O QUE RESPONDI AOS QUE ME PERGUNTARAM SOBRE A BÍBLIA – VOLUME 01

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Apresentação

Primeiramente agradeço a Deus por permitir que este material fosse produzido e disponibilizado para milhares de leitores no Brasil e no mundo. As ideias que você encontra aqui não são originalmente minhas, e sim fruto do que tenho aprendido da Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais com irmãos congregados ao nome do Senhor e também com autores de outras épocas que congregavam assim. Foram eles J. G.

Bellett, C. H. Brown, J. N. Darby, E. Dennett, W. W. Fereday, J. L. Harris, W.

Kelly, C. H. Mackintosh, A. Miller, F. G. Patterson, A. J. Pollock, H. L.

Rossier, H. Smith, C. Stanley, W. Trotter, G. V. Wigram e muitos outros.

Para que você compreenda como este livro veio a existir, creio ser necessário voltar um pouco no tempo. Depois de um período trabalhando em São Paulo, em 1988 mudei-me com minha família de volta para Limeira, minha cidade natal, a fim de colaborar com a Editora Verdades Vivas, uma organização sem fins lucrativos que produz e distribui literatura cristã. A grande quantidade de folhetos evangelísticos, livros e calendários distribuídos no Brasil e em outros países de língua portuguesa gerava um volume considerável de correspondência, não só com pedidos de publicações, mas também com perguntas sobre a Bíblia. Todas as cartas eram devidamente respondidas.

Nessa época adquiri o hábito de manter uma cópia das respostas em formato digital. Assim ficava fácil responder perguntas semelhantes ou até mesmo mesclar trechos de diferentes respostas, além de preservar aquele conhecimento. A partir de 1996 passei a usar a Internet e aí as respostas já não precisavam ser impressas, envelopadas e enviadas por carta como era feito até então. O uso do e-mail agilizou o processo e permitiu atender mais correspondentes com maior agilidade.

Em 1998 deixei a editora para atuar como executivo de uma empresa de tecnologia da informação, porém mantendo nas horas vagas minha ocupação com o evangelismo e ministério da Palavra via Internet por meio de diferentes sites e blogs. Em 2001 passei a trabalhar por conta própria como consultor e palestrante empresarial, tendo mais tempo livre e uma agenda mais flexível para dedicar-me ao evangelho.

Em 2005 decidi lançar o blog “O que respondi” no endereço respondi.com.br para disponibilizar as respostas que tinha armazenado em formato digital desde 1988 e acrescentar as que fossem sendo criadas. Algo que muitos perguntam é a razão de o blog não permitir comentários, mas o volume de spam, debates e opiniões deixadas na área de comentários me obrigou a eliminar esta opção de contato para me concentrar no atendimento apenas por e-mail. É sempre bom lembrar que não existe uma “equipe” para responder a correspondência que chega, pois este é um exercício pessoal.

Em 2008 iniciei um trabalho chamado “O Evangelho em 3 minutos — Uma mensagem urgente para quem tem pressa”, com vídeos no Youtube e também em versões de texto e áudio no endereço 3minutos.net.

Com a popularização do smartphone e da Internet móvel este formato mostrou-se excelente para alcançar pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar com a mensagem da salvação e a são doutrina. O site “O que respondi” passou a servir de complemento aos vídeos. Enquanto no “Evangelho em 3 minutos” a Palavra de Deus é pregada de forma rápida, no “O que respondi” ela é explicada em detalhes e com referências.

Estas e outras frentes de trabalho via Internet continuam gerando um número cada vez maior de contatos e perguntas. Em 2013 foram mais de três mil perguntas atendidas, porém graças ao blog “O que respondi” nem todas precisaram ser respondidas. Na maioria das vezes é suficiente enviar links para as mais de mil respostas existentes no blog, que já conta com cerca de quatro milhões de acessos desde sua criação.

Assim chegamos à razão deste livro que está sendo lançado nos formatos digital (e-book) e impresso (on demand). Ele atende aqueles que desejam ter acesso ao material do blog sem depender de uma conexão com a Internet. Este é um dos mais de dez volumes projetados para compor esta coleção, se considerarmos todo o conteúdo do blog “O que respondi”.

Ao ler este livro não se esqueça de que está lendo as opiniões do autor, e não a Palavra de Deus. Considere também que os textos são cartas e e-mails de minha correspondência pessoal, e não uma obra literária. A linguagem é informal e despretensiosa como acontece com uma correspondência entre duas pessoas, e é provável também que você às vezes venha a achar a linguagem meio irreverente, mas isso é apenas fruto de meu estilo literário, e não de tratar levianamente as coisas de Deus ou a pessoa a quem respondi.

Não espere encontrar aqui todas as respostas e nem sequer as trate como definitivas. Elas são fruto do meu exercício com o Senhor e do que continuo aprendendo todos os dias. Por isso leia, medite, busque referências na Bíblia e ore para que o Espírito Santo lhe dê o entendimento em o qual homem algum, por mais inteligente e versado nas Escrituras, poderá obter. Você pode ter certeza de que eu às vezes sou obrigado a acessar o blog “O que respondi” e corrigir algum texto mais antigo depois de ter sido instruído ou alertado de alguma falha por algum irmão ou diretamente pelo que leio na Palavra de Deus.

Peço apenas que se lembre de incluir este trabalho em suas orações e de endereçar ao Senhor, e não a mim, qualquer sentimento de gratidão que porventura possa ter por esta leitura.

Este livro está sendo disponibilizado gratuitamente, porém alguns sites de terceiros ou editoras irão cobrar algum valor para a versão e-book ou impressa sem que isso signifique algum ganho da parte do autor. Você poderá distribuir o conteúdo deste livro desde que o faça gratuitamente, não altere o texto e mantenha a referência ao autor.

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa” (Os 6:3).

Mario Persona

www.respondi.com.br www.3minutos.net Fevereiro, 2014

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O que preciso fazer para ser salvo?

Em João 3:16 lemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O que diz aí? “… para que todo aquele que não faz tal e tal coisa não pereça?” Certamente que não é assim que está. Diz apenas “para que todo o que nele (em Cristo) CRÊ!”.

O apóstolo Paulo escreveu uma carta aos crentes da Galácia, os quais afirmavam que para ser salvo era necessário não apenas crer em Cristo, mas também guardar a Lei, ou seja, praticar determinadas obras. A eles Paulo responde: “Ó

insensatos gálatas… Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl 3:1-3).

Só Cristo pode nos salvar, pois morreu na cruz sendo castigado por Deus Pai no lugar do pecador. Todo aquele que nele crê tem a vida eterna, está salvo eternamente. E isso não depende do que fazemos ou deixamos de fazer, mas do que Cristo fez; “e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). Portanto, a nossa salvação depende exclusivamente de Cristo e de Sua obra; não depende de nós, pois se dependesse de nós, a glória seria nossa. Mas, graças a Deus, não depende de nós que somos pecadores e sempre propensos a pecar.

Quando um pecador vem a Cristo, arrependido de seu estado pecaminoso, isto só acontece por obra do Espírito Santo em seu coração, pois é o Espírito Quem nos convence do pecado (Jo 16:8). Então, pela fé, o pecador crê que Cristo tomou o seu lugar na cruz carregando o seu pecado (do pecador).

Quando o pecador assim crê, Deus lhe dá a salvação que é completa; Deus lhe dá o perdão que também é completo e esta pessoa nunca mais perderá a salvação, pois é um dom de Deus (Ef 2:8) e nunca lhe será tirada por Deus “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11:29). Deus não “tira”

a salvação do crente, e ninguém mais pode fazê-lo “porque estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor!” (Rm 8:38-39).

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O que significa Abba?

“Abba Pai” são na realidade duas palavras iguais expressas em diferentes línguas. Elas aparecem três vezes no Novo Testamento e têm o mesmo significado. “Abba” significa “Pai” em hebraico. Portanto, no Novo Testamento original está “Abba”, em hebraico, seguido do seu equivalente em grego, que foi traduzido para o português sem que a palavra hebraica o tivesse sido. Se ambas as palavras tivessem sido traduzidas, nosso Novo Testamento traria “Pai, Pai”. “Abba” era a pronúncia usada no hebraico falado no tempo do Novo Testamento. No Antigo Testamento era “Ab”

e não se restringia ao uso de Pai em relação a filhos. Eliseu usou a mesma palavra, no original, com respeito a Elias; os servos a aplicavam a seus senhores, etc. (2 Rs 2:12; 5:13; 6:21, etc.). Jeová perguntou em Jó 38:28 “A chuva porventura tem pai?”. No Novo Testamento esta palavra parece ser usada num sentido mais restrito de parentesco (Rm 8:15, Gl 4:6 e Mc 14:36).

Alguns sugerem que as duas palavras, em língua hebraica e em grego, tenham sido colocadas juntas para que tanto aqueles que eram judeus de origem como aqueles que tinham sido gentios, pudessem igualmente dizer “Pai”, cada um na sua própria língua. Deus Se revelou no Antigo Testamento como Jeová, Deus Altíssimo, etc., mas reservou os tempos do Novo Testamento para se fazer conhecido aos crentes em seu parentesco de Pai, conforme João 20:17. (Informações tiradas de Concise Bible Dictionary).

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Pode explicar espírito, alma e corpo?

