As parábolas de nosso Senhor – As bodas do filho do rei

O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então, disse aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos (Mateus 22:2-14)

Essa parábola, diferente da dos lavradores, fala de uma semelhança do reino dos céus. A dos lavradores mostra a história de Israel sob a lei; essa descreve sua conduta na presença da graça divina. Na primeira, Deus é representado como apresentando Suas demandas (como Ele tinha o direito de fazer); nesta, convida para um banquete. Juntas, as duas parábolas mostram o completo fracasso da carne seja com a lei ou com a graça. Assim é o homem, se Deus lhe pede algo, ele não faz; e se Deus lhe oferece algo, ele não aceita.

“Um certo rei que celebrou as bodas de seu filho”. O rei representa Deus; o filho representa o Senhor Jesus. Surpreendentemente, a noiva não aparece nesta parábola: tudo é ordenado para o deleite do filho. Este é o princípio no qual Deus está agindo em suas relações atuais com os homens. Ao nos enviar a salvação, com todas as suas inestimáveis bênçãos para a eternidade, Seu objetivo principal é dar alegria e honra ao Seu Filho amado em quem está centralizado todos os conselhos divinos. Mas os homens não têm consideração por Deus ou por Seu Filho; portanto, nossa parábola fala de dois convites absolutamente recusados. Havia duas missões distintas para Israel; uma antes e outra depois da cruz do Calvário. A segunda foi rejeitada com violência aos mensageiros; eles “os ultrajaram e mataram”. Os filhos daqueles que mataram os profetas do Antigo Testamento trataram da mesma maneira os apóstolos do Novo Testamento. Pedro, João e Paulo experimentaram sua crueldade, enquanto Estevão e Tiago foram assassinados por eles. Nosso Senhor deu mais uma advertência sobre isso em Mateus 23:34. O juízo seguiu, conforme a parábola previa. Os exércitos do rei (neste caso, os romanos sob o comando de Tito) destruíram os assassinos e queimaram sua cidade. Compare com Lucas 21: 20-24.

Mas a bondade do rei não acabou por conta da ingratidão e da maldade dos primeiros convidados. Sendo assim, os servos foram orientados a irem pelos caminhos e trazerem todos os que pudessem encontrar, “maus e bons”. Assim, a graça de Deus, tão desdenhosamente rejeitada por Israel, foi estendida aos gentios. “Todo aquele” é agora o grande clamor do evangelho. O amor divino ao mundo é agora proclamado com base no sangue expiatório de Jesus. Mas nem tudo está certo com esses gentios chamados. “O rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial”. Não se esperava que em uma reunião de gente apanhada pelos caminhos possuísse roupas adequadas para um banquete real; as vestes de casamento, portanto, foram fornecidas. O indivíduo sobre quem os olhos do rei se fixaram ousou afrontar o rei, aparecendo com traje próprio. Ele estimava muito suas próprias roupas para deixá-las de lado ou pensava levianamente sobre à presença do rei para se permitir vestir a roupa do casamento. Este homem é o representante de uma classe. Ao arrogantemente ignorar a roupa do casamento, ele é o modelo de homens religiosos destituídos de Cristo. Todos estes se orgulham de sua própria justiça, em vez de se submeterem à justiça de Deus (…ignorando a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus – Romanos 10:3).

A menos que Deus, em Sua infinita misericórdia, abra os olhos para sua verdadeira posição, as trevas exteriores com choro e ranger de dentes serão sua porção para sempre. A inspeção do rei sobre aqueles que professam ter aceito Seu chamado pode estar mais próxima do que qualquer um de nós possa imaginar.

W. W. Fereday