O QUE RESPONDI AOS QUE ME PERGUNTARAM SOBRE A BÍBLIA – VOLUME 07

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Apresentação

Primeiramente agradeço a Deus por permitir que este material fosse produzido e disponibilizado para milhares de leitores no Brasil e no mundo. As ideias que você encontra aqui não são originalmente minhas, e sim fruto do que tenho aprendido da Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais com irmãos congregados ao nome do Senhor e também com autores de outras épocas que congregavam assim. Foram eles J. G. Bellett, C. H. Brown, J. N. Darby, E. Dennett, W. W. Fereday, J. L. Harris, W. Kelly, C. H. Mackintosh, A. Miller, F. G. Patterson, A. J. Pollock, H. L. Rossier, H. Smith, C. Stanley, W. Trotter, G. V. Wigram e muitos outros.

Para que você compreenda como este livro veio a existir, creio ser necessário voltar um pouco no tempo. Depois de um período trabalhando em São Paulo, em 1988 mudei-me com minha família de volta para Limeira, minha cidade natal, a fim de colaborar com a Editora Verdades Vivas, uma organização sem fins lucrativos que produz e distribui literatura cristã. A grande quantidade de folhetos evangelísticos, livros e calendários distribuídos no Brasil e em outros países de língua portuguesa gerava um volume considerável de correspondência, não só com pedidos de publicações, mas também com perguntas sobre a Bíblia. Todas as cartas eram devidamente respondidas.

Nessa época adquiri o hábito de manter uma cópia das respostas em formato digital. Assim ficava fácil responder perguntas semelhantes ou até mesmo mesclar trechos de diferentes respostas, além de preservar aquele conhecimento. A partir de 1996 passei a usar a Internet e aí as respostas já não precisavam ser impressas, envelopadas e enviadas por carta como era feito até então. O uso do e-mail agilizou o processo e permitiu atender mais correspondentes com maior agilidade.

Em 1998 deixei a editora para atuar como executivo de uma empresa de tecnologia da informação, porém mantendo nas horas vagas minha ocupação com o evangelismo e ministério da Palavra via Internet por meio de diferentes sites e blogs. Em 2001 passei a trabalhar por conta própria como consultor e palestrante empresarial, tendo mais tempo livre e uma agenda mais flexível para dedicar-me ao evangelho.

Em 2005 decidi lançar o blog “O que respondi” no endereço respondi.com.br para disponibilizar as respostas que tinha armazenado em formato digital desde 1988 e acrescentar as que fossem sendo criadas. Algo que muitos perguntam é a razão de o blog não permitir comentários, mas o volume de spam, debates e opiniões deixadas na área de comentários me obrigou a eliminar esta opção de contato para me concentrar no atendimento apenas por e-mail. É sempre bom lembrar que não existe uma “equipe” para responder a correspondência que chega, pois este é um exercício pessoal.

Em 2008 iniciei um trabalho chamado “O Evangelho em 3 minutos — Uma mensagem urgente para quem tem pressa”, com vídeos no Youtube e também em versões de texto e áudio no endereço 3minutos.net. Com a popularização do smartphone e da Internet móvel este formato mostrou-se excelente para alcançar pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar com a mensagem da salvação e a sã doutrina. O site “O que respondi” passou a servir de complemento aos vídeos. Enquanto no “Evangelho em 3 minutos” a Palavra de Deus é pregada de forma rápida, no “O que respondi” ela é explicada em detalhes e com referências.

Estas e outras frentes de trabalho via Internet continuam gerando um número cada vez maior de contatos e perguntas. Em 2013 foram mais de três mil perguntas atendidas, porém graças ao blog “O que respondi” nem todas precisaram ser respondidas. Na maioria das vezes é suficiente enviar links para as mais de mil respostas existentes no blog, que já conta com cerca de quatro milhões de acessos desde sua criação.

Assim chegamos à razão deste livro que está sendo lançado nos formatos digital (e-book) e impresso (on demand). Ele atende aqueles que desejam ter acesso ao material do blog sem depender de uma conexão com a Internet. Este é um dos mais de dez volumes projetados para compor esta coleção, se considerarmos todo o conteúdo do blog “O que respondi”.

Ao ler este livro não se esqueça de que está lendo as opiniões do autor, e não a Palavra de Deus. Considere também que os textos são cartas e e-mails de minha correspondência pessoal, e não uma obra literária. A linguagem é informal e despretensiosa como acontece com uma correspondência entre duas pessoas, e é provável também que você às vezes venha a achar a linguagem meio irreverente, mas isso é apenas fruto de meu estilo literário, e não de tratar levianamente as coisas de Deus ou a pessoa a quem respondi. Lembre-se também de que, para a resposta fazer sentido, às vezes incluo o que escreveram meus interlocutores e alguns são incrédulos ou ateus com opiniões depreciativas a respeito de Deus e de sua Palavra.

Não espere encontrar aqui todas as respostas e nem sequer as trate como definitivas. Elas são fruto do meu exercício com o Senhor e do que continuo aprendendo todos os dias. Por isso leia, medite, busque referências na Bíblia e ore para que o Espírito Santo lhe dê o entendimento. Sem isto até a pessoa mais inteligente e versada nas Escrituras será incapaz de entender as coisas de Deus, pois elas se discernem espiritualmente.

É provável que você encontre erros em minhas opiniões. Pode ter certeza de que eu mesmo eventualmente sou obrigado a acessar o blog “O que respondi” para fazer correções após ter sido instruído ou alertado de alguma falha por algum irmão ou por algo que li na Palavra de Deus. Se, ao comparar uma resposta mais antiga com uma mais nova, você encontrar alguma discrepância, saiba que optei por não revisar todas as respostas, mas decidi mantê-las do modo como entendia as coisas quando as escrevi, e lembre-se de que você está lendo textos escritos ao longo de um período de cerca de trinta anos. Se encontrar algum erro de digitação ou de gramática, entre em contato para eu fazer as devidas correções, pois o desejo de disponibilizar este livro o mais rápido possível nas mãos dos leitores foi maior que o tempo que tive para revisá-lo.

Este livro está sendo distribuído gratuitamente, porém alguns sites de terceiros ou editoras irão cobrar algum valor para a versão e-book ou impressa sem que isto signifique algum ganho da parte do autor que optou por abrir mão dos ganhos com direitos autorais. Você poderá distribuir o conteúdo deste livro, desde que o faça gratuitamente, não altere o texto e mantenha a referência ao autor.

Peço que se lembre de incluir este trabalho em suas orações e de endereçar ao Senhor, e não a mim, qualquer sentimento de gratidão que porventura possa ter por esta leitura.

Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa” (Os 6:3).

Mario Persona

www.respondi.com.br

www.3minutos.net

Maio, 2014

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A guarda do sábado é o sinal que identifica os salvos?

Você ficou confusa depois de ler um texto em um site que o cristão precisa do selo do Espírito Santo e do sinal da guarda do sábado para ter a segurança da salvação. Ali o autor dá asas à imaginação e coloca a guarda do sábado, como “selo” e “sinal”, em um patamar de importância acima do selo do Espírito Santo, com o qual é selado todo aquele que crê no Senhor Jesus.

Lá ele diz: “O Espírito Santo é um dos selos de Deus, mas não é o sinal de Deus… Enquanto que o Espírito Santo é o selo que identifica quem aceitou a Jesus como Salvador, o sábado é o selo e sinal que identifica quem permanecerá fiel ao Salvador no desfecho final do conflito entre o bem e o mal”.

Nem é preciso entrar em detalhes doutrinários para refutar o que o autor do texto afirma, basta verificar a validade da fonte. Considerando que o Adventismo do Sétimo Dia (a religião à qual pertence a pessoa que escreveu isso) teve sua doutrina ensinada por uma mulher (Ellen G. White), o que a Bíblia proíbe, o melhor mesmo é descartar de vez o que ler vindo dessa fonte. Se o Espírito Santo de Deus ordenou que a mulher não ensinasse, por estar ela mais propensa ao engano, como você irá confiar em uma religião cujas doutrinas foram ensinadas por uma mulher?

(1 Tm 2:11-14) “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.

Além disso, se você prestar atenção nos textos que o autor citou para embasar sua teoria verá que eles não foram endereçados à igreja, mas a Israel.

(Êx 31:13-14) “Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (o autor do texto omitiu o versículo 14 que inclui aqui para mostrar que a pena para a transgressão da guarda do sábado era a morte).

(Êx 31:17) “Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se”.

(Ez 20:20) “E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós [Israel], para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus”.

Como o autor também tirou este último versículo de seu contexto, é bom verificar a quem foram ditas essas palavras:

(Ez 20:3-13) “Filho do homem, fala aos anciãos de Israel, e dize-lhes… E os tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto. E dei-lhes [a Israel] os meus estatutos e lhes mostrei os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles. E também lhes dei [a Israel] os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica. Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os, o homem viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados; e eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir”.

As religiões geralmente são construídas em cima de afirmações tiradas de seu contexto, e não é diferente com esta. Ao tentar transplantar a guarda do sábado, uma ordenança tipicamente judaica, para o cristianismo fica algo faltando: a pena de morte para quem não guardar o sábado, o que evidentemente deixa a coisa toda surreal. Não somos Israel, mas Igreja, portanto é muito importante distinguir bem o que se aplica a cada povo.

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Extinguir o Espírito significa perder a salvação eterna?

Sua dúvida é se podemos afirmar que o Espírito Santo, uma vez recebido pelo crente, nunca mais irá sair dele, considerando que 1 Tessalonicenses 5:19 fala da possibilidade de se extinguir ou apagar o Espírito. É importante entender que a passagem “Não extingais o Espírito” não está falando de salvação ou da presença do Espírito Santo no crente, mas de sua atuação na assembleia ou igreja.

Lembre-se de que esta é uma carta escrita a uma assembleia e não a um indivíduo (como é o caso das cartas a Timóteo), portanto o apóstolo Paulo está falando aqui do funcionamento da assembleia. Se você ler de uma tirada só todos os versículos verá que ele está dando diretrizes para o bom funcionamento de uma assembleia onde o Espírito Santo possa agir livremente sem qualquer obstrução.

(1 Ts 5:11-22) “Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis. E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; E que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra. Tende paz entre vós. Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal”.

O contexto diz que todos os irmãos devem se exortar mutuamente e se edificar mutuamente (v. 11), reconhecer os que trabalham, presidem, admoestam (v. 12), promover a paz (v. 13), admoestar os desordeiros, consolar os de pouco ânimo, sustentar os fracos, ser pacientes para com todos (v. 14), não pagar mal com mal, seguir o bem uns para com os outros (v. 15), regozijar sempre (v. 16), orar sem cessar (v. 17), dar graças em tudo (v. 18), não extinguir (abafar) o Espírito (v. 19), não desprezar profecias (v. 20), examinar tudo e reter o bem (v. 21) e abster de toda a aparência de mal (v. 21).

Portanto, a admoestação “não extingais o Espírito” não fala da perda do Espírito Santo por um indivíduo, mas sim da obstrução da liberdade do Espírito na assembleia. Quando cristãos se reúnem sob o comando de um homem, como acontece frequentemente nas religiões cristãs, estão obstruindo ou extinguindo o Espírito, o qual não poderá assim agir livremente usando quem ele quiser para profetizar (no sentido de proferir a Palavra de Deus), trazer ações de graças, orar, etc. A passagem fará mais sentido se você levar em conta o que diz em 1 Coríntios 14, que são também diretrizes para quando os cristãos se reúnem (observe que na passagem não há um homem à frente liderando a reunião):

(1 Co 14:26) “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. Se alguém falar em língua, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e cada um por sua vez, e haja um que interprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. E falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem. Mas se a outro, que estiver sentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez; para que todos aprendam e todos sejam cosolados; pois os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas; porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. Porventura foi de vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”.

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Como pode o Espírito Santo habitar no ser humano?

Sua dúvida é de como o Espírito Santo pode habitar no crente considerando que este ainda está em um corpo de carne e sujeito a pecar. No Antigo Testamento o Espírito Santo estava com os santos de Deus, mas nunca habitou permanentemente em um deles. Por esta razão Davi podia dizer: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo (Sl 51:11). O Espírito que agia em Davi não habitava nele de forma permanente, daí a possibilidade de perdê-lo.

Isso mudou a partir de Atos 2. O Senhor Jesus já havia avisado seus discípulos de que o Espírito Santo, que estava com eles, habitaria neles, e que isso seria para sempre, ou seja, não haveria mais a possibilidade de perder o Espírito Santo, que é o selo ou garantia da salvação de todo aquele que crê em Jesus.

(Jo 14:16-17) “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco [naquele momento em que Jesus falava estas palavras], e estará em vós [a partir do dia de Pentecostes em Atos 2]”.

(Ef 1:12-14) “Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em quem também vós estais, depois que [1] ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, [2] tendo nele também crido, [3] fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”.

O Espírito Santo veio habitar na terra no dia de Pentecostes, quando passou a habitar nos crentes individualmente e na igreja coletivamente. Mas para isso Cristo precisava morrer e ressuscitar, para que o problema do pecado fosse resolvido. O Espírito habita naqueles que já foram purificados de seu pecado graças à lavagem da água (Palavra de Deus) e do sangue da expiação. O Espírito vem habitar no homem, mas não sem que este seja antes purificado de seu pecado e salvo pela fé em Jesus.

(At 2:1-4) “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.

Para tratar de sua dúvida, ou seja, de como o Espírito pode habitar em seres imperfeitos como nós, ainda que salvos por Cristo e purificados por seu precioso sangue, é bom entender a diferença da habitação do Espírito em Cristo e no crente. Em sua entrada no mundo como um ser humano, Jesus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria. Ele foi o único ser humano (embora fosse Deus) a ser gerado dessa forma.

(Lc 1:34-35) “E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”.

Ao iniciar seu ministério Jesus se deixa batizar por João Batista, que pregava um batismo de arrependimento, muito embora o próprio Senhor não tivesse de que se arrepender, por ser sem pecado e incapaz de pecar (por ser Deus, além de Homem). Mas assim o Senhor quis fazer para que se cumprisse toda a justiça. Ele quis se colocar no mesmo lugar em que as suas criaturas se colocavam naquele batismo, como mais tarde iria se colocar no lugar do juízo de Deus que era destinado às suas criaturas, para salvá-las desse juízo.

(Mt 3:14-17) “Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.

Ao sair da água o Espírito Santo desceu sobre Jesus na forma de uma pomba, que é o símbolo da paz. Perceba então que, como Homem, Jesus também recebeu o Espírito Santo como os crentes receberiam a partir do dia de Pentecostes, o qual o capacitava para o seu ministério. É importante notar que, apesar de ser Deus e uma Pessoa da santíssima Trindade, Jesus esteve o tempo todo na terra em sujeição ao Pai e sob a direção do Espírito. Não havia nele qualquer ação que fosse tomada a partir de sua própria vontade, apesar dessa vontade ser perfeita como era a vontade do Pai.

(Jo 6:38) “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.

É notória a ação do Espírito Santo em cada passo do Senhor Jesus no início do evangelho de Lucas:

(Lc 2:27; 3:22; 4:1, 14, 18) “E pelo Espírito foi ao templo… E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba… E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto… Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia… O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu…”.

Resumindo, Jesus, como Homem, recebeu o Espírito Santo no início do seu ministério na terra, e este desceu sobre si em forma corpórea de uma pomba, em paz. Nenhum crente recebe o Espírito Santo da forma como Jesus recebeu. Ao vir habitar no mundo, na igreja coletivamente e no crente individualmente, o Espírito Santo desceu de forma inaugural sobre aqueles cento e poucos crentes em forma de línguas como de fogo, símbolo de juízo e purificação.

Percebe a diferença? A pomba é um símbolo da paz e o fogo é um símbolo do juízo. Jesus, sem pecado e sem a natureza pecaminosa de Adão, recebeu o Espírito de forma pacífica e viveu aqui assim: sem qualquer conflito entre o seu ser e o Espírito que estava em si. O crente, pecador redimido, recebeu o Espírito Santo em um caráter de juízo, de um fogo purificador, e o Espírito habitará o crente em um constante conflito porque este ainda vive em um corpo de carne sujeito a pecar, algo muito diferente do que ocorria com o Senhor, que foi gerado sem a natureza pecaminosa.

(1 Co 3:16) “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”.

(Gl 4:29) “Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora”.

(Gl 5:17) “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis”.

Apesar de termos o Espírito hoje em nós, ainda estamos em um corpo de carne sujeito a pecar, e quando isso acontece entristecemos o Espírito que habita em nós (ele não sai de nós, mas é entristecido).

(Ef 4:30) “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”.

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Devo viver antenado no mundo evangélico?

Depois de você dizer que tinha se apartado do mundo religioso por desejar estar congregado somente ao nome do Senhor Jesus, me surpreendi por saber que você curtia o Facebook de líder evangélico da doutrina da prosperidade. Felizmente você logo dissipou minhas dúvidas ao esclarecer que só tinha curtido o perfil dele para ser avisado de novas postagens e manter-se informado do que acontece naquela denominação.

Tenho procurado me policiar para não me envolver com o mundo religioso mais do que o necessário, seja por curiosidade, seja para criticá-lo, pois são dois erros nos quais podemos incorrer quando saímos do “arraial” para estarmos congregados somente ao nome do Senhor. Às vezes sou obrigado a conhecer o mínimo apenas para responder às pessoas que me escrevem com dúvidas, mas tenho consciência de que isso também contamina.

Em nossa sociedade temos profissões de risco, cujos profissionais são obrigados a lidar todos os dias com o mal a fim de nos proteger dele. É o caso dos policiais, bombeiros, médicos, soldados, coveiros, carcereiros, etc. São atividades necessárias, mas é sempre bom entender que esses profissionais não estão nelas por curiosidade ou apenas para denunciar o mal. Policiais não trabalham para ficarem antenados no que acontece no mundo do crime, e que bem faria um bombeiro parado em frente a um prédio em chamas criticando o fogo?

No Antigo Testamento vemos atividades que eram necessárias, porém contaminavam aqueles que se dedicavam a elas. Se você fosse um israelita, cada vez que uma ovelha de seu rebanho morresse por acidente ou doença, o simples fato de livrar-se dela o deixaria imundo até o final do dia. E se você trabalhasse numa funerária, cada vez que preparasse um cadáver para o sepultamento ficaria uma semana imundo.

(Lv 11:39) “E se morrer algum dos animais, que vos servem de mantimento, quem tocar no seu cadáver será imundo até à tarde;”.

(Nm 19:11) “Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias”.

Pastores de ovelhas, coveiros e até médicos que cuidavam de leprosos eram contaminados por sua atividade profissional, mas em todos estes casos o objetivo era de resolver o problema, não de ocupar-se com ele por curiosidade ou simplesmente para criticá-lo. É importante entender o princípio da separação e da contaminação.

Isto pode ser aprendido de Ageu:

(Ag 2:12-13) “Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não. E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda.

O santo não santifica o imundo, mas o imundo contamina o santo. É como se você tivesse dois copos d’água: um com água limpa e pura e outro com água suja. De nada adianta despejar água limpa no copo de água suja porque esta última nunca irá ficar limpa. Mas basta cair uma gota da água suja no copo de água limpa para esta ficar suja.

Entenda que isto que estou dizendo não se trata de julgar se fulano ou sicrano estão salvos ou não. Na “grande casa” em que se transformou a cristandade dos últimos dias há milhões de pessoas genuinamente salvas pela fé em Jesus, e entenda que isto inclui indivíduos protestantes, católicos e cristãos sem denominação. Não cabe a você julgar quem é ou não do Senhor (Ele conhece os que são seus), mas cabe a você, isto sim, separar-se do mal e também dos vasos de desonra.

(2 Tm 2:19-21) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra”.

O princípio da separação é algo muito negligenciado hoje em dia: separação do mal moral, doutrinal e eclesiástico.

Existe mal moral no lugar onde você está congregado? Pessoas em pecados notórios como prostituição, adultério, avareza (amor ao dinheiro) e outros, convivem normalmente com os irmãos e até são recebidos como se nada estivesse acontecendo? Aparte-se desse lugar.

Existe mal doutrinal no lugar onde você está congregado? Pessoas que professam doutrinas sem base bíblica, que creem numa salvação (ou manutenção dela) por boas obras e perseverança, que colocam em dúvida a divindade de Jesus, que alegam que ele poderia pecar ou introduzem filosofias humanas e motivacionais no culto a Deus? Aparte-se desse lugar.

Existe mal eclesiástico no lugar onde você está congregado? Há um clero copiado do judaísmo, pessoas com posições, títulos e vestes diferenciadas dos “leigos”; uma denominação que torne aqueles irmãos distintos de outros do corpo de Cristo; rituais estranhos à doutrina dos apóstolos, etc.? Aparte-se desse lugar.

Além de entender que apartar-se significa colocar-se na prática FORA do arraial religioso onde essas coisas são praticadas, o apartar-se significa também deixar de se ocupar com o arraial, mesmo estando fora dele. É muito comum, eu volto a repetir, que eu mesmo preciso me policiar muitas vezes contra isso, nos separarmos das religiões dos homens e adquirirmos o péssimo hábito de ficarmos o tempo todo olhando para essas mesmas religiões para encontrarmos nelas defeitos.

É claro que vez ou outra você irá precisar apontar seus erros para aqueles que “perguntarem para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). Aí você estará fazendo o papel do policial, bombeiro, médico ou coveiro, mas para resolver algo ou ajudar alguém. Mas não há necessidade de pesquisar os detalhes desses erros e muito menos de propagá-los aos quatro ventos, o que acaba servindo apenas de munição para os ímpios falarem mal de Cristo e de sua Igreja.

(2 Sm 1:19-20) “Ah, ornamento de Israel! Nos teus altos foi ferido, como caíram os poderosos! Não o noticieis em Gate, não o publiqueis nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos”. (Davi se lamentando, não apenas da morte de seu amigo Jônatas, mas também de seu inimigo Saul).

Ficar “antenado” no que ocorre no mundo “evangélico”, que foi o que entendi que você faz, não lhe trará qualquer edificação ou santidade, muito pelo contrário. É como ter o hábito de assistir esses jornais sensacionalistas da TV. As mesmas pessoas que costumam buscar na Bíblia versículos que as motivem a viver uma vida alegre e despreocupada não percebem que ver programas assim causa o efeito contrário: as fazem viver tristes e preocupadas.

Resumindo, (a) desligue-se de vez de todo o mundo religioso, seja ele protestante, católico ou espiritualista, e (b) evite arvorar a bandeira de crítico de suas práticas além do que for necessário para responder sobre a razão da esperança que há em você ou auxiliar alguém ainda imerso no erro.

Um exemplo de errar em (a) seria continuar visitando seus cultos, visitar seus sites ou insistir na comunhão com seus vasos com o único intuito de descobrir o quão errados estão. Um exemplo de errar em (b) seria criar um blog para denunciar esses erros, publicando “nas ruas de Ascalom” todo o lixo que viesse a encontrar nesses lugares.

O que fazer então? Viva uma opção (a) de maior comunhão com aqueles que “com um coração puro [purificado dessas coisas], invocam o Senhor” (2 Tm 2:22). E viva a opção (b) com a consciência de que “roupa suja se lava em casa”, ou seja, limite-se a esclarecer àqueles que lhe perguntarem da razão de não frequentar o mundo cristão institucional, mostrando os fundamentos bíblicos para isso.

Vou dar um exemplo desta última: já viu aqueles críticos que escrevem no jornal ou falam na TV sempre sobre os males da sociedade, do governo e da criminalidade em geral? Pois é, alguns deles são como urubus: precisam de carniça para sobreviver. Tire a carniça e eles desaparecem. Se eles ficarem sem assunto caso desaparecerem os crimes, as corrupções e as atrocidades humanas é porque a vida deles depende dessas mesmas coisas. Eles não são como policiais, juízes ou médicos, que se envolvem com essas coisas com o objetivo de resolvê-las ou proteger a sociedade delas.

Um cristão que fica sem assunto se não existirem os descalabros da cristandade é alguém que ainda não aprendeu a se ocupar com o único tema com o qual nos ocuparemos por toda a eternidade: CRISTO. Mais uma vez eu lhe digo da importância que é me policiar nesta parte também, pois o contato constante com pessoas que me escrevem com dúvidas costuma desviar meus olhos da contemplação do único tema realmente necessário e útil.

(Jo 6:68) “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna”.

(Lc 10:41-42) “E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”.

(Fp 4:8) “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

Mais uma coisa: existe também o risco de, ao separar-se dos sistemas criados por homens para estar congregado somente ao nome do Senhor, você passar a ter um sentimento de superioridade em relação àqueles que permanecem nos sistemas. Decore o versículo abaixo para evitar isso:

(Lc 18:11) “O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano”.

A altivez é um pecado que Deus abomina e você encontra em várias ocasiões Deus tratando de forma dura com a altivez. Moisés, ao ser designado para liderar seu povo para fora da escravidão do Egito, recebeu de Deus poder para executar dois sinais diante de Faraó: transformar a vara em serpente e sua própria mão em leprosa. O primeiro sinal ele executou na presença de Faraó, mas o segundo não quis executar, preferindo já passar às pragas maiores (será que Moisés teve receio de revelar sua vulnerabilidade ao não dar a Faraó essa segunda chance de crer?). Deus lhe deu isso para que ele aprendesse que em seu peito, em seu coração, havia tanto mal (lepra) quanto no coração de Faraó.

(Êx 4:1-8) “Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu. E o Senhor disse-lhe: Que é isso na tua mão? E ele disse: Uma vara. E ele disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e tornou-se em cobra; e Moisés fugia dela. Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão e pega-lhe pela cauda. E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão; Para que creiam que te apareceu o Senhor Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E disse-lhe mais o Senhor: Põe agora a tua mão no teu seio. E, tirando-a, eis que a sua mão estava leprosa, branca como a neve. E disse: Torna a pôr a tua mão no teu seio. E tornou a colocar sua mão no seu seio; depois tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a sua carne. E acontecerá que, se eles não te crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão à voz do derradeiro sinal;”.

Se Deus de algum modo lhe revelar algo que seus irmãos espalhados pelas denominações ainda não entendem, não se orgulhe disso como se tivesse partido de si mesmo. Você só descobriu isso porque Deus lhe deu por graça o entendimento.

(1 Co 4:7) “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?”.

Elias se gabou de ser o único em Israel que tinha se apartado dos ídolos, só para ouvir de Deus a notícia de que Elias não era a última bolacha do pacote. Deus tinha um povo numeroso que não se contaminou com os ídolos:

(1 Rs 19:14-18) “E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança… e só eu fiquei… E o Senhor lhe disse: Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou”.

A Paulo, que recebeu de Deus revelações que nem mesmo os outros apóstolos tinham recebido (e depois aos outros apóstolos e profetas do NT — Ef 3:5), Deus permitiu que vivesse com um espinho na carne para impedi-lo de gloriar-se dessas revelações.

(2 Co 12:7) “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”.

(Pv 16:18) “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”.

(Lc 14:11) “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado”.

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Ainda existem anjos que assumem a forma humana?

Você leu o que escrevi em outro texto sobre anjos e deve ter percebido que escrevi com muitos “talvez” porque algumas coisas ali eram meras especulações. Não vamos encontrar todas as respostas na Bíblia, pois ela só mostra aquilo que Deus achou que deveria mostrar para nossa edificação e para conhecermos melhor o tema central da Bíblia que é Cristo. Não são os anjos o assunto da Bíblia e não é com eles que devemos nos ocupar.

Primeiro devo esclarecer que a palavra “anjo” significa mensageiro, e em algumas passagens pode não se referir a seres espirituais, mas até mesmo a homens (por exemplo, nas 7 cartas de Apocalipse). Quanto à sua pergunta, se os anjos ainda teriam a capacidade de assumir a forma humana como faziam no passado, minha opinião é que sim. Nós os vemos no livro de Atos aparecendo algumas vezes, e em outras situações parece ser o próprio Senhor quem aparece e é identificado como “o anjo do Senhor” (como no caso da libertação de Pedro da prisão):

(At 12:7-9) “E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias. E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele assim o fez. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me. E, saindo, o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via alguma visão”.

Quanto a anjos caídos aparecerem aos humanos, também creio na possibilidade. Aparições de extraterrestres, “Nossas Senhoras” e ectoplasmas, as materializações que os espíritas dizem ocorrer em algumas de suas sessões (tirando as falcatruas, é claro), podem muito bem ser manifestações de anjos malignos, porque geralmente essas visões não levam as pessoas a se ocuparem mais com Cristo, mas com a própria aparição, desviando seus olhos daquele que Deus quer que seja o verdadeiro foco de nossas atenções.

(1 Tm 2:5) “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.

(Ap 19:10) “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disseme: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

(Ap 22:8-9) “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disseme: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”.

Aliás, esta é uma boa pergunta para se fazer quando alguém mencionar algum tipo de aparição: isso levou as pessoas a se converterem a Jesus, a crerem nele como Salvador, a terem a certeza de TODOS os pecados perdoados graças à sua obra na cruz e ao seu sangue derramado? Ou a aparição apenas as tornou mais religiosas, espiritualistas e ocupadas com anjos, espíritos, etc.? Nunca devemos nos esquecer de que algo com a etiqueta “espiritual” não é intrinsecamente bom, porque o próprio Diabo é um ser espiritual.

O apóstolo Paulo aponta para a possibilidade de anjos malignos interferirem em nossa vida, não sei bem se numa materialização direta ou usando pessoas para isso:

(2 Co 11:14-15) “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.

Tomás de Aquino, que viveu por volta de 1200, deixou um tratado sobre anjos no qual identifica 9 ordens de seres espirituais divididas em 3 grupos: os Serafins, que estariam no topo dessa pirâmide (Is 6:2), os Querubins (Gn 3:24, Ez 10:1-2), os Tronos (Cl 1:16), as Dominações (Cl 1:16), as Potências (1 Pe 3:22) e a Potestades (Cl 1:16), os Principados (Cl 1:16), os Arcanjos (1 Ts 4:16) e os Anjos.

Neste caso ele estaria apenas identificando diferentes classes de anjos sem falar dos anjos caídos, e dos demônios ou espíritos malignos.

Embora a atividade angélica manifesta tenha sido muito maior na antiguidade, por estar relacionada a Israel a quem a Lei também foi dada por intermédio de anjos (At 7:53), creio que ainda temos os anjos por aí interferindo em nossa vida, nos guardando, etc., como faziam com os israelitas no passado.

(2 Rs 6:15-17) “E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu”.

Mas também temos os demônios tentando nos fazer tropeçar e nos enganar, sendo o diabo (título dado apenas a Satanás) o líder deles.

(1 Pe 5:8) “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”.

Contra esses anjos nós lutamos em oração, entrando nas regiões celestiais para isso.

(Ef 6:12) “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

Vemos anjos agindo já no período da Igreja:

(At 5:19) “Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora,”.

(At 10:3) “Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio”.

Às vezes as pessoas usam equivocadamente passagens como o Salmo 34:7 para falar de “anjo da guarda”, mas ali é o próprio Senhor (geralmente “um anjo do Senhor” é um anjo mesmo, mas “o anjo do Senhor” é o Senhor mesmo).

(Sl 34:7)O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra”. (Neste caso é o próprio Senhor em Espírito, e não um anjo).

Ainda que Deus possa usar seus anjos para nos guardarem, em nenhum lugar na Bíblia temos autorização para orarmos a eles, pedirmos sua proteção ou nos ocuparmos com eles de alguma forma.

Nada na Palavra de Deus mostra que o poder desses anjos, caídos ou não, de assumirem a forma humana tenha deixado de existir, mas é certo que não devemos nos ocupar com eles porque dificilmente saberíamos identificar se estamos tratando com um anjo de Deus ou um ministro de Satanás travestido de ministro de justiça.

(Gl 1:8) “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.

Quando estamos congregados, ainda que existam apenas 2 ou 3 reunidos, se tivéssemos visão para enxergar, veríamos um número muito maior de anjos nos observando, porque a igreja é para eles algo extraordinário, já que anjos caídos não têm chance de redenção, e humanos caídos têm. Quando sofremos por amor de Cristo isso também cativa a atenção dos anjos:

(Ef 3:10) “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,”.

(1 Pe 1:12) “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.

(1 Co 4:9) “Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens”.

Em Hebreus o apóstolo associa a hospitalidade ao fato de alguns no passado terem recebido anjos sem saberem disso, obviamente referindo-se a anjos que assumiram a forma humana:

(Hb 13:2) “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”.

A dificuldade de tratar deste tema é que muitas pessoas acabam sendo atraídas pelos anjos, se esquecendo de que eles são espíritos ministradores (ajudantes) e não o foco de nossa atenção. Ajudantes atuam nos bastidores e nunca chamam a atenção para si mesmos. Hoje as pessoas têm uma propensão muito grande a se ocuparem com anjos, o que é um erro (o esoterismo explora muito isso), já que podem estar se ocupando com anjos caídos travestidos de ministros de justiça.

(Hb 1:13-14) “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”.

(Cl 2:18) “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu [visões]; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,”.

Quando estivermos na glória, Deus nos dará a missão de julgar os anjos que caíram, portanto, embora hoje estejamos hierarquicamente em uma posição inferior a eles, na glória estaremos, em Cristo, na posição de julgá-los.

(1 Co 6:3) “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?”.

Você perguntou se aqueles seres poderosos de que nos fala Gênesis, nascidos do cruzamento de anjos com mulheres, poderiam ainda existir por aí, e a minha opinião é que não. Os anjos que fizeram aquilo estão hoje em cadeias por causa de seu pecado (os outros anjos caídos continuam soltos) e os seres poderosos que resultaram daquelas uniões acabaram mortos no dilúvio. Acredito que os gigantes que aparecem depois, quando os israelitas tomam a terra de Canaã, dos quais Golias, o filisteu, parece descender, tenham sido gigantes mesmos, sem qualquer ligação com anjos.

(Jd 1:6) “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;”.

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Como educar meus filhos?

Um livro que me ajudou muito com os filhos foi “Ouse disciplinar” de James Dobson. Mas veja se encontra alguma edição antiga em um sebo, porque temo que as edições novas tenham sido censuradas e alteradas para ficarem politicamente corretas. Na antiga ele falava na necessidade da disciplina física conforme é ensinado na Bíblia.

Apesar de até mesmo as modernas formas de ensino não aconselharem a correção física e a legislação transformá-la em crime, continua valendo a sabedoria de Deus em sua Palavra. Como disse uma irmã em Cristo a respeito das leis que proíbem a disciplina física, “prefiro eu ir para a cadeia por disciplinar meu filho do que ele ir parar lá por falta de disciplina”.

(Pv 13:24) “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga”.

(Pv 23:13) “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá”.

(Pv 29:15) “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe”.

(Hb 12:6-9) “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?”.

É importante desde cedo deixar claro para os filhos que a responsabilidade e obediência deles não é por causa de vocês, mas por causa do Senhor. Quando meus filhos eram pequenos, ao serem advertidos de alguma desobediência deixávamos claro que o Senhor não gostava que agissem assim. Se eles tiverem apenas os pais como referência (“O papai e a mamãe não gostam que você faça assim”) um dia, se os pais falharem em sua vida de responsabilidade e obediência a Deus, os filhos podem ficar sem um norte.

No mais, é importante você e sua esposa separarem um tempo (se possível diariamente) para a leitura da Palavra com eles, deixando que eles também leiam alguns versículos e orem junto. Enquanto meus filhos cresciam esse momento ia mudando conforme as necessidades da vida diária. Houve uma época quando era cedo, à mesa do café da manhã, quando líamos um trecho da Bíblia (um ou dois versículos cada um) e orávamos. Noutra época fazíamos à noite.

Procure também contar histórias da Bíblia para eles, sempre vendo se eles conseguem identificar Cristo na história, como Davi, sendo uma figura de Cristo nos salvando do inimigo, a arca sendo uma figura de Cristo nos livrando do juízo, etc. É comum os livros de histórias bíblicas para crianças colocarem o foco na valentia humana quando mostram essas histórias, mas não é isso que a Bíblia quer mostrar.

Aliás, eu acho mais complicado escolher um livro ou um vídeo cristão para crianças do que escolher alguma coisa secular. Na literatura e mídia secular as coisas são as que são, com bichinhos e ficção, mas nas histórias e vídeos bíblicos existem tantos erros que às vezes se aproveita muito pouco. Isso quando a história não perverte totalmente o sentido da Bíblia.

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Devo aguardar na denominação enquanto não existe uma assembleia?

Você escreveu que decidiu continuar congregando em sua denominação enquanto não existir uma assembleia congregada ao nome do Senhor em sua cidade. Temo que você não tenha compreendido o que é realmente estar congregado ao nome do Senhor fora do arraial religioso.

Sem o entendimento do mal que é o denominacionalismo e o clericalismo, e sem uma separação completa, você não terá luz para enxergar o próximo passo, e por isso as coisas não lhe parecerão tão claras. Não se trata de uma opção, algo como escolher reunir em A, B ou C, como se fosse apenas filiar-se a um grupo com doutrinas diferentes das encontradas nas denominações. Trata-se de voltar ao único lugar onde o Senhor prometeu colocar o seu nome: onde dois ou três estiverem congregados ao seu NOME, e não ao nome de A, B ou C.

O princípio pelo qual o cristão vive é o mesmo princípio da fé de Abraão, que foi chamado a sair de Ur dos Caldeus sem saber para onde ia. Deus apenas lhe disse que lhe mostraria depois uma terra, mas quando ele saiu não sabia ainda aonde ir. Se Abraão não tivesse dado o primeiro passo, que era sair, será que teria descoberto o passo seguinte?

Caminhamos assim, deixando algo para trás antes de recebermos algo de novo que o Senhor quer nos mostrar. O cego de nascença, depois de curado, ainda tinha um conhecimento incompleto de quem era Jesus. Foi preciso ser expulso da sinagoga para se encontrar com Jesus fora do sistema dos homens e ter uma visão mais clara de quem realmente era. Foi só então que o adorou.

(Jo 9:34-36) “Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no. Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo. Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou”.

Quando tomei conhecimento da verdade do um só corpo e que deveria congregar somente ao nome do Senhor Jesus, eu morava com minha esposa em Alto Paraíso (GO) e congregava numa pequena congregação batista, formada praticamente por 3 famílias, sem pastor, templo ou as coisas normalmente encontradas numa “Igreja Batista” estabelecida. Então éramos eu e outro irmão que pregávamos nas reuniões e saíamos para evangelizar. Eventualmente algum obreiro ou pastor nos visitava.

Mas quando eu e minha esposa entendemos a verdade da separação do mal eclesiástico, separamo-nos daquela congregação e passamos a ficar em casa fazendo a leitura da Palavra. Alguns irmãos de Limeira e Piracicaba iam nos visitar de vez em quando. Fomos recebidos à comunhão à mesa do Senhor em Limeira e passamos a partir o pão, não como uma assembleia, mas apenas como irmãos da assembleia de Limeira em Alto Paraíso. Somente dois anos depois, quando voltamos a Limeira (minha cidade natal), foi que pudemos nos congregar em uma assembleia constituída e congregada ao nome do Senhor.

Mas isso durou apenas dois ou três anos, pois a necessidade de trabalho me levou a buscar emprego em São Paulo. Pela dificuldade de alugar algo lá fomos morar em São Vicente, onde meu sogro tinha um apartamento vago, e todos os dias eu viajava a São Paulo para trabalhar. Ficamos seis meses assim antes de nos mudarmos para São Paulo, onde também não havia uma assembleia congregada ao nome do Senhor.

Portanto, boa parte do tempo que passamos em Alto Paraíso, São Vicente e São Paulo não pudemos congregar regularmente, mas já estávamos apartados das denominações e em comunhão à mesa do Senhor. Quando podíamos, viajávamos a Limeira para congregar.

O Senhor proveu para que uma irmã de Piracicaba se mudasse para São Paulo, depois um irmão, e mais uma irmã que havia se convertido em Florianópolis, e aos poucos as pessoas foram se convertendo ou vindo de outras assembleias. Começamos a fazer reuniões em nosso apartamento que era minúsculo (algumas pessoas ficavam no corredor só ouvindo a reunião, mas não vendo nada) e logo estava estabelecida uma assembleia em São Paulo em comunhão com todas as assembleias em todo o mundo congregadas ao nome do Senhor.

Como você pode ver, não raro existem irmãos que se separam dos sistemas e buscam o Senhor quanto ao que devem fazer, mas pode ter certeza de que em nenhuma circunstância o Senhor lhes mostrará que devem voltar ao sistema religioso dos homens, pois isso seria contradizer a própria Palavra. O jeito é esperar e confiar que Deus proverá.

Depois de saber o que você já sabe, seria possível imaginar o Senhor lhe dizendo para voltar? Será que ele iria lhe dizer algo do tipo: “Vá congregar em qualquer lugar, ainda que ali exista um clero, um homem dirigindo as reuniões, um nome negando a unidade do corpo, elementos emprestados do judaísmo como dízimos, cantores, templos…”? Se escutar uma voz dizendo isso pode ter certeza de que não é a voz de Deus conforme a vemos expressa em sua Palavra.

Portanto, os passos são nesta ordem:

1. Entender o mal que existe nas religiões e que isso é iniquidade aos olhos de Deus (ainda que existam muitos convertidos nelas, mas cabe ao Senhor conhecer os que lhe pertencem).

(2 Tm 2:19) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus”.

2. Apartar-se da iniquidade.

(2 Tm 2:19) “E qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”.

3. Purificar-se dos vasos (pessoas).

(2 Tm 2:20-21) “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.

4. Deixar de seguir os instintos naturais.

(2 Tm 2:22) “Foge também das paixões da mocidade;”.

5. Seguir (congregar) com os que já se purificaram dessas coisas.

(2 Tm 2:22) “e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.

6. Não fazer disso um cavalo de batalha e nem entrar em contendas com aqueles que permanecem nos sistemas (entenda que 2 Timóteo está falando da esfera da cristandade, não de incrédulos).

(2 Tm 2:23) “E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos”.

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Por que o diabo nos tenta se não pode nos fazer perder a salvação?

Quando Jesus afirmou que nada e nem ninguém pode tirar uma ovelha salva das mãos do Pai, ele deixou bem claro que a salvação é impossível de ser perdida. Então por que Satanás perderia seu tempo tentando um salvo para fazê-lo cair em pecado, se com isso não irá conseguir levá-lo para o lago de fogo?

Muito simples. Ao fazer um cristão cair em pecado o diabo consegue tirá-lo de circulação como testemunho para Deus. Quando um salvo por Cristo cai em pecado, ele não perde a salvação, mas perde a comunhão com Deus e fica inútil, sem adorar, sem testemunhar, sem pregar o evangelho, sem fazer as obras que Deus preparou para que ele andasse nelas. Além disso, ele acaba atrapalhando a vida de outros cristãos com seu mau testemunho, às vezes até arrastando outros ao pecado ou fazendo aqueles que tentam ajudá-lo a sair da lama perder um tempo preciso que poderia estar sendo empregado em outras atividades.

As antigas minas terrestres usadas na guerra eram feitas para matar o soldado. As modernas são menores e feitas para apenas ferir. Os estrategistas militares descobriram que é melhor ferir do que matar o soldado, pois um soldado ferido inutiliza outros dois soldados que precisarão carregá-lo, reduzindo assim a capacidade do exército de lutar.

São muitas as artimanhas de Satanás para atrapalhar a obra de Deus. Veja que ele não se preocupa apenas com os vivos, mas até com cadáveres! Quando Moisés morreu, Deus sepultou seu corpo em um lugar secreto para evitar que seu sepulcro fosse transformado em lugar de idolatria. Satanás tentou a todo custo descobrir onde está esse sepulcro para transtornar os planos de Deus.

(Jd 1:9) “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”.

Aquele que é o “pai da mentira” vive o tempo todo tentando descobrir maneiras de ferir os filhos de Deus.

(1 Pe 5:8) “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”.

Aqueles que tentam atrapalhar a obra de Deus e colocar tropeços para os que creem em Cristo estão fazendo a obra do diabo.

(1 Ts 2:18) “Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu”.

(At 13:7) “O qual estava com o pro cônsul Sérgio Paulo, homem prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o pro cônsul. Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele, Disse: O filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?”.

Já hoje Satanás engana a muitos cristãos com sinais e maravilhas feitas em nome de Jesus, mas isso tomará proporções nunca vistas quando vier o anticristo.

(Mt 7:22-23) “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

(2 Ts 2:9) “A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,”.

Uma das formas mais sutis do diabo enganar os cristãos é assumindo uma forma religiosa e de justiça aparente que faça os cristãos baixarem a guarda. Quando os cristãos buscam na política e nos governos deste mundo o socorro para as coisas de Deus estão se colocando onde está o trono de Satanás, que é o príncipe deste mundo.

(Ap 2:13) “Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita”.

(Gn 14:22-23) “Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra, jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: eu enriqueci a Abrão;”.

Ao aceitarem a ajuda de incrédulos na obra do evangelho, estão sem saber deixando-se levar pelas lisonjas de demônios. Não raro os incrédulos elogiam os crentes e até parecem estar promovendo a obra de Deus, quando na verdade é o diabo que está por trás dessa simulação.

(At 16:16-18) “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”.

Finalmente, se você gosta de ver defeitos em seus irmãos e está o tempo todo os acusando de algo, saiba que tem alguém que vive fazendo isso:

(Ap 12:9-10) “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite”.

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Por que Faraó matou apenas meninos?

Sua dúvida é por que Faraó mandou matar apenas os meninos e não as meninas, se a sua preocupação era com a superpopulação do povo hebreu. “Acaso as meninas não continuariam a gerar filhos que seriam também hebreus?”, pergunta você. Vamos ver o contexto para entender melhor:

(Êx 1:8) “E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José; o qual disse ao seu povo: eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós. Eia, usemos de sabedoria para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se ajuntem com os nossos inimigos, e pelejem contra nós, e subam da terra. E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel”.

A primeira providência de Faraó foi sobrecarregar e afligir o povo, para que não tivessem forças, saúde e tempo para se multiplicarem (Faraó tinha esse objetivo, mas nos bastidores Satanás tinha outra meta, como irei explicar mais adiante). A estratégia de Faraó não adiantou, pois eles continuaram se multiplicando. Só então Faraó passa ao “Plano B”.

(Êx 1:15-17) “E o rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o da outra Puá), E disse: quando ajudardes a dar à luz às hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, então viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida”.

Tendo falhado o “Plano B”, Faraó passa ao “Plano C”, sempre tentando reduzir a população de hebreus sem matar diretamente a mão de obra já treinada que ele tinha trabalhando em suas obras.

(Êx 1:22) “Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”.

Preservando as meninas e matando os meninos Faraó poderia tratar do povo hebreu como se costuma fazer com o gado: você precisa de apenas um touro para fecundar um rebanho de vacas. Se esse “touro” for egípcio, melhor ainda, pois poderá gerar mestiços que já não serão propensos a seguir à risca as tradições de seus pais. Mas até aqui a Bíblia só falou daquilo que era plano de Faraó, e no caso o monarca do Egito estava sendo apenas uma marionete nas mãos de alguém mais poderoso do que ele (como acontece com muitos governantes) que tinha uma agenda um pouco mais complexa: Satanás.

Volte a fita até o jardim do Éden e você encontrará a maldição lançada sobre Satanás:

(Gn 3:14-15) “Então o Senhor Deus disse à serpente: … porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta [a semente ou filho da mulher] te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

Um descendente da mulher seria o que esmagaria a cabeça de Satanás, e hoje sabemos que esse é Jesus, o Cristo. Jesus nasceria da virgem, sem a necessidade de um homem no processo, portanto desde o início Satanás tentou eliminar aqueles que lhe pareceram candidatos a esmagar sua cabeça. Sua primeira vítima foi o primeiro homem de quem Deus se agradou, Abel. Mas não era Abel o que esmagaria a cabeça da serpente.

(Hb 11:4) “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

Então os anjos fiéis ao diabo tentaram corromper a linhagem humana para tornar impossível obter dela algum descendente puro que destruísse Satanás.

(Gn 6:1-2) “E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus [anjos caídos] que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”.

Mas Deus barrou logo essa tentativa de Satanás, julgando e aprisionando em cadeias eternas os anjos que deixaram seu estado original para procriar com mulheres da raça humana e destruindo toda a população da terra com o dilúvio, exceto a família de Noé, ainda não degenerada física e moralmente pelo mal que Satanás trouxe ao mundo.

(Jd 1:6) “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;”.

(Gn 6:7-8) “E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor”.

Se adiantarmos a fita até 2 Crônicas 21 veremos que Deus já reduziu as possibilidades de seu Ungido a uma linhagem, um descendente do rei Davi.

(2 Cr 21:7) “Porém o Senhor não quis destruir a casa de Davi, em atenção à aliança que tinha feito com Davi; e porque também tinha falado que lhe daria por todos os dias uma lâmpada, a ele e a seus filhos”.

Então em 2 Crônicas vemos essa linhagem ficar reduzida a um único exemplar: Joacaz.

(2 Cr 21:16-17) “Despertou, pois, o Senhor, contra Jeorão o espírito dos filisteus e dos árabes, que estavam do lado dos etíopes. Estes subiram a Judá, e deram sobre ela, e levaram todos os bens que se achou na casa do rei, como também a seus filhos e a suas mulheres; de modo que não lhe deixaram filho algum, senão a Joacaz, o mais moço de seus filhos”.

(2 Cr 22:11-12) “Porém Jeosabeate, filha do rei, tomou a Joás, filho de Acazias, furtando-o dentre os filhos do rei, aos quais matavam, e o pós com a sua ama na câmara dos leitos; assim Jeosabeate, filha do rei Jeorão, mulher do sacerdote Joiada (porque era irmã de Acazias), o escondeu de Atalia, de modo que ela não o matou. E esteve com eles seis anos escondido na casa de Deus”.

Se você ler o livro de Ester verá que o livro todo é sobre a tentativa de Satanás exterminar o povo hebreu e assim se livrar da linhagem que culminaria na vinda do Cristo. É claro que como aconteceu com Faraó e os diferentes personagens ao longo dessas histórias, como é o caso de Hamã no livro Ester, cada um tinha seu interesse pessoal em fazer isso, mas por trás deles estava o diabo que os manipulava.

Outra passagem notória e direta dos planos do diabo de destruir a linhagem de Davi está nos evangelhos, quando Herodes manda matar todos os meninos com até dois anos querendo com isso eliminar o Messias e Rei de Israel.

(Mt 2:16) “Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos”.

Herodes era outro governante que não sabia o quanto era manipulado pelo Diabo. Uma vez um irmão comentou, e concordo com ele, que ao lado do trono de cada governante deste mundo está um demônio a serviço do príncipe deste mundo sussurrando em seus ouvidos o que deve fazer para prejudicar os planos de Deus. Portanto não se surpreenda quando os governos criam leis e praticam atos contrários à Palavra de Deus.

Apesar de todas as tentativas de Satanás, a virgem conceberia e daria à luz o menino que viria a se tornar o Cordeiro de Deus. Já em vida Jesus amarraria o valente Satanás, e na cruz, Satanás iria ferir o calcanhar de Jesus, mas este, com sua obra e sacrifício, esmagaria a cabeça da serpente. Agora é só uma questão de tempo até que a sentença que Jesus já garantiu na cruz contra o Diabo seja lavrada definitivamente e ele seja lançado no lago de fogo por toda a eternidade.

Primeiro Jesus precisaria despojar o inimigo, assaltar sua casa e tirar todos os seus bens, libertando os que eram por ele escravizados:

(Mc 3:27) “Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e então roubará a sua casa”.

(Cl 1:13-14) “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;”.

(Cl 2:14-15) “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades [anjos caídos], os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”.

(Hb 2:14-15) “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”.

(1 Co 15:24-26) “Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”.

No futuro Satanás continuará a perseguir Israel, pois é desse povo que veio o filho varão destinado a esmagar sua cabeça. É o que você encontra em Apocalipse 12:13 “E, quando o dragão [Satanás] viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher [Israel] que dera à luz o filho homem [Jesus]”.

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Deus matou o homem que abandonou a denominação?

Sua dúvida é a dúvida de muitos, pois existe hoje em muitas “igrejas” homens ímpios que pastoreiam a si mesmos e ameaçam com fogo e enxofre os membros de sua organização que ousarem contradizê-los e abandonar suas organizações. O apóstolo Paulo avisou que esse dia chegaria: “Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos” (At 20:29).

Nos casos mais brandos as ameaças são sutis, do tipo, “Veja bem, irmão, o que vai fazer, porque algo de muito ruim pode acontecer a você. Tem o caso daquele irmão…”. E aí a ameaça é seguida por alguma história escabrosa e aterrorizante de alguém que se desgraçou por sair dali. Ou então o “pastor” altera a voz, como se tivesse incorporado o espírito de Dart Vader de Guerra nas Estrelas, e passa a falar em um tom gutural meio rouco para criar um clima de terror em seus seguidores e dar maior veracidade às suas afirmações.

Segundo você relatou, um cidadão que estudava medicina veio a se converter nessa determinada “igreja” e como consequência foi curado de um câncer. Porém, tempos depois ele decidiu abandonar aquela “igreja” para se dedicar aos seus estudos e apenas dois meses depois de sair morreu de câncer. Sua dúvida é como se pode explicar tal coisa. Vou deixar que você mesmo responda usando uma das opções abaixo:

[A] O pastor mentiu ou inventou a história. Se existem pessoas dispostas a matar por dinheiro, existem também muitos dizendo “Senhor! Senhor!” e fazendo sinais e maravilhas para encher os bolsos. Estes acreditam que mentir não fará mal nenhum se a mentira fizer seus seguidores se sentirem bem e ele andar de carro importado.

[B] O homem nunca foi curado. O que ele teve foi um diagnóstico errado. Obviamente o inventor da história fez questão de colocar “médico” para torná-la mais verossímil, mas esta é a técnica também usada nos boatos de Internet, que sempre são acompanhados de alguma grande marca ou “autoridade” no assunto. Se o caso realmente tiver ocorrido, o sujeito pode ter participado de um desses cultos em que o “pastor” diz para a pessoa que ela está curada (um estudante de medicina jamais deveria cair nessa conversa). Conheço alguns casos de pessoas “curadas” nessas “igrejas” que acabaram morrendo por abandonarem o tratamento. Eu mesmo socorri um garoto no interior de Goiás que havia sido picado por uma jararaca e foi imediatamente “curado” pelas orações da “igreja” de seus pais. De tanto eu insistir, o pai, a contragosto, permitiu que eu levasse o menino para um hospital em Brasília. Mesmo depois de tomar o soro antiofídico, os rins do menino pararam de funcionar por causa do veneno e o pai reconheceu que o garoto teria morrido se não estivesse em um hospital com máquina para fazer diálise.

[C] A história é totalmente verdadeira. Neste caso é melhor você se filiar imediatamente à “igreja” desse “pastor”, pois corre o risco de ser morto por Deus por estar fora dela. Afinal de contas, esta deve ser a única “igreja” que Deus aprova, ao ponto de matar aqueles que tentam escapar dela.

Atente para o fato do trecho abaixo estar sendo escrito a Timóteo e falar das condições da cristandade, e não do mundo pagão, nos últimos dias, ou seja, hoje:

(2 Tm 3:1-3) Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, [“avarento” significa que ama o dinheiro acima de tudo], sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. [“Aparência de piedade” é o mesmo que “lobo em pele de cordeiro”]. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; [“concupiscências” são simplesmente desejos extremos de ter algo, e podem ser coisas lícitas como saúde, dinheiro, relacionamento amoroso, etc. As mulheres são as maiores vítimas desses “pastores”, pois são mais influenciáveis]; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. [Porque não são realmente convertidos]. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. [“Janes e Jambres” eram os magos da corte de Faraó que imitavam os sinais e milagres que Deus fazia por intermédio de Moisés, porém movidos pelo poder de Satanás].

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Se Deus sabe como vai terminar por que continua seu projeto?

Você escreveu que não consegue entender a razão de Deus, com todo seu poder e toda sua infinita sabedoria, ter continuado o seu projeto aqui na Terra mesmo já sabendo como será o seu fim. Justamente por isso: ele sabe como vai terminar, e nós não. O problema é que nós não conseguimos enxergar o fim, mas apenas uma pequena parte do projeto.

Um arquiteto que projeta um grande hospital pode não ser compreendido pelos que passam pela rua e veem a obra.

— O que esse arquiteto tem em mente para abrir uma cratera assim no meio de nossa cidade, enfeando tudo?! — dirá um transeunte.

— Que droga de emprego é este em que tenho que ficar enterrando concreto no solo o dia inteiro? Isto está acabando com minha saúde! — dirá um operário.

— Por que esse arquiteto tinha de permitir tábuas com prego nesta obra? Será que ele não percebe quanta gente está se machucando com isso? — dirá outro.

Nenhum deles consegue enxergar a obra pronta, por isso não entendem os percalços do caminho, mas o arquiteto tem tudo bem planejado e no final ninguém irá acusá-lo de ter agido errado. Quando o hospital estiver pronto todos logo se esquecerão das dificuldades e darão razão ao arquiteto pela perfeição da obra e pelo benefício que ela trouxe à cidade.

Quando questionamos os propósitos de Deus e o modo como ele age, somos como esses que só enxergam a cratera, o trabalho árduo e os pregos. Somos como crianças de dois anos tentando entender por que seu pai não fica o dia todo em casa brincando com ela. Você acha que adianta o pai explicar? Não, ela ainda não tem capacidade para entender. Então Deus, o Pai, também não se sente na obrigação de explicar tudo a seus filhos, mas apenas aquilo que é necessário para o momento.

Você não precisa saber como pilotar um Boeing para viajar. Você simplesmente confia que o piloto sabe o que está fazendo e obedece as instruções de segurança que os comissários passam a você. Não há o que questionar. Já pensou se o piloto precisasse explicar a todos os passageiros os detalhes do funcionamento da aeronave? Tudo o que os passageiros precisam saber é o destino e como chegar lá em segurança confiando no piloto.

O cristão vive por fé, isto é, ele crê sem ver. A fé inclui aceitar que Deus está no controle de tudo e que tem muita coisa que só saberemos quando chegarmos ao céu. Fé é confiança absoluta, mesmo quando não existe um entendimento perfeito daquilo que é acessível aos nossos parcos sentidos.

(Dt 29:29) “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.

(Jo 13:7) “Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois”.

(1 Co 13:12) “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”.

(Hb 11:1-6) “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem… Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente… Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”.

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Profetizar significa ver o futuro?

Profetizar é “falar por Deus”. Os profetas nos deixaram a Palavra de Deus ao falarem inspirados por Deus. Às vezes essa Palavra se refere a acontecimentos futuros, mas nem sempre. Hoje que temos a revelação completa de Deus continuamos a profetizar sempre que falamos do que está nessa palavra. É este o sentido do profetizar que vemos nas epístolas para as igrejas.

Não há como entender como Deus enxerga o futuro, pois para ele, que é eterno, o tempo é apenas um linha que ele criou em algum momento no passado e que irá terminar no futuro. Então tudo voltará a ser o estado eterno, sem tempo e sem linearidade nos acontecimentos. Como fomos criados no tempo, não somos capazes de entender o que ocorre fora do contexto do tempo, mas quando formos transformados (ou ressuscitarmos) estaremos aptos para viver na eternidade, sem tempo.

Para você ter uma leve ideia do que é Deus agindo hoje independente do tempo, pense na estrela mais próxima da terra: Proxima Centauri que está a 4,22 anos-luz de nós, ou seja, a quarenta trilhões de quilômetros. Só para você se situar, quando olhamos para essa estrela no céu vemos como ela era há 4,22 anos, e não como ela é agora. Se ela explodir agora, só veremos a explosão daqui a quatro anos. Se quisermos viajar para lá com o pé na tábua nos meios hoje disponíveis (sondas espaciais) levaremos 60 mil anos. Se formos a pé levaremos um bilhão de anos.

Agora imagine que Deus fosse um gigante muito alto, tão enorme que pudesse enxergar Proxima Centauri bem diante de seus olhos e ao mesmo tempo ter a Terra em sua visão periférica. Ou seja, ele seria capaz de ver a estrela e a Terra ao mesmo tempo!

Eu entendo que é assim que Deus pode ver o passado, o presente e o futuro tudo ao mesmo tempo. Em nós, com esse raciocínio linear que temos do tempo, algo assim não faria qualquer sentido, mas para Deus é tudo perfeitamente normal.

Jesus, que é Deus e Homem, não perdeu as qualidades divinas ao assumir a humanidade. Elas continuavam lá, embora ele nem sempre as utilizasse por andar aqui em estreita obediência ao Pai e dependência do Espírito. Mas às vezes vemos uns lampejos de suas capacidades divinas, como onisciência, onipotência e onipresença. Assim Jesus podia não só saber o que todos os homens pensavam (ele fez isso várias vezes nos evangelhos), como também conhecia o futuro. Nada do que acontecia com ele o pegava de surpresa.

Quer ver um exemplo disso nas palavras de Jesus, que é Deus e Homem?

(Jo 3:13) “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu”. (Como podia ele estar no céu e ao mesmo tempo na Terra com Nicodemos?!).

(Lc 10:17-18) “E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disselhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. (Uau! Que ponto de observação privilegiado era esse que lhe dava uma visão tanto do céu quanto da Terra?!).

(Mt 23:37) “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Hein?! Quando foi isso se Jesus tinha nascido há trinta e poucos anos?!).

(Jo 8:58) “Disselhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu sou”. (Sem comentários…)

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Quem levou Davi a fazer o censo: Deus ou o diabo?

Se lermos a Bíblia isolando passagens umas das outras, podemos pensar que existem contradições. Se lermos usando as passagens para se complementarem, entenderemos melhor o que Deus quis dizer. Em certas passagens são omitidas informações que existem em outras por causa do que Deus quer transmitir ali.

Mas não devemos tomá-las isoladamente. Em um evangelho o Senhor liberta um possesso, cujos espíritos imundos entram nos porcos. Em outro evangelho são dois possessos. Contradição? Não, na realidade eram dois mesmo, mas em um evangelho o foco não estava no número de possessos.

Em 2 Samuel diz que o Senhor incitou Davi a fazer o censo do povo.

(2 Sm 24:1) “E a ira do Senhor se tornou a acender contra Israel; e incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, numera a Israel e a Judá”.

Em 1 Crônicas diz que foi Satanás quem incitou Davi a isso.

(1 Cr 21:1) “Então Satanás se levantou contra Israel, e incitou Davi a numerar a Israel”.

Há outras questões na Bíblia que parecem contradição, como a da causa da morte de Judas, que em uma passagem diz que ele se enforcou e em outra que caiu de certa altura e morreu. Na verdade as duas coisas aconteceram: ele se enforcou e caiu, como aconteceu depois da invasão do Iraque com um dos ministros de Saddam Hussein: ele morreu enforcado e decapitado, porque era muito gordo e pesado, e a corda da forca, ao esticar, acabou arrancando sua cabeça com o impacto.

Tente imaginar que o mesmo que foi dito de Davi sobre o censo do povo e as consequências que isso trouxe fosse dito de Jó: suponha que existisse uma passagem dizendo que o Senhor lançou sobre Jó todo aquele sofrimento e em outra que foi Satanás quem fez isso.

Porém, como temos o texto de Jó bem detalhado, aprendemos dele o “modus operandi” de Deus. Fica claro que foi ideia de Satanás causar todo aquele mal, mas que ele não podia agir sem a permissão de Deus. Então precisou passar no céu e só saiu de lá com essa permissão porque Deus tinha algo a ensinar a Jó. No frigir dos ovos, Deus sempre cumpre os seus propósitos, ainda que tenham sido desencadeados pelo diabo, que nem se dá conta de que ele não passa de um peão no tabuleiro de Deus.

Portanto, na passagem do censo de Davi deve ter acontecido o mesmo, já que temos em Jó uma “jurisprudência” do modo de Deus administrar as coisas: Satanás maquina a coisa toda, Deus permite porque quer transformar aquilo em um instrumento de disciplina para o seu povo, e o diabo coloca seu plano em ação.

De tudo isso podemos aprender que o diabo não tem poder para tocar o crente, a menos que tenha a permissão explícita de Deus para isso. Mas essa permissão Deus só dará se entender que aquilo é uma forma de nos disciplinar ou ensinar algo, fazendo com que o mal se transforme em bem para nós e em mais uma derrota para o diabo.

Afinal, com a traição e condenação de Jesus à cruz não parecia que o diabo estava levando vantagem? No entanto todas as suas maquinações para instigar Judas e os outros visando aquele desfecho só serviram para que Cristo consumasse a obra que viria a derrotar o diabo.

(1 Jo 5:18) “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca”.

(Gn 50:20) “Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida”.

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O que você acha deste texto sobre o dízimo?

Você enviou um texto sobre o dízimo e gostaria que eu analisasse antes de enviar a outros irmãos. Recebo um número imenso de links, vídeos, textos e livros de leitores de meus blogs, e obviamente não teria tempo de ler todos ou analisar se estão corretos ou não. Como existe hoje muita coisa publicada na Internet, e uma vida não seria suficiente para ler tudo, antes de ler um texto cristão eu faço algumas perguntas.

1. Qual é o assunto? Se o texto for do tipo devocional ou falar de evangelismo, vida cristã, assuntos da vida prática, etc., então a probabilidade de conter erros é menor, pois são assuntos gerais que muitos cristãos dominam, independente de pertencerem ou não a um sistema religioso. Exclua desse “muitos cristãos dominam” os autores pentecostais, pois estes certamente acabarão ensinando que a salvação é por fé, mas a manutenção da salvação é por obras e perseverança, além dos erros associados ao Espírito Santo que normalmente vêm embutidos nesses textos. Se o assunto for igreja e as coisas ligadas à igreja, eu faço uma segunda pergunta.