O homem é composto de alma e corpo, embora em certos casos o termo “espírito” seja acrescentado. Tanto a alma como o espírito são colocados em contraste ao corpo para significar a parte incorpórea do homem. Existe, porém, uma distinção entre alma e espírito.

A alma é empregada para expressar a imortal parcela moral do ser humano, e é usada algumas vezes para significar “pessoa”, como no versículo em Gênesis 46:26

que diz: “Todas as almas que vieram com Jacó ao Egito”. “Oito almas se salvaram” (1 Pe 3:20). “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4).

A palavra hebraica

normalmente traduzida como “alma” é “nephesh”. Em muitas passagens ela é traduzida “vida”, como em Jonas 1:14: “…

não pereçamos por causa da vida deste homem”. No Novo Testamento a mesma palavra grega é usada tanto para alma como para vida: “Porque aquele que quiser salvar a sua ‘vida’ (ou ‘alma’) perdê-la-á, e quem perder a sua ‘vida’ (ou ‘alma’) por amor de mim, achá-la-á.

Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua ‘alma’ (ou ‘vida’)?

ou que dará o homem em recompensa da sua ‘alma’ (ou ‘vida’)?”.

A alma, distinta do espírito, é onde se encontram os apetites e desejos. O homem rico disse: “E direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e folga” (Lc 12:19).

Naquela noite sua “alma” foi pedida. A salvação da alma não pode ser separada da salvação da pessoa.

O espírito é distintamente a parte mais elevada do homem. Ele identifica a consciência, a individualidade, e distingue o homem das criaturas inferiores na criação. Deus soprou nas narinas do homem o sopro da vida, e assim o homem foi colocado num relacionamento com Deus, e não pode ser verdadeiramente feliz separado dele, tanto na existência presente como eternamente. As mesmas palavras usadas no original hebraico e grego para “espírito” são também as que são usadas constantemente para o Espírito de Deus ou Espírito Santo, sendo também usadas para anjos, no sentido de espíritos, e para os espíritos maus.

A Palavra de Deus é afiada e capaz de dividir a alma e o espírito de um homem, embora possa não ser fácil para a mente humana perceber esta divisão. O apóstolo rogou pelos Tessalonicenses para que tanto o espírito (o qual é provavelmente mostrado como o lugar em que Deus opera) como também a alma e o corpo pudessem ser santificados. (1 Ts 5:23). Na epístola aos Hebreus lemos dos “espíritos” dos justos aperfeiçoados; seu lugar é com Deus por meio da redenção. A palavra ali significa, aparentemente, a pessoa separada do seu corpo.

Havendo o cristão recebido o Espírito Santo como uma fonte de vida em Cristo, ele é exortado a orar com o espírito, cantar com o espírito, andar no Espírito, de forma que em alguns casos torna-se difícil distinguir entre o Espírito de Deus e o espírito do cristão. (Concise Bible Dictionary)

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Quem são os anjos caídos?

Creio que Gênesis 6:2 nos fala de anjos (veja também “filhos de Deus” com o mesmo sentido em Jó 8:4-7), os quais deixaram sua habitação (Jd 1:6) e são guardados em prisões até o juízo. Deus não perdoou os anjos que pecaram (2 Pe 2:4) e como em Judas é feita menção a Sodoma, pode ser que a natureza do seu pecado aponte para Gênesis 6:2, ou seja, a concupiscência e insubordinação (2 Pe 2:10; Jd 1:6-8).

Juntando tudo, ao que parece, alguns anjos tomaram a forma humana e uniram-se às mulheres, dando estas à luz filhos. Uma nova raça de “super-homens”, por assim dizer, surgiu sobre a Terra. Varões valentes (Gn 6:4). Satanás sabia que da semente da mulher viria aquele que lhe esmagaria a cabeça (Gn 3:15). Caim logo demonstrou não ser aquele que era esperado, mas Abel teve aceitação da parte de Deus e certamente Satanás está por detrás do ato de Caim que matou seu irmão. Mas Deus reiniciou a linhagem daqueles que haviam de invocar o nome do Senhor na pessoa de Sete (Gn 4:26). A tática de Satanás parece haver mudado então e, ao invés de destruir um ou outro varão nascido de mulher, procurou corromper a linhagem humana, usando as mulheres para gerar uma raça poderosa neste mundo, porém mesclada com a semente de anjos caídos.

É bom que se compreenda que estas linhas são apenas alguns pensamentos e não podemos transformá-los em dogmas ou doutrinas. Há irmãos que não entendem assim e citam Mateus 22:30

para demonstrar que os anjos não se casam. Eu, particularmente, concordo que no estado original eles não possam fazê-lo, mas acredito que poderiam fazê-lo caso tomassem a forma humana. E pode ser que a referência feita em Judas acerca de haverem deixado sua habitação não queira dizer simplesmente o lugar onde habitavam, mas também o seu tabernáculo, isto é, a sua forma original (no sentido de corpo). Se for o que realmente aconteceu, então Deus tinha, no dilúvio, também um propósito de preservar a linhagem humana sem que houvesse uma mescla satânica nas pessoas que viessem a nascer.

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O que é batismo do Espírito Santo?

Existe hoje muita confusão a respeito do batismo do Espírito Santo, principalmente por aqueles que pensam que “batismo do Espírito” significa alguma experiência de êxtase sobrenatural.

Mas na Bíblia não encontramos isto.

O batismo do Espírito Santo aconteceu no dia de Pentecostes, quando todos aqueles que estavam reunidos no andar superior da casa receberam o Espírito Santo. Então o Espírito Santo “encheu toda a casa” (At 2:2), e encheu a cada um, individualmente, dos que estavam na casa (versículo 4). “Línguas repartidas” poderia significar o propósito de Deus em tornar, tanto judeus como gentios, um em Cristo, enquanto que o fato de elas serem “como de fogo” (figura de um juízo) nos lembra de que “a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre” (Sl 93:5). Isto se tornou evidente no julgamento de Ananias e Safira (At 5). Algo similar ao batismo do Espírito Santo aconteceu quando os gentios foram recebidos publicamente em Atos 10:44 e 11:15. É a isso que se refere 1 Coríntios 12:13, quando foi dada a Paulo a revelação da verdade da Igreja como corpo de Cristo.

Uma vez tendo sido formada a Igreja, o batismo do Espírito Santo já não se repete em nossos dias. Os crentes agora são “acrescentados”, à medida que cada um recebe o Espírito Santo individualmente, como consequência de sua fé em Cristo e na Sua obra (Ef 1:13).

É importante ressaltar que o Espírito não é mais comunicado pela imposição de mãos. Além do mais, mesmo na igreja primitiva, o Espírito nem sempre era comunicado desta forma (At 10:44), mas Deus usou este meio em ocasiões especiais para evitar que na Igreja existissem grupos de nacionalidades distintas, independentes uns dos outros.

Cumpria-se, assim, João 11:52. Vemos isto quando os Samaritanos são recebidos na Igreja (At 8:17). O mesmo acontece quando Saulo de Tarso foi recebido, a fim de que pudesse reter a verdade de que os crentes em Cristo são um com Cristo, e para que pudesse identificar-se com eles (At 9:4-28).

Vemos novamente isto quando alguns gentios, que conheciam apenas o batismo de João, foram recebidos (At 19:1-7).

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Qual é o pecado sem perdão?

Não há como Deus salvar alguém que blasfeme contra o Espírito. Mas o que significa blasfemar contra o Espírito Santo? A rigor, a primeira aplicação diz respeito ao tempo em que o Senhor Jesus estava aqui e era acusado de fazer seus milagres pelo poder de Satanás, e não pelo poder do Espírito.

Neste sentido hoje seria impossível alguém blasfemar contra o Espírito, pois Jesus não está neste mundo em forma visível fazendo milagres. Portanto não há como alguém dizer o mesmo que os judeus disseram no seu tempo. Este versículo esclarece: (Hb

2:3-4) “como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?”.

Portanto, a primeira aplicação do termo blasfemar contra o Espírito se refere à acusação direta dos judeus que viveram há dois mil anos. Apesar de verem os milagres operados pelo Espírito Santo através de Jesus, eles o acusaram de fazer aquilo pelo poder de Belzebu. Jo 11 deixa claro que eles tinham consciência de todos os milagres que Jesus estava fazendo, portanto suas palavras os condenavam: (Jo

11:47) “Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais.”.

Uma segunda aplicação da expressão “blasfemar contra o Espírito” está em negar a sua operação no convencimento do pecador. Em João 16:7-15 vemos escrito que é o Espírito quem convence do pecado. É evidente que não há perdão para alguém que não receber a convicção que o Espírito dá acerca do pecado e disser que Cristo, que foi ungido com o Espírito e fazia tudo pelo poder de Deus, fez tudo pelo poder do demônio (Mt 12:22-32). Pois como Deus irá perdoar alguém que não crê no Filho de Deus se o perdão só é dado para aqueles que creem em Cristo? Aquele que não se deixa convencer pelo Espírito para crer em Jesus está de certa forma blasfemando contra o Espírito.

