(recomendamos que leia esse trecho em sua Bíblia antes de prosseguir)
Indo de dentro para fora, que é o caminho de Deus até o pecador, o tabernáculo tinha primeiro um lugar santíssimo – inacessível – contendo apenas a arca do testemunho (versículo 33) – a presença de Deus – depois um lugar santo, separado do lugar santíssimo por um véu, cujo significado é explicado em Hebreus 10:20: “pelo véu, isto é, pela sua carne”. Este véu representava a humanidade de Cristo, esse conjunto de glórias e perfeições cuja ideia é transmitida pelos materiais empregados. Os querubins de obra prima nos lembram aqueles que proibiam o acesso dos homens à árvore da vida (Gênesis 3:24). Mas, com a morte de Jesus, o véu do templo foi rasgado, assim, abrindo ao homem um caminho para a presença de Deus. Além do véu, Aarão, o sumo sacerdote, só podia entrar uma vez por ano no dia da expiação. Leia Hebreus 9:7-14, Mateus 27:51 e Hebreus 10:19-22. Tenha a certeza de que será ricamente recompensado lendo estas passagens.
A mesa e o castiçal (versículo 35), bem como o altar de ouro (Êxodo 30:6) eram colocados diante do véu. A própria tenda era fechada por uma cortina ornamentada – uma porta de graça – sem querubins (juízo), pois os sacerdotes eram autorizados a entrar ali para realizar o seu serviço. Finalmente, diante da tenda era montado o altar de cobre, descrito em Êxodo 27:1-8. Quadrado e de tamanho considerável, nos fala da cruz e sua eficácia. Era feito de madeira de acácia (Cristo se fez homem por nós, para sofrer e morrer, a humanidade de Cristo) revestido de cobre (preparado para suportar a prova do fogo do juízo divino contra o pecado, Sua resignação no castigo de Deus por nossos pecados). Glória ao nosso perfeito Redentor!
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor no século XIX e XX.
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O ALTAR DE COBRE E O ÁTRIO
O Altar de Incenso não Mencionado
Deparamos agora com o altar de cobre que estava à porta do tabernáculo, e quero chamar a atenção do leitor para a ordem seguida pelo Espírito Santo nesta parte do livro. Já fizemos notar que a passagem compreendida entre o capítulo 25 e o versículo 19 do capítulo 27 forma uma parte distinta, que nos dá uma descrição da arca e do propiciatório, da mesa e do castiçal, das cortinas e do véu, e, por fim, do altar de cobre e do pátio em que estava esse altar colocado. Lendo os versículos 15 do capítulo 35, 25 do capítulo 37 e 26 do capítulo 40, vemos que o altar do incenso está mencionado entre o castiçal e o altar de cobre. Ao passo que, quando o Senhor dá instruções a Moisés, o altar de cobre é introduzido imediatamente depois do castiçal e das cortinas do tabernáculo. Ora, visto que deve haver uma razão divina para esta diferença, é privilégio de todo o estudioso inteligente e aplicado da Palavra de Deus indagar qual era essa razão.
Qual é a razão, portanto, por que o Senhor, quando dá instrução quanto aos adornos do “santuário”, omite o altar de incenso e passa ao altar de cobre que estava à porta do tabernáculo? A razão, presumo, é simplesmente esta: descreve primeiro a maneira em que há de manifestar-Se ao homem, e depois indica a forma de o homem se aproximar de Si. Tomou o Seu lugar no trono; como o “Senhor de toda a terra” (Jos_3:11 e 13): os raios da Sua glória estavam ocultos atrás do véu-figura da carne de Cristo (Heb_10:20); porém, fora do véu, estava a manifestação de Si Mesmo, em ligação com o homem, na “mesa pura”, e, pela luz e poder do Espírito Santo, representados no castiçal. Depois vem o caráter de Cristo como homem aqui na terra, representado nas cortinas e nas cobertas do tabernáculo. E finalmente temos o altar de cobre como a grande exibição do lugar de encontro entre o Deus santo e o pecador. Isto leva-nos, com efeito, à extremidade, de onde voltamos, na companhia de Arão e seus filhos, ao santuário, o lugar normal dos sacerdotes, onde estava o altar do incenso. Desta forma a ordem é notavelmente formosa. Do altar de ouro, não se faz menção antes que haja sacerdote para queimar incenso sobre ele, porque o Senhor mostrou a Moisés o modelo das coisas nos céus segundo a ordem em que estas coisas devem ser atendidas pela fé. Por outra parte, quando Moisés dá instruções às consagrações (capítulo 35), quando dá conta dos trabalhos de Bezaleel e Aoliabe (capítulos 37 e 38), e quando levanta o tabernáculo (capítulo 40), segue simplesmente a ordem em que os utensílios estavam colocados.