2. Quem escreveu? Se for um irmão sem ligação com o sistema denominacional, as chances de ele acertar são maiores do que se o texto for escrito por um autor denominacional ou alguém pertencente ao clero de uma denominação (“pastor”, “profeta”, teólogo, “padre”, etc.). Mas mesmo assim eu preciso fazer mais uma pergunta:

3. Com quem ele está associado? O fato de alguém não estar ligado ao sistema denominacional não implica necessariamente que ele esteja trazendo sã doutrina. Há hoje muitos grupos sem denominação e você encontra em alguns deles aberrações doutrinárias muito piores do que as encontradas nos sistemas eclesiásticos. Já vi grupos sem denominação que pregam a salvação pelo batismo e dizem que o homem não nasce pecador, só fica pecador depois de pecar. Também existe a possibilidade de ser um dissidente, que esteve congregado ao nome do Senhor e, por pecado ou rebelião, foi colocado fora de comunhão. Aí é preciso cuidado, pois em meio à verdade pode estar a mentira. É importante sabermos que a má doutrina em um texto nunca vem sublinhada para a detectarmos imediatamente.

4. Qual foi o objetivo de quem escreveu? Embora esta pergunta seja a mais difícil, por não podermos detectar as intenções do autor, é possível ter algumas pistas. Por exemplo, há quem escreva para ganhar dinheiro, para atrair membros para sua religião, para ganhar notoriedade, etc. Outras informações sobre o autor podem ajudar neste caso.

Agora vamos analisar o texto que você me enviou (ainda sem ler):

1. Qual o assunto? O dízimo, portanto um assunto relacionado à igreja.

2. Quem escreveu? Não sei quem é o autor, se é denominacional ou não.

3. Com quem ele está associado? Pareceu-me ser alguém de um desses grupos sem denominação existentes hoje, como “igrejas nas casas”, “comunidades”, etc. Embora a maior parte da bibliografia que ele colocou no final seja de livros de referências, como dicionários, ou autores normalmente lidos nos seminários teológicos, o autor do texto introduz na bibliografia Frank Viola, que é um dos autores do movimento de igrejas em casas, o que me faz pensar que ele esteja de algum modo associado a esse movimento ou seja simpatizante. Não sei se foi essa a intenção, mas o fato de incluir vários autores clássicos do mundo da teologia denominacional pode ser uma forma de baixar a guarda dos leitores denominacionais por parecer que o texto tem o aval desses autores.

4. Qual foi o objetivo de quem escreveu? O texto indica que é uma monografia de um curso de teologia que o autor fez visando obter o título de “Bacharel em Teologia”. Eu pergunto: para que serve um título de “Bacharel em Teologia”? O que alguém que aparentemente não concorda com o sistema religioso está fazendo numa incubadora de líderes religiosos, como é uma faculdade de teologia? A meu ver ele não entendeu o que é “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Sugiro a leitura do livro que estou traduzindo que fala bem sobre este assunto e que pode ser encontrado no endereço da Web www.umcorpo.blogspot.com.

Minha conclusão é que o autor, ou pertence a uma denominação e busca obter um título para atuar com mais autoridade em uma, ou ele não pertence, mas deseja ser influente no meio denominacional e para isso acredita que um título eclesiástico ajude, ou então esteja em algum grupo não denominacional que tem por objetivo mudar o sistema denominacional e livrá-lo de alguns de seus muitos erros. Nenhuma das opções encontra respaldo bíblico.

Concluindo, não é um texto que eu leria, porque fala da igreja, um assunto que dificilmente alguém com um pé no sistema religioso saberá tratar com isenção de interesses. Quando falamos de apartar-se do arraial, isto inclui TUDO o que está associado ao arraial religioso, inclusive suas faculdades de teologia, títulos honoríficos e até mesmo a intenção de melhorar o arraial, fazendo uma faxina doutrinária nas denominações. Apartar-se significa não olhar para trás e nem buscar beber mais dessa fonte.

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Que profeta chamou Jesus de Nazareno?

Sua dúvida está na citação que Mateus faz no capítulo 2:23 daquele evangelho, quando diz: “Para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno. Na verdade não existe um versículo específico no Antigo Testamento que corresponda a esta passagem, como não existem outras passagens que são citadas no Novo Testamento, mas que não encontramos a origem.

Um exemplo é esta passagem de Atos 20:35: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.

Em nenhum lugar nos evangelhos Jesus disse isso, mas é importante lembrar que os evangelhos não registram tudo o que o Senhor disse. Se os discípulos estão afirmando em Atos que Jesus disse, então ele disse, pois foram os mesmos discípulos de Jesus que escreveram os evangelhos.

Outra referência é feita a Enoque, cujo livro nem faz parte do cânon do Antigo Testamento. O Livro de Enoque que existe hoje é um apócrifo escrito muitos séculos mais tarde, ainda que possa trazer em seu texto frases ditas por Enoque como a citada na epístola:

(Jd 1:14) “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos;”.

Voltando ao versículo que citou: (Mt 2:23) “E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno”.

Nenhum profeta do Antigo Testamento previu que ele seria chamado de Nazareno de forma explícita, mas mais de um profeta disse que ele seria desprezado. Por isso o versículo fala de “profetas” e não de um profeta específico. Quando o Senhor esteve aqui o termo “Nazareno” era um modo de expressar desprezo por alguém, e isto nós vemos na expressão que Natanael usa ao saber que Jesus é de Nazaré:

(Jo 1:46) “Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”.

Portanto, poderíamos dizer que Mateus esteja traduzindo o desprezo do qual os profetas (e não um profeta em particular) falaram, porém usando uma expressão que resumia isso nos dias de Mateus, ou seja, “Nazareno”. Mesmo em nosso idioma e cultura existem expressões usadas para designar a origem ou região de alguém em um sentido pejorativo, as quais não seria politicamente correto repetir aqui por serem discriminatórias.

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Os islamitas vão dominar a população mundial?

Você escreveu preocupado com as matérias que leu “a respeito do crescimento gigantesco do islamismo, baseado numa taxa de natalidade de 8,1 por casal contra 1,3 dos cristãos, alguns artigos afirmam que em 50 anos, o cristianismo estará em menos de 10% da população mundial, nesse ritmo, praticamente se extinguiria em poucas décadas”.

Se você fizer uma busca por “Muslim Demographics”, que é o título original do vídeo que causou o alarde, encontrará artigos e vídeos de sites e jornais apontando várias falhas nos cálculos. Resumindo, a informação é totalmente tendenciosa. O pseudônimo de quem publica, “FriendofMuslim”, não dá pistas se é alguma organização cristã tentando fomentar o evangelismo, um muçulmano fazendo uma manobra de contrainformação, ou ainda simplesmente alguém querendo despertar o ódio dos cristãos contra os muçulmanos. Enquanto escrevo, ouvi a notícia de que ontem uma mesquita foi incendiada na Bélgica matando uma pessoa.

Essas matérias são como fogos de artifício: geram ruído, luzes e fumaça como se alguma coisa séria estivesse acontecendo, mas nada mais fazem do que deixar as pessoas preocupadas e indignadas por coisa alguma. Aí todo mundo sai dando palpites malucos do que precisa ser feito: “Devemos expulsar os muçulmanos da Europa!”, “Devemos esterilizar seus homens e mulheres!”, “Cristãos: tenham filhos todos os anos, se possível gêmeos!”. Mas será que cristãos e muçulmanos estão em alguma espécie de competição de coelhos para povoar o mundo?

Aqui vai uma piadinha para descontrair.

O rapaz estava na barca Rio-Niterói viajando de Niterói para o Rio, quando foi abordado por um desconhecido em tom de desespero, que o sacudiu pelos ombros e gritou:

– Antônio! Sua mulher está passando mal no trabalho de parto em Niterói e precisa de você!!!

O pobre rapaz nem parou para pensar: mergulhou no mar e começou a voltar para Niterói a nado. No meio do caminho parou e pensou comigo:

Ora, eu não me chamo Antônio, não moro em Niterói e não sou casado… o que estou fazendo aqui?!!!”.

Este é o caso com esses artigos e vídeos alarmistas. Antes de sair divulgando e tomando uma posição, pare e pense. Você não se chama Antônio, não é casado e nem mora em Niterói, portanto a história não tem nada a ver com você. Será que isso tem alguma coisa a ver com a verdadeira posição dos cristãos no mundo? A melhor reação é dizer simplesmente:

– E daí que estão nascendo mais filhos de muçulmanos? Quem foi o gênio que comparou isso com taxa de natalidade de cristãos e tirou conclusões alarmistas? Acaso tal pessoa nunca ouviu falar que cristão verdadeiro não é quem nasce de pais cristãos, mas sim quem nasce de novo? (João 3) Qualquer pecador que nasça neste mundo é um candidato a nascer de novo. Ou seja, se esses artigos e vídeos dizem que para cada 810 filhos de muçulmanos nascem 130 filhos de cristãos, a conta a ser feita é de somar: 810 + 130 = 940 pessoas que podem nascer de novo pela fé em Jesus. Um evangelista não enxergaria isto como ameaça, mas como oportunidade.

Ah, mas se continuar assim logo teremos uma população ínfima de filhos de cristãos. E daí? Acaso a meta do cristianismo é encher o mundo de cristãos? Não! A meta é ter população zero de cristãos neste mundo, porque aqueles que realmente creem no Salvador sabem que não são deste mundo e não veem a hora de cair fora daqui. Eu não estou aqui para promover uma cunicultura cristã para que os cristãos se multipliquem para encher o mundo. Eu estou aguardando pela vinda do Senhor, para que o mundo seja esvaziado de todos os cristãos pelo arrebatamento da igreja.

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Como a minha justiça pode exceder a dos fariseus?

Sua dúvida é como alguém pode ser justificado, se o Senhor exige que nossa justiça seja maior que a dos fariseus, que já eram tão zelosos em cumprir a Lei e os mandamentos. O versículo que citou é este: (Mt 5:20) “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”.

A justiça dos fariseus era uma justiça exterior, de fachada como são os sepulcros caiados. Era meramente ritualística e consistia em ordenanças. A justiça do crente em Cristo deve exceder a dos fariseus por ser de dentro para fora, e não de fora para dentro.

Pintar o sepulcro não altera seu interior cheio de podridão, mas aquele que foi salvo por Cristo teve primeiro seu interior transformado ao receber uma nova natureza, e é dessa nova natureza que procede a justiça que vem de Deus. A justiça do crente é consequência, e não causa, da justiça que excede a dos fariseus. O crente é feito “justiça de Deus” em Cristo, e expressa essa justiça em seu andar como resultado da obra de Deus em sua vida.

(2 Co 5:21) “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”.

(Gl 3:24) “De maneira que a lei nos serviu de aio [babá], para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados”.

(Rm 3:24) “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”.

(Rm 5:1) “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;”.

(Rm 5:9) “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.

(1 Co 6:11) “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”.

(Gl 2:16) “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”.

(Gl 5:18) “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”.

(Rm 4:5) “Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.

(Rm 8:33) “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”. [“Justificar” significa “considerar justo”].

Os fariseus seguiam a Lei, porém não entendiam o espírito da Lei. Por isso o Senhor segue na passagem de Mateus 5 falando do espírito da Lei ao tratar de seis pontos: o sexto mandamento ou “Não matarás” (Êx 20:13 x Mt 5:21-26), o sétimo mandamento ou “Não adulterarás” (Êx 20:14 x Mt 5:27-30), a lei do divórcio (Dt 24:1 x Mt 5:31-32), dos juramentos (Lv 19:12 x Mt 5:33-37), da retribuição (Êx 21:24 x Mt 5:38-42) e de como tratar os inimigos (Dt 23:6 x Mt 5:43-48).

Sobre o sexto e sétimo mandamentos o Senhor ensina que não pesa somente a ação, mas a intenção do coração. A proibição não se restringe a matar ou adulterar, mas inclui odiar e cobiçar. Basta isto para mostrar que ninguém é justo segundo a carne e as aparências, que era como os fariseus tentavam justificar a si mesmos. A Lei serviu para mostrar a incapacidade do homem de atingir o nível de perfeição exigido por Deus, cabendo a ele tão somente esperar na graça e misericórdia de Deus para ser justificado.

Em meio aos comentários dessas seis leis, o Senhor ensina também que:

1. Nenhuma oferta é aceitável a Deus enquanto existir injustiça para com o próximo;

2. Eles (os judeus) estavam incorrendo em uma condenação maior por considerarem a Jesus (e a Deus) como adversário, ao invés de buscarem a conciliação;

3. Aquilo que Deus havia ordenado a Moisés acerca do divórcio não contemplava todo o pensamento de Deus, por ser brando em relação à posição mais radical de Deus, de existir apenas uma coisa (além da morte) capaz de dissolver o vínculo matrimonial, ou seja, o adultério;

4. Ninguém estaria obrigado a criar vínculos através de juramentos;

5. Agora estava valendo o inverso do que fora dito para o homem na carne (“olho por olho, dente por dente”) e,

6. O amor que realmente agrada a Deus é irrestrito, ou seja, inclui amigos e inimigos, bons e maus, pois é assim que Deus também ama o homem.

Então vem uma revelação importante: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. Em nenhum momento a Lei colocava o homem na posição de filho de Deus, como Jesus faz aqui ao dizer “vosso Pai”. Deus não é apresentado a eles como Jeová, o legislador, mas como o Pai amoroso.

Nenhum profeta jamais teria ousado falar assim: “Ouviste o que foi dito…”, ao citar a Lei, e então, “Eu, porém, vos digo…”. Quem jamais teria a ousadia de corrigir os mandamentos da Lei ou acrescentar coisas a eles? Isto seria blasfêmia, a menos que viesse da boca do mesmo que deu a Lei a Moisés no monte Sinai: o Emanuel, ou “Deus conosco”.

(Respondida com a ajuda de comentários de J. N. Darby e F. B. Hole).

*

Devo dar esmolas?

Sua dúvida é a de muitos: quando alguém pede esmolas, o cristão deve dá-las liberalmente ou não? A resposta mais fácil seria simplesmente citar Mateus 5:42: “Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”. Também o Salmo 41:1 “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre”. Há muitas outras passagens que mostram que a forma correta de um cristão agir é ajudando o pobre:

(Pv 21:13) “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido”.

(Pv 28:27) “O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições”.

(1 Jo 3:17-18) “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”.

Podemos também aprender o mesmo princípio de ajuda ao necessitado na passagem que se refere particularmente aos gentios que ajudarão os “pequeninos irmãos” do Senhor na Grande Tribulação. Jesus aponta que aquela caridade teria o mesmo efeito de ter sido feita a ele próprio, uma identificação do Senhor com os seus que também pode ser vista no que ele diz a Saulo quando perseguia os cristãos:

(Mt 25:34-40) “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.

(At 22:7-8) “Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues”.

A ordem de ajudar o pobre toma uma dimensão ainda mais séria quando lemos as passagens abaixo:

(Jo 14:15) “Se me amais, guardai os meus mandamentos”.

(1 Jo 2:4) “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou”.

Mas sua dúvida também incluía a questão de prioridade: a quem ajudar primeiro? Em Gálatas temos um versículo que nos fala da prioridade para com os familiares e os da “família da fé”, neste caso os irmãos:

(1 Tm 5:8) “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”.

(Gl 6:10) “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé”.

Em outra passagem, quando os discípulos acharam um desperdício gastar dinheiro para honrar o Senhor, ele surpreendentemente mostrou que ele tem prioridade:

(Mt 26:8-11) “E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício? Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres. Jesus, porém, conhecendo isto, disselhes: Por que afligis esta mulher? Pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre”.

Como sabemos que uma atitude de liberalidade poderia nos tornar presa fácil de espoliadores, e também que seria impossível acabar com a pobreza do mundo dando esmolas, precisamos recorrer a outras passagens para definir prioridades na hora de dar ao necessitado aquilo que Deus nos deu.

Não podemos jamais nos esquecer de que somos meros mordomos, a quem o Senhor confia bens que devem ser usados, não apenas para nossas necessidades, mas também para sermos instrumentos nas mãos de Deus. Por isso, creio que a questão deve também levar em conta o que a Palavra diz de como administrarmos o que o Senhor coloca em nossas mãos.

Por exemplo, se alguém vem pedindo para eu ser fiador de algum aluguel ou negócio, se eu me limitar a seguir o que diz Mateus 5 (“Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes”), posso ser surpreendido por dissabores que Deus, em sua Palavra, já havia previsto:

(Pv 6:1) “Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho, e te deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas palavras da tua boca; faze pois isto agora, filho meu, e livra-te, já que caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te, e importuna o teu companheiro. Não dês sono aos teus olhos, nem deixes adormecer as tuas pálpebras. Livra-te, como a gazela da mão do caçador, e como a ave da mão do passarinheiro”.

Portanto, devemos ajudar o pobre e dar a quem pede, mas sem deixarmos de considerar passagens como esta, principalmente porque o Senhor também nos alerta que estamos em um ambiente hostil, repleto de pessoas que irão querer nos enganar.

(Mt 10:16) “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas”.

Esta passagem ganha um significado ainda maior quando vemos hoje a cristandade em ruínas e muitos lobos vestidos em pele de cordeiro enganando os incautos com seus pedidos de dinheiro nos templos, na rádio e na TV. Há ainda um sem número de ONGS prometendo salvar crianças, curar doentes ou levar o evangelho aos povos não alcançados. Poucos sabem que em muitas delas a parcela que efetivamente chega até o necessitado é pequena, comparada aos custos administrativos e, principalmente, despesas para levantar fundos.

Dou um exemplo: um primo fazia parte de uma organização social e decidiu deixá-la quando fizeram um jantar beneficente para comprar uma cadeira de rodas. A arrecadação foi grande, o jantar foi um sucesso, e um paraplégico foi apresentado no palco do evento recebendo a cadeira sob o aplauso dos que ajudaram a comprá-la. Por que meu primo saiu? Porque o custo promocional — leia-se o custo do jantar — consumiu quase tudo. O que pagou a cadeira foi um resíduo. Se as mesmas pessoas quisessem contribuir para comprar cadeiras de rodas, sem interesse no jantar e evento social, a quantia teria dado rodas a vários paraplégicos, ao invés de apenas um. Portanto, antes de contribuir para qualquer instituição, procure saber qual a parcela que efetivamente chegará às mãos do necessitado. Em alguns casos é melhor fazer a contribuição diretamente a quem necessita.

Deus também tem uma palavra de alerta para o preguiçoso, que pode ser o caso daquele que se apresenta como pobre e mendigo, mas goza de perfeita saúde e condições para ganhar o seu pão:

(Pv 6:6-11) “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento. O preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados; Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante, e a tua necessidade como um homem armado”.

(2 Ts 3:10) “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também”.

Juntando tudo, o cristão deve sim dar ao pobre, mas também não deve ser ingênuo fechando os olhos para o modo como dá aos pobres, pois o que pede pode não ser pobre, pode estar em condições de trabalhar sem querer fazê-lo, ou pode não estar na condição de prioridade em que se encontram os familiares e os irmãos de quem irá contribuir.

O cristão tem o Espírito Santo para guiá-lo no momento em que alguém pede uma ajuda, portanto é do Espírito que deve buscar por discernimento antes de agir. Dar uma esmola a alguém com sinais de dependência química não irá ajudá-lo. Pessoas fortes e saudáveis dificilmente podem ser consideradas “pobres” em épocas em que a economia está pujante e sobram vagas de trabalho. Doar para uma instituição sem conhecer a idoneidade dos que a mantém e a parcela efetiva que chegará às mãos do necessitado também não é uma atitude correta na hora de dispor dos recursos que o Senhor coloca em nossas mãos.

São muitos os impostores que nos abordam, e eu já fui na conversa de alguns deles. Lembro-me de um que ligou dizendo que ia se suicidar e corri ao encontro dele na rodoviária da cidade para tentar fazê-lo mudar de ideia. Depois de muito choro desesperado, e de ouvir de mim o evangelho, ele disse estar disposto a tentar uma nova vida, mas para isso precisava de dinheiro para voltar à sua cidade em outro estado.

Depois descobri que ele aplicou o mesmo golpe em igrejas e cristãos incautos como eu. Como descobri? Acredita que ele tentou aplicar o mesmo golpe em mim uma segunda vez?! O cara devia ao menos controlar melhor sua agenda de “visitas aos clientes” para não fazer visitas duplicadas. Por este e outros casos nos quais fui inocentemente ludibriado, sou cauteloso na hora de atender a um pedido.

Mesmo assim, é melhor errar por ingenuidade do que por omissão, lembrando sempre de fazer do ato de ajudar, não algo feito a homens, mas ao Senhor. Se o homem quiser nos enganar com suas artimanhas, ele terá de prestar contas disso a Deus. Posso me sentir decepcionado e frustrado ao descobrir que ajudei um enganador ou estelionatário, mas se minha intenção foi fazer aquilo para o Senhor, que importa?

(2 Co 9:6-7) “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”.

(Cl 3:23-24) “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis”.

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A pena de morte em Israel era por apedrejamento ou crucificação?

A pena de morte em Israel costumava ser por apedrejamento, não crucificação, que era um costume romano e de outros povos. Então por que vemos no Antigo Testamento uma previsão para o que fazer com o que fosse pendurado no madeiro? Esta dúvida levou você a indagar se a pena de morte em Israel não seria também por crucificação.

(Dt 21:22-23) “Quando também em alguém houver pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança”.

A mesma palavra (“ates”) no original usada em Dt 21:22 também é usada em Josué 8:29 ao descrever um enforcamento, as pessoas eram penduradas no “madeiro”. Nas passagens do Antigo Testamento a palavra “ates” é utilizada indiferentemente para estaca, lenha ou árvore. Em Gênesis 22:6 ela aparece traduzida por “lenha” na versão Almeida, quando fala de Abraão colocando sobre seu filho Isaque o “madeiro” que seria utilizado no holocausto. Aqui temos uma figura de Cristo subindo para ser crucificado ou pregado no madeiro. A palavra “lenha” de Gn 22:9, quando Abraão amarra seu filho para sacrificá-lo, é o mesmo “madeiro” em hebraico “ates”.

Perdemos muito com a tradução, pois dá para ver, por exemplo, em Gênesis 18:8, que Abraão e o Senhor estão comendo à sombra do “madeiro” (traduzido como “árvore” em nossas versões), o que nos leva a pensar em como Deus já fazia questão de apontar o lugar onde o seu Filho iria terminar nos Evangelhos.

Em Israel, depois de uma pessoa ser morta por apedrejamento, espada, lança etc., o corpo morto podia eventualmente ser pendurado em uma árvore ou madeiro como símbolo de vergonha e desonra. Isto é dado a entender no versículo 22 acima, “e for morto, e o pendurares num madeiro”, que está falando de um corpo pendurado no madeiro, não necessariamente tendo sido morto ali.

Em Josué 10:26-27 vemos que pessoas eram enforcadas em madeiros (ou árvores), mas não eram tiradas dali pelo restante do dia, ficando como um espetáculo público da própria desonra. Nada disso é estranho a nós brasileiros, quando sabemos que Tiradentes, depois de enforcado (em uma forca ou “madeiro” na concepção do Antigo Testamento), teve seu corpo desmembrado e os membros pendurados em postes (madeiros) para exposição pública.

O formato do madeiro nas passagens bíblicas, estaca, cruz, “T”, “X”, não é especificado e não é tão importante quanto seu significado. Na conversa com Nicodemos, o Senhor Jesus fez referência à sua morte mencionando que seria como a serpente de bronze que tinha sido levantada no deserto, o que indica que ele estava comparando a cruz ou “madeiro” (“ates”) à “haste” (“nace”) sobre a qual a serpente de bronze foi levantada. Ainda que no Antigo Testamento sejam usadas palavras diferentes para “madeiro” (“ates”) e “haste” (“nace”) aprendemos com isto que o princípio e simbolismo são o que importa, e não a coisa em si, seu formato ou o material de que é feito.

O madeiro, portanto, não tem qualquer poder como objeto, mas é o que aconteceu ali que importa. Infelizmente, assim como os israelitas fizeram mais tarde com a serpente de bronze, transformando-a em objeto de idolatria (2 Rs 18:4), hoje milhões de cristãos veneram a cruz de madeira, como se existisse nela qualquer poder sobrenatural, ou a utilizam como um talismã para sorte e proteção. Isto é tão ruim quanto a idolatria e o culto à serpente de bronze de 2 Reis, a que ganhou até nome de um deus: “Neustã”.

Juntando tudo, podemos dizer que, além de morrer por nós, o Senhor sofreu a humilhação da reprovação pública, ao ficar pendurado no madeiro. A Lei considerava uma pessoa naquela situação maldita, e assim Jesus também foi feito maldição em nosso lugar. Na Lei, quem ficava pendurado no madeiro deixava claro estar pagando ali por uma afronta contra Deus, e Jesus fez isso mesmo, ao assumir nossos pecados e morrer na cruz como se ele próprio tivesse desobedecido a Deus, apesar de sabermos que ele era, em si mesmo, sem pecado, por ser o Filho de Deus.

(Gl 3:13) “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;”.

(Hb 12:2) “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.

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Qual o problema de cristãos louvarem com instrumentos musicais?

Acredito que um dos grandes erros da cristandade hoje é não entender as dispensações, isto é, as diferentes maneiras de Deus tratar com o homem ao longo das eras. Quando não entendemos isso fazemos a maior confusão tentando aplicar para hoje coisas que foram ditas a outras pessoas, em outras épocas e lugares, para outras situações.

Você viu que o Salmo 150 diz para adorarmos a Deus com instrumentos musicais, e pergunta qual o problema de cristãos hoje se congregarem para adorar e louvar a Deus com instrumentos musicais. Vamos ao Salmo:

(Sl 150:1-6) “Aleluia! Louvem a Deus no seu santuário, louvem-no no seu poderoso firmamento. Louvem-no pelos seus feitos poderosos, louvem-no segundo a imensidão de sua grandeza! Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com a lira e a harpa, louvem-no com tamborins e danças, louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas, louvem-no com címbalos sonoros, louvem-no com címbalos ressonantes. Tudo o que tem vida louve o Senhor! Aleluia!”.

Muito bem, está bastante claro que Deus ordena que ele deve ser louvado com trombetas, liras, harpas, tamborins e danças, instrumentos de cordas, flautas, címbalos, etc., ou seus equivalentes modernos. Antes de responder vou tomar a liberdade de fazer a você algumas perguntas também com base nos Salmos.

Qual o problema de cristãos sacrificarem animais?

(Sl 66:15) “Oferecer-te-ei holocaustos gordurosos com incenso de carneiros; oferecerei novilhos com cabritos”.

Qual o problema de cristãos cortarem o pescoço de seus inimigos?

Sl 18:40 Deste-me também o pescoço dos meus inimigos para que eu pudesse destruir os que me odeiam.

Qual o problema de cristãos darem o sangue dos inimigos para seus cães lamberem?

(Sl 68:23) “Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo a língua dos teus cães”.

Qual o problema de cristãos desejarem que a esposa de seu inimigo fique viúva e seus filhos virem mendigos?

(Sl 109:9-10) “Sejam órfãos os seus filhos, e viúva sua mulher. Sejam vagabundos e pedintes os seus filhos, e busquem pão fora dos seus lugares desolados”.

Qual o problema de cristãos louvarem a Deus e ao mesmo tempo matarem seus inimigos com a espada?

(Sl 149:6-7) “Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos, Para tomarem vingança dos gentios, e darem repreensões aos povos;”.

Creio que isto seja suficiente para você perceber que nem tudo o que encontramos no Antigo Testamento se aplica hoje, não é mesmo? E veja que fiquei apenas nos Salmos. Se usasse o Antigo Testamento inteiro iria perguntar qual o problema de cristãos destruírem cidades inteiras com seus homens, mulheres e crianças (Dt 20:16-17), apedrejarem adúlteros (Lv 20:10) ou um membro da família que praticasse idolatria (Dt 13:6-11), ou proibir seus irmãos de criarem cavalos (Dt 17:16). Afinal, tudo isso está na Bíblia e acaso não deveríamos seguir a Bíblia?

A questão é que temos hoje não apenas as instruções que o próprio Senhor Jesus deu nos evangelhos em relação à Lei mosaica, quando disse coisas do tipo “Ouvistes o que foi dito… Eu porém vos digo…”, mostrando que as coisas mudariam a partir dali. Mesmo assim, os evangelhos são em grande parte para um tempo de transição e ainda estão nos tempos do Antigo Testamento, pois ali temos um templo, sacerdotes, sacrifícios de animais, etc., e ali Jesus até mesmo incentivava as pessoas a fazerem tais coisas. Se observar o Salmo 150 fala do louvor “no santuário”, o que estaria correto nos tempos de Jesus, mas hoje já seria um problema, pois no lugar do único santuário ordenado e reconhecido por Deus, em Jerusalém, foi construída uma mesquita islâmica.

Quando um cristão tenta utilizar o Antigo Testamento como padrão para a adoração cristã ele está vivendo fora de sua época e lugar. Gostei de uma história que ouvi, de uma família que durante anos teve uma empregada que acordava todos às 6 da manhã, preparava a roupa que as crianças iriam vestir, o café de cada um, etc.

Depois de anos o patrão voltou a contratar a empregada que ficou tempos sem trabalhar naquela casa. Ela chegou toda animada dizendo que nem precisava explicar o que fazer, porque no dia seguinte ela iria acordar todo mundo às 6 da manhã, preparar as roupas, etc. O patrão explicou que não era mais assim. As crianças tinham crescido e se viravam sozinhas, agora estudavam à tarde e o patrão tinha parado de trabalhar fora pois agora era investidor na bolsa de valores. Ele não queria ser acordado às 6 da manhã. A família era a mesma, mas as condições mudaram e seus membros já não deviam ser tratados pela empregada como ela fazia no passado. A velha maneira serviu para o passado, mas já não servia agora e só traria dissabores se a empregada quisesse aplicar suas velhas práticas.

No evangelho o próprio Senhor deu uma dica de como seriam radicais as mudanças, quando ensinou a mulher samaritana:

(Jo 4:21-24) “Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.

Em Mateus 16:18 o Senhor disse edificarei a minha igreja”, com o verbo no futuro, indicando que ela não existia no Antigo Testamento e nem mesmo nos tempos dos Evangelhos. Então vemos a criação da igreja em Atos 2 e como as coisas mudam radicalmente quando Deus revela a Paulo, e também aos outros “santos apóstolos e profetas” da igreja, o segredo ou mistério que tinha ficado oculto de todos os profetas do Antigo Testamento. Uma nova dispensação ou maneira de Deus tratar com o homem se iniciava:

(Ef 3:2-5) “Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi; Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas [da igreja];”.

A partir de então as coisas do Antigo Testamento passaram a servir de princípios para os cristãos, não de leis ou regras, além de serem também figuras, sombras e tipos das coisas que haviam de vir.

(Rm 15:4) “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

(1 Co 10:6) “E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”.

(Hb 9:24) “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;”.

Quando os primeiros cristãos ficaram em dúvida se os gentios convertidos deviam guardar os preceitos da Lei como a circuncisão e os relativos a alimentos, o Espírito Santo resumiu tudo em poucas palavras:

(At 15:28-29) “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes”.

(Cl 2:16-17) “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.

A falta de entendimento das dispensações faz com que você veja hoje uma cristandade que adotou práticas da antiga dispensação da lei, construindo templos e altares, ordenando sacerdotes e levitas, instituindo dízimos e algumas até estabelecendo a guarda do sábado, além de bandas e corais no louvor cristão.

Obviamente o diabo adora isso tudo porque cria mais razões para os cristãos se dividirem ao invés de estarem todos congregados como um só corpo. Isto porque uma denominação cristã escolhe alguns itens do Antigo Testamento ao seu bel prazer, enquanto outra escolhe outros, criando assim uma distinção entre seus membros e uma achando-se mais correta que a outra.

Mas será que ninguém percebe que a igreja perseverava, não na Lei e nos preceitos do Antigo Testamento, mas na doutrina dos apóstolos? “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:42).

A doutrina dos apóstolos não é encontrada no Antigo Testamento, mas nas epístolas endereçadas às igrejas e algumas a indivíduos. Portanto na atual dispensação o Espírito Santo fez provisão de tudo o que necessitamos para andar como cristãos e para congregarmos como cristãos. E os instrumentos? Não encontramos na doutrina dos apóstolos dada à igreja. E o dízimo? Idem. Sacrifícios de animais? Também não. Construção de templos (santuários) e altares? Nem menção. Apedrejamento de adúlteros? Não. Danças? Também não. Cortar o pescoço dos inimigos? Já era. Tudo isso fazia muito sentido na velha casa ou maneira de Deus lidar com o homem, mas na nova, as condições são diferentes.

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Essas igrejas deveriam se unir?

Você se diz triste com uma matéria que viu na TV na qual uma organização religiosa criticava o líder de outra organização religiosa por uso indevido do dinheiro arrecadado dos fiéis. Aqui no interior temos um nome para isso: “O roto falando mal do rasgado”. Você escreveu também: “Essa guerra entre igrejas é horrível e desprezível, deveriam trabalhar juntas para ganhar almas e não prejudicarem mais ainda a imagem que os cristãos tem”.

Como assim? Deveriam o roto e o rasgado unir forças? Para quê? Para que o número de incautos que eles arrebanham seja ainda maior e a Palavra de Deus seja ainda mais difamada entre os povos? O cristão não deve ser ingênuo acreditando que tudo o que traz o nome de “igreja” seja efetivamente o que a Bíblia ensina ou tem o respaldo divino (sabia que existe até uma “Igreja Maradoniana” que venera o Maradona?).

Deus não faz associação com o mal, ainda que muitos desses digam estarem reunidos em nome de Jesus e fazendo tudo em nome dele (lembre-se de “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome?” Mt 7:22). Eu posso sair por aí dizendo que sou representante do presidente dos Estados Unidos e estou fazendo tudo em nome dele, mas isso não tem qualquer valor.

Compreendo que isso pode ser motivo de tristeza, mas não deveria ser motivo de surpresa. Afinal, como os avisos da Palavra de Deus se cumpririam se não fossem por esses homens falsificando a Palavra de Deus e explorando os fiéis? O Senhor Jesus avisou logo no início do evangelho de Mateus:

(Mt 7:19-23) “Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

Quem são esses? Se não forem os que fazem essas coisas em nome do Senhor de maneira fraudulenta praticando iniquidade, quem seriam então? É mais fácil reconhecer uma árvore má quando seus frutos (obras más) são tão evidentes quanto os desses pregadores de prosperidade. Mas evidentemente as pessoas não querem enxergar, pois gostariam de ter a mesma prosperidade desses líderes, sem perceberem que são elas que fazem eles prosperarem com o dinheiro arrecadado em troca de promessas vãs.

Pense assim: se eles não existissem, em quem se cumpriria o aviso do Senhor em Mateus 7? Certamente ele não está falando de incrédulos, de pagãos, de pessoas de religiões não cristãs, mas trata explicitamente de quem confessa o nome do Senhor, profetiza, expulsa demônios e faz maravilhas em seu nome.

Paulo também avisou que tais pessoas surgiriam entre os cristãos, alguns saídos de seu próprio meio para atrair discípulos, outros vindos de fora para destruir o rebanho. Mais uma vez eu pergunto: como se cumpririam tais palavras se não fossem por esses que iludem o povo?

(At 20:29-31) “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [pervertidas ou distorcidas], para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós”.

Que eles seriam ávidos por dinheiro, a Palavra de Deus também deixou bem claro em 2 Timóteo. Se verificar o contexto da carta verá que Paulo está falando da grande casa da cristandade e de como ela seria nos últimos dias:

(2 Tm 3:2) “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos [amantes do dinheiro], presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”.

O fato de alguns adotarem para si títulos pomposos, como o de “Apóstolo”, “Bispo”, etc., só confirma a veracidade dos avisos dados na Palavra:

(2 Co 11:13-15) “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos [que cometem fraudes], transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.

Você alega que ajudava a organização chamada “igreja” apresentada na matéria da TV por acreditar que muitas pessoas teriam sido verdadeiramente curadas. Acaso quando você vê um show de mágica é capaz de dizer imediatamente como foi que o mágico fez o truque? É claro que não, a menos que o mágico seja iniciante. Um profissional faz você ficar intrigado por não descobrir o truque.

A diferença é que o show de mágica nós assistimos conscientes de que se trata de prestidigitação e não de realidade. O mágico não está nos enganando, pois ele não se apresenta como alguém com poderes realmente sobrenaturais. Ele é um profissional do entretenimento e está ali para nos divertir. O próprio cinema é uma espécie de mágica, que nos faz ver as coisas como se elas fossem reais. Choramos, rimos, sofremos, mas sabemos que aquilo é tudo combinado e os atores estão fingindo.

Embora eu acredite que Deus possa realmente curar, o que você encontra nesses supostos “shows de fé” é picaretagem da grossa; quando não é efeito placebo e sugestionamento (a medicina explica isso) ou diagnósticos falsos, é armação ou, o que é pior, obra do inimigo e o poder das trevas.

Como você acha que Janes e Jambres, os magos de Faraó, conseguiram imitar tudo o que Moisés fazia, com exceção de criar vida do pó? Eles não eram prestidigitadores como os profissionais do entretenimento. Eles eram bruxos e feiticeiros, no entanto Timóteo os compara aos líderes religiosos dos últimos dias. Vampiros e lobisomens podem ser personagens de ficção, mas bruxos e feiticeiros não. E os piores são os que vêm travestidos de servos de Deus.

(2 Tm 3:8-9) “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles”.

Você alega que, “independente do líder estar pecando, os membros não têm culpa e podem receber a salvação”. Mais uma razão para ficar longe deles: (Mt 15:14) “Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”.

Boa parte dos membros realmente está ali na ignorância, enquanto um grande número deles está ali por concupiscência, que é o desejo ardente de enriquecer e ter uma vida confortável e livre de dificuldades neste mundo cujo príncipe é o diabo. Mesmo que fossem TODOS inocentes e estivessem ali por pura ignorância, ainda assim isso não seria motivo para nos associarmos a eles ou acompanhá-los em seu erro.

Ao falar dos homens que enganam, o apóstolo Paulo disse que “a palavra desses roerá como gangrena”, portanto devemos ficar longe de sua saliva. Não cabe a nós dizer quais de seus seguidores são ou não salvos, pois “o Senhor conhece os que são seus”. A mim e a você cabe a exortação que vem em seguida: “qualquer que profere o nome de Cristo APARTE-SE da iniquidade” (2 Tm 2).

E a iniquidade não se limita aos líderes, mas aos seguidores também. “Ora, numa grande casa não somente há vasos [pessoas] de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destes, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra”. (2 Tm 2:17-21).

Geralmente as pessoas são temerosas em julgar esses falsos pregadores com receio de estarem pecando contra o Espírito Santo (eles adoram ameaçar seus seguidores com isso) ou desobedecendo a ordem de Jesus que disse: “Não julgueis” (Mt 7:1-5). A questão é que há um número enorme de passagens que nos exortam a julgarmos e fugirmos de tais pessoas, as quais não conflitam com Mt 7:1-5, que está falando para não julgarmos a pessoa (do mesmo modo como devemos julgar o cigarro, mas não o fumante por fumar), pois Deus a julgará. Mas suas doutrinas, erros, más obras e pecados devem sim ser julgados para podermos nos afastar delas. Se tiver tempo, confira estas passagens em sua Bíblia:

1 João 4:1, Mateus 7:15, Romanos 16:17-18, 2 João 1:10-11, João 7:24, 2 João 1:7, Mateus 7:16, Colossenses 2:8, João 8:44, 2 João 1:10, Lucas 12:57, 1 Coríntios 2:15, Romanos 16:17, Deuteronômio 13:1-4, 1 Coríntios 5:1-13, 2 Pedro 2:1-22, 1 Coríntios 10:15, 2 Timóteo 4:10, 2 Timóteo 4:3-4, Efésios 5:11, 2 Timóteo 3:6-9, 2 Tessalonicenses 3:14-15, Atos 17:11, Isaías 3:9, Salmo 26:4-5, Apocalipse 19:20, 18:4, 16:13-14, 1 Timóteo 1:19-20, Gálatas 3:1-3, 2:11, 2 Coríntios 6:14-18, Mateus 15:14, Salmo 40:4, 28:3, Apocalipse 13:11, Tito 1:13, 2 Timóteo 4:1-22, 2 Tessalonicenses 3:6.

O cristão que busca fazer a vontade de seu Senhor deve se apartar de tudo isso, porque só atrapalha o evangelho ao invés de ajudar. Por isso hoje encontramos tanta dificuldade em evangelizar pessoas esclarecidas, pois elas nos olham na dúvida se somos os vigaristas que pedem dinheiro ou os tolos que dão.

Mas certamente a picaretagem generalizada na cristandade não exime o incrédulo de sua responsabilidade de crer em Jesus. Quando ele se encontrar com Deus não poderá dizer que não creu por esta razão. Ao contrário, é por existirem tantos falsificadores da Palavra que ele deveria ter prestado mais atenção e buscado o evangelho puro e verdadeiro. Sim, há muitos que vêm com desculpas do tipo “Eu não quero nada com a Bíblia ou com Jesus porque não quero ser enganado como todas essas pessoas que vivem dando dinheiro”. Mas este argumento é absurdo e vou explicar a razão.

Digamos que você fosse um incrédulo que rejeitasse o cristianismo totalmente por causa desses falsificadores da fé cristã. Neste caso eu ficaria muito feliz se você pudesse me dar todo o seu dinheiro, já que certamente deseja se livrar dele. Sim, pois você deveria aplicar o mesmo raciocínio ao seu dinheiro. Veja bem, se você rejeita o cristianismo por causa dos falsificadores da Palavra de Deus, deveria também rejeitar seus Reais, Dólares e Euros por causa dos falsificadores de dinheiro (por isso eu disse que aceito de bom grado o dinheiro que irá jogar fora).

Mas obviamente você não recusa uma nota de cem reais verdadeira só porque existem notas falsas por aí. Então não deveria recusar o verdadeiro evangelho de Deus só porque existe uma quadrilha de falsários agindo em templos e programas de rádio e TV. Falsários falsificam aquilo que tem valor, por isso falsificam o evangelho. O Real, o Dólar e o Euro são moedas que têm valor. Você conhece algum falsário que perde seu tempo falsificando o “xelim somali” ou o “dólar zimbabuano”?

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A palavra “escrituras” no Novo Testamento refere-se ao Antigo Testamento?

Sim, sempre que lemos “escrituras” nos evangelhos, Atos e até nas epístolas, está se referindo ao Antigo Testamento. Para um judeu ou um prosélito (gentio convertido ao judaísmo) que conhecesse as escrituras do Antigo Testamento, o evangelho fazia todo sentido, pois era a concretização das promessas feitas pelos profetas.

Desde criança o judeu era ensinado nas escrituras e elas o ajudariam a identificar o Cristo que aguardavam, como aconteceu com Timóteo:

(2 Tm 3:15) “E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”.

Imagine um judeu, que cresceu vendo cordeiros sendo sacrificados pelos pecados dos homens, quando ouviu a frase de João Batista: “Este é o Cordeiro de Deus”. Ele imediatamente saberia de que João estava falando. Podia até achar um absurdo, uma blasfêmia, etc., mas não podia negar que sabia que João estava falando de um ser humano que seria entregue em sacrifício pelo pecado.

Em sua vida aqui ele várias vezes apoiava suas palavras nas escrituras do Antigo Testamento, e o evangelista Mateus é campeão em apontar em Jesus o cumprimento das escrituras, pois em seu evangelho é onde aparece o maior número de citações do Antigo Testamento cumpridas em Jesus. Por exemplo:

(Mt 1:22-23) “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de Emanuel, Que traduzido é: Deus conosco”.

Vemos também que em outras ocasiões o próprio Senhor revelava o que dizia respeito a si mesmo no Antigo Testamento, ou então eram outros que, inspirados pelo Espírito de Deus, faziam afirmações a seu respeito como nestas passagens de Lucas:

(Lc 4:16-21) “Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.

(Lc 9:20) “E disselhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus”.

Quando o Senhor, depois de ressuscitar, encontra-se com dois discípulos no caminho de Emaús, ele lhes fala de tudo o que estava escrito dele nas escrituras. Mas não basta o mero conhecimento das escrituras, o qual aqueles dois certamente tinham. Ali foi preciso o Senhor abrir também seus olhos e entendimento para que eles o reconhecessem e as escrituras pudessem aquecer seus corações.

É esta a grande diferença entre um salvo e um perdido. Fale a um perdido da Bíblia e para ele você está falando de um livro velho e antiquado, cheio de regras absurdas, que deveria inclusive receber o veto de qualquer associação de proteção aos animais, tamanho o número de animais sacrificados em suas páginas. O incrédulo também enxergará um sem número de guerras e atrocidades e culpará a Deus (se acreditar que ele existe) por todas aquelas desgraças, sem nem ao menos passar perto de entender a real ruína do ser humano e muito menos ser capaz de ver Cristo em suas páginas, a resposta de Deus para a ruína que o pecado trouxe ao homem e à Criação. Dê a mesma Bíblia para um crente em Jesus e seus olhos brilharão, seu coração se aquecerá e ele falará de como foi salvo e abençoado, quando ainda era um pecador perdido e inimigo de Deus.

Se quisermos uma passagem das escrituras como exemplo disso, não penso numa melhor agora do que a do rei Salomão ordenando que a criança disputada por duas mães fosse cortada ao meio e entregue metade para cada uma.

Nós sabemos que Salomão, uma figura de Cristo reinando em paz, estava testando as mulheres, e imediatamente o teste fez vir à tona o que havia no coração de cada uma. Aquela que diz ao rei para cortar a criança não tinha qualquer relação de afeto, enquanto a verdadeira mãe estava disposta a perder a guarda do filho por amor a ele. Esta também sabia que seu pedido seria atendido, pois confiava na sabedoria e justiça de Salomão, o rei ao qual até reis acorriam para escutá-lo e contemplar a glória do seu reino.

Um crente enxerga principalmente duas coisas nas escrituras. Primeiro ele enxerga a Cristo, pois é dele que elas falam. Depois enxerga a si mesmo, individualmente, e à igreja, coletivamente, como objeto do amor e graça de Deus.

Assim, quando lê a história de Adão, vê Cristo assumindo a culpa de sua esposa, a igreja, por amor dela. Quando vê a história de Abel, enxerga aquele que sabia que Deus exigia um sacrifício de sangue pelo pecado. José, filho de Jacó, é Cristo sendo invejado e vendido pelos próprios irmãos, porém tirado da cova e exaltado para a salvação dos próprios irmãos que o venderam. Isaque é Cristo em busca de uma noiva, para o que o Pai (figurado por Abraão) envia o Espírito Santo (o servo da história) em busca da igreja (Rebeca, a noiva).

Davi é o Cristo guerreiro e conquistador que, depois de exilado pelo seu próprio povo, volta triunfante para destruir seus inimigos. Salomão é Cristo estabelecendo um reino de paz (quase não houve guerras no reinado de Salomão) e estabelecendo o lugar de adoração a Deus em Jerusalém. Ao mesmo tempo vemos Cristo, o “Bom Pastor” que dá a vida por suas ovelhas no Salmo 22, então o “Grande Pastor” que apascenta suas ovelhas ainda em um mundo hostil no Salmo 23 e o “Supremo Pastor” assumindo seu lugar de direito para reinar no Salmo 24.

Talvez existam centenas de referências diretas a Jesus no Antigo Testamento, na forma de profecias, e um sem número de referências na forma de tipo, já que aprendemos que até coisas, como o tabernáculo no deserto e a arca da aliança, são figuras de Cristo.

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O “um só batismo de Efésios 4:5” seria o batismo do Espírito?

Sua dúvida é se o “um só batismo” de Ef 4:5 estaria se referindo ao batismo do Espírito Santo ou ao batismo cristão nas águas. Eu creio que a passagem de Efésios 4:3-5 fica mais “lógica” quando a entendemos como três círculos concêntricos (tipo teoria dos conjuntos que a gente aprendia na escola).

(Ef 4:4-6) “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.

1. Começando de trás para frente ou de fora para dentro, o círculo maior é do “Um só Deus e Pai de todos [no sentido de Criador], o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” (Ef 4:6), no mesmo sentido do que Paulo fala em (At 17:28) “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos”.

2. Dentro deste maior temos um círculo médio, que não inclui pagãos, mas apenas cristãos nominais (falsos e verdadeiros). É o círculo do “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4:5). Neste círculo estão todos os que confessam que Jesus é Senhor (até aqueles que o chamam de “Senhor do Bonfim”, por exemplo), que na hora de preencherem um questionário colocam “cristão” ou alguma denominação cristã no campo “religião”. Todos têm um só Senhor, uma só fé (no sentido de crença) e um só batismo, porque foram batizados em nome de Jesus, e não em nome de Buda, Maomé ou Moisés.

3. O terceiro círculo interno, menor, inclui apenas os verdadeiramente salvos. Eles fazem parte do círculo grande da Criação, fazem parte do círculo médio da profissão cristã, porém são os que fazem parte do corpo de Cristo (a Igreja), formada pelo batismo do Espírito no dia de Pentecostes, com o qual também foram selados, e são chamados em uma única esperança da vocação celestial. Neste círculo não há falsos cristãos.

A. J. Pollock (1864-1957), um irmão que abandonou sua profissão de banqueiro para pregar o evangelho e estava congregado ao nome do Senhor, deixou vários livros. Em um deles (“The Church of God”) ele diz assim ao falar da passagem de Efésios 4:

Os primeiros três que temos considerado — um corpo, um Espírito… uma esperança de vossa vocação — podemos chamar de círculo da realidade. Apenas verdadeiros cristãos podem estar ali, habitados pelo Espírito de Deus. Somente verdadeiros cristãos podem ter vocação celestial.

O Segundo círculo — um só Senhor, uma só fé, um só batismo — podemos chamar de círculo da profissão cristã. Evidentemente todos os cristãos professam ser cristãos, mas neste caso professam com realidade. Deus não sustenta aquilo que não é real. Quando uma profissão cristã não é real, ela é obra do inimigo. Oh, quanta irrealidade existe neste círculo! Enquanto os homens dormiam, o inimigo veio e semeou joio entre o trigo”.

Portanto, também faria sentido dizer que o “um só batismo” de Efésios 4:5 nos fala do batismo do Espírito que ocorreu no dia de Pentecostes na formação da igreja (porque só existiu um batismo do Espírito Santo, e hoje quando alguém se converte a Jesus não é batizado com o Espírito, e sim selado com o Espírito — Efésios 1:13-14), o qual evidentemente também é único. Porém eu creio que a divisão das características em três classes faz mais sentido, e é por isso que acredito que o versículo 5 esteja falando do batismo nas águas.

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Jesus foi o primeiro a ser criado?

Quando encontramos tantas passagens que nos falam da divindade de Jesus e nos deparamos com esta que você citou, é bom verificarmos se ela tem sentido literal ou não. A passagem que citou é a que fala de Jesus como “o primogênito de toda a criação” e sua dúvida é se aqui está dizendo que ele foi criado por Deus.

Em Lucas Jesus também é chamado de “primogênito”, porém o contexto mostra que está falando disso em relação a Maria: “E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2:7).

O sentido aí é literal, pois Maria certamente estava tendo o primeiro filho gerado em seu ventre, ou “primogênito”. Se abrir em Êxodo verá a mesma palavra, porém usada em sentido figurado: “Israel é meu filho, meu primogênito (Êx 4:22). Qualquer um entenderia que Deus não está falando de Israel como o primeiro criado por Deus, pois existiu muita gente antes. A palavra aqui tem o sentido de primazia, de preferência.

Por exemplo, veja como primogenitura (ou o status de primogênito) é tratada aqui, não como a ordem real do parto, mas como um título de preferência:

(Gn 25:31-33) “Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura. E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura? Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó”.

Na própria Lei dada a Israel havia uma situação em que o direito da primogenitura e herança era garantido ao primeiro a nascer, e isso indicava que existia o costume de se dar a primogenitura àquele que o pai quisesse:

(Dt 21:15-17) “Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem despreza, e a amada e a desprezada lhe derem filhos, e o filho primogênito for da desprezada, será que, no dia em que fizer herdar a seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, preferindo-o ao filho da desprezada, que é o primogênito. Mas ao filho da desprezada reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver; porquanto aquele é o princípio da sua força, o direito da primogenitura é dele”.

Mas no Salmo 89 vemos a soberania de Deus agindo para com Davi, o caçula dos filhos de Jessé, e que neste salvo é uma figura de Cristo em seu reino:

(Sl 89:20) “Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi… Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra. A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e a minha aliança lhe será firme, E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu”.

Deus promete assim a Jesus, o Rei de Israel, um lugar de primazia e supremacia, dando a ele a primogenitura, chamando-o de “primogênito de toda a Criação” para certificar-se de que nenhum ser criado pudesse ser considerado como estando acima dele.

Embora jamais tenha sido criado, por ser Deus, Jesus é o Filho eterno, isto é, sempre esteve nesta posição diante do Pai e do Espírito Santo formando a Trindade, três Pessoas, um só Deus. Adão é chamado de filho de Deus por ter sido o único homem realmente e diretamente criado por Deus a partir de matéria inerte e sem vida. Todos os outros homens são, obviamente, criaturas de Deus, porém, ao contrário de Adão, vieram de matéria viva e “nasceram do sangue… Da vontade da carne… Da vontade do homem” (Jo 1:13), como aparece no contraste daquele que é nascido de Deus, no caso, os crentes em Jesus. Outros seres foram criados diretamente por Deus, e são os anjos, mas estes não têm capacidade de procriarem no estado angelical. Por isso os anjos que hoje existem são os mesmos que Deus criou.

Se a passagem do versículo 15 de Colossenses pudesse deixar alguma dúvida sobre o significado de “primogênito” ali, as passagens seguintes e o contexto elimina totalmente tal dúvida:

(Cl 1:16-19) “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse,”.

Para que “todas as coisas que há nos céus e na terra” fossem criadas por Jesus e para Jesus, e se ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por ele, não haveria qualquer possibilidade de ele ter sido criado “antes” desse “antes de todas as coisas”.

Quando abrimos em Gênesis e lemos no hebraico vemos que “No princípio criou ELOHIM os céus e a terra” (Gn 1:1). A palavra “Elohim” no hebraico significa Deus, porém na designação de plural com três ou mais. Quando Elohim criou o homem, encontramos também o plural até no verbo “façamos o homem à nossa imagem”, o que demonstra que ali temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo agindo em conjunto.

Você encontra novamente “primogênito” no versículo 18 associado à ressurreição de entre os mortos, e aqui sim Cristo é “as primícias”, o primeiro a ser ressuscitado em um corpo incorruptível (todas as ressurreições de que falam os evangelhos e Atos foram de pessoas que morreram novamente mais tarde). Finalmente, a última frase do versículo 18 fecha o contexto declarando qual a razão de tudo isso: “para que em tudo tenha a preeminência.

Muitos ímpios e incrédulos usam passagens como o versículo 15 isolando-a do contexto para tentar provar suas teorias. É importante sempre tomar o cuidado de verificar o contexto da passagem, quem disse, para quem foi dito, quando, por quê, etc. Caso contrário alguém poderá até usar a Bíblia para provar que Deus não existe, pois há uma parte de um versículo que diz exatamente assim: (Sl 14:1) “Não há Deus”.

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Tocar no ungido de Deus significa falar mal do pastor?

Isso é uma grande bobagem inventada por esses pastores mercenários para não perderem seus seguidores e a renda. O versículo geralmente usado é (Sl 105:15) “Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas”. Valendo-se deste versículo isolado homens corruptos podem gozar de um tipo de “imunidade parlamentar” nos meios religiosos, deixando de ser julgados e condenados por seus atos.

Não vai demorar e a legislação terá de incluir o “bullying espiritual” como crime sem fiança. O assédio e exploração feitos por líderes religiosos têm destruído famílias e levado pessoas ao desespero. Os psiquiatras que o digam. A manipulação religiosa é uma forma de lavagem cerebral que deixa sequelas terríveis, e muitos incrédulos acabam confundindo isso com o puro cristianismo encontrado na Palavra de Deus. É triste ver quantos têm sido vítimas desses lobos vestidos de cordeiro.

É comum encontrar na TV homens corruptos vociferando suas ameaças aos berros contra aqueles que os desafiam, como se fossem guardas de campo de concentração. Obviamente os seus seguidores mais tímidos e menos conhecedores da Palavra de Deus acabam dando o pescoço à coleira.

É sabido que o poder corrompe, e não raro a busca por poder mais ferrenha que se pode encontrar é a que ocorre dentro do meio religioso. Eu não aguento mais receber spam de um pastor evangélico fazendo campanha para ser presidente de sua denominação. Sua exaltação própria causa nojo. Mas é sabido que o poder e a ameaça têm um efeito poderoso, e basta ver o que Hitler conseguiu gritando no microfone. Uma nação inteira sucumbiu aos seus apelos e ameaças.

Se os cristãos entendessem que hoje não existe um clero, mas apenas dons dados à igreja, e que não existe na doutrina dos apóstolos um homem dirigindo uma congregação (o dom de pastor é universal, não local), se libertariam desse jugo e das algemas de medo que esses líderes colocam. Passariam a crer na Palavra de Deus e não nas promessas vãs de homens corruptos quanto à fé e avarentos (amantes do dinheiro). Não faltam avisos na Palavra de Deus contra esses.

O versículo do Salmo 105 que é largamente usado por esses líderes foi escrito para as nações que ameaçavam Israel em seus primeiros dias. Era um aviso para pessoas do tipo do Faraó e outros, que queriam escravizar os hebreus quando eram poucos homens em número, sim, mui poucos, e estrangeiros nela; quando andavam de nação em nação e dum reino para outro povo; não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por amor deles repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas” (Sl 105:12).

Percebeu como tudo fica mais claro quando examinamos o contexto e não um versículo isolado? O alerta ali não era dirigido aos do povo de Deus, mas aos tiranos que queriam explorá-los, como Faraó fazia. Se quisermos aplicar esta passagem do Antigo Testamento como um princípio para nossos dias, eu diria que o alerta cabe aos que se colocam como Faraós do atual povo de Deus tentando explorá-los a todo custo. Ou seja, o aviso é dirigido diretamente a esses pregadores corruptos que exploram as ovelhas do rebanho do Senhor.

O verbo “ungir” significa aplicar azeite em alguém, e era assim que as pessoas no Antigo Testamento eram escolhidas para alguma função especial, como os reis, os sacerdotes, etc. As coisas que foram escritas no Antigo Testamento são tipos e sombras das coisas atuais e também das que estão no céu. Hoje todo verdadeiro crente em Jesus tem a unção, ou seja, recebe em si o azeite do Espírito (na Palavra de Deus o azeite simboliza o Espírito Santo) quando é selado após crer em Jesus.

Ef 1:13-14 “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”.

Os ungidos hoje são todos os salvos por Cristo, e o apóstolo João deixa isso muito claro justamente na passagem onde ele alerta para os cristãos tomarem cuidado com os falsos mestres, os predecessores do anticristo, o homem do engano:

(Jo 2:18-27) “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.

Deus aparelhou cada crente com essa unção para que ele saiba discernir o que vem de Deus e o que vem do diabo, o pai da mentira. Quando algum desses pregadores promete algo que não é capaz de entregar, está mentindo e fazendo a obra de Satanás.

Portanto não caia nessa conversa de “não toqueis os meus ungidos” como ameaça contra os que criticam os líderes corruptos, porque a advertência é justamente dirigida aos líderes corruptos que querem extrair o máximo do povo de Deus, como fazia o faraó. Não é de admirar que isso aconteça hoje na cristandade, não por pessoas declaradamente inimigas, como era o faraó, mas por aqueles que se dizem “pastores” do povo. Aconteceu exatamente o mesmo em Israel durante sua decadência.

Veja a passagem abaixo (leia o capítulo inteiro) que é dirigida, obviamente, a Israel e não à igreja, e também tem um caráter profético, mostrando como Deus irá libertar o seu remanescente de judeus fiéis durante a tribulação.

(Ez 34:1-31) “E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam…. Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas; Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto…. Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes. Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que sujais o resto com os vossos pés? …”.

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O que você acha da Bíblia anotada por Scofield?

Em 1826, alguns jovens universitários na Grã-Bretanha começaram a ler a Bíblia tentando ver se havia alguma similaridade entre o que eles encontravam na Palavra de Deus e o que viam ao redor, concernente à Igreja. Aqueles jovens estudantes de Dublin chegaram à conclusão de que não havia nada na cristandade organizada que pudesse ser comparado ao padrão bíblico e, assim, decidiram que a Palavra de Deus deveria exercer sobre suas vidas um poder maior do que qualquer hierarquia criada por homens. Eram eles J.N. Darby, Edward Cronin, W. Hutchinson e J.G. Bellet, sendo este último o mais velho dos quatro. Assim, em 1827 passaram a se reunir na residência de Hutchinson.

O Senhor mostrou a eles muitas coisas em sua Palavra e uma delas era que Deus dividiu os tempos em dispensações ou diferentes maneiras de tratar com o homem; que Israel é um povo para o qual Deus deu promessas que serão cumpridas todas no final; que Deus colocou de lado Israel para edificar a Igreja durante o atual período da graça; que a Igreja não existia antes de Atos 2 e NUNCA foi mencionada no Antigo Testamento; que há um só corpo e que essa unidade deveria ser expressada na prática; que a igreja será arrebatada antes de iniciar a grande tribulação. Estas verdades obviamente estavam e estão na Bíblia, mas há muito tempo tinham sido obscurecidas por tradições e superstições católicas e protestantes. Você encontra uma biblioteca imensa de livros daqueles irmãos e de outros que vieram depois no endereço da Web http://www.bibletruthpublishers.com/bibletruth-library/lh.

No final do século 19 alguns pastores e líderes denominacionais abraçaram algumas dessas doutrinas e passaram a ensiná-las, mas nem sempre com a pureza original por estarem ligados a sistemas religiosos. Um deles foi C. I. Scofield, que publicou uma Bíblia comentada que ficou bem famosa. Um irmão que comparou as primeiras edições em inglês com as últimas disse que a cada nova versão alguns comentários de Scofield desapareceram do texto porque não seriam bem aceitos pelas denominações modernas. Eu tinha uma em espanhol e acabei dando de presente a alguém.

Scofield, que era também pastor e professor em Seminário Teológico, provavelmente não entendeu (ou não quis entender) alguns dos pontos ensinados por aqueles irmãos do século 19, como a verdade do “um só corpo”, da nulidade de faculdades teológicas, templos, clérigos, denominações, etc. Como costumamos dizer, ele “não pegou bem o espírito da coisa”. O próprio fato de assinar “Rev. C. I. Scofield, D.D.”, com um “Reverendo” antes e um “Doutor em Divindade” depois mostra que ele continuou apoiando o sistema clerical. Você teria coragem de ser chamado de “Reverendo”, um título que significa alguém digno de reverência e é usado na Bíblia para Deus? Você se consideraria tão entendido na Divindade ao ponto de aceitar o título de Doutor em Divindade? Ao filtrar o que aprendeu, esse irmão privou-se de usufruir do ensino da Palavra livre das amarras da teologia humana.

Acredito que seja por eu estar congregado ao nome do Senhor somente e por ter aprendido muita coisa com aqueles irmãos do século 19 que você encontre alguns elementos comuns entre aquilo que escrevo e as notas da Bíblia de Scofield.

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A qual autoridade devemos obedecer na igreja?

O cristão deve viver sujeito às autoridades instituídas por Deus. Se não existissem as autoridades, a sociedade seria uma anarquia, com cada um fazendo aquilo que bem entender. Para que as coisas funcionem precisamos de presidentes, comandantes, governadores, prefeitos, pais, professores, etc.

(1 Pe 2:13-14) “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem”.

(Ef 6:1) “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo”.

(Ef 6:5) “Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo,”.

E na igreja, quem é autoridade? Existe apenas uma autoridade na igreja, e é a Cabeça do corpo de Cristo, ou seja, o próprio Senhor Jesus. Ele e somente ele é autoridade, mais ninguém. Mas o que dizer da obediência aos “guias” ou “pastores” citados em Hebreus 13?

(Hb 13:17) “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”.

Nesta passagem a palavra “guias” é às vezes traduzida como “pastores” ou “líderes”, mas em nenhuma circunstância ela está se referindo a um homem. É sempre plural: “guias” ou “pastores” ou “líderes”, no sentido daqueles que velam ou cuidam do rebanho de Deus.

Esses são irmãos que no início da igreja eram especialmente designados pelos apóstolos e eram chamados de “bispos”, “anciãos” ou “presbíteros”, também dependendo da tradução e da versão da Bíblia utilizada. Não se tratava de um dom, como era o caso dos “evangelistas, pastores e doutores” de Efésios 4:11, pois os dons desta passagem são universais e não locais, como era a função dos “presbíteros” ou “anciãos”.

Hoje, quando já não temos apóstolos para elegerem ou mandarem alguém eleger (como Paulo fez com Tito em Tt 1:5), continuamos tendo irmãos responsáveis atuando na função de zeladores do rebanho, os quais são reconhecidos pelos irmãos, porém não ordenados, já que não existe na Palavra indicação para isso.

Porém esses não atuam com base em seus próprios caprichos, e sim na instrução dada pelo apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso, quando já previa sua partida. É proveitoso ler a passagem inteira, principalmente para nossos dias quando há tantos homens se gabando de ser alguma coisa no rebanho de Deus:

E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram junto dele, disselhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas… Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” (At 20:17-38).

Alguns pontos são importantes a serem destacados:

1. Paulo lhes faz lembrar de seu comportamento exemplar;

2. Ele anunciou a eles tudo o que era útil e de acordo com a verdade de Deus;

3. Os bispos ou anciãos haviam sido constituídos pelo Espírito, e não por juntas de homens;

4. Depois de sua morte entrariam lobos (incrédulos) no rebanho para destruir;

5. De dentro do próprio rebanho homens se levantariam falando coisas distorcidas para atrair discípulos;

6. A segurança contra isso só poderia ser encontrada em Deus e em sua Palavra;

7. Paulo não cobiçava prata, ouro ou vestuário, mas trabalhava com as próprias mãos para ganhar seu sustento, pois “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.