Mas é evidente também que ninguém poderá dizer Jesus é Senhor (1 Co 12:3) se não for pelo Espírito. Todas as pessoas, por natureza rejeitam o evangelho, que são as boas novas de salvação pela fé em Jesus Cristo, pois todos são inimigos de Deus no seu estado natural (leia Rm 5:10). Portanto, todos nós um dia fomos incrédulos, e isto acontece com todas as pessoas. Porém um dia Deus efetuou uma obra em mim, e eu aceitei o que o Espírito Santo me mostrava pela Palavra de Deus, ou seja, reconheci que era um pecador e que necessitava do Salvador. Cri em Jesus como meu Salvador; cri que na cruz ele foi castigado em meu próprio lugar; cri que ele sofreu todo o juízo que eu merecia. E fui salvo!

Se eu tivesse morrido na incredulidade, duvidando daquilo que o Espírito Santo procurava me convencer, é evidente que não haveria salvação para mim, pois como poderia ser salvo sem crer? Mas, enquanto estamos vivos ainda há uma chance. Como não sabemos o momento em que vamos morrer ou em que o Senhor Jesus vai voltar, é urgente que qualquer pessoa se converta, assegurando assim a entrada no céu.

Portanto, quem crê no Senhor Jesus tem a salvação assegurada, não importa o quão incrédulo foi antes. Mas quem não crê, e continua vivo neste mundo, é porque Deus ainda lhe dá chance de se converter. Mas até quando?

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Com quem se casou Caim?

Caim foi o primeiro filho de Adão. Em Gênesis 4:2 encontramos Caim como lavrador, ou seja, já como homem adulto. Então ele matou seu irmão e saiu da face do Senhor (versículo 16), indo habitar na terra de Node (evidentemente ela deveria ter este nome quando Moisés escreveu o Gênesis e significa “nômade” ou “errante”). Não nos é dito quanto tempo se passou do versículo 16 até o versículo 17, quando Caim encontra uma esposa. A Bíblia não nos diz e só podemos nos basear em conjecturas. Mas são conjecturas perfeitamente possíveis e nada têm de estranho.

Alguns, que não creem, procuram usar desta passagem para desacreditar o escrito divino. Em Gênesis 5:3

nos é dito que Adão estava com 130 anos quando gerou Sete, e esta idade deveria ser um pouco mais que a idade de Caim. Lembre-se que Adão foi criado adulto e deve ter caído em pecado logo após a criação de Eva, pois, embora Deus já tivesse ordenado que se multiplicassem (Gn 1:28), Adão só conheceu sua mulher após ter sido expulso do Éden (Gn 4:1).

Embora a primeira impressão que se tem é que Sete tenha sido o terceiro filho de Adão e Eva, não podemos afirmar isto com certeza, pois a Palavra de Deus geralmente assinala apenas o nome daqueles que têm alguma importância no contexto ou de quem viria uma genealogia. É comum também se omitir o nome das filhas. O fato de, por exemplo, não encontrarmos os nomes dos descendentes dos bisnetos de Caim não significa que não tenham existido. Simplesmente não são citados, pois nada tinham a ver com o relato divino.

Porém, supondo que Adão não tenha tido filhos além de Caim e Abel, depois de haver gerado Sete, Adão viveu mais oitocentos anos e “gerou filhos e filhas”. Quantos? Não nos é mostrado, mas você pode imaginar. Se um casal brasileiro consegue gerar uma média de quatro filhos, vivendo uma média de 60 anos, o que não faria durante 800 anos, em condições de saúde muito menos prejudicadas pelo pecado do que a que vemos em nossos dias! Juntem-se a isto os filhos de sua descendência e você chegará a números enormes.

Creio que se Caim viveu uns oitocentos anos (que era a média da época), quando estava com uns trezentos anos já podia escolher, entre um bom número de irmãs (Adão e Eva tiveram filhos e filhas) e milhares de sobrinhas e parentes distantes, uma esposa para si. E

não somente isto, como também já podia construir uma cidade para abrigar tanta gente, como realmente o fez no capítulo 4:17. Não faria sentido construir uma cidade se não existisse já uma população para ela. Já li um cálculo que foi feito da população da Terra na época do dilúvio, que aconteceu cerca de 1.700

anos após a Criação, e é fantástico o número de pessoas que poderiam estar habitando a Terra.

Não há nada de anormal nisso se multiplicarmos a geração de um homem de nossos dias por dez, que seria o equivalente aos oitocentos anos em média que se vivia então. Pela extensão dos anos de vida do homem naquela época, é possível que netos de Caim, ou até mesmo filhos de sua velhice, tenham perecido no dilúvio. O problema maior para entendermos tudo isso reside no fato de esquecermos que o tempo de vida de um homem antes do dilúvio era muito maior que hoje. Mas podemos ficar sossegados; Caim teve tempo suficiente para ter várias opções de escolha até tomar uma esposa para si.

Ao contrário do que você pensou, eu não disse que Caim tenha tido filhos com várias mulheres, pois a poligamia só surgiu depois, com o neto de Caim (bisneto de Adão): (Gn

4:19) “Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.”.

Adão e Eva tiveram filhos e filhas, não diz quantos, mas devem ter sido em número suficiente para ocorrerem casamentos entre eles e daí surgir uma população para o mundo de então.

(Gn

5:3) “Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete”.

(Gn

5:4) “E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.”.

Para entender a Bíblia é preciso se concentrar no que é dito, não no que não é dito. Quando Deus não informa algumas coisas é porque elas não são importantes para o que ele está querendo nos ensinar. Quando o professor ensina o aluno a somar dois mais dois ele não explica qual a composição do grafite do lápis ou do papel do caderno, porque isso não iria ajudar em nada o aluno a entender como fazer a conta.

De qualquer modo, a população já era significativa nos tempos de Caim, ou não haveria razão para ele ter construído a primeira cidade que é mencionada na Bíblia: (Gn

4:17) “Conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque.

Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque.”.

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Onde celebrar a ceia do Senhor?

Onde devemos celebrar a Ceia do Senhor? Esta pergunta, que muitos fazem, traz à tona a tristeza causada pela ruína do testemunho do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Mas, antes mesmo da existência da Igreja (por ocasião da última ceia a Igreja ainda não havia sido formada; isto aconteceu somente em Pentecostes – At 2), encontramos esta pergunta sendo feita em Lucas 22 do versículo 7 em diante. Ali encontramos o Senhor ordenando aos seus discípulos: “Ide, preparai-nos a páscoa para que a comamos.”. E eles fizeram a mesma pergunta: “Onde queres que a preparemos?”. Esta é a pergunta de uma alma submissa ao Senhor, que deseja fazer a vontade dele acima de tudo. Sabemos que esta seria a última ceia do Senhor com seus discípulos, antes de morrer numa cruz. E foi nessa ocasião que ele pediu que fizessem isso em memória de Si, comissão essa dada posteriormente a Paulo (1 Co 11), já no caráter de uma ordenança àqueles que faziam parte da Igreja.

Ao receber a ordenança do Senhor, os discípulos não fizeram o que achavam melhor, e nem se dirigiram ao lugar mais próximo de suas casas ou aonde se sentissem bem. Tampouco procuraram qualquer lugar que lhes parecesse digno de tal evento, mas, com a simplicidade de uma criança, perguntaram ao Senhor: “Onde queres que a preparemos?” E a resposta do Senhor é muito instrutiva, se a aplicarmos espiritualmente a nós neste tempo de fim.

Primeiramente, no versículo 10 de Lucas 22, o Senhor ordenou que fossem à cidade. O lugar onde devemos lembrar Sua morte enquanto estamos aqui é em meio a toda a confusão criada pelo homem, mas, como veremos adiante, separados dela. Ali eles encontrariam um homem levando um cântaro de água e deveriam segui-lo. Não era comum encontrar um homem levando um cântaro de água, pois esta era uma tarefa típica das mulheres, como encontramos em João 4 e em muitas passagens do Antigo Testamento. A menos que esse homem fosse um servo, o que nos fala do Espírito Santo, pois é neste caráter, de Servo, que ele se encontra no mundo na presente dispensação, levando as pessoas a Cristo (Jo 16:7-15). O homem levava um cântaro de água e esta é um símbolo da Palavra de Deus, conforme encontramos em Efésios 5:26.

O homem com o cântaro os levaria a um cenáculo, que é o andar superior de uma habitação, e o mesmo estaria mobiliado. O cenáculo nos fala de um lugar que, embora neste mundo, encontra-se acima das coisas da terra; um lugar elevado. O fato de estar mobiliado mostra que alguém já havia preparado acomodações suficientes para todos os que ali fossem. E eles, obedecendo às ordens do Senhor, encontram tudo exatamente como lhes foi falado e, chegada a hora, o Senhor Jesus se põe à mesa juntamente com seus discípulos e lhes fala da Sua morte.

Tudo isso é muito instrutivo para nós. Em primeiro lugar, temos que buscar o Senhor quanto ao que devemos fazer e onde devemos fazê-lo. Ele nos mostrará com certeza. Então devemos seguir o homem com o cântaro, uma figura de acompanharmos o Espírito Santo naquilo que ele leva, ou seja, a Palavra de Deus. Não encontraremos na Palavra coisas do tipo, “vá a esta ou àquela denominação”, pois não encontramos, na doutrina que foi dada à Igreja, denominações diferentes para aqueles que fazem parte de um mesmo Corpo (Ef 4:4). A única distinção era feita quanto à localização geográfica dos crentes (por exemplo, “da igreja que está em Éfeso” – Ap 2:1).

