Esta é a última da série de parábolas que foi proferida por nosso Senhor no memorável dia de Mateus 13: “O Reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora” (Mateus 13:47-48). Aqui temos o resultado do tratamento de Deus, homem e Satanás durante o período chamado cristianismo. Como uma rede lançada ao mar, o Evangelho se espalhou por todo o mundo, com seu apelo tocante aos homens de todas as nações. Isso alcançou resultados que são manifestos aos olhos de todos. Tanto o bom quanto o mau foram reunidos: o bom peixe representando aqueles que, humildemente reconhecendo sua culpa e ruína, que foram purificados de seus pecados pelo precioso sangue do Salvador; os maus são aqueles (muitos infelizmente!) que “professam e se chamam cristãos”, sem amor pela pessoa do Salvador, e sem fé viva no Evangelho. É inútil insistir que não devemos condenar.
Como é possível que o cristão obedeça a ordem de amar os irmãos se ele não consegue distinguir quem são “os irmãos” e os que não são? (Sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte – 1 João 3:14).
Como recusar a comunhão a um incrédulo, se é impossível determinar quem é um incrédulo (Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo – 2 Coríntios 6:15).
Ou como evitar falsos mestres que trazem heresias condenáveis, se ninguém pode dizer quem é falso e quem é verdadeiro (E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição – 2 Pedro 2:1).
Embora os erros de discernimento sejam possíveis, todos aqueles a quem Cristo é algo mais que um mero nome são solenemente responsáveis por distinguir, com temor piedoso, entre aqueles que são bons e aqueles que são maus, se unindo a um e evitando o outro.
Quando a rede do evangelho estiver cheia, será puxada para a praia. Somente Deus sabe quando isso acontecerá, embora tudo ao nosso redor sugira que esse momento está chegando. Então se seguirá a grande separação, que separará os ímpios dos piedosos da comunhão externa para sempre. Como ensina a parábola, o dever dos pescadores era cuidar do bom peixe. Essa é a responsabilidade atual daqueles que hoje professam servir a Cristo ausente. O peixe ruim que os pescadores simplesmente jogam fora da rede são aqueles que não estavam procurando. O julgamento de Deus sobre os falsos professos será realizado, não por mãos humanas, mas por poder angelical. ” Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mateus 13:49-50).
Esse é o relato do fim da cristandade, conforme descrito pelo próprio Deus; não o mundo inteiro submetido a Cristo pela operação das religiões, mas a ruína eterna para muitos que se passaram como cristãos verdadeiros. O Salvador sem dúvida terá os Seus, embora a discriminação final por sua mão infalível revele uma quantidade espantosa de falsidade e hipocrisia no círculo daqueles que, de uma maneira ou de outra, carregam Seu santo nome.
W. W. Fereday