidades mais profundas de suas almas e livrá-las de suas misérias; também fala de Seu desejo de que eles sejam felizes com Ele e que Ele mesmo é quem cuida de tudo, como Seus convidados; Ele deseja o prazer da nossa companhia. E, se eu puder acrescentar outra coisa, sem obscurecer o assunto, a ceia mostra o modo alegre em que Ele está agora celebrando a coroação de Seu Filho na glória. O dia da coroação de George VI e sua rainha foi um grande dia; de Londres até os postos avançados do Império, em mansões, casas de campo e becos, houve festa e regozijo. Deus ressuscitou Jesus dos mortos e O coroou com glória e honra; Ele o colocou no trono para ser um Príncipe e Salvador para os homens, e Ele quer que todos se regozijem por isso. Ele nos convida a compartilhar Sua alegria e participar das bênçãos resultantes do triunfo de Seu Filho sobre o pecado, a morte e o diabo, e por causa de Sua coroação no céu. A Ceia é maravilhosa por causa desse grande motivo – o desejo de Deus pela felicidade dos homens.
Ela é grandiosa porque Deus é grandioso e essa é a Sua Ceia. Ele é grande em Seu poder e sabedoria, como todos nós certamente sabemos, pois isso é declarado em Suas obras criadas, mas Ele é maior em Seu amor. “Deus é amor” e é isso que deve nos tocar a todos. Nos dias antigos, em Seus sábios propósitos, Ele criou uma nação a parte de todas as demais e cuidou dela com cuidado especial, mas isso foi somente até que chegasse o tempo para que Seu Filho aparecesse. Agora Ele terá todos os homens para serem salvos, gentios e judeus. Ele pensa em todas as nações: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito”. Ele envia Seu convite para todos. A palavra do evangelho é “quem quiser”. Os ricos não são mais para Ele do que os pobres e miseráveis; aos Seus olhos, negros e brancos são iguais. Ele estende Suas mãos para todos e, sem distinção, convida a todos para entrarem na Sua Ceia. É uma grande Ceia porque é de Deus e Ele é grande.
É uma grande Ceia por causa da multidão que irá desfrutar dela para sempre. Jugando pelo que vemos, não parece que isso possa ser assim. Os cristãos felizes parecem ser minoria. As multidões fazem fila para os cinemas, teatros e outras diversões; baladas e festas estão lotadas, mas não onde o evangelho é pregado. O palhaço faz a multidão rir enquanto o arauto da salvação de Deus entrega sua mensagem para crianças e alguns adultos, às vezes muito poucos. “Sem exagero, mil pessoas se reuniram em torno de nós para ouvir a palavra”, escreve um entusiasmado evangelista ao ar livre, “e no final da reunião quatro homens saíram e confessaram o Senhor Jesus como seu Salvador”. Quatro em mil! Claro que estamos contentes com os quatro; “há alegria diante dos anjos de Deus por UM pecador que se arrepende”, mas quatro em mil! Essa foi uma porcentagem muito pequena. O mundo, a carne e o diabo parecem ter levado a melhor naquela multidão. Pode ter sido esse tipo de evento que fez um homem nos capítulos anteriores perguntar: “Senhor, poucos serão salvos?”. Sabemos a resposta do Senhor, cuide de você. “Esforçai-vos para entrar”. No entanto, apesar do fato de que a maioria dos homens parecem mais amantes do prazer do que amantes de Deus, e muitos estão no caminho largo e não no caminho estreito, a sua casa se encherá e se encherá de uma multidão que nenhum homem pode contar. Virão do Norte e do Sul, do Oriente e do Ocidente, e se assentarão no reino de Deus, uma multidão, resgatada da morte e do inferno pelo precioso sangue do Filho de Deus, para ceiar para sempre com Ele. Muitos procurarão entrar, mas não poderão, porque ignoraram o AGORA de Deus e chegaram tarde demais. Mas apesar disso, o céu será preenchido por uma multidão incontável. A Ceia é grande por causa do número que vai desfrutar dela.