Também não encontramos coisas do tipo “vá aonde desejar ou ao lugar em que se sentir melhor”, como se os crentes não tivessem qualquer guia seguro e tivessem que seguir sua própria vontade ou sentimentos (veja Dt 12:8, 13,14; Jz 21:25). Também não encontramos o conselho que normalmente é dado, “vá à igreja mais próxima de sua casa”, que neste tempo de fim tem lançado muitos nas garras de verdadeiros mercenários da fé (leia 2 Pe 2). O que não encontramos na Palavra de Deus não devemos fazer.

Encontramos em Mateus 18:20 a indicação de que onde estiverem dois ou três reunidos ao nome do Senhor Jesus (e ao seu nome somente) ele estará no meio, o que equivale dizer que ele Se porá à mesa com os seus que ali estiverem.

Portanto é pela Palavra de Deus somente, e não pelos costumes dos homens, ainda que sejam cristãos, que encontramos o lugar onde Deus quer que celebremos a Ceia. Tal lugar está acima das coisas deste mundo (assim como o cenáculo que vimos) e Deus preparou acomodações para todos os que desejarem se dirigir para ali. Trata-se do lugar onde o Senhor colocou o seu nome, e mais nenhum outro; onde é ele o centro de todas as atenções e Sua autoridade é reconhecida (veja 1 Co 5:4-12).

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Há diferença entre inferno, lago de fogo, hades, sheol e geena?

Nas línguas originais da Bíblia, o inferno é chamado de Geena, havendo outra palavra, Hades, que diz respeito à outra coisa. Infelizmente em nossa tradução se usa indistintamente inferno para Geena e para Hades. Hades é diferente do inferno (ou Geena). O

inferno é o lugar onde serão lançados os mortos após o juízo final do grande Trono Branco, e esse lugar não foi preparado para os homens e sim para o Diabo e seus anjos. Deus não destinou o homem para a perdição, mas este, caindo em pecado e não aceitando a graça salvadora que enviou Cristo até a cruz para nos remir, será lançado no lago de fogo que arde eternamente, junto com os anjos caídos.

O Hades ou Sheol (Mt 11:23 no grego) não é tanto um lugar físico como a designação do estado da alma após a morte. É o mundo invisível dos espíritos dos que morreram. Um estado intermediário entre a vida e a ressurreição, (para os salvos) ou o juízo, (para os que perecem). O ladrão na cruz ouviu a promessa do Senhor: “… ainda hoje estarás comigo no paraíso.”.

Seu corpo não foi ressuscitado, e não o será até o arrebatamento, como lemos em 1 Tessalonicenses 4:16, mas a sua alma estava já desfrutando do gozo da presença de Cristo. Assim é com os que morrem “em Cristo”; salvos! O rico de Lucas 16 declara estar atormentado na chama (vers. 24). Mas lemos em Apocalipse 20:13-14 que “… deu o inferno (no original, Hades) os mortos que nele havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno (hades) foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.”.

A segunda morte é o estado final e eterno em que ficarão os que perecem, para toda a eternidade. Não há retorno; não há consolo; não há a menor esperança de alívio. Não há luz nem entendimento. Não há nada que possa esconder o homem de seu pecado, e todos os seus sentidos estarão em atividade, fazendo-o sofrer. Repare como o rico em Lucas 16 sentia sede e pesar por seus irmãos, podendo ainda falar, ouvir, etc. Mas havia um grande abismo que o separava do consolo de Lázaro.

Os que morrem vão para o hades, mas aguardam o juízo final em um estado consciente de tormento. Somente após o Trono Branco (Ap 20) é que serão lançados no inferno propriamente dito, que será muito maior em sofrimento do que o experimentado no Hades. Da mesma forma, os que morrem em Cristo vão à sua bendita presença, como Paulo disse, “… partir (morrer) e estar com Cristo” (Fl 1:23). Mas no arrebatamento, que será antes da tribulação, os que morreram em Cristo serão ressuscitados dentre os mortos, como Cristo, cujo corpo ficou sepultado três dias e três noites, mas disse ao ladrão, “ainda HOJE estarás comigo no paraíso”. Cristo é as primícias dos que dormem (1 Co 15:20), ou seja, ele ressuscitou primeiro, e nós seremos igualmente ressuscitados pelo mesmo poder que o ressuscitou. Passaremos por uma mesma experiência (1 Co 15:23). O estado do crente após a sua morte é de gozo, mas não é igual ao estado que ele estará após a ressurreição, que se dará, para os salvos, no arrebatamento. (Concise Bible Dictionary) *

O cristão deve ir à guerra?

Nosso Senhor Jesus Cristo deixou-nos um exemplo para que seguíssemos as suas pegadas. Poderíamos nós seguir as suas pegadas em um campo de batalha? Somos chamados a andar como ele andou. Será que ir à guerra é andar como ele andou? Oh! Falhamos em muitas coisas; mas se nos perguntam se é correto um cristão ir à guerra, podemos responder apenas fazendo referência a Cristo. Como ele procedeu? Acaso ele veio para destruir vidas humanas? Não foi ele quem disse que “os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.”? (Mt 26:52).

Ele também disse, “não resistais ao mal” (Mt 5:39). Como podemos conciliar tais palavras com a ida à guerra?

Mas alguém poderá dizer: — O

que seria de nós se todos adotassem tais princípios? A isto respondemos que se todos adotassem tais princípios celestiais não haveria mais guerra e, portanto, não precisaríamos mais lutar. Mas não é nossa responsabilidade ficar debatendo a respeito dos resultados da obediência. Temos apenas que obedecer à Palavra de nosso bendito Senhor e andar nas suas pegadas; e se o fizermos, com toda certeza jamais deveremos ser vistos indo à guerra.

Há aqueles que citam o versículo da Palavra de Deus, “o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a”, como sendo uma permissão para ir à guerra (Lc 22:36). Mas qualquer mente simples pode ver que este versículo nada tem a ver com a questão. Ele se refere a uma alterada ordem de coisas e na qual os discípulos teriam que entrar quando o Senhor fosse levado.

Enquanto ele estava com eles, nada lhes faltara; mas agora eles teriam que enfrentar a sua ausência, o pleno embate com a oposição do mundo. Em resumo, estas palavras tinham uma aplicação totalmente espiritual.

Muito se procura usar o fato de o centurião de Atos 10 não ter sido aconselhado a renunciar a seu cargo. Não é do feitio do Espírito de Deus colocar as pessoas sob um jugo. Ele não diz ao recém-convertido: — Deixe isto e aquilo. A graça de Deus vai ao encontro de um homem onde ele está, com uma salvação completa, e então o ensina como andar de modo a apresentar as palavras e os modos de Cristo em todo o seu poder formativo e santificador.

Porém, ainda há alguns que costumam dizer: — Acaso o apóstolo, em 1 Coríntios 7, não nos diz para permanecermos no estado em que formos chamados? Sim; porém com esta poderosa cláusula classificatória: “diante de Deus”.

Isto faz uma diferença substancial. Suponha que um carrasco se converta; poderia ele continuar no seu estado? Talvez alguém diga que este é um caso extremo. Certamente, mas é o caso em questão e prova quão falho é argumentar utilizando 1 Coríntios 7. Isto prova que há estados em que uma pessoa não poderia permanecer “diante de Deus”.

Finalmente, no que se refere à sua pergunta, querido amigo, temos que simplesmente perguntar: — Acaso ir à guerra é permanecer diante de Deus ou andar nas pegadas de Cristo? Se for, então deixemos que os cristãos façam isso; mas se não for, então o que fazer? (Extraído de C. H. Mackintosh — “Things New and Old” Vol.19, pg.55, Fev.1876)

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Qual o significado de “dois dias” de Oséias 6:1-3?

O período cíclico, ou seja, do ciclo em que estão as dispensações, é considerado como sendo de aproximadamente 7.000 anos. Desde a criação do homem até a vinda do Senhor Jesus passou-se cerca de 4.000 anos. Do Senhor Jesus até nossos dias já se vão quase 2.000 anos.

Sabemos que o milênio durará 1.000 anos, o que, somado, dá 7.000 anos. Oséias 6:1-3 diz que depois de dois dias o Senhor daria vida a Israel e no terceiro dia os ressuscitaria.

Sabemos que Deus parou de tratar com Israel quando rejeitaram seu Messias, e já faz quase dois mil anos (dois dias) que isso aconteceu.

Sabemos também que depois da partida da Igreja, Israel voltará a ser o povo a testemunhar de Deus sobre esta terra, na tribulação, após o que Israel será salvo para entrar no Milênio (terceiro dia). Evidentemente tudo isso vemos em figura, baseados, como sabemos, que para o Senhor um dia é como mil anos (2 Pe 3:8; Sl 90:4).

O fato de a Bíblia ter sido escrita em um espaço de 1.600 anos não muda nada. Ela não começou a ser escrita por Adão, e sim por Moisés, mais de dois mil anos depois da Criação. Veja abaixo:

Adão ao Dilúvio: 1.656 anos.

Dilúvio ao chamado de Abrão: 427

anos.

Do chamado de Abrão ao Êxodo: 430 anos.

Êxodo ao início da construção do Templo: 479 anos.

Templo (início) à divisão do reino: 37 anos.