Portanto temos aqui uma indicação para um tempo depois da partida dos apóstolos, quando os guias ou anciãos não poderiam mais ser eleitos pelos apóstolos ou indicação direta deles. Continuaria valendo o fato de o Espírito Santo levantar homens com responsabilidades entre os irmãos, podendo ser reconhecidos por eles, mas não indicados, eleitos ou nomeados, e muito menos levarem um título antes do nome.

Os irmãos deveriam respeitá-los e se submeter a eles (nunca “a ele” no singular) para que existisse ordem na assembleia local, que seria o limite da esfera de ação desses irmãos. Mas mesmo esses irmãos não teriam, de si mesmos, autoridade para agir, porém seriam apenas vigias ou zeladores, por assim dizer, da ordem entre os irmãos. A assembleia, como um todo, esta sim, teria autoridade para tomar decisões, porém tal autoridade não seria dela. De quem seria então?

Quando olhamos o modo de funcionamento de qualquer denominação religiosa, encontramos uma hierarquia de comando, geralmente formada por um presidente da organização em nível mundial, e aí os cargos vêm descendo como se fosse uma pirâmide, até chegar ao pastor local, um homem que fica na direção da congregação. Embora essa estrutura possa variar, ela não é muito diferente do que vemos numa empresa, mas não é o que encontramos na Palavra de Deus.

Primeiro porque na Palavra de Deus não temos um “presidente” humano, mas a própria Cabeça da igreja, que é Cristo. Abaixo dele estão todos os membros do seu corpo e todos sujeitos à Cabeça. Mas como operacionalizar isso? Com a presença do Senhor no meio dirigindo todas as coisas por meio do Espírito Santo, e delegando sua autoridade à assembleia (os “dois ou três” congregados ao seu nome). Essa presença do Senhor tem vários aspectos, mas vou me concentrar no aspecto da autoridade, que é nosso assunto aqui.

(Mt 18:18-20) “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.

Por estarem os dois ou três reunidos em nome do Senhor, ele delega sua autoridade governamental ou administrativa para aquela assembleia agir em seu nome. Por isso os céus reconhecem o que é ligado por aqueles agindo assim revestidos dessa autoridade. Por isso o pecado pode ser julgado e extirpado do lugar onde é expressada comunhão, que é à mesa do Senhor. Se não existir autoridade, cada um faz o que quer e não funciona, pois quem ousaria assumir o papel de “chefe” em algo que pertence a Deus?

Quando nossos filhos eram pequenos, costumávamos exortá-los à obediência do Senhor, dizendo coisas do tipo “o Senhor não gosta que você faça isso”, “o Senhor ficou triste com seu modo de agir”, etc. E quando precisavam de disciplina, avisávamos que seriam disciplinados porque desobedeceram, não ao papai ou à mamãe, mas ao Senhor.

Fazíamos assim para que eles mantivessem obediência ao Senhor mesmo que um dia seus pais viessem a falhar e a cair em contradição. Eu e minha esposa éramos pessoas falhas que receberam de Deus a autoridade paterna e materna para agirmos em nome dele na educação de nossos filhos, do mesmo modo como um policial recebe do Estado autoridade para agir em sua esfera de ação.

(Ef 6:4) “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação DO Senhor.

Assim é a assembleia e assim é que o Senhor está no meio dela agindo por delegação de poderes e autoridade. Quando um representante do Presidente de um país participa de uma reunião em algum lugar ele tem autoridade delegada pelo Presidente para falar e agir no lugar do Presidente. Em outras palavras, é como se o Presidente estivesse ali no meio daquela reunião decidindo as coisas. O que o representante do Presidente decidir será endossado pelo próprio Presidente, porque foi ele quem autorizou seu representante a agir em seu lugar.

Em outras palavras, o que o representante “ligar” ou “desligar” em termos de decisões numa reunião local, o Presidente irá “ligar” e “desligar” na sede do governo, no sentido de reconhecer que aquela pessoa está agindo com sua autoridade delegada. Até mesmo quando essa pessoa “ligar” ou “desligar” de forma errada, o Presidente irá endossar sua decisão, mesmo que venha a corrigir a decisão mais tarde, pois autoridade delegada não significa necessariamente infalibilidade. Você pode ser multado injustamente pelo guarda de trânsito, mas a polícia irá endossar a decisão dele até que seja provada injusta, e então corrigi-la.

Voltando agora à assembleia e ao Senhor em seu meio, creio que você já entendeu o que é ter o Senhor no meio dos que tomam decisões em nome dele e com a autoridade que ele delegou. Sua presença e autoridade ali faz toda a diferença, e a assembleia não age de moto próprio ou com sua própria autoridade, mas com a autoridade que lhe foi delegada.

Se não fosse assim, que direito teriam aqueles de 1 Coríntios 5 de expulsarem de seu meio um malfeitor? Seria muita pretensão tomarem tal decisão, já que todos poderiam também ter alguma falha, mesmo que não fosse tão grave quanto à do homem imoral. O que lhes dava autoridade para decidir quem devia sair da comunhão e quem devia ficar? O Senhor no meio daqueles que estavam tomando decisões em seu nome. Em Mateus 18:18-20 o Senhor garantiu isso à assembleia (não a um homem ou colegiado de homens, mas à assembleia local).

Tire Mateus 18 de vista e será preciso eleger um “pastor” como fazem as denominações a fim de manter a ordem. Porém aí não será a autoridade do Senhor sendo exercida por “dois ou três reunidos” ao seu nome, mas a autoridade do homem que está à frente daquelas pessoas.

Tire a autoridade do Senhor de um grupo de cristãos reunidos e não será possível julgar o mal. É por isso que em muitas denominações cristãs você encontra pessoas sabidamente levando uma vida de pecados, misturadas na comunhão com irmãos sinceros sem que ninguém tome qualquer atitude. Como a autoridade ali é do “pastor”, fica a critério de ele decidir quem fica e quem sai, num estilo muito parecido ao de Diótrefes na assembleia descrita por João em sua terceira epístola:

(3 Jo 1:9-10) “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja”.

Quando existe um homem exercendo o “primado”, já não é a autoridade do Senhor dada à assembleia que tem a palavra final, mas sim os caprichos desse “primaz” (curiosamente alguns líderes religiosos adotaram esse mesmo termo para si mesmos!!). Naquele tempo ainda havia apóstolos como João, que podiam ir lá e, por assim dizer, colocar a casa em ordem. Hoje a casa está em completa desordem, principalmente porque tiraram o lugar que era devido ao Senhor e o entregaram a homens.

O que fazer num estado de tamanha ruína? Evitar julgar quem é do Senhor ou não, mas simplesmente apartar-se do mal e da iniquidade. Mas não só isso. É preciso apartar-se também dos vasos existentes nessa grande casa, porém isso não para ficar só, e sim para seguir com aqueles que já se purificaram dessas coisas para reconhecerem a Pessoa e autoridade do Senhor em seu meio.

(2 Tm 2:19-22) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas [dos vasos], será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro [purificado destas coisas], invocam o Senhor”.

(Hb 13:13-15) “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério… Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”.

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O que dizer de quem rouba, mata e estupra e diz crer em Jesus?

Você demonstrou ter dificuldade em entender que a salvação é somente pela fé em Cristo como Salvador, pois tudo o que precisava ser feito para sermos salvos ele fez lá na cruz. Por isso você perguntou: “Então só basta crer em Jesus? Mesmo se a pessoa matar, roubar, estuprar e depois crer que Jesus que é nosso Salvador ela está salva?”.

O ladrão na cruz não fez nada além de crer em Jesus. E ele não era nenhum “bom ladrão” como alguns costumam chamá-lo (você já foi assaltado por um “bom ladrão”?). Se ler atentamente o Novo Testamento verá que a justificação é pela fé. As obras são consequências de uma fé real, mas não são elas que salvam. Pense na fé como a locomotiva e as obras como o vagão. O trem pode chegar no céu sem os vagões, mas não chega sem a locomotiva.

Vamos fazer a sua mesma pergunta, porém de outra maneira:

Quer dizer que quem não mata, não rouba, não estupra está salvo?” Obviamente não, porque não é pelo que fazemos ou deixamos de fazer que vem a salvação, mas pela obra que Jesus consumou.

Você jamais entenderá a graça de Deus se não se considerar pecador. Enquanto achar que é melhor que um ladrão, homicida e estuprador não haverá salvação para você, pois você se achará justo comparado a eles. Mas não é com bandido que você precisa se comparar, mas com Jesus, o Homem perfeito. Ele é o gabarito pelo qual todos os homens que não creram nele serão julgados no dia do Juízo. Você é perfeito como Jesus? Você é sem pecado como Jesus? Se não puder dizer que é, então precisará entrar na fila dos que só podem ser salvos por graça, e não por suas próprias obras, porque obra nenhuma vinda de suas mãos tem poder para limpar pecados, mas apenas o sangue de Cristo.

Imagine Deus traçando um risco no chão e de um lado está Jesus. Aí ele diz para que todos os que forem tão perfeitos quanto Jesus passarem para o lado de Jesus. Quantos passariam? Você passaria? Nem eu. Então no final eu, você, o homicida, o bandido, a prostituta descobrimos que estamos todos do mesmo lado do risco e somente pela graça de Deus podemos ser transportados para o outro lado.

Mas para que isto aconteça precisamos ter nossos pecados lavados pelo sangue que ele derramou na cruz. Como o sangue capaz de fazer isso é somente o dele, não existe poder em nenhum de nós de limpar nossos próprios pecados. É por isso que TODO pecador, pequeno ou grande, depende de crer em Jesus para ser salvo.

(Jr 13:23) “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?”.

(1 Tm 1:15) “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores [não os bons], dos quais eu sou o principal [Paulo está falando de si mesmo]”.

(Rm 4:5) “Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”.

(Ef 2:8-9) “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se glorie.”.

Sua outra pergunta foi: “E esses pastores que enganam os fiéis para que eles doem dinheiro para seu próprio benefício, com certeza eles creem em Jesus e estão salvos! Ou não?”.

Aqueles que foram realmente salvos porém estejam fazendo isso, terão de prestar contas de seus atos a Deus e certamente irão chegar no céu despidos de qualquer qualificação. É o caso dos que serão salvos como que pelo fogo, que é dito em 1 Coríntios 3:14-15: “Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.

Mas muitos não estão salvos e não passam de lobos em pele de cordeiro e estão simplesmente cumprindo as profecias e alertas da Palavra de Deus (afinal, como esses alertas se cumpririam se eles não existissem?). Maior juízo terão esses quando forem lançados no lago de fogo.

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Devo me sujeitar ao meu marido?

Você escreveu que entendeu que deve se apartar da denominação religiosa que frequenta para estar congregada somente ao nome do Senhor. Porém, sua dúvida é o que fazer, já que o seu marido não concorda com isso e acredita que o que você tem lido e escutado não tem base bíblica. Considerando que o marido é a cabeça da mulher, você deve acatar o desejo dele a este respeito e orar para que o Senhor possa dar a ele o entendimento segundo a Palavra. Não é correto aceitar as coisas que você lê ou escuta sem comparar tudo com a Palavra de Deus.

Portanto, se ele prefere que você não faça contato com irmãos congregados ao nome do Senhor em sua cidade, então que assim seja. Quanto a continuar frequentando a denominação, isto caberá a você decidir diante do Senhor, pois é um exercício pessoal seu. Há irmãs que em situações assim preferem ficar em casa lendo a Palavra, enquanto outras podem ser obrigadas pelo marido a continuar frequentando a denominação.

O Senhor conhece os corações e se for este o caso Ele saberá que sua intenção é fazer a vontade dele de qualquer maneira, ainda que possa ser preciso se sujeitar a uma situação que não é a mais adequada. Neste caso a responsabilidade sobre as ações da esposa recairá sobre o marido. Lembro-me de um caso semelhante, porém de um adolescente cujos pais o obrigavam a continuar indo aos cultos de sua denominação, quando a vontade dele era estar congregado ao nome do Senhor. Por estar sob a autoridade e responsabilidade dos pais ele devia orar e esperar. Obviamente se os pais o obrigassem a praticar um crime ou algo assim, ele, como cristão, poderia se opor.

(Ef 5:22-28) “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”.

(1 Pe 3:1) “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra;”.

Quanto ao sentimento que você afirmou ter para com tudo o que vem das denominações, é normal nos sentirmos um pouco decepcionados com as pessoas de quem aprendemos coisas que não estavam de acordo com a Palavra, e passarmos a criticar tudo e todos. Porém não creio ser esta a vontade do Senhor, já que ele tem o seu povo espalhado por todas essas denominações. Uma coisa é criticar a doença, outra é falar mal do doente. Então com o tempo a gente vai aprendendo que deve amar a todos os nossos irmãos independentemente de estarem ou não em uma denominação.

A coisa muda um pouco de figura quando o assunto são os líderes religiosos. Se observar, nos evangelhos o Senhor nunca “pegou pesado” com publicanos e prostitutas, mas bateu com força nos fariseus e saduceus por causa da responsabilidade que eles tinham de saber o que era certo, já que ensinavam o povo. Mas até mesmo ele sabia diferenciar uns de outros, pois tratou bem Nicodemos, que era um fariseu (João 3:1), e o chefe da sinagoga que foi a ele pedir que ressuscitasse sua filha que havia morrido (Mateus 9:18).

Portanto, mesmo entre a liderança religiosa existem os falsos e os verdadeiros, apenas neste caso devemos ser um pouco mais escrupulosos antes de “impor as mãos precipitadamente” sobre alguém (1 Tm 5:22). Deus efetivamente tem dons espalhados pelas denominações para alimentar o rebanho de Deus, ainda que alguns sejam obrigados a ensinar uma mistura de verdade com os dogmas que aprendeu dos sistemas. Mas se não fosse por esses, as ovelhas pereceriam de fome. O triste é que, por suas congregações terem sempre um homem à frente, Deus não pode fazer com que “falem dois ou três profetas e os outros julguem”, como é a instrução dada em 1 Coríntios 14:29 para as reuniões da igreja.

Os irmãos perdem muito com isso, pois o que está à frente pode ter o dom de evangelista e aquela congregação nunca sair do básico, ou ter o dom de mestre, e eles nunca serem consolados como faria um pastor, ou ter o dom de pastor, e nunca aprenderem a Palavra em profundidade como seria o caso de um mestre ensinar. Além disso, por ser praticamente “proibido” que “os outros julguem”, os irmãos ficam sujeitos ao erro sem julgamento, sendo obrigados a acatar tudo o que o líder lhes disser. Mas mesmo assim precisamos dar um desconto para o irmão que está à frente porque para muitos, estar ali é um fardo. Conheci um irmão que é um excelente evangelista e que tem rodinhas nos pés, sempre desejoso de sair por aí para pregar para os incrédulos. Porém, por ter sido ordenado “pastor”, abriu comigo seu coração dizendo que não tinha o dom para ficar ali pastoreando uma congregação.

Tudo muda de figura quando o assunto são os pregadores que vivem pedindo dinheiro na TV, aí já não estamos falando mais de irmãos que fazem a obra de Deus, ainda que inocentemente influenciados por ensinamentos que receberam dos sistemas aos quais pertencem, mas sim de verdadeiros lobos interessados em se alimentarem do rebanho. Creio que você sabe discernir bem a diferença entre um e outro. Paulo previu isso:

(At 20:29-33) “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados… De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário”.

Mesmo na história da igreja temos muitos homens sinceros que foram usados por Deus dentro dos sistemas onde permaneceram, como Lutero, Agostinho, Calvino, etc. Até mesmo no Antigo Testamento você vê que Deus não abandonou o seu povo que na divisão de Israel ficou do lado errado. Jerusalém era o centro divino de adoração, porém ali só ficaram as tribos de Judá e Benjamim, chamados de “Judá”, enquanto as dez tribos, ou a maioria do povo, chamados a partir da divisão de “Israel”, acabou ficando fora do lugar que Deus havia estabelecido para colocar o seu nome. Mas, apesar de estarem fora do lugar indicado por Deus, o povo não ficou sem um testemunho, pois também em Israel havia profetas, como Elias e Eliseu.

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Qual a diferença entre batismo e selo do Espírito?

Existe hoje muita confusão na cristandade, especialmente entre os pentecostais, por falta de entendimento das diferentes maneiras como o Espírito Santo agiu na história e age no crente. Por exemplo, muitos erram ao pensar que 1 Coríntios 12 esteja falando do recebimento do Espírito Santo pelo convertido, quando ali o assunto é a inclusão do crente naquilo que aconteceu uma só vez no dia de Pentecostes.

(1 Co 12:12-14) “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos”.

Veja que o contexto é o corpo de Cristo e não a salvação individual e nem ao recebimento do Espírito Santo. Paulo fala aos Coríntios “todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo. Obviamente o corpo não é formado cada vez que alguém se converte e recebe o Espírito, portanto isso aqui não aconteceu quando os de Corinto se converteram ou foram selados com o Espírito Santo, mas foi o que ocorreu em Pentecostes (quando os de Corinto nem tinham sido salvos ainda). Mas aquele evento de Pentecostes é válido para todos os que foram salvos depois. Todos estavam incluídos naquele batismo que formou a Igreja em Pentecostes. Pense no exército: ele foi formado em um determinado dia e a partir daí cada soldado é acrescentado ao “corpo” do exército sem que o exército seja formado outra vez. Pense no batismo no Espírito como um evento único que não se repete.

(Ef 4:4-6) “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.

Eu entendo que o versículo 5 esteja falando do batismo nas águas, porque no versículo 4 ele falou do corpo e do Espírito no qual esse um só corpo foi batizado.

(Ef 1:13-14) “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”.

Aqui não é o batismo no Espírito, mas o recebimento do selo do Espírito, que é o próprio Espírito habitando em nós. No batismo de Pentecostes o Espírito veio habitar na terra e particularmente na igreja, embora naquele momento os 120 crentes ali tenham recebido individualmente o selo do Espírito também. Mas a partir daí (e é o assunto de Efésios) recebemos o selo do Espírito quando cremos. Chamar de batismo no Espírito é o mesmo que dizer que o corpo de Cristo é formado a cada pessoa que se converte. Mas não é, somos meramente acrescentados a um Corpo que já existe.

(Ef 5:18) “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;”.

Aqui já é outra coisa que não tem a ver com o batismo de Pentecostes e nem com o recebimento do selo quando cremos. Aqui fala de nos enchermos do Espírito e é possível ver que a diferença é grande quando nos lembramos de que os santos do Antigo Testamento também eram cheios do Espírito, embora nenhum deles tenha participado da igreja (que foi criada quando o Espírito desceu em Pentecostes) e nem tinham o selo do Espírito (que é característico daqueles que fazem parte do corpo de Cristo, que é a Igreja).

Ao comparar com a embriaguez o apóstolo mostra que está falando de uma influência adicional, muito embora a embriaguez nos leve a perder os sentidos, o que o Espírito Santo não fará. Mas os aspectos semelhantes são a pessoa sendo influenciada por algo fora dela mesma, ficando mais alerta e disposta e agindo e caminhando de modo diferente. O “encher-se do Espírito” causa esse tipo de influência em nós, mas é algo que depende de nossa comunhão com Deus.

Então veja que temos algumas coisas distintas relacionadas ao Espírito:

– O encher-se do Espírito de Efésios 5:18 que era algo possível mesmo aos santos do Antigo Testamento.

– O batismo do Espírito que aconteceu apenas uma vez em Pentecostes quando foi formado o corpo de Cristo, que é a igreja em Atos 2.

– O Espírito Santo habitando no crente como consequência disso, conforme o Senhor prometeu em João 14:16.

– O recebimento do selo do Espírito Santo, que é a garantia da nossa salvação em Efésios 1:13-14.

– A unção do Espírito que permite que o crente entenda as coisas de Deus, como ensina 1 João 2:27.

Quando você compara a descida do Espírito sobre o Senhor Jesus em seu batismo nas águas com a descida do Espírito sobre os 120 na formação da igreja em Atos, encontra um grande contraste: sobre o Senhor o Espírito desceu em forma de pomba, mas sobre a igreja em forma de línguas como de fogo. A pomba nos fala de paz e o fogo de purificação. Não havia nada no Senhor que precisasse ser purificado, mas na igreja sim, daí a diferença.

Nós, individualmente, passamos primeiro pelo novo nascimento, ao nascermos da água e do Espírito, que nos infunde vida para podermos sentir o peso de nossos pecados (ou nem sentiríamos isso) e crer no Salvador. O sangue derramado na cruz nos purifica de todo pecado, deixando-nos portanto aptos a sermos feitos morada do Espírito.

Quanto à sua dúvida sobre batismo de crianças, tal prática não existe na Bíblia, mas existe sim o batismo de famílias como a do carcereiro em Atos 16:30-34 e de Estéfanas em 1 Coríntios 1:16, que foram obviamente batizadas na fé da cabeça da casa, como aconteceu em figura com todos os israelitas que saíram do Egito e passaram pelo mar (“Todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” — 1 Coríntios 10:2), mesmo aqueles que não tinham entendimento do que estava acontecendo.

É importante entender que o batismo não tem conotação com a salvação da alma, mas com o colocar alguém “a salvo” deste mundo por introduzi-lo na esfera cristã. Existem hoje no mundo milhões de pessoas que nunca foram salvas e mesmo assim professam ser cristãs por terem sido batizadas (independentemente da idade) em nome de Cristo. Este simples detalhe as tirou da esfera do paganismo e as introduziu numa nova esfera de responsabilidade, tal qual ocorreu com muitos que saíram do Egito, passaram pelo fundo do mar, e mesmo assim nunca tiveram um exercício pessoal de fé no Deus verdadeiro. O Antigo Testamento os chama de “vulgo”, pessoas que tinham o coração no Egito e nenhum apreço pelo pão que vinha do céu:

(Nm 11:4-6) “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos”.

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Foi a tradição católica que nos legou o Novo Testamento?

O argumento católico é que foi graças à tradição dos papas que o cânon do Novo Testamento chegou até nós, e que por isso teríamos que seguir a igreja católica romana por ser ela supostamente a depositária, tanto da Palavra de Deus, como da tradição dos “santos padres” que nos legaram as escrituras do Novo Testamento. Tal argumento desmorona por si mesmo por substituir Deus pelo homem.

Assim como Deus usou homens imperfeitos para escrever sua Palavra perfeita, ele usou homens imperfeitos para juntarem o cânon dos livros sagrados que temos hoje. E Deus decidiu o que incluir e o que não incluir, fazendo desaparecer alguns documentos e permitindo que outros resistissem ao tempo. Por exemplo, a primeira carta de Paulo aos Coríntios que temos em nossa Bíblia não é realmente a primeira, mas no mínimo a segunda:

(1 Co 5:9) “Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais”. (Esta carta foi antes de 1 Coríntios).

Por algum motivo Deus não quis que esta carta que Paulo menciona chegasse até nós, como não quis que muitas outras fizessem parte do Novo Testamento que temos. É o caso também da carta aos Laodicenses:

(Cl 4:16) “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodiceia lede-a vós também. (A carta que ele escreveu aos laodicenses nunca chegou até nós).

Portanto, se tivermos que dar crédito aos homens do princípio do cristianismo por terem, em seu próprio poder e sabedoria, decidido o que incluir no cânon sagrado, criaremos um problema ainda maior e mais difícil de resolver. Isto porque teremos que dar crédito aos apóstolos por terem escrito os evangelhos e as epístolas, e também aos profetas do Antigo Testamento por terem escrito as Escrituras, como se fossem eles “os caras”, os que realmente deram origem à Palavra de Deus. Ou seja, tudo não passará de obra de homens imperfeitos e aí não poderemos confiar de jeito nenhum nas Escrituras do Antigo e Novo Testamento.

Mas se confiamos que os homens imperfeitos foram meros instrumentos nas mãos de Deus para que chegasse até nós a Palavra perfeita, então de que se gloriam os servos? De terem algo de si mesmos que lhes dá qualquer tipo de vantagem ou poder? A vanglória humana é sempre detestável aos olhos de Deus.

(1 Co 3:5-7) “Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento”.

(1 Co 4:1-2) “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel”.

(1 Co 4:6-7) “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro. Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?”.

Quanto aos versículos que citou, no qual o apóstolo exorta os irmãos a seguirem a tradição que ele deixou, é preciso ler o contexto todo para ver que ele não está falando de algum tipo de “tradição de infalibilidade papal” ou coisa semelhante. Ele está simplesmente dizendo para seguirem seu modo de agir como o de alguém que trabalhava para ganhar o próprio pão e não comia de graça à custa dos irmãos.

(2 Ts 3:6-8) “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós”.

Em outro momento ele disse que não cobiçava nem prata, nem ouro e nem vestidos. Basta isso para perceber que Paulo não tinha nada a ver com um homem que hoje se diz Sumo Pontífice, que não trabalha com as próprias mãos para se sustentar, e ainda usa vestidos caríssimos, joias de ouro e de prata e tem até um trono todo revestido de ouro para se sentar. Como alguém que se diz cristão poderia ser tão cego ao ponto de seguir as tradições de um homem que se apresenta em tamanho contraste com o verdadeiro Sumo Pastor, Jesus, que neste mundo não tinha sequer onde repousar a cabeça e cujas vestes não passavam de uma túnica e roupas simples?!

(At 20:33-35) “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.

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Cristo é Deus?

Esta é uma dúvida recorrente, principalmente porque existem religiões que se apresentam como cristãs, como “Testemunhas de Jeová”, Mórmons, espíritas, etc., que negam o principal fundamento da fé cristã, que Jesus é Deus.

Com a profusão de “igrejas evangélicas” se disseminando em todo lugar, é comum encontrarmos também alguns que se dizem “evangélicos” e não creem na divindade de Cristo, ou o consideram apenas um ser divino ou uma criatura de Deus. Um dos melhores e mais simples textos que li sobre o assunto é o que vou transcrever abaixo, extraído de um livreto que era publicado em Portugal e no Brasil, “Palavras de Edificação, Exortação e Consolação”:

Cristo é Deus

Nos últimos dias recebemos duas cartas, a primeira, de alguém das “Testemunhas de Jeová” (de quem não são), queixando-se da doutrina cristã apresentada nos nossos livretos. A outra, de um fiel irmão em Cristo, rogando-nos que publicássemos um artigo conciso e direto sobre o ensino que caracteriza esse grupo, principalmente naquilo que nega as sublimes verdades fundamentais da Escritura acerca da Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho eterno, “o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente, amém” (Rm 9:5).

Sempre procuramos que o conteúdo das nossas revistas seja para edificação. Por isso, em vez de atacarmos fortemente aquilo que é falso, nos concentraremos no que é verdadeiro citando muitas passagens da Palavra de Deus que mostram claramente a sublime e fundamental verdade de que Cristo é Deus. De quem fala o Salmo 2? De Cristo. “Bem-aventurados todos os que nele confiam.” Temos de confiar numa criatura, ou no Criador? “Maldito o homem que confia no homem” (Jr 17:5).

E tu Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2). Quem será este? “Perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o guia que há de apascentar o meu povo de Israel” (Mt 2:4-6). Os líderes dos judeus sabiam perfeitamente a quem aplicar a profecia, porém na sua incredulidade não citaram a Herodes a última frase da profecia, que declarava a divindade do Messias, do Cristo, ou seja: “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

Chamarás o seu nome Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1:21). Que povo? O povo de Israel. O povo de quem? Do Senhor! O que quer dizer este nome “Jesus”? “O Senhor é salvador”. Então, Jesus é o Jeová do Velho Testamento. “E chamarás o seu nome Emanuel, que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1:23). “Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele” (Jo 12:41). Quando foi que Isaías viu a glória de Jesus? “Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e o seu séquito enchia o templo. E os serafins estavam acima dele (do trono); cada um tinha seis asas: com duas cobriam os seus rostos, com duas cobriam os seus pés e com duas voavam. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6:1-3, comp. também 6:4-10 com Jo 12:39-40).

É evidente que Jesus é o Jeová do Velho Testamento. O rei de Israel perguntou: Sou eu Deus para matar e para vivificar, para que este envie a mim para eu restaurar a um homem da sua lepra? (2 Rs 5:7). “E eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra (Mt 8:2-3). Ninguém, exceto Deus, podia limpar o leproso ou dar a outro o poder de fazer isso. Jesus não só curou os leprosos, como Deus de Israel, mas também, como Deus, conferiu a outros poder para o fazerem: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios” (Mt 10:8).

Quem era Jesus antes de se tornar homem? “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Cristo é Deus; é o Criador; mas chegou aquele momento único em que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:1-3 e 4), “…que sendo em forma de Deus…” (Fp 2 :6). Seria aquela uma forma falsa? “Aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo. Nós nascemos na forma de homens, de servos, e não podemos tomar outra forma; mas Jesus, que subsistia na forma de Deus, pôde tomar a forma de servo, e isso numa manifestação pura de graça para levar os nossos pecados no seu próprio corpo sobre o madeiro. Bendito Salvador!

Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1:16). “Por quem fez também o mundo” (Hb 1:2) Cristo é o Criador! Cristo recebeu adoração como Deus. “Senhor meu, e Deus meu! Disselhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:28-29). Manda-se que os anjos O adorem: “Todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1:6). E um ser celestial disse a João: “Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito (ou intento) da profecia” (Ap 19:10).

Mas os líderes das “Testemunhas de Jeová” dizem: “Jesus não foi uma combinação de duas naturezas, a humana e a divina; que quando ele viveu na carne, foi um ser humano, nada mais.” Quando tais pessoas se apresentam à nossa porta, qual é o nosso dever como servos fiéis e obedientes à Palavra de Deus, como João escreveu à senhora com seus filhos (talvez o pai da família já estivesse com o Senhor)? “Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.” Veja bem, “se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Quem o saúda tem parte nas suas más obras (2 Jo 1:9-11).

Ora requer-se dos despenseiros (ou mordomos) que cada um se ache fiel” (1 Co 4:2). Um servo de Deus disse: “O guardar e testificar da glória pessoal do Filho de Deus é uma parte importante desta elevada e santa mordomia… Os santos devem erigir um muro de separação entre eles próprios e o que desonra a Cristo. O amor de Deus é um amor santo; por isso não é próprio, nem demonstração de amor divino, admitirmos em nossas casas ou locais de culto os que negam a divindade ‘do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras’. “(Tt 2:13-14).

Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1 Tm 1:15). Quem era ele antes de vir ao mundo? Deus. “Antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8:58). “EU SOU” era o Deus de Israel que apareceu a Moisés: “E disse Moisés a Deus… Qual é o seu nome? … E disse Deus a Moisés: Eu sou o que sou” (Êx 3:13-14). Disse Jesus: “Se não crerdes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados” (Jo 8:24).

É perfeitamente claro que Cristo é Deus! Mas os líderes das “Testemunhas de Jeová”, dizem: “Antes de vir ao mundo, o nosso Senhor era um anjo criado, e nenhum outro senão o arcanjo Miguel”. Isto faz-nos pensar em 2 Co 4:4: “O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. Ora, foi o Filho quem criou os anjos! “O que de seus anjos faz ventos… Mas do Filho diz: Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” (Hb 1:7-8). “Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles como roupa envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e como um vestido se mudarão, mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão” (Hb 1:10-12). Acerca de quem foi escrito isto? Do Filho. E os anjos? “A qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1:1 0-1 4). Jesus, o Senhor, como nosso “grande Pastor”, manda aos anjos que nos sirvam.

A oração é a linguagem do homem dependente que fala com o Deus onipotente; do remido que fala com o seu Redentor, do filho que fala com o Pai, do servo que fala com o seu senhor. Oras, se Cristo não é Deus, como é que os cristãos se distinguem como, “todos os que em todo o lugar invocam o nome do nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”? (1 Co 1:2). A quem Estêvão invocou? Uma criatura? “Senhor Jesus, recebe o meu Espírito… Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7:59-60). Acaso Paulo dirigiu-se a uma criatura, quando disse: “Três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim… um espinho na carne” (2 Co 12:7-8)? Se Jesus não é Deus, então o que quer dizer esta passagem, “…quero vos fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema; e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (1 Co 12:3)?

E quanto à sua ressurreição, lemos: “Eu sou o primeiro e último (um título de Deus), e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:17-18). Dizem os líderes das “Testemunhas de Jeová”: “O homem Jesus está morto. Para sempre morto… o homem Cristo Jesus nunca ressuscitou dos mortos”. (Isto nos faz pensar no que disse o nosso Senhor do próprio diabo: “Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso e pai da mentira” Jo 8:44). “Cristo… ressuscitou ao terceiro dia segundo as Escrituras, e foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois foi visto uma vez por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte… Depois foi visto por Tiago e depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo” (1 Co 15:3-8 — leia também Mt 28:2-6; Mc 16:3-6 e 14; Lc 24:3-7 e 44-47; Jo 19:19-20; Atos 7:3; 2:24 e 32, etc.).

As “Testemunhas de Jeová” ignoram voluntariamente o testemunho veraz de quem presenciou os fatos. Pedro disse que “Deus antes ordenara, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos” (Atos 10:47). Mas dizem os seus líderes: “Não sabemos nada do que veio a acontecer ao corpo de Jesus, se ele se decompôs, transformando-se em gases; ninguém sabe”. “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho… E não crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disselhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte dum peixe assado e um favo de mel. O que ele tomou e comeu diante deles” (Lc 24:39-43 — leia também Zc 13:6, que trata do futuro).

Meditem nestes nomes e títulos de Cristo. Seriam eles de uma criatura, ou do Deus Criador e onipotente? — “O Senhor… do céu” (1 Co 15:47); “Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema” (1 Co 76:22); “…lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus e na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor” (Fp 2:9-17); “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9). O que haverá para além da plenitude da divindade? Ela habita em Cristo como homem! “Cristo é tudo em todos” (Cl 3:11); se Cristo é tudo, então Cristo é Deus. “Aquele que se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima na glória” (1 Tm 3:16); “o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores” (1 Tm 6:15). Comparemos com Apocalipse 9:16: “E no vestido e na sua coxa está escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores… Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13:8). Poderá dizer-se isto de uma criatura?

Aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1:1); “e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém” (1 Jo 5:20-27). “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o AIfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro… Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas” (Ap 22:12-16). [Autor desconhecido. Extraído de “Palavras de Edificação, Exortação e Consolação” nº 10, Jan. 1996 — Edição de Portugal].

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Como surgiu o diabo?

A Bíblia não dá muitas explicações sobre a origem de Satanás, mas obviamente ele foi originalmente um anjo criado por Deus. A porção mais detalhada de sua história pode ser encontrada em Ezequiel 28, onde o profeta fala do Rei de Tiro.

Do versículo 1 ao 10 tudo o que é dito pode ser aplicado a um ser humano, representado ali pelo Rei de Tiro, cujo caráter ímpio e o orgulho de querer ser um deus podem ser atribuídos também ao diabo. A partir do versículo 11 fica claro que o assunto é um ser sobre-humano, o próprio Satanás, que pode estar ali apresentado como aquele que estaria por detrás e energizando o Rei de Tiro humano em suas pretensões.

No versículo 12 vemos que o diabo foi criado em perfeição, cheio de sabedoria e formosura. No vers. 13 ele desfrutou do privilégio de estar no Jardim do Éden. Diz também que ele foi adornado com pedras preciosas. No vers. 14 é chamado de “querubim ungido” um título de proeminência, com livre acesso à presença de Deus. Porém, apesar de ter sido criado sem pecado, ele pecou por orgulhar-se do que era (vers. 15). Como consequência do seu pecado, Satanás perdeu sua posição elevada e foi lançado fora da habitação de Deus e julgado, sendo finalmente lançado em terra (como costuma acontecer na profecia, aqui o futuro pode estar mesclado com o passado em relação ao ponto que nós hoje ocupamos na história).

Portanto Satanás foi criado por Deus (inclua-se aí o Pai, o Filho e o Espírito Santo) e recebeu também de Deus sua posição, autoridade e poder (Cl 1:15-16). Juntamente com os demais anjos, ele foi criado antes de Deus criar a terra (“Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?”, veja que em Jó 38 os anjos, chamados ali de “filhos de Deus”, assistiram a criação da terra).

A queda de Satanás se deu em algum momento depois da criação do versículo 1 de Gênesis 1, e antes da criação (ou restauração) descrita a partir do versículo 3 de Gênesis, já que no versículo 2 encontramos a terra “sem forma e vazia” ou, numa tradução literal, um verdadeiro caos em um universo privado de luz que incluía ainda um abismo (sem forma, vazia, trevas e abismo são elementos estranhos à perfeição de Deus e sempre estão associados ao pecado e à ruína). Sabemos que Deus não criou a terra assim, pois isto nos é dito em Isaías:

(Gn 1:1-2) “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”.

(Is 45:18) “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”.

Linguagem semelhante de uma terra devastada em razão de uma queda ou pecado pode ser encontrada quando Deus fala da ruína de Judá:

(Jr 4:22) (ou 23 em algumas versões) “Observei a terra, e eis que era sem forma e vazia; também os céus, e não tinham a sua luz”.

Portanto, numa cronologia de conjecturas pessoais, eu diria que 1) Deus criou os anjos, o Universo, a terra, e seres que a habitassem (não sabemos como eram); 2) Satanás se rebelou levando consigo outros anjos e seres, talvez os habitantes da terra de então, que hoje são chamados de demônios ou espíritos imundos (as florestas e animais que deram origem aos fósseis podem ser dessa época); 3) caiu juízo de Deus sobre os anjos, espíritos imundos e a terra, e o Universo mergulhou em um estado de caos e escuridão por incontáveis eras; 4) Deus chamou a luz de volta à cena e passou a restaurar a terra nos seis dias descritos em Gênesis para ser a habitação do homem.

Os anjos foram todos criados apenas uma vez, portanto os de hoje são os mesmos que sempre existiram, já que não têm condições de procriarem entre eles. Porém alguns podem ter assumido a forma humana, o que lhes permitiu procriar com mulheres humanas, conforme nos é mostrado em Gênesis 6, numa união descrita como “filhos de Deus” com “filhas dos homens”, dando origem a seres humanos dotados de poderes especiais. Podem vir daí as lendas de “deuses” dos antigos gregos, romanos, egípcios, indianos, etc. (Gn 6:4). Deus condenou os anjos que agiram assim e estão presos no abismo (2 Pe 2:4, Jd 1:6), enquanto seus descendentes acabaram destruídos pelo dilúvio (Gn 6:7).

O termo “filho de Deus” é usado na Bíblia para as criaturas produzidas a partir de uma ação direta de Deus, como os anjos (Jó 1:6, 38:7) e Adão (Lc 3:38 — originário de Deus). Jesus é Deus, o Filho Eterno de Deus, portanto sempre existiu nessa condição sem nunca ter sido criado (ele é criador), mas em sua humanidade e num corpo de carne ele é chamado de Filho de Deus, por ter sido gerado do Espírito Santo de Deus no ventre de Maria (Lc 1:35). Os que nascem de novo pela fé em Jesus também são chamados de filhos de Deus (Jo 1:12), aos quais Jesus, depois de ressuscitado e referindo-se à nova vida em ressurreição que eles têm, os chama de “irmãos” (Jo 20:17, Hb 2:11). Fora isso, ninguém mais pode ser chamado de “filho de Deus” (a popular frase “eu também sou filho de Deus” só poderia ser dita por anjos, por Adão, por Jesus e pelos que verdadeiramente creem em Cristo, mais ninguém).

Não sabemos o número de anjos que estão por aí, mas podemos dividi-los entre os que nunca se rebelaram, os que se rebelaram, porém ainda estão livres dividindo seu tempo entre as regiões celestiais e a terra (Satanás é visto com acesso a Deus em Jó 1:6), e os que estão presos no abismo. Há também os demônios ou espíritos malignos, que parecem ser uma diferente espécie de seres espirituais, que temem serem lançados no abismo onde estão os anjos que deixaram sua forma original (Lc 8:31).

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Qual era o nome original do diabo?

Você observou que os anjos e arcanjos na Bíblia são chamados por seus nomes, como Gabriel e Miguel (e Rafael no livro de Tobias encontrado apenas nas Bíblias católicas), porém não existe menção ao nome original de Satanás, que era um querubim, antes de se revelar contra Deus. Na Bíblia o diabo não é chamado por nome, mas por adjetivos, títulos ou funções, às vezes “emprestados” de homens, animais ou seres mitológicos, como o dragão:

Abadom – Ap 9:11, significa destruição.

Acusador – Ap 12:10

Adversário – 1 Pe 5:8

Anjo de luz – 2 Co 11:14

Anjo do abismo – Ap 9:11

Apoliom – Ap 9:11, destruidor.

Belial – 2 Co 6:15

Belzebu – Mt 12:24

Deus deste mundo – 1 Co 4:4

Diabo – Mt 4:1, vem de “bode”.

Dragão – Ap 12:7

Dragão vermelho – Ap 12:3

Espírito do anticristo – 1 Jo 4:3

Espírito que atua nos filhos da desobediência – Ef 2:2

Homicida – Jo 8:44

Imperador da morte – Hb 2:14

Inimigo – Mt 13:39

Ladrão – Jo 10:10

Leão – 1 Pe 5:8

Lobo – Jo 10:12

Lúcifer – Is 14:12, aparece assim em algumas traduções da expressão “estrela brilhante”.

Maligno – Mt 13:19

Mentiroso – Jo 8:44

Mercenário – Jo 10:12

Pai – Jo 8:44

Pai da mentira – Jo 8:44

Poder das trevas – Cl 1:13

Príncipe das trevas – Ef 6:12

Príncipe deste mundo – Jo 12:31

Príncipe dos poderes do ar – Ef 2:2

Querubim protetor – Ez 28:16

Querubim ungido – Ez 28:14

Rei de Tiro – Ez 28:12

Satanás – Jo 13:27, significa adversário, acusador.

Serpente – Ap 12:9

Tentador – Mt 4:3

Valente – Lc 11:21

É interessante o valor que Deus dá ao nome dos anjos, dos salvos e do próprio Filho de Deus, enquanto os nomes dos anjos rebeldes e dos homens perdidos são lançados no esquecimento. É o caso da história (não é parábola, é uma história verdadeira) do rico e Lázaro. Apenas o mendigo Lázaro tem nome, pois o nome do rico não será jamais lembrado na eternidade.

(Sl 9:5) “Repreendeste as nações, destruíste os ímpios; apagaste o seu nome para sempre e eternamente”.

(Sl 109:13) “Desapareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na seguinte geração”.

(Ap 3:5) “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos”.

Deus conhece cada salvo pelo seu nome, o que para ele não é difícil, já que conhece quantas estrelas há no Universo e chama cada uma delas por seu nome. (Sl 147:4) “Conta o número das estrelas, chama-as a todas pelos seus nomes”. Portanto ele conhece você muito bem e também o seu nome. Foi pelo nome que Deus chamou Samuel, e Jesus, depois de ressuscitado, dirigiu-se a Maria pelo seu nome:

(Jo 10:14) “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”.

O nome é importante para Deus, e é por isso que ele não deu nenhum outro nome pelo qual devemos ser salvos, mas apenas Jesus:

(At 4:12) “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.

Isto não tem nada a ver com alguns cristãos judaizantes que andam dizendo que se você não soletrar ou pronunciar o nome de Jesus corretamente no idioma hebraico não poderá ser salvo. É um absurdo pensar que Deus pudesse salvar um paulista que clama por “Jesus”, mas não salvaria um carioca clamando por “Jesuiss” ou um nordestino pronunciando “Jésuis”. É a PESSOA por detrás do nome que importa, e qualquer um que o chame de Jesus em português, Yesus em indonésio ou Yeshua em hebraico, certamente será atendido. Conheci um irmão chamado William que também era conhecido por Bill ou por Guilherme (por hispânicos). Obviamente ele sabia que estavam falando com ele sempre que seu nome fosse mencionado em qualquer um desses formatos.

(Is 59:1) “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir”.

Mas se Deus dá tanta importância ao nosso nome e mais ainda ao nome de Jesus, porque os cristãos adotam outros nomes para se identificarem ou para se congregarem? Diga-me você…

(Mt 18:20) “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.

(Ef 1:17-23) “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”.

(Fp 2:10) “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,”.

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Seria Deus o criador do mal?

Sobre sua dúvida está em Isaías 45:7: “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. Seria Deus o autor do mal, do pecado e de toda a perversidade?

Não se trata de Deus ter criado o pecado ou o mal (a maldade), mas de trazer o mal ou desastre como algo pontual, circunstancial e com um objetivo. É como as pragas que ele lançou contra o Egito. Obviamente aquele mal veio de Deus, e não de homem algum. Se ler o capítulo verá que ele está falando a Ciro, a quem estaria usando para castigar as nações.

(Is 45:2) “Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro”.

Evidentemente isso seria péssimo para as nações que seriam julgadas por Deus por intermédio desse rei gentio, que seria usado como a vara do furor de Deus. Em outro momento e circunstância Deus usou a Assíria como a sua vara:

(Is 10:5-6) “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. Envia-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.

Deus disciplina o seu povo trazendo sobre ele o mal quando necessário:

(Jr 32:42) “Porque assim diz o Senhor: Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre ele todo o bem que lhes tenho declarado”.

Os juízes criam as sentenças destinadas a punir aqueles que não obedecem às leis, e é neste sentido que está dizendo que Deus cria o mal. Além disso, o contexto (vers. 5) mostra também que o assunto ali é que nada escapa ao controle de Deus, seja a luz ou as trevas, seja a paz ou o mal, tudo parte dele para cumprir seus objetivos. Se observar a desgraça que se abateu sobre Jó, foi Deus quem permitiu, embora tenha sido Satanás o instrumento usado ali. Mas no final foi de bênção para Jó.

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Recebi o espírito de sabedoria e revelação?

Alguém disse a você que seu desejo de conhecer mais de Deus é por ter sido derramado sobre você o espírito de sabedoria e de revelação mencionado em Efésios 1:16-17 “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”.

O espírito de sabedoria e revelação é uma disposição concedida a você pelo Espírito Santo de Deus, pois ele é também o Espírito de sabedoria e de revelação, e isto está disponível a todo crente em Jesus.

(Is 11:2) “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor”.

(1 Co 2:10) “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus”.

Portanto trata-se de algo que está à disposição de todos os salvos por Cristo, já que todos têm o Espírito Santo habitando em si. Infelizmente perdemos em sabedoria e revelação por falta de uma comunhão maior com Deus. É como se tivéssemos em nós uma fonte abundante de água e só eventualmente tivéssemos interesse em abrir sua torneira.

Paulo não está orando para que eles recebam o Espírito Santo, pois se eles não tivessem isso nem salvos eles seriam. Paulo está orando para que eles possam fazer uso do discernimento que o Espírito Santo nos dá para conhecermos melhor a Deus e ao seu Filho Jesus, e a todos os privilégios que nos são garantidos pela sua obra na cruz.

Os versículos que se seguem são autoexplicativos: ele roga para que eles tenham os olhos do entendimento iluminados, que saibam qual a esperança de sua vocação, quais as riquezas da glória da herança de Cristo nos santos, a grandeza do seu poder, etc.

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Quem pecar deve ser excomungado?

Em toda a Bíblia você encontrará que a separação do pecado é mandatória. As coisas de Deus devem permanecer puras. Não estou falando aqui da natureza pecadora que todos nós trazemos mesmo depois de salvos, mas do pecado como algo pontual. Também não se trata de pecados em pensamento ou algo corriqueiro como irar-se com uma fechada no trânsito, mas daquilo que realmente possa manchar um testemunho público, como roubo, adultério, prostituição, homicídio, etc. E muito mais o pecado recorrente.

Talvez sua dificuldade em entender esteja no fato de pertencer a alguma denominação, e nas denominações o modo de tratar com aquele que pecou não é exatamente o modo bíblico. Digo isto porque nas denominações existe o conceito de “fazer-se membro da igreja”, que é um processo em que a pessoa se sujeita aos estatutos daquela religião, aceita dar o dízimo, e geralmente é recebida por meio do batismo. Em algumas ela recebe até uma carteirinha para provar que é “membro da igreja”. Então, quando peca, ela é expulsa “da igreja”, excluída do “rol de membros” e às vezes até proibida de entrar no recinto do “templo”. Às vezes no processo é realizada uma humilhação pública que inclui zombarias e pessoas olhando de nariz empinado para aquele que pecou. Nada disso poderia estar mais longe da verdade das Escrituras.

Somos feitos membros do corpo de Cristo que é a igreja quando cremos. Isso não é decidido por homem algum, mas é Cristo quem nos acrescenta como membros da igreja que é o seu corpo.

(At 2:47) “E todos os dias acrescentava o Senhor [e não homem algum] à igreja aqueles que se haviam de salvar”.

Não é o batismo ou qualquer iniciativa humana que nos torna membros da igreja que é o corpo de Cristo, mas é o próprio Senhor quem faz isso. E uma vez membro de seu corpo isso é algo que jamais você irá perder. Ninguém pode acrescentar alguém ao corpo e ninguém pode tirar um membro do corpo, nem mesmo a própria pessoa que creu em Cristo.

Uma vez parte do corpo de Cristo a pessoa pode desejar estar em comunhão com os santos, e isso se dá ao participar daquilo que expressa a comunhão: a mesa do Senhor. Quando queremos demonstrar a alguém comunhão, convidamos a pessoa para ir à nossa casa comer conosco, e assim é nas coisas de Deus. Evidentemente não iremos convidar um devasso para sentar-se à nossa mesa para envergonhar o nome da família, por isso tomamos alguns cuidados. Esses cuidados também são tomados para o recebimento de alguém à comunhão à mesa do Senhor para participar da ceia do Senhor.

O lugar de comunhão da assembleia ou igreja é a mesa do Senhor, pois é ali que expressamos comunhão com o Senhor e uns com os outros, no partimento do pão. Um testemunho não seria apropriado se pessoas notoriamente contaminadas por pecados graves comessem lado a lado com outros irmãos, daí a ordem de 1 Coríntios 5, para que os cristãos nem sequer comam com aqueles que dizendo-se irmãos estiverem em pecado.

Aqueles que estão em comunhão à mesa e caem em pecado, não são excluídos do corpo de Cristo ou expulsos de uma “organização religiosa” que não existe na Bíblia, mas simplesmente deixam de participar da ceia do Senhor à mesa do Senhor. Podem continuar assistindo às reuniões, porém em um status de separação e os irmãos sabem que não se trata de alguém com quem devem manter uma relação de camaradagem ou de beijos e abraços. É alguém que está em disciplina por causa de pecado.

A passagem em 1 Coríntios 5 é muito clara mostrando que existia um pecado grave entre os coríntios, um homem que dormia com sua madrasta. Todos sabiam e continuavam normalmente em comunhão com o tal sem tomarem qualquer medida. Os coríntios estavam em um estado de tamanho orgulho que achavam que suas decisões eram acertadas, independente se estavam ou não de acordo com os pensamentos de Deus.

(1 Co 5:6-13) “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade. Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.

A ordem é clara: primeiro, ao saber do pecado, devemos nos humilhar para não nos acharmos melhores do que aquele que pecou, e tomar cuidado para não sermos nós mesmos levados a pecar. O fermento deve ser tirado da massa para não contaminar outros (fermento é sempre símbolo de pecado na Bíblia). A separação de que fala aqui é interna, na comunhão à mesa do Senhor, e não de incrédulos em geral, pois se assim fosse teríamos de sair do mundo. Mas quanto ao que se diz irmão e vive em pecado, devemos nos apartar e nem sequer comer junto com ele. Finalmente ele deve ser tirado de entre os cristãos na assembleia, ou seja, excluído da comunhão ou excomungado.

A ideia de que devemos perdoar, suportar, etc., é muito importante, mas é apenas parte do que a Bíblia ensina. Sim, deve existir o sentimento de perdão, mas deve existir também a disciplina. Você não cria um filho moralmente saudável fazendo vista grossa para seus erros e deixando-o sem disciplina. Ele precisa sentir pelo mal que causou.

(Hb 12:6-11) “Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”.

Quando um pai pega um filho em alguma falta e o disciplina, isso é doloroso e humilhante, mas faz parte do processo de correção e cura. É preciso sentir a gravidade do erro ou não haverá restauração. Assim a assembleia, por meio dos irmãos que têm o cuidado e as responsabilidades dessas coisas, irá lidar de forma reservada com o que pecou, excluindo-o da comunhão à mesa do Senhor e colocando-o em observação. A assembleia deve ser publicamente informada de que a pessoa está sendo colocada fora de comunhão por pecado moral, doutrinário, etc., sempre comunicando isso de forma genérica e sem entrar em detalhes quanto ao pecado. Os detalhes devem ser tratados em caráter reservado e por irmãos mais experientes, pois dependendo do pecado, a mera conversação a respeito poderia influenciar negativamente os mais novos na fé.

Periodicamente o que está em disciplina deve ser visitado por irmãos responsáveis e experientes e se for uma irmã que caiu em pecado, estes devem sempre ser acompanhados também da esposa de um deles. Tal cuidado é importantíssimo, principalmente quando sabemos que nas denominações religiosas é elevado o número de “pastores” que caem em pecado por irem sozinhos aconselhar irmãs passando por algum problema.

Disciplinar alguém por causa de pecado não significa que tal pessoa deva ser execrada de todo contato, inclusive daquele que tenha por fim levá-la ao arrependimento e restauração. Em 2 Coríntios 2 vemos que a repreensão feita por muitos teve efeito sobre o homem que pecou, pois ele está pronto para ser restaurado, inclusive com a assembleia valendo-se de seu poder de perdoar administrativamente um ofensor. Não se trata do perdão eterno de pecados, que só cabe a Deus, mas de perdão administrativo na relação entre os irmãos.

(2 Co 2:5-11) “Porque, se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor. E para isso vos escrevi também, para por esta prova saber se sois obedientes em tudo. E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus ardis”.

Estas são instruções claramente dadas à igreja, mas obviamente você não encontrará isso sendo colocado em prática na grande massa da cristandade. Não é de surpreender que existam hoje tantos que contaminam o nome de Cristo no mundo levando uma vida devassa e ainda assim sendo recebidos normalmente à comunhão dos cristãos.

Sugiro que leia o procedimento na Lei, de como um leproso devia ser tratado. Ele devia ser tirado do arraial ou convívio do povo de Israel e habitar fora da comunidade. Os sacerdotes iriam visitá-lo regularmente e quando verificassem que a lepra havia coberto todo o seu corpo, da cabeça aos pés, ele era declarado limpo da lepra.

(Lv 13:12-13) “E, se a lepra se espalhar de todo na pele, e a lepra cobrir toda a pele do que tem praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote, Então o sacerdote examinará, e eis que, se a lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará o que tem a praga por limpo; todo se tornou branco; limpo está”.

Pode parecer estranho, mas aquilo foi escrito para nós como figura ou princípios, para entendermos que é somente quando a pessoa está convicta de seu pecado e reconhecendo-se completamente imunda que ela está em condições de ser restaurada de seu pecado. Esta é a ordem de Deus.

Resumindo (e repetindo), o que caiu em pecado deve ser separado da comunhão à mesa do Senhor, mas não se trata de ser tirado do corpo de Cristo, porque ninguém tem poder para isso. Ele deve ser tratado como tratamos com um filho colocado de castigo em seu quarto por alguma desobediência. Ficará ali longe do contato da família até demonstrar arrependimento e ser restaurado ao convívio normal.

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Jesus se tornou Filho de Deus ao nascer no mundo?

Sua dúvida é se Jesus sempre foi Filho de Deus ou se passou a ser Filho de Deus quando veio ao mundo. A Bíblia deixa claro que Jesus é o Filho eterno de Deus, ou seja, na eternidade, antes que existisse o tempo e a matéria, ele já era o Filho de Deus, compondo assim a trindade formada por Pai, Filho e Espírito Santo.

Se Jesus não fosse eternamente Filho de Deus, também não poderíamos dizer que o Pai seja eternamente Pai, pois que sentido faria um Pai sem um Filho se ele só se tornasse Pai quando o Filho nascesse em carne? Mas em João 16:28 Jesus diz: Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai”. Para que Jesus saísse do Pai era necessário que o Pai já fosse Pai na eternidade e que o Filho já estivesse com o Pai eternamente.

(Gl 4:4) “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,”.

Outras passagens também demonstram que Jesus já existia como Filho antes de vir ao mundo, ou Deus não poderia ter enviado o seu Filho se ele não fosse conhecido como tal na eternidade.

(Jo 3:17) “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.

(1 Jo 4:10) “Nisto está a caridade: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”.

(Jo 10:36) “Àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?”.

(1 Jo 4:14) “E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo”.

(Hb 7:1-3) “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo… sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre”.

(1 Jo 5:20) “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.

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O crucifixo deve ser retirado de edifícios públicos?

Em minha opinião não deve existir qualquer ligação entre estado e fé. Portanto em um estado laico não há razão para se ostentar símbolos religiosos em escolas, tribunais ou qualquer instituição pública. A continuidade do hábito de se colocar crucifixos em prédios públicos, implantado aqui nos tempos do descobrimento por imposição da igreja romana, abre um precedente para que todas as religiões também reivindiquem o direito a ter seus símbolos no mesmo local. Ficaria estranho ver a parede de um tribunal toda enfeitada com crucifixo, meia-lua, estrela de Davi, yin-yang, etc.

A verdade é que o crucifixo não deveria estar em lugar algum, pois é um símbolo de tortura. Seria como pendurar nas paredes das instituições públicas, escolas, etc., uma forca em miniatura com um pequeno Tiradentes enforcado nela. Já pensou que estranho as pessoas terem a miniatura de um enforcado na parede das casas ou pendurado no pescoço?

O mundo simplesmente não reconheceu a Cristo, começando pelos judeus que aguardavam o Messias e quando chegou não quiseram abrir mão do poder e das regalias que tinham. Na cruz TODOS foram contra Jesus. Você encontra ali o poder religioso (sacerdotes do judaísmo), o poder político (os governadores fantoches de Roma), o poder militar (os gladiadores), os criminosos (os ladrões crucificados xingando), o povo em geral bradando, ou seja, TODOS rejeitaram o Filho de Deus.

Deu no que deu, e 1 João 5:19 diz “que todo o mundo está no maligno”. Hoje o que vemos é, por um lado, um mundo alheio a Jesus (adotando suas miniaturas da crucificação como talismãs ou símbolos culturais) e, por outro lado, um Jesus alheio ao mundo. Sim, ele não está nem aí com os esforços humanos pela paz mundial, melhorias na sociedade e todas aquelas frases bonitinhas que saem da boca do Papa em datas festivas, e das misses em véspera de concurso. Jesus deixou isso muito claro em sua última oração, quando disse: (Jo 17:9) “Eu rogo por eles [os discípulos]; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”.

É no mínimo hipocrisia querer misturar os assuntos deste mundo, seus governos, políticas, religiões, etc., com aquele que o mundo expulsou daqui de forma tão democrática, conforme Jo 18:39-40: “Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus? Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador”. Atos 3:14-15 completa: “Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas”.

Portanto, a sina deste mundo é essa mesma e não vai mudar: cada vez mais injustiça, cada vez mais leis para proteger aquilo que Deus condena, cada vez mais religiosos explorando os incautos, cada vez mais hipocrisia política em querer “santificar” as decisões judiciais humanas com símbolos religiosos, etc. Vai continuar assim até o Rei, de direito, vir reivindicar aquilo que é seu e que os homens entregaram ao príncipe deste mundo, o diabo.

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O ladrão na cruz se converteu por escutar o nome Yeshua?

Não creio que o ladrão na cruz tenha despertado para o arrependimento ao ouvir a multidão gritar o nome de Yeshua, por este significar “eu sou a salvação”. Em minha opinião o ladrão foi tocado por Deus, obviamente, e isso depois de ouvir da boca de Jesus as palavras: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23:34).

O nome Yeshua era comum em Israel. Os arqueólogos já encontraram 71 túmulos de “Yeshuas” da época em que Jesus morreu e o nome aparece 30 vezes no Antigo Testamento, por exemplo, 2 Crônicas 31:15 e Esdras 2:2 (ali foi traduzido como “Jesua”). No hebraico aparece também a versão longa do nome, “Yehoshua”, que é traduzido por “Josué” nas Bíblias modernas.

O Novo Testamento foi escrito em grego e não hebraico (exceto Mateus que foi escrito em aramaico, uma espécie de hebraico popular). Portanto os apóstolos que escreveram o NT usaram o grego e para isso traduziram o nome para o equivalente a Iesous em caracteres romanos. Na cruz o texto em latim dizia “IESUS NAZARENUS REX IUDAEORUM”, que é “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”. A letra “J” só foi usada mais tarde, pois não existia no aramaico, hebraico, grego ou latim. Até mesmo nos idiomas ocidentais o “J” só surgiu muito tempo depois, assim como o “F” do português que antigamente era escrito com “PH”.

Como o Antigo Testamento foi traduzido do hebraico para as línguas modernas diretamente, sem passar pelo grego, é por isso que encontramos variações do nome traduzido, como Josué ou Jesua. Os manuscritos siríacos que são em aramaico mantêm o nome Yeshua e não a versão grega Iesous.

Cabe lembrar que “Cristo” não é o sobrenome de Jesus, mas significa “Ungido” ou “Escolhido”. Naquela época não existiam sobrenomes, os quais são uma invenção bem moderna. As pessoas eram chamadas pelo nome do pai, por exemplo, “Jesus, filho de José”.

Existe hoje um movimento principalmente na Internet de cristãos judaizantes que insistem que você não poderá ser salvo se não pronunciar o nome de Jesus corretamente em hebraico. Até esses não entram num acordo, uns dizendo que é preciso crer em “Yehoshua” e outros em “Yeshua”.

Isso é um erro muito grande que tem lançado muitos numa espécie de decepção, como se até aqui tivessem crido na pessoa errada e seus antepassados que morreram crendo em Jesus estivessem perdidos para sempre, porque não pronunciaram Jesus em hebraico. A esses cabe perfeitamente a advertência feita por Jesus (sim, aquele mesmo que morreu na cruz por nossos pecados, caso tenha dificuldade em identificar de quem estou falando):

(Mt 23:24) “Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo”.

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O cristão pode praticar meditação?

Na Bíblia você encontra várias vezes a palavra “meditação”, mas em nenhuma delas o sentido é o da meditação normalmente ensinada nas religiões orientais ou meditação transcendental. A essência da meditação oriental está no voltar-se para dentro de si, desligando-se do mundo exterior numa espécie de esvaziamento da mente e dos pensamentos.

Nada poderia estar mais na contramão da meditação ensinada na Palavra de Deus, que não é esvaziar a mente, mas enchê-la da ocupação com Deus e sua Palavra. A meditação no sentido de voltar-se para o interior é egocêntrica, pois tem por objetivo o ocupar-se consigo mesmo.

(Rm 7:18) “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”.

(Mt 15:19) “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias”.

A Palavra de Deus não nos estimula a sairmos da realidade, mas a estarmos sempre no controle total de nossa razão e percepção. Práticas espiritualistas como o cair em êxtase, psicografia, transe mediúnico, dança sincopada, etc., nada tem a ver com a Palavra de Deus e o cristão deve fugir delas. 1 Coríntios 14:32-33 ensina que Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz”.

(Rm 12:1-2) “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.

O cristão precisa estar atento para não “comprar gato por lebre”, pois o espiritualismo oriental se infiltrou na cristandade e há muitas técnicas que podem não ser apenas de relaxamento, mas adaptações de culto a demônios. Por ter sido enganado pelo espiritualismo e esoterismo antes de minha conversão a Cristo, tenho uma espécie de aversão a várias práticas que me pareciam inofensivas no passado, como meditação transcendental, radiestesia, leitura de aura, clarividência, yoga, acupuntura, shiatsu, do-in, incensos, mantras, etc.

Além disso, existe nas variadas formas de meditação esotérica e espiritualista o objetivo do auto aperfeiçoamento, auto evolução e auto qualquer coisa, o que também nega a dependência que temos de Deus. Não há coisas como uma auto evolução ou autodesenvolvimento espiritual para o cristão, que depende totalmente de Deus, de Jesus e do Espírito Santo, tanto para sua salvação, como para sua vida cristã. Se eu buscar em mim os recursos para ser salvo ou para viver esta vida, vou me decepcionar, pois em mim não há nada que preste.

(2 Co 3:5) “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,”.

É muito simples identificar se qualquer tipo de atividade ou exercício é de Deus ou não. Basta perguntar a quem isso glorifica, a Deus ou ao homem; de quem isso depende, de Deus ou do homem. A verdadeira meditação do crente em Cristo é a ocupação com a Palavra de Deus e com a formosura do Salvador. Se na meditação oriental o objetivo é esvaziar-se, na meditação cristã o objetivo é ser cheio de gozo e deleite nas coisas de Deus.

(Fp 4:8) “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

(Cl 3:1-2) “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;”.

Na Palavra de Deus encontro diversos exemplos de meditação e neles o foco pode ser meditação na Palavra de Deus, meditação na Criação de Deus, meditação na obra de Cristo (esta é a atividade principal durante a ceia do Senhor), meditação na Pessoa de Cristo, etc. Nada tem o foco em mim, em minha capacidade ou em meu desenvolvimento pessoal, mas nele.

(Rm 11:33-36) “O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”.

Alguns versículos que falam de meditação:

(Sl 19:14) “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”.

(Sl 49:3) “A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento”.

(Sl 104:34) “A minha meditação acerca dele será suave; eu me alegrarei no Senhor”.

(Sl 119:97) “Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia”.

(Sl 119:99) “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação”.

(Sl 143:5) “Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos”.

(Sl 63:6) “Quando me lembrar de ti na minha cama, e meditar em ti nas vigílias da noite”.

(Sl 119:148) “Os meus olhos anteciparam as vigílias da noite, para meditar na tua palavra”.

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Seria possível Jesus pecar?

Alguns pregadores usam de linguagem dúbia e deixam uma brecha para a possibilidade de Jesus pecar. Isso é um erro crasso. Sem deixar claro o que quer dizer, acaba incorrendo naquilo que o Senhor nos exorta a não fazermos: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mt 5:37).