É uma grande ceia por causa do custo dela, e esse é o coração do assunto. O que Deus dará para fazer os homens felizes? Qual preço Ele pagará? Ele dá a vida, mas a sombra da morte está sobre ela. Ele dá saúde, mas a doença nunca está longe. Ele poderia dar dinheiro, mas o que é dinheiro? Um jornal do norte da Inglaterra ofereceu um prêmio pela melhor definição de dinheiro, e a definição que ganhou o prêmio foi ótima. Não acho que possa ser melhorada. “O dinheiro pode comprar tudo menos felicidade e abrir todas as portas, exceto a porta do céu”. Mas se um homem não é feliz neste mundo e não alcança o céu, o que ele tem que vale a pena? Ele deve ter o céu para ser um homem abençoado, e nem a vida, nem a saúde, nem a riqueza podem lhe dar; mas Deus pode dar a ele, mas – há um custo!
“Deus amou de tal maneira” – Ah, o texto antigo! Eu tive um sonho estranho. No meu sonho, eu estava passando um lindo dia de verão em algumas vilas de Yorkshire entregando folhetos sobre o evangelho e conversando com as pessoas sobre o Salvador. Na porta de um chalé havia um grupo de mulheres, aproveitando o sol e uma conversa. Tive que explicar que não estava vendendo nada, mas estava dando a elas o evangelho, e na minha explicação citei o texto: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Mal consegui tirar as palavras da minha boca e uma das mulheres riu, com uma risada desdenhosa, e disse: “Que texto ultrapassado”, e todas as mulheres se juntaram a ela rindo do texto antigo novamente. Acordei do sonho com o riso delas soando nos meus ouvidos e fiquei feliz por ter sido um sonho. E, no entanto, temo que seja assim que muitos estão tratando as palavras mais maravilhosas que os ouvidos mortais já ouviram. O texto pode ser antigo, e muitas vezes usado, não posso deixá-lo de fora desta história; ele nos diz o que Deus fez por nossa bênção, o que custou a Ele expandir essa ceia. Eu poderia citar outros, talvez não tão conhecidos, mas não menos maravilhosos. “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos. Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” – 1 João 4:9-10.
Superar todas as nossas necessidades e desejos, quanto essa Ceia custou para Deus? E quem descreverá o preço que Seu amado Filho pagou, pois o Pai e o Filho foram um nisso. Ele era rico, mas por nossa causa, Ele se tornou pobre! A pobreza da manjedoura foi um grande preço a pagar, mas não era suficiente; Sua vida de tristeza, pois Ele foi o Homem de dores, foi um grande preço a pagar, mas não era suficiente; a agonia no Getsêmani, com seu suor de sangue, foi um grande preço a pagar, mas não era suficiente; nada poderia valer senão a cruz do Calvário; ali, Aquele que não conheceu pecado, foi feito pecado por nós; ali Ele morreu pelos ímpios – aqueles sem Deus no mundo. A Bíblia diz: “Cristo morreu pelos ímpios”. Uma frase de quatro palavras – palavras douradas. Quanto elas significaram para nós e para milhares de pecadores. Muitas vezes ponderei sobre elas e disse com os olhos umedecidos e adorando com o coração: “Senhor, isso significa eu! Esse foi o preço que Tu pagaste por mim!”. Foi o preço que Ele pagou para que esta Ceia fosse expandida, preparada para homens necessitados. Isso é o que custou para Ele nossa redenção, e esse foi o preço que Ele pagou para que Deus nos abençoasse com justiça.
A Ceia é grande por causa do que custou, e por causa da multidão que irá desfrutar dela, e por causa da grandeza do Deus que a providenciou; e por causa do Seu desejo gracioso de que todos os homens desfrutem dela.
Tradução em andamento do livro “A ceia, a fome e a chama” (The Feast, the Famine and the Flame) de J. T. Mawson.