Da divisão à destruição de Jerusalém: 388 anos.

Da destruição da cidade ao retorno do cativeiro: 52 anos.

1º ano Ciro ao 20º ano de Artaxerxes (início 70ª semana de Daniel) : 81 anos.

20º ano de Artaxerxes ao nascimento de Cristo: 454 anos.

Total de anos: 4.004 anos.

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O que significa o Batismo?

Quando falamos sobre batismo, é importante entender alguns aspectos. Existem três esferas às quais pode pertencer uma pessoa. Em Efésios 4:4-6 vemos:

– Um círculo grande que abrange toda a humanidade, para a qual há um só Deus e Pai (Pai no sentido de Criador), incluindo todos os homens.

– Um círculo menor, (um Senhor, uma fé, um batismo), a esfera à qual pertencem todos os que são batizados com um batismo cristão, ou seja, passam a levar sobre si o nome de Cristo, reconhecendo-O como autoridade (Senhor), mesmo sem se sujeitarem a ele, e incluídos numa só fé, no sentido de crença na existência de Jesus.

Este círculo inclui toda a cristandade, tanto os falsos como os verdadeiros.

– Um círculo menor ainda (um corpo, um Espírito e uma esperança), a esfera à qual pertencem os salvos, verdadeiros crentes em Jesus. O batismo introduz a pessoa no segundo círculo.

Tendo isto em mente, vamos encontrar nas Escrituras diferentes tipos de batismo: – Batismo em Moisés (1 Co 10:2).

Independente de sexo ou idade, TODOS os que saíram do Egito foram batizados em Moisés. A maioria não alcançou Canaã. Muitos eram incrédulos (Hb 3:19) e não aproveitaram a palavra ouvida por não ter sido acompanhada de fé (Hb 4:2).

– Batismos judaicos (Hb 6:2; 9:10), também chamados abluções (Mc 7:3-4).

– Batismo de João, para arrependimento (Mt 3:11) e perdão (Mc 1:4; Lc 3:3). At 19:3-5 demonstra que não se tratava de um batismo cristão.

– Batismo Cristão: Aqui entra o assunto do círculo cristão, onde é introduzido o batizado, e que inclui o falso e o verdadeiro.

O batismo não regenera e nem pode salvar a alma. Tampouco tem ligação com João 3:5 que trata do novo nascimento. Ninguém é regenerado pelo batismo e você poderá perceber que a regeneração de uma alma só acontece por meio da Palavra de Deus e pelo poder do Espírito Santo dando nova vida, novo nascimento ou nova natureza para o ser (Êx 40:12; Lv 8:6; Ez 36:25-27; Zc 13:1; Jo 13:10; 15:3; 1 Co 4:15; 6:11; Ef 5:1-6; Hb 10:22; Tg 1:18; 1 Pe 1:23).

O batismo efetua uma mudança de posição: o batizado passa a identificar-se com o nome de Jesus Cristo, entrando para o círculo reconhecido em toda a humanidade como cristão. Esta identificação com Cristo é exterior “porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo” (Gl 3:27). “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3:26) esta sim é a identificação da alma, interior, a qual é pela fé. (Leia também Jo 1:12 e 1 Jo 3:1).

O batismo transforma a pessoa num discípulo, embora um discípulo possa ser falso (Jo 6:60-66).

O batismo identifica a pessoa com a semelhança da morte de Cristo. (Rm 6:3, 4). A pessoa passa para uma posição não somente de morta, mas de sepultada.

O batismo salva como figura (1 Pe 3:21). Quando se fala de salvação em conexão com o sangue de Cristo, fala-se de salvação eterna, com a alma passando a ter um lugar diante do trono de Deus.

Mas quando se diz que o batismo salva em figura, é em conexão com o seu significado, ou seja, morte. O contexto fala de Noé e sua família tendo sido salvos pela água. A água foi um castigo de Deus; um juízo. A água foi morte para todos os que estavam fora da arca, que permaneceu acima das águas do juízo. Noé e os seus foram salvos por meio de um juízo e se encontraram em uma nova posição, ainda nesta terra. Mas nada fala a respeito de suas almas.

Assim também com o batismo cristão: uma identificação com a morte e sepultura de Cristo, que foi ocasionada pelo juízo de Deus caindo sobre ele, nos colocando em uma nova posição neste mundo, ou seja, levando sobre nós o nome de Cristo. Mas nossas almas só podem ser salvas se crermos em Cristo como Salvador e pelo mérito do seu sangue remidor. Por isso, o que crê e for batizado será salvo, mas o que não crer será condenado. Não diz “o que não crer e não for batizado”, mas apenas o que não crer será condenado.

Resumindo:

  1. O batismo em Moises

identificava o povo com ele (1 Co 10:2). O fato de ter sido um batismo de toda uma nação, enquanto o nosso é individual, não altera a verdade de que o batismo, de um modo geral, identifica o batizado com aquilo ou aquele a que ou a quem se é batizado.

  1. O batismo de João era um batismo de arrependimento para perdão de pecados (Mt 3:11; Mc 1:4; Lc 3:3; At 13:24) e tinha em vista uma vida conforme os preceitos ditados por João (Lc 3; 10-14), bem como uma esperança Naquele que havia de vir. (Jo 1:31; At 19:4).
  2. O batismo coloca sobre a pessoa um “distintivo” de que agora ela professa a fé cristã (Gl 3:27) no sentido de se unir àqueles que são identificados como cristãos, sem levar em conta a genuinidade da conversão. Uma pessoa pode se vestir como um soldado, mas isto não faz dela um soldado.
  3. O batismo muda o terreno sobre o qual a pessoa se encontra (At 2:37-41; 22:16; Rm 6:3-4; Cl 2:12).
  4. O batismo inicia a pessoa no discipulado, também sem levar em conta se é ou não verdadeiro discípulo (Jo 4:1-2; Mt 28:19; Gl 3:27; 1 Co 10:1; 1 Co 1:13).
  5. O batismo significa se colocar em um lugar de morte, à semelhança da morte de Cristo (Rm 6:3-4; Cl 2:12).
  6. O batismo significa ser sepultado (Rm 6:3-4; Cl 2:12) O primeiro homem e sua posição têm que ser eliminados de diante de Deus.
  7. O batismo, com os

benefícios que o acompanham, salva no sentido temporal, externo, em relação com a esfera de profissão cristã sobre o mundo. Era deste modo que os judeus recebiam um perdão administrativo (At 2:38; 22; 16; 1 Pe 3:21); em Mc 16:16

vemos uma aplicação geral desta verdade.

Este é um assunto extenso e eu poderia escrever mais outros aspectos, mas creio que isto é suficiente para um esclarecimento. NUNCA devemos pensar no efeito do batismo como sendo semelhante ao da morte de Cristo na cruz. A tremenda obra do Filho de Deus, morrendo no lugar do pecador, não pode ser comparada a qualquer ritual.

Dizer que uma pessoa não batizada está perdida, mesmo que creia no Senhor Jesus como Salvador é o mesmo que dizer que a obra na cruz não foi completa; que é necessária uma celebração humana para que a mesma tenha pleno efeito. Que possamos olhar reverentemente para o valor inestimável do sacrifício de Cristo na cruz, o ÚNICO meio de sermos salvos.

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Como conviver com o vazio e a tristeza?

Há muitos que passam por tristezas e angústias, e estes sentimentos são compartilhados por todas as pessoas, algumas em um grau maior e outras em um grau menor. Mas todos reconhecem possuir dentro de si um imenso vazio.

A maioria das pessoas procura preencher este vazio com diversas coisas, como vícios (imoralidades, bebida, drogas, etc.), ou mesmo com coisas lícitas como trabalho, dinheiro, família, filhos, divertimentos, etc. Outros procuram na religião a solução para preencher o vazio que trazem dentro de si e dar fim à angústia. Assim se envolvem com alguma religião e buscam nas suas práticas a atividade necessária para se esquecerem de sua situação tão miserável.

Nada disso poderá preencher o vazio que o ser humano traz no mais íntimo do seu ser, pois esse vazio é do tamanho de Deus. É só ele que poderá preenchê-lo totalmente, fazendo com que o coração transborde de paz e alegria. Não uma alegria efêmera e falsa como aquelas que o mundo oferece, e nem com uma paz que a segurança de uma estabilidade sentimental, familiar e monetária pode trazer. Não! Deus enche o coração com a sua paz. “A paz de Deus, que excede todo o entendimento.”. (Fp 4:7).

Mas como obter esta paz! O

homem é, por natureza, inimigo de Deus, por causa do pecado que entrou na humanidade trazendo os seus frutos malignos que podem ser vistos ao nosso redor, e em nós mesmos. Mas Deus providenciou uma solução para o pecado, e para o pecador, enviando o seu Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar. Cristo carregou o pecado de todo aquele que nele crê, e por ele podemos ter paz com Deus. Para tanto, é necessário que você se reconheça como sendo mais uma pessoa cheia de pecado e necessitando de salvação. E com a consciência assim convicta, aceite ao Senhor Jesus como o seu Salvador, crendo que ele já pagou o preço da sua reconciliação com Deus. E receba DE GRAÇA a salvação que ele oferece.