O Altar de Cobre
O prosseguimento deste estudo tão interessante, e o confronto das passagens acima mencionadas, recompensarão amplamente o leitor. Passemos agora ao altar de cobre. Este altar era o lugar onde o pecador se aproximava de Deus, pelo poder e em virtude do sangue da expiação. Estava colocado à porta do tabernáculo da “tenda da congregação”, e sobre ele era derramado todo o sangue dos sacrifícios. Era construído de “madeira de cetim e cobre”. A madeira era a mesma do altar de ouro do incenso, mas o metal era diferente, e a razão desta diferença é obvia. O altar de cobre era o lugar onde o pecado era tratado segundo o juízo divino. O altar de ouro era o lugar onde o perfume precioso da aceitabilidade de Cristo subia para o trono de Deus. A “madeira de cetim”, como figura da humanidade de Cristo, era a mesma num caso e no outro; porém no altar de cobre vemos Cristo sob o fogo da justiça divina; no altar de ouro vemos como Ele satisfaz os afetos divinos. No primeiro, o fogo da ira divina foi apagado, no último, o fogo do culto sacerdotal é aceso. A alma deleita-se de encontrar Cristo tanto num como no outro; porém o altar de cobre é o único que responde às necessidades de uma consciência culpada, como a primeira coisa para um pobre pecador desamparado, necessitado e convicto. Não é possível haver paz sólida, quanto à questão do pecado, enquanto o olhar da fé não descansar em Cristo como o antítipo do altar de cobre. É necessário que eu veja o meu pecado reduzido a cinzas na fornalha desse altar, antes de poder gozar de paz de consciência na presença de Deus. É quando sei, pela fé no testemunho de Deus, que Ele Próprio tratou do meu pecado na Pessoa de Cristo, no altar de cobre-que deu satisfação a todas as Suas justas exigências -, que tirou o meu pecado da Sua santa presença, de modo que nunca mais pode voltar, que posso gozar paz divina e eterna – e não antes.
O Ouro e o Cobre
Quero fazer aqui uma observação sobre o significado do “ouro” e do “cobre” nos utensílios do tabernáculo. O “ouro” é símbolo da justiça divina, ou da natureza divina no “Homem Jesus Cristo”. “Cobre” é o símbolo da justiça, pedindo o julgamento do pecado, como no altar de cobre; ou o julgamento da impureza, como na pia de cobre. Isto explica a razão por que dentro da tenda do tabernáculo tudo era ouro – a arca, o propiciatório, a mesa, o castiçal e o altar do incenso. Todas estas coisas eram os símbolos da natureza divina e da excelência pessoal inerente do Senhor Jesus Cristo. Por outro lado, fora da tenda do tabernáculo tudo era cobre – o altar de cobre e os seus utensílios, a pia e a sua base.
É preciso que as exigências da justiça, quanto ao pecado e à impureza, sejam divinamente satisfeitas antes que possa haver alguma alegria pelos preciosos mistérios da Pessoa de Cristo, tais como nos são revelados no interior do santuário de Deus. É quando posso ver todo o pecado e impureza perfeitamente julgados e lavados que posso, como sacerdote, aproximar-me e adorar no santuário, e gozar a plena manifestação da formosura e perfeição do Deus Homem, Cristo Jesus.
O leitor poderá, com muito proveito, prosseguir com a aplicação deste pensamento em pormenor, não apenas no estudo do tabernáculo e o templo, mas também em várias passagens da Palavra de Deus; por exemplo, no capítulo 1 de Apocalipse Cristo aparece “cingido pelos peitos com um cinto de ouro” e tendo os Seus “pés semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha”. O “cinto de ouro” é o símbolo da Sua justiça intrínseca. Os pés semelhantes a latão reluzente” são a expressão do juízo inflexível sobre o mal – o Senhor não pode tolerar o mal, antes pelo contrário, tem de esmagá-lo debaixo dos Seus pés.
Tal é o Cristo com Quem temos de tratar. Julga o pecado, mas salva o pecador. A fé vê o pecado reduzido a cinzas no altar de cobre; vê toda a impureza lavada na pia de cobre; e, finalmente, goza de Cristo, tal como é revelado, no secreto da presença divina, pela luz e poder do Espírito Santo. A fé acha-O no altar de ouro, em todo o valor da Sua intercessão. Alimenta-se d’Ele à mesa pura. Reconhece-O na arca e no propiciatório como Aquele que responde a todas as exigências da justiça divina, e, ao mesmo tempo, satisfaz todas as necessidades humanas. Contempla-O no véu, como todas as figuras místicas. Vê escrito o Seu nome precioso em todas as coisas. Oh, que os nossos corações estejam sempre prontos a apreciar e louvar este Cristo incomparável e glorioso! Nada pode ser de tanta importância como o conhecimento claro da doutrina do altar de cobre; quero dizer, como é ensinada por meio dele. E devido à falta de clareza sobre este ponto que muitas almas se lamentam toda a vida. A questão da sua culpa nunca foi clara e completamente liquidada no altar de cobre. Nunca chegaram a realizar pela fé que o Próprio Deus liquidou para sempre, na cruz, a questão dos seus pecados. Buscam paz para as suas consciências atribuladas na regeneração e a sua evidência – os frutos do Espírito, a sua disposição, sentimentos e experiência -, coisas muito boas e valiosas em si, mas que não formam o fundamento da paz. E o conhecimento daquilo que Deus tem feito no altar de cobre que enche a alma de paz. As cinzas no altar contam-me a história que TUDO ESTÁ CUMPRIDO. Os pecados do crente foram todos tirados pela própria mão do amor redentor. “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co_5:21). Todo o pecado deve ser julgado, porém os pecados do crente já foram julgados na cruz; por isso ele está perfeitamente justificado. Supor que pode existir qualquer coisa contra o crente, mesmo o mais fraco, é negar toda a obra da cruz. Os pecados e as iniquidades do crente foram todos tirados pelo Próprio Deus, e portanto foram perfeitamente quitados. Desapareceram com a vida que o Cordeiro de Deus derramou na morte.
Certifique-se o leitor de que o seu coração está inteiramente fundado na paz que Jesus fez pelo sangue da sua cruz.
Notas sobre o Pentateuco – C. H. Mackintosh