As parábolas de Nosso Senhor – O juiz injusto

Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito (Lucas 18:2-5)

Em um tempo materialista como o nosso em que tudo tem preço, a oração é algo de pouco valor. O sentir é maior que a fé, e o visível é maior que o invisível. Mas, no entanto, permanece verdade que o homem é a criatura mais indefesa quando permanece à parte do Deus que a criou; e quem ignora isso caminha para a ruína, avançando à passos largos para a destruição.

Mesmo as almas sinceras são frequentemente experimentadas pelo que acham ser um “atraso divino” em responder suas orações, e a consequência disso é que são tentadas a abandonar a atitude de oração. Para todos estes, a parábola do juiz injusto é encorajadora. Também foi dada aos discípulos como um estímulo para orarem sem cessar e não desanimarem.

Do ponto de vista dispensacional, existe aqui uma referência aos “dias do Filho do homem”. No capítulo anterior, o Salvador havia falado da última grande crise e das circunstâncias dolorosas em que o piedoso remanescente de Israel se encontrará naquele momento. A parábola do juiz injusto segue esse momento e está relacionada a ele. Nos dias sombrios da apostasia anticristã, quando a cristandade e o judaísmo darão as mãos na mais negra iniquidade, aqueles que se apegarem a Deus não terão outro recurso senão a oração. O livro dos Salmos nos dá profeticamente muitos dos apelos agonizantes que serão então arrancados de seus corações angustiados. Deus certamente vingará seus erros e julgará seus opressores em Seu próprio tempo; a questão é: Seu povo esperará por Ele e aceitará somente a libertação que vier de Sua mão?

Esta é a força das palavras do Salvador: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lucas 18:8).

Em todos os momentos e sob todas as circunstâncias, é bom confiar em Deus. Desde a queda, tem sido a tendência da carne planejar e prover a si mesma de total independência de Deus. Esta é a raiz da miséria da qual a terra está cheia. É o começo de boas coisas quando o orgulho e a vontade de um homem são destruídos e ele se volta para Deus em humilde arrependimento por sua conduta passada, implorando pela salvação no nome digno do Salvador e Seu sangue expiatório. Essa fé é imediatamente abençoada, e para sempre. Mas este passo, por mais importante que seja – graças a Deus por isso, é apenas o começo. É a introdução a uma vida de fé, uma vida em que cada etapa deve ser marcada pela simples confiança em Deus. Se o Pai demora para responder uma oração, se assim for do Seu agrado, ainda assim a fé persevera, sabendo com certeza que poder e amor infinitos nunca farão com que uma única alma confiante desfaleça. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30:5).

W. W. Fereday
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O Senhor conta uma parábola (uma história terrena com um significado celestial) para os discípulos aprenderem que oração e paciência andam juntas. Precisamos temer mais não ouvir o Senhor do que temer que Ele não nos ouça. Já foi dito que a forma mais rápida de ficarmos em pé é ficando de joelhos. Vigiar e orar.

Norman Berry