Muitos dos que já passaram por esta experiência de conversão, tendo crido no Senhor Jesus Cristo para salvação, às vezes ficam surpresos quando se deparam com dificuldades ou mesmo momentos de tristeza e inquietação. Então começam a ter dúvidas se realmente a paz que Deus oferece é duradoura ou serve apenas para os momentos que se seguem à salvação. E com a mente cheia de dúvidas passam a ficar cada vez mais desanimados.

O problema está no fato de que muitas pessoas vêm a Cristo, buscando em primeiro lugar a satisfação dos anseios de paz e alegria que existem em seus corações. Quando aceitam ao Senhor Jesus, recebem a salvação completa: o total perdão dos pecados e um lugar assegurado no céu, junto a ele, graças à obra que ele consumou na cruz do calvário. Além de tão grandiosa salvação, recebem ainda, como consequência, alegria e paz em seus corações. Passam a ter uma nova perspectiva de vida. Mas aí cometem um erro: passam a dar mais importância aos seus sentimentos do que a Cristo e à sua obra. E quando encontram alguma dificuldade — e são muitas as dificuldades que o cristão encontra — logo se esquecem de sua posição celestial e desanimam.

Se você ler Êxodo capítulo 15, versículos 23 a 25 encontrará uma lição muito preciosa. Os judeus haviam estado no Egito como escravos e foram libertados por Deus após escaparem de um juízo que foi lançado sobre todo o Egito. O juízo era a morte de todos os primogênitos, exceto os do povo judeu, desde que cada família matasse um cordeiro sem defeito e passasse o seu sangue nos batentes da porta de sua casa.

O sangue do cordeiro seria o sinal para que o anjo do Senhor não ferisse aquela casa. Após aquela noite de juízo e morte para os Egípcios, foi permitido aos judeus saírem do país, e eles o fizeram para em seguida serem perseguidos pelo exército de Faraó desejoso de exterminá-los.

Mas o mar vermelho se abre e o povo passa até a outra margem, tendo o mar se fechado sobre os perseguidores.

Ali estavam os judeus, sãos e salvos, libertos da escravidão do Egito e do juízo que se abateu sobre aquele país, graças ao sangue do cordeiro, e seguros, após haverem passado por um lugar de morte, o fundo do mar. Então começava a peregrinação no deserto e logo encontraram uma fonte de águas amargas (Mara), onde se puseram a murmurar contra Moisés.

Tudo isto acontece também com todo aquele que crê no Senhor Jesus Cristo. Toda pessoa, em seu estado natural, é uma serva de Satanás, sendo por ele escravizada (leia Ef 2:1-3). Quando essa pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, colocando sua fé na obra consumada na cruz, é o mesmo que passar, espiritualmente falando, o sangue do Cordeiro nos batentes da porta de sua vida.

Assim como aconteceu com os judeus, ficará livre do juízo que deverá se abater sobre os pecadores sem Cristo. Tal pessoa é assim liberta das garras de Satanás (Cl 1:13), havendo passado por um lugar de morte, assim como era o fundo do mar, pois o crente morreu com Cristo (leia Rm 6). Mas onde se encontraram os judeus após tão grande salvação? Em um deserto! E assim também acontece com o cristão, pois este mundo não passa de um deserto; nada há de aproveitável para o crente que é um cidadão celestial (Fp 3:20). Tudo o que os judeus podiam encontrar no deserto seria o pão vindo do céu (maná) e a água que saía da Rocha (Ex16; 17. Compare com 1 Co 10:3-4 e Jo 6:31-35; 7:37).

Mas antes que os judeus começassem a experimentar com maior profundidade a desolação do deserto, mas também a completa suficiência de Deus, eles se deparam com uma fonte de águas amargas. Esta experiência é comum a todo aquele que crê; logo após sua conversão começa a perceber que está esfriando aquele gozo inicial e percebe que as águas deste mundo continuam amargas, mesmo após sua conversão. É que o crente é transformado ao se converter, mas este mundo não muda nada — continua o mesmo deserto. Mesmo o seu corpo continua o mesmo, com seus defeitos e marcas do pecado. Tudo isto são as águas amargas que ele experimentará no seu andar por este mundo.

Mas como havia solução para as águas de Êxodo 15, também há uma solução para o cristão. Aos judeus no deserto foi dito que tomassem certo lenho ou madeiro e o lançasse nas águas, tornando-se elas boas para se beber. O que nos lembra um lenho? A cruz de Cristo! O madeiro onde foi pendurado nosso Salvador!

Do mesmo modo, o único modo de tornar suportável a peregrinação do cristão neste mundo, transformando suas águas amargas em potáveis, é se apelar para a cruz.

Evidentemente não me refiro a se procurar um pedaço da madeira da qual foi feita a cruz, e sim no sentido espiritual, o que a cruz significa para o cristão: um lugar de morte. Aplicar a cruz em nossas vidas significa nos considerar mortos para as coisas deste mundo no sentido indicado nas passagens em Gálatas 2:20; 5:24 e 14. Significa mortificar todos os nossos desejos e sentimentos, compreendendo que eles podem nos levar a desviar os olhos daquele que tanto fez por nós.

Finalmente, quando olhamos para nossos sentimentos, é porque não estamos dando o real valor à Cristo e à sua obra. Achamos que o importante em nossa conversão foi o fato de termos nos sentido bem, esquecendo-nos que o mais importante foi termos sido libertos das garras de Satanás e feitos filhos de Deus, destinados ao céu.

Quando pensamos na

grandiosidade da obra de Cristo e no quanto custou nossa libertação, nosso coração se enche de gratidão e a nossa boca de louvor a Deus. Deixamos de nos ocupar com nossos mesquinhos desejos de “nos sentirmos bem” ou termos tudo e todos a nosso favor. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16:33).

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Como enfrentar as tentações?

Enquanto estivermos neste mundo estaremos sujeitos à carne, a qual sempre foi má e nunca poderá ser melhorada. Quando uma pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, ela não melhora sua carne, e nem a Bíblia diz que devamos fazer isto. A pessoa recebe uma nova natureza, nascida de Deus, e deve, isto sim, mortificar a carne, ou seja, considerá-la morta (Rm 8:13, Cl 3:5).

Não devemos lutar contra a carne, pois isto é um trabalho do Espírito (Gl 5:17). Devemos sim andar no Espírito (Gl 5:16). Muitos caem quando tentam lutar contra sua própria carne, mas isto é um erro. Enquanto estivermos lutando contra a carne com suas concupiscências, estaremos ocupados com ela, e fatalmente acabaremos caindo.

Quando não ligamos para nossa carne, ou seja, quando consideramos os seus apelos como vindos de um homem morto (nossa velha natureza) e nos mantemos cheios da Palavra de Deus, cheios de pensamentos de louvor e gratidão a Deus, acabamos por esquecer a carne com seus feitos.

Seremos tentados sempre enquanto estivermos aqui, mas Deus nos dá forças para vencermos as tentações. E

se caímos, é porque quisemos cair; o poder para não cairmos está sempre ao nosso alcance (1 Co 10:13), e ao invés de nos entristecermos ao sermos tentados, devemos nos lembrar de que é mais uma ocasião que Deus permite para sermos bem-aventurados (Tg 1:12). Todo pecado começa em nossa própria mente (Tg 1:13-15), portanto devemos manter nossa mente sempre cheia da Palavra de Deus. Muitos ficam tanto tempo lutando contra o mal, que nunca se ocupam com outra coisa além do mal.

Imagine dois crentes passando por um corredor onde estão coladas nas paredes dezenas de fotografias pornográficas. Um deles atravessa aquele corredor lendo a sua Bíblia, ocupado com as maravilhas de Deus. O outro, para a cada foto para fazer uma crítica e denunciar o horror e o pecado que aquelas fotos podem ocasionar. Evidentemente, aquele que lia sua Bíblia, passou mais depressa pelo corredor e estava tão ocupado com Cristo que nem reparou nas fotos.

O outro, tão ocupado em criticar o pecado e tentar combatê-lo, demorou-se em passar por ali e, mesmo sendo a sua intenção de denunciar o mal e combatê-lo, não se ocupou nem um minuto sequer com as coisas de Deus. Esteve o tempo todo ocupado com o pecado.

Mantenha sua mente ocupada com as coisas de Deus e aproveite todas as tentações como se fosse um lembrete para louvar a Deus pelo seu grande amor. Se todas as vezes que for tentado, começar a cantar hinos de louvor, ou a fazer orações de ações de graças a Deus, Satanás tentará arranjar outro meio de fazê-lo tropeçar, pois estará vendo que os seus ataques só estão fazendo com que você se lembre de que está na hora de louvar o Senhor.

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Por que há tantas denominações?

A resposta é que toda essa confusão de igrejas, denominações e seitas que vemos no cristianismo é fruto da desobediência do homem. Cristo só tem uma Igreja, que é aquela que ele comprou com seu precioso sangue. E dela fazem parte todos os que verdadeiramente creem.

Mas o homem decidiu separar os crentes por nomes, doutrinas, líderes e costumes, criando suas próprias “igrejas” que são apenas para tristeza de Deus e escândalo para o mundo.

Eu, assim como muitos irmãos espalhados por todo o mundo, não pertenço a qualquer denominação ou “igreja” no sentido denominacional. Mas me congrego com outros irmãos somente ao nome do Senhor Jesus Cristo, para aprender da Palavra de Deus, ter comunhão com os irmãos, lembrar o Senhor na sua morte, por meio da celebração da Ceia do Senhor, e também orar, além de cantar hinos de louvor e adoração ao nosso Deus.