Aqueles que falam da possibilidade de Jesus pecar geralmente concordam que ele nunca pecou, mas que tinha um corpo, um cérebro e a capacidade natural de discernir uma tentação e escolher cair nela ou não. Argumentam que se ele não tivesse um cérebro e uma vontade não seria humano. Numa tentativa de amenizar suas afirmações, dizem que Jesus não tinha a capacidade moral de pecar porque não seria mau o suficiente para isso e por não existir maldade nele. Ou seja, acham que Jesus podia pecar, mas que não iria pecar.

A confusão toda está em não entender que Jesus nunca deixou de ser Deus, mesmo ao assumir a humanidade. E se perguntarmos se “Seria possível Deus pecar?”, a resposta será um sonoro “não!”. Seria possível Deus mentir? Não! Seria possível Deus roubar, matar, adulterar, cobiçar… NÃO!

Então nada disso seria possível para Jesus também, pois ele é e sempre foi Deus, e não deixou de ser Deus ao se tornar também homem. Se existisse a possibilidade de Jesus pecar enquanto andou aqui, também existiria a possibilidade de ele pecar agora que está no céu, pois continua sendo o mesmo Homem ali, agora em um corpo glorificado. Dá para imaginar Jesus pecando no céu?!

(Hb 4:15) “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Este versículo diz literalmente “em tudo foi tentado, pecado à parte” ou “isento do pecado como a raiz de onde procedem os pecados”. Ou seja, mesmo sendo homem Jesus não podia pecar, era impossível que pecasse, pois não tinha em si o pecado, a natureza pecaminosa ou princípio ativo gerador de pecados.

Talvez você argumente que Adão também não tinha uma natureza pecaminosa antes de cometer o primeiro pecado, mas Adão podia pecar por ser apenas humano e não ser Deus. Os anjos podiam pecar, porque eram apenas anjos e não Deus Criador. Mas Jesus não podia pecar por ser Deus eterno, Criador e mantenedor de todas as coisas. Dizer que Jesus poderia pecar e ao mesmo tempo afirmar sua divindade é colocá-lo no mesmo nível dos deuses gregos e romanos, que tinham paixões, concupiscências e pecados idênticos aos dos homens.

Há quem argumente que seu lado humano é que estaria aparelhado para pecar. Mas como alguém poderia sequer conceber um Jesus dividido em dois, em que sua humanidade pudesse cometer pecado e sua divindade não?! “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Cl 2:9). Ele é o Verbo eterno (Jo 1:1). Ele é o Filho unigênito que está no seio do Pai (Jo 1:18). Como alguém poderia pensar que o pecado tivesse qualquer possibilidade de existir ou ser concebido naquele que é Deus eterno?

Existem duas posições quanto a este assunto, e apesar de ambas concordarem que Jesus nunca pecou, uma afirma que ele poderia ter pecado, caso contrário não seria humano. Quando ouvir pregadores que acreditam que Jesus poderia pecar, refute completamente tal ideia. Independente do quanto eles tenham feito para levar as pessoas a Cristo, isso não lhes dá a desculpa de cometerem um erro tão grosseiro quando o assunto é a divindade de nosso bendito e impecável Senhor e Salvador Jesus, Deus e Homem.

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As pessoas irão morrer no céu?

Sua dúvida, após ler Isaías 65:20, é saber se haverá morte no céu. Esta é a grande dificuldade da maioria dos cristãos por não entenderem as dispensações e as diferentes promessas feitas a Israel e à Igreja. Israel é o povo terreno de Deus que, embora esteja no momento deixado de lado por sua desobediência, voltará a ser tratado por Deus depois do arrebatamento da Igreja. Vamos ver o versículo dentro do contexto:

(Is 65:19-25) “E exultarei em Jerusalém, e me alegrarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; porém o pecador de cem anos será amaldiçoado. E edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus eleitos gozarão das obras das suas mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a perturbação; porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E será que antes que clamem eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor”.

Observe que esta cena se passa na terra, e não no céu. No céu ninguém precisará plantar ou comer, e não haverá animais. Também não será preciso edificar casas e nem haverá quem morra aos cem anos ou pecador. Esta é uma descrição do reino de Cristo na terra, quando ele voltar para salvar o seu povo Israel e cumprir todas as promessas que fez para aquele povo no Antigo Testamento.

Esta é a vinda que ocorre após ele ter vindo até metade do caminho — nos ares — para se encontrar com os que serão ressuscitados ou transformados para habitarem no céu. À vinda em que o Senhor vem para buscar sua Igreja nos ares damos o nome de arrebatamento e é dela que fala 1 Tessalonicenses 4:13-18. A vinda de Jesus para o mundo e para Israel é a descrita em 2 Tessalonicenses 2:8. Entre o arrebatamento da Igreja e a vinda de Cristo para reinar ocorre o que está descrito em 2 Tessalonicenses 2:2-12, Mateus 24:7-51, Mateus 25:31:46 e outras passagens.

No Antigo Testamento não havia sido feita ainda a revelação da Igreja, portanto você não ouvirá falar ali dos santos aos quais foi prometido o céu. Todas as promessas são para a terra, uma terra transformada, mas ainda assim na terra. Os evangelhos também ainda são para os judeus, portanto ali também fala do reino de mil anos na terra, no qual entrarão não pessoas ressuscitadas, mas no próprio corpo natural. Obviamente, por a terra ser transformada, essas pessoas terão saúde perfeita, não serão mais tentadas exteriormente (Satanás está preso durante mil anos) e se obedecerem aos mandamentos, viverão. Esta era a promessa que acompanhava a lei dada a Moisés:

(Lv 18:5) “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o Senhor”.

Esse “viverá” é no sentido de não morrer, e não de uma promessa de vida eterna no céu. Do mesmo modo, quando você lê em Mateus 24 que “aquele que perseverar até ao fim será salvo (vers. 13) e “se aqueles dias [da grande tribulação] não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria (vers. 22), está falando de salvação do corpo, da vida natural, de pessoas vivas que entrarão vivas no reino milenial de Cristo na terra, e não da salvação eterna que hoje é prometida no céu a todo aquele que crê em Jesus.

Os descritos em Mateus 24 e 25 serão judeus (veja que Mateus 24 fala da Judéia), os “pequeninos irmãos” do Senhor, que se converterão durante a tribulação, e entrarão no reino juntamente com as “ovelhas”, os gentios de Mateus 25 que acolherão e protegerão o remanescente de judeus perseguidos durante a grande tribulação. Os “bodes”, que perseguirão o remanescente judeu fiel serão mortos e condenados antes da inauguração do reino de mil anos.

Sendo assim, as promessas de vida que você encontra no Antigo Testamento não são de vida eterna e foram feitas a esses israelitas, e não à Igreja que não havia sido revelada ainda (era um segredo que só seria revelado a Paulo e aos outros apóstolos depois da formação da Igreja em Pentecostes – Atos 2).

O reino de Cristo na terra será um reino como se ele o tivesse estabelecido se ele tivesse sido recebido pelos judeus quando esteve aqui. Haverá cidades, plantações, governos, estradas, meios de transporte e tudo o que você encontra na civilização atual, exceto que Satanás não poderá interferir em nada. Mesmo assim, as pessoas estarão vivendo em seus corpos naturais e perecíveis, apesar de gozarem de uma saúde perfeita e terem acesso a curas que não temos hoje. Porém, aqueles que mesmo assim pecarem serão mortos.

No livro “Acontecimentos Proféticos”, de Bruce Anstey, o juízo e pena de morte decorrente do pecado nesse tempo é descrito assim:

Se o mal se manifestar durante o reino de Cristo (o Milênio), ele será julgado abertamente assim que surgir. Aqueles que pecarem, pecarão sem um tentador, pois Satanás estará em cadeias nessa ocasião. Um pergaminho voador de juízo (linguagem simbólica) sairá do Senhor para percorrer toda a terra e cair sobre qualquer um que praticar o mal. Essa erradicação dos pecadores da terra ocorrerá todas as manhãs ao longo dos mil anos de reinado de Cristo”. Os versículos citados para demonstrar isso são estes:

(Zc 5:1-4) “E outra vez levantei os meus olhos, e vi, e eis um rolo volante. E disseme o anjo: Que vês? E eu disse: Vejo um rolo volante, que tem vinte côvados de comprido e dez côvados de largo. Então disseme: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra; porque qualquer que furtar, será desarraigado, conforme está estabelecido de um lado do rolo; como também qualquer que jurar falsamente, será desarraigado, conforme está estabelecido do outro lado do rolo. Eu a farei sair, disse o Senhor dos Exércitos, e ela entrará na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e permanecerá no meio da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua madeira e com as suas pedras”.

(Sl 101:3-8) “Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim. Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau. Aquele que murmura do seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não suportarei. Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá. O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos. Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniquidade”.

(Sf 3:5) “O Senhor é justo no meio dela; ele não comete iniquidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha” [aqui apresentado como um princípio, mas que será colocado totalmente em prática no milênio].

(Sl 34:12) “Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem? Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a. Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor. A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles”.

Obviamente nada disso acontecerá no céu, onde não existirá morte e a Igreja estará com Cristo reinando juntamente com ele sobre a terra (e não “na terra”).

(Ap 5:10) “E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.

Hoje as pessoas pedem por um mundo de mais justiça, mas poucos entendem que um mundo com justiça perfeita será assim, com juízo implacável a cada manhã contra quem pecar. Tudo isso foi previsto para Israel e assim será. A maioria dos cristãos, porém, não entende essa diferença e tenta se apossar das promessas que Deus fez a Israel no Antigo Testamento como se fossem promessas para a Igreja.

Alguns querem as promessas de prosperidade e enchem igrejas pentecostais em busca disso, quando nenhuma prosperidade foi prometida à Igreja nas epístolas dos apóstolos. Outros querem as promessas de poder e enviam suas tropas para invadir países com o argumento de que o mundo precisa ser cristianizado. Foi assim nos séculos de trevas do catolicismo e ainda é assim, de forma velada, pela política expansionista norte-americana. Enquanto isso Israel na sua incredulidade tenta se firmar na terra prometida por seus próprios esforços e com a ajuda dos Estados Unidos, porém não foi essa volta à terra que Deus lhes prometeu, em incredulidade e fundamentada no poder das armas.

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No Antigo Testamento a salvação era por graça?

Em todas as épocas as pessoas sempre foram e serão salvas por graça, e não por obras ou pelo cumprimento de mandamentos ou leis. A diferença entre hoje e a época do Antigo Testamento é que a graça não tinha sido oficialmente manifestada: “A lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo(Jo 1:17). Se graça e verdade vieram por Jesus é porque a revelação ainda tinha pontos obscuros para os profetas do Antigo Testamento.

No Antigo Testamento os judeus aprenderam que deviam guardar a lei para serem salvos, porém salvação ali significava viver para sempre com saúde, ter prosperidade, muitos filhos, etc. Eles não faziam ideia do céu como fazemos hoje, porque suas promessas eram terrenas. Eles também não podia entender exatamente como Deus trataria com eles em graça, porque isso era uma revelação que seria dada a Paulo séculos mais tarde. Paulo fala da dispensação da graça que foi a ele revelada: “Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada(Ef 3:2).

Os profetas do AT profetizaram dessa graça, mas eles mesmos não entendiam isso:

(1 Pe 1:9-13) “Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo”.

Portanto, os santos do AT foram salvos por graça mesmo sem entender exatamente como isso era possível, já que a graça viria manifestada em Cristo. Fica claro perceber isso quando pensamos que Deus presente no mundo deveria trazer juízo, e não trouxe.

(2 Co 5:19) “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pós em nós a palavra da reconciliação”.

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Antes de Cristo as pessoas eram salvas pela fé?

Sim, a salvação sempre foi pela fé, mesmo por aqueles que tinham a lei, pois os que eram salvos acabavam reconhecendo que eram incapazes de cumprir a lei e acabavam se agarrando à misericórdia e provisão de Deus. Mas eles não sabiam como Deus resolveria a questão da justificação, como hoje sabemos. O primeiro homem da fé mencionado é Abel.

(Hb 11:4) “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

Abel, guiado pelo Espírito, lembrou-se do que Deus fez com seus pais, ao sacrificar um animal inocente para com sua pele cobrir o pecador. Mas veja que tanto Abel como todos os que vieram depois não enxergavam a solução completa para seus pecados e para terem cumprida neles a promessa de Deus dependiam de nós, ou seja, daqueles que Deus alcançou após o sacrifício definitivo de Cristo. Em outras palavras, a salvação dos salvos do Antigo Testamento tinha uma pendência e não poderia ser completada sem a manifestação de Cristo como o Cordeiro de Deus.

(Hb 11:39-40) “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados”.

Era como se os santos do Antigo Testamento tivessem suas contas “penduradas” no armazém para serem pagas algum dia. Só que eles não sabiam como essas contas ou cédulas seriam pagas, mas precisavam crer que Deus daria um jeito, caso contrário, estariam confiando em sua própria capacidade, o que não é fé. Então veio Cristo e riscou a cédula ou a conta dos pecados.

(Cl 2:14) “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”.

A vinda de Cristo também resolvia de vez a questão dos sacrifícios de animais, que não tinham o poder de limpar os pecados ou de efetuar uma eterna redenção.

(Hb 9:11-12) “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”.

Antes da Lei havia sacrifícios nessa premissa de que Deus providenciaria para si o cordeiro, como Abraão falou a Isaque. Então o povo de Israel, confiando em sua própria capacidade, achou que seria capaz de cumprir a lei:

(Êx 19:8) “Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos”.

Deus introduziu os sacrifícios na lei, mas estes precisavam ser repetidos e só serviam para fazer comemoração dos pecados, ou seja, trazê-los à memória do pecador. A lei não podia salvar e os sacrifícios que ela ordenava não serviam para aperfeiçoar o pecador e nem livrá-los permanentemente de sua consciência de culpa.

(Hb 10:1-4) “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”.

Veja que eles já dependiam do sacrifício de Cristo para receberem a herança eterna.

(Hb 9:15) “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna”.

Portanto, se a lei veio por Moisés, a graça veio por Cristo (aquela graça pela qual eles eram salvos mas que ainda não tinha sido manifestada). Veja que aqui fala do sacrifício de Cristo como provisão para a remissão dos pecados cometidos no passado e para demonstrar a justiça no presente, ou seja, uma obra de alcance infinito para trás e para frente no tempo e eternamente.

(Rm 3:21-26) “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

Para resumir, o sentimento de um crente do Antigo Testamento era parecido com o do cego que fora curado:

(Jo 9:25) “Respondeu ele, pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo”.

O crente no AT sabia que Deus seria misericordioso para salvá-lo, embora não imaginasse exatamente como. Então ele tinha seus pecados lançados numa conta a prazo para pagamento futuro, que foi o que Cristo fez quando veio. Eles eram salvos a prazo, no cartão de crédito que outro pagaria no vencimento. Nós somos salvos por pagamento antecipado.

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Qual o problema de chamar Jesus de meu Rei?

Outro dia recebi o e-mail de alguém que descobriu que estava desobedecendo algo na Palavra de Deus e queria saber qual seria a penalidade se ele continuasse assim. Era como se ele fosse um motorista ponderando se ainda seria vantajoso correr o risco de ser multado por estacionar em local proibido ao invés de pagar um estacionamento.

Quando você pergunta que problema há em chamar a Jesus de “meu Rei”, não é caso de desobedecer, mas sim de não se apossar dos privilégios que lhe foram garantidos com sua salvação. Chamar a Jesus de Rei é um engano comum entre os que não entendem as dispensações e a diferença entre as promessas dadas a Israel e à Igreja. Israel irá viver na terra e a Igreja no céu, tanto durante o reino de mil anos de Cristo como depois no estado eterno, na nova terra e novos céus. Cristo irá reinar sobre Israel, mas não sobre a Igreja, porque esta irá reinar com Cristo a partir do céu.

O relacionamento da Igreja com Cristo não é o relacionamento de um súdito com seu Rei, mas de uma noiva com seu Noivo. Isto já seria suficiente para entendermos que se olharmos para Cristo como nosso Rei, estaremos nos rebaixando a uma posição de súditos que não é a que ele intentou para nós. Pense no quanto uma súdita perderia se, depois de ter sido pedida em casamento pelo Rei, quisesse continuar vivendo entre os súditos e não no palácio real.

O que uma noiva espera não é viver sob o domínio do Rei, mas reinar com ele, e é esta a promessa dada à Igreja, que inclui até exercer juízo sobre os anjos, uma prerrogativa que antes só caberia a Deus:

(Rm 8:17) “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”.

(2 Tm 2:12) “Se sofrermos, também com ele reinaremos”.

(Ap 5:10) “E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.

(1 Co 6:3) “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?”.

Do ponto de vista individual, o relacionamento do crente com o Senhor é o de um membro com o corpo, ou seja, ele possui uma ligação íntima com a cabeça Jesus quem nenhum israelita teve e jamais terá. Para Israel Jesus será sempre o Rei.

Em nenhum lugar na doutrina dos apóstolos, que está nas cartas endereçadas às igrejas, você encontra Jesus sendo chamado de Rei da Igreja, e isto já seria suficiente para chamar a atenção de alguém que tenha o desejo de viver de acordo com o ensino da Palavra, e não de suas próprias conjecturas. (O versículo Apocalipse 15:3, que em algumas traduções que seguiram a versão Almeida, traz “ó Rei dos santos”, é melhor traduzido nas versões que dizem “ó Rei das nações”, como está nas versões Darby, Ave-Maria, CNBB, NVI, Bíblia de Jerusalém, etc.).

Portanto, para a Igreja Jesus é Senhor e Cabeça, e reinaremos com ele sobre Israel e as nações.

(Ap 3:21) “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono”.

Ao falar do presbiterianismo, John Nelson Darby escreve: “É uma injúria chamar a Cristo de ‘Rei da Igreja’. Os líderes daquele sistema podem ter tido boa intenção, mas é algo que não tem qualquer fundamento bíblico. As escrituras nunca falam de Cristo como Rei da Igreja. A Igreja possui um lugar muito mais elevado. Ela é o corpo de Cristo. Além disso, quando ele assumir seu grande poder e reinar, nós reinaremos com ele. Ele está agora no trono de seu Pai; quando ele se sentar em seu próprio trono, aqueles que vencerem se sentarão ali com ele. Fazer de Cristo Rei da Igreja é um dogma totalmente falso e sem base bíblica, além de depreciar a glória e verdade da Igreja, o amor de Cristo e o valor de sua morte”.

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Como saber a vontade de Deus?

Você perguntou se estaria correto agir como alguém que você conhece, que ficou sete anos desempregado e sustentado pela esposa porque recebeu uma “visão” de que Deus lhe daria um negócio próprio e que não trabalharia mais como empregado. Daí sua dúvida do que deve fazer para ser assim tão guiado por Deus para saber exatamente onde morar, que profissão exercer, com quem se casar, quantos filhos ter, etc.

Por não sentir-se tão confiante de que tem uma visão clara dos planos de Deus para você, tem sido considerado como rebelde pelos irmãos com quem conversa, os quais vivem dizendo que Deus falou com eles isso e aquilo, como se tivessem uma conexão de banda larga com Deus. Sua dúvida é se, por não viver assim com instruções tão claras vindas do céu, você não estaria em perfeita comunhão com Deus.

Esse seu amigo que está há 7 anos esperando, desempregado, que um negócio próprio caia do céu para ele virar “empresário” deve ter sido vítima desses pregadores de prosperidade. Enquanto isso, ele está deixando que a esposa carregue o piano para ele ficar no “bem-bom” aguardando a concretização de sua suposta “visão”. Já pensou se todo mundo agisse assim? O nome disso é “preguiça”, “falta de iniciativa”, “conversa mole” ou qualquer coisa, menos “visão” dada por Deus.

Não é bem assim que as coisas acontecem. Você não fica parado na plataforma do metrô esperando aparecer escrito numa tela: “Embarque neste!”. Deus lhe dá a inteligência e discernimento para decidir em que trem deve embarcar, em que horário, para que destino, etc. É claro que deve orar sempre e colocar nas mãos do Senhor até as decisões mais banais de sua vida, mas isso não significa que precise ficar parado esperando o céu trovejar e um letreiro aparecer no céu escrito por raios flamejantes.

É claro que nem sempre você agirá certo, pois muitas vezes estará fazendo a própria vontade tipo criança mimada, ainda que invente algum sonho ou visão para “santificar” aquilo que não passa de vontade da carne. Deus pode barrar uma decisão sua precipitada ou pode também deixar que você siga em frente para quebrar a cara e aprender do jeito mais difícil. Imagine-se sempre como uma criança de dois anos em seu relacionamento com o Pai. Sempre que quiser atravessar a rua sem dar a mão a ele, correrá sério perigo. Comunhão com Deus implica em dependência de Deus, não de suas próprias conjecturas que poderá apelidar de “visões”, “revelações”, “unções” e tantos termos largamente aplicados erroneamente, principalmente no meio pentecostal.

O segredo da comunhão é primeiro, fugir da vontade própria e de querer barganhar com Deus, tipo fazendo promessas de que se Deus der isso, você fará aquilo, etc. Segundo, levar uma vida de oração, seja nos momentos dedicados a ela, seja por meio de “orações relâmpago” em cada pequena decisão da vida. Também é vital ler sempre a Palavra para que seus pensamentos e decisões possam ser formados por ela, ou então julgados por ela quando estiverem em desacordo com a mente de Deus. Viver assim será sempre mais seguro, pois você estará sempre julgando se deve ou não fazer algo segundo a Palavra de Deus.

Mas é claro que na Bíblia você não encontrará algo do tipo “Acorde às 6 horas amanhã, tome banho, faça café…”. Por isso, além da Palavra de Deus, o crente tem o Espírito Santo para ajudá-lo a discernir o que vem de Deus e o que não passa de concupiscência de uma mente religiosa (como a “visão” de seu amigo candidato a empresário). Mas uma coisa é certa: O Espírito Santo jamais irá contradizer a Palavra que ele próprio inspirou nos apóstolos e profetas. Por isso é importante conhecer a Palavra para não ser enganado por suas próprias ideias pensando que elas vêm de Deus.

Não se preocupe com essa “banda larga” que alguns parecem ter, com uma conexão direta de alta velocidade com o céu. Na grande maioria dos casos isso é só blábláblá, soberba religiosa e carne querendo dar um ar de aprovação divina para aquilo que não passa de vontade e capricho do homem. Fuja desses que volta e meia dão “profetadas”, dizendo ter recebido uma revelação disso ou daquilo. São homens ímpios e falsos profetas que não têm qualquer escrúpulo em enganar as pessoas, seja para obter alguma vantagem financeira, seja para ter seus egos alisados e inflados.

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Satanás já foi expulso do céu?

Sua pergunta é se Satanás já caiu do céu ou se ainda cairá. A dúvida surgiu quando você comparou o que diz em Lucas, onde Jesus diz ter visto Satanás caindo do céu, com a passagem em Apocalipse que diz que ele foi precipitado dos céus juntamente com seus anjos após uma luta contra Miguel e os anjos deste.

(Lc 10:17-18) “E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disselhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu”.

(Ap 12:7-9) “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

Ao dizer aos discípulos que voltavam de sua missão que viu Satanás cair do céu, Jesus provavelmente tinha três objetivos.

O primeiro era revelar que a sua perspectiva era de alguém que não estava limitado ao tempo e espaço. Ele podia contar que viu e participou de coisas que tanto ocorreram no passado como as que ocorreriam no futuro. Veja por exemplo esta outra passagem:

(Mt 23:37) “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”.

Quando foi que ele quis fazer isso? Obviamente não apenas nos três anos de seu ministério aqui na terra, mas desde quando Israel passou a existir ele cuidou daquele povo. A eterna pré-existência de Jesus e sua capacidade de ver e agir tanto no passado como no futuro e eternamente é uma das provas de sua divindade. Ao profetizar sobre a vinda de Cristo em carne, o profeta Miquéias escreveu que “suas saídas são… desde os dias da eternidade”.

(Mq 5:2) “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

Mas ao dizer que via Satanás cair do céu o tempo do verbo pode criar essa dúvida, como se Jesus estivesse falando de um evento que já tivesse ocorrido. Acontece que diversas vezes a profecia fala com o verbo no passado, talvez para deixar evidente que aquele acontecimento não tem como falhar, pois Deus o vê como já realizado. É o caso da profecia de Isaías sobre a morte do Messias, que é anunciada com os verbos no passado:

(Is 53:4) “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”.

O segundo objetivo do que Jesus diz a seus discípulos pode ser no sentido de “baixar a bola” deles, ou seja, alertá-los contra o perigo de se ensoberbecerem por terem visto os demônios se sujeitarem a eles. Foi o orgulho que causou a queda de Satanás, não no sentido literal de cair do céu, mas no sentido espiritual de ser banido de sua posição e privilégios originais. Esta advertência ainda vale para muitos que se gabam de repreender demônios.

O terceiro objetivo foi mostrar o que iria acontecer com Satanás no futuro, quando ele for literalmente expulso do céu e descer à terra sabendo que seus dias estão contados. Isso acontecerá após o arrebatamento da Igreja, quando o Senhor vem até o meio do caminho (nos ares) para buscar os que morreram em Cristo e os vivos que creem nele (sua igreja), e antes de Cristo vir ao mundo em glória para reinar.

Enquanto isso Satanás continua no céu e passeando de vez em quando pela terra, como vemos nos capítulos 1 e 2 do livro de Jó. Ali ele aparece acusando Jó, e nesta função ele trabalha até hoje na presença de Deus.

(Jó 1:6-11) “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela. E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”.

(Ap 12:10) “E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite”.

Embora Satanás continue no céu acusando o crente diante de Deus, e também passeie pela terra para cumprir seus objetivos, por enquanto ele não tem aqui neste mundo o poder e liberdade de ação que terá quando efetivamente mudar seu domicílio para a terra, que já não contará com o Espírito Santo habitando aqui na igreja para equilibrar ou “deter” sua ação direta ou por intermédio de seus asseclas, a besta e o anticristo.

(2 Ts 2:6-7) “E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado;”.

Portanto, a queda de Satanás ainda é futura e aqueles que dizem que a passagem de Apocalipse 12:7-9 já ocorreu e que Satanás e seus anjos não estão mais nos céus, precisarão encontrar outros anjos malignos para substituí-los nas regiões celestiais no presente momento, já que somos exortados a combatê-los em oração em seu domicílio atual, que é o céu.

(Ef 2:2) “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência”.

(Ef 6:12) “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

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Como evangelizar um adepto da Nova Era?

A Nova Era não tem nada de nova, pois é apenas uma embalagem genérica na qual podem ser encontradas quaisquer filosofias, crenças, religiões e práticas, muitas vezes milenares. Mas o sentido é menos de um recipiente de compartimentos estanques, e mais de um liquidificador no qual você prepara uma vitamina espiritualista com os ingredientes que mais lhe agradam, às vezes até conflitantes e contraditórios entre si.

Dependendo da preferência da pessoa você encontrará nessa vitamina um pouco de gnosticismo, agnosticismo, animismo, ateísmo, deísmo, esoterismo, espiritismo, hedonismo, humanismo, monoteísmo, politeísmo, misticismo, panteísmo, politeísmo, teosofia, naturalismo, xamanismo, taoísmo, budismo, islamismo, xintoísmo, transcendentalismo, macrobiótica, vegetarianismo, cabalismo, yoga, meditação transcendental, hinduísmo, tarô, astrologia, esoterismo, búzios, numerologia, gnose, acupuntura, homeopatia, fitoterapia, autoajuda, magia, adivinhação, evolução, parapsicologia… A lista é interminável.

A diferença entre todas essas correntes e o cristianismo puro encontrado na Bíblia é bastante simples: todas essas filosofias exaltam o homem; o cristianismo exalta a Deus. Todas essas filosofias dizem de diferentes maneiras que você precisa fazer algo para chegar a um estado espiritual melhor; o cristianismo ensina que você não é capaz de fazer coisa alguma, e que Deus enviou o seu Filho ao mundo para morrer por você e pagar o seu pecado. Esses erros nunca dão a você certeza alguma de ter alcançado seu objetivo; o cristianismo deixa claro que você pode ter a salvação eterna aqui e agora, bastando para isso ouvir a Palavra de Deus e crer naquele que Deus enviou, para possuir a vida eterna, não entrar em juízo e passar da morte para a vida no exato momento em que creu:

(Jo 5:24) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

Satanás tem milhares de anos de experiência em enganar os seres humanos. Evangelizar um incrédulo é uma coisa; evangelizar um simpatizante da Nova Era e suas filosofias satânicas é outra. No primeiro caso você tende a se concentrar na condição do pecador, na solução de Deus (a cruz) e no destino eterno, o que é a abordagem correta. No segundo caso somos tentados a entrar no terreno do inimigo para discutir suas ideias, e é aí que mora o perigo, pois isso contamina. Acabamos enredados pelas ramificações de seus pensamentos e quando nos damos conta estamos presos em seu terreno de argumentos espirais.

Minha sugestão: traga a cobra para a penha. Quando você quer matar uma serpente, o melhor lugar é levá-la para uma rocha lisa e limpa de arbustos. Ali ela fica totalmente exposta e você pode bater à vontade. A serpente é satanás e suas doutrinas; a Rocha é Cristo.

Os arbustos das doutrinas satânicas irão tentar prender você uma espiral de discussões que farão mais mal do que bem, tanto a você (por ficar exposta a essas doutrinas) como à pessoa que está tentando evangelizar (que se sentirá cada vez mais segura por poder fazer afirmação de suas doutrinas satânicas).

Portanto, fuja de ser arrastado pela tentação de aprender mais da doutrina do outro para poder contestá-la. Traga a conversa para Cristo na cruz, para a obra definitiva, o sangue derramado, a remissão dos pecados, a ressurreição. A síntese do evangelho é o que você encontra nos primeiros versículos de 1 Coríntios 15:

Cristo morreu e Cristo ressuscitou.

(1 Co 15:1-5) “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Resumindo: não deixe o outro falar, mas faça perguntas diretas do tipo “O que acontecerá se você morrer hoje?”, “E como se apresentará a Deus com seus pecados?”, “Qual o único documento sobre Jesus escrito por testemunhas pessoais que conviveram com ele?”, etc. O outro pode querer racionalizar e dar as explicações das filosofias que segue, mas na hora da cabeça no travesseiro todo ser humano sabe que precisará se encontrar com Deus e sabe que seus pecados são um impedimento. Todo ser humano que não foi salvo teme a morte, pois a obra de Cristo também tem por objetivo nos resgatar desse medo:

(Hb 2:14-15) “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”.

(Pv 30:18-19) “Estas três coisas me maravilham; e quatro há que não conheço: O caminho da águia no ar; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem”.

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Quais foram os pecados de Sodoma e Gomorra?

Os pecados de Sodoma e Gomorra devem ter sido muitos, mas principalmente os ligados à homossexualidade, imoralidade e perversão sexual. O relato disso você encontra em Gênesis 19, quando dois anjos em forma humana vão a Sodoma para tirarem de lá Ló e sua família antes de Deus destruir a cidade com fogo.

Ló convidou os anjos a passarem a noite em sua casa, mas os homens de Sodoma, sabendo da chegada dos forasteiros, quiseram ter relações sexuais com eles.

(Gn 19:4-8) “E antes que se deitassem, cercaram a casa, os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros. E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos. Então saiu Ló a eles à porta, e fechou a porta atrás de si, E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal; Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado”.

Não existem dúvidas quanto às intenções dos homens de Sodoma, pois Ló em seu desespero de salvar os anjos chega ao ponto de oferecer suas filhas virgens para serem estupradas pela multidão. O verbo “conhecer” na Bíblia é usado para várias situações, inclusive para o ato sexual, como em Gênesis 4:1: “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim”.

Mas não era em relações sexuais naturais entre homens e mulheres que aqueles homens estavam interessados, e por isso tentam arrombar a porta da casa de Ló, ao que os anjos reagem ferindo de cegueira a multidão e permitindo que Ló, sua esposa e filhas escapem. Leia todo o capítulo 19 de Gênesis para entender.

Em Ezequiel você encontra outros pecados além da “abominação”, que no hebraico é a mesma palavra usada em Levítico 18:22 para indicar um ato homossexual:

(Ez 16:49-50) “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram, e fizeram abominações diante de mim; portanto, vendo eu isto as tirei dali”.

(Lv 18:22) “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;”.

A epístola de Judas também indica imoralidade sexual como o pecado de Sodoma e Gomorra, e neste caso a palavra “fornicação” está ligada a um ato sexual com “outra carne”, ou seja, contrário à natureza:

(Jd 1:7) “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”.

Finalmente, Romanos dá mais detalhes condenando a prática homossexual tanto de homens com homens, como de mulheres com mulheres:

(Rm 1:24-27) “Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”.

Eu sei que muitos homossexuais odeiam ver comentários assim e os consideram preconceituosos, mas se um homossexual fosse professor de história e algum aluno perguntasse como os israelitas do passado, e os cristãos do início do cristianismo, enxergavam o homossexualismo, eles teriam de recorrer à Bíblia e mostrar o que ela diz.

Mesmo que alguém arrancasse as páginas da Bíblia, isso não seria suficiente para mudar a opinião que Deus tem do homossexualismo. Aliás, arrancar páginas é o que faz o ator Ian McKellen (o mago Gandalf de “O Senhor dos Anéis”), que é gay e revelou esse seu lado censor em entrevista à revista Details:

Details: É verdade que quando você fica em hotéis você arranca a página da Bíblia que condena o homossexualismo?

Ian McKellen: Sim, eu arranco. Não me orgulho de estragar o livro, mas prefiro arrancar aquela página a jogar a Bíblia inteira no lixo. E não fui o primeiro a fazer isso: recebi de um casal de amigos um pacote contendo 40 páginas de Levítico 18:22* que foram arrancadas por eles. Eles as amarraram juntas com um barbante para que eu pudesse pendurá-las no banheiro. [* “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher: abominação é”].

Details: Você pendurou?

Ian McKellen: Sim, estão em meu banheiro, mas é mais por curiosidade do que por ter a intenção de usá-las.

A destruição de Sodoma (de onde vem a palavra “sodomia”) e Gomorra deixa claro o que Deus pensa do assunto, pois a epístola de Judas diz que essas cidades foram postas por exemplo:

(Jd 1:7) “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”.

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Por que Deus matou um homem bem intencionado?

Fico contente que tenha começado a ler a Bíblia e também por expressar suas dúvidas sobre a justiça de Deus. É verdade que quando começamos a ler nos deparamos com algumas passagens que parecem não fazer sentido como as que você citou. E aí começamos a questionar, como você fez:

1. Por que Uzá foi morto se ele só estava tentando ajudar para que a arca não caísse do carro de bois?

2. Por que Deus não o perdoou por sua boa intenção e perdoou e protegeu Caim por seu homicídio, colocando até uma marca nele para que ninguém o matasse?

3. Por que Deus fez de Davi, um adúltero e homicida, um grande rei, ao mesmo tempo em que permitiu a morte do inocente Urias marido daquela com quem Davi adulterou?

A primeira coisa que precisamos entender quando lemos a Bíblia é que nós não temos, como dizem os ingleses, “the big picture”, ou seja, a visão ampla. Deus tem. Então, ao lermos a Bíblia precisamos nos colocar em nosso devido lugar e reconhecer que nada sabemos, mas que Deus enxerga o fim do começo.

(Is 46:9-10) “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.

Portanto ainda que não entendamos alguma coisa, devemos confiar que Deus é justo e misericordioso em todos os seus desígnios, simplesmente pelo fato de ele ser Deus e nós criaturas cheias de imperfeições, inclusive em nosso julgamento dos modos e razões de Deus. Uma criança odeia sua mãe quando é levada para tomar vacina por aquele sofrimento da agulha não fazer qualquer sentido para sua mente infantil. Ela ainda não tem idade para compreender, e nós ainda não temos idade para compreender todas as coisas de Deus. Vamos ao caso de Uzá:

(2 Sm 6:3-7) “E puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aió, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo… E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus”.

O primeiro erro foi terem colocado a arca em um carro de boi. Ela nunca deveria ser carregada assim, mas sim do modo como Deus determinou em Êxodo 37:5, isto é, nos ombros apenas dos levitas (Números 4:15), por meio de varas introduzias nas argolas que havia na arca. Além disso, ela deveria ser coberta para que ninguém olhasse para ela e também ninguém poderia tocá-la (Números 4:5-6).

Mas se os filisteus não tomaram esses cuidados, por que não foram tratados por Deus da mesma maneira? Estas instruções certamente eram dirigidas aos israelitas, apesar de sabemos que os filisteus também sofreram por a terem roubado (veja 1 Samuel 5).

Há coisas que podem não ter efeito algum sobre um incrédulo quando praticadas por ele, mas que têm um grande significado e efeito para um crente em Jesus se este fizer a mesma coisa. Por exemplo, uma mentira na boca de um incrédulo pode não lhe trazer consequências imediatas. Afinal, ele é incrédulo e já está condenado ao lago de fogo, a menos que se converta a Cristo. Porém uma mentira na boca de Ananias e Safira custaram suas vidas (Atos 5). Esta é uma exortação importante principalmente para jovens crentes que costumam alegar que se fulano e sicrano fazem isso e aquilo, por que ele não deve fazer o mesmo?

Deus não trata o incrédulo com o mesmo rigor como trata seus filhos por estes serem filhos e não bastardos. A razão é a mesma de eu não tratar os filhos de meu vizinho com o mesmo rigor com que trato os meus. Os meus são disciplinados por mim, mas os de meu vizinho não estão sob a minha tutela. Leia Hebreus 12 para entender melhor este princípio.

Foram os Filisteus que decidiram que a arca devia ser levada em um carro de boi (1 Samuel 6:7), portanto é bom aprendermos disso que a maneira dos incrédulos lidarem com as coisas de Deus não é necessariamente o modelo que devemos seguir, especialmente quando encontramos instruções claras e específicas como era o caso da arca. Portanto, ainda que o modo dos incrédulos possa não trazer consequências significativas para eles, a coisa fica diferente quando são crentes em Cristo que agem da mesma maneira.

Outra lição que Deus nos ensina desse episódio é que não basta ter boas intenções para agradar a Deus; é preciso saber se as nossas boas intenções encontram respaldo em sua Palavra. Davi tinha boa intenção ao trazer a arca de volta, o povo saiu para aclamar seu retorno e Uzá só estava tentando ajudar para que a arca não caísse. Estes versículos podem ajudar a entender o risco que corremos se seguirmos nossas boas intenções:

(Pv 16:25) “Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte”.

(Pv 21:2) “Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações”.

Portanto, do episódio envolvendo Uzá, podemos apenas fazer conjecturas sobre sua pessoa. Uma é que Deus conhecia o coração de Uzá e suas reais intenções, que talvez não fossem tão puras, enquanto nós só podemos ver seu ato de tentar segurar a arca, que nos pareceu uma boa ação. Neste caso Deus estaria sim tratando com Uzá, além de fazer dele um exemplo para nós aprendermos a não tratar com leviandade as instruções dadas por Deus em sua Palavra. Por exemplo: deveria um cristão ajudar uma instituição espírita que ajuda crianças? A intenção parece ótima, mas, resumidamente, se no espiritismo devo levar uma vida de esforços tentando subir uma escada cujos degraus são espaçados demais para minhas pernas, no cristianismo é Cristo quem me pega lá em baixo e me leva direto para o céu de um só passe. Portanto, a doutrina ensinada no espiritismo é inversa ao cristianismo e o que é pior, invalida o sacrifício feito por Jesus na cruz e ao ajudar tal instituição, estou concordando com seus ensinamentos.

Mas vamos às suas dúvidas. Primeiro é importante entender que o fato de alguém ser morto não significa necessariamente que sua alma se perderá. Todos os seres humanos morrem, a diferença é que alguns morrem com um propósito especial, outros não. Eu particularmente acredito que apenas na glória saberei se Uzá está lá ou não. A princípio penso que sim e que Deus apenas quis usá-lo como exemplo, apesar de ter aplicado nele a disciplina da morte física como fez com Ananias e Safira.

Então na Bíblia você encontrará pessoas que foram mortas por um juízo divino e cujas almas poderão ou não ter sido salvas (em muitos casos é difícil saber), enquanto outras foram mortas com o consentimento de Deus, ou porque cumpriram seu objetivo neste mundo ou por Deus querer usar sua morte como um exemplo para um objetivo (é o caso de Paulo e de outros mártires). Portanto, em alguns casos a pessoa envolvida foi apenas usada como um instrumento de Deus para um objetivo maior, e podia não ser ela necessariamente o foco.

(Rm 15:4) “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

Você já pensou na possibilidade de Uzá ter morrido porque Deus queria alertar você de algo?

(1 Co 10:11) “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”.

Quanto à sua pergunta sobre a razão de Deus não ter condenado Caim e imediatamente ter colocado uma marca nele para que ninguém o matasse, vejo isso como um ato de misericórdia de Deus. Se Deus matasse Caim ele estaria perdido para sempre. Se Deus lhe desse uma chance ele ainda poderia se arrepender e ser salvo. Portanto o melhor seria conservá-lo vivo.

Embora Deus tenha amaldiçoado Caim por seu pecado, não foi da boca de Deus, mas de Caim, que saiu a frase: “É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada” (Gn 4:13). Deus não disse isso. Deus disse que Caim seria errante, mas foi Caim quem decidiu ser algo mais que errante: “Da tua face me esconderei” (Gn 4:13).

E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4:6-7). O Senhor mostrou a saída, mas Caim não resistiu até ao sangue, combatendo contra o pecado (Hb 12: 4).

O caso de Davi é outro em que Deus faz refulgir a Sua misericórdia mesmo que o homem venha a falhar miseravelmente. E Davi tinha ciência de quão pecador e desobediente ele era, mas que por graça e misericórdia Deus fazia aquilo com ele. Devemos nos lembrar de que o rei Davi é apenas uma fraca figura do verdadeiro Davi, Cristo, que virá reinar.

(2 Sm 23:1-5) “E estas são as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel. O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra está na minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um Justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus. E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplendor e pela chuva a erva brota da terra. Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o faz brotar”.

Em outra passagem, David revela que reconhecia seu estado vil, mas também conhecia a misericórdia de Deus, ao dizer ao profeta Gade: “Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu” (2 Sm 24:14). Em um contraste, vemos que Saul tentava, como Caim, agradar a Deus por meio das suas próprias ações, sendo repreendido pelo profeta Samuel: “Tem, por ventura, o Senhor, tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor?” (1 Sm 15:22).

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O pecado de Sodoma foi “falta de hospitalidade”?

Depois de ler meu texto “Quais foram os pecados de Sodoma e Gomorra?” você fez uma busca sobre o assunto na Wikipedia e encontrou uma opinião contrária, dizendo que o pecado de Sodoma e Gomorra foi a falta de hospitalidade aos anjos que visitavam a casa de Ló. Segundo o artigo da Wikipedia, a hospitalidade era algo tão sério na época que Deus destruiu as cidades porque os homens de Sodoma tentaram abusar sexualmente dos hóspedes de Ló.

A Wikipedia pode ser muito útil para sabermos quem descobriu o Brasil e outras informações das diferentes ciências, e eu mesmo a utilizo para descobrir rapidamente informações sobre algum país ou alguma personagem histórica. Mas quando se trata de assuntos sobre a Bíblia, é bom ficar com um pé atrás, porque ela será tão correta quanto os filmes e documentários sobre a Bíblia que são feitos por incrédulos e passam na TV.

A Wikipedia não tem a credibilidade de uma enciclopédia, jornal ou revista (embora estes também possam ser tendenciosos). Na Wikipedia prevalece a informação de quem chegar primeiro ou for mais habilidoso na redação, ou ainda contar com a complacência dos revisores profissionais ou voluntários, que são uma espécie de “vigilantes” daquilo que é publicado, mas nem sempre conseguem vigiar tudo, porque o volume de informação inserida todos os dias é imenso. Enxergue a Wikipedia como um espaço bem democrático.

Por causa disso, qualquer pessoa pode deixar ali a sua versão de um fato, principalmente quando isto envolver opinião ou interpretação de algo, e essa versão ficar ali até alguém contestar com base em argumentos e referências consideradas melhores pelo revisor. Você encontra informações que estão documentadas historicamente, e outras que são meras opiniões. É por isso que hoje há várias ações legais envolvendo pessoas e empresas por informações difamatórias publicadas na Wikipedia em falsas biografias ou em alterações de textos sobre empresas feitas por concorrentes com o objetivo de prejudicar a marca.

No caso de sua dúvida, se o pecado de Sodoma e Gomorra foi a falta de hospitalidade, está mais que evidente que o texto publicado na Wikipedia é a opinião de alguém simpatizante do movimento gay. Uma análise atenta do texto deixa claro que ele não passaria pelo crivo de um editor ou revisor sério. Por quê? Porque nenhuma publicação séria aceitaria expressões como “estudiosos mostram que…”, “há atualmente teólogos e acadêmicos que afirmam…”. Qualquer editor ou revisor iria exigir que o autor do texto apontasse quem são esses “estudiosos” e “teólogos e acadêmicos”. Toda matéria jornalística deve procurar responder às seguintes perguntas: ”O quê?”, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “Como?”, e “Por quê?”.

Além desta dica jornalística de como identificar se um texto é ou não digno de confiança, vou lhe dar outra: quando um texto for opinativo, comece sempre a ler do fim para o começo. Assim você lerá primeiro a conclusão do autor sem antes ser contaminado por seus pensamentos, e depois poderá analisar se os argumentos para chegar àquela conclusão foram tendenciosos. Artigos tendenciosos são como seitas religiosas que não contam a história toda no início, mas falam apenas das vantagens e, pouco a pouco, vão introduzindo suas doutrinas cada vez mais escabrosas. Essa técnica evita que o noviço fuja se descobrir de cara qual é seu verdadeiro intento.

No fim do artigo (ou da seção dedicada a Sodoma e Gomorra) o autor conclui: “Portanto, não se pode afirmar que exista qualquer indício real e direto, de que o comportamento homossexual é condenado por Deus nas escrituras bíblicas”. Percebeu o que eu quis dizer?

Certamente o autor do texto não conhece a Bíblia toda, ou se conhece, simplesmente fechou os olhos para todas as passagens que condenam a prática homossexual, a saber, Levítico 18:22, 20:13; Romanos 1:26-27 e 1 Coríntios 6:9, sem contar o relato de Sodoma e Gomorra e a referência em Judas 1:7.

Outro argumento usado pelos adeptos da teoria da falta de hospitalidade de Sodoma e Gomorra é a passagem em Lucas 10, quando Jesus envia seus discípulos e diz que no dia do juízo haverá menor rigor contra Sodoma do que contra a cidade que porventura deixar de ser hospitaleira com seus discípulos:

(Lc 10:9-12) “Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade”.

Porém o assunto desta passagem é a missão que os discípulos tinham de pregar o reino de Deus, e não de simplesmente se hospedarem nas cidades. Fica claro alguns versículos adiante que a rejeição de que Jesus falava era do ensino e da pregação:

(Lc 10:16) “Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.

Ou seja, se nos tempos do Antigo Testamento o pecado de Sodoma era considerado uma abominação, mas agora que Jesus tinha vindo ao mundo seria um pecado ainda maior não receber o seu testemunho, fosse este diretamente de sua boca ou da boca de seus discípulos. E o próprio Jesus endossou o que Moisés escreveu condenando a prática homossexual em Levítico 18:22 quando disse:

(Jo 5:45-47) “Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?”.

Depois disso o autor ainda tenta apontar supostas relações homossexuais na Bíblia entre Rute e Noemi, David e Jônatas, e Daniel e Aspenaz.

Eu particularmente não compreendo todo esse esforço da comunidade gay em torcer o significado bíblico para fazê-lo concordar com seus pensamentos. Seria mais simples rejeitarem totalmente a Bíblia e seguirem vivendo do jeito que acharem melhor. Eu não concordo com o que dizem os livros publicados por simpatizantes da prática homossexual, mas não perco meu tempo tentando distorcer esses escritos na tentativa de fazê-los concordar com o que eu penso. Eu simplesmente não faço parte dessa comunidade, então por que me incomodaria em perturbá-los com minhas ideias? Considero igualmente errados os que se dizem cristãos e vivem perseguindo homossexuais ou invadindo seus sites e blogs para deixar comentários agressivos. Se existem cristãos que se sentem incomodados com esses sites, então que parem de frequentá-los.

Os cristãos não deveriam se intrometer nos assuntos da comunidade gay, e os que apoiam práticas homossexuais não deveriam se intrometer nos assuntos daqueles que creem na Bíblia como a Palavra de Deus. Quem não concordar com o que a Bíblia diz que pare de ler suas páginas, ou de arrancá-las (como costuma fazer o ator Ian McKellen, conforme revelou em sua entrevista). De vez em quando recebo e-mails mal educados de gays e não entendo a razão. Se eles querem viver assim, não tenho nada a ver com isso, como eles não têm nada a ver com minha crença na Bíblia.

Aliás, o cristão seria mais feliz se não se intrometesse nos assuntos deste mundo, como sua política, tentando fazer as leis se alinharem com o ensino das Escrituras. Jesus deixou bem claro que aqueles que foram salvos por ele estão neste mundo, mas não são deste mundo. Este mundo seguirá adiante, como diz o ditado, “do jeito que o diabo gosta”, pois o mundo simplesmente rejeitou a Cristo e adotou o diabo como seu príncipe. Se o governo aprova ou não o casamento gay, isso é um problema dos governantes, e não do cristão, cuja cidadania é celestial.

(Fp 3:20) ”A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (NVI).

(Jo 14:30) “Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim;”.

(Jo 17:9) “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”.

Recebo muitos e-mails de pessoas fazendo perguntas sobre o que a Bíblia diz a respeito do homossexualismo, e a estes respondo com o maior respeito e atenção à pessoa, seja ela homossexual ou não, apontando o que encontro na Palavra de Deus e explicando a razão da minha fé. Não é a minha opinião que importa, mas o que diz a Bíblia, isto para aqueles que querem saber. Mas não vou sair por aí fazendo do “anti-homossexualismo” uma bandeira, porque de nada adianta alguém deixar a prática e não crer na salvação que Jesus oferece.

O evangelho que deve ser pregado é o da salvação pela fé em Cristo e em sua obra na cruz, e não um evangelho de mudança de hábitos, como alguns pregam. O lago de fogo terá multidões, tanto de pessoas que praticaram todas as coisas que a Bíblia condena, como de pessoas que nunca fizeram mal a uma mosca. Somos pecadores não por praticarmos isso ou aquilo, mas porque nascemos assim. Precisamos nascer de novo, receber de Deus uma nova natureza pela fé em Jesus e em sua obra na cruz. Os pecados que praticamos são apenas uma prova de que somos pecadores, mas não são eles que nos tornam pecadores, assim como uma árvore não se torna um limoeiro por dar limões, mas ela dá limões por ser um limoeiro.

Costumo dizer que posso perfeitamente discordar da prática homossexual sem deixar de amar e respeitar a pessoa envolvida nessa prática, como posso detestar o cigarro e amar e respeitar a pessoa que fuma. Infelizmente nem todos, sejam eles gays ou cristãos professos, sabem separar a pessoa da prática, daí os casos de violência contra os seres humanos. Devemos nos lembrar de que o Senhor Jesus sempre amou o pecador, independente do pecado em que estivesse envolvido, e suas palavras mais ásperas eram reservadas, não às prostitutas ou aos publicanos (os traidores corruptos de seu tempo), mas aos sacerdotes, escribas e anciãos, aos homens religiosos que se consideravam mais puros que os outros.

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Devo dividir meus bens com o Bispo Primaz?

Você conta de uma igreja que frequentou, na qual o “Bispo Primaz” exigia que os membros da congregação repartissem com ele todos os bens que possuíssem, baseando-se na passagem de Gálatas 6:6. Pelo que entendi, o sujeito não se contenta com um dízimo de 10% (uma instituição dada a Israel e erroneamente adotada por alguns cristãos), e quer logo 50%. Sua dúvida é se seria mesmo preciso alguém vender tudo o que adquiriu ao longo da vida para repartir com o tal “Bispo Primaz” ou alguém que o instrui na Palavra.

A passagem em Gálatas 6:6 não é no sentido de dividir ao meio o que você possui e dar metade para quem lhe instrui na Palavra de Deus. O sentido da palavra é “compartilhar” do que você tem, não de dividir como se faz com uma herança entre filhos. É evidente que aquele que é instruído deve ajudar materialmente aquele que o instrui, mas isso não significa inclui-lo em sua lista de herdeiros, mesmo porque somos instruídos não apenas por uma pessoa, mas por muitas. Quando tiver uma dúvida assim compare diferentes traduções para ficar esclarecido:

(Almeida Corrigida Fiel) “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui”.

(Almeida Revista e Atualizada) “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui”.

(Nova Versão Internacional) “O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com quem o instrui”.

Somente um lobo de rapina poderia cobrar de outros que dividissem seus bens com ele da forma como você falou que esse “Bispo Primaz” está fazendo. E mesmo que a Palavra de Deus ordenasse explicitamente que é para você dar metade de todos os seus bens para alguém específico, esta seria uma ordem dada àquele que dá, e não ao que recebe. Em nenhum lugar existe a ordem para alguém cobrar de outro para que lhe dê algo. É como a ordem que Deus dá para amarmos as pessoas: devemos amar o próximo, mas em nenhum lugar diz que o próximo deva pedir esse amor.

A única coisa que um cara que se autodenomina “Bispo Primaz” deveria receber seria umas boas palmadas, mas isso o Senhor irá fazer no seu devido tempo. Quem esse clérigo pensa que é? Cristo?! Só existe um que tem a primazia (de onde vem a palavra “primaz”) e esse é Cristo.

Veja quem é que a Palavra diz que deve ter a primazia e o caráter do homem que queria tal posição:

(Jo 1:15) “João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim”.

(Jo 1:30) “É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim”.

(Cl 1:18) “Ele [Jesus] é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,”.

(3 Jo 1:9-10) “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado [ou primazia], não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja”.

Se você conheceu um “Bispo Primaz”, e principalmente alguém que cobra de outros com ganas de predador, então é melhor ficar esperto, porque você está diante de um Diótrefes.

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Judas foi salvo?

É difícil para qualquer um dizer quem foi salvo e quem não foi salvo. Eu particularmente acredito que Judas não foi salvo, pois ele era claramente o filho da perdição. O arrependimento dele foi igual ao de Caim e é como o arrependimento do bandido que é preso ou do beberrão numa ressaca. Não é um arrependimento causado pela consciência do ato, mas das consequências.

Se o bandido não fosse preso e se tudo desse certo para ele, não teria se arrependido. O bandido não se arrepende do crime, mas do crime ter dado errado. Ele se arrepende das consequências de seu crime, não do crime em si. O beberrão não se arrepende de ter bebido demais, mas porque o exagero na bebida causou ressaca. Quando esta passar ele estará pronto para voltar a beber.

Por alguma razão as coisas não deram como Judas planejou e seu desapontamento o levou ao desespero. Em Mateus diz que ele se “arrepende” depois de ver que Jesus foi condenado, portanto podemos imaginar que Judas achou que a história teria outro desfecho e que ele sairia com o dinheiro e continuaria amigo de Jesus.

(Mt 27:3) “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos,”.

Em Atos diz que ele foi para o “seu próprio lugar”, e como ele é chamado de “filho da perdição” posso supor que Judas tenha sido condenado ao hades e será lançado no lago de fogo no dia do juízo.

(Jo 17:12) “Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse”.

O versículo em 2 Coríntios 7 mostra que existe um arrependimento que é segundo Deus e que existe uma tristeza que é segundo o mundo e que leva à morte. Acredito que esta seja a grande diferença do arrependimento, por exemplo, de Pedro, que foi segundo Deus (afinal, ele negou o Senhor), e o remorso de Judas, que teve sua honra manchada, seu orgulho ferido pela recusa dos sacerdotes de aceitarem de volta o dinheiro e sua reputação destruída aos olhos de todos. Judas suicidou-se de vergonha por causa do mal que seu ato causou, não a Jesus, mas a si mesmo.

(2 Co 7:10) “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”.

Mesmo assim, não é Judas quem deveria ser considerado o maior vilão da história, e sim os sacerdotes. Judas foi um peão no tabuleiro onde havia peças mais importantes agindo, as quais não sentiram sequer o remorso que Judas sentiu. Foram pessoas tão iníquas que certamente ocuparão um lugar pior que o de Judas na condenação. Quando Judas tentou devolver as moedas a esses mesmos homens, vemos que eles não tinham um pingo de consciência de sua responsabilidade no caso:

(Mt 27:3-4) “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo”.

Os príncipes e anciãos dos judeus, bem como todo o povo que os seguiam, estavam tão seguros de que Deus jamais os alcançaria, que lavraram sua própria sentença:

(Mt 27:25) “E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”.

É por isso que, em seu julgamento, Jesus mostra que nem mesmo Pilatos tinha uma responsabilidade tão grande quanto à do clero e dos judeus:

(Jo 19:11) “Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem”.

Esta passagem mostra que existem graus de culpabilidade, pois os judeus, representados pelo sumo-sacerdote, eram mais culpados que Pilatos por conhecerem que o Messias viria e teria as mesmas credenciais apresentadas por Jesus ao longo de seu ministério. Numa escala crescente de culpa eu colocaria em último Pilatos, depois o povo, depois Judas e no topo da pirâmide os sacerdotes e anciãos encabeçados pelo sumo-sacerdote.

O Salmo abaixo mostra o que se passa no coração dos ímpios, o mesmo que deve ter passado no coração daqueles sacerdotes e também de Judas:

(Sl 10:6-11) “Diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na adversidade. [O ímpio só considera que será abalado se as coisas saírem erradas]. A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia [ele é tão confiante em sua capacidade de enganar que acaba enganando a si próprio]; debaixo da sua língua há malícia e maldade. Põe-se de emboscada nas aldeias; nos lugares ocultos mata o inocente; os seus olhos estão ocultamente fixos sobre o pobre [perceba que eles ocultam seu intento de prejudicar os mais fracos]. Arma ciladas no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas para roubar o pobre; rouba-o, prendendo-o na sua rede. Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes garras. Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu o seu rosto, e nunca isto verá”.

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O Brasil aparece em Isaías 42?

Sua dúvida é se a liberdade que temos para adorar a Deus no Brasil tem algo a ver com a passagem de Isaías 42, onde o profeta fala de alguns privilégios dados às “ilhas”, em especial o versículo 12: “Deem a glória ao Senhor, e anunciem o seu louvor nas ilhas”.

Como não existem ilhas na costa da Palestina, o termo é usado para terras distantes, portanto o termo “ilhas” pode sim incluir as Américas. Mas esta passagem não fala do tempo atual e nem do Brasil de nossa época, embora os benefícios da obra de Cristo possam hoje ser desfrutados por aqueles distantes de Israel que creem nele.

É preciso entender que a profecia não é para a igreja, mas para Israel, e ela parou com a morte e ressurreição de Cristo, devendo ser retomada após o arrebatamento. Não existe nada nas profecias do Antigo Testamento referente à época da igreja, pois esta era um mistério ou segredo para os profetas. Mas após o arrebatamento o relógio profético volta a funcionar e aí as terras privilegiadas pela pregação do evangelho serão as mais ferrenhas opositoras à verdade.

(2 Ts 2:11-12) “E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade”.

O Brasil talvez esteja inserido nas profecias referentes ao Império Romano, pois as Américas são extensões desse império (aqui somos uma extensão de Portugal, os países latinos são da Espanha e os EUA e Canadá da Inglaterra e França).

Se assim for, as Américas sofrerão o mesmo destino da Europa durante o milênio, ou seja, serão terras completamente arrasadas onde não habitará ninguém (só animais), porque tiveram a oportunidade de conhecer o evangelho e voltaram as costas para Cristo. São as terras onde a apostasia irá se instalar e a perseguição ao remanescente judeu fiel que se converterá na tribulação será mais acirrada.

Bruce Anstey, em seu livro “Acontecimentos Proféticos”, faz este comentário:

Nas nações ocidentais as pessoas serão tão raras quanto ouro. Isto será por causa da morte decorrente das catástrofes, doenças e guerras. Mas principalmente porque os anjos de Deus passarão por essas terras tirando delas os ímpios (vivos) e lançando-os no lago de fogo (a Colheita). A população diminuirá ainda mais (depois que os anjos passarem por essas terras) porque muitos dos que sobrarem irão retornar às suas pátrias de origem. Isaías 13:12, 14:23, 24:6; Jeremias 50:3, 39, 51:2; Apocalipse 6:3-8; Mateus 13:41-42, 24:36-41.

As grandes cidades da Europa e América ficarão praticamente desabitadas durante o Milênio, depois que os anjos passarem por elas fazendo a colheita e separando os ímpios dos justos. As feras do campo rugirão nas casas e edifícios das cidades desoladas. Isaías 13:19-22; Jeremias 50:3, 39-40, 51:26, 29, 43”.

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Você beberia água com cólera?

A pergunta do leitor não foi esta, mas sim a pergunta que eu fiz a ele e faria a todo aquele que gosta de buscar em meio ao que é falso algo que seja verdadeiro. Na verdade o leitor insistia para que eu lesse um texto que enviou e que, depois de ver sua origem e autoria, eu respondi que não leria.

Todo cristão deveria aprender a evitar o mal e a não tentar encontrar algum bem nele. Apesar de vinagre ser feito de vinho, não preciso beber um litro de vinagre para tentar encontrar nele um gole do vinho original. Basta eu ler o rótulo para saber que, ainda que exista vinho nele, aquilo não é bebida.

Um princípio importante encontrado na Bíblia é o da contaminação e separação do mal, porque o mal contamina, independente do volume. Você deve estar lembrada da parábola em que uma mulher introduz um pouco de fermento na massa e ela cresce (Mt 13:33). Na Bíblia o fermento é sempre figura de pecado ou má doutrina (Mt 16:11; 1 Co 5:6), portanto a parábola nos fala do crescimento rápido e vigoroso do reino depois da entrada nele de má doutrina introduzida por quem não deveria ensinar (1 Tm 2:12). Paulo, em 1 Coríntios 5 completa a ideia dizendo que um pouco de fermento leveda ou contamina toda a massa. (Aqueles que usam a parábola da massa como figura do crescimento do evangelho no mundo nunca se deram conta de que fermento é figura de pecado desde o Antigo Testamento).

Portanto, o princípio da separação do mal, para evitar a contaminação, funciona assim:

Imagine dois recipientes de água, um com água limpa e pura, e outro com água contaminada com cólera. Se você pingar uma minúscula gota da água contaminada com cólera no recipiente de água limpa, esta ficará contaminada? Sim.

Se colocar 99% da água limpa no recipiente que tem a água contaminada, esta ficará limpa? Não, ela continuará contaminada e quem beber poderá morrer de cólera. A água contaminada irá contaminar a limpa, mas a limpa não será capaz de purificar a contaminada.

Na Bíblia isto está claramente mostrado nesta passagem:

(Ag 2:10-13) “Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não. E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda”.

É por esta razão que não devemos dialogar com a prostituição; devemos fugir da prostituição como fez José com a mulher de Potifar (1 Co 6:18; Gn 39:12). Devemos não só odiar a carne, mas até a roupa manchada da carne (Jd 1:23). Não devemos apenas evitar o mal, mas até a aparência de mal (1 Ts 5:22). Portanto, ainda que algo não seja diretamente ou completamente maligno, se existe algum mal nisso corremos o risco de sermos contaminados.

É por isso que não aceito convites para visitar templos ou cultos nas denominações. Por mais verdades que possam existir ali, o princípio sobre o qual estão congregados é errado. Esta semana recebi de presente um e-book e respondi ao que enviou que não pretendo ler, pois sei quem é o autor e que este nega que Jesus seja Deus eterno. Assim como você, ele queria que eu apenas desfrutasse do que havia de bom no livro.

É por isso que também não vou ler o texto que me enviou, apesar de sua insistência para que eu assinale nele o que está errado. O mal contamina e por conhecer a origem do texto que me enviou, não me acho esperto o suficiente para mergulhar em suas águas contaminadas e sair ileso dali. Além disso, se eu fosse fazer o mesmo com tudo o que me enviam, não teria mais tempo para ler a Palavra e me ocupar com a sã doutrina. Porque sempre recebo textos repletos de má doutrina. Por que eu perderia meu tempo com o mal se posso me dedicar ao bem? Por que eu gastaria energia filtrando água contaminada, se posso beber água pura?

Como já disse no outro e-mail, o texto que me enviou foi publicado em um site cujos autores mentem ao dizerem que não têm denominação, pois são missionários de uma denominação com sede nos Estados Unidos. Dentre os muitos erros que esse grupo ensina, estão a ideia de que o ser humano não nasce pecador (mas fica pecador depois que peca) e a salvação pelo batismo.

Você está me pedindo para eu beber a água com cólera e cuspir os vibriões. Como vou ter certeza de que não ficou algum preso entre os dentes? Lembre-se de que Eva apenas conversou com Satanás. Que mal havia em conversar com a serpente? Todo o mal possível e imaginável.

(2 Tm 2:19) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”.

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Como Satanás conseguiu impedir Paulo?

Você pergunta como em 1 Tessalonicenses 2 Satanás foi capaz de impedir que Paulo fosse visitar os irmãos. Sua pergunta é importante, pois há diferentes situações e níveis de oposição quando o assunto é a vida do crente e a obra do Senhor. Mas primeiro vamos observar outra situação onde não é Satanás, mas o Espírito Santo que, por duas vezes, impede o trabalho de seus servos, antes de dar ao apóstolo Paulo e seus companheiros uma visão clara da vontade do Senhor:

(At 16:6-10) “E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade. E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos. E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o evangelho”.

Alguns versículos nos ajudam a entender como Deus age:

(Pv 16:9) “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor a resposta da língua. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito. Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos. O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”.

O crente não precisa ficar sentado esperando aparecer escrito no céu o que ele deve fazer. Ele pode sim fazer planos, mas sabendo que necessita da direção e da resposta do Senhor para colocá-los em prática. Paulo e os outros estavam de viagem e tinham traçado um roteiro, porém o Senhor fechou algumas portas antes que abrisse aquela que era da vontade dele, pois Deus vê o fim do começo.

