Para quem veio do arraial, e para quem quer permanecer fora dele!
(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Fomos lembrados no capítulo 9 que os sacerdotes “tomado dentre os homens” podiam pecar, não que Deus permitisse, mas eles possuíam a capacidade de pecar. Infelizmente, não temos de ir muito longe para provar esta verdade e agora temos um fato humilhante – a fraqueza total do homem nesta nova relação de bênção à qual ele foi chamado. Toda vez que Deus colocou o homem em um novo relacionamento, nos revelamos incapazes de mantê-lo. Até aqui, todos os detalhes foram realizados “como o Senhor ordenara”, (uma expressão repetida quatorze vezes nos capítulos 8 e 9). Mas agora Nadabe e Abiú, os dois filhos mais velhos de Aarão, fazem o que “o Senhor… não lhes ordenara” (versículo 1). Apenas consagrados, eles trazem fogo estranho perante o Senhor, não vindo do altar. O castigo solene e fulminante que se seguiu nos lembra do quão sério é substituir a Palavra de Deus por nossa própria vontade (veja 2 Samuel 6:3-7, o incidente da arca colocada em um carro novo, seguido pela morte de Uzá). Nenhuma palavra é dita sobre eles terem perguntado como fazer isso. Eles agiram segundo seus próprios pensamentos!
Esta é sempre a diferença entre o que é de Deus e o que é do homem. Uma religião humana, instintivamente, dá desculpas para quem possui altos cargos em uma organização religiosa e permite certos erros, principalmente erros descritos na Palavra de Deus, para aqueles que a propagam. O cristianismo significa e se baseia no julgamento da carne, não em poupá-la – o evangelho de Cristo. Moralmente, para Deus, não há nada como a cruz de Cristo, é Deus agindo a nosso favor, bem como para Sua própria glória. Nada mais desonroso para Ele e nada menos saudável para nós do que profanar a verdade – vender indulgências. Somente o que Deus indicou é aceitável para Ele. O desagrado de Deus com Nadabe e Abiú foi imediatamente expresso. Em Levítico 9:24, Ele tinha enviado fogo para consumir o holocausto, sinal de Sua aceitação, mas este fogo consumiu os ofertantes, indicando a recusa de Deus de sua oferta. Embora Deus não tenha trazido o mesmo julgamento rápido hoje, quaisquer pretensões de adoração inventadas pelo homem são tão abomináveis para Ele quanto este fogo estranho.
Da mesma forma, pensamentos carnais que excitam as emoções (bebida forte) não são tolerados na adoração a Deus. Desprezar abertamente as verdades conhecidas traz o transgressor para o governo de Deus. Por outro lado, como mostra o fim deste capítulo, o Senhor é cheio de misericórdia para com os ignorantes e aqueles fora do caminho, bem como para com aqueles que se curvam sob Sua disciplina.
Tudo o que Deus faz é perfeito, tudo o que Deus dá ao homem para fazer é rapidamente estragado. Toda a adoração a Deus deve ter a cruz de Cristo (o altar de bronze) como sua fonte. Usar qualquer coisa de nós mesmos (como tocar música, dançar, dar dinheiro, falar de nossa vida correta) rouba de Cristo a glória que pertence somente a Ele.
Não devia haver tristeza pelos filhos mortos, pois morreram por causa da desobediência. As pessoas que acham que isto não foi correto não estão, elas mesmas, obedecendo a Deus. Ninguém é tão sábio quanto Deus. Moisés instruiu Aarão e seus dois filhos restantes para que não descobrissem suas cabeças e não rasgassem suas roupas (o que em Israel era sinal de luto). Não era coerente com o caráter sacerdotal mostrar sinais de luto, pois o sacerdote é aquele que se aproxima de Deus, em cuja presença o luto não tem lugar. Os sinais exteriores de luto pela morte são proibidos para os sacerdotes. Certamente a ocasião foi séria, e testou plenamente este princípio. O resto do povo de Israel poderia chorar por Nadabe e Abiú, mas aos sacerdotes foi dito para permanecerem no tabernáculo porque o azeite da unção do Senhor estava sobre eles. O azeite é típico do Espírito Santo, cujo poder é tal que eleva a alma acima de todas as circunstâncias de tristeza. Assim, podemos aprender que hoje, na presença do Senhor (o lugar santo), onde o Espírito de Deus permeia a atmosfera, podemos subir acima das dores da terra, em santa confiança e paz.
No capítulo 6 de Números, lemos daqueles que se tornaram Nazireus por um determinado período de tempo. Eles se devotaram ao Senhor abandonando certas coisas. Aqui vemos algumas delas. O vinho produziria excitação natural. Para nós, crentes, hoje, significa que nada do que é natural pode ter qualquer parte na adoração a Deus. Somente a presença de Deus deve ser sentida. Existem muitos que são estimulados por emoções, sentimentos, música, danças, entre outros. Isso não é adoração.
Vemos também Moisés instruindo Aarão, Eleazar e Itamar a comerem, sem fermento, tudo o que restava das ofertas de manjares. Deus havia decidido isso, e tudo o que Deus nos fornece de maneira espiritual devemos responder nos apropriando disso. O peito da oferta movida e a espádua da oferta alçada são especificamente mencionados (versículo 14). Os sacerdotes assim entravam nas afeições de Cristo como glorificado no céu (o peito movido) e no “poder de Sua ressurreição” (a espádua alçada). Toda a família dos sacerdotes deveria participar nisso, tanto as filhas como os filhos, assim como toda a família sacerdotal de hoje (todos os santos) é chamada para desfrutar dessa bênção espiritual. A repetição do versículo 15 reforça a importância dessa disposição, da qual a família sacerdotal era responsável.
Contudo, no versículo 16, nos diz que Moisés perguntou sobre o bode da oferta de expiação, ele descobriu que tudo tinha sido queimado. Isso o fez irar-se com Eleazar e Itamar, questionando por que eles não tinham comido esta oferta (versículo 16). Esta oferta era para o povo, e os sacerdotes comendo-a simbolizava o fato dos sacerdotes entrarem e sentirem a culpa do povo como sendo sua. Isto é o que o Senhor Jesus fez na forma mais completa, Ele levou essa culpa sobre Seus próprios ombros na cruz. Todo crente hoje deve ter essa mesma atitude. Isso nos tornará verdadeiros intercessores em vez de críticos.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.