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Como celebrar a Ceia do Senhor?

No seu aspecto prático, a Ceia do Senhor é celebrada na Mesa do Senhor (1 Co 10:21) que é, por sua vez, cuidada por homens comuns e fracos como nós, mas que o fazem com a autoridade dada pelo próprio Senhor.

Portanto, exercendo essa autoridade, somos responsáveis e exortados a julgar se aqueles que vão estar à mesa estão limpos. Isso não significa examinar o coração, que deve ser feito pelo próprio participante (1 Co 11:28), mas examinar o testemunho exterior daqueles que se dizem irmãos (1 Co 5:11).

Sendo assim, um visitante não é admitido à Ceia (embora possa assisti-la), pois cremos que a assembleia (igreja ou reunião dos irmãos) deve cuidar para que haja separação do mal na mesa do Senhor. Nunca sabemos se um visitante é realmente convertido ou, se o for, está vivendo em pecado. Aquele que deseja participar da Ceia fará o seu pedido, o qual será levado ao conhecimento da assembleia.

Após um período de oração e observação quanto à idoneidade da pessoa, no sentido de não estar conectada com pecado moral, doutrinário ou eclesiástico, ela é convidada a tomar o seu lugar e participar dos símbolos (o pão e o vinho) em memória do Senhor.

Reunimo-nos aos domingos, o primeiro dia da semana, ou dia do Senhor, para a celebração. Sentamo-nos no salão de reuniões, tendo uma mesa ao centro onde se encontram o pão (um só pão — 1 Co 10:17) e o cálice de vinho. Há liberdade do Espírito Santo (2 Co 3:17), e logo algum irmão sugere um hino, em seguida outro faz uma oração, outro traz algum versículo ou uma oração de gratidão, etc.

É evidente que não há uma ordem específica ou pré-determinada para as coisas acontecerem, pois o Espírito Santo é quem dirige tudo. Há, porém, um horário para começar e terminar (este aproximado por razões óbvias) que é previamente estabelecido (ou “ligado”) pelos irmãos, sendo aceito pelo próprio Senhor e ligado no céu (Mt 18:18).

Então algum irmão, que sentir isto em seu coração, se levanta e, dirigindo-se à mesa, dá graças pelo pão e, partindo-o, dá-o aos irmãos que vão passando de mão em mão, tirando um pedaço e passando adiante até que todos os que participam da Ceia tenham comido. Então o irmão dá graças pelo vinho e passa o cálice, o qual, da mesma maneira, passa por todos que dele bebem.

Aqui em Limeira costumamos fazer uma coleta no mesmo dia, tendo os irmãos separado em casa o dinheiro, quando um saco de pano passa de mão em mão (somente para os que estão à mesa, ou seja, os que participam da Ceia). O dinheiro assim coletado é utilizado para as necessidades dos santos e para a obra do Senhor.

A Ceia é terminada com mais alguns hinos e orações, e, eventualmente, por algum irmão trazendo uma palavra conectada com o tema da morte de Cristo. Mas isto não é necessário, uma vez que a Ceia não é exatamente uma reunião para ministério da Palavra, e sim para louvor e adoração. Tudo é feito na mais perfeita ordem.

Você perguntou se existe um dirigente. Na verdade existe um dirigente, mas este é o Espírito Santo. E

existe um motivo para estarmos juntos, o qual é o Senhor. É tudo muito simples quando nos sujeitamos ao Senhor e à sua Palavra. Os homens nos dirão que é impossível, mas o Senhor tem demonstrado o contrário.

Respondendo à sua pergunta sobre o vinho, é vinho mesmo. Não havia vinho “não alcoólico” na época, pois a única maneira de se guardar o suco de uva é pela pasteurização ou então pela fermentação. Como Pasteur ainda não havia nascido o processo era da fermentação. Seria muita ingenuidade acreditarmos que onde fala vinho devemos ler suco de uvas, pois se fosse assim, teríamos que ler Efésios 5:18 “não vos embriagueis com o suco de uva”, o que não faz sentido.

Quando o Senhor fala vinho, é vinho mesmo. Evidentemente de uma qualidade diferente ou mesmo com um diferente teor alcoólico do vinho que conhecemos, e isto se deve à qualidade da uva e ao processo empregado na época para a fermentação. Mas mesmo que fosse tudo diferente, ainda assim a fermentação do açúcar contido na uva (seja ela qual for) produz álcool.

O vinho era fermentado em odres, recipientes formados por pele de animais com seus orifícios fechados. A pele era cheia com o suco de uva e deixado a fermentar. Com a fermentação e a consequente produção de gás, a pele se dilatava aumentando de tamanho, dando a entender que o suco já havia fermentado. A pele só podia ser utilizada uma vez para fermentar o vinho, pois perdia sua elasticidade. Esta é a razão do Senhor dizer que vinho novo devia ser colocado em odres novos, caso contrário o odre se romperia.

Quanto ao pão, não vejo necessidade de ser sem fermento. O fermento é um tipo do pecado. Porém o versículo em 1 Coríntios 5:8 não está se referindo ao tipo de pão utilizado na Ceia, mas ao estado das pessoas, sem o fermento da maldade, etc., mas celebrando com os “asmos” da sinceridade e da verdade. Quanto ao pão utilizado na Ceia, ele é uma figura do corpo de Cristo e creio que um pão fermentado faz o seu papel perfeitamente.

Precisamos nos lembrar de que o pão, à semelhança de Cristo, recebeu o fermento (símbolo do pecado), mas passou pelo fogo (símbolo do juízo). Não é a qualidade dos símbolos utilizados na Ceia que importa, mas o seu significado. Se o que está sobre a mesa é reconhecido pelos presentes como pão e vinho, está resolvido o problema: todos poderão olhar para os símbolos e lembrar-se do Senhor morto, o vinho separado do pão assim como na morte o sangue está separado do corpo.

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Devo divulgar denominação?

Chamou minha atenção o fato de você citar em sua carta que concorda com nossa maneira de agir, ou seja, não divulgar alguma denominação, mas só o evangelho de Cristo. Você escreveu ainda que não citou o nome da sua denominação, pelo mesmo motivo.

Isto fez lembrar-me de uma jovem que encontrei certa vez. Eu havia dito a ela que não pertencia a nenhuma denominação, mas me reunia com outros irmãos unicamente ao nome do Senhor Jesus. Ela, por sua vez, me disse que o pastor de sua denominação a havia orientado a nunca dizer o nome da sua denominação às pessoas às quais estivesse falando do Senhor. Eu, então, perguntei o porquê.

— Porque o pastor diz que a outra pessoa pode ter algo contra a minha denominação e isso viria a atrapalhar sua conversão.

Eu então lhe perguntei: — Como é que você pode pertencer a algo, ou levar sobre si um nome, que poderá atrapalhar na salvação de uma alma pela qual Cristo morreu? Será que algo que é causa de tropeço na salvação de alguém é algo vindo de Deus?

Minha opinião é que não, pois Deus NUNCA ordenou que os seus filhos se fizessem diferentes uns dos outros por nomes criados por homens. Portanto, gostaria de deixar isto para você também pensar a respeito. Não pertenço a nada além do Corpo de Cristo, ao qual você também pertence. Não sou membro de nada além do Corpo de Cristo do qual você também é membro. E quando leio o cântico dos redimidos nos Céus, em Apocalipse, não consigo identificar que estivessem ali batistas, presbiterianos, metodistas, etc., mas apenas que são todos salvos pelo Cordeiro.

Os nomes que os homens criaram não existirão no Céu para fazer divisão entre os salvos. São nomes que ficarão neste mundo, pois nunca foram celestiais. Pense a respeito.

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A Bíblia considera a mulher inferior ao homem?

De maneira nenhuma. A mulher tem um papel importantíssimo no próprio relato bíblico. É importante, porém, entender questões de ordem, coisas com as quais convivemos diariamente e que começaram com Deus. Você encontrará mulheres na Bíblia testemunhando eficazmente de Cristo (a avó e a mãe de Timóteo, por exemplo). Há, portanto, uma esfera de ação que é apropriada para as mulheres e foi Deus Quem colocou os limites, que devem ser respeitados.

Um limite está em 1 Coríntios 14:34, onde encontramos a ordem que deve ser respeitada na igreja ou assembleia.

Seria muito difícil obedecermos simplesmente aquilo que o apóstolo chama de “mandamento do Senhor”? (1 Co 14:37; 1 Sm 15:22-23). E se quisermos ser achados numa posição de obediência ainda mais excelente, teremos que nos submeter a 1

Timóteo 2:12 e concordar que a mulher não deve ensinar.

Se lemos tais coisas com tanta clareza nas Escrituras e deliberadamente as desprezamos, somos culpados de rebelião contra Deus e sua Palavra, não importa quais sejam os méritos que tenhamos em outros aspectos da vida cristã (Lc 12:47).

Em nossos dias a cristandade tem se desviado muito dos padrões estabelecidos por Deus, desprezando o lugar que Deus estabeleceu para o homem e para a mulher. Isto se deve à aceitação, pelos cristãos, das ideias, costumes e princípios deste mundo. Temos que ter sempre em mente que, à semelhança dos exemplos que encontramos no Antigo Testamento no final de cada dispensação, a época da igreja na terra está igualmente chegando ao fim como um testemunho que, confiado aos cuidados dos homens, também termina em ruína.