Alguém que não estivesse submisso à vontade do Senhor e sem uma comunhão estreita com ele ao ponto de discernir sua mão a dirigir tudo poderia dizer: “Ora, que mal há em anunciar a Palavra na Ásia? Acaso o Senhor não nos disse para irmos por todo o mundo pregando? E qual o problema de pregar na Bitínia? Eles precisam do evangelho tanto quanto qualquer outro! Vamos sim para a Ásia e para a Bitínia, custe o que custar!” Mas Paulo e os que estavam com ele tinham comunhão suficiente com o Senhor para discernirem quando Deus tinha fechado uma porta a fim de abrir outra. E o trabalho na Macedônia e seus frutos certamente viriam a confirmar isso.

(Sl 32:8-9) “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti”.

A comunhão do crente com o Senhor deve ser ao ponto em que é a comunhão de um filho com o seu pai ou sua mãe. Muitos de nós tivemos a experiência de recebermos um mero olhar de nossos pais em algum lugar ou circunstância para sabermos exatamente o que fazer ou o que não fazer. Não foi preciso dizer nada. Bastou um olhar. Obviamente os que não são da família não entendem esse olhar, e assim é comum ocorrer essa comunicação secreta entre pais e filhos em ambientes onde existem outras pessoas sem que elas percebam.

A Lei foi dada para o homem na carne, pois a carne é que precisa de freio e cabresto como o cavalo e a mula. Mas o crente tem hoje o Espírito Santo habitando em si para dirigi-lo com o olhar de Deus. Obviamente o Espírito nunca irá se contradizer, ordenando que o crente faça algo contrário ao que ele determinou em sua Palavra, mas não é por regras que o crente anda, mas pelo Espírito.

(Sl 127:1) “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”.

(Pv 21:31) “Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do Senhor vem a vitória”.

Estes dois versículos são uma exortação contra a inércia de alguns que acham que as coisas acontecem simplesmente sem qualquer comunhão do crente com o Senhor ou preparação nas coisas práticas. É o Senhor quem edifica a casa, mas os trabalhadores hábeis estão lá para assentar os tijolos. É o Senhor quem guarda a cidade, mas há sentinelas treinados e de prontidão para agirem. É o Senhor quem dá a vitória, mas o cavalo não vai para a batalha sem estar previamente treinado e preparado.

Assim é também em muitas áreas na vida do crente. Recebo muitos e-mails de pessoas que querem escrever um livro, e sempre pergunto: Você gosta de ler livros? A maioria diz que não e nem se lembra de qual foi o último livro que leu. Quem não gosta de ler não está preparado para escrever, por isso antes de querer escrever é preciso ler bastante, aprender redação, treinar, etc. Isso também vale para as coisas de Deus. De nada adianta alguém querer ir pregar o evangelho em um país estrangeiro se não estiver disposto a aprender uma língua estrangeira ou ao menos estar preparado para levar um intérprete.

Portanto, não basta querer, e também não basta o preparo; é preciso comunhão com Deus. Mas o querer pode às vezes não vir de Deus, mas da própria carne, como poderia ter sido o plano inicial de Paulo e dos outros, para o Espírito Santo os ter impedido de pregar em determinados lugares. Felizmente vemos que eles tinham comunhão suficiente para perceber isso e mudar de rota. Por isso não devemos depender do Senhor apenas para a realização de nosso querer, mas até para o próprio querer. Como saber? Às vezes é simples. Outro dia recebi um e-mail de alguém que queria saber o que fazer para se tornar um pregador famoso. Obviamente seu querer não vinha de Deus, mas da carne. Ele não estava interessado na glória de Deus mas na sua própria glória.

(Fp 2:13) “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.

Portanto vimos que o Espírito Santo pode sim impedir a pregação do evangelho, independente de termos boas intenções, porque ele está enxergando o que nós não enxergamos. No contexto da passagem que você citou, antes de falar do impedimento causado por Satanás, há o impedimento dos incrédulos, que procuram barrar a obra do evangelho:

(1 Ts 2:14-20) “Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, Os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim. Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por um momento de tempo, de vista, mas não do coração, tanto mais procuramos com grande desejo ver o vosso rosto; Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu”.

Aparentemente os irmãos gregos estavam sofrendo de seus conterrâneos a mesma perseguição que os irmãos judeus sofriam daqueles de sua pátria, os quais também colocavam empecilhos a fim de impedir Paulo e outros de pregarem o evangelho aos gentios. Enquanto isso, Paulo era impedido por Satanás de visitar os santos em Tessalônica. Por quê?

A passagem não nos diz como Satanás causou esse impedimento, mas há diversas maneiras disso acontecer: pode ser por intermédio de circunstâncias que não dependiam de Paulo (por exemplo, ocorreu uma inundação, um vulcão entrou em erupção, etc.) ou de pessoas, sejam elas inimigas de Deus ou mesmo irmãos em Cristo. Quando Pedro advertiu o Senhor de que nada aconteceria a ele, após ouvir que ele seria morto, o Senhor precisou deixar claro que por detrás daquele pensamento de aparentes boas intenções estava o diabo soprando no ouvido de Pedro (Mc 8:33).

Há também em Neemias 6 um episódio em que os inimigos de Deus se fazem passar por amigos para atrapalhar a obra, mas Neemias não cai na conversa deles. É preciso discernimento para o cristão nunca aceitar ajuda externa para a obra de Deus, seja ela benefícios ou dinheiro. Abraão não quis nem uma correia da sandália do rei de Sodoma e João menciona aqueles que saíram na obra de Deus sem levar nada dos gentios. Aquilo que a princípio pode parecer um empurrão na obra do evangelho, irá mais tarde se revelar como “jugo desigual” (2 Co 6:14) e deixar o crente amarrado ao incrédulo e devendo favores a ele. Esta é mais uma das muitas formas da obra do evangelho ser impedida, além do impedimento direto do Espírito Santo, de homens vis ou do próprio Satanás.

É triste vermos hoje que a cristandade sucumbiu a esse espírito de ganância. É comum as chamadas “igrejas evangélicas” aceitarem contribuições de incrédulos, terrenos de prefeituras, favores de políticos, etc. A contrapartida é dar espaço a incrédulos em suas reuniões, o que é tão grave quanto entregar o microfone para um demônio pregar. Esse costume de fornicar com reis e príncipes é antigo e vem do romanismo. Recentemente mais um escândalo atingiu a igreja católica romana quando foi descoberto que a família de um criminoso mafioso pagou mais de um milhão de dólares para sepultá-lo dentro de uma basílica, ao lado de papas e cardeais. Cabe lembrar o que Deus diz da Babilônia, a mesma cristandade (a profissão exterior do cristianismo) que devia dar o testemunho de uma noiva pura, mas se transformou em prostituta:

(Ap 18:2-3) “E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias”. (Leia todo o capítulo 18 para ver como ela se assemelha à atual cristandade com seus vínculos com o mundo em volúpia por riqueza e poder).

Quando estamos em comunhão com Deus, podemos ter certeza de que não faltarão meios e recursos, e de que nada poderá obstruir a obra de Deus. No final todas as coisas cooperarão para a glória de Deus. Acredito que assim foi especificamente neste caso de 1 Tessalonicenses 2, quando Paulo foi impedido por Satanás de visitar os Tessalonicenses. Qual o resultado desse impedimento? Impedido de viajar e ir pessoalmente, Paulo foi obrigado a escrever esta carta aos Tessalonicenses, a qual se transformou em um benefício infinitamente maior do que sua visita pessoal. Milhões de crentes em todo o mundo têm sido beneficiados por esta epístola nos últimos dois mil anos, a mesma epístola que foi escrita para compensar a impossibilidade de Paulo ir até lá dizer estas coisas a eles pessoalmente. Portanto, como diz o ditado, ainda que Satanás tenha rido primeiro, quem riu por último riu melhor.

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O que veio primeiro: monoteísmo ou politeísmo?

Quando você assiste um documentário na TV mostrando como eram os nossos antepassados, via de regra seus autores deixam Deus completamente de fora. São consideradas apenas as poucas evidências desenterradas das rochas e sobre elas construídas as hipóteses. Mas nada é buscado na revelação de Deus dada em sua Palavra. O resultado é uma meia verdade.

Por isso a conclusão desses estudiosos é que o homem inventou seus diversos deuses, sendo politeísta desde o princípio. O monoteísmo teria surgido como uma espécie de acidente de percurso, já que foram poucos os povos que o adotaram. Além dos hebreus, há evidências de períodos monoteístas no Egito antigo e entre os Incas, e mesmo entre os gregos havia um “Deus Desconhecido” que estaria acima de todos os deuses de seu Olimpo.

A primeira vez que a adoração a ídolos aparece na Bíblia é em Gênesis 31:19, portanto o costume politeísta já existia antes disso. Eu considero que o embrião do politeísmo tenha sido lançado no jardim do Éden, quando Satanás prometeu à mulher:

(Gn 3:5) “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”.

A promessa equivalia dizer que seres humanos podiam ser como Deus. Evidentemente Adão e Eva logo se deram conta de que eles não estavam com a bola toda que a serpente havia prometido, pois se viram nus, fracos e medrosos, se escondendo do verdadeiro e único Deus. Mas certamente a promessa do diabo ficou ressoando em suas mentes e o próximo passo no caminho rumo à idolatria seria identificar quem seriam esses seres humanos com poderes divinos.

Na sequência os melhores candidatos são os homens poderosos ou gigantes que aparecem em Gênesis 6, prováveis filhos do cruzamento de anjos e mulheres. Talvez esteja neles a origem das lendas de semideuses que encontramos em várias culturas. Mas antes do dilúvio a Bíblia não fala em idolatria, portanto parece não ter existido um culto instituído a deuses alternativos. Com a longevidade dos homens da época, a consciência da existência do Deus único ainda estava fresca na memória de muitos que escutaram pessoalmente de Adão ou mesmo de Caim histórias de primeira mão de como tinha sido a vida no Éden ou de como Deus tratou pessoalmente com Caim por causa de seu homicídio.

O mais provável é que a geração seguinte ao dilúvio tenha criado seus próprios deuses. Talvez a passagem em Romanos revele a ordem como as coisas aconteceram: Primeiro o Deus único e verdadeiro:

(Rm 1:19-20) “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”.

Em seguida os homens passaram a confiar mais em seus raciocínios do que na revelação divina, achando-se sábios aos seus próprios olhos (exatamente como a humanidade atual) e adotando seu primeiro ídolo: o próprio homem:

(Rm 1:21-23ª) “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível”.

Finalmente passaram a adotar outros seres vivos, numa ordem do céu para a terra:

(Rm 1:23b) “…e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”.

Se a teoria de que a Torre de Babel (Gn 10 e 11) seria, não uma torre para alcançar fisicamente o céu (os homens não eram tão idiotas assim), mas um observatório astronômico-astrológico, em meio a essa idolatria de coisas vivas pode ter se desenvolvido também um politeísmo envolvendo os astros, já que o próprio Deus os havia dado no princípio como governantes do dia, da noite e das estações, e os homens também se orientavam por intermédio deles (Gn 1:14-18).

Resumindo: Meu entendimento é que primeiro o homem foi monoteísta (e nem podia ser diferente, pois Adão e Eva conversavam com Deus), então passou a venerar outros homens, o firmamento, as aves, os quadrúpedes e os répteis, chegando aos dias atuais, quando os ídolos do homem moderno incluem artistas, aparência física e automóveis. Até do ponto de vista racional, o monoteísmo teria nascido primeiro, pois qualquer povo politeísta teria começado sua idolatria a partir de um deus para depois acrescentar outros.

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Onde encontrar uma igreja bíblica?

Você escreveu dizendo que se desligou da denominação onde congregava porque tentou e não conseguiu mudar aquilo que considera como práticas erradas, dentre elas, o pastor adotar a Bíblia na Linguagem de Hoje, cobrar dízimos em envelope e a denominação ordenar mulheres pastoras. Por isso busca pelo que chamou de “uma igreja bíblica” e perguntou se existe um grupo de “igreja nas casas” em sua cidade.

Você perguntou se eu congrego nas “igrejas nas casas”. Já ouvi falar desse movimento de “igrejas nas casas” mas não tenho qualquer ligação com ele. Há muitos grupos assim e alguns são até mesmo patrocinados por alguma denominação ou adotam o mesmo sistema denominacional e clerical, mudando apenas o local das reuniões.

Quando buscamos a coisa errada pelos motivos errados corremos o risco de acabar no lugar errado. Quero dizer que não acredito que seja correto procurar uma “igreja bíblica”, pois isto acabaria levando você a algum grupo ou lugar que o seu atual entendimento da Bíblia poderia considerar correto em suas práticas. Se pintarmos listras em um asno ele não se transforma em zebra. Um grupo de cristãos que adote práticas biblicamente corretas não tem a garantia de ser o lugar que o Senhor determinou para estar no meio se não estiver congregado no terreno correto.

Vou tentar explicar. Não foi em uma “igreja bíblica” que o Senhor prometeu que estaria, mas onde dois ou três estivessem congregados em (ou ao) seu nome. (Mt 18:20) “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Por “nome” entenda não apenas o nome de Jesus, mas o lugar onde sua autoridade é reconhecida como suprema. Se ler atentamente a passagem onde ele diz isso verá que o contexto é o de julgar e tomar decisões, “ligar” e “desligar”.

Talvez seu comentário seria mais certeiro se dissesse “não consegui encontrar nenhum lugar onde o Senhor colocou o seu nome”, ou “não consegui encontrar nenhum lugar onde a única autoridade seja o Senhor”, ou “não consegui encontrar nenhum lugar onde é o Espírito, e não o homem, quem reúne”, ou “não consegui encontrar nenhum lugar governado pela Palavra, e não por algum dogma ou estatuto”, etc. Assim ficaria mais fácil descobrir onde não é o lugar, se identificar as pessoas por outro nome, existir um clero que determina o que deve ser, as reuniões forem dirigidas por homens (geralmente um só), existir um estatuto dizendo em que as pessoas creem…

Quando o Senhor disse aos discípulos que preparassem a ceia, a pergunta deles foi: “E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?”.

Portanto esta é a primeira coisa que você deve fazer: perguntar ao Senhor o “onde” (tenho certeza de que você já deve ter feito isto). Mas é importante entender a resposta que o Senhor dá a eles, e nela está o segredo do lugar.

Primeiro, foi a ele que eles perguntaram, e não a algum líder ou tradição religiosa. Segundo, foi a Palavra do Senhor que os instruiu aonde ir, mesmo que no princípio eles não entendessem o que ele estava dizendo. Sim, provavelmente aquelas instruções não faziam muito sentido pois começavam dizendo para seguirem um homem carregando um cântaro de água e homens não carregavam cântaros na época. Aquilo era tarefa das mulheres. Vamos ver a passagem inteira:

(Lc 22:8-14) “Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos”.

A passagem é cheia de instrução. É na cidade, e não no campo, que eles encontrariam esse homem carregando o cântaro. O cristianismo não é uma fé rural, mas cosmopolita. Os movimentos cristãos que povoaram os Estados Unidos levaram consigo ideias utópicas de uma separação física e geográfica do mundo criando uma espécie de fé ruralista, levada ao extremo por comunidades como os Amish. Foi nas cidades do primeiro século que o cristianismo se estabeleceu, e foi na cidade (aqui Jerusalém) que os discípulos encontraram e seguiram o homem com o cântaro de água.

Quando ficamos sabendo por Efésios 5:26 que a água é uma figura da Palavra de Deus fica fácil perceber que esse homem pode muito bem representar aquele que aplica a Palavra às consciências, ou seja, o Espírito Santo. Se eles fossem dirigidos pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus seriam capazes de encontrar o lugar onde o Senhor se colocaria no meio deles.

Quando chegassem na casa indicada após seguirem o homem com o cântaro, não seria no primeiro piso, o térreo, que eles encontrariam o lugar, mas no cenáculo, ou seja, no andar superior. O lugar onde Jesus se colocaria no meio deles não estaria ao rés do chão, no mesmo nível das coisas deste mundo, de suas políticas, instituições e maneiras dos homens, mas acima de tudo isso.

Ao chegarem à casa eles não deveriam escolher eles mesmos o aposento, ou perguntar pelo lugar onde se sentiriam melhor, algo muito comum hoje entre os que dizem “procurem a igreja que mais lhe agrade, onde Cristo é honrado e a Palavra pregada”. Se eles procurassem pelo lugar do agrado deles naquela grande Jerusalém, teriam esperado em vão pela presença do Senhor. E eles não iriam ali apenas pelo prazer de estarem juntos numa confraternização, mas para estarem com o Senhor, e ele no meio. Não haveria lugar para Pedro, João ou outro discípulo tomar a direção da reunião e ninguém estaria ali por causa uns dos outros, mas seria o próprio Senhor o centro e motivo da reunião.

Outro detalhe é o que eles iriam fazer ali. “O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?”. Não era para procurarem pelo lugar onde estivesse o pregador mais eloquente, a banda mais afinada ou as bênçãos maiores e mais prósperas. Eles deviam procurar pelo lugar onde pudessem celebrar a morte do cordeiro, pois era isso que os judeus faziam na páscoa: comiam um cordeiro assado, recordando o dia da libertação do Egito, quando o sangue do cordeiro os livrou do juízo de Deus.

Recapitulando: O lugar é onde o Espírito faz os seus chegarem atraídos pela Palavra de Deus; é um lugar acima do mundo; amplo e espaçoso porque não há limites para quantos Deus chama; o objetivo de estarem ali não é se ocuparem uns com os outros ou com alguma atração suplementar (eloquência, música, etc.), mas com o Cordeiro e a recordação da sua morte.

Somente num lugar assim eles poderiam contar com a presença do Senhor no meio deles. Havia muitos cenáculos mobilados em Jerusalém, muitos lugares onde a páscoa estava sendo celebrada naquela noite, mas havia um só lugar aonde as pessoas eram guiadas a se dirigirem pela ação do Espírito levando a Palavra de Deus. Esse continua sendo o lugar, e a pergunta que cada um deveria fazer ainda hoje, dirigida ao Senhor, é: “Onde queres que a preparemos?”.

Mas não posso deixar de perguntar se você quer apenas encontrar uma “igreja” que pratique as coisas mais de acordo com a Bíblia, ou quer estar onde o Senhor está no meio? Se for esta segunda opção, então sabe que ali não há lugar para o homem no meio, mas só o Senhor. Nem para o homem na direção, mas apenas o Espírito Santo.

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O que não é lícito ao homem falar?

Sua dúvida está em 2 Coríntios 12:1-4, ou a que palavras Paulo está se referindo como não sendo permitido ao homem falar: “Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.

Paulo foi transportado ao terceiro céu, que ele identifica aqui como o Paraíso, o mesmo lugar para onde foi o ladrão que morreu na cruz, e ouviu coisas que são impossíveis de serem explicadas em termos humanos. Ou seja, ainda que um suposto médium espírita quisesse invocar o ladrão que está no Paraíso para vir aqui contar como é lá, este não teria palavras para se expressar em termos terrenos, tamanha é a diferença entre o que se passa ali e o que vivenciamos aqui.

Isto não quer dizer que Paulo não tenha entendido o que ouviu ali. Você pode não saber falar um idioma porém compreender algo que um estrangeiro lhe diz, e mesmo assim não ter palavras para traduzir aquilo ipsis litteris a alguém que lhe pergunte sobre aquilo. O que Paulo ouviu foram coisas tão elevadas que não haveria paralelo na linguagem humana para expressá-las. Além disso, o modo como ele fala, “que ao homem não é lícito falar”, indica que também não tinha autorização para tanto.

Um exemplo fraco disso seria um índio que nunca saiu da selva e nem viu TV ser transportado de repente em uma viagem pelo espaço numa cápsula, e lá na estação espacial ouvir todas as explicações dadas pelos astronautas. Imagine ele depois voltar e precisa explicar o que viu para os outros da tribo. Seria uma loucura, porque ele não teria nem parâmetros para comparar. Por isso os índios da América Central, quando viram os primeiros espanhóis montados em cavalos (na época não existiam cavalos nas Américas) acharam que cavalo e cavaleiro eram uma coisa só, isto é, que eram homens gigantes com quatro pernas. Eles logo se prostravam aterrorizados achando que estavam diante de deuses.

É por isso que não devemos dar crédito a esses “testemunhos” de pessoas que dizem ter ido ao céu ou ao inferno e saem por aí escrevendo livros e dando palestras. Se Paulo, que realmente foi arrebatado ao terceiro céu, disse ser impossível expressar em linguagem humana o que ele ouviu, quem essas pessoas acham que são para se considerarem aptas a revelar o que viram nesses lugares? Mesmo as visões gloriosas que encontramos nas Escrituras, descritas pelos profetas do Antigo Testamento e por João no livro de Apocalipse, são transformadas em linguagem de símbolos por faltarem elementos terrenos para explicá-las.

E veja também que Paulo toma tanto cuidado ao contar o que aconteceu consigo, que nem mesmo diz “eu fui ao Paraíso”, mas coloca tudo numa terceira pessoa, dizendo: ”conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.” A possibilidade de sua carne se gloriar disso era tão grande que ele toma o maior cuidado, e mesmo assim logo em seguida já fala do “espinho na carne” que tinha para impedi-lo de se gloriar em razão da sublimidade e importância das muitas revelações que lhe foram dadas.

É aí que fica ainda mais absurdo vermos cristãos que rejeitam os escritos de Paulo como sendo opinião pessoal de um velho machista. Obviamente quem é espiritual irá entender quão elevadas foram as revelações que esse servo de Deus recebeu, dentre elas a revelação da Igreja, o segredo escondido nos séculos anteriores, as quais evidentemente não eram compreendidas nem em seu próprio tempo. No último capítulo de sua última carta, 2 Timóteo, ele conta que tinha sido abandonado por muitos.

Há ainda quem tente lançar descrédito sobre as epístolas de Paulo citando o que Pedro diz, como se o próprio Pedro estivesse criticando o que Paulo dizia:

(2 Pe 3:15-16) “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição”.

Porém o que Pedro fala aqui não é contra o ensino de Paulo, mas totalmente a favor. Ele reconhece que Paulo recebeu do Senhor uma sabedoria ímpar, e por isso falava de coisas difíceis de entender que os ignorantes distorciam. Pedro condena assim qualquer um que queira desacreditar os escritos de Paulo. Hoje há muitos que não entendem o evangelho de Paulo (Romanos) e pregam uma salvação por obras da Lei ou pelo batismo, rejeitam a doutrina da Trindade, duvidam da eleição dos salvos, desobedecem a doutrina por ele ensinada sobre a mulher cobrir a cabeça e ficar calada nas reuniões da igreja, etc.

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Por que devem ocorrer heresias?

Sua dúvida é sobre a palavra “heresias” que em algumas traduções aparece como “divisões” em 1 Coríntios 11:19, e o porquê de ser necessário que elas ocorram, como se isso fosse algo bom. A passagem toda diz: “Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós” (1 Co 11:18-19).

Outras traduções trazem o texto assim:

Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós”.

Antes de tudo, ouço dizer que, quando estão reunidos em assembleia, há divisões entre vocês. E, em parte, eu acredito nisso. É preciso mesmo que haja divisões entre vocês, a fim de que se veja quem dentre vocês resiste a essa prova”.

A palavra “heresia” também pode ser traduzida como “divisão”, “facção”, “dissensão”, “cisma”, “partido”, etc. É que acostumamos usar “heresia” para má doutrina, mas uma heresia também pode ser causada por sã doutrina. Quando alguém começa a enfatizar demais uma verdade e causa com isso uma divisão, essa pessoa é herege, ainda que não tenha falado nada de errado.

O sentido da passagem é que deveriam existir divisões para assim revelar os sinceros. Mas a expressão “é preciso mesmo que hajam divisões” ou “importa que haja entre vós facções” não está autorizando a existência de divisões. É como se, no teste de qualidade de um lote de produtos de uma fábrica, alguém dizer que “devem existir alguns com defeito”. Obviamente ninguém na fábrica iria jamais pensar em fabricar os defeituosos, mas o teste faz com que eles apareçam e revela a qualidade dos que estão sem defeito.

Perceba também que o contexto da passagem é de divisões ou heresias que estavam ocorrendo entre os irmãos de Corinto, isto é, no meio deles. Ou seja, eles continuavam juntos e reunidos no mesmo lugar, mas divididos por suas preferências e opiniões pessoais. O assunto já vinha sendo tratado desde o capítulo 1:

(1 Co 1:10-13; 3:3-4) “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo? … Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?”.

A existência de diferenças entre os irmãos, embora permita revelar os sinceros e os que têm segundas intenções, nunca é algo de que devemos nos gloriar. É uma vergonha e sinal de carnalidade, como Paulo diz. É também sinal de orgulho religioso, pois veja que alguns até diziam ser de Cristo, como se os outros não fossem. É importante notar que Paulo não estava aqui falando explicitamente das seitas, outra palavra que também nem sempre é usada corretamente.

Hoje é comum ouvirmos a palavra “seita” relacionada a alguma religião falsa que professe doutrinas malignas. Então muitos cristãos incluem na lista de seitas religiões como “Testemunhas de Jeová”, “Mórmons”, “Ciência Cristã”, etc. Mas a palavra “seita” é o resultado que geralmente ocorre quando uma heresia ou divisão ou facção não é internamente resolvida em uma assembleia. Então ocorre a facção, fisicamente falando, quando alguns saem para formar um diferente grupo. Ainda que as crenças e doutrinas continuem as mesmas, aquilo é uma seita.

Portanto, todas as denominações cristãs, independente do grau de verdade que professem ter, são seitas, e alguém ligado a elas incorre no erro do sectarismo. Em Atos você encontra também os saduceus e fariseus sendo chamados de seitas (At 5:17; 15:5; 26:5) e o próprio cristianismo era identificado pelos judeus como “seita dos Nazarenos” ou divisão do judaísmo (At 9:2; 24:5, 13).

Deus não aprova as divisões, mas pode até permiti-las para que aquilo que é correto venha à tona, ao mesmo tempo em que o erro fique evidente, ainda que isso termine na divisão real, física e geográfica do testemunho de Deus na terra, como ocorreu na história de Israel. O reino foi dividido em dois durante o reinado de Roboão, permanecendo Judá e Benjamim em Jerusalém (identificados como “Judá”), o centro de adoração que Deus estabelecera, e Jeroboão reinando sobre as demais tribos (identificados como “Israel”) e edificando dois santuários falsos para o povo adorar. Quando Roboão quis resolver o problema na base da força, foi repreendido por Deus e avisado de que Deus tinha permitido aquela divisão:

(1 Rs 12:24) “Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra”.

Na divisão de Israel, apesar de todos os erros de Roboão, Deus ainda tinha um lugar de adoração que era Jerusalém e aqueles que seguiram Jeroboão eram responsáveis por desprezar não só a unidade que Deus requeria do povo, mas o lugar onde o Senhor havia colocado o seu nome. Mesmo assim Deus não abandonou o seu povo, pois vemos que levantou alguns de seus mais notórios profetas para ministrarem às dez tribos, como é o caso de Elias e Eliseu.

Mais tarde, quando o rei de Judá, Ezequias, reabriu o Templo de Jerusalém e restabeleceu o culto a Deus, ele enviou convites a todas as tribos, inclusive as que tinham seguido Jeroboão, para que fossem adorar onde Deus havia colocado o seu nome e celebrar ali a páscoa.

(2 Cr 30:10) “E os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra de Efraim e Manassés até Zebulom; porém riram-se e zombaram deles. Todavia alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom, se humilharam, e vieram a Jerusalém. E a mão de Deus esteve com Judá, dando-lhes um só coração, para fazerem o mandado do rei e dos príncipes, conforme a palavra do Senhor. E ajuntou-se em Jerusalém muito povo, para celebrar a festa dos pães ázimos, no segundo mês; uma congregação mui grande”.

Essa passagem é de grande instrução, pois alguns anos mais tarde todas as dez tribos divididas seriam deportadas e levadas para o cativeiro em outras terras e nunca mais se ouviria falar delas. Hoje são chamadas de “tribos perdidas”, enquanto os que chamamos de judeus hoje são apenas as tribos de Judá e Benjamim que ficaram no lugar estabelecido por Deus, além de indivíduos de outras tribos, como na passagem acima, que iam a Jerusalém para adorar e estavam lá quando ocorreu a invasão dos assírios, escapando assim do cativeiro. Ana, a idosa que aparece no evangelho de Lucas recepcionando o menino Jesus no Templo, era da tribo de Aser, portanto descendente de um desses que iam a Jerusalém adorar.

Hoje, apesar de todas as divisões que ocorreram no testemunho cristão e de tantos estarem adorando no lugar onde o Senhor NÃO colocou o seu nome, o Espírito Santo de Deus continua alimentando as ovelhas do Senhor por intermédio dos dons. Em Israel, os que estavam nas dez tribos recebiam o ministério dos profetas, mas não podiam contar com o Senhor no meio deles, como podiam os que permaneceram em Jerusalém adorando onde o Senhor prometeu que estaria. Hoje os cristãos podem desfrutar do ministério da Palavra por meio do Espírito em qualquer lugar, mas não desfrutam da presença do Senhor a menos que estejam onde ele colocou o seu nome e a sua autoridade é assim reconhecida.

Às vezes uma divisão ocorre por causa de uma verdade, por isso é preciso investigar não apenas as circunstâncias em que ela ocorreu, mas quais os frutos que trouxe. Cedo ou tarde a divisão trará seus frutos de erros doutrinários e outras divisões.

Outra característica da divisão ou heresia que pode nos ajudar a identificá-la é a evidência de algum homem à frente dela e com o claro propósito de arrebanhar discípulos para si. Paulo alertou que isto aconteceria na cristandade logo após a partida dos apóstolos.

(At 20:29-30) “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [ou “pervertidas”, “distorcidas”], para atraírem os discípulos após si”.

Eles são de duas categorias: lobos cruéis, ou seja, os que vêm de fora do rebanho e nunca foram salvos, e aqueles que saem de entre os próprios cristãos. Os primeiros são os que exploram o mais que podem o rebanho, e nesta categoria podemos incluir os que não se importam que seus seguidores morram de fome, desde que deem tudo o que têm. Os da segunda categoria geralmente fazem isso mais pelo orgulho de serem seguidos. Aí podemos incluir os que, apesar se serem cristãos reais, adoram fazer parte de um clero e serem seguidos e bajulados pelas ovelhas.

Líderes costumam causar divisões por causa de seu orgulho centralizador, como acontecia na assembleia mencionada pelo apóstolo João:

(3 Jo 1:9-10) “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja”.

As divisões são sempre a prova de que alguns fracassaram em entender qual seja a vontade do Senhor.

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As profecias estão se cumprindo?

Você viu uma notícia de que um grupo de judeus teria voltado a celebrar a Páscoa em Israel, inclusive sacrificando animais, e queria saber se podemos considerar isto o cumprimento das profecias do Antigo Testamento.

As profecias do Antigo Testamento pararam com a morte e ressurreição de Cristo, como se o relógio profético parasse de bater. Em todas as profecias vemos falarem do Messias, de sua morte e ressurreição, e em seguida dos tempos de perseguição e tribulação, seguidos do reino de paz de Cristo na terra. Falta a elas justamente o período atual, da igreja, que era um segredo oculto inclusive dos profetas do Antigo Testamento e só foi revelado a Paulo e aos outros apóstolos.

O período atual da igreja não está nas profecias. As profecias serão retomadas depois do arrebatamento. Portanto não se preocupe com os acontecimentos atuais que possam parecer cumprimento de profecia, porque não são. No máximo eles podem apontar para o palco sendo construído e o cenário colocado nele, mas a peça ainda não começou. Israel não voltou à sua terra levado por Deus, como será no final, mas em absoluta desobediência a Deus, portanto o seu retorno profeticamente ainda não se cumpriu. E esses sacrifícios que fazem nada mais são do que rejeitarem que o sacrifício que Deus proveu já foi feito.

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O Obama aprovou a lei do chip?

Você enviou o link de um vídeo que comenta uma suposta lei aprovada pelo presidente Obama dos EUA que obrigaria cada cidadão a ter um chip implantado sob a pele para ser atendido no sistema de saúde daquele país. Segundo o vídeo isso já seria o cumprimento da profecia bíblica de Apocalipse, que diz:

(Ap 13:16-18) “E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”.

O vídeo não passa de uma grande bobagem e de mais um boato de Internet. O projeto de lei que foi efetivamente aprovado não tem nada de obrigar pessoas a implantarem chips. Ele simplesmente regulamenta o implante de qualquer coisa em pacientes, seja isso um marca-passo, dispensador de medicamentos, válvula de coração, desfibrilador eletrônico, ouvido biônico (implante coclear) ou mesmo chips eletrônicos necessários para alguns tratamentos (hoje os marca-passos já trazem chips eletrônicos que produzem, gravam e enviam dados médicos).

Alguns implantes são passivos (não funcionam como uma máquina ou dispositivo eletrônico), e nesta categoria estão incluídas as próteses diversas, lentes intraoculares, joelhos, juntas, pinos e placas de diferentes materiais, ou até dentes. Se você usa uma ponte você está entre os milhões de habitantes do mundo que têm implantes. Se você já teve um dente obturado, saiba que algumas obturações metálicas podem reagir com o ácido da saliva e obturações de outros metais se transformando em receptores de rádio. Muita gente que achava estar louca por ouvir vozes, descobriu depois que também ouvia música, coincidentemente da rádio local, a qual reverberava em sua caixa craniana.

Eu tenho um implante dentário e não veria qualquer problema se ele tivesse uns 30 Gb e wireless. Ao menos eu poderia guardar arquivos na boca sem o risco de perdê-los quando viajo. Se funcionasse como celular, melhor ainda, pois poderia conversar sem usar as mãos, mas seria difícil não engolir o que o outro dissesse. Seria engraçado vermos por aí gente com a boca aberta para o céu procurando por sinal. Um tio costumava brincar dizendo que ficaria rico se fosse dentista, pois iria inventar um implante para a boca iluminar ao ser aberta, como acontece com a geladeira.

Alguns cristãos parecem não se contentar com Cristo e precisam tomar todos os dias uma dose de sinistrose na veia e um gole de teoria conspiratória para manterem a fé ativa. Eles não sabem o mal que isso faz para eles mesmos e para o testemunho cristão neste mundo, pois os incrédulos logo colocam os cristãos na categoria de crédulos ingênuos e imbecis, que acreditam em qualquer bobagem que lhes é contada. Não é à toa que as igrejas dos pregadores de prosperidade vivem cheias de gente disposta a dar tudo o que têm para manter as mansões, fazendas e aviões desses lobos.

Além disso, ao disseminarem boatos de Internet sem se darem ao trabalho de verificar acabam fazendo o trabalho do inimigo. Já cansei de receber listas de assinaturas contra um filme supostamente gay que nunca existiu, de uma carta de uma ex-paquita moribunda condenando as drogas, de um esqueleto gigante de Golias (será que essa gente nunca ouviu falar de Photoshop?!), e por aí vai.

Na década de 80 a sinistrose era o código de barras, que todo mundo seria obrigado a ter tatuado na mão e na testa. Conheci um irmão em Cristo que se recusava a comprar produtos com código de barras na embalagem porque o código de controle (primeira barra, barra do meio e última barra) são 6, 6 e 6. Nunca mais o vi, mas se ele continuou assim radical contra o código de barras deve ter ficado desempregado e morrido de fome, porque tudo hoje é controlado por códigos de barras, e não necessariamente por aquele que estamos acostumados a ver em embalagens, mas por outros tipos bem mais modernos, alguns até sem barras, mas com quadradinhos ou mesmo invisíveis ao olho humano. Até nós já nascemos com um código de barras no polegar que nos identifica, ao qual chamamos de “digital”.

É preciso entender que Apocalipse não fala de código de barras e nem de chip, mas simplesmente de “um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas”. Além disso, o sinal na mão e na testa é apenas uma das três opções que serão utilizadas, pois a passagem fala que é “o sinal, OU o nome da besta, OU o número do seu nome”. Isto é, alguns terão o sinal, outros terão o nome da besta, outros terão o número do seu nome.

Que sinal é esse ninguém sabe e nem interessa ao cristão saber, porque ele será tirado do mundo no arrebatamento antes que isso aconteça. Tentar decifrar o que seja esse “sinal, ou o nome da besta ou o número do seu nome” é perda de tempo para o cristão que não estará aqui neste mundo quando isso acontecer. Se Deus quisesse que soubéssemos ele teria dito. Mas não, Deus colocou ali apenas que devíamos saber que isso aconteceria quando não estivéssemos mais aqui.

Os que terão esse “sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome” serão os seguidores do anticristo e adoradores da besta, uma categoria na qual não se enquadraria um verdadeiro salvo por Cristo. Aqueles que pertencerão ao remanescente de judeus fiéis que irão se converter após o arrebatamento da Igreja, saberão identificar que marca é essa, qual o nome da besta e o significado do “seiscentos e sessenta e seis” (que é um número inteiro, e não três algarismos independentes que ficaram conhecidos como “666” ou “meia, meia, meia”), pois estarão vivendo nessa ocasião e circunstâncias. Em muitas passagens da Bíblia vemos Deus revelando coisas que não eram para as pessoas às quais aquilo estava sendo revelado.

(Dn 10:14; 12:4) “Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias… E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo;”.

(1 Pe 1:10-12) “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava… Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”.

Se os cristãos gastassem menos tempo vendo esses vídeos com fábulas de teorias conspiratórias e mais tempo lendo a Bíblia aprenderiam que os salvos serão tirados da terra no arrebatamento ao findar o período da Igreja (estamos no último, Laodiceia) entre os capítulos 3 e 4, assim como João é arrebatado ali em espírito ao céu. Quem quiser fazer uma pesquisa séria procure no Google por hoax + obama + chip + healthcare e verá vários artigos denunciando essa história da suposta lei de Obama como mais um boato de Internet.

(1 Tm 1:4) “Nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé;”.

(1 Tm 4:7) “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade;”.

(2 Pe 1:16) “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade”.

(2 Tm 4:3-4) “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.

Mas quem quiser acreditar nessas bobagens, boatos e fábulas de Internet, que acredite, e também aproveite para encaminhar para todo mundo aquela corrente de e-mail que diz que a AOL e a Microsoft vão dar alguns centavos para uma menininha doente por cada e-mail enviado. Aproveite também para acreditar naqueles sites que dizem que ninguém que creia em Jesus será salvo, a menos que creia no nome de Jesus pronunciado em hebraico. Ou que existe uma conspiração dos Illuminati para conquistar o mundo, que as pirâmides foram construídas por extraterrestres, que Jesus era casado com Maria Madalena, que precisamos ter mais filhos que os muçulmanos para eles não conquistarem o mundo, que o nigeriano ressuscitou depois de ter ido ao inferno e visto o diabo lá, que o homem nunca foi à Lua e que Elvis não morreu.

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Por que devemos comprar a verdade?

Sua dúvida é sobre Provérbios 23:23 que diz para comprarmos a verdade e não a vendermos. Quando pagamos por algo conhecemos o seu valor e não iremos querer perder. Quando os primeiros missionários protestantes chegaram ao Brasil, sua principal atividade era distribuir Bíblias, Novos Testamentos, Evangelhos e outras porções das Escrituras. Eles eram conhecidos como “colportores”.

A palavra “colportor” vem do francês e significa aquele que “transporta no pescoço”, isto é, em uma bolsa a tiracolo. A princípio era usada para qualquer vendedor ambulante que fosse de porta em porta oferecer seus produtos, mas o termo acabou identificando mais os distribuidores de literatura religiosa. Assim, os missionários que vinham ao Brasil eram também colportores, distribuidores de Bíblias.

A Bíblia ainda não era impressa no Brasil, o que só aconteceria durante a Segunda Guerra Mundial e, ainda por cima, com papel de cigarro emprestado de uma indústria do tabaco, pois com a guerra o papel fino não era facilmente encontrado. É preciso lembrar também que a impressão de textos, livros, jornais e revistas era proibida no Brasil até 1808, quando ocorreu a chegada da família real.

A proibição da imprensa no Brasil era por pressão da igreja católica, que tentava impedir que os habitantes das colônias portuguesas tivessem acesso a informações e ideias que pudessem colocar em risco seu domínio sobre o povo. Por isso livros e jornais precisavam ser impressos em outros países e contrabandeados para o Brasil, correndo o risco de serem confiscados e seus distribuidores presos.

Para suprir a falta de Bíblias, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, fundada em 1804, e a Sociedade Bíblia Americana, fundada em 1816, passaram a enviar seus colportores. “A sociedade inglesa começou a enviar Bíblias para o Brasil de modo regular poucos anos antes da independência. Essas Bíblias, impressas na Inglaterra, geralmente eram na versão do padre Antônio Pereira de Figueiredo, visando facilitar a sua aceitação no ambiente católico. Inicialmente foram trazidas por capitães de navios, comerciantes e diplomatas. Mais tarde as sociedades bíblicas passaram a ter os seus próprios agentes no Brasil”.

Porém havia um problema em distribuir gratuitamente Bíblias no Brasil. Naquela época o catolicismo proibia a leitura da Bíblia pelos leigos, por isso quando o padre sabia que alguém tinha ganhado uma Bíblia ia lá pedir para a pessoa a fim de queimá-la. Isso quando o colportor não era preso, espancado pelos fanáticos a mando do pároco, ou até mesmo morto.

Então os missionários descobriram que se a Bíblia tivesse um preço, as pessoas não as entregariam tão facilmente para os padres. Iriam escondê-las em casa e passariam a ler as Escrituras escondidos do pároco, porque entenderiam que era algo que tinha valor, que tinha custado algo para terem acesso a elas.

O problema era que a maioria das pessoas era pobre e vivia na base do escambo, ou seja, fazendo trocas para obter os gêneros de primeira necessidade. Então os colportores eram instruídos a sempre oferecer a Bíblia pedindo algo em troca, geralmente coisas que custavam bem menos que a Bíblia, mas que assim mesmo mostravam ao leitor que foi preciso pagar algo pelo livro. Geralmente eles pegavam em troca um pedaço de rapadura, algumas bananas ou laranjas, alguma verdura, etc.

(Pv 23:23) “Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento”.

É claro que dinheiro nenhum pode pagar pela verdade, cujo valor é infinito e ela só pode nos ser dada graciosamente por Deus. Mas devemos ter esse sentimento de que seu preço é alto e não querermos abrir mão dela por nada deste mundo. Vender a verdade significa desprezá-la e passar a achar que outras coisas desta vida têm mais valor.

Não é só a verdade que devemos “comprar” aqui, mas também “a sabedoria, a instrução e o entendimento”. Portanto, se você quiser viver segundo a verdade, com sabedoria, ser instruído por Deus e entender quando Deus fala a você por meio da Palavra, acate esta exortação: “Compra a verdade, e não a vendas”.

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Quem são os pastores de Hebreus 13?

Você diz que o “pastor” da denominação que frequentava e da qual saiu, está cobrando de você a obediência a Hebreus 13:7 e 17. É interessante como certos termos que encontramos na Bíblia podem dar a certos homens a ideia de que têm liberdade de cobrar algo das pessoas.

Ainda que ele fosse um “pastor” biblicamente falando, a exortação de Hebreus não é para ele, mas para aqueles que os consideram como tais. É como a ordem “amai-vos uns aos outros” que encontramos na Palavra. A ordem é para eu amar, não para eu cobrar amor ou exigir que as pessoas me amem. Mas vamos analisar as passagens.

(Hb 13:7) “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”.

(Hb 13:17) “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.

Em outras versões a palavra “pastores” aparece como “guias”, “condutores”, “supervisores”, “líderes”, etc. Não se trata aqui do dom de pastor de Efésios 4:11-12:

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.

O dom de pastor é algo que a pessoa recebe de Cristo e é universal, como eram os apóstolos e profetas que formavam o fundamento da igreja, e como são os evangelistas e mestres (ou doutores) que continuam hoje para a edificação do corpo de Cristo. Portanto o dom de pastor não é local, não é um líder de uma congregação, não tem sua atuação restrita a uma cidade, mas é para todo o corpo de Cristo, como é o evangelista e o mestre. Ainda que estes dons atuem localmente onde estiverem, sua atuação não é limitada.

Portanto, o dom de pastor de Efésios não é o “pastor” que você encontra nas religiões no posto de dirigente de uma congregação. Um homem à frente de uma congregação nos moldes denominacionais pode até ter o dom de pastor por ter recebido isso de Cristo, e não de uma junta de homens ou de uma organização religiosa (como pode ter o dom de evangelista ou de mestre), mas não existe na Palavra tal função de líder singular de uma congregação.

Nas passagens de Hebreus 13 a palavra está no plural, “pastores”, porque está se referindo aos irmãos que são responsáveis localmente por uma congregação. Seu papel é o de supervisionar administrativamente a assembleia local. São também chamados em outras passagens de presbíteros, bispos ou anciãos. Porém perceba que nunca aparecem no singular, mas sempre no plural, portanto a função “pastoral” de um homem só, encontrada nas denominações, não tem respaldo bíblico.

Os pastores (ou bispos, ou presbíteros ou anciãos) de uma assembleia local eram apontados diretamente pelos apóstolos ou por determinação direta deles (como ocorreu com Paulo ordenando a Tito que elegesse presbíteros de cidade em cidade).

Hoje não temos apóstolos, portanto não temos presbíteros apontados, mas podemos ter presbíteros reconhecidos por seu trabalho, por serem levantados pelo Espírito Santo. Não são ordenados, mas são reconhecidos pelos irmãos de uma assembleia local, os quais devem respeitá-los e obedecê-los. Mas nem sempre são necessariamente irmãos que pregam ou ministram a Palavra. São como supervisores da ordem da assembleia local.

Voltando aos versículos, o primeiro diz que devemos nos lembrar deles que nos falaram a Palavra de Deus, e imitarmos sua fé prestando atenção em sua maneira de viver. Então, mesmo que nem todos preguem publicamente, são conhecedores da Palavra de Deus e aptos a aplicá-las nas diferentes situações de uma assembleia local. Vemos também que eles são homens de fé, ou não haveria razão de imitarmos sua fé. E vemos também que eles devem ter uma maneira de viver exemplar, caso contrário o Espírito Santo não chamaria nossa atenção para este detalhe.

No versículo 17 diz que devemos obedecê-los de bom grado, pois eles deverão prestar contas a Deus do serviço que prestam pelas ovelhas.

Resumindo tudo: esses pastores são homens (no plural) que cuidam do rebanho em uma congregação local e não necessariamente o dom de pastor (pessoal e individual) que encontramos em Efésios. Eles não são dirigentes das reuniões, pois quando lemos atentamente 1 Coríntios 14:26-40 não encontramos um dirigente ou pregador único, pois encontramos que “falem dois ou três profetas, e os outros julguem…. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados”.

A questão que surge é: quem é esse homem (individual) que adota o nome de “pastor” (no singular), que é autoridade máxima e única de uma congregação, e se coloca sozinho à frente de uma congregação para dirigir suas reuniões? Será ele “os pastores” de Hebreus 13? Não, pois ele não preenche os requisitos de estar no plural e não dirigir as reuniões.

Se o presidente de um clube qualquer me disser que a constituição brasileira determina que eu preciso respeitar o Presidente, não sou obrigado a fazê-lo, pois ele não é o Presidente ao qual a constituição se refere. Mas se eu for membro daquele clube, aí sim devo prestar obediência ao seu presidente.

Portanto, se você pertence a uma denominação que tem um homem como líder, independente do nome que ele adote, você está obrigado a prestar obediência a ele, não por ele ser alguma coisa no sentido bíblico, mas por ser esta uma das condições para você se fazer membro daquela denominação. Ele é autoridade ali porque aquelas pessoas que formaram aquela associação decidiram que seria assim.

Mas se você não é membro dela, não deve nada àquele que foi ali instituído como líder. E muito menos se ele for um homem cuja fé e maneira de viver não têm nada de exemplar. Fuja daqueles que querem atrair discípulos após si, ou dos lobos que querem destruir o rebanho, ou dos mercenários que não poupam o rebanho e querem extrair deles o máximo que puderem.

(At 20:28-33) “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si…. De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário”.

(Jo 10:10) “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”.

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Como provar que Matusalém viveu tanto?

Da lista de pessoas que aparecem no Gênesis, Matusalém é o recordista em termos de idade: morreu aos 969 anos, quase mil! Isto não significa que não tenham existido outros que morreram com idade ainda mais avançada. O certo é que eles viveram em um planeta cujas condições climáticas eram completamente diferentes.

Veja que o dilúvio, que só caiu depois da morte de todos os da lista de Gênesis 5, exceto Noé, foi a primeira chuva a cair neste planeta. As condições no princípio da criação eram bem diferentes, como mostra esta passagem: (Gn 2:5-6) “E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra”.

Um planeta regado por neblina, com diferentes índices de incidência de raios cósmicos e uma população ainda livre das distorções cumulativas e hereditárias que o pecado viria a causar, certamente está fora de nossa imaginação. A própria degradação dos elementos ocorria a um ritmo diferente de hoje e, inclua-se aí a degradação de materiais radioativos hoje usados para datação, como o Carbono 14.

Que Matusalém viveu quase mil anos nós sabemos, pois a Bíblia, a Palavra de Deus, assim o diz. Quando abrimos o jornal e lemos a notícia de algum fato político, econômico, esportivo, etc., nós acreditamos. Por que então duvidar dos fatos descritos na Palavra de Deus?

Certamente não encontraremos quaisquer evidências físicas da longevidade de Matusalém, tipo certidão de nascimento, esqueleto ou algo assim. Mas podemos confiar que assim foi porque a Palavra de Deus o diz. Moisés escreveu o Pentateuco (os 5 primeiros livros, dos quais Gênesis é o primeiro) e Jesus disse que é impossível crer nele sem crer no que Moisés escreveu.

(Jo 5:46-47) “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?”.

É interessante pensar que o próprio Jesus endossou os escritos de Moisés e que hoje todas as religiões que colocam dúvidas sobre a veracidade do livro de Gênesis estão contradizendo Jesus. Eu não ousaria fazê-lo, e acredito que qualquer verdadeiro crente em Jesus também não.

Colocar em dúvida o que Deus disse foi a primeira artimanha do diabo, e todos sabemos o que aconteceu quando Eva caiu naquela conversa. Muitos hoje caem na conversa de pseudocientistas que duvidam da veracidade das Escrituras e o resultado nada mais é do que pecado.

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Quantos evangelhos existem?

Na Bíblia não encontramos apenas um “evangelho do reino” e um “evangelho da graça”, mas o evangelho em diferentes aspectos, pregado a diferentes pessoas em diferentes épocas. Para entender melhor isto é preciso lembrar que “evangelho” significa simplesmente “boa notícia” ou “boas novas” e, independente de seu caráter, tempo e lugar, o que Deus sempre exigiu foi “crer”. Se alguém “fez” algo, isso foi apenas consequência de um passo de fé que veio primeiro.

Portanto, quando Deus prometeu a Adão e Eva em Gênesis 3:15 que da semente da mulher viria um que esmagaria a cabeça da serpente, aquilo foi um “evangelho” ou “boa notícia”. Eva creu, pois ao nascer seu primeiro filho achou que seria aquele, e disse “Alcancei do Senhor um homem” (Gn 4:1).

A Noé foi dada também uma “boa notícia” ou “evangelho”, quando Deus, depois de avisar que a terra seria destruída, apresentou o meio de salvação: a arca. Noé creu no “evangelho” e foi salvo.

(Hb 11:7) “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé”.

A mensagem de Deus a Abraão também foi um “evangelho” ou “boa notícia”, quando avisou que teria um filho em idade avançada e que sua semente traria bênção a todas as nações da terra. Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça (Gn 15:6; Rm 4:3).

(Gl 3:8) “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti”.

Os israelitas no Egito também receberam o “evangelho” ou “boas novas” quando Deus avisou que seriam libertos por meio de Moisés (um tipo de Cristo). Eles creram na boa notícia.

(Êx 4:31) “E o povo creu; e quando ouviram que o Senhor visitava aos filhos de Israel, e que via a sua aflição, inclinaram-se, e adoraram”.

A questão é que aquelas “boas novas” tinham duas partes: a libertação do Egito e a entrada na terra prometida, e muitos não creram na segunda parte.

(Hb 4:2-6) “Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram… e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência,”.

No Antigo Testamento você já encontrava o evangelho do reino e esse evangelho foi também pregado por João Batista, pelo Senhor e pelos discípulos, conforme Mt 4:23, Lc 4:43, etc., e voltará a ser pregado no futuro, conforme Mt 24:14.

(Mt 3:2) “[João Batista] dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”.

(Mt 4:23) “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino”.

(Lc 4:43) “Ele, porém, lhes disse: Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado”.

Embora esse evangelho do reino tenha sido rejeitado pela maioria em Israel, um pequeno grupo creu nele e mais tarde usufruiu o “evangelho da graça de Deus”, que é Cristo pregado para o perdão dos pecados por sua morte.

(At 20:24) “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

Paulo vai ainda além ao falar do “evangelho da glória de Cristo”, que inclui não apenas Cristo morto e ressuscitado, mas glorificado, uma revelação que inicialmente foi confiada a Paulo.

(2 Co 4:4) “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”.

(1 Tm 1:11) “Conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado”.

Esse evangelho inclui muito mais do que a salvação, por maior que seja, pois entra no “mistério do evangelho”, que separa os crentes do primeiro homem que é da terra e os associa a Cristo glorificado nos céus.

(Rm 16:25) “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto,”.

(Ef 6:19) “E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,”.

No futuro, além do evangelho do reino que voltará a ser pregado por um remanescente fiel de judeus que se converterão durante a tribulação, anunciando a vinda do Rei e o estabelecimento do reino, haverá também o “evangelho eterno” pregado aos gentios, o qual é fundamentado na primeira boa notícia dada por Deus a Adão e Eva, de que da semente da mulher viria um que esmagaria a cabeça da serpente.

(Ap 14:6-7) “E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo. Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”.

É preciso lembrar que também existe o “outro evangelho” do qual Paulo fala em Gálatas, que é basicamente o evangelho do homem soprado pelos anjos de Satanás.

(Gl 1:6-12) “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; … Ainda que… um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema [maldito]. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”.

A característica desse “outro evangelho” é que ele é legalista e condicional, é baseado em obras numa tentativa de se barganhar a salvação e recebê-la por mérito, não por graça. É também um evangelho que agrada ao homem, pois satisfaz o seu ego e faz com que seja visto e louvado por outros homens.

A forma de se detectar se um evangelho é de Deus ou do homem é simplesmente perguntando: isso traz glória a Deus ou ao homem? Se toda a glória for para Deus, é o evangelho segundo Deus e só pode ser recebido pela fé; se sobrar alguma glória para o homem e seus feitos, é o evangelho segundo o homem, pois é baseado em suas obras, portanto maldito.

Esta é a diferença também entre o modo como Abel e Caim responderam ao evangelho de Deus pregado no Éden. Eles sabiam do relato de seus pais que Deus cobriu sua nudez e pecado com a pele de um animal sacrificado. Assim Abel, ao fazer uma oferta a Deus, traz um animal morto, enquanto Caim tenta oferecer a Deus o fruto de seu trabalho.

A resposta daquele que é alcançado pelo verdadeiro evangelho nunca é “devo fazer”, mas “devo crer”. O que precisava ser feito Cristo já fez. (Algumas partes foram adaptadas do “Concise Bible Dictionary”).

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Como convencer católicos do pecado da idolatria?

Sua dúvida está em como convencer os católicos de que a idolatria é pecado, se eles não se consideram idólatras e acham que suas imagens são apenas objetos de culto ou veneração, e não ídolos. Sei bem o que dizem, porque eu também já fui um: que é como a foto de alguém de quem gostamos de nos lembrar.

O que eu não enxergava era como alguém poderia construir uma basílica para abrigar uma mera imagem, subir escadas de joelhos em sua honra e esperar que ela tivesse superpoderes, quando nem contra a poeira ela podia proteger a si mesma. Era preciso um espanador periódico para livrá-la de seu problema.

(Sl 135:15-17) “Os ídolos dos gentios são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; têm olhos, e não veem, têm ouvidos, mas não ouvem, nem há respiro algum nas suas bocas”.

Antes de ir ao ponto, quero deixar claro que idolatria não se restringe à adoração de imagens, mas sim a ocupação com qualquer coisa que acharmos poder nos deixar felizes e realizados. As igrejas neopentecostais que você vê na TV são antros de idolatria tão graves quanto a idolatria e superstição encontrada nos cultos pagãos. Muitas pessoas estão ali em busca de coisas como saúde e prosperidade que acham ser a solução para todos os seus problemas. Saúde e prosperidade são seus ídolos. Nesses lugares você encontra à venda uma seleção de objetos de idolatria que fariam Aparecida do Norte parecer coisa de amadores.

Voltando ao catolicismo romano, entrar em um debate sobre o significado da idolatria com um católico é perda de tempo porque a coisa vai ficar no âmbito filosófico, linguístico, etc. Tentar combater cada um de seus erros seria contraproducente, pois são muitos. Se você quiser que um cão largue o osso, não tente tirar dele. Mostre um filé.

Minha mãe (morando no céu desde 2005), católica praticante durante décadas, se converteu e passou a pregar o evangelho para suas amigas católicas. A abordagem dela com suas amigas que adoravam (ou cultuavam como preferem os católicos) uma miríade de “santos” era muito interessante e o diálogo era mais ou menos assim:

— Você conhece a história de Santo Antônio, não é mesmo? De quem Santo Antônio era devoto?

— De Jesus.

— E Santa Rita?

— De Jesus.

— São Pedro?

— Jesus também.

— São Benedito?

— Devoto de Jesus.

— Então siga o exemplo dos santos — concluía minha mãe.

(At 10:25-26) “E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem”.

Para as adoradoras de Maria a abordagem era a de obediência ao mandamento de Maria: “Façam tudo o que ELE (Jesus) mandar”. E se ela podia ir direto àquele que disse “Vinde a mim”, por que iria à mãe que era tão necessitada como qualquer um de nós ao ponto de precisar ser amparada e cuidada pelo discípulo João após a morte de seu filho?

(Jo 19:27) “Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”.

Para amigas espíritas ela dizia que a ideia de reencarnar não atraía nem um pouco. Quem seria tão louco ao ponto de querer voltar a viver neste mundo?!

(Hb 9:27-28) “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação”.

Para os que viviam se queixando da má sorte e adoravam a prosperidade material, como muitos que enchem os templos neopentecostais, ela dizia que se a vida aqui fosse boa, próspera e confortável ninguém iria querer mudar-se para o céu.

(1 Tm 6:8) “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”.

Quem conheceu minha mãe antes e depois de sua conversão (meus pais já eram avós quando se converteram) podia ver claramente a mudança. Em seu quarto ela tinha uma cômoda que era um verdadeiro altar. Sobre ela havia imagens de todos os tamanhos do panteão católico.

Nossa casa tinha as paredes repletas de quadros de santos, e cada quadro que ela comprava fazia questão de chamar o padre para benzê-lo. Era possível saber que minha mãe estava chegando porque carregava preso ao sutiã um enorme alfinete de fraldas cheio de medalhinhas metálicas de santos que faziam o barulho de um pequeno pandeiro quando ela caminhava pela casa.

Mesmo assim ela e meu pai se converteram e a churrasqueira foi a última a ver as imagens de papel (as molduras ela guardou e usou para fazer quadros com versículos bíblicos). As imagens de metal e gesso foram quebradas ou jogadas em um rio (eu sempre dizia a ela que um dia alguém acabaria pescando a imagem e construindo uma basílica na beira do rio!).

(2 Rs 18:4) “Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã”.

O que a levou a se converter? Jesus, o mesmo Jesus de quem ela ouvia tanto falar nas missas e nunca tinha percebido que ele tinha morrido por ela. No dia anterior à sua morte, ainda lúcida e na cama, ela apontou para o céu visível pela janela e disse: “Meu filho, o meu Senhor virá me buscar dali”. No dia seguinte ela já estava livre do câncer e da dor na presença do Senhor Jesus.

Existem muitos católicos salvos mesmo dentro do catolicismo, porém estão presos ao medo e superstição que envolve aquela religião. Se estiverem salvos é por crerem em Cristo e não por serem católicos. Eu mesmo, quando me converti a Cristo, comecei a frequentar a missa e até ajudar o padre, pois nunca tinha ouvido falar de uma alternativa. Sou do tempo que diziam que a única igreja verdadeira era a católica, e as outras adoravam o diabo.

Mas qual não foi a minha surpresa quando comecei a ler a Bíblia e compará-la com o Catecismo Católico. Logo vi que as coisas não batiam e a manipulação era tão sem-vergonha que até os dez mandamentos foram reduzidos a nove com a exclusão do que condena a idolatria, para serem transformados em dez novamente com a divisão do último (“Não cobiçarás”) em dois, “Não cobiçarás a mulher do próximo” e “Não cobiçarás as coisas alheias”.

Portanto, se deseja mesmo que uma amiga sua se converta a Cristo, fale de Cristo a ela. Se precisar esclarecer uma ou outra dúvida sobre alguma doutrina errada do catolicismo, faça isso rapidamente e volte para a cruz, a obra de Cristo morrendo para pagar por nossos pecados. É pela fé em Cristo, e não pela negação do catolicismo, que a pessoa é salva. É por crer na verdade, e não por duvidar do erro, que se chega ao céu. É por confiar unicamente no sangue derramado na cruz, e não por deixar imagens e outras coisas que se obtém o perdão.

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Os caixões do FEMA são para extermínio?

Mais uma teoria conspiratória que tem atribulado cristãos em todo o mundo e que tenta convencê-los de que existe uma conspiração para exterminar um grande número de habitantes da terra. É por estas e outras bobagens que os cristãos são desacreditados trazendo zombaria ao nome de Jesus e à sua Palavra.

Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso saberia que o FEMA é o órgão dos EUA que cuida das tragédias, por isso a sigla significa “Federal Emmergency Management Agency” (Agência Federal para Gerenciamento de Emergências). Ora, o que se espera de uma agência de gerenciamento de emergência é que esteja preparada para o pior. Portanto nada mais lógico do que o país mais rico e poderoso do mundo ter um estoque de caixões de prontidão. E não só caixões, mas também ônibus, ambulâncias, macas, medicamentos, alimentos, etc. Nunca se sabe quando vai acontecer uma catástrofe, furacão, terremoto, ataque terrorista, etc. Atualmente na maior parte do mundo a solução para isso são as valas coletivas.

Quem quiser exterminar a população do mundo não comprará caixões, mas construirá fornos como fizeram os nazistas ou comprará escavadeiras para as valas comuns. Se existissem realmente tais conspiradores, eles deveriam estar morrendo de rir desses propagadores de boatos e da ideia de usar caixões para se livrarem dos cadáveres dos exterminados.

Quando morei nos EUA em 1972 visitei uma caverna imensa, antiga mina de mármore, onde eram estocados milhares e milhares de camas de armar, colchões, caixas de alimentos e remédios, tanques de combustível, equipamentos e tudo o que fosse preciso no caso de uma guerra com a União Soviética (estávamos no tempo da Guerra Fria). A população também se preparava e vi casas na vizinhança que tinham abrigo anti-guerra nuclear no quintal. Nada mais normal para um país rico. O pessoal que fica babando atrás de uma teoria conspiratória certamente teria uma para o caso de o FEMA não estar preparado. Algo como “Governo Norte-Americano pretende eliminar tanta gente que nem o FEMA tem caixões em número suficiente!!!”.

Você encontra na Web centenas de sites em inglês (e alguns em português) mostrando que a teoria de aniquilação da humanidade para dominar o mundo pela redução da população para sobrar mais recursos não passa de balela. Basta fazer uma busca por [hoax + caixões + fema]. Quem poderia ser tão ignorante ao ponto de pensar que os EUA estejam planejando destruir sua população para manter o controle? E se esse controle planejado for do mundo inteiro, que diferença fazem alguns milhares de caixões para uma população de 7 bilhões?

Como se não bastasse a sinistrose importada, alguém com um cérebro do tamanho de um amendoim sai filmando depósitos de contêineres no Rio de Janeiro e em Santos e coloca no Youtube dizendo que são reservados para guardar corpos dos que forem vacinados contra a gripe, cuja vacina faria parte da conspiração de eliminar a população. Não é à toa que filmes de zumbis são a bola da vez. E o cara ainda diz que o número de contêineres aumentou consideravelmente nos últimos anos! Ele deve ter feito o vídeo de um celular com câmera e depois editou em um notebook, ambos vindos da China, e ainda não entendeu que o número só vai aumentar porque cada vez tem mais gente querendo celular e notebook da China.

É uma irresponsabilidade alguns que se dizem cristãos contribuírem para fabricar e espalhar boatos assim, que só servem para aterrorizar as pessoas. Vale lembrar que terrorismo psicológico é apenas uma das variantes de um mesmo crime. A Palavra de Deus nos dá a certeza de que este mundo passará por momentos amargos e terríveis, mas a mensagem para os crentes em Cristo nunca é alarmista, pelo contrário, a Bíblia nos diz para nos precavermos contra estes que querem causar alarde até mesmo das profecias bíblicas.

O apóstolo Paulo alerta para resistirmos aos que querem perturbar os irmãos para eventos catastróficos, mesmo aqueles previstos na Bíblia como o “dia de Cristo”, que é quando ele vem destruir os inimigos e estabelecer seu reino após o arrebatamento da igreja e após a tribulação.

(2 Ts 2:1-2) “Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto”.

Veja que o apóstolo alerta contra os que espalham rumores por meio de “espírito”, ou seja, revelações falsas como se viessem do Espírito de Deus; por “palavra”, isto é, por pregações que tentam convencer as pessoas de que a tribulação já começou; por “epístola” ou carta falsamente atribuída aos apóstolos (incluam-se aí as epístolas apócrifas). Também podemos fazer a leitura do “como de nós” como estando relacionada ao “espírito”, “palavra”, “epístola”.

Outros, como Himeneu e Fileto, corroem a fé de alguns com seus falatórios profanos que nada mais fazem do que criar maior impiedade ao dizerem que a ressurreição já ocorreu. Estes são como os que hoje pregam que o cristão não mais adoece, usando erroneamente a passagem que diz que Cristo levou nossas enfermidades. Quem acredita assim deveria se lembrar de que cáries, pintas, verrugas, mau hálito, intestino preso, necessidade de óculos, etc., são também enfermidades. Como alguém que ainda tenha tais coisas pode achar que está em um corpo imune às enfermidades?

(2 Tm 2:15-18) “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns”.

É certo que a pregação do evangelho aponta para o terrível destino do pecador sem Cristo, mas é para os horrores do juízo de Deus que a mensagem deve apontar, oferecendo a salvação por graça pela fé em Cristo. Apavorar as pessoas por apavorar, para transformá-las em reacionárias e subversivas da ordem, é obra do inimigo de nossas almas, e não tem nada a ver com o amor e graça que Deus oferece ao pecador.

A pregação para crentes tem outro caráter. Ela deve ser feita no sentido de encorajar os salvos a olharem para Cristo e não para as circunstâncias, que obviamente nunca serão as melhores neste grande deserto moral onde ainda estamos. Não é criando sinistrose que se força um crente a amar e obedecer a Deus, mas mostrando a ele o inigualável amor que Deus tem por ele. Amamos a Deus porque ele nos amou primeiro, e não porque vivemos assustados.

(Gl 5:22) “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Em outra ocasião Paulo protesta contra os que andavam inquietando os Gálatas. Embora ali o assunto fosse os judaizantes e legalistas, que com suas leis e regras queriam amedrontar os irmãos, o fato de estarem inquietando as almas era algo pernicioso. Os promotores de teorias conspiratórias não trazem qualquer edificação ao corpo de Cristo, mas apenas inquietação.

Aqueles que pregam a Palavra devem saber a diferença entre pregar para incrédulos e pregar para crentes. No primeiro caso a pregação tem sim um caráter de alerta, para que o pecador sem Cristo tome uma decisão urgente para evitar ser condenado no lago de fogo. No segundo caso a pregação tem o caráter de um pastoreio, de unir as ovelhas, tranquilizá-las, alimentá-las, curar suas feridas, enfim, de modo algum inquietá-las com notícias alarmistas.

Devíamos seguir o exemplo do verdadeiro Pastor descrito no Salmo 23. Ele nada deixa faltar às ovelhas (Salmo 23:1), “deitar-me faz em verdes pastos”, ou seja, as conduz a um lugar de descanso e abundância de alimento. “Guia-me mansamente a águas tranquilas”. Em Efésios 5:26 aprendemos que a água é uma figura da Palavra de Deus, e é a esta água tranquila, e não agitada, que somos guiados mansamente pelo Senhor, e não na base do medo e terror. Ele refrigera ou refresca a alma de suas ovelhas, e não as oprime com ameaças de fogo e enxofre (lembre-se de que estou agora falando da pregação para crentes). As veredas em que as guia são de justiça, não de uma carga de injustiças, conspirações e crimes hediondos.

Evidentemente o mundo não é nenhuma Disneylândia, e por isso existe sim o vale da sombra da morte, mas será que o verdadeiro Pastor das ovelhas fica chamando a atenção para o vale, para a escuridão ou para a morte? Não, mas para a segurança que existe nele: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam. Veja bem, “me consolam” e não “me aterrorizam”. Mesmo na presença dos inimigos há uma mesa pronta e farta, e o caminho nesta vida é cheio de bondade e misericórdia, e a expectativa que o Pastor cria no coração de suas ovelhas não é de um futuro tenebroso de conspirações e caixões do FEMA, mas de habitar seguramente na casa do Senhor.

Se o mundo chegasse a tal nível de carestia que existisse uma conspiração para eliminar pessoas, não iriam enterrar os mortos, mas transformá-los em proteína para os vivos, como no filme de ficção de 1973 estrelado por Charlton Heston, “Soylent Green”, que aqui passou com o nome de “O Mundo de 2020”. Mas por favor, não vá agora sair por aí espalhando que em 2020 os caixões do FEMA serão usados para armazenar as bolachas verdes feitas de proteína humana!

(2 Pe 3:10-13) “Mas o dia do Senhor [juízo de Deus para os escarnecedores do versículo 3] virá como o ladrão de noite [para os incrédulos]; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão [inclusive caixões do FEMA, supostos Illuminati e conspiradores]. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus [o estabelecimento dos novos céus e nova terra onde os salvos habitarão], em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós [os crentes, os salvos pela fé em Cristo], segundo a sua promessa, aguardamos [não um ladrão vindo de noite para destruir, mas…] novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.

É pelo Senhor que o crente espera, não por alguma suposta conspiração que irá dominar o mundo. É o céu que ele espera, e se chegar lá pela morte antes do arrebatamento, que diferença fará se o seu corpo foi enterrado em um caixão do FEMA ou não? Meu conselho: quem gosta de disseminar teorias conspiratórias entre os crentes não tem o caráter de um pastor de ovelhas, mas de um verdadeiro lobo.

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Devo insistir neste namoro?

Creio que este seja o terceiro ou quarto e-mail seu que recebo apenas hoje. Os outros eu apaguei porque já tinha lhe dado o que entendo ser a solução bíblica para seu caso. Se a sua namorada o trata como capacho, imagine depois de se casarem e toda a paixão da juventude der lugar à mesmice de um relacionamento cotidiano. Como você insiste, volto a apresentar a única solução que consigo ver segundo a Palavra de Deus.

Pelo que descreveu, ela nem convertida a Cristo é, pois se você diz que ela fica possessa é evidente que isso não acontece com uma pessoa salva que tem habitando em si o Espírito Santo de Deus. Este jamais compartilharia a mesma habitação com um espírito imundo, e basta procurar nas Escrituras para ver que nenhum verdadeiro salvo jamais é visto em um estado de possessão demoníaca.

Não fui eu quem disse isso de sua namorada, mas você mesmo acha que ela estaria possessa de um espírito maligno. Porém muito do que parece ser possessão demoníaca (principalmente em mulher) às vezes não passa de uma manifestação de histeria (procure sobre isso na Internet, é um problema mental e comportamental que aflige principalmente as mulheres).

Pelo que descreveu seu namoro já andava na contramão, pois vocês, mesmo professando ser cristãos e crer na Palavra de Deus, mantinham relações sexuais. O que começa errado costuma terminar errado, e as atitudes de sua namorada para com você são apenas mais uma variável na equação. Pelo sim, pelo não, quando o sapato tem um prego que nos machuca, o melhor mesmo é andar descalço. Dificuldades no namoro não terminam no casamento, só pioram.

Já que você não aceita estes argumentos, talvez entenda pelos versículos abaixo o que é uma mulher segundo o coração de Deus para ver que está em um jugo desigual que só pode terminar em uma vida de tristeza e frustração.

Evito ao máximo dar opiniões sobre problemas afetivos às pessoas que me escrevem, pois sei que pessoas em um estado como o seu não raciocinam nem com a razão e nem com o espírito, mas com a carne e suas paixões. Na maioria das vezes os conselhos são desprezados ou, como no seu caso, a pessoa fica escrevendo repetidas vezes para ver se eu mudo de opinião e ela encontre um respaldo para continuar no erro.

Não insista em errar procurando pretextos e aprovações para seu erro, porque até Deus pode em determinadas situações dizer para irmos em frente, como fez com Balaão. Deus disse a ele que não fosse amaldiçoar Israel, conforme o rei inimigo tinha lhe pedido. Balaão insistiu até Deus dizer: “Vá”. Mas aquilo foi só para a ruína de Balaão. Assim é conosco. Quando insistimos no caminho errado Deus permite aquele caminho como forma de nos disciplinar. Os frutos são sempre amargos.

Veja o que diz a Palavra de Deus sobre a tristeza que é ficar amarrado a uma mulher briguenta, e qual é a mulher segundo o coração de Deus e não segundo a carne do homem. É por esta que você deve orar e esperar:

(Pv 21:9) “É melhor morar num canto de telhado do que ter como companheira em casa ampla uma mulher briguenta”.

(Pv 25:24) “Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla”.

(Pv 14:1) “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”.

(Pv 19:14) “A casa e os bens são herança dos pais; porém do Senhor vem a esposa prudente”.

(Pv 11:16) “A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as riquezas”.

(Pv 12:4) “A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que o envergonha é como podridão nos seus ossos”.

(Pv 31:10-12) “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo. Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida”.

(1 Pe 3:1-6) “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; Considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto”.

(Lc 1:45) “Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”.

(Pv 31:30) “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada”.

Aguarde em Deus para prover a você uma companheira segundo os pensamentos dele, e não segundo as paixões de sua carne. Ou continue insistindo nesse seu caminho e viva o resto da vida colhendo os frutos de sua obstinação.

(2 Co 6:14-18) “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”.

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O que significa batalha espiritual?

As religiões costumam inventar títulos para atividades, como se fosse um cardápio que possa servir de diferentes maneiras para diferentes ocasiões, ou então para criar novas disciplinas a serem ensinadas nas escolas de teologia. Talvez seja o caso do termo “Batalha Espiritual” que mencionou, na qual sua amiga diz estar empenhada ao ponto de “estar cansada e com dor no corpo de tanta batalha espiritual”.

Quem realmente ora a Deus não costuma ficar contando isso, mesmo porque o próprio Senhor disse que não devemos orar para sermos vistos pelos homens. Lembro-me de uma “pastora” em minha cidade que costumava orar em sua sala de frente para a rua com as cortinas abertas, estrategicamente ajoelhada de modo que todos os pedestres pudessem ver como ela era fiel e perseverante (!). É o caso também dos que colocam suas próprias fotos fazendo pose de que estão prostrados em oração no Facebook ou no Orkut. Nossa carne religiosa adora essas coisas, por isso faremos bem em evitá-las.

(Mt 6:5-8) “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão [isto é, já foram vistos pelos homens, que era o objetivo, portanto Deus não precisa nem se dar ao trabalho de responder]. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes”.

Não existe explicitamente o termo “batalha espiritual” na Bíblia, ou pelo menos na versão que busquei, mas isso não quer dizer que o crente não esteja em uma constante guerra no mundo espiritual, a qual é travada em oração. Esta passagem é um exemplo:

(Cl 4:12) “Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus”.

Estamos empenhados em uma batalha espiritual, se quiser usar o termo, em todos os aspectos da vida cristã, seja em nossas orações, quando invadimos com elas as regiões celestiais para lutarmos contra seres espirituais, seja na labuta diária para testemunharmos de Cristo.

(Ef 6:12-18) “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; E calçados os pés na preparação do evangelho da paz; Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,”.

(Fp 1:27) “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho”.

Creio que você aproveitaria muito lendo sobre oração e também sobre a armadura de Deus. Mas fuja de qualquer movimento ou prática que tenha cheiro de carnalidade e farisaísmo, no sentido de orar para se gabar disso ou ser vista pelos homens. E também não caia na armadilha de ficar enxergando um demônio em cada pessoa, como fazem alguns que mais se ocupam com o diabo do que com Cristo.

Existem por aí até cursos de “batalha espiritual” com ênfase em estudar e conhecer Satanás, seus anjos e demônios, mas não creio que nos tornamos mais espirituais se gastarmos todo o nosso tempo ocupados com as trevas. Aquele que se ocupa com Cristo certamente escolheu “a melhor parte”, como disse o Senhor a Marta. A ocupação com o Senhor deve ser nossa prioridade. Afinal, essa será eternamente nossa ocupação, não é mesmo?

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Jesus não sabe quando vai voltar?

Sua dificuldade está em entender a passagem em Marcos 13:26-32: “E então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória… Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai”. Se Jesus era Deus, como ele podia dizer que não sabia o dia e a hora de sua própria vinda?

Faz sentido que nenhum homem, anjo ou profecia asteca tenha ideia de quando é esse dia e hora, mas se Jesus é Deus onisciente, isto é, sabedor de todas as coisas, como tal informação estaria fora de seu alcance.

Vamos deixar claro uma coisa: Jesus sempre foi Deus. Em um determinado ponto da história há cerca de dois mil anos ele se tornou Homem sem deixar de ser Deus. Sob aquela aparência de um perfeito Homem estava escondida a sua divindade, assim como a Arca da Aliança, feita de madeira (humanidade) e ouro (glória real e divina) era transportada coberta da vista humana sob três cobertas diferentes.

Primeiro vinha o véu, o mesmo que no tabernáculo mantinha a arca separada da visão dos homens (o véu foi rasgado quando Jesus morreu). Sobre este era colocada uma pele de texugo impermeável e rústica, que nos faz lembrar Isaías 53 que diz que Jesus era sem formosura e não havia nele beleza que nos agradasse. Por cima de tudo um pano azul, a cor do céu. Ou seja, apesar de não enxergarem o ouro glorioso da arca, todos sabiam que estava ali, sob aquelas cobertas, assim como sabemos que Jesus nunca abriu mão de sua divindade mesmo enquanto circulava por este mundo como Homem. Ainda que os homens só vissem em Jesus um ser humano comum e sem formosura, ele tinha um quê visível de sua origem celestial.

Mas se ele era Deus, ainda que oculto sob um corpo humano, como não tinha ciência do dia e hora de sua volta? A resposta pode estar em João 15:15: “O servo não sabe o que faz o seu senhor”. Jesus andou aqui como um perfeito Servo, portanto nessa condição e posição de “Filho do Homem” ele podia muito bem não ter tal informação. Como homem, ele tinha limitações inerentes à sua humanidade, e essas limitações só eram deixadas de lado com autorização do Pai, pois mesmo sendo sua vontade perfeita, ele nunca moveu uma palha que não fosse da vontade do Pai. Portanto, como Deus ele sabia, mas como Servo não lhe tinha sido dado conhecer tal informação para poder passá-la a outros.

Em Atos 1:7 diz: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”. Agora compare outra vez com João 15:15 “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque TUDO quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer”. Na condição de Filho a informação do dia ou hora, ou dos tempos e estações, era uma que o Pai não lhe tinha confiado, pois se tivesse, ela faria parte do “tudo” que ele teria transmitido aos seus discípulos.

Tal expediente não é estranho em nossa vida aqui neste mundo. É comum vermos uma entrevista em que alguma autoridade, presidente, magistrado, etc., emite sua opinião para o repórter avisando antes que aquela é sua opinião como cidadão, e não como a autoridade que ele no exercício de suas funções. Eu me lembro do diretor que também era professor na faculdade onde estudei. Em suas reuniões com os professores ele costumava dar opiniões às vezes até contraditórias, avisando sempre de antemão que ora falava como diretor, ora como professor.

Portanto, como Filho do Homem e no momento em que andava neste mundo, vivendo em “modo Servo”, o conhecimento do dia e hora de sua vinda estava vedado a ele. Mas obviamente, em “modo Deus” ele jamais deixou de ser onisciente. Seria algo semelhante nos espantarmos de Jesus sentir fome e sede, ou até sofrer dor, se sabemos que fome, sede e dor são sensações que não fazem sentido Deus experimentar.

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O crente passará pela tribulação?

Sua dúvida é como o arrebatamento poderá ocorrer antes da tribulação se em 1 Tessalonicenses 1:6 o apóstolo Paulo está dizendo aos irmãos que Deus iria atribular os que atribulavam os santos, dando-lhes descanso na manifestação de Jesus. Vamos ver a passagem toda:

(2 Ts 1:4-10) “De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós)”.

Tribulação os cristãos sofreram em todas as épocas, portanto a palavra aqui não precisa estar necessariamente falando da Grande Tribulação. O que a passagem diz é que o povo de Deus terá descanso, enquanto seus inimigos sofrerão nas mãos de Deus.

O versículo 7 não diz necessariamente que descanso os crentes só terão quando o Senhor Jesus se manifestar vindo do céu para estabelecer o seu reino (após a Grande Tribulação), porque interpretar assim equivale dizer que um cristão que hoje é perseguido, atribulado e morto em um país muçulmano, por exemplo, não terá descanso até a vinda do Senhor. Seria um absurdo.

No momento em que a morte o tira do mundo ele já está descansando na presença do Senhor. Do mesmo modo, se o arrebatamento ocorrer hoje, entraremos no descanso na presença do Senhor. Portanto o versículo 7 não está condicionando o descanso das tribulações à vinda de Cristo.

O que o contexto está dizendo é que quando o Senhor derramar seu juízo sobre os seus inimigos, os santos serão manifestados, juntamente com ele, em sua condição de descanso. Na vinda do Senhor estão incluídas tanto a paga aos que atribularam os santos (desde os tempos de Tessalônica), como o descanso manifesto ao mundo todo dos que foram atribulados.

Compare estas passagens:

(2 Ts 1:10) “Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós)”.

(1 Ts 3:13) “Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos”.

(Zc 14:5) “Fugireis [os que estiverem na Grande Tribulação] pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele [obviamente os santos que já estarão no céu nessa ocasião]”.

Pense numa historinha assim: O garotinho apanha dos colegas na escola e vai para casa chorando. No dia seguinte aparece na saída da escola o irmão mais velho do menino trazendo-o pela mão e pergunta: “Quem foi que bateu em você?” O menino responde: “Aquele, aquele ali e aquele outro”. Então o irmão mais velho dá uma surra nos meninos maus na frente de todos os outros meninos para mostrar a todos que eles estão sendo castigados pelo que fizeram ao irmão menor.

O irmão mais velho veio, com toda a glória de seu tamanho, se fazendo admirável diante do irmão menor e ao mesmo tempo demonstrando que desde o dia anterior o irmão mais novo estava descansando em casa. Mas agora os que atribularam o pequeno vão receber a justa paga.

(Mt 25:41-45) “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer”.

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Quem está presente: o Senhor ou o Espírito?

O Espírito Santo está presente em qualquer lugar onde sua Palavra é pregada, pois é o Espírito quem convence as pessoas do pecado e as leva a crer no Salvador. Isso pode acontecer até nos cultos dos piores pregadores picaretas, desses que vivem pedindo dinheiro. O poder está na Palavra de Deus aplicada pelo Espírito Santo na alma, e não na eloquência do pregador ou em sua persuasão. O pregador pode até ser incrédulo e mesmo assim o Espírito Santo usar a Palavra que ele lê na Bíblia para converter pessoas.

Já a presença do Senhor só pode ser reivindicada por aqueles que estão congregados ao seu nome, ou seja, com o reconhecimento de sua autoridade delegada. Se estivermos congregados “autorizados”, isto é, com a autoridade que o Senhor concede, então ele está no meio. Mas se não existe dependência do Senhor e principalmente julgamento de pecado moral, má doutrina, divisões ou heresias, etc., ele não estará no meio, pois o Senhor não pode ser conivente com o pecado.

Dou um exemplo. Digamos que o presidente de um país envie dois embaixadores para nações estrangeiras. O primeiro estará lá fazendo tudo de forma responsável em nome do presidente do país. É como se o presidente do país estivesse lá, pois o embaixador tem autoridade para tanto e seu posto é reconhecido pelo país de origem. Tudo o que ele decidir ali terá o aval do presidente do país que o enviou e será registrado nos documentos do governo.

Porém, o outro embaixador no outro país não é confiável. Ele começa a roubar, traficar drogas, envolver-se em escândalos, etc. O presidente imediatamente irá tirar a sua autoridade. Ainda que ele permaneça no exterior agindo como se nada tivesse mudado, tudo o que fizer não terá valor no país de origem, pois ele não está credenciado para agir em nome do presidente de seu país. Agora imagine uma terceira situação onde alguém no exterior se diz embaixador de um determinado país sem jamais ter recebido tal delegação. Ele é um usurpador da autoridade, portanto seus atos também não têm validade no país de origem.

Agora vamos pensar no que vemos na cristandade, lembrando que temos uma Cabeça no céu, o Senhor, e seu corpo aqui na terra, a Igreja. Esta só estará devidamente representada quando dois ou três estiverem congregados ao nome do Senhor ou com a autoridade que ele delega.

Mas quando olhamos o modo de funcionamento de qualquer denominação religiosa, o que vemos?

Ainda que cada crente ali, individualmente, possa reconhecer a Cristo como a Cabeça, na prática encontra uma hierarquia de comando, geralmente formada por um presidente da organização em nível mundial, e aí os cargos vêm descendo como se fosse uma pirâmide, até chegar ao pastor local, um homem que fica na direção da congregação. Embora essa estrutura possa variar, esse modelo que se iniciou com o romanismo não é muito diferente do que vemos numa empresa, mas não é o que encontramos na Palavra de Deus.

Na Palavra de Deus não temos um “presidente” humano, mas Cristo, a própria Cabeça da igreja ocupando o centro de todas as atenções. Abaixo dele estão todos os membros do seu corpo e todos sujeitos à Cabeça que é Cristo. Na prática isso funciona com a presença do Senhor no meio dirigindo tudo por meio do Espírito Santo e delegando sua autoridade à assembleia (os “dois ou três” congregados ao seu nome). A presença do Senhor tem vários aspectos, mas vou me concentrar ao aspecto da autoridade.

(Mt 18:18-20) “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.

Por estarem os dois ou três reunidos “ao” ou “em nome” do Senhor, ele delega sua autoridade administrativa para a assembleia agir em seu nome. Os céus reconhecem o que é ligado por aqueles agindo assim revestidos dessa autoridade e por esta razão o pecado pode ser julgado e extirpado do lugar onde se expressa comunhão, que é à mesa do Senhor. Se não existisse autoridade, cada um faria o que bem entendesse e as coisas não funcionariam, pois quem ousaria assumir o papel de “chefe” em algo que pertence a Deus? A alternativa seria a adotada pelas organizações religiosas, que é a de colocar um homem à frente da congregação.

Quando meus filhos eram pequenos, costumávamos exortá-los à obediência do Senhor, dizendo coisas do tipo “o Senhor não gosta que você faça isso”, “o Senhor ficou triste com seu modo de agir”, etc. E quando precisavam de disciplina, avisávamos que seriam disciplinados porque desobedeceram, não ao papai ou à mamãe, mas ao Senhor. Fazíamos assim para que eles mantivessem obediência ao Senhor mesmo se um dia seus pais viessem a falhar e cair em contradição. Eu e minha esposa éramos pessoas falhas que receberam de Deus a autoridade paterna e materna para agirmos em nome dele na educação de nossos filhos, do mesmo modo como um policial recebe do Estado autoridade para agir em sua esfera de ação.

(Ef 6:4) “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação DO Senhor”.

Assim é a assembleia e assim é que o Senhor está no meio dela agindo por delegação de poder e autoridade. Quando o embaixador de um país participa de uma reunião em algum lugar ele tem autoridade delegada pelo Presidente para falar e agir no lugar do Presidente. Em outras palavras, é como se o Presidente estivesse ali no meio daquela reunião decidindo as coisas. O que o representante do Presidente decidir será endossado pelo próprio Presidente, porque foi ele quem autorizou seu embaixador a agir em seu lugar.

Em outras palavras, o que o embaixador “ligar” ou “desligar” em termos de decisões numa reunião local, o Presidente irá “ligar” e “desligar” na sede do governo, no sentido de reconhecer que aquela pessoa está agindo com sua autoridade delegada. Até mesmo quando essa pessoa “ligar” ou “desligar” de forma errada, o Presidente irá endossar sua decisão, mesmo que venha a corrigir a decisão mais tarde, pois autoridade delegada não significa necessariamente infalibilidade. Você pode ser multado injustamente pelo guarda de trânsito, mas a polícia irá endossar a decisão dele até que seja provada injusta, e então corrigi-la. Obviamente, como já expliquei, em casos de insubordinação ao governo do Presidente, crimes, etc., o embaixador perderá suas credenciais. Deixará de representar o país.

Voltando agora à assembleia e ao Senhor em seu meio, creio que você já entendeu o que é ter o Senhor no meio dos que tomam decisões em nome dele e com a autoridade que ele delegou. Sua presença e autoridade ali faz toda a diferença, e a assembleia não age de moto próprio ou com sua própria autoridade, mas com a autoridade que lhe foi delegada.

Se não fosse assim, que direito teriam aqueles de 1 Coríntios 5 de expulsarem de seu meio um malfeitor? Seria muita pretensão tomarem tal decisão, já que todos poderiam também ter alguma falha, mesmo que não fosse tão grave quanto à do homem imoral. O que lhes dava autoridade para decidir quem devia sair da comunhão e quem devia ficar? O Senhor no meio daqueles que estavam tomando decisões em seu nome. Em Mateus 18:18-20 o Senhor garantiu isso à assembleia (não a um homem ou colegiado de homens, mas à assembleia local).

Tire Mateus 18 de vista e será preciso eleger um “pastor” como fazem as denominações a fim de manter a ordem. Porém aí não será a autoridade do Senhor sendo exercida por “dois ou três reunidos” ao seu nome, mas a autoridade do homem que está à frente daquelas pessoas.

Tire a autoridade do Senhor de um grupo de cristãos reunidos e não será possível julgar o mal. É por isso que em muitas denominações cristãs você encontra pessoas sabidamente levando uma vida de pecados, misturadas na comunhão com irmãos sinceros sem que ninguém tome qualquer atitude. Como a autoridade ali é do “pastor”, fica a critério de ele decidir quem fica e quem sai, num estilo muito parecido ao de Diótrefes na assembleia descrita por João em sua terceira epístola:

(3 Jo 1:9-10) “Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja”.

Quando existe um homem exercendo o “primado”, já não é a autoridade do Senhor dada à assembleia que tem a palavra final, mas sim os caprichos desse “primaz” (curiosamente alguns líderes religiosos adotaram esse mesmo termo para si mesmos!!). Naquele tempo ainda havia apóstolos como João, que podiam ir lá e, por assim dizer, colocar a casa em ordem. Hoje a casa está em completa desordem, principalmente porque tiraram o lugar que era devido ao Senhor e o entregaram a homens.

O que fazer num estado de tamanha ruína? Evitar julgar quem é do Senhor ou não, mas simplesmente apartar-se do mal e da iniquidade. Mas não só isso. É preciso apartar-se também dos vasos existentes nessa grande casa, porém isso não para ficar só, e sim para seguir com aqueles que já se purificaram dessas coisas para reconhecerem a Pessoa, a autoridade do Senhor em seu meio.

(2 Tm 2:19-22) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas [dos vasos], será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro [purificado destas coisas], invocam o Senhor”.

(Hb 13:13-15) “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério… Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”.

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O pré-tribulacionismo está errado?

O autor do texto que você enviou, cujo nome desconheço, está equivocado ao dizer que o versículo de Apocalipse 3:10 “é reivindicado como o texto de prova por muitos que acreditam em um arrebatamento pré-tribulação”. O conhecimento de que a igreja não passará pela tribulação, mas será arrebatada antes, não está fundamentado em apenas um versículo como Ap 3:10, mas em um conjunto de evidências na Palavra de Deus.

É difícil alguém entender isso sem entender as diferentes dispensações ou maneiras como Deus trata com o homem ao longo dos tempos. Se a pessoa não entender que Israel e Igreja são coisas distintas, que a Igreja não aparece no Antigo Testamento e que os evangelhos são judaicos em sua época e natureza (inclusive os relatos da Grande Tribulação que aparecem neles), ela não entenderá nem o arrebatamento, nem a razão de ocorrer antes da tribulação.

Mas vamos ao argumento do autor do texto que recorre ao grego (língua que não conheço), em especial a palavra “ek”, para “provar” que a Igreja passará pela tribulação.

(Ap 3:10) “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei [‘guardarei’ = ‘tereo’] da [‘da’ = ‘ek’] hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”.

Segundo ele, guardar “da hora da tentação” não significa remover “da hora da tentação”, mas sim preservar a igreja dos sofrimentos conectados à tribulação, enquanto estiver inserido na tribulação. Ele apela para a palavra grega “ek” que poderia significar tanto “dentre” como “dentre o meio”, alegando que para ser preservado “dentre o meio” é preciso primeiro estar no “meio” da tribulação. Sua interpretação recorre à outra passagem onde a mesma palavra “ek” é usada:

(Jo 17:15) “Não peço que os tires do [ek] mundo, mas que os livres [tereo] do [ek] mal”.

Sim, realmente esta passagem está dizendo que o Senhor não rogava para que seus discípulos fossem tirados “dentre o meio” do mundo ou do atual sistema de coisas (este é o significado de mundo aqui). Eles, e os cristãos depois, viveriam fisicamente inseridos neste mundo sem fazerem parte dele. O autor explica assim:

Significa claramente proteção na presença dentre o mal, não remoção da esfera do mal. Jesus estava para voltar ao Pai, mas sabia que tinha de deixar os seus discípulos no mundo na presença do mal até que a Grande Comissão estivesse completa. E Jesus orou para que os crentes fossem preservados do mal … Jesus usou [em Ap 3:10] a frase ‘guardar [tereo]… dentre [ek]’ para opor-se à ideia de um arrebatamento. Ele inegavelmente tinha em vista uma proteção na presença do mal. Então como poderia a mesma frase inverter completamente aquele sentido e significar um arrebatamento pré-tribulação? Neste caso João 17:15 interpreta Apocalipse 3:10. Somos então compelidos a concluir que Apocalipse 3:10 é uma promessa de proteção divina até emergirmos seguramente dentre a ‘hora da tentação’. Isto não é uma sugestão de um arrebatamento secreto e oculto pré-tribulação. Neste versículo a palavra ‘guardarei’ significa ‘protegendo enquanto você emerge dentre o meio da tribulação’“.

Esta é a explicação do autor e tudo estaria bem se o versículo estivesse realmente dizendo “eu te guardarei da tentação que há de vir sobre todo o mundo”. Mas não é o que o versículo diz. Ele diz: “eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo”, portanto não se trata de proteger das aflições dessa “hora da tentação”, mas guardar (ou evitar que passe) pela própria “hora” ou momento da tentação. Para entender melhor é só lermos outra passagem que também usa a mesma construção, inclusive no grego:

(Jo 12:27) “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta [ek] hora; mas para isto vim a esta hora”.

Jesus não estava ali sugerindo que o Pai o livrasse das aflições da cruz enquanto ele estivesse na cruz, mas que o livrasse daquele momento, que incluía estar em um determinado ponto físico na relação tempo-espaço. Em Apocalipse 3:10 Jesus está dizendo à igreja que irá guardá-la “da hora”, isto é, daquele momento, que é um período que inclui tempo e espaço.

Se você disser que visitou as Torres Gêmeas em Nova Iorque no dia 11 de setembro de 2011, porém não estava lá na HORA do atentado, certamente não estará querendo dizer que estava dentro das torres e não sofreu dano algum! Você simplesmente não estava lá, naquele lugar e naquele momento. Saiu antes. Não poderia nem estar querendo dizer que foi tirado na hora em que os aviões bateram, ou depois do desmoronamento. Você não estava lá na hora e circunstâncias do atentado e ponto.

A passagem de Apocalipse 3:10 está se referindo ao momento da tentação e não às agruras da tentação. Afirmar que ela estaria se referindo à mera proteção contra o sofrimento é fugir do assunto e acabar conflitando com várias passagens de Apocalipse que falam dos fiéis que irão sofrer durante o período de tribulação, os quais farão parte do remanescente judeu que se converterá naquele tempo.

Aqui o comentário que William Kelly (que não apenas sabia muito bem o grego, o hebraico e outros idiomas, como traduziu a Bíblia dos originais):

Como sabemos, existe um tempo perigoso aguardando pelo mundo, não exatamente a hora da tribulação, mas da “tentação”. Ao que parece, esta hora de prova ocorre dentro do futuro apocalíptico, ou “as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1:19). Não se trata meramente do tempo de horrores quando Satanás em fúria é expulso das alturas, e quando a Besta, impulsionada por ele, se levanta com todo o seu poder perseguidor, mas sim a um período prévio de sofrimento e sedução. “A hora da tentação” é um termo mais amplo do que “a grande tribulação” de Apocalipse 7, e mais ainda que a tribulação sem paralelo que está para cair sobre a terra de Israel (Dn 12, Mt 24, Mc 13). Se assim for, quão rica e plena é a promessa: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”. Os homens tentam em vão escapar. A hora da tentação deve vir sobre todo o mundo habitável… Ela irá alcançar os homens, não importa onde possam se esconder; pois ela está para vir sobre todo o mundo habitável “para tentar os que habitam na terra”. Quão abençoado é ser um peregrino aqui, associado com Cristo no céu!

Quem então pode escapar? Aqueles que forem chamados por Cristo para serem levados para o céu. Eles não estarão naquela hora. Não se trata meramente de escaparem, de estarem envoltos em sofrimento, mas de serem guardados “da hora” da tentação vindoura. Que exceção plena e magnífica! Tal é a força da promessa e sua bênção, que o Senhor promete que os seus serão guardados para não participarem desse momento. A forma simples e segura de mantê-los a salvo dessa hora é tirando-os de cena. Os seguidores de Irving costumavam falar de o Senhor ter uma pequena Zoar (cidade de refúgio no Antigo Testamento). Que comparação mais pobre e terrena! Não se trata de uma questão de geografia ou de um esconderijo distante e secreto, mas da total remoção do período compreendido pela tentação que virá sobre todo o mundo habitável. Isto é totalmente assegurado pelo traslado deles para o céu antes que chegue a hora da provação do mundo; e é isto o que importa nesta promessa. O remanescente de judeus fiéis, por sua vez, só terá o recurso de fugir para as montanhas para escapar, até que Jesus apareça em glória para confundir seus perseguidores. Para os cristãos, porém, a história é outra. Quão errado é dar à história da igreja uma conotação judaica!” (William Kelly — 1821-1906).

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O que é a Nova Jerusalém?

Bruce Anstey explica em “Acontecimentos Proféticos” algo sobre a Nova Jerusalém: “Existem três Jerusaléns que não devem ser confundidas: a Jerusalém celestial (Hb 12:22, Ap 21:10-22:5), que é a igreja em seu caráter administrativo nos céus, a Jerusalém terrena (Jr 3:17, 30:18, Sl 48, Ez 49:15-20), que é a habitação do príncipe e de outros santos provavelmente da família real de Davi no Milênio, e a Nova Jerusalém (Ap 21:2), que é a cidade dos santos no Estado Eterno. Todas são chamadas santas (Ap 21:2, 10, Joel 3:17)”.

Portanto, havia a Jerusalém física do Antigo Testamento e dos evangelhos, e haverá também uma Jerusalém física no milênio, ambas na terra. Mas no Novo Testamento temos uma revelação completamente nova e pela descrição de Apocalipse 21, versículo 9 em diante, a Jerusalém celestial que desce do céu ataviada como noiva é a Igreja em sua relação administrativa e governamental com Israel e a terra durante o milênio.

(Ap 21:9-10) “E veio a mim um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”.

Neste capítulo 21 é possível ver o estado eterno (vers. 1-8), que na realidade é o que vem depois do milênio e do Grande Trono Branco do capítulo anterior; a igreja (vers. 9) em conexão com o milênio e em seu aspecto administrativo; Israel (vers. 12) e as nações gentias no milênio (vers. 24).

Embora em Efésios 1 a igreja apareça no caráter de corpo de Cristo, conforme a revelação feita a Paulo, em Efésios 5:25-27 ela aparece como esposa de Cristo, e esta passagem deixa clara uma relação que tem seu paralelo no matrimônio entre um homem e uma mulher, a relação mais próxima a que duas pessoas podem chegar, já que o homem une-se à sua mulher e os dois são uma só carne. Em 2 Co 11:2 diz: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo”.

Quando abrimos em Apocalipse 19:7-8 lemos de um matrimônio que acontece no céu em algum momento depois do arrebatamento da igreja e antes de o Senhor voltar à terra para estabelecer o seu reino, o que vem na continuação em Ap 19:11-21. Considerando que as bodas ocorrem no céu em um momento quando Israel ainda está na terra antes que o Senhor venha em glória para estabelecer seu reino, a noiva em Apocalipse não pode ser Israel, mas sim a igreja.

(Ap 19:7-8) “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos”.

(Ap 19:11-16) “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça… E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.

É bom lembrar que as doze portas da cidade celestial têm os nomes das doze tribos de Israel e os doze fundamentos trazem os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro, que mostra algum tipo de conexão entre Israel, na terra, e a Igreja, no céu, pois assim como haverá uma cidade santa na terra (Is 60:14 — a Santa Sião), haverá uma cidade santa (Jerusalém) que desce do céu. Por isso também não devemos confundir a Jerusalém na terra durante o milênio, conforme Isaías 60, com a Jerusalém que desce dos céus de Apocalipse 21. Elas mostram ter uma conexão, mas cada uma ocupando o seu lugar.

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Só a Igreja Católica pode interpretar a Bíblia?

Sua dúvida é por o catolicismo romano utilizar esta passagem para alertar seus seguidores que não devem tentar interpretar a Bíblia sozinhos sem seguir a interpretação dada pelos papas e concílios católicos. Mas não é o que o texto quer dizer, e o catolicismo já começa errando ao interpretar a própria passagem. Vamos ver o que diz:

(2 Pe 1:20-21) “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.

Para melhor entender, vamos fazer aqui um exercício de interpretação de texto reescrevendo a passagem na forma de paráfrase começando do versículo 21:

Por ter sido a profecia produzida, não por vontade de homem algum, mas falada por homens santos de Deus inspirados pelo Espírito Santo, nenhuma profecia da Escritura é originária de particular interpretação [desses homens santos de Deus]”.

Nesta leitura, a passagem está falando que esses homens não geraram a profecia ao seu bel prazer, mas estavam sob a inspiração do Espírito Santo, aquele que tinha a visão do todo na produção profética.

Uma antiga lenda conta de alguns cegos que tocaram um elefante e tentaram interpretá-lo. Um tocou sua perna e disse que elefante era uma árvore com um tronco bem grosso. Outro tocou a orelha e disse que não, que elefante era como um grande leque. Outro tocou a tromba e deduziu que elefante era uma cobra gigante. Outro tocou a cauda e contestou: O elefante é um pincel. Outro, com as mãos na barriga do animal, logo corrigiu o colega dizendo que o elefante era um grande barco.

Moral da história: nenhum deles estava certo porque não eram capazes de enxergar o todo. Assim, ao produzirem a profecia, em diferentes épocas e lugares, cada escritor da Palavra de Deus contribuiu com uma parte do conjunto, a maioria deles sem enxergar o todo ou sem que aquilo fizesse sentido para eles particularmente. É somente no contexto do conjunto dado pelo Espírito que as coisas fazem sentido.

Portanto, se a produção da profecia não foi de particular interpretação, o entendimento dela também não pode ser particular, no sentido de ser entendida em parte e deslocada do contexto do conjunto, e não no sentido de dependermos de uma organização religiosa, como a igreja católica, para interpretá-la. A grande maioria das seitas e heresias surgiu porque alguém destacou uma porção da Palavra de Deus e deu a ela uma importância particular e independente do conjunto. Fazendo assim até uma verdade se transforma em erro.

Na Segunda Guerra Mundial os alemães criaram uma máquina para produzir mensagens em código que eram enviadas aos campos de batalha. Somente aqueles que tinham a máquina podiam decifrá-la, pois ela lhes dava a visão do código como um todo. Os soldados aliados precisaram roubar uma máquina dessas para poderem interpretar o que os alemães diziam. Este é o outro aspecto da passagem: aquilo que foi produzido pelo Espírito Santo só pode ser decodificado pelo Espírito Santo.

Portanto, a passagem não fala da interpretação da profecia do ponto de vista do leitor, mas de seu produtor. Mas ela também fala da necessidade de se ter a visão do conjunto, o que só o Espírito Santo dá, ou estaremos tratando individualmente as peças de um quebra-cabeça sem termos a foto da tampa da caixa, que é onde vemos onde cada peça se encaixa na imagem completa.

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O assunto da epístola é a evangelização?

Recebi seu e-mail e percebi sua preocupação em tentar interpretar 1 Coríntios sempre do ponto de vista da evangelização. Não é este o assunto ali. Entenda que a atividade maior do crente não é pregar o evangelho, mas adorar a Deus. Deus busca adoradores; evangelistas ele dá (Jo 4:23; Ef 4:11). Portanto, a carta aos Coríntios é uma carta a crentes, à igreja, dizendo como devemos nos comportar principalmente para a edificação uns dos outros. Em algumas partes Paulo menciona o testemunho aos incrédulos, ou mesmo como os próprios Coríntios foram evangelizados no princípio (1 Co 15), mas não é o assunto principal da carta.

Quando você está numa denominação, é dada uma ênfase enorme na pregação do evangelho porque as pessoas simplesmente não sabem o que fazer se não estiverem pregando o evangelho. Há lugares em que o pregador se sente frustrado quando não vê incrédulos na audiência. Nesses lugares, o tempo todo, todos são exortados a saírem pregando, são feitas campanhas missionárias (não que essas coisas não sejam boas) e até mesmo quando estão reunidos, dependendo do dom daquele que ministra, tudo o que ouvem é o evangelho. Em muitos lugares onde o que prega tem o dom de evangelista, as pessoas padecem de desnutrição ou não saem nunca do leite para o alimento sólido (1 Co 3:2).

Mas veja que quando celebramos a ceia do Senhor, não estamos pregando o evangelho a incrédulos, mas adorando a Deus e recordando a morte de Cristo. Se pudermos chamar assim, trata-se de uma atividade vertical, de baixo para cima, dos homens para Deus, pois é adoração e louvor (aqui alguns terão dificuldade de entender a que estou me referindo porque as palavras “adoração” e “louvor” ganharam o significado de shows de bandas evangélicas).

Quando estamos orando em assembleia, não estamos pregando o evangelho, mas falando com Deus e colocando diante dele nossas necessidades. Mais uma vez temos uma atividade com sentido vertical, de nós para Deus quando nossas orações sobem à presença do Pai.

Quando estamos pregando ou ouvindo o ministério da doutrina dos apóstolos, não estamos pregando o evangelho porque nossos irmãos já são convertidos, e quem está ministrando não está pregando a incrédulos, mas a crentes. Trata-se de uma atividade também vertical, pois é a Palavra que o Espírito Santo de Deus traz através dos irmãos que ministram que será distribuída entre os santos, como os pães que o Senhor multiplicou e depois deu aos discípulos para que distribuíssem entre a multidão. Numa reunião assim não existe o apelo para que o pecador se converta, pois a Palavra é dirigida a crentes.

Obviamente em todas essas atividades a obra de Cristo é colocada sob os holofotes, porque tudo começa ali, e a Palavra de Deus continuará sendo o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Se um incrédulo escutá-la poderá ser convencido pelo Espírito Santo e se converter. Mas não é o incrédulo a ocupação dos crentes que ministram na assembleia, e sim Deus, na adoração, e nossos irmãos, pelos quais intercedemos em oração, e no ministério da Palavra para edificação exortação e consolação dos crentes.

Repare que os primeiros cristãos não se reuniam em assembleia ou igreja para pregar o evangelho; eles se reuniam para adorar a Deus, ter comunhão, orar e aprender da Palavra. A evangelização não é uma atividade da igreja ou assembleia, mas da pessoa que evangeliza. Até mesmo o batismo é uma responsabilidade e atividade de quem prega o evangelho, e não da igreja ou assembleia, como se fosse uma responsabilidade institucional.

(At 2:42) “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. (Percebe que o evangelismo não aparece aqui?).

(At 8:38) “E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou”.

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Seria a Igreja a continuação de Israel?

O catolicismo romano e grande parte do protestantismo fundamentalista considera a Igreja a continuidade natural de Israel. Tal ideia produziu algumas aberrações, como o desejo de destruir os judeus, primeiro por católicos (Inquisição) e depois por protestantes (Alemanha), já que o próprio Lutero tinha tal aversão, como se eles fossem um câncer no desenrolar da história do mundo. O sentimento de antissemitismo de Martinho Lutero pode ser visto em um de seus escritos:

“Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas… Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas… Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados… Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte… Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos judeus… Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem… Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na debulhadora, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu pão no suor do seu rosto… Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade … Portanto, fora com eles… Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus” — “Concerning the Jews and their lies” por Martinho Lutero.

Outra consequência de se pensar que não existiria um futuro para Israel, e que tal futuro seria justamente a Igreja, é a ideia de que os cristãos são responsáveis em levar o evangelho por todo o mundo como condição prévia para a volta de Cristo, quando a ordem do “Ide” foi dada claramente aos apóstolos em circunstâncias judaicas e falando do “evangelho do Reino”, que anuncia a volta do Rei. Segundo os que pensam assim, enquanto o mundo não for totalmente evangelizado Cristo não poderá voltar, portanto seria bobagem pensar que o Senhor poderia vir a qualquer momento, como era a esperança de Paulo e outros, que obviamente sabiam que o evangelho não seria pregado em todo o mundo dentro do período de suas vidas:

(1 Ts 4:17) “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados…”.

A ideia de que primeiro o cristianismo precisa conquistar e dominar o mundo para cristo voltar é também o que movia os cruzados antigos e os modernos em sua ânsia conquistadora, como o desejo norte-americano de uma hegemonia ocidental que às vezes faz uso de meios militares para atingir tal fim. A Teologia do Domínio, professada pelo ex-presidente Bush e por parte dos batistas fundamentalistas do sul dos Estados Unidos, vem desse desejo.

Mas o fato é que Israel e Igreja são dois povos diferentes, e isso é claramente explicado em Romanos 11. Israel está no presente momento em estado de torpor e cegueira enquanto Deus trata com a Igreja. Mas no fim Israel irá se converter e Deus terá os dois povos: Israel, escolhido desde a fundação do mundo (Mt 25:34), e a Igreja, escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1:4). Para ser Israel eu precisaria me tornar israelita ou ao menos um prosélito, passando a ter minhas práticas e costumes pautados pelas ordenanças judaicas e buscar em Jerusalém meu lugar de adoração.

Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois é o azeite o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na terra, ora nas mãos de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, e em diferentes épocas sob influência e direção do Espírito Santo.

Israel, os ramos naturais, foi quebrado, e a Igreja, os ramos de oliveira brava, enxertada. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um testemunho crescente e abrangente.

Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de sua “menina dos olhos”.

(Jo 4:22) “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus”.

(Gl 3:14) “Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito”.

O sentido disso não é que os gentios se tornariam judeus ou Israel para serem abençoados, mas que desfrutariam da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até nós gentios na Pessoa de Jesus e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel. E o fato de nós, cristãos e Igreja, existirmos independente de Israel não significa que Israel deixa de ser ou de ter as promessas que Deus lhe deu. Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja.

(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.

Se o Espírito Santo faz essa distinção, como podem alguns considerar que hoje igreja e Israel são a mesma coisa? Paulo não faria tal distinção se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel e nem falaria de um futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em outras passagens de suas epístolas.

(Rm 11:1) “Digo, pois: porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”.

Paulo deixa claro que Deus não rejeitou seu povo, tanto é que ele próprio se apresenta com as credenciais que identificam um judeu, apesar de ser membro do corpo de Cristo. Assim, embora Israel tenha falhado em seu testemunho, sua identidade como povo não deixou de existir, porque no final Deus irá voltar a tratar com esse povo. Caso contrário, não teríamos mais que nos preocupar com Israel e até seria um favor se tal nação desaparecesse da face da terra para deixar o caminho livre para a Igreja. Era assim que pensavam os católicos, era assim que pensava Lutero e outros protestantes, e é assim que alguns ainda pensam.

Mas Paulo, apesar de admitir o fracasso de Israel e a Igreja se introduzindo como o testemunho de Deus na presente era, deixa claro que ainda há uma plenitude prevista para Israel no final, confirmando assim a identidade e singularidade desse povo que ainda verá cumpridas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento:

(Rm 11:11-12) “Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”.

Nos versículos que se seguem Paulo fala diretamente à Igreja para mostrar o perigo de também o seu testemunho ser cortado como foi Israel por sua incredulidade. Mas perceba que o tempo todo ele está falando de duas entidades distintas. Se a Igreja fosse a continuidade natural de Israel não haveria essa comparação. E o versículo 23 mostra bem que Israel continua apenas em “stand by” ou em suspensão, mostrando assim a possibilidade de sua readmissão ao testemunho de Deus na terra.

(Rm 11:23) “E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar”.

Finalmente ele mostra que é apenas uma questão de tempo para que isso aconteça: “até que a plenitude dos gentios haja entrado”:

(Rm 11:25-27) “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: de Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados”.

A expressão “quando eu tirar os seus pecados” denota que a Igreja não é a continuidade de Israel, mas uma entidade distinta, pois Deus ainda irá tratar com Israel no futuro, que é o tempo também citado no versículo 31:

(Rm 11:31) “Assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem [no futuro] misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada”.

Eu não considero a ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação como uma mera opinião teológica; eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as promessas feitas por Deus especificamente para esse povo e tentar usurpá-las para a Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com indiferença ou desprezo. Veja você, a “menina dos olhos” de Deus vista com desprezo pelos que se diziam seguidores de Cristo, um judeu!

Então, no século 19, muitos cristãos começaram a entender e a resgatar as verdades hoje conhecidas como dispensacionais e a importância de Israel saltou das páginas da Bíblia diante de seus olhos dando origem a movimentos que buscavam preservar os interesses dos judeus com base nas promessas ainda pendentes de serem realizadas. Infelizmente a atual teologia da prosperidade volta a tentar aplicar para a Igreja as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos tempos do catolicismo medieval.

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O que seria comer indignamente a ceia?

A revelação dada a Paulo de como a ceia do Senhor deveria ser celebrada não foi a mesma recebida dos outros apóstolos quando o Senhor ainda estava vivo e sentado com eles à mesa no dia da Páscoa dos judeus. Paulo recebeu “do Senhor” as instruções, as quais ensinou aos irmãos de Corinto:

(1 Co 11:23-26) “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha”.

O motivo de sua dúvida, porém, é a passagem que vem a seguir. O que seria comer do pão e beber do cálice indignamente?

(1 Co 11:27-32) “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”.

Devemos ter em mente que somos por natureza indignos de receber qualquer favor de Deus. Nossa atitude deve ser a mesma daquele centurião que buscava a cura para seu servo, mas não se considerava digno que o Senhor Jesus entrasse em sua casa para curá-lo; ou a de João Batista, que não se considerava digno nem de desatar as correias das sandálias do Senhor; ou ainda a de Paulo, o apóstolo, que não se considerava digno de ser chamado de apóstolo, tal foi o sofrimento que havia causado aos cristãos.

(Mt 8:8) “E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar”.

(Jo 1:27) “Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca”.

(1 Co 15:9) “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus”.

Mas o assunto tratado aqui não é nossa indignidade natural e pessoal. Uma vez lavados pelo sangue de Cristo, Deus nos fez dignos para nos aproximarmos dele com base no valor que o sacrifício de Jesus tem aos olhos de Deus, e não com base em nossa dignidade pessoal. É por isso que diz “examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim [examinado] coma” (vers. 28). Não se trata de o crente fazer um exame prévio para decidir se deve ou não comer e beber (pois se assim fosse ele jamais comeria), mas sim de comer e beber neste espírito de alguém que está examinado. “E assim coma”.

Porém esta passagem em especial deve ser vista no contexto da ruína que havia caído sobre a assembleia em Corinto e a falta de cuidado e reverência que cercava a ceia do Senhor. Tratar a ceia com tamanha falta de respeito era ser culpado do corpo e do sangue do Senhor. Faz lembrar o caso de Uzá, que tentou aparar com sua mão a Arca da Aliança que pendia da carroça e foi morto por Deus. Independente de sua boa intenção ou fidelidade a Deus, aquela não era a maneira de se transportar a Arca e ninguém estava autorizado a tocá-la.

Um paralelo que pode ser feito é o dos símbolos de uma pátria, como a sua bandeira. Existe toda uma exigência de respeito e solenidade no modo como a bandeira deve ser tratada, e qualquer um sabe que quando vemos no noticiário uma bandeira de um país sendo cuspida, pisoteada e queimada por opositores, entendemos bem a gravidade da situação. É como se estivessem cuspindo, pisoteando e queimando o próprio país.

A falta de um juízo próprio na assembleia de Corinto no modo como a ceia do Senhor estava sendo tratada tinha suas consequências: muitos estavam fracos e doentes, e muitos já dormiam, isto é, morreram. Sim, a morte é uma das maneiras como o Pai disciplina seus filhos. Quando um filho seu não anda de forma a servir de testemunho neste mundo, Deus pode simplesmente chamá-lo, interrompendo sua vida aqui. É isto que a Bíblia chama de “pecado para a morte”. O crente é salvo mesmo assim, mas sua vida foi perdida. Se estava pronto para ir para o céu graças ao sacrifício de Cristo, não estava preparado para viver na terra como um testemunho para ele. Mais uma vez o ato impensado de Uzá me vem à mente.

Portanto, comer e beber a ceia como se fosse uma simples refeição, uma coisa comum ou sem fazer um juízo próprio, é comer e beber “indignamente”. É ser culpado, não apenas de desonrar a Pessoa ali representada, como seu corpo e seu sangue, cujas figuras, pão e vinho, estão sendo tratadas com tamanha indiferença. Devemos ter em mente nossa extrema culpa que demandava o juízo divino, o qual foi satisfeito pelo valor infinito do sofrimento de Cristo atingido pelo juízo contra o pecado lançado sobre ele, e pela graça que assim nos alcançou. Para o cristão não deveria existir um momento mais importante e solene do que este em que ele recorda, a pedido do Senhor, a causa primeira de sua salvação eterna.

É sempre bom lembrar que na ceia do Senhor não temos a coisa em si, isto é, aquilo não é uma repetição do sacrifício de Cristo e aquele pão e aquele vinho não passaram por um suposto processo de transubstanciação para virarem realmente corpo e sangue de Cristo. Pensar assim seria negar a singularidade do sacrifício que foi feito uma vez para a remissão de pecados e ainda por cima criar objetos de culto, o pão-carne e o vinho-sangue, negando a eficácia da ressurreição de Cristo, cujo corpo agora está glorificado e jamais poderia voltar ao estado de morto em que estava na cruz.

O pão e o vinho são símbolos, mas não meros símbolos, pois representam algo precioso ao coração de qualquer crente. Tenho em casa fotos de meus pais, pelos quais tive sempre grande amor e consideração. Eles não estão mais comigo, mas suas fotos estão. Para qualquer estranho aquilo não passa de um pedaço de papel impregnado de substâncias que perpetuaram as nuances de luz e sombra. Mas para quem é da família, aquilo é muito mais que um papel, pelo significado que traz. Assim são os símbolos, o pão e o vinho, vistos pelos que creem, no momento da celebração da ceia do Senhor.

Também é bom ter em mente que a ceia não é um meio de fortificação da fé, recebimento de bênção ou fonte de cura. Participar da ceia neste espírito é perder de vista que estamos ali não para receber, mas para dar a Deus e ao Senhor Jesus o louvor que é devido por seu sacrifício. Muitos cristãos olham para a ceia apenas como mais uma oportunidade de receberem algo de Deus, como se fosse uma espécie de tônico fortificante ou canal de bênção. O cristão já está abençoado com toda a sorte de bênçãos espirituais nos lugares celestiais e não é uma celebração que irá abençoá-lo mais. O Senhor pediu: “Fazei isto em memória de MIM”. Ele não disse “Fazei isto em memória de vocês…” ou “para a bênção de vocês…”. Participar da ceia pensando “no que vou ganhar com isso” é uma atitude egoísta e mesquinha, e está muito longe da atitude de reverência e dignidade que o Senhor espera.

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O Senhor vem como ladrão?

Sua dúvida é: Se o Dia do Senhor é após a grande tribulação, porque o apóstolo está exortando a igreja a não ser pega de surpresa naquele dia? Ele não está exortando para não serem pegos de surpresa. Ele está afirmando que não serão pegos de surpresa como quem é visitado pelo ladrão, simplesmente por não estarem mais em trevas, mas serem filhos da luz. Veja o contexto todo:

(1 Ts 5:2-9) “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; Porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,”.

A primeira parte está se referindo ao mundo, aos incrédulos. Para os incrédulos o dia do Senhor virá como o ladrão de noite, surpreendendo-os no momento em que terão maior confiança em si mesmos. As “dores de parto” formam uma interessante analogia. A mulher é surpreendida pelo princípio das dores, e aí estas vão aumentando cada vez mais, ficando mais e mais fortes a intervalos menores. Assim o mundo sofrerá com os juízos crescentes e a intervalos cada vez menores. De modo nenhum eles escaparão.

Depois de falar dos incrédulos, o texto traz a conjunção “MAS”, que faz toda a diferença. Agora ele vai falar dos crentes, dos irmãos: estes não estão mais em trevas para serem pegos de surpresa pelo dia do Senhor como se este viesse como um ladrão para trazer algum dano. Não, os filhos da luz são do dia, não da noite e nem das trevas. Não serão surpreendidos, mesmo porque não estarão aqui para serem surpreendidos. Os salvos por Cristo esperam pelo Senhor como quem espera por um noivo. A diferença é que aquele que vem como ladrão vem na forma de ataque, e o noivo chama a noiva para encontrar-se com ele.

Veja o contraste:

(2 Pe 3:10) “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão”.

(1 Ts 4:15-17) “Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.

(Ap 22:17) “E o Espírito e a esposa dizem: Vem”.

Para o crente o Senhor vem como a resplandecente estrela da manhã, aquela que surge antes do sol raiar:

(Ap 22:16) “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã”.

Para o mundo e os incrédulos o Senhor vem como Juiz (é assim que João o vê em Apocalipse 1), como o Sol da justiça, para expor todo o mal e julgá-lo com seus raios flamejantes.

(Ap 1:16) “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”.

Voltando ao trecho de 1 Tessalonicenses, depois vem sim a exortação do apóstolo para que os crentes vivam em conformidade com a posição de bênção que ocupam, ou seja, daqueles que não serão surpreendidos pela vinda do Senhor. A exortação é quanto à sobriedade e vida de expectativa pela volta do Senhor. Veja este trecho do livro “Acontecimentos Proféticos” de Bruce Anstey:

É de extrema importância entender a distinção que existe nas Escrituras entre o arrebatamento e a vinda de Cristo. Os dois eventos não devem ser confundidos. Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, o arrebatamento e a vinda de Cristo são eventos claramente distintos.

‒ Arrebatamento é quando o Senhor vem para os seus santos (Jo 14:2-3). Vinda de Cristo é quando ele vem com os seus santos que foram levados à glória no arrebatamento (Jd 14; Zc 14:5).

‒ O arrebatamento poderia ocorrer a qualquer momento, mas a vinda de Cristo não acontecerá até cerca de 7 anos após o arrebatamento.

‒ No arrebatamento o Senhor vem secretamente, num piscar de olhos (1 Co 15:52); em sua vinda ele vem publicamente e todo olho o verá (Ap 1:7).

‒ No arrebatamento ele vem para libertar a Igreja (1 Ts 1:10); em sua vinda ele vem para libertar Israel (Sl 6:1-4).

‒ No arrebatamento ele vem nos ares para a sua Igreja, pois ela é o seu povo celestial (1 Ts 4:15-18); em sua vinda ele volta à terra (no local chamado Monte das Oliveiras) para Israel, que é o seu povo terreno (Zc 14:4-5).

‒ No arrebatamento é o próprio Senhor que reúne os seus santos (1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1), mas em sua vinda ele envia os seus anjos para reunir os eleitos de Israel (Mt 24:30-31).

‒ No arrebatamento Ele leva os crentes para fora deste mundo, deixando para trás os ímpios (Jo 14:2-3); em Sua vinda os ímpios são tirados do mundo para julgamento e os crentes (aqueles que tiverem se convertido por meio do evangelho do Reino que será pregado durante a tribulação) são deixados para desfrutar de bênçãos na terra (Mt 13:41-43; 25:41).

‒ No arrebatamento ele vem para libertar os seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1 Ts 1:10); em sua vinda ele vem para derramar a sua ira (Ap 19:15).

‒ No arrebatamento ele vem como o Noivo, para receber sua noiva, a Igreja (Mt 25:6,10); em sua vinda ele vem como o Filho do Homem em juízo sobre aqueles que o rejeitaram (Mt 24:27, 28).

‒ No arrebatamento ele vem como a “Estrela da Manhã” que desponta pouco antes de raiar o dia (Ap 22:16); em sua vinda ele vem como o “Sol de Justiça”, que é o próprio raiar do dia (Ml 4:2).

‒ No arrebatamento ele vem sem quaisquer sinais, pois o cristão anda por fé e não por vista (2 Co 5:7); já a sua vinda será cercada de sinais, pois os judeus pedem sinais (Lc 21:11,25-27; 1 Co 1:22).

‒ Nas Escrituras nunca é feita referência ao arrebatamento como um “ladrão de noite”, mas em sua vinda ele é comparado ao “ladrão de noite” (1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10; Mt 24:43; Ap 16:15; 3:3).

Temos a sua vinda para o que era seu (Primeira Vinda — Jo 1:10,11; Hb 10:7), a sua vinda pelos que lhe pertencem (Arrebatamento — Jo 14:2,3; 1 Ts 4:15-18), e a sua vinda com os que lhe pertencem (A Vinda de Cristo — Jd 14).

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Onde diz que o crente vai para o céu?

Não me lembro de ter visto na Bíblia alguma expressão que diga explicitamente que o crente vai para o céu. Mas temos muitas evidências de ser o céu a morada dos salvos por Cristo, e vou tentar apresentar algumas.

Primeiro é preciso entender que a Bíblia fala de vários céus e até de um lugar acima de todos os céus, que é onde Deus habita. Ali não entraremos mesmo, porque Deus nunca foi visto por ninguém e nem poderá ser visto por homem algum, pois habita na luz inacessível. Também é preciso lembrar que a expressão “reino dos céus” não é o céu, pois o reino está na terra, onde há joio e trigo.

A Bíblia fala de um céu que é a atmosfera, onde os pássaros voam, o qual será destruído.

(Gn 7:23) “Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca”.

(Dt 11:11) “Mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas;”.

(Dn 4:21) “Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;”.

(Lc 17:24) “Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia”.

(2 Pe 3:10-12) “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?”.

Outro céu citado nas Escrituras é o espaço sideral, o firmamento, cujos astros governam a terra, o tempo e as estações.

(Gn 1:14-18) “E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pós na expansão dos céus para iluminar a terra, E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom”.

Existe o céu chamado por Paulo de terceiro céu ou Paraíso, que é para onde ele subiu, conforme seu relato em 2 Coríntios 12 e provavelmente também João em Apocalipse 4.

(2 Co 12:2-4) “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.

(Ap 4:1-2) “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”.

O livro de Jó fala de um céu onde estão os anjos, tanto os fieis a Deus quanto Satanás e seus anjos. Também poderiam ser céus distintos, um onde ficam os anjos caídos, outro aonde eles teriam eventualmente acesso, e outro para os anjos de Deus, mas isto é apenas uma suposição.

(Mt 22:30) “Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu”.

(Mt 24:36) “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai”.

(Gl 1:8) “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.

(Jó 1:6) “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”.

(Jó 2:1) “E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles, apresentar-se perante o Senhor”.

(Ap 12:7-9) “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

A Bíblia também fala de “lugares celestiais”, que é onde estão as bênçãos espirituais em Cristo reservadas aos salvos. É ali também que o crente em Cristo está assentado nele e também é nos lugares celestiais que se dá a luta do crente em oração contra os poderes das trevas.

(Ef 1:3) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;”.

(Ef 2:6) “E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;”.

(Ef 6:12) “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

O Antigo Testamento fala também de “céus dos céus”, que seriam incapazes de conter a Deus, que está acima de todos os céus e habita na luz inacessível.

(Dt 10:14) “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há”.

(1 Rs 8:27) “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado”.

(Ef 4:10) “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas”.

(1 Tm 6:16) “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém”.

O lugar do crente em Cristo é sem dúvida o céu, pois a Palavra de Deus nos fala de sua cidadania que é celestial.

(Fp 3:20) “Mas a nossa cidade [cidadania] está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,”.

(NVI) “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.

É também no céu que encontramos os anciãos assentados.

(Ap 4:2-4) “E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda. E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro”.

Os crentes aguardam por novos céus e nova terra, possivelmente mostrando aqui tanto as diferentes esferas de esperança do povo terreno de Deus (Israel) e do povo celestial (Igreja).

(2 Pe 3:13) “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.

(Ap 21:1) “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”.

É do novo céu que desce a esposa, portanto ela estaria lá para poder descer.

(Ap 21:2) “E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido”.

Há quem argumente que João 3:13 fala da impossibilidade de seres humanos estarem no céu, já que Jesus fala ali que ninguém subiu ao céu a não ser ele.

(Jo 3:13) “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu”.

Se levarmos ao pé da letra o que ele diz, realmente ninguém jamais teve tal poder de subir ao céu por sua própria força, meios e poder. Os que encontramos no Antigo Testamento que foram arrebatados para Deus foram levados e não subiram de moto próprio. E assim é também agora com cada um que morre crendo no Senhor, pois o próprio Senhor queria que os seus estivessem com ele onde ele estivesse, e sabemos que neste exato momento Jesus está no céu:

(Jo 17:24) “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo”.

(Jo 14:2-3) “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.

(Mc 16:19) “Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus”.

O apóstolo Paulo não teria falado de estar com Cristo por meio da morte se não estivesse se referindo ao lugar onde Jesus está, ou seja, o céu. Onde mais poderia ele se encontrar com o Senhor e estar com ele, já que o próprio Jesus não estava na terra?

(Fp 1:23) “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”.

Este é o mesmo lugar que Estevão vê antes de morrer e é em algum lugar desses céus abertos que ele vai encontrar-se com Jesus.

(At 7:56) “E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus… E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu”.

Paulo refere-se ao Senhor como estando no céu.

(Ef 6:9) “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas”.

O Senhor Jesus prometeu aos discípulos que os levaria para a “casa do Pai”, e não são poucas as vezes em que ele se referiu ao Pai como estando no céu.

(Jo 14:1-3) “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.

(Mt 5:48) “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”.

Este versículo é ainda mais específico, mostrando que há diferentes famílias, no céu e na terra. Isto pode indicar santos celestiais e santos terrenos, e também ajuda a entender que existe uma distinção entre os habitantes do céu, que além dos salvos por Cristo que hoje formam a Igreja, podem ser também os abortos, os natimortos, deficientes mentais e outros tipos de pessoas incapazes de crer em Cristo para serem salvas, apesar de terem sido salvas pelo mesmo sacrifício de Jesus.

(Ef 3:14-15) “Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o nome,”. (Uma tradução mais apropriada seria “todas as famílias”, como aparece na versão de J. N. Darby, indicando diferentes famílias ou classes de pessoas).

(Ef 3:14-15) “For this reason I bow my knees to the Father of our Lord Jesus Christ, of whom every family in the heavens and on earth is named”.

Se o seu desejo for “ir para o céu” então não acredito que seja este o desejo correto para o cristão, pois se fosse estaria explícito na Palavra de Deus. Mas se o seu desejo for “estar com Cristo”, então não importa onde você está neste exato momento ou estiver daqui a cem ou mil anos, seu desejo será mais que satisfeito, pois é este também o desejo do Senhor: ter você junto com ele.

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Cachorros não vão para o céu?

O texto de sua dúvida é (Ap 22:14-15) “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira”.

A Bíblia é um texto que se vale de recursos literários para expressar ideias, portanto muitas vezes você encontra nela linguagem figurada, como também usamos em nossas conversas. Por exemplo, se eu pedir a você que me dê uma mão, isto não significa que você deve cortar sua mão para me entregar, mas que apenas quero sua ajuda. Quando alguém me diz que está morto de vontade de comer chocolate, isto não quer dizer que a pessoa faleceu. Também costumamos dizer que uma pessoa é cega como uma toupeira ou teimosa como uma mula.

Na Bíblia você encontra pessoas que são comparadas a porcos ou cães por causa de sua ferocidade, impiedade ou impureza. Portanto, entenda a palavra “cães” como uma forma de designar pessoas más ou desprezíveis.

(2 Sm 9:8) “Então, se inclinou e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?”.

(Pv 26:11) “Como o cão que torna ao seu vômito, assim é o insensato que reitera a sua estultícia”.

(Fp 3:2) “Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!”.

(Mt 7:6) “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem”.

(Is 56:11) “Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção”.

(Is 56:10) “Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir”.

(Sl 22:16) “Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés”.

(2 Pe 2:22) “Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal”.

Portanto, a palavra “cães” em todas essas passagens está se referindo a pessoas. Se a sua dúvida é se algum animal vai para o céu, a resposta é não, pois os animais deixam de existir quando morrem. Eles têm corpo e alma (que é a morada das emoções e sentimentos), mas não têm espírito, que é a nossa porção imortal. Para alguns pode parecer estranho eu dizer isto, já que encontram animais nas profecias bíblicas do Antigo Testamento, como nos textos abaixo:

(Is 11:6-9) “E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”.

(Is 65:25) “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor”.

Porém estes textos estão falando do reino de mil anos de Cristo na terra, depois que ele voltar. Será uma terra em condições diferentes das que temos hoje, já que as pessoas não morrerão exceto se pecarem, mas ainda será um mundo natural com seres humanos naturais vivendo aqui. Os salvos por Cristo, que pertencem à Igreja, não viverão na terra, mas no céu. Nessa terra viverão os que escaparam do juízo trazido pelo Senhor no final da grande tribulação quando ele tiver voltado para reinar. Nessa terra haverá velhos e crianças, além de animais, e também pessoas e animais morrerão, coisas que não encontraremos no céu.

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Todos serão salvos no final?

Sua dúvida é se, por Jesus ser a propiciação pelos pecados de todo o mundo, isto não significaria que todos serão salvos no final. Vamos ver a passagem: (1 Jo 2:1-2) “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.

A passagem deve ser lida em três partes: Primeiro Jesus é o Advogado dos que foram salvos por ele, intercedendo por eles diante do Pai (por isso ele fala “temos”). Segundo, ele é a propiciação pelos pecados dos salvos por ele, isto é, ele pagou o preço devido por nossos pecados (por isso diz “nossos pecados”). Terceiro, ele é a propiciação pelos pecados de todo o mundo, porque sua morte tem capacidade para salvar todos os homens, no sentido do preço pago ser universalmente abrangente.

Entenda que “propiciação” é sempre o lado de Deus no que diz respeito à morte de Cristo. Deus foi plenamente satisfeito pelo sacrifício da cruz, podendo assim ser propício para com todos os pecadores. Todas as demandas divinas concernentes ao pecado foram satisfeitas ali, e efetivamente Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, conforme João Batista havia anunciado.

Agora, se essa provisão irá ou não atender ao pecador individualmente, isto é outra história. Ela está lá, disponível, e é por isso que pode ser hoje anunciada a todos. É o mesmo sacrifício que atendeu também para a salvação até mesmo dos que existiram antes de Cristo morrer. E é o que Paulo fala em Romanos, mas apenas para quem tem fé em Jesus (os que morreram antes morreram crendo que Deus proveria uma solução para o pecado, por se reconhecerem inaptos para se salvarem por suas próprias justiças):

(Rm 3:25-26) “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

Nesta parte o assunto em Romanos é “propiciação”, ou seja, a provisão do ponto de vista de Deus suficiente para salvar a todos. Porém mais adiante o apóstolo irá falar de “substituição”, e aí se trata de uma questão individual. Ele só substituiu no juízo na cruz aqueles que creem nele, e para esses a obra completa inclui a justificação. Ao crer em Jesus você é perdoado e justificado. Perdão é o juiz considerá-lo livre por alguém ter pagado sua conta. Justificação é o juiz convidá-lo para trabalhar com ele por você ser idôneo e ter ficha limpa.

(Rm 4:25) “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação”.

Portanto, da perspectiva de Deus a obra de Cristo é suficiente para todo o mundo: “… pelos [pecados] de todo o mundo” (1 Jo 2:2). É como se alguém hoje chegasse a Deus e perguntasse: “Cabe mais um?”. A resposta seria, “Sim, pode entrar”. Caso contrário, Deus poderia ser obrigado a responder a alguém que infelizmente o lugar não é espaçoso o suficiente para todos. Todavia, somente para os que estão “dentro” dessa obra é que vale a afirmação “nossos pecados”.

Imagine Deus como alguém que dá uma festa e contrata o bufê para toda a população que já viveu e viverá na terra. Ninguém poderia alegar que não foi incluído no convite, mas é claro que nem todos estarão lá: uns alegarão que precisaram ir sepultar o pai, outros que compraram um campo e precisavam ir verificar, outros faltarão porque se casaram, etc. A parábola da grande ceia de Lucas 14 ilustra isso.

Portanto nem todos serão salvos, pois muitos não desejam ser salvos e nem mesmo querem a Jesus como Salvador. As passagens abaixo, Is 53:12 e 2 Co 5:15 mostram que, apesar de Cristo ter morrido por todos, ele levou sobre si os pecados de muitos (não todos). Se você crê nele, ele foi também seu substituto na cruz e os seus (de você) pecados estavam sobre ele naquele momento em que era julgado por Deus. Se você não crê nele, os seus pecados não estavam sobre ele naquele momento, mas havia um lugar para serem colocados lá. Só que não foram.

(Is 53:12) “…Ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”.

(2 Co 5:14-15) “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.

O versículo 14 significa também que na cruz Jesus pôs um fim ao homem em seu estado natural proveniente de Adão. A menos que você nasça de novo e seja nova criação em Cristo (Jo 3:1 e 2 Co 5:17), não poderá usufruir da salvação. Continuará sendo visto por Deus como um morto em delitos e pecados, e seu lugar, que estava disponível na festa, ficará vago.

(Ef 2:1) “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”.

(Jo 3:6) “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”.

(1 Jo 4:10) “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”.

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Por que Tiago escreve para doze tribos?

Sua dúvida é se as doze tribos às quais Tiago dirige sua epístola seriam as doze tribos de Israel ou seria uma forma simbólica de dirigir-se à Igreja. (Tg 1:1) “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde”.

Sabemos que dez tribos foram levadas para o cativeiro e depois dispersas, após o reino ter se dividido em Judá e Israel. Aquela divisão e dispersão foi nacional, o que significa que mesmo entre os de Judá, que ficaram em Jerusalém, havia indivíduos pertencentes às dez tribos dispersas, às vezes chamadas de tribos perdidas.

Ana, que encontrou o menino Jesus no templo de Jerusalém, era da tribo de Aser, portanto devia haver outros como ela na mesma situação, descendentes de israelitas das dez tribos que não foram levados para o cativeiro assírio ou que voltaram para Jerusalém nos tempos de Esdras e Neemias.

Mas aqui Tiago fala de doze tribos, portanto está falando de israelitas das doze tribos e não especificamente apenas das dez tribos daquela dispersão ocorrida no ano 721 AC. Pode ser que Tiago esteja se dirigindo aos que se converteram no dia de Pentecostes, já que em Atos 2 vemos que eram judeus de todas as nações (At 2:5-12).

Outra possibilidade é que Tiago estivesse escrevendo aos cristãos judeus que foram dispersos por ocasião da perseguição deflagrada em Atos 8:

(At 8:1) “E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos”.

Mais adiante aprendemos que nos desdobramentos dessa dispersão muitos judeus cristãos foram para outras terras:

(At 11:19) “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus”.

Portanto acredito que Tiago estava se dirigindo a todos esses judeus convertidos a Cristo, e possivelmente também a judeus que haviam apenas escutado o evangelho e professado crer, porém sem realmente terem entendido de que se tratava. Em Hebreus há referências àqueles que desfrutaram dos benefícios do cristianismo sem, contudo terem crido de verdade, como é o caso da passagem em Hebreus 6:4-8. O texto de Tiago também dá a entender que está tratando com pessoas ainda com uma grande carga de judaísmo.

A carta deve ter sido escrita em um momento de transição, quando muitos judeus convertidos a Cristo ainda não tinham uma ideia clara do que era a Igreja e a enxergavam como uma continuidade do judaísmo e uma boa nova da vinda do Messias de Israel. Muitos cristãos fundamentalistas ainda pensam assim. A doutrina da Igreja, depois revelada a Paulo, ainda não parecia ser compreendida e havia muitos que continuavam frequentando as sinagogas como se o cristianismo fosse apenas mais uma seita do judaísmo, ao lado dos fariseus, saduceus e essênios.

Esses judeus cristãos deviam ser parecidos com alguns que hoje se intitulam cristãos messiânicos, que se vestem como judeus ou querem que as pessoas falem o nome de Jesus em hebraico. A carta aos Hebreus corrige essas coisas mostrando que o cristão deve sair fora e longe do arraial religioso e das práticas judaizantes, algumas das quais chegaram a ser fonte de problemas, como encontramos em algumas passagens de Atos:

(At 15:1) “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos”.

(At 15:5) “Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés”.

(At 15:24) “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento,”.

(At 21:20-21) “E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei”.

(Hb 13:9-14) “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo. Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”.

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Você acredita na descoberta da Arca da Aliança?

Volta e meia alguém diz que fez uma descoberta fantástica de algum artefato bíblico e não mostra coisa alguma ou vem com fotos desfocadas, vídeos entrecortados ou até mesmo imagens claramente alteradas com PhotoShop. Tudo o que esses “arqueólogos” têm é uma empolgante história para contar, repleta de teorias conspiratórias de como foi impedido de seguir adiante pelas autoridades de Israel, ou por uma avalanche no Monte Ararat, ou ameaçado de morte por terroristas. É o caso desse Ron Wyatt cuja história você me enviou.

No final de 2001, após o atentado das Torres Gêmeas, eu mesmo cheguei a rabiscar em inglês uma obra de ficção em minhas madrugadas insones, na qual queria incluir elementos assim, aproveitando a notícia da hora que era a procura por Bin Laden nas cavernas de ToraBora. O texto ainda está lá, tão abandonado quanto um artefato arqueológico: www.torabora.blogspot.com. Se quiser saber como escrevi visite este endereço na Web: http:// /blogterapia.html.

Você pode visitar, mas, por favor, não vá acreditar que seja real. É pura ficção e parei de escrever quando alguns sites no exterior começaram a levantar a hipótese de a história ter sido escrita por um terrorista usando pseudônimo! Em 2002 alguém comentou: “Na verdade acho que o escritor seja David Belfield, cujo pseudônimo é Hassan Tantai, o assassino norte-americano que eliminou Ali Akbar Tabatabai (ex-diplomata iraniano) em 1980. Hassan aparece no novo filme de sucesso iraniano ‘Kandahar’ e é um homem procurado nos EUA”.

Portanto, não perca seu tempo com alguns que se dizem “arqueólogos cristãos”, pois esses costumam ser os mais picaretas (Oops! até que combinou!). Eu mesmo, antes de minha conversão, fui enganado por um autor suíço chamado Erich Von Däniken, que escreveu “Eram os deuses astronautas?”. Comprava os seus livros e acreditava em tudo o que ele dizia, até me converter. Hoje é um milionário dono de um parque temático sobre extraterrestres que teriam visitado a terra na antiguidade. Na minha ignorância e crendice fui um dos que o ajudaram a seguir adiante com suas fantasias.

Obviamente há vários que são sérios e geralmente estão ligados a alguma universidade ou organização idônea. Mas o que você mencionou que dizia ter descoberto a Arca da Aliança, e que já morreu, era um amador, independente e fazia suas descobertas nas horas vagas durante suas férias. Há muitos arqueólogos profissionais e idôneos trabalhando em tempo integral no Oriente Médio e eles têm descoberto muitas coisas, apresentando provas e pesquisas de suas descobertas.

Mas essas descobertas, ainda que reais e comprovadas, em nada alteram a fé do cristão que não anda por vista (ou evidências arqueológicas), mas por fé na Palavra de Deus. Digo isto porque quando alguém começa a dizer nas igrejas que descobriu isso e aquilo, a pessoa acaba saindo com uma mala de dinheiro doado pelos crédulos cristãos. É fácil enganar cristãos ansiosos por algo visível, e a prova são essas igrejas milagreiras que atraem milhões de pessoas e sacos de dinheiro. É por esta razão que os “testemunhos” são tão populares nas igrejas e existem hoje até profissionais que cobram cachês para contar seus “testemunhos”. Como “quem conta um conto aumenta um ponto” não é difícil entender que até testemunhos genuínos acabem se transformando em lendas cinematográficas depois de contados algumas centenas de vezes.

Tudo indica que o caso desse sujeito Ron Wyatt (que já faleceu), com sua história de ter descoberto a Arca da Aliança é uma fraude das mais mirabolantes. Ele diz ter descoberto a Arca da Aliança enterrada numa gruta exatamente sob o furo na rocha onde teria sido fincada a cruz de Cristo. Mas como mentira pouca é bobagem, ele afirmava que por esse furo teria escorrido o sangue de Jesus até o propiciatório (tampa) da arca, de onde ele (Ron Wyatt) teria colhido uma amostra cujos exames de DNA teriam demonstrado que o sangue não só seria comprovadamente de um homem nascido de uma virgem, como estaria vivo até hoje.

Não, ele não fala nada sobre duendes, fadas e extraterrenos em sua história, mas até que poderia falar, porque depois de uma história dessas os crédulos da turma do “me-engana-que-eu-gosto” iriam acreditar piamente. Monteiro Lobato deve estar se revirando no túmulo, arrependido por não ter insistido em vender suas histórias e personagens como verdadeiros. Ele poderia ganhar muito dinheiro afirmando que Saci Pererê e Visconde de Sabugosa eram pessoas reais de carne e ossos. Bem, no caso do segundo, de palha e milho.

Ron Wyatt é uma fraude, e se você fizer uma busca pelo nome do pretenso arqueólogo acrescentando as palavras “fraud” ou “hoax” irá encontrar vários sites em inglês que denunciam isso. Ele até construiu um museu que existe até hoje e seus sucessores continuam ganhando dinheiro exibindo as histórias que ele contava e fotos e vídeos forjados sobre suas escavações.

Mas não pense que o cara só descobriu a arca da aliança. Pela lista de descobertas só faltou ele descobrir os aventais de folhas de figueira usados por Adão e Eva! Veja a lista parcial de suas descobertas que encontrei neste endereço da Web http://tccsa.tc/articles/wyatt.html:

– A Arca de Noé

– Âncoras de pedra usadas por Noé

– Madeira petrificada da Arca de Noé em um túmulo na Armênia

– Local do sacrifício oferecido por Noé

– Pedra lavrada com figura da Arca e 8 pessoas saindo pela porta e um arco-íris ao fundo

– Árvores petrificadas de antes do dilúvio cujos troncos não tinham os tradicionais anéis de idade

– Peças de metal da Arca

– Casa construída por Noé

– Pedras da mesma casa com inscrições sobre o dilúvio

– Túmulo de Noé

– Arca da Aliança sob o local da crucificação

– Menorah (candelabro) do Templo

– Altar dos pães do Templo

– Altar de incenso do Templo

– Sangue de Cristo derramado sobre a tampa da Arca da Aliança

– Análise de DNA do sangue provando ser do filho de uma virgem

– Furo na rocha onde foi fincada a cruz de Cristo

– Tábuas da Lei contendo os Dez Mandamentos

– Técnica da construção das pirâmides do Egito

– Sodoma e Gomorra

– Bolas de enxofre que caíram sobre Sodoma e Gomorra

– Local da travessia dos Israelitas no Mar Vermelho

– Monumento construído por Salomão

– Esqueletos humanos e de cavalos do exército afogado de faraó

– Rodas revestidas de ouro e outras peças de carruagem de faraó sob o mar

– Local do verdadeiro Monte Sinai

– 12 Altares construídos por Moisés em Êxodo 24

– A rocha que Moisés golpeou para sair água

– Local do terremoto que criou uma fenda que tragou Coré e seus seguidores

– Técnica usada para forjar o Santo Sudário

– Colunas de Salomão

– Túmulo dos patriarcas na caverna de Macpela

– Descobriu que José construiu a primeira pirâmide

– Silos construídos por José no Egito

– Ossos de gigantes pré-diluvianos

Para um arqueólogo amador, trabalhando nas horas vagas em suas férias, até que ele descobriu um bocado de coisas, não é mesmo? Indiana Jones deve estar morrendo de inveja! Infelizmente muitos cristãos acreditam quando surgem esses “arqueólogos” e enchem seus bolsos de doações para eles continuarem enganando pessoas, como fazem com pregadores vendedores de milagres. Não satisfeitos com a fé genuína pregada na Bíblia, saem em busca de coisas para ver.

Algumas dessas histórias falsas e boatos que são amplamente divulgadas por cristãos crédulos, inocentes e incautos são:

– A NASA teria calculado e encontrado o dia que falta no calendário (referindo-se ao dia em que o sol parou no céu durante a batalha de Josué).

– A aprovação por Obama da implantação de um chip nas pessoas.

– Cientistas soviéticos teriam feito uma perfuração que chegou ao inferno, de onde teriam gravado os gritos dos condenados.

– Filme homossexual sobre a vida de Jesus (enviado em forma de lista de assinaturas contra sua exibição).

– Conversão de Darwin no leito de morte.

– Ligações satânicas de uma grande indústria de produtos de higiene.

– Rá-tchim-bum cantado no Parabéns seriam palavras mágicas satânicas.

A lista é interminável. Todos os dias alguém inventa uma nova bobagem e distribui isso nas redes sociais, sendo prontamente ajudado por crédulos cristãos da turma do “me-engana-que-eu-gosto”. Por causa disso o nome de Cristo é desonrado pelos infiéis, quando cristãos inocentes ficam passando adiante correntes de falsas descobertas arqueológicas, como fotos de esqueletos de gigantes, claramente criadas com PhotoShop, ou falsas histórias de milagres e fotos de aparições de anjos. Lamentável.

(2 Co 5:6-7) “Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor. Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos”.

(Jo 20:29) “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”.

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O milagre de Jesus incitava a embriaguez?

Não, Jesus não estava incitando a embriaguez nos convidados na festa de casamento de Caná ao transformar água em vinho. Mesmo assim, era vinho alcoólico mesmo, só que muito melhor do que o bom vinho que tinha sido servido até ali e cujo estoque acabou. O vinho fazia parte da alimentação dos povos do Oriente Médio, como mais tarde passou a fazer parte da alimentação dos povos europeus. Como neto de italianos fui criado em uma família que sempre teve vinho na mesa nas refeições, mas nunca vi meus pais embriagados, e eu e minhas irmãs tínhamos costume de beber “sangria”, ou vinho com água e açúcar na presença de nossos pais.

Só existia vinho alcoólico no tempo de Jesus. Os vinhos não alcoólicos que você encontra hoje são vinhos alcoólicos que passam por um complicado processo de retirada do álcool. Sucos de uva eram inviáveis na época, pois não existiam refrigeradores ou o processo de pasteurização que impede o suco de fermentar. O problema é que muitos cristãos norte-americanos, descendentes dos puritanos e metodistas que saíram da Inglaterra, criaram a noção de que beber vinho é pecado. Os puritanos, apesar de não proibirem a bebida, exerciam um rigoroso controle sobre o hábito de beber.

Os metodistas que vieram depois de John Wesley baniram o álcool completamente de entre os membros de suas congregações, e foi daí que se originou a noção que muitos cristãos protestantes têm hoje de que beber álcool em qualquer quantidade seja pecado. Essa ideia acabou se espalhando por muitas denominações, apesar de cristãos de denominações mais antigas, como as diferentes divisões do catolicismo, continuarem não tendo restrições a não ser contra o abuso da bebida alcoólica. É sabido que os monges católicos de todas as épocas foram grandes produtores de vinho e cerveja de qualidade em seus mosteiros (a cerveja talvez seja uma bebida alcoólica tão antiga quanto o vinho e já era utilizada pelos antigos Sumérios).

Portanto, embriagar-se é pecado, beber vinho não.

(1 Co 11:21) “Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se”. (Isto mostra que o vinho era utilizado na ceia do Senhor em Corinto).

(Ef 5:18) “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;”.

Do mesmo modo, glutonaria é pecado, comer refeições todos os dias para se manter vivo não.

(Pv 23:2) “E se és homem de grande apetite, põe uma faca à tua garganta”.

(Lc 21:34) “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia”.

A embriaguez e a glutonaria são ambas condenadas na Palavra de Deus, mas nós não paramos de comer por isso. Você não disse nada sobre Jesus ter multiplicado os pães e os peixes, sob a alegação de que com isso ele poderia estar incentivando a glutonaria. O problema está no excesso, tanto de bebida quanto de comida, e é isto que é condenado pela Palavra de Deus:

(Dt 21:20) “E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão”.

(Pv 23:20-21) “Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos”.

A glutonaria e a embriaguez aparecem lado a lado junto com outros pecados chamados de “obras da carne”, como adultério, prostituição, idolatria, feitiçaria, e homicídios:

(Gl 5:19-21) “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.

Algumas situações que me ocorrem agora de quando o cristão não deveria beber álcool de jeito nenhum seriam:

– Antes de dirigir (o que é também proibido pela legislação), por diminuir seus reflexos;

– Quando na presença de outros irmãos que têm restrições à bebida ou que já tiveram problemas com o alcoolismo, por isso poder servir de escândalo ou tropeço para eles;

– Com crianças e jovens, se perceber que isto poderá levá-los a uma prática para a qual eles ainda não têm o devido controle ou discernimento quanto aos excessos;

– Entre incrédulos que se reúnem para beber. Não estou me referindo a um jantar ou celebração, como em um casamento, mas a reuniões em bares.

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Quem são os outros que trabalharam?

Sua dúvida é sobre João 4:37-38, que diz: “Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho”. Quem seriam esses “outros” que trabalharam?

Quando os discípulos começaram seu ministério, estavam pisando em terreno que já havia sido trilhado antes pelos profetas que anunciavam a vinda do Messias e também por João Batista. Por isso o Senhor diz a eles que estavam entrando no trabalho de outros. Eles estavam ceifando em um campo onde outros haviam semeado.

Mas devemos entender que tanto os profetas do Antigo Testamento, como os discípulos de Jesus nos evangelhos, nada tinham (ainda) a ver com a Igreja, que era um segredo oculto (revelado a Paulo e depois aos outros apóstolos), até ter sido fundada no dia de Pentecostes sobre a rocha que é Cristo, porém Cristo morto, ressuscitado e glorificado. Antes disso teria sido impossível que seres humanos desfrutassem de toda a plenitude da obra de Cristo.

Ao falar dos santos e mártires do Antigo Testamento, a epístola aos Hebreus esclarece:

(Hb 11:39-40) “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados”.

Pedro também explica como os profetas do Antigo Testamento falaram da salvação que seria manifestada, sem, contudo entendê-la perfeitamente:

(1 Pe 1:10-12) “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”.

É preciso entender também que a pregação dos discípulos nos evangelhos, ou seja, a “ceifa” que eles praticavam em terreno semeado por outros, não era de uma mensagem completa, pois Jesus ainda não havia morrido e ressuscitado. Eles pregavam a vinda do Messias e Rei de Israel, sem nem mesmo entender que lugar os gentios teriam na obra de Deus. É só com o evangelho de Paulo, ou a carta aos Romanos, que temos a revelação completa das boas novas de salvação, e pela carta aos Efésios a compreensão do mistério ou segredo oculto, que era a Igreja.

Esta passagem de João 4:37-38 também nos dá uma lição importante: qualquer que seja o resultado de nosso trabalho na pregação do evangelho, devemos ter em mente que não foi um trabalho feito apenas por nossa instrumentalidade. Obviamente a obra é de Deus e é o Espírito Santo quem convence uma alma de seu pecado e a leva à conversão, mas mesmo do ponto de vista do instrumento usado por Deus para semear ou ceifar, devemos ser humildes o suficiente para entender que outros antes de nós iniciaram o trabalho.

Quando você encontra uma pessoa e prega a ela o evangelho, não fique se gabando de ter sido o primeiro. A menos que estejamos falando de algum indígena sem contato com a civilização, ou dos pagãos que eram inicialmente alcançados pelos discípulos na Grécia e Ásia antes da disseminação do cristianismo, a pessoa a quem você fala a Palavra no mundo ocidental já foi alcançada pela mesma Palavra em muitas ocasiões anteriores. A Palavra de Deus é como a água que os servos precisaram colocar nas talhas de pedra das bodas de Caná até ficarem cheias e o Senhor fazer o milagre.

Uma pessoa no mundo ocidental de hoje já deve ter escutado a Palavra de Deus em diversos lugares, como em igrejas de diferentes denominações católicas e protestantes, no rádio e TV, em livros, folhetos, Internet, etc. Se você teve o privilégio de assistir à conversão definitiva dessa pessoa, alegre-se por ter sido talvez o que deu a ela o último gole da Palavra necessário para o Espírito Santo agir. Por assim dizer, você encontrou aquele “vaso de pedra” quase cheio e só faltava uma gota. Portanto, em nenhum momento saia por aí se gabando de ter sido o único instrumento usado por Deus na conversão daquela alma.

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Jeová seria o Pai de Jesus?

Os diferentes nomes que Deus assume na Bíblia podem nos confundir. Em algumas situações Jeová aparece como Pai de Jesus, como no Salmo 2, e em outras, o próprio Jesus aparece como Jeová, já que seu nome significa “Jeová, o Salvador” ou “Jeová Salva”. É preciso entender que o nome está associado ao caráter como Deus se apresenta nas diferentes ocasiões.

Achar que em todas as situações na Bíblia Jeová é um, e Jesus é outro, poderia nos levar ao politeísmo, já que iremos encontrar dezenas de nomes usados para Deus, como Elohim, El, Shaday, Adonai, etc., mas cada um obviamente representando um diferente caráter da manifestação de Deus, mas nunca um diferente Deus.

Devemos sempre ter em mente que na Bíblia Jeová é o nome como Deus se relaciona com os homens, com o mundo e especialmente com Israel. É também o nome como Deus se revela como sendo eterno e imutável, independente do tempo, o “Eu Sou”, expressão usada tanto por Jeová ao apresentar-se a Moisés, como por Jesus ao apresentar-se aos religiosos de seu tempo (Jo 8:24, 28, 58).

No Antigo Testamento vemos uma mudança, quando Deus deixa de se relacionar como o Criador que usa o nome Elohim em Gênesis 1, passando ser “Jeová Elohim” em Gênesis 2 ao iniciar seu relacionamento com o homem. Em Gênesis 6:13 é Elohim quem ordena a Noé para construir a arca (porque a Criação é que será destruída), mas em Gênesis 7:16 é Jeová quem mantém a família de Noé do lado de dentro, pois agora seu relacionamento é com os seres humanos remanescentes e também com o caráter de juízo que tem o fechamento da porta da arca.

(Gn 6:12-14) “Viu Elohim a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne tinha corrompido o seu caminho sobre a terra. Disse Elohim a Noé: Hei resolvido dar cabo de toda a carne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eis que eu os farei perecer juntamente com a terra. Faze para ti uma arca de madeira de gofer…”.

(Gn 7:16) “Os que entraram, entraram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe ordenará; e Jeová o fechou dentro”.

Infelizmente em muitas versões, Jeová aparece traduzido simplesmente como “Senhor” ou “Deus”, fazendo com que o leitor perca de vista tais nuances. O que nunca devemos perder de vista é que Deus é eternamente Pai, Filho e Espírito Santo, daí encontrarmos em diferentes ocasiões as Pessoas da Trindade.

O Pai é Deus (Fp 2:11; 1 Ts 1:1, etc.). O Senhor Jesus é Deus (Is 9:6; Mt 1:23; Jo 1:1; Rm 9:5; Fp 2:6; Cl 2:9; 1 Tm 3:16; Hb 1:8, etc.). O Espírito Santo é Deus, pois o vemos mover-se sobre as águas em Gn 1:2, vemos Ananias mentindo ao Espírito Santo, portanto a Deus, e Safira mentindo ao Espírito do Senhor (At 5:3, 4, 9), e encontramos o “Espírito de Deus” em 1 Co 2:11; 1 Co 3:16, e chamado também de “Espírito de Cristo” em Rm 8:9 e 1 Pe 1:11. Vemos também que o Pai enviou o Filho ao mundo; que o Pai enviou o Espírito Santo e o Senhor Jesus enviou o Espírito Santo, e o próprio Espírito desceu do céu. Portanto, o Espírito é uma Pessoa divina, assim como o Pai e o Filho. Mesmo assim, há um só Deus.

Voltando à questão do nome de Jeová, no Salmo 2 Jesus é apresentado como Filho de Jeová:

(Sl 2:6-12) “Eu, porém, tenho estabelecido o meu rei Em Sião, meu santo monte. Falarei acerca do decreto: Jeová disseme: Tu és meu filho; Eu hoje te gerei. Pede-me, que te darei as nações por tua herança, E as extremidades da terra por tua possessão. Tu as quebrarás com uma vara de ferro, Fá-las-ás em pedaços como vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, fazei-vos prudentes; Deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi a Jeová com temor, E regozijai-vos com tremor. Beijai ao filho, para que não se ire, E pereçais no caminho, Porque em breve se acenderá a sua ira, Felizes são todos os que nele se refugiam”.

Já no Salmo 102, na versão Almeida da Sociedade Bíblica Britânica, que não substituiu “Jeová” por “Senhor”, encontramos alternadamente as vozes de Jeová, Jesus e o Espírito Santo:

(Sl 102:1-11) “Ouve, Jeová, a minha súplica, E chegue a ti o meu clamor”. (Do versículo 1 ao 12 é Jesus na cruz clamando a Deus).

(Sl 102:12-15) “Mas tu, Jeová, estás entronizado para sempre. E o teu memorial vai de geração em geração”. (Agora é Deus quem responde a Jesus chamando-o de “Jeová”, traduzido como “Senhor” em algumas versões, e assegurando que ele será entronizado para sempre).

(Sl 102:16-22) “Quando Jeová tiver edificado a Sião, Tiver aparecido na sua glória”. (Agora é possivelmente o Espírito Santo quem fala de Jesus vindo em glória, pois já não fala na primeira ou segunda pessoa, mas na terceira pessoa).

(Sl 102:23) “Ele abateu a minha força no caminho, Encurtou os meus dias”. (Mais uma vez é Jesus falando e dizendo “Deus meu, não me leves no meio dos meus dias…”).

J. N. Darby, ao comentar o Salmo 102 em sua “Sinopse”, diz:

O Cristo, o desprezado e rejeitado Jesus, é Jeová o Criador. O Jeová do qual ouvimos que viria, é Cristo que veio. O Ancião de Dias vem, e Ele é Cristo, embora também Filho do homem. Este contraste da extrema humilhação e isolamento de Cristo, e de sua natureza divina, é incomparavelmente estarrecedor”.

W. J. Hocking, editor que sucedeu William Kelly na publicação de “Bible Treasury”, escreve em “The Son of His Love”:

No Novo Testamento lemos do Filho do Pai e no Antigo Testamento do Filho de Jeová. O Pai é o Nome divino associado com o amor de Deus demonstrado em sua família, e Jeová é o Nome associado ao governo de Deus do mundo por meio da nação de Israel.” W. J. Hocking.

Darby complementa em “The Hopes of the Church of God”, explicando:

Uma mesma pessoa pode ser rei de um país e pai de uma família; e esta é a diferença entre o modo de agir de Deus para conosco e para com os judeus. Para com a igreja Deus é apresentado o caráter do Pai; para com os judeus, é no caráter de Jeová, o Rei. Sua fidelidade, imutabilidade, poder excelso, governo de toda a terra, tudo isso é revelado em seu relacionamento para com Israel; é deste modo que a história de seu povo nos apresenta o caráter de Jeová” J. N. Darby.

Deus aparece manifestado em diferentes nomes ao longo da Bíblia e precisamos entender em que caráter cada nome é manifestado. Por isso encontramos Jesus como Jeová e também Jeová como Pai (embora não Jesus como Pai), pois Jeová é o nome divino em seu caráter de tratamento com Israel e o mundo.

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Como pode Jesus ter sido Jeová?

Sua dúvida é como poderia o Jesus do Novo Testamento, que você descreve como amoroso, bondoso, longânimo, humilde, poderoso em obras, ter sido o Jeová do Antigo Testamento, o Deus severo que mata, guerreia e destrói cidades. Esta dúvida aflige muitos leitores sinceros da Bíblia, mas a resposta é que pode e é. O Jesus amoroso dos evangelhos é o mesmo Jeová poderoso do Antigo Testamento. E Jesus é também o guerreiro glorioso que você encontra no Apocalipse montado em um cavalo branco e de cuja boca sai uma espada afiada para com ela ferir as nações; ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-poderoso.

Um soldado do BOPE, quando sobe o morro do Rio para invadir uma favela e matar bandidos, é uma pessoa (no sentido de “persona” ou identidade que assume). Quando chega em casa é outra. Porém é o mesmo ser humano, apenas adotando um caráter diferente no tratamento com as diferentes pessoas com quem deve lidar. Com os bandidos ele precisa usar de força e matar quando preciso. Quando em casa, ele revela o seu amor para com sua esposa e filhos. Assim é o contraste que você encontra entre o Jeová do Antigo Testamento, o Jesus dos evangelhos, e o mesmo Jesus do Apocalipse.

Se ler Gênesis18 verá Jeová aparecendo em forma humana a Abraão e comendo e bebendo com ele como se estivesse em família. Mas o mesmo Jeová em breve lançaria fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, enquanto teria o cuidado de livrar Ló e sua família, e ainda de avisar Abraão de seus planos.

(Gn 18:17-18) “Disse Jeová: Ocultarei eu a Abraão o que faço; visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas as nações da terra?”.

O mesmo Jeová que se apresenta severo em algumas circunstâncias no Antigo Testamento é também aquele que se senta para conversar e comer com Abraão, se preocupa em revelar-lhe seus planos e ainda se dá ao trabalho de ouvir pacientemente Abraão negociando a salvação das cidades. Ele provavelmente não as teria destruído se Abraão falasse em 5 justos (o número de Ló, esposa e filhas).

A ideia de que Jeová do Antigo Testamento não poderia ser Jesus do Novo Testamento começou com Arius, um bispo que foi excomungado, e acabou se ramificando em diversas teorias, uma das quais é a das Testemunhas de Jeová. Isso é o que é chamado de “Arianismo”, uma heresia antiga que surgiu entre os cristãos do terceiro século.

Não há como fugir do fato de que Jeová é Jesus e Jesus é Jeová. Se você não crê nisso então não crê na divindade de Cristo ou não crê na divindade de Jeová ou então crê em uma forma de politeísmo. O problema não fica resolvido, mas ao contrário, se transforma num problema maior e sem solução.

Não precisamos de muitas passagens para confirmar que Jeová e Jesus são um e o mesmo Deus:

(Is 40:3) “Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho de Jeová, endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus”.

(Mt 3:3) “Pois é a João que se refere o que foi dito pelo profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor (Kurios), Endireitai as suas veredas”.

Quem é o Senhor de Mateus 3:3? O mesmo Jeová de Isaías 40:3. Não há como ser diferente.

(Is 44:6) “Assim diz Jeová, rei de Israel, e o seu Redentor, Jeová dos exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, fora de mim não há Deus”.

Considerando que sabemos que Jesus é rei de Israel e Redentor, ou ele é também Jeová ou sua divindade é colocada em dúvida, já que Jeová diz que “fora de mim não há Deus”.

O profeta Joel falou de Jeová:

(Jl 2:32) “Acontecerá que todo aquele que invocar o nome de Jeová será libertado;”.

E Pedro deixou claro que o profeta Joel estava falando de Jesus:

(At 2:16-21) “Mas cumpre-se o que dissera o profeta Joel: …E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.

Paulo também usa da mesma profecia, sem, porém citar o profeta:

(Rm 10:13) “Porque: todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo”.

A impressão de que Jesus sempre aparece na Bíblia como alguém benigno e compassivo, incapaz de causar mal a uma mosca, cai por terra quando vemos o modo como ele é revelado no livro de Apocalipse:

(Ap 1:16) “Ele tinha na destra sete estrelas; da boca saía uma espada de dois gumes,”.

(Ap 2:12) “Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a afiada espada de dois gumes:”.

(Ap 2:16) “Arrepende-te, pois; ou se não, venho a ti sem demora, e pelejarei contra eles com a espada da minha boca”.

(Ap 2:18) “Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem olhos como uma chama de fogo, e os seus pés são semelhantes ao latão polido:”.

(Ap 2:22-23) “Eis aí a lanço num leito, e numa grande tribulação os que adulteram com ela, se não se arrependerem dos atos ensinados por ela. Farei morrer a seus filhos; e todas as igrejas conhecerão que eu sou o esquadrinhador dos rins e corações, e darei a cada um de vós segundo as suas obras”.

Certamente não vemos Jesus nos evangelhos pelejando com uma espada afiada de dois gumes e com olhos flamejantes. E nem em sonhos o imaginamos aquele que curava as pessoas nos evangelhos, lançando-as num leito e em tribulação, e matando filhos. Mas é o mesmo Jesus, só que vindo em outro caráter quando vier para julgar e reinar sobre a terra.

(Ap 19:11-16) “Vi o céu aberto, e um cavalo branco; o que estava montado sobre ele chamava-se Fiel e Verdadeiro, e com justiça julga e peleja. Os seus olhos eram chama de fogo, e na sua cabeça estavam muitos diademas; tinha um nome escrito que ninguém sabe senão ele mesmo. Vestia uma capa imersa no sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus. Os exércitos que estão no céu, seguiam-no montados em cavalos brancos, e vestidos de linho finíssimo, branco e puro. Da sua boca saía uma espada afiada para com ela ferir as nações; ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-poderoso. Ele traz sobre a sua capa e sobre a sua coxa este nome escrito: Rei dos Reis, E Senhor dos Senhores”.

A ideia de um Jesus manso e humilde em todas as épocas é uma ideia muito acalentada pelo espiritismo, que não consegue imaginar o Senhor vindo como Juiz para julgar com justiça e condenar pecadores ao lago de fogo. Mas como poderia ser diferente se o próprio Cordeiro é visto como cheio de ira pelos infiéis habitantes do mundo?

(Ap 6:15-17) “E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”.

Como pode ver, o comportamento de Jesus no livro de Apocalipse não tem nada a ver com o modo de agir daquele ser manso e humilde que pisou aqui neste mundo e foi massacrado pelos homens. A questão é que o Senhor voltará a este mundo no caráter de um Juiz justo e severo, e não mais de Servo bondoso e humilde. Ele vem para julgar, e ai do mundo que o condenou. Então todo olho o verá, mas o verá em glória, de forma espantosa como se espantou João ao vê-lo com uma aparência tão diferente da que ele conhecia:

(Ap 1:17) “Quando o vi, caí aos seus pés como morto; e ele pôs a sua destra sobre mim, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último”.

As pessoas que estranham o Deus severo do Antigo Testamento e do Apocalipse em contraste com o Deus amoroso dos evangelhos se esquecem de que “Deus é amor” (1 Jo 4:8) em sua essência e só agiu (no A.T.) e agirá (nos juízos de Apocalipse) como “fogo consumidor” (Hb 12:29) por causa do pecado. Em outras palavras, fomos nós que causamos em Deus esse comportamento. Percebe a que ponto Deus precisou chegar? Entregar seu próprio Filho à morte, abandoná-lo em meio a trevas e derramar sobre ele o “fogo consumidor” de toda a sua ira e juízo devido ao pecado. Sim, o próprio Deus diz que agir em juízo é uma obra estranha à sua natureza.

(Is 28:2123) “Porque Jeová se levantará como no monte de Perazim, mostrar-se-á irado como no vale de Gibeom; para fazer a sua obra, a sua obra estranha, e para executar a sua tarefa, a sua tarefa estranha. Agora, pois, não sejais escarnecedores, para que não se façam mais fortes os vossos grilhões; porque do Senhor Jeová dos exércitos tenho ouvido falar em uma consumação, e essa já determinada, sobre toda a terra. Dai atenção, e ouvi a minha voz; escutai, e ouvi o meu discurso”.

A única questão que resta é: por que o nome “Jeová” não é encontrado no Novo Testamento? Simplesmente porque não existe tal palavra ou equivalente no grego. Quando os judeus traduziram o Antigo Testamento para o grego (a versão Septuaginta) entre os séculos 300 e 100 antes de Cristo em Alexandria, os tradutores adotaram a palavra grega “Kurios” ou “Kyrios”, equivalente a “Deus” ou “Senhor”, em lugar do tetragrama “YHWH” ou “YHVH”, comumente usado nas escrituras do Antigo Testamento (Jeová ou Javé é uma forma moderna). Então os escritores do Novo Testamento, que eram judeus vivendo sob uma cultura grega, adotaram o mesmo vocabulário quando escreveram o Novo Testamento.

(Is 55:6-9) “Buscai a Jeová enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto. Deixe o iníquo o seu caminho, e o injusto os seus pensamentos: volte-se para Jeová, porque se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque muito perdoará. Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz Jeová. Assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos do que os vossos pensamentos”.

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Como lidar com as festas?

Geralmente os pais cristãos têm dúvidas de como proceder quando seus filhos desejam ir a festas juninas ou participar de eventos como Cosme e Damião ou Halloween. Também recebo perguntas de como proceder em épocas como Carnaval, Natal, Páscoa ou cerimônias de casamento e festas de aniversários.

Já tive problemas assim quando meus filhos eram pequenos e eram convidados para festas juninas. Nos Estados Unidos (e agora em alguns lugares no Brasil) existe o Halloween, ou festa das bruxas, e nos EUA o costume é as crianças saírem fantasiadas pela vizinhança pedindo doces. A festa à fantasia daqui é o carnaval (geralmente isso é tudo o que as crianças percebem da festa, a fantasia).

Para tentar contornar o problema das festas juninas quando os filhos eram pequenos, nós sempre programávamos alguma atividade mais interessante, como ir a um parque de diversões ou ao zoológico. As crianças evidentemente preferiam o passeio a participar da festa junina na escola. Obviamente as coisas ficam mais difíceis quando os filhos são adolescentes e querem participar da festa junina nem tanto por devoção a São João, mas muito mais por estarem em busca de um empurrãozinho de Santo Antônio.

Felizmente não tivemos tais problemas com os filhos na adolescência, pois cedo eles perceberam que tanto por um motivo ou por outro aquele não seria um ambiente adequado. Do ponto de vista do caráter religioso da festa, certamente eles não iriam querer gritar “Viva São João!” para alguém que morreu. Também entenderam que não deviam esperar uma ajuda de “Santo Antônio” para conseguir um par dentre incrédulos. A Palavra de Deus é bem clara a respeito de buscar uma união com incrédulos:

(2 Co 6:14-18) “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”.

A ideia de uma atividade alternativa também vale para o carnaval e outras festividades. No caso do carnaval, às vezes os filhos precisarão chegar a uma idade mais avançada para entenderem que “carnaval” tem o sentido de “carne-aval”, ou seja, um aval para a carne se manifestar sem freios. É evidente que de nada adiantará você querer convencer seus filhos de que isso não é apropriado a um cristão se você mesmo passa horas em frente à TV assistindo aos desfiles, justificando-se de que aquilo é apenas interesse pelo folclore. E também será difícil explicar a eles como é que você é contra um desfile de carnaval se todos os anos participa dele com a desculpa para evangelizar. Você não daria a mesma desculpa para visitar um bordel, daria?

O Halloween é outra festa que foi importada e agora acabou entrando no calendário das escolas brasileiras. Isso está bem no compasso do despertar de jovens e adultos para o ocultismo, bruxaria, vampiros e lobisomens, com a mãozinha dada por livros e filmes como Harry Potter e Crepúsculo. Mais uma vez será preciso usar de criatividade para encarar a situação. Quando o ocultismo e a bruxaria passam a ser consideradas coisas normais no entretenimento para jovens, isso cria uma atitude receptiva quando eles entram em contato com a coisa real. Antes de minha conversão estive mergulhado no ocultismo e esoterismo e posso afirmar que não são coisas inofensivas para a alma.

Nos EUA no Halloween as crianças batem à porta das casas e considerariam indelicada uma recepção de reprimenda, mesmo porque geralmente elas fazem isso acompanhadas pelos pais. Por isso minha filha e meu genro costumam comprar doces e quando as crianças tocam a campainha ganham um doce e um calendário, folheto ou quadrinho com versículos bíblicos. Eles encontraram esta maneira de, ao mesmo tempo não parecerem antipáticos às crianças e poder evangelizá-las. Ficaria pior não atender a porta ou tentar explicar para cada criança a razão de não ter doces para distribuir.

Existem ainda dúvidas sobre participar ou não de festividades de Natal, dar ovos de Páscoa, ou cantar parabéns em festas de aniversário (neste caso aproveito para avisar que a mensagem que circula na Internet dizendo que o “Rá-Tchim-Bum” é uma expressão demoníaca não passa de boato). Este é um assunto pessoal, mas se a sua consciência estiver intranquila, então é melhor não participar. Já temos que engolir muitos sapos por compromissos de trabalho, quando o chefe quer que a gente participe disso e daquilo, então quando a decisão cabe somente a nós o melhor é nos resguardarmos, se isso for causar algum problema de testemunho ou consciência.

Este final de semana estive com um irmão que deixou de tocar profissionalmente porque seu grupo era contratado às vezes para quermesses católicas. Ele não ficava tranquilo com aquilo e achou por bem parar. Eu mesmo, como palestrante, não atendo alguns tipos de clientes, como organizações religiosas, partidos políticos, indústrias de armas, munições e cigarros. Semana passada recusei um trabalho de uma editora religiosa. Era um pedido para uma palestra de vendas para os funcionários, e não tinha nada a ver com religião, mas eu escrevi explicando que não atendo esse segmento de empresas. Também não faço palestras com temas como “espiritualidade na empresa” porque seria preciso diluir a verdade para agradar a todos.

Também sou contra a ideia de ir a festas e eventos com a desculpa de evangelizar (no caso que citei de minha filha e o Halloween, são as crianças fantasiadas que vão à casa dela em busca de doces). Participar de desfiles de carnaval para evangelizar foliões, marchas para Jesus para tirar os participantes de suas denominações ou paradas gay para combater a prática homossexual é se intrometer em eventos de terceiros com objetivos contrários. Qualquer indivíduo, quando em grupo, se sente fortalecido e assim tapará os ouvidos aos seus argumentos. Se você quiser alcançar as pessoas para o evangelho, existe todo o restante do mundo para levar sua mensagem e muitas outras oportunidades que não irão gerar conflitos e combates desnecessários.

Voltando à questão da participação dos filhos em festas populares entre crianças e jovens, de nada adiantará você simplesmente proibir sem ter feito antes a lição de casa. E quando falo em lição de casa, estou me referindo a ler diariamente a Bíblia com seus filhos desde a mais tenra idade, para eles aprenderem a diferença entre as coisas de Deus e do mundo. Falo também de disciplinar seus filhos não na admoestação que vem dos pais, mas do Senhor (daí a importância de eles conhecerem e reverenciarem o Senhor). Uma criança deixada a si mesma irá seguir a correnteza mais forte, ou simplesmente se deixar levar por ela. Pais que não têm na Palavra de Deus seu referencial, irão buscar nas revistas de banca o modo como devem criar seus filhos. E as revistas sempre tendem a mostrar como certo aquilo que a maioria acha certo, ou seja, o mundo. Sugiro aos pais a leitura do ótimo texto “Como educar a criança”.

(1 Jo 2:12-17) “Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados. Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno. Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.

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Onde estava Daniel no episódio da estátua?

Sua dúvida é por que Daniel não aparece junto com seus amigos Sadraque, Mesaque e Abednego quando estes foram denunciados por não terem se curvado diante da estátua construída por Nabucodonosor. Vamos ver a ordem dos acontecimentos para entender.

No capítulo 1 de Daniel vemos que o rei Nabucodonosor pediu aos seus oficiais que escolhessem dentre os cativos israelitas jovens nobres e cultos para serem introduzidos na corte e educados como nobres caldeus.

(Dn 1:1-7) “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus. E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias; e o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego”.

No capítulo 2 Daniel recebe de Deus sabedoria para interpretar o sonho de Nabucodonosor, e por isso é promovido a governador de Babilônia e chefe dos governadores e dos sábios. Por pedido de Daniel, Nabucodonosor também promove seus amigos Sadraque, Mesaque e Abednego a posições administrativas na gestão pública do reino, obviamente abaixo do cargo de destaque que Daniel recebeu.

(Dn 2:47-49) “Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério. Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pós por governador de toda a província de Babilônia, como também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia. E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei”.

No capítulo 3 o rei manda construir uma estátua e convoca a todos os nobres e administradores de Babilônia para se apresentarem diante da estátua e, a um determinado sinal, se prostrarem e adorarem a estátua de ouro. Quem não fizesse isso seria lançado na fornalha de fogo.

No versículo 9 vemos alguns caldeus indo a Nabucodonosor com uma denúncia: Sadraque, Mesaque e Abednego não tinham se prostrado e adorado a estátua, conforme a ordem do rei. Portanto deviam ser mortos na fornalha. O restante da história pode ser encontrado no capítulo 3 e a grande dúvida é onde estaria Daniel naquele momento, já que ele não aparece entre os que foram denunciados como não tendo adorado a imagem.

A Bíblia não diz, portanto qualquer resposta será por suposição. Eu pessoalmente vejo três ou quatro possibilidades. A primeira tem a ver com aquele episódio em que os fariseus levaram ao Senhor Jesus uma mulher pega em flagrante adultério para ser apedrejada, porém não explicaram o que fizeram com o homem. Um flagrante de adultério precisa que dois sejam flagrados. Portanto, já na denúncia que fizeram havia dolo, provavelmente porque o homem adúltero era algum deles ou uma pessoa de destaque na sociedade que não podia ser exposta.

Se todos deviam se prostrar para adorar a estátua, esses que fizeram a denúncia só podiam ser os últimos da fila e, ainda assim, não totalmente prostrados, para poderem observar que três pessoas permaneceram em pé. É só imaginar uma situação em que o presidente ordene para que todos os funcionários públicos de primeiro escalão encham aquele gramado da esplanada dos três poderes em Brasília e se prostrem diante da enorme bandeira do Brasil que existe ali. Quem é capaz de dizer se alguém se prostrou ou não, se todo mundo está com a cara no chão?

Portanto a denúncia feita pelos caldeus devia ter uma boa dose de ciúme e animosidade contra os estrangeiros que haviam adquirido posições de destaque iguais ou maiores que os próprios nativos de Babilônia.

A segunda possibilidade tem a ver com o cargo que Daniel ocupava. Enquanto Sadraque, Mesaque e Abednego estavam no mesmo nível dos outros oficiais, Daniel era o segundo abaixo do rei, portanto acima de todos esses. Podemos pensar que tenha sido o caso de os denunciantes não terem incluído Daniel pelo risco que isso lhes traria. Afinal, seria uma denúncia contra alguém muito acima deles e apadrinhado do rei Nabucodonosor por sua sabedoria. Falar mal de alguém assim não era coisa simples.

Outra possibilidade seria que Daniel não se curvou diante da estátua, mas sua desobediência à ordem só teria sido testemunhada por seus escravos diretos. Digamos assim que Daniel estava em uma posição confortável o suficiente para ter seu próprio camarote ou gabinete e não se misturar com os outros funcionários públicos menos graduados do reino.

Uma quarta possibilidade que também deve ser considerada é a de Daniel ter sim se curvado diante da estátua. Esta parece criar certo desconforto entre alguns que têm Daniel como um herói, mas devemo-nos lembrar de que o único ser humano perfeito que encontramos nas páginas das Escrituras é o Senhor Jesus. Todos os outros eram sujeitos a falhas (algumas gravíssimas, como Davi). Eles eram seres humanos iguais a qualquer um de nós, e basta ler a história de cada um dos que costumamos chamar de “heróis da fé” para perceber isso.

(Tg 5:17) “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós”.

(2 Cr 6:36) “Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque) …”.

(Ec 7:20) “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.

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O mal, as trevas e o pecado foram criados por Deus?

Sua dúvida é se Deus criou o mal e por que teria criado tal coisa. A dúvida vem do versículo em Isaías 45:7 “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”. Muitos têm essa dúvida e chegam até a questionar a bondade de Deus quando veem Deus aplicando castigos severos no Antigo Testamento ou permitindo tragédias de todos os tipos. A resposta rápida é que você pode usar um chicote sem ter sido seu inventor. Mas vamos analisar com maior profundidade a questão.

Fica mais simples se enxergarmos do ponto de vista de Deus e de tudo o que ele criou. Por exemplo, Deus é luz (a luz não foi criada, mas sempre existiu, pois é um dos atributos de Deus). E as trevas? Elas não existem, mas são meramente a ausência de luz, como o frio também não existe, mas é simplesmente a ausência de calor. E a leveza? Ausência de peso. Vácuo? Ausência de matéria.

Se Deus criou tudo bom, e assim é o testemunho de Deus acerca da Criação, de onde vem o mal? Da ausência de Deus. O mesmo raciocínio você pode aplicar ao pecado, que não é algo criado por Deus, mas a ausência do princípio de autoridade e domínio de Deus. Veja este versículo:

(1 Jo 3:4) “Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade”.

Ao dizer que “pecado é iniquidade” esta versão não faz jus ao real significado do texto. Também erra a tradução do Novo Testamento na Linguagem de Hoje, a pior versão que você poderá encontrar em língua portuguesa:

(1 Jo 3:4) “Quem peca é culpado de quebrar a lei de Deus, porque o pecado é a quebra da lei”.

É evidente que pecado não pode ser quebra da lei de Deus porque a Lei só foi dada por Deus a Moisés, muito tempo depois de o homem ter caído em pecado. A versão mais próxima do significado é a Almeida Corrigida e Atualizada, porém ela erra ao inserir “que vive habitualmente no pecado” ao invés de simplesmente “que peca”:

(1 Jo 3:4) “Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia”.

As versões inglesas mais literais, como J. N. Darby, J. P. Green e J. N. Young definem pecado com “lawlessness”, que seria a ausência de sujeição a Deus, ou insubordinação.

(1 Jo 3:4) “Every one that practises sin practises also lawlessness; and sin is lawlessness”.

Poderia ser traduzido também como “vontade própria” (já que é uma vontade independente da vontade de Deus) ou “ausência do princípio que governa”, isto é, Deus. Em suma, tire Deus do banco do motorista e você tem o pecado, uma lacuna que deixa o carro entregue à sua própria sorte. Existe no Universo a lei da gravidade e outras leis que mantêm os planetas em suas órbitas. Imagine um Universo livre de todas as leis (“lawlessness”) e você tem um caos. O ser humano fora de controle é o ser humano em pecado. O homem nasce com um defeito, uma peça faltando; nasce sem motorista. O homem nasce pecador.

Quando entendemos isso fica mais fácil compreender que Deus não criou as trevas, mas que elas surgem onde a Luz é rejeitada. O mesmo vale para o mal, o pecado e outras coisas estranhas à criação de Deus. É por isso que entendo também que o estado de coisas descrito no versículo 2 de Gênesis 1 não é como as coisas foram originalmente criadas, mas como elas ficaram possivelmente depois da queda de Satanás. A Criação dos 6 dias dos versículos seguintes estaria mais para uma recriação ou restauração para preparar a terra para o homem.

(Gn 1:1) “No princípio criou Deus os céus e a terra”.

Entre o vers. 1 e 2 você tem um intervalo no qual caberiam as eras geológicas da terra medidas hoje em milhões de anos, a criação e queda de anjos, espíritos imundos, os dinossauros e outras coisas que não se encaixam em um planeta supostamente com seis mil anos de idade.

(Gn 1:2) “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo;”.

(Is 45:18) “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”.

Raciocinando neste contexto, o versículo que você mencionou indicaria não que Deus criou as trevas e o mal, mas que Deus cria as trevas, cria o mal, em um aspecto meramente circunstancial, isto é, introduz tais coisas em determinadas circunstâncias. A diferença é grande. Eu posso causar desordem, mas não fui eu quem inventou a desordem. Posso causar dor, mas não fui eu quem inventou a dor. Eu estaria apenas me valendo de algo existente para fins específicos.

(Is 45:7) “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas”.

Este conceito de trevas como ausência da luz, portanto de Deus, tem tudo a ver com as três horas de trevas que Jesus passou na cruz sob o juízo divino (depois de ter ficado três horas sendo amaldiçoado pelos homens). Nas três horas em que nossos pecados estiveram sobre Jesus, durante o tempo em que Deus o fez pecado por nós (2 Co 5:21) Deus não podia ter comunhão com ele, portanto ali Deus tirou sua luz de cena. Como consequência, surgiram as trevas.

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Por que Pilatos ficou surpreso?

Sua dúvida está em Marcos 15:44, onde diz que “Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido”. Provavelmente Pilatos achava que Jesus ainda estivesse vivo, pois a morte na cruz era um longo suplício. Foi por isso que para apressá-la e terminar com tudo antes que o sábado começasse a vigorar (no início da noite da sexta-feira, segundo o costume judaico) os soldados quebraram as pernas dos condenados.

O evangelho de João dá detalhes da sequência de eventos:

(Jo 19:30-34) “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado; Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.

Um ser humano comum ainda estaria vivo quando José de Arimateia foi pedir a Pilatos permissão para tirar Jesus da cruz. Acontece que Jesus não era um ser humano comum. Ele era Deus e Homem, nascido de uma virgem por concepção do Espírito Santo. Ele não trazia em si o pecado de Adão como todos nós trazemos de nascença. Jesus foi o único Homem sem pecado que já existiu. Veja abaixo a universalidade do pecado:

(Rm 5:12) “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.

Desse “todos” você pode excluir Jesus em virtude de sua encarnação não ter seguido os padrões normais. Além disso, em Hebreus é afirmado que ele não tinha pecado. Nele não havia nem a possibilidade de pecar, nem de morrer, o que é consequência do pecado:

(Hb 4:15) “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Este sem pecado não significa “sem ter cometido pecado”, mas sem o pecado, a raiz do mal que todos trazemos em nós. E não poderia ser diferente, pois todos os sacrifícios no Antigo Testamento, que eram um tipo de Cristo, precisavam ser de animais perfeitos e sem mancha. Por isso, o “Cordeiro de Deus” não podia ter em si mesmo o pecado, pois se tivesse não poderia servir de sacrifício pelos pecados alheios; ele próprio iria precisar de um Salvador que morresse por si, caso fosse um pecador como todo ser humano.

Por ter nascido sem pecado, Jesus também não podia pecar. Não apenas por ele ter uma natureza isenta da herança deixada por Adão, mas também porque estamos falando de alguém que é Deus e Homem. Como poderia Deus pecar? Impossível!

Voltando ao versículo em Rm 5:12 você verá que a morte é uma consequência do pecado. Não fica difícil perceber que alguém que tenha nascido sem pecado esteja também isento da morte. Jesus não podia morrer de causas naturais e nem ser morto por um agente externo. Ele podia crescer e atingir a idade adulta, como aconteceu, mas não poderia envelhecer e morrer. Isto equivale dizer que se Jesus não tivesse dado sua vida na cruz ele estaria ainda andando por este mundo na forma de um Homem adulto. Os versículos abaixo são muito significativos:

(Jo 12:24) “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.

(Jo 10:17-20) “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. Tornou, pois, a haver divisão entre os judeus por causa destas palavras. E muitos deles diziam: Tem demônio, e está fora de si; por que o ouvis?”.

Se Jesus não tivesse entregado sua vida e morrido, ele ficaria só. Ninguém mais iria para o céu, ninguém mais poderia ressuscitar. Mas creio que também significa que ele continuaria sendo um Homem, imune à doença e à morte, que são consequências do pecado (o qual ele não tinha). Não é de admirar que os judeus tenham ficado irados com tal declaração e o consideraram louco ou possesso de demônio.

Ninguém iria tirar a vida de Jesus, mas ele a entregaria fazendo uso de um poder sobre-humano. Além de Jesus, ninguém jamais teve o poder de entregar a própria vida. Um ser humano comum pode ser morto por algo ou alguém, mas não é capaz de entregar o espírito como Jesus fez na cruz. Até mesmo o suicida precisa de algum instrumento ou meio para tirar a própria vida, mas ele não pode entregar a própria vida, devolvê-la a Deus que a deu. Este poder Jesus tinha e foi o que fez na cruz.

(Jo 19:30) “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”.

Outra evidência da imortalidade de Jesus pela ausência do pecado pode ser vista nesta passagem:

(Jo 1:4) “Nele estava a vida”.

Estamos falando de uma Pessoa que não recebeu vida, mas em quem a vida era parte intrínseca quando andou aqui.

Resumindo, Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo sem pecado e, portanto, sem a possibilidade de pecar. Por ser sem pecado e ser Deus, Jesus também não estava sujeito à morte, apesar de estar em um corpo que podia ser ferido, sentir dor, fome, sede, frio, etc. Só não podia ser morto por algum agente exterior, e por isso teria permanecido um Homem em idade adulta indefinidamente, caso não tivesse ido à cruz.

Mas este é um pensamento igualmente impossível e surreal, pois se não fosse pela cruz ele nem sequer teria vindo ao mundo, portanto estamos falando aqui de uma possibilidade que nunca se realizaria.

Embora ele nunca tenha feito qualquer milagre para si mesmo, fica evidente que aquele que era capaz de restaurar a vista ao cego, curar leprosos e aleijados, e ressuscitar mortos poderia muito bem curar suas próprias feridas. Mas não fez isso quando foi chicoteado, esmurrado e teve o couro cabeludo rasgado pela coroa de espinhos, e as mãos e pés pregados na cruz.

Depois de cumprir tudo o que dele estava previsto pelos profetas, sofrendo durante 3 horas nas mãos dos homens e 3 horas nas mãos de Deus, Jesus entregou sua vida. Simplesmente morreu, um verbo que nenhum outro homem seria capaz de conjugar no presente e na primeira pessoa. Nem eu, nem você, podemos simplesmente decidir parar de viver e isto ser suficiente para nossas funções vitais serem imediatamente interrompidas.

Por ter morrido assim de um modo tão sobrenatural os soldados não quebraram as pernas de Jesus como fizeram com os outros soldados, para que perdessem a capacidade de funcionamento do diafragma e morressem por asfixia. A lança que o soldado usou para perfurar o lado de Jesus não o matou; ele já estava morto naquele momento. Foi aquele sangue, que verteu misturado com água, e não o sangue de suas mãos e pés, que nos purificou de todos os pecados. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era o sangue de um cordeiro morto, e não apenas ferido, que era levado para dentro do santuário para fazer expiação pelos pecados.

Por isso Pilatos ficou admirado de sua morte ter ocorrido antes do previsto. Portanto, todos esses textos e documentários que você vê por aí tentando explicar a morte de Jesus do ponto de vista clínico não passam de uma grande bobagem. Ele não morreu por exaustão, nem por edema pulmonar, nem por infecção generalizada causada pelos ferimentos ou pela lança dos soldados. Jesus entregou sua vida.

Mas isto não isenta os que o entregaram à morte de sua responsabilidade. Do ponto de vista judicial, não é o instrumento causador da morte, mas a intenção de matar, que é levada em conta. É por isso que um homicida jamais poderia alegar que o que matou a vítima foi a bala, não ele. Os judeus não poderiam alegar que estavam isentos da responsabilidade de matar Jesus, já que não o mataram de fato por ele ter entregado sua vida.

Mais uma vez, se Jesus não tivesse entregado sua vida ele não teria morrido, o que equivale dizer que ele continuaria vivo até hoje. Porém, como já disse, este pensamento é absurdo, não por sua impossibilidade de morrer de causas naturais ou exteriores, mas por ele ter vindo ao mundo com a missão específica de morrer.

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Um católico pode ser salvo?

Depois de ler meu texto você escreveu tecendo diversos comentários que indicavam que você não entendeu o que leu. Achou que eu estivesse dizendo que para alguém ser salvo era preciso deixar sua denominação religiosa e congregar somente ao nome do Senhor, sem um templo, clero, etc. Mas depois de eu esclarecer que não era isso que eu disse você escreveu novamente indignado, desta vez por eu ter dito que católicos também poderiam ser salvos mesmo estando na igreja católica.

A salvação não tem nada a ver com o lugar que você congrega ou se não congrega em lugar nenhum. A salvação é somente pela fé em Cristo e em sua obra na cruz. Vamos a Cristo do jeito que estamos e, ao crermos nele, ele nos salva e uma vez salvo, salvo para sempre porque a salvação não depende de nossa obediência, mas da morte e ressurreição de Jesus. Existem salvos em todas as denominações cristãs (inclusive a católica) e fora delas. São pessoas que creem em Jesus, que nasceram de novo, que são membros do corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça. Todos esses estarão no céu, mas não levarão para lá as denominações que carregavam aqui.

Parecia até que você concordava com isso quando escreveu: ”Medita nisso: alguns homens dizem que para ser salvo, é preciso guardar o sábado. Outros dizem que é preciso pagar os dízimos. Agora o senhor, pelo que entendi, também acrescenta uma condição para a salvação: “sair do erro”, ou seja, sair da denominação que frequenta para se reunir em nome de Jesus Cristo apenas. Repito que isso nós sempre fizemos. É razoável essa declaração?”.

Mas agora você diz que um católico não pode ser salvo a menos que saia de sua denominação católica! Quer conhecer um católico salvo por Cristo? Eu mesmo fui um durante cerca de um ano. Escutei o evangelho na faculdade de um irmão em Cristo que não falou de nenhuma denominação (embora ele congregasse em uma batista), mas pregou o puro evangelho da salvação pela fé em Cristo. Ao todo éramos doze universitários que se converteram na faculdade de arquitetura por meio do trabalho evangelístico daquele irmão.

Mas depois de minha conversão decidi voltar a frequentar a missa, pois vinha de família católica e nem imaginava o que acontecia em um templo protestante. Durante um ano inteiro fui católico, ajudei o padre na missa, organizei um grupo de jovens para ensinar a eles o evangelho (o padre não gostava porque eu dizia que a salvação era só pela fé em Jesus) e enquanto isso estudava a doutrina católica.

Um ano depois vi erros suficientes para sair daquela denominação. Mas entenda bem: durante aquele ano eu sabia que estava salvo por Cristo, entendia sua obra na cruz como suficiente para me salvar e simplesmente achava que imagens e santos eram uma espécie de anabolizante, dos quais alguns precisavam para fortalecer sua fé. Quantos estão na mesma condição no catolicismo? E quantos estão na mesma condição no protestantismo, em denominações que vendem vidrinhos de azeite, toalhinhas, água do Rio Jordão e um sem número de objetos que apelam para a superstição? Ou que fazem de seus líderes intermediários entre Deus e os homens, de um modo como muitos católicos enxergam seu clero ou os chamados “santos” canonizados?

Entenda que por mais de mil anos a única fonte do evangelho foi o catolicismo. Hoje existe cristãos no Japão, um dos países mais fechados às influências externas até o século 19, porque São Francisco Xavier conseguiu entrar e proclamar a palavra da cruz, muito antes que qualquer missionário protestante o fizesse. Certamente era uma evangelização contendo mistura e erros, mas o evangelho era lido nos templos católicos e pessoas se convertiam, porque o evangelho é o poder de Deus para todo aquele que crê. O poder está na Palavra aplicada pelo Espírito, e não na pessoa que prega ou onde ela prega. Onde você acha que Lutero ouviu a Palavra de Deus pela primeira vez?

Depois de convertida a pessoa poderá se separar do erro, seja esse erro católico, presbiteriano, adventista, batista ou outro (sim, todas as religiões têm erros), se desejar ir além da salvação e conhecer toda a verdade, isenta dos dogmas impostos pelos estatutos dessas religiões. Esta é a vontade de Deus para cada cristão, pois ele “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” ou “cheguem ao pleno conhecimento da verdade”, como diz outra versão (1 Tm 2:4). Outros talvez nunca se separem de suas denominações por uma série de razões, mas nem por isso estão menos salvos. Só estarão perdendo privilégios de uma melhor compreensão da verdade.

Das denominações que existem por aí o catolicismo é uma que ainda mantém o cerne da fé cristã (veja o Credo dos Apóstolos que é rezado nas missas, ele está correto). Os católicos creem na divindade de Jesus, algo que algumas igrejas evangélicas modernas colocam em dúvida e organizações como Testemunhas de Jeová e Mórmons excluem totalmente de suas doutrinas. Mas será que alguém que vá às reuniões das Testemunhas de Jeová ou da Igreja dos Santos dos Últimos Dias (Mórmon) pode se converter? Se a Palavra de Deus for lida nesses lugares e essa pessoa escutar, ela pode se converter sim. Mas não se sentirá em paz lá porque o Espírito Santo que virá habitar nessa pessoa insistirá para que ela se aparte do erro.

Não condicione a salvação à frequência ou não a uma religião, e nem tampouco à obediência, porque pela obediência ninguém conseguiu ser salvo, mas somente pela fé singela em Cristo. A Lei dada a Moisés foi a forma de Deus demonstrar que homem algum é capaz de obedecer 100% a Lei de Deus e, portanto, ser salvo com base na obediência. Dizer que alguém não é salvo por ser católico é dizer que a pessoa precisa de algo mais além de Cristo e sua obra para se salvar, o que é um erro.

Você diria que os profetas Elias e Eliseu foram salvos? Sim, acredito que concorde. Mas será que já percebeu que eles estavam no lugar errado? Quando Jeroboão dividiu o reino de Israel, o rei Roboão ficou no lugar que Deus havia estabelecido como o único lugar genuíno de adoração, Jerusalém. Jeroboão, porém, atraiu para si dez tribos e construiu para elas dois lugares de adoração totalmente espúrios e não autorizados por Deus. Então houve por muito tempo um lugar de adoração genuíno, frequentado pelas tribos de Judá e Benjamin, chamadas simplesmente de “Judá”, e por indivíduos de outras tribos que eventualmente iam para Jerusalém adorar, e havia “Israel”, as demais dez tribos, adorando no lugar errado à revelia de Deus. E mesmo assim Deus colocou profetas seus nessas tribos, como foi o caso de Elias e Eliseu, porque Deus se importa com o seu povo.

Negar que possam existir salvos por Cristo no catolicismo ou em outras denominações cristãs (ou fora delas) é negar até mesmo o hino “Just as I am”, que você deve conhecer em português como “Tal como sou” ou “Tal como estou”. Deus recebe qualquer um, do jeito que está e onde está, e o salva se este tão somente crer em Jesus. Se a pessoa salva por Cristo irá sair ou permanecer conectada ao erro religioso, isso é outra história. Mas ninguém poderá negar que somos salvos do jeito que o Senhor nos encontra. Tentar se livrar de todas as arestas para só então ir a Cristo é confiar que a carne tem poder de melhorar. O filho pródigo foi recebido pelo pai do jeito que estava. Foi o pai quem o vestiu de roupas limpas, colocou sandálias em seus pés e um anel no dedo.

O que você diria a um católico apostólico romano que chegasse a você dizendo que quer ser salvo de seus pecados? Diria “Sai da igreja católica e serás salvo” ou “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”? Ouvi um irmão dizer que é por amar o pecador que Deus o recebe e o salva do jeito em que está. E que é por amar demais o pecador que Deus não quer deixá-lo do jeito que está.

Sua reação ao que eu disse só demonstra o quanto muitas igrejas chamadas “evangélicas” não pregam um evangelho puro, mas igualmente misturado com obras e atitudes, nada diferente portanto do evangelho misturado pregado no catolicismo. No fundo, no fundo, muitas estão dizendo nas entrelinhas: “Venha para a minha igreja e serás salvo”. O dia em que você se aprofundar no que dizem algumas religiões protestantes das mais fundamentalistas, ficará surpreso por saber que não pregam uma vida eterna no céu, mas na terra, ou que estão pouco ligando para Israel, pois no seu entender Israel foi substituído pela Igreja e perdeu assim todas as promessas feitas pelos profetas do Antigo Testamento. É estarrecedor o que existe nas entrelinhas de muitas doutrinas chamadas “evangélicas” ou “protestantes”, sem falar dos mercenários que invadiram as ondas de rádio e TV.

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Como Deus pode perdoar alguém como eu?

Você diz que “mais difícil ainda é aceitar que o Senhor pode perdoar alguém como eu”. Ótimo, você quase me convenceu de que está humilhado, mas não está. Quem é você para dizer quem Deus pode ou não perdoar? Você está fazendo de conta que é Caim.

Caim podia até parecer humilde, mas era o contrário. Essa atitude é soberba. Você se considera importante demais para Deus perdoá-lo nas condições que ele estabeleceu. Tem medo de quê? De perder sua racionalidade? De ficar sem seu cobertorzinho de auto piedade com o qual costuma dormir? Crianças costumam ter um cobertorzinho assim, sem o qual não conseguem dormir.

Deus deu todas as chances para Caim se arrepender e ser salvo, mas ele não queria ser salvo! Caim considerou seu pecado grande demais para “merecer” perdão. É, ele achava que precisava merecer o perdão de Deus.

(Gn 4:13) “Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada”.

Ele acrescenta algo mais à sentença que Deus lhe deu, de que seria errante na terra. Deus diz: “Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra”, mas Caim acrescenta algo: “Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo [peregrino, errante] na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará” (Gn 4:12-14).

Deus não o expulsou da terra e nem fechou para ele a possibilidade de se encontrar com Deus, como Caim diz, e nem ordenou que alguém o matasse. Ao contrário, já antes Deus tinha deixado claro que o perdão estava à disposição de Caim quando quisesse fazer a coisa certa, e a coisa certa depois de matar seu irmão seria se arrepender e voltar-se para Deus, como o filho pródigo que voltou para o pai sem ter nada a oferecer além de seus pecados:

(Gn 4:7) “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?”.

E para provar seu amor por Caim, Deus afirma que o castigo para alguém que matar Caim será sete vezes maior até do que o de um homicida comum, e Caim era um homicida comum, e providencia para que ninguém encoste um dedo nele:

(Gn 4:15) “O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pós o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse”.

Mas no fundo Caim não acreditava em nada disso e nem mesmo na condição de alguém sem morada certa que Deus havia dito que ele seria. Tanto é que logo constitui família, e não só isso: Caim constrói a primeira cidade e coloca nela o nome de seu filho. Construir uma cidade não é exatamente o que se espera de alguém que afirma: “serei fugitivo e vagabundo na terra”.

Você escreveu: “Sei que o Senhor Jesus morreu por mim, para me salvar, para que eu pudesse ser liberto. Mas meu coração não sabe disso… Meu coração burro insiste em me condenar… Eu entrego minha vida e meu caminho nas mãos do Senhor. Mas minhas mãos não tem coragem para largar as rédeas da minha vida”.

Então você ainda não percebeu que está morto, pois se existem tantas possibilidades de se “defender” da graça e do amor de Deus, e de suas mãos permanecerem agarradas às rédeas, isto significa que está tentando algo de vontade própria. Pode ser que você esteja na situação do homem de Romanos 7:

(Rm 7:20-23) “Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros”.

Este homem conhece a salvação, mas não a libertação. Ele só vai ser liberto ao reconhecer, no versículo 24, que é um cadáver ambulante, uma espécie de zumbi dos filmes da moda:

(Rm 7:24) “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”.

É somente com este reconhecimento e convicção que se pode chegar ao brado do versículo 25 e ao entendimento da salvação que é detalhado no capítulo 8 de Romanos:

(Rm 7:25) “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”.

Você ainda está confiando na carne, embora confie nela de uma maneira estranha: acha que ela é ruim demais para Deus perdoá-lo. A questão é que a carne não é só ruim demais, ela está morta, acabada aos olhos de Deus, que colocou um fim na velha criação. Que zumbi é esse que está tentando manter-se no controle em total oposição à graça de Deus?

Você termina dizendo: “Me sinto tão culpado e insignificante…”. Discordo. Você pode sentir-se culpado, mas não insignificante. E como poderia se ainda resiste a Deus?! Isso nada mais é do que soberba disfarçada de autopiedade e comiseração.

(Tg 4:6) “Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”.

Quem você acha que está colocando em você essa sensação de miséria? O Espírito Santo de Deus, tentando convencê-lo a render-se de vez nos braços do Salvador. Deixar-se salvar.

(At 7:51) “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.

*

Que livro ler para entender a diferença entre Israel, Igreja e gentios?

Você perguntou qual livro deve ler para entender melhor a distinção que Deus faz entre Israel, Igreja e Gentios. Segundo o seu relato, por ter vindo de uma religião protestante fundamentalista, você aprendeu que hoje Israel já não teria mais lugar no plano de Deus e teria sido substituído pela Igreja, com o que você já não concorda. Este é um erro clássico de muitas denominações provenientes da Reforma Protestante, principalmente as que seguem a Teologia do Pacto.

Dentre estas estão as igrejas Católica, Ortodoxa, Luterana, Anglicana, Episcopal, Congregacional, Presbiteriana, Menonita, Cristã Reformada, etc. Alguns ramos de outras denominações também professam a Teologia do Pacto, como Metodista, Batista, Nazareno, Adventista, etc. Outras adotam a Teologia Dispensacionalista (que é como creio), embora mesmo entre essas existam distorções, como o pentecostalismo, e erros como os da série “Deixados para trás” de Tim LaHaye, que acredita na possibilidade de alguém ouvir o evangelho antes e ser salvo depois do arrebatamento, e também C. I. Scofield, que dividiu as dispensações mais por épocas do que por padrões governamentais e não abriu mão do clericalismo (ele próprio era “Reverendo”).

Mas a maioria das pessoas nem sequer sabe com certeza o que a denominação que seguem crê a respeito do assunto, já que muitos pregadores dedicam-se mais a evangelizar do que a falar sobre o que realmente creem com respeito aos acontecimentos futuros, assunto geralmente chamado de “escatologia”. Muitos pregadores do evangelho que hoje são bem conhecidos na Internet seguem a Teologia do Pacto, mas raramente você os vê tocar no assunto. Dentre eles estão John Piper, David Platt, Tim Keller, Paul Washer, Tim Conway, Kevin Williams, etc. Porém mesmo entre esses pregadores há erros que considero graves na forma como enxergam alguns pontos das Escrituras.

Por exemplo, John Piper deixa implícito em um de seus vídeos que seria possível Jesus pecar quando esteve no mundo. David Platt, jovem pastor de uma mega-church, prega um evangelho conhecido como “Salvação por Senhorio”, insistindo na caridade. No fundo é muito parecido com a “Teologia da Libertação” que a Igreja Católica patrocinava nos anos 70 e 80. David Platt lançou um best-seller chamado “Radical”, que é basicamente um resumo do que Tim Keller apresenta em seu livro “Ministries of Mercy”, que inclusive tem um capítulo chamado “Radical Ministries” e é todo voltado ao estabelecimento do Reino de Cristo no mundo mediante o esforço dos cristãos, individualmente, e da Igreja como uma instituição beneficente. Quem já ouviu falar de “Teologia do Domínio” percebe aonde essas ideias levam. Em um de seus sermões David Platt diz que “Deus mede a integridade de nossa fé por nossa preocupação para com os pobres… Se não existe preocupação com os pobres, não existe integridade de fé; as duas coisas andam juntas… Se você não alimenta o faminto e não veste o despido você vai para o inferno. É o que Jesus ensina”.

Paul Washer tem um evangelho misturado com arrependimento e aperfeiçoamento pessoal que não dá segurança nenhuma ao crente, ao contrário, faz com que fique o tempo todo olhando para si mesmo e não para Cristo. Ele prega uma espécie de evolução espiritual (é uma doutrina bem sutil, mas está lá no meio de seus textos e pregações). De Tim Conway eu vi um vídeo onde ele tentava refutar as dispensações e nem sequer entende o estado eterno. Alguém deixou na página o seguinte comentário sobre o vídeo:

Ele não entende eternidade, ele pensa que ela tem um início e segue para sempre. Mas eternidade não é um lugar com tempo de sobra, eternidade é um lugar que não tem tempo e é o lugar da habitação de Deus. Se eternidade tivesse tempo Deus, que habita na eternidade, não seria eterno. Ele é um amilenialista professo e por isso é obrigado a espiritualizar tanto as escrituras para adequá-la ao seu pensamento que chega a ser insano. Se você perguntar a ele sobre Israel, a coisa fica ainda pior. O fato de ter sido necessária uma reforma do catolicismo romano não significa que todos os resultados da reforma foram corretos. Não foram. Na verdade, a doutrina reformada precisa ser reformada outra vez”.

Bob Jennings segue a mesma linha da teologia do pacto ou da aliança, que não vê mais um futuro para Israel e “espiritualiza” as promessas feitas por Deus a Israel no Antigo Testamento tentando encaixá-las na igreja. Kevin Williams não foge à regra. O anúncio de um de seus áudios resume em poucos tópicos o que creem os pregadores e as denominações que adotam a “Teologia do Pacto”, obviamente com algumas variantes:

Neste sermão mostramos como as Escrituras ensinam claramente que:

– Deus não tem duas esposas, Israel e Igreja, mas um povo em Jesus Cristo.

– Quando Cristo voltar iniciará a era eterna e não um reino temporário de 1000 anos.

– Quaisquer judeus que estejam fora de Jesus Cristo não são povo de Deus”.

Não me entenda mal: não estou julgando as PESSOAS, pois esses pregadores são servos de Deus e têm sido usados como instrumentos na salvação de muitas pessoas. Eu mesmo gosto de ouvir alguns deles quando se limitam a pregar o evangelho da graça. O que estou julgando é a DOUTRINA deles, o que a Bíblia diz claramente para fazermos, e você fará bem se julgar também as coisas que eu digo.

(1 Co 14:29) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”.

Mas acabei me distanciando de sua pergunta, que foi que livro ler para entender a distinção entre Israel, Igreja e Gentios. Bem, não conheço um livro melhor para isso do que a própria Bíblia. Ela é tão clara sobre essas distinções que chega a ser vergonhoso alguém contestar tais diferenças.

A razão dos desvios criados pela Teologia do Pacto (às vezes chamada de Teologia da Substituição por substituir Israel por Igreja) se deve muito à maneira como interpretam as Escrituras. No que diz respeito às profecias já cumpridas, todos concordam mais ou menos que elas se cumpriram literalmente. Ou seja, o que Deus disse que faria, ele fez. Mas quando o assunto são as profecias ainda a serem cumpridas, a maioria deles acredita que sejam alegóricas ou simbólicas, e não literais.

Assim adotam um método de interpretação bíblica que dá margem a tirar qualquer conclusão. Um teólogo do Pacto lhe dirá, obviamente com linguagem mais rebuscada, que quando você encontrar na Bíblia a palavra “Israel”, deverá entender como sendo “Igreja”, pois na opinião dele esta seria a sucessora legal de Israel na terra. A dificuldade de tal interpretação está em como espiritualizar a reconstrução do templo de Jerusalém que é profetizada em detalhes pelos profetas do Antigo Testamento, inclusive com instruções sobre o sacrifício de animais, e qual seria o objetivo de a Igreja ter um templo em Jerusalém. Até algumas edições da Bíblia Almeida Corrigida em português trazem um subtítulo em Isaías 54 que diz: “O progresso e a glória da Igreja”, ignorando completamente que a Igreja era um mistério oculto até dos profetas do Antigo Testamento e só revelado muito mais tarde a Paulo.

Já um dispensacionalista lhe dirá que quando ler “Israel” deve entender “Israel” e quando ler “Igreja” deve entender “Igreja”. Simples assim. Vou dar um exemplo das implicações da Teologia do Pacto. Imagine o Antigo Testamento como um Testamento mesmo, de alguém que deixou bens e promessas para seus familiares. Então vem um advogado e insiste que os bens que foram prometidos ao João deverão ficar com a Maria, porque agora o nome “João” deve ser lido como “Maria”. É o que a Teologia do Pacto tenta fazer com Israel, alegando que Israel só terá direito às promessas que foram dadas àquela nação no Antigo Testamento se contrair matrimônio com Maria, isto é, se aceitar fazer parte da Igreja do Novo Testamento.

Eu entendo que a menos que o contexto esteja mostrando claramente tratar-se de uma parábola, alegoria ou símbolo, devemos ler a Bíblia de forma literal. Obviamente quando Jesus diz “eu sou a porta”, não é literal, pois está usando linguagem alegórica ou poética, mas quando fala em Apocalipse 7 de uma multidão de 144 mil de todas as tribos de Israel, só pode ser literal, pois mais específico e literal do que citar tribo por tribo é impossível. O reino de mil anos de Apocalipse 20 também deve ser interpretado literalmente como um período de tempo, e não de forma alegórica como querem os teólogos do Pacto.

E o céu? Bem eu vou morar lá, mas muitos da Teologia do Pacto acreditam que não, pois estão tentando melhorar o mundo, expandir o evangelho, converter todas as nações ao ponto de um dia Cristo poder voltar. Em todas as épocas, quaisquer responsabilidades dadas por Deus aos homens acabaram em ruína. É uma ingenuidade acreditar que os cristãos irão conseguir transformar este mundo em um paraíso cristão e convencer os muçulmanos a se batizarem. Eu estou é mais aguardando a vinda do Senhor para tirar sua Igreja da terra antes da tribulação, para depois voltar com ele para cá quando vier julgar as nações e estabelecer seu Reino de justiça que durará mil anos, antes que venha o Grande Trono Branco e o Estado Eterno.

*

As promessas feitas a Israel agora são para a Igreja?

Depois de publicar “Que livro ler para entender a diferença entre Israel, Igreja e gentios?” lembrei-me de um episódio que ocorreu em 2011, quando participava de uma conferência de irmãos congregados somente ao nome do Senhor nos EUA. Encontrei-me com um irmão que conheço há muitos anos e ele me contou de sua visita a um museu do Holocausto em Israel, onde existe uma lista das pessoas que ajudaram a salvar judeus durante a 2a. Guerra Mundial. Ele ficou surpreso ao encontrar lá o nome de John Nelson Darby, que obviamente viveu bem antes da 2a. Guerra.

O guia do museu explicou que sua influência entre os cristãos do sul da França foi tão grande que milhares de judeus (cerca de 4 mil em uma comunidade de apenas 24 mil habitantes) foram escondidos nas casas e fazendas de irmãos que acreditavam ser Israel o povo escolhido por Deus e rejeitavam a “Teologia da Substituição” professada pela maioria das denominações católicas e protestantes. Essa teologia diz que as promessas de Deus para Israel ficaram sendo para a Igreja e, portanto, no futuro não existe um lugar na terra prometido para Israel. Tal lugar seria da Igreja.

Pesquisei por [“Darby” + “Le Chambon”] e descobri que existe muito material sobre o assunto. Um dos textos em http://www.cwi.org.uk/library/articles/HAING.html diz:

Quando as igrejas de toda a Europa cederam ao Nazismo e passaram a cooperar com a ‘Solução Final’, na vila de Le Chambon-sur-Lignon ao sudeste de Vichy, França, havia uma comunidade de religiosos protestantes que rejeitavam a Teologia da Substituição, acreditando que os judeus eram o povo escolhido de Deus. Em meio ao genocídio, a teologia dos ‘Irmãos de Plymouth’ fez com que famílias cristãs recebessem o povo judeu” (do livro “Standing with Israel”, David Brog, pg. 134).

De acordo com Mordecai Paldiel de Yad Vashem, os ‘atos de justiça’ dos aldeões ‘darbytas’ de Le Cambon-sur-Lignon foram provavelmente o caso mais conhecido de caridade cristã na história do holocausto. Conforme W. Graham Scroogie definiu de forma memorável, ‘A Bíblia não tem nada a ver com verdade abstrata’. Creio sinceramente na importância da verdade e da pureza de doutrina. Não sou um membro dos ‘Irmãos’ e nem sou um ‘Dispensacionalista’ e nem, usando a definição de Paul Wilkinson*, um ‘Cristão Sionista’. Todavia, se formos julgar a pureza das doutrinas por seus resultados práticos, a teologia de Darby faz infinitamente mais sentido do que muitos de seus teologicamente sofisticados e esnobes detratores”.

(*Livro citado: “For Zion’s Sake: Christian Zionism and the Role of John Nelson Darby”, Paul Richard Wilkinson).

Outro texto encontrado na Web mencionava uma porção do livro “Lest Innocent Blood Be Shed: The Story of the Village of Le Chambon and How Goodness Happened There” de Philip Hallie (Observação: O autor do livro usa a expressão “darbysta”, com a qual os irmãos congregados ao nome do Senhor não concordam):

O modo como um ‘darbysta’ recebeu uma mulher judia em sua casa revela o modo como a Bíblia funcionava no meio deles: certa vez, no início da ocupação, uma refugiada alemã judia chegou a uma fazenda de ‘darbystas’ querendo comprar ovos no ‘mercado negro’ que existia nas fazendas mais remotas por causa do racionamento. Ela foi convidada a entrar na cozinha e, em voz baixa, a mulher que a convidou a entrar perguntou, com os olhos brilhando de interesse: ‘Você… você é judia?’”.

A mulher, que já havia sido torturada por ser judia, deu um passo atrás, trêmula, e ficou ainda mais apavorada quando a outra subiu correndo as escadas chamando: ‘Marido, filhos, venham, desçam!’. Mas o pavor da mulher judia desapareceu quando a outra acrescentou, à medida que a família descia: ‘Vejam, vejam, família! Temos em nossa casa uma representante do Povo Escolhido!’. A mulher ‘darbysta’ enxergava a estranha perseguida em sua casa com uma perspectiva totalmente diferente daquela do governo de Vichy. A ajuda que ela prestou não foi no sentido de se opor ao governo, mas de obedecer a uma autoridade superior”.

*

Por que algumas Bíblias foram mutiladas?

Existem diferentes tipos de tradução: literal, versão, interpretação, paráfrase, etc. Uma tradução da Bíblia não é literal, pois é preciso mesclar alguma interpretação e fazer a transposição de alguns termos para que tenham algum significado milhares de anos depois do texto original ter sido criado. Por isso chamamos de “Versões” as traduções que conhecemos da Bíblia. Uma versão é como se costuma fazer com um poema ou letra de música, só que no caso da música ou poesia é na rima e na métrica que estão o foco do tradutor, e no caso da Bíblia, o foco está no sentido original.

Por exemplo, nas versões atuais encontramos o termo grego Eklesia traduzido como igreja. O problema é que a palavra igreja já não tem o significado que tinha quando o Novo Testamento foi escrito, que era um agrupamento de pessoas. Hoje qualquer pessoa irá dizer que igreja é um edifício ou templo de uma religião ou uma organização religiosa. Por isso eu e muitos irmãos costumamos usar o termo assembleia que descreve melhor o sentido de Eklesia. E não são precisos milênios para alterar o sentido de uma palavra. A palavra inglesa “gentleman”, que hoje tem o sentido de um homem cordial e educado, era na sua concepção original medieval usada para identificar o senhor feudal, alguém que governava seu feudo com mão de ferro e podia exercer seu direito de ter a primeira noite com alguma jovem que viesse a se casar com um de seus súditos.

Uma tradução literal da Bíblia, palavra a palavra, nem sempre seria inteligível dentro do vocabulário que hoje utilizamos, por isso os melhores tradutores procuraram criar versões em que a palavra permaneça a mesma sempre que possível. Uma das melhores versões em inglês é a King James e em português a Almeida Corrigida Fiel, que usa os mesmos manuscritos originais da King James. Dependendo da edição você encontra nelas algumas palavras ou frases inteiras em itálico, indicando que aquilo não existe no original e só foi acrescentado para dar sentido à sentença. Você encontra algumas traduções da Bíblia palavra a palavra em inglês, geralmente usadas para estudos, como a de Young.

Portanto o melhor é escolher uma versão que esteja o mais próximo possível do texto original, o que já elimina versões como a Bíblia Viva e a Bíblia na Linguagem de Hoje. Ambas são péssimas porque, no primeiro caso, os tradutores se preocuparam apenas em passar a ideia que eles captaram do texto, o que acaba transformando a tradução numa interpretação. No segundo caso existia um número limite de palavras que deveriam ser usadas no vocabulário destino, ou seja, a versão final só poderia ter as palavras mais usadas por pessoas com um baixo grau de alfabetização ou vocabulário pobre. Já pensou se fizessem isso com os grandes poemas da literatura universal? Ou até mesmo com o Hino Nacional brasileiro?!

Tente reescrever o Hino Nacional de um modo que as pessoas menos alfabetizadas entendam e você terá de trocar palavras como “plácidas”, “retumbante”, “fúlgidos”, “penhor”, “vívido”, “resplandece”, “impávido”, “colosso”, “esplêndido”, “fulguras”, “florão”, “garrida”, “lábaro”, “flâmula”, “clava” etc., por algo dentro do vocabulário popular. Mas não pense que termina aí. Você terá ainda que explicar a pessoas com dificuldade para entender linguagem figurada que “berço esplêndido” não é caminha de bebê, “risonhos lindos campos” não é capim sorrindo e “verde-louro” não é papagaio. E também que “a imagem do Cruzeiro resplandece” não é garantia de que o time mineiro irá ser campeão. Depois tente cantar com sua nova letra e você terá uma ideia do que é ler a Bíblia numa versão na “Linguagem de Hoje” ou “Bíblia Viva”.

Agora entra em cena outra questão que é basicamente a origem de sua dúvida: Por que em algumas versões existem trechos que faltam em outras versões?

A razão está nos manuscritos originais que foram escolhidos principalmente para o Novo Testamento, mas quando digo “originais” estou me referindo a cópias de cópias de cópias, porque não temos mais os originais escritos pelo punho dos apóstolos. Aí você encontra basicamente duas abordagens diferentes: as que se originam no Texto Tradicional ou Textus Receptus, como a Almeida Corrigida e Fiel, as que se baseiam no Texto Crítico, que é formado por uma mistura de diferentes manuscritos, como o Alexandrino, o do Sinai e o do Vaticano, etc., além de análises (ou críticas) de especialistas modernos sobre esses manuscritos. Nesta categoria você poderia incluir as versões Almeida Atualizada, a da Imprensa Bíblica e mesmo a de J. N. Darby, mas mesmo estas não são puramente baseadas no Texto Crítico (assim como a Almeida Revista e Corrigida da SBB não é puramente baseada no Textus Receptus, mesmo sendo muito parecida com a Almeida Corrigida Fiel da Sociedade Bíblica Trinitariana ou com a King James).

E então, qual escolher? Bem, tirando as paráfrases e versões modernas, que realmente saíram do sério para tentar agradar o leitor, eu adotaria a Almeida Corrigida Fiel ou a Almeida Revista e Corrigida ou a Revista Atualizada, tendo a mesma visão que Darby tinha ao traduzir a Bíblia para o francês e alemão (depois ela foi traduzida e publicada em inglês por outros irmãos): ele continuou utilizando a versão King James (equivalente à nossa Almeida Corrigida Fiel) e aconselhava seu uso nas reuniões, enquanto indicava sua tradução apenas para estudos, mesmo porque ela é uma das mais ricas em notas de rodapé explicando variantes para a tradução dos termos hebraicos e gregos. Ele próprio esclarece no prefácio que não teve a intenção de produzir uma obra erudita, mas como teve o privilégio de ter acesso a manuscritos e livros que outros não tiveram, decidiu produzir sua versão com aquilo que também aprendeu desses manuscritos.

E o que fazer com os versículos que sobram na versão Almeida Corrigida Fiel e faltam nas outras versões? Nessa hora, o bom é recorrer aos comentários (uso as notas de rodapé da Bíblia na versão Darby, mas você pode encontrar notas e observações assim em outros autores) e lembrar que depois das primeiras traduções feitas a partir do Textus Receptus, como a de Lutero, muita água rolou e muitos manuscritos foram descobertos e escrutinados a fundo, permitindo que se estudasse com maior exatidão manuscritos às vezes anteriores aos utilizados na tradução feita por João Ferreira de Almeida ou King James.

Vamos ao versículo que você citou em 1 João 5:7-8:

Almeida Corrigida Fiel:

…porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num”.

Almeida Atualizada:

…porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que dão testemunho: o Espírito, e a água, e o sangue; e estes três concordam”.

J. N. Darby:

…For they that bear witness are three: the Spirit, and the water, and the blood; and the three agree in one”.

Em sua versão Darby comenta que “o que está omitido aqui não tem autoridade baseada nos manuscritos”. Alguns acham que por existir essa omissão a doutrina da Trindade poderia ser colocada em dúvida, mas não é nesta passagem que a doutrina da Trindade se baseia, mas em muitas outras e no contexto geral da Palavra de Deus. O próprio argumento faz com que seja plausível pensar que algum copista zeloso, porém não honesto, tenha acrescentado a expressão para deixar claro o que crê.

Isto não é difícil de ocorrer. Quando decidi traduzir novamente o livrete “A Ceia do Senhor” de C. H. Mackintosh descobri que o que existia até então, publicado em Portugal, omitia todas as passagens do original inglês que criticavam o catolicismo romano. Ou o tradutor de Portugal era católico romano (ou tinha uma esposa brava que era), ou as condições do país na época o obrigaram a isso, já que Portugal é conhecido pela censura que exerceu durante séculos e por ser um país extremamente católico.

O mesmo aconteceu quando decidi traduzir o livro “Vida através da morte”, um estudo de Romanos por Charles Stanley. Usei como leitura paralela a versão que já existia em espanhol e foi assim que descobri que quem traduziu para o espanhol corrompeu as explicações que o autor dava no original inglês sobre o novo nascimento ao comentar os capítulos 7 e 8 de Romanos. As alterações obviamente corrompiam o texto original mas estavam bem de acordo com a visão que os batistas têm do novo nascimento, o que me fez pensar que o tradutor ou era batista ou tinha sido influenciado por suas doutrinas ao ponto de acreditar que o autor do livro tinha se enganado.

Mas a passagem de 1 João 5 não é a única que aparece ampliada nas versões baseadas no Textus Receptus, como a King James ou a Corrigida Fiel. Se você observar verá que na versão Darby não existe Atos 8:37, pulando do versículo 36 para o 38. Na versão Almeida Corrigida Fiel o versículo 37 diz “E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Na versão Almeida Corrigida Atualizada a passagem toda está entre chaves com a observação de não constar nos melhores manuscritos. E Darby e outros a excluem totalmente do texto como não sendo genuíno. É bem possível que tenha sido introduzido por copistas pela mesma razão que expliquei.

Se algum fanático defensor da versão Almeida Corrigida Fiel estiver lendo isto, a esta altura já deve estar com os cabelos da nuca eriçados e louco de vontade de fazer um aparte para dizer que qualquer tradução que não siga o Textus Receptus é do diabo (não estou exagerando, há quem diga isso mesmo). Então aqui vai uma pulga para esses colocarem atrás da orelha (ao lado dos pelos eriçados):

Filipenses 3:2-3:

Almeida Corrigida Fiel:

Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão”.

J. N. Darby:

See to dogs, see to evil workmen, see to the concision.” (“Cuidado com os cães, cuidado com os maus obreiros, cuidado com a concisão”).

Almeida Atualizada:

Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão”.

Oh! Será que os tradutores da Almeida Corrida Fiel cometeram um erro?! Sim, apesar do excelente trabalho que fizeram nesta versão que também utilizo, eles perderam o passo aqui ao traduzirem “katatome” (“concisão”) como se fosse “peritome” (“circuncisão”). “Circuncisão” era o que os judeus faziam com os filhos, cortando e extraindo a carne do prepúcio. “Concisão” era meramente cortar, uma mutilação, sem tirar a carne. Isto faz toda a diferença e sentido no texto, se lembrarmos que “a carne para nada aproveita” (Jo 6) e que a passagem segue dizendo: “porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito*, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”.

Ou seja, existe a “concisão”, ou mera mutilação da carne sem extraí-la (podemos pensar nesses que praticam o autoflagelo), existe a “circuncisão” prescrita pelo judaísmo, que nenhum poder real tem sobre a carne, e existe a verdadeira e atual “circuncisão”, em oposição à “circuncisão” do judaísmo. O apóstolo está se referindo à “circuncisão” dos verdadeiramente nascidos de Deus, que gloriam em Jesus Cristo, não confiam na carne e adoram a Deus “*pelo Espírito” (como aparece na versão Darby, e não “em espírito” como na Almeida Corrigida Fiel, embora possa ser traduzido das duas formas).

Depois de publicar este texto recebi a seguinte informação sobre a Almeida Corrigida Fiel: “Na versão 2011 a ACF traduz Filipenses 3:2 com o seguinte texto: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da cortadura” (Filipenses 3:2 ACF). Assim, durante a última revisão foi observada esta diferença e o texto foi corrigido apropriadamente”.

Algumas outras versões, mesmo católicas, fizeram um melhor trabalho nesta passagem e aqui vão algumas:

Filipenses 3:2

(Almeida Corrigida Fiel) “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão;”.

(Ave Maria) “Cuidado com esses cães! Cuidado com esses charlatães! Cuidado com esses mutilados!”.

(Sociedade Bíblica Britânica) “Acautelai-vos dos cães, acautelai-vos dos maus obreiros, acautelai-vos dos falsos circuncidados”.

(CNBB) “Cuidado com esses cães! Cuidado com esses charlatães! Cuidado com esses mutilados!”.

(NVI) “Cuidado com os cães, cuidado com esses que praticam o mal, cuidado com a falsa circuncisão!”.

(Almeida Revista e Atualizada) “Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão”.

Conclusão: Utilize regularmente uma boa tradução, como a Almeida Corrigida Fiel, mas não deixe de comparar com outras versões sempre procurando descobrir mais de como o versículo foi traduzido.

*

Judas participou da ceia do Senhor?

Eu acredito que Judas tenha saído antes de Jesus ter partido o pão e dado o cálice com vinho para os discípulos. A passagem que mostra Jesus dando a Judas um pão molhado tem o sentido de pão com molho (de carne ou de ervas usado na ceia da Páscoa dos judeus, que comiam um cordeiro assado no fogo) e não molhado no vinho.

Mesmo assim devemos nos lembrar de que aquela não era a ceia que celebramos, pois ela foi antes da morte do Senhor (ele estava vivo ali). Eles estavam celebrando a Páscoa judaica, que também era uma ceia ou refeição que incluía carne, pão e ervas, além do vinho que era a bebida convencional em cada refeição judaica. Entendo que foi depois de terem celebrado a Páscoa, segundo o mandamento da Lei de Moisés, que o Senhor instituiu a ceia em memória de si.

A ceia que celebramos é mostrada em 1 Coríntios 11, a qual o Senhor revelou a Paulo depois de ter morrido e ressuscitado. Portanto é nessa condição que hoje celebramos a ceia. Paulo não ouviu sobre a ceia de outros discípulos, mas foi o Senhor quem lhe revelou.

(1 Co 11:23) “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão…”.

Pelo relato de Lucas pode parecer que Judas tenha participado da ceia, mas quando comparamos com os outros evangelhos vemos que ele saiu antes que o Senhor instituísse a ceia. Uma das particularidades do evangelho de Lucas é que ele reúne os eventos numa sequência moral e não cronológica. Já Mateus agrupa os eventos de uma forma dispensacional. João, apesar de não descrever a ceia, dá a entender que Judas deixou o local antes:

(Jo 13:21-30) “Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair. Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava. Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava. E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é? Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: o que fazes, faze-o depressa. E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto. Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite”.

No versículo 2 deste capítulo, embora algumas traduções tragam “E, acabada a ceia, tendo o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse…” (Almeida Corrigida), uma tradução mais correta seria a que você encontra em outras versões (Almeida Atualizada, Darby, Ave Maria, Soc. Bíblica Britânica, CNBB, NVI, etc.), como enquanto ceavam, tendo já o Diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse…”. Ali está falando da ceia pascal, não da ceia do Senhor que foi instituída DEPOIS da ceia pascal.

Portanto, foi durante a ceia da Páscoa que o diabo colocou no coração de Judas o desejo de trair Jesus. No versículo 27, quando o Senhor dá a ele um pedaço de pão com molho, Satanás entra em Judas para este dar continuidade ao seu plano.

Entre Satanás insinuar a Judas (vers. 2) e entrar nele (vers. 27) houve um tempo para que Judas repelisse tal insinuação, e para nós isso também é um alerta: o pecado só se consuma depois de ter sido insinuado em nosso coração. Sempre existe um período em que temos a oportunidade de repelir a tentação.

(1 Ts 5:22) “Abstende-vos de toda a aparência (ou forma) do mal”.

(Tg 1:12-15) “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.

(Jo 13:30) “E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite”.

Foi só depois de terminarem a refeição ou ceia da Páscoa que o Senhor instituiu a ceia do Senhor (Mt 26:26; Mc 14:22; Lc 22:21). O fato de em Marcos 14:23 dizer “todos” não apresenta qualquer dificuldade se entendermos que Jesus estava falando dos que ficaram no aposento.

Eles estavam à mesa em meio à ceia da Páscoa quando o Senhor pegou um pedaço de pão, molhou provavelmente em uma tigela com molho de carne ou ervas e o deu a Judas. O pão não foi necessariamente molhado em vinho, como alguns dizem, mas Jesus fez o que todos nós estamos acostumados a fazer numa refeição em que há algum molho ou tempero. Porém, mesmo que tivesse sido molhado em vinho isto não configuraria a participação na ceia do Senhor, a qual é celebrada com a separação distinta entre pão e vinho: primeiro o pão é partido e comido, e depois o vinho é bebido do cálice e não de um pão molhado.

De qualquer modo, os discípulos que participaram daquela ceia não o fizeram na condição de Igreja, de membros do corpo de Cristo, mas de um remanescente formado por judeus. A igreja seria formada só em Atos 2 e o seu significado seria revelado mais tarde primeiramente a Paulo.

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Os 144 mil de Apocalipse são a Igreja?

Não, os 144 mil não são cristãos membros do corpo de Cristo (Igreja), mas israelitas convertidos e salvos no início da tribulação. O número em si pode ser literal ou simbólico, mas a categoria à qual eles pertencem não é simbólica: são israelitas. Naquele momento que se sucede ao arrebatamento da Igreja (cuja história na terra termina no capítulo 3), eles estão na terra e são selados provavelmente como sinal de proteção de Deus para serem guardados durante os 7 anos e principalmente na segunda metade, a grande tribulação.

Está muito claro que são judeus porque é dado o nome de cada tribo, e os que fazem parte da igreja não são judeus, mas Igreja de Deus, que é a designação que vigora hoje em contraste com judeus e gentios:

(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.

Na lista das tribos estão faltando Dã e Efraim, talvez por terem sido as tribos mais associadas à idolatria no Antigo Testamento. Aparentemente foi a tribo de Dã a primeira a estabelecer um culto a um ídolo já na terra prometida em Juízes 18:30-31.

A tribo de Dã não é mencionada também em 1 Crônicas 2:3 e 8:40. Provavelmente o anticristo virá da tribo de Dã. Na profecia de Jacó (Israel) Dã aparece como alguém que iria julgar o povo de Deus, porém no caráter de uma serpente que induz o homem a pecar, como faz Satanás, ou quer destruí-lo. Além disso, logo após tal profecia vem uma espécie de brado de angústia, como se Israel assim oprimido buscasse por libertação:

(Gn 49:16-17) “Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás”.

(Gn 49:18) “A tua salvação espero, ó Senhor!”.

De Efraim, Oséias profetiza que deveria ficar sozinho por estar entregue à idolatria: (Os 4:17) “Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o”.

No lugar das tribos de Dã e Efraim aparecem Levi e José. Mas que não se trata de gentios, e sim judeus, fica mais claro ainda quando nos versículos seguintes são mencionados gentios:

(Ap 7:9-10) “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro”.

A Teologia do Pacto e a Teologia da Substituição, que acreditam que a Igreja seja a sucessora de Israel inclusive para desfrutar das promessas na terra feitas pelos profetas do Antigo Testamento, têm dificuldades em explicar a distinção que é feita claramente no livro de Apocalipse entre Igreja, Israel e Nações, colocando situações bem específicas para cada um desses grupos de pessoas.

A própria profecia do Senhor em Mateus 24, que fala da Grande Tribulação, não faz sentido a menos que seja lida em um contexto judaico. Que sentido faria o Senhor dizer para os que estiverem na Judéia que fujam para os montes? O que a Igreja estaria fazendo na Judéia? E por que orar para que sua fuga não ocorra no sábado? Por que estaria a Igreja guardando o sábado e as restrições de distância?

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O que significam ouro, incenso e mirra?

Os presentes dos magos, que em nenhum lugar da Bíblia diz que eram três e numa tradução mais correta poderiam ser chamados de “sábios” ao invés de “magos”, foram ouro, incenso e mirra. Sua dúvida é sobre o significado desses presentes, já que escutou diferentes explicações.

(Mt 2:11) “E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra”.

Quando lemos os evangelhos devemos ter em mente de que eles (em especial Mateus) são o cumprimento das profecias do Antigo Testamento para Israel (a igreja só viria a existir em Atos 2), que previam a vinda de seu Messias e Rei. Mateus é o evangelho que mais diz que as coisas descritas ali aconteceram para que se cumprisse a palavra dos profetas (Veja Mt 1:22; 2:23; 4:14; 817; 12:17; 13:35; 21:4; 27:35).

Portanto para entendermos os evangelhos é importante sabermos o que Deus prometeu a Israel e também termos em mente toda a simbologia dos tipos e figuras encontrados no Pentateuco, os 5 primeiros livros escritos por Moisés. Você encontra ouro e incenso muitas vezes nos objetos e cerimônias do tabernáculo de Deus no deserto. Se quisermos entender seu significado é ali que devemos buscar, pois o tabernáculo já era, por si só, uma figura de Cristo em seus diversos aspectos.

(Rm 5:14) “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir”.

(1 Co 10:6) “E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”.

(Rm 15:4) “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

(Cl 2:16-17) “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.

(1 Pe 3:21) “Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo;”.

Portanto muitas respostas para entender os evangelhos nós encontramos no Antigo Testamento.

Ouro era um símbolo que representava a perfeição divina e dignidade real, portanto no evangelho nos fala da divina Pessoa de Jesus, o Rei dos judeus.

Incenso era um perfume que era usado nas cerimônias do tabernáculo e nos fala da fragrância da humanidade sem pecado de Jesus, que era percebida por todos em tudo o que fazia ou por onde quer que andasse.

Mirra era uma erva amarga e nos fala dos sofrimentos e amarguras que Jesus iria sofrer. Em Isaías 60:6 a profecia só fala de ouro e incenso porque Isaías está falando da segunda vinda de Cristo, que será em poder e glória, e não em sofrimento como da primeira vez.

Ao presentearem o Filho de Deus vindo ao mundo, os sábios do oriente reconheciam com esses tipos ou figuras que Jesus era Deus e Rei, que sua humanidade era perfeita e que aquela criança estava destinada a sofrer.

Para entender melhor os símbolos do Antigo Testamento sugiro a leitura dos livros de C. H. Mackintosh sobre o Pentateuco, que são excelentes e existem em português.

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Quem pode falar nas reuniões?

Quando dizemos que não existe, na doutrina dos apóstolos, um “dirigente” das reuniões, além do Espírito Santo e do Senhor Jesus no meio, alguns podem pensar que tal ausência daria lugar, ou à desordem, ou a uma espécie de debate democrático, no qual todos os que quisessem poderiam dar sua opinião. Não é assim.

Um debate, como um brainstorming, pode ser muito bom para as reuniões das coisas desta vida, para gerar ideias numa empresa ou escola. Mas quando estamos congregados ao nome do Senhor, democracia é a última coisa que buscamos. O fundamento da democracia é o poder colocado nas mãos das pessoas, e isso não faria qualquer sentido numa reunião de irmãos congregados ao nome do Senhor Jesus e tendo somente a ele no meio como autoridade. Portanto, não é por existir a liberdade do Espírito de usar quem ele deseja para ministrar que signifique que exista liberdade para a carne se manifestar.

Vamos ver o que diz a Palavra de Deus:

(1 Co 14:29-33) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos”.

Primeiro, existe um ministério múltiplo da Palavra: “falem dois ou três”. Segundo, existe um julgamento quanto ao que está sendo falado, o que obviamente cria a possibilidade de quem fala ser corrigido ou calado caso não fale de acordo com a sã doutrina. Terceiro, “os espíritos dos profetas” estão sujeitos a eles próprios, o que equivale dizer que ninguém poderá alegar estar fora de si ou não ter controle próprio por estar sendo usado pelo Espírito Santo. Pessoas usadas pelo Espírito Santo continuam no total controle de si mesmas.

Mas o que dizer da frase “todos podereis profetizar”? Como Paulo está se dirigindo a uma assembleia de irmãos congregados ao nome do Senhor, portanto conhecidos entre si e em comunhão uns com os outros, esse “todos” é no sentido dos que fazem parte da assembleia e são reconhecidos, e não estranhos que simplesmente estejam passando pela rua e decidem entrar num local onde está tendo uma reunião da assembleia. Neste caso a pessoa desconhecida deve ser tratada como tal e a ela deve ser informada de que ali o ministério da Palavra é exercitado por aqueles que já estão em comunhão e são conhecidos dos irmãos, ou chegaram até ali trazendo uma carta de recomendação de outra assembleia igualmente reconhecida. Tudo o que diz respeito à assembleia deve ser feito de acordo com este princípio: “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (2 Co 13:1).

Quando as reuniões são feitas em um salão isso parece ser mais difícil de ocorrer, mas quando são feitas nos lares a impressão que outros têm é de que seja algo informal e, portanto, com a licença para qualquer um se manifestar. Já passei por situações embaraçosas quando morava em São Paulo e as reuniões de assembleia eram em minha casa. Às vezes aparecia algum visitante ou amigo de alguém que reunia e no meio da reunião a pessoa achava que aquilo ali era um debate para todos participarem e começava a dar suas opiniões. Houve casos também de mulheres fazendo assim, o que obviamente é totalmente contrário à ordem da reunião em assembleia:

(1 Co 14:34-35) “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja”.

Como na maioria das vezes a pessoa fazia aquilo de boa-fé, até pelo desejo de ajudar, porém ignorando a ordem da reunião, quando a pessoa chegava antes, eu ou outro irmão procurávamos explicar que somente os irmãos que eram conhecidos da assembleia é que falavam durante as reuniões. Quando a pessoa chegava depois de começar e dava alguma opinião, eu ou outro irmão a interrompia e explicava que após a reunião nós teríamos um tempo para os visitantes fazerem perguntas e darem sua opinião. Se alguém insistisse em continuar falando o correto seria tal pessoa ser convidada a sair, o que felizmente nunca aconteceu comigo.

Devemos ser assim rigorosos porque nunca sabemos quem é ou como está a pessoa que vem de fora. Basta vermos quantos hoje são seguidores de religiões e pregadores que professam más doutrinas para entendermos que essas pessoas podem ser instrumentos para contaminar a mente dos irmãos. É por isso que existe todo um critério e cuidado para receber pessoas à comunhão, pois nos dias atuais é comum elas virem contaminadas com muitos erros doutrinários, além obviamente de pecados morais e conexões eclesiásticas.

O cuidado deve ser ainda maior quando se percebe na pessoa um sentimento de liderar, pois tanto pode ser um irmão sincero, como um herege atrás de discípulos ou um lobo querendo destruir o rebanho. Há ainda os que estão atrás de dinheiro e são atraídos por saberem que os cristãos são exortados a se importarem uns com os outros. Já tive experiência com alguns tipos assim.

Há também pessoas que não se encaixam em lugar nenhum por serem causadoras de problemas e podemos acabar achando que estão sem denominação porque entenderam a verdade do corpo de Cristo e desejam congregar somente ao nome do Senhor, o que pode não ser o caso. Há pessoas que foram colocadas fora de comunhão em uma denominação por algum pecado grave ou insubordinação e podem querer se aproximar assumindo um papel de vítimas de injustiça. É bom lembrar que mesmo nas denominações (as mais sérias, pelo menos) há irmãos sinceros que julgam o mal, portanto não devemos fechar os olhos para a disciplina à qual alguém foi submetido enquanto estava na denominação, pois pode ter sido uma disciplina perfeitamente válida e de acordo com as Escrituras. Alguém poderia achar essa atitude como contrária ao comportamento cristão, mas continua valendo a exortação que o Senhor deu aos discípulos:

(Mt 10:16) “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas”.

Se para uma pessoa ser recebida à comunhão à mesa do Senhor já devemos ter cuidado, quanto maior deve ser o cuidado com aqueles que ministram. Não é qualquer um que pode ministrar, pois primeiro ele precisa ser aprovado quanto à doutrina. Há irmãos que, por ensinarem coisas erradas ou nebulosas, são colocados em disciplina de silêncio até que se esclareça o que querem realmente dizer. Embora continuem em comunhão à mesa do Senhor, são proibidos de falar nas reuniões até que se tenha certeza de não estarem envolvidos com algum erro doutrinário, o que poderia gerar contendas em plena reunião e contaminar os ouvintes.

(2 Tm 2:14) “Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes”.

Existe um princípio que podemos adotar, embora o versículo fale especificamente de diáconos (os que cuidam das necessidades materiais), o cuidado também vale para aqueles que “servem” ou ministram a Palavra de Deus:

(1 Tm 3:10) “E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”.

Quando Paulo se converteu, ele primeiro precisou ter um exercício profundo com o Senhor e também conquistar a confiança dos irmãos antes que seu ministério fosse aprovado e ele recebido. Em seu livro “A ordem de Deus”, Bruce Anstey explica:

Atos 9:26-29 nos dá um exemplo do cuidado que a igreja no princípio tinha ao receber alguém à comunhão. Quando Saulo de Tarso foi salvo, ele quis entrar em comunhão com os santos em Jerusalém, porém foi rejeitado. Mesmo que tudo o que ele dissera aos irmãos em Jerusalém sobre sua vida pessoal fosse verdade, ele não foi recebido com base em seu próprio testemunho. Foi só quando Barnabé levou Saulo consigo e o apresentou aos irmãos, testificando de sua fé e caráter, de modo que então já era o testemunho de duas pessoas, que os irmãos o receberam. Daquele momento em diante Saulo “andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (At 9:28). Se a igreja no princípio não recebeu Saulo de Tarso imediatamente, com certeza os cristãos hoje não podem esperar ser recebidos imediatamente quando desejarem estar em comunhão em uma assembleia local”.

Devemos ter esse cuidado, ainda mais em um tempo de tantos erros doutrinários. O fato de nos reunirmos somente ao nome do Senhor sem um homem à frente dirigindo as reuniões não significa que qualquer um pode chegar e fazer ou falar o que quiser. Existe ordem e existe uma dependência do Espírito Santo. Aqueles que são desconhecidos de uma assembleia e se acham no direito de falar estão transgredindo a Palavra de Deus:

(Tg 1:26) “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã”.

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Como devem ser os que ministram?

Você leu a resposta que dei a outra pessoa, com o título “Quem pode falar nas reuniões” e concluiu: “Tem ministros da palavra que exortam e explicam as coisas de Deus na assembleia; assim está de acordo com que apregoa Paulo para se tornar um ministro em 1 Timóteo 3 (os requisitos do ministério)”. É importante frisar que 1 Timóteo 3 não está falando de requisitos ou qualificação de quem ministra a Palavra nas reuniões, ainda que as características ali sejam aconselháveis. Em 1 Timóteo 3 Paulo fala dos que zelam pelo rebanho (bispos, anciãos ou presbíteros).

Nas reuniões da assembleia são os dons que são manifestos, não os ofícios (como bispos, anciãos ou presbíteros). As religiões elegeram seus próprios bispos ou presbíteros e os transformaram em dirigentes ou ministros da Palavra em suas reuniões, criando assim uma espécie de clero com exclusividade no ministério da Palavra. Mas ainda que um bispo ou presbítero tivesse também um dom de ministrar a Palavra, o ministério nas reuniões não está restrito a eles, mas é aberto aos dons. É por isso que em 1 Co 14:29-31 diz “todos”, ressalvando que esses “todos” precisam ser antes conhecidos e reconhecidos pelos irmãos como pessoas que professam a sã doutrina.

(1 Co 14:29-31) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados”.

Em Atos e nas epístolas vemos que a função dos bispos ou anciãos era de zelar pela assembleia local. Sua esfera de ação era local (e não universal como eram os dons de profeta, apóstolo, evangelista, pastor e mestre ou doutor) e um bispo não precisava ter necessariamente um dom relacionado ao ministério da Palavra. O bispo ou presbítero precisava ser apto para ensinar, mas isso não significava que precisava fazê-lo em público, podendo ser um irmão sábio para admoestar pessoas individualmente ou escrevendo cartas de exortação àqueles que estivessem se desviando, consolar os fracos e encorajar os irmãos de um modo geral.

Sua função era o que podemos chamar de administrativa-espiritual e de vigilância e cuidado do rebanho. Os bispos (presbíteros ou anciãos) eram também eleitos pelos apóstolos ou por indicação direta deles (não temos mais apóstolos hoje) e eram eleitos “de cidade em cidade”, como na ordem que Paulo deu expressamente a Tito (e não a mim nem a você):

(Tt 1:5) “Por esta causa [eu, Paulo] te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te [a ti, Tito] mandei”.

Hoje não temos mais apóstolos para eleger bispos ou presbíteros ou anciãos (os nomes significam a mesma coisa), mas continuamos tendo o Espírito Santo para escolher aqueles que ele quer para que tenham zelo sobre o rebanho de Deus. Podem ser irmãos reconhecidos pela assembleia, mas não são eleitos, ordenados ou denominados como tais.

(At 20:28) “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”.

Num estado de divisão em que hoje vivemos seria até pretensão chamar oficialmente “bispos” ou “presbíteros” homens cuja ação está limitada a apenas uma pequena parcela de todos os cristãos que vivem numa cidade. No início os bispos ou presbíteros eram eleitos pelos apóstolos ou por seus comissionados para assumirem a responsabilidade sobre TODOS os santos em uma determinada cidade, e não apenas sobre um grupo deles. E por ser um ofício local, o bispo da assembleia em uma cidade não era bispo em outra assembleia. Sua “jurisdição”, se podemos chamar assim, era exclusivamente dentro de sua assembleia.

Resumindo, não existe hoje uma ordenação de bispos (presbíteros ou anciãos). E nunca, sim, NUNCA, existiu uma ordenação de dons como evangelistas, pastores e mestres, já que estes são designados diretamente pelo Senhor ressuscitado a partir dos céus. Se alguém ordenar você “evangelista” ou “pastor” ou “mestre” tal ordenação feita por homens não tem qualquer efeito se você não tiver um desses dons. E se você tiver recebido de Cristo qualquer um desses dons, nenhum homem poderá dizer o contrário.

(Ef 4:8, 11-12) “Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;”.

Ao contrário dos bispos, cuja atuação era local, os dons dados por Cristo são universais. Assim como um profeta ou apóstolo (os que lançaram os fundamentos da igreja e não estão mais entre nós) tinha uma esfera de atuação universal, assim também são os evangelistas, pastores e mestres, que foram dados para “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”. Ou seja, um bispo de Éfeso só era bispo em Éfeso, mas um evangelista, pastor ou mestre que morasse em Éfeso era evangelista, pastor ou mestre onde quer que estivesse.

Por isso é tão fora de ordem alguém dizer que é pastor da igreja tal na cidade tal, a menos que esteja se referindo ao ofício de bispo ou presbítero. Mas neste caso não haveria apenas um, pois a função aparece sempre no plural, e jamais ele seria visto dirigindo as reuniões ou tendo a exclusividade do ministério da Palavra. Tal função (o pastor singular que é ordenado para dirigir uma congregação) não existe na doutrina dos apóstolos.

Não existem intermediários ou intermediação (seja de homens ou escolas de teologia) na dispensação que Cristo faz dos dons do Espírito. Pode apenas existir um reconhecimento dos irmãos, que percebem como Deus usa aquele irmão (que foi o caso da imposição de mãos sobre Timóteo em 1 Tm 4:14), mas nunca uma ordenação ou oficialização do dom. Portanto, o que eu escrevi em “Quem pode falar nas reuniões” tem a ver apenas com o cuidado que a assembleia deve ter com os que ministram (os dons), pois ainda que uma pessoa tenha um dom para o ministério da Palavra, ela pode estar contaminada com erros e más doutrinas, as quais a assembleia tem o dever de julgar e o poder de impedir que sejam trazidas nas reuniões.

Quanto aos diáconos, que foi sua outra pergunta, eles tinham o papel de cuidar dos aspectos administrativos materiais da assembleia, enquanto os bispos cuidavam dos aspectos administrativos espirituais. Numa linguagem prática, enquanto os bispos podiam ser aqueles que detectassem necessidades espirituais, os diáconos deviam estar atentos às necessidades materiais da assembleia. Estes seriam os responsáveis por servir os necessitados e atender tudo o que diz respeito ao conforto material da assembleia. Entendo que, assim como no caso dos bispos, hoje seria pretensioso demais nomear diáconos, mas não deixamos de tê-los por reconhecer irmãos que são mais preocupados e ocupados com essas tarefas do que outros. Certamente é o mesmo Espírito que coloca no coração de uns o zelo pelo conforto espiritual da assembleia, e de outros o zelo pelo conforto material.

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Tamar queria mesmo cometer incesto?

Você parece surpreso com a intenção de Tamar de se vestir de prostituta para enganar seu sogro Judá e engravidar dele (Gênesis 38). Nós erramos quando lemos a Bíblia em busca de heróis, como se fosse um daqueles livros de História do ginásio, nos quais D. Pedro I aparece como um homem perfeito que devemos imitar. A Bíblia mostra o contraste entre o homem pecador e o Homem perfeito, Jesus.

(At 14:15) “E [Barnabé e Paulo] dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles;”.

(Tg 5:17) “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós”.

Tamar obviamente era uma mulher com todos os defeitos que temos e armou aquele esquema para garantir uma descendência, já que tinha ficado viúva dos filhos de Judá. Para um israelita, cujas promessas eram terrenas e de muitos filhos, muitas terras, muitos rebanhos, etc. seria uma desonra para ela não deixar descendência. Mas obviamente ela estava pecando ao praticar um incesto, e seu sogro também pecou com ela, mesmo sem reconhecê-la, por buscar uma prostituta. Deus condena o incesto e a prostituição.

Mas então vemos no Novo Testamento, em Mateus 1:3, o nome de Tamar entre os que compõem a árvore genealógica de Jesus, juntamente com Raabe, uma prostituta, Davi, um rei adúltero e homicida, Bateseba, a que adulterou com Davi, e outros não menos pecadores. Judá, que dormiu com Tamar pensando que ela era uma prostituta, aparece na genealogia de Jesus em Lucas 3:33-34. Tudo isso só revela a graça de Deus e faz refulgir com maior força a Pessoa perfeita de Jesus, nosso Salvador.

Existe também no episódio de Tamar e Judá um aspecto dispensacional no qual vemos figuras dos acontecimentos proféticos. Se observar o capítulo 37, que precede o episódio de Tamar e Judá, encontrará José, que é uma figura de Jesus, sendo rejeitado, vendido por seus irmãos e levado para uma terra distante na qual Deus o prepararia para ser o vice-rei de todo o Egito. Veja que interessante o paralelo que existe entre as sombras do Antigo Testamento e a realidade do Novo Testamento:

Gênesis 37: José rejeitado, vendido e morto (em figura, jogado na cova) por seus irmãos. Jesus é rejeitado, vendido e morto (realmente) por seus irmãos, os judeus.

(At 2:23) “A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;”.

Gênesis 38-40: José fica ausente de seus irmãos, e na sua ausência a iniquidade deles só aumenta, chegando ao ponto do incesto entre Judá e Tamar. Enquanto isso José, no Egito, é preparado para assumir o lugar de vice-rei e salvar seus irmãos da fome. Jesus está hoje ausente de seus irmãos, os judeus, e eles caminham em desobediência e rejeição rumo ao seu juízo na terra.

(At 3:15) “E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas”.

Gênesis 41: José reina em poder, justiça e sabedoria sobre toda a terra. Jesus volta para reinar neste mundo.

(Zc 2:10) “Exulta, e alegra-te ó filha de Sião, porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor”.

Gênesis 42-44: Os irmãos de José descobrem que a salvação da fome e da miséria pode ser encontrada naquele que reina no Egito, mas que eles não sabem que é seu próprio irmão. Um remanescente de judeus passando pela tribulação percebe que a salvação está naquele que um dia foi rejeitado por seus irmãos, Jesus, o Rei de Israel.

(Zc 13:6) “E se alguém lhe disser: Que feridas são estas nas tuas mãos? Dirá ele: são feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos”.

Gênesis 45: José se revela a seus irmãos. Jesus se revela ao remanescente judeu que se converterá em tempos de tribulação.

(Jo 19:37) “E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram”.

Gênesis 46-47: Israel (Jacó) é reunido a todos os seus filhos (as tribos), inclusive aquele que tinha por morto, José. Israel é restaurado e passa a desfrutar das bênçãos que Deus prometera para eles na terra, como protegidos de Jesus, o rei de Israel.

(1 Cr 16:31) “Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; e diga-se entre as nações: O Senhor reina”.

(1 Cr 16:36) “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade a eternidade. E todo o povo disse: Amém! E louvou ao Senhor”.

(Sl 93:1) “O Senhor reina; está vestido de majestade. O Senhor se revestiu e cingiu de poder; o mundo também está firmado, e não poderá vacilar”.

Apesar de a Igreja nunca aparecer nas profecias do Antigo Testamento, podemos nos deliciar com as sombras que vêm da pena dos profetas, mesmo sem que eles estivessem entendendo tudo o que escreviam. No período da rejeição de José por seus irmãos, os gentios estavam sendo abençoados por sua presença no meio deles.

(1 Co 10:11) “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”.

(Rm 15:4) “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

Hoje, enquanto Israel permanece na sua incredulidade e rebeldia, Jesus está abençoando a Igreja, sua noiva tomada dentre os gentios, assim como José, que recebeu uma esposa que não era do povo hebreu, a qual lhe deu dois filhos cujos nomes representam bem a disposição do Senhor para com os judeus neste momento e o fato de Jesus estar sendo glorificado neste mundo por meio da Igreja:

(Gn 41:50) “E nasceram a José dois filhos (antes que viesse um ano de fome), que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E chamou José ao primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai. E ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição”.

(Ef 3:1-7) “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi; Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder”.