Como se seguissem um período cíclico, todas as dispensações começaram em grande poder e virtude, terminando em ruína e abandono da verdade. Assim ocorre com a igreja nestes últimos dias de tristes divisões e abandono da sã doutrina ensinada pelos apóstolos.

O papel do homem como cabeça também foi, de certa forma, afetado pelo pecado. Isto é verdade no que diz respeito à “qualidade” de sua atuação na posição que lhe foi destinada, muito embora isto não justifique, de modo algum, uma inversão dos papéis. Quando os homens estavam medrosos diante do inimigo, Deus permitiu que Débora fosse um instrumento de libertação (Jz 4; 5). Mas no registro dos “heróis da fé”

apresentado em Hebreus, é Baraque quem tem seu nome registrado (Hb 11:32). Deus demonstra que a responsabilidade pela libertação fora dada ao homem, muito embora ele tenha “se escondido” atrás de uma mulher.

O Éden é o ponto de partida de toda a ruína que vemos hoje. Embora a mulher tenha sido enganada pela serpente, que é o diabo, a responsabilidade maior cabe ao homem por ser a cabeça. Pode-se perguntar: Onde estava o homem enquanto a mulher estava sendo enganada pela serpente? Ele era para estar junto com Eva, mas tudo indica que, ou estava só (e Deus havia criado a mulher para que o homem não ficasse só), ou ficou a observar a sedução da serpente sem, no entanto, se opor.

De qualquer forma, o homem não foi enganado, mas somente a mulher o foi (1 Tm 2:14). Ele estava plenamente consciente de estar desobedecendo a Deus ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, mas tenta culpar a Deus pelo ocorrido (“A mulher QUE ME DESTE…” Gn 3:12). Tudo isto é o lado negativo da história. O lado positivo é quando vemos em Adão uma figura de Cristo ao tomar, conscientemente, o lugar de culpado; Cristo recebeu o pecado daquela que será sua esposa, a Igreja.

O que vemos hoje na

cristandade, no que diz respeito à mulher fora da posição que Deus lhe deu, é uma consequência do homem haver abandonado sua posição. Assim como Adão pode ter ido dar uma volta pelo jardim do Éden, cuidando de seus deveres de “administrador”

e deixando a mulher à mercê do engodo da serpente, hoje o homem abandona cada vez mais sua posição de cabeça a pretexto de cuidar de seus interesses ou de trazer o pão para seu lar.

O resultado disso é que a mulher ocupa cada vez mais uma posição que era devida ao homem (por negligência deste). Assim, não apenas na sociedade e no lar, mas principalmente na igreja, tudo acaba ficando fora do lugar que Deus determinou. A responsabilidade cabe ao homem; ele é a cabeça (1 Co 11:3). Mas a negligência do homem para com a posição que Deus lhe deu não justifica que a mulher assuma uma posição que não lhe cabe.

Nosso Deus é um Deus de ordem. Um soldado jamais poderá ocupar a posição de seu capitão por julgá-lo incapaz ou negligente. Talvez o soldado seja muito mais valente e capaz do que seu capitão, porém deve respeitar a hierarquia. Não se trata de quem é melhor ou pior; trata-se de uma ordem estabelecida. Assim é no relacionamento homem-mulher. “Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (1 Co 11:3). Ninguém ousaria afirmar que Cristo é menos do que Deus no que diz respeito a Deus ser a cabeça de Cristo. Do mesmo modo, a mulher não é menos do que o homem por ele ser a cabeça. Trata-se de uma questão de ordem estabelecida por Deus.

Quando se trata da esfera de ação da mulher cristã, pensamos muito naquilo que, segundo as Escrituras, uma mulher não pode fazer; mas o que dizer daquilo que O HOMEM não é capaz? Sim, pois há limites para o homem também. Um homem não tem tanta aptidão para mostrar o amor de Cristo a um enfermo como o tem uma irmã dedicada. Tenho três filhos e reconheço neles um crescimento espiritual, pelo ministério de minha esposa, numa maneira que eu seria incapaz de cumprir. É extremamente eficaz o trabalho de alguém quando é feito dentro da esfera de ação que Deus determinou.

Isto é ouro, prata e pedras preciosas. O trabalho feito fora das bases estabelecidas por Deus é madeira, feno e palha e não subsistirá (1 Co 3:12).

Como homens, somos limitados em certos aspectos, portanto temos que “dar o braço a torcer”, reconhecendo que há uma esfera de trabalho que é mais apropriada para as irmãs. Por outro lado, as irmãs são mais frágeis (1 Pe 3:7) e mais suscetíveis a sucumbir ante os ataques do inimigo (1 Tm 2:14). Eva foi enganada, porém Adão não foi. Ele sabia exatamente o erro que estava cometendo, mas seguiu sua mulher. Assim, por serem mais suscetíveis ao engano, o Senhor graciosamente poupa as irmãs de problemas, e à igreja de erros doutrinários, ordenando que elas não ensinem.

Se um filho meu tem problemas de saúde, eu, por amor, irei proibi-lo de participar de brincadeiras violentas.

Mas entenda, é o amor do Senhor que coloca os limites para nos poupar de muitos problemas. Sempre que dizemos que alguma coisa está nas Escrituras, “MAS…”

que temos uma maneira melhor para agir, estamos nos considerando mais sábios que Deus.

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Existe alguma condição para falar línguas estranhas?

A Palavra de Deus, escrita pela inspiração do Espírito Santo, apresenta pelo menos cinco condições para se falar em línguas estranhas, ou estrangeiras, que é a tradução mais correta por se tratar de idiomas. Se forem atendidas menos do que as cinco, não poderei crer que se trate de uma manifestação do Espírito, pois se ele Se manifestasse de uma maneira diferente daquela que ordenou, já não poderíamos mais confiar na Palavra escrita. Você poderá verificar se as cinco condições estão sendo atendidas, fazendo as seguintes perguntas: 1. A reunião onde são manifestadas as línguas é de portas abertas para todos, ou reservada apenas aos crentes? “De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis” (1 Co 14:22).

  1. São no máximo três pessoas que falam em línguas estranhas ou são muitas? “E se alguém falar em língua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito três” (1 Co 14:27a).
  2. Falam um de cada vez ou todos juntos? “… e por sua vez” (1

Co 14:27b).

  1. Existe interpretação simultânea de todos os que falam? “… e haja intérprete. Mas se não houver intérprete, esteja calado na igreja” (1

Co 14:27c).

  1. As mulheres também falam? “As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar” (1 Co 14:34).

Pode-se acrescentar ainda a pergunta: Existem judeus presentes? Pois Deus não enviou os sinais para convencer os gentios (ou gregos), mas sim os judeus, “porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1:22), e línguas era um sinal prometido aos judeus (1 Co 14:21).

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Como enfrentar as aflições?

Deus nunca prometeu uma vida fácil aqui neste mundo. Nosso lar está no céu e este mundo é apenas o lugar de peregrinação do cristão, assim como o deserto era o lugar de peregrinação dos israelitas após terem sidos salvos do Egito. O Senhor disse: “no mundo tereis aflições” (Jo 16:33).

Ele não prometeu que estaríamos livres de problemas, desemprego, enfermidades, enfim, toda a sorte de aflições.

Há muitos hoje que pregam que o cristão deve viver num ‘mar de rosas’, sem enfermidades, desemprego ou outros problemas. Isso é tão falso quanto o ensino de Himeneu e Fileto (2 Tm 2:18), que diziam que a ressurreição já havia acontecido. Ainda estamos em nosso velho corpo, arruinado pelo pecado e sujeito a dores e enfermidades, e vamos ter que permanecer nele até a vinda do Senhor para nos arrebatar e levar ao Céu. Além disso, continuamos em um mundo hostil, ainda não chegamos ao Lar, e é perfeitamente normal que os cristãos tenham problemas e aflições aqui. Mas a grande diferença é que o crente tem o Senhor e a sua graça. Isso não basta?

Às vezes sofremos não as aflições deste mundo, mas a disciplina do Senhor por causa da nossa impetuosidade (como o cavalo do Salmo 32) ou da nossa teimosia (como a mula do mesmo Salmo). O melhor é entregarmos o nosso caminho ao Senhor (Sl 37:5) e ele fará tudo o que tem que ser feito. Conheço a história de uma enfermeira crente que se dedicava ao extremo aos doentes, ganhando muito pouco. Um de seus colegas tomou a incitava de se rebelar, dizendo: “Até Deus sabe que você merece ganhar mais”. Sua resposta era: “Se Deus sabe, então não devo me preocupar. Já está nas mãos dele!”. Tudo o que passamos é do conhecimento de Deus e ele tem um propósito em tudo. Muitas vezes somos tentados a procurar mudar as coisas, tornando-as mais fáceis aos nossos olhos e, fazendo assim, agimos contra a vontade do Senhor.

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O que significa a Mesa do Senhor?

Como tenho afirmado muitas vezes, nunca o Senhor disse que um cristão deve filiar-se a alguma religião ou denominação. Portanto, a mesa do Senhor não diz respeito a alguma mesa estabelecida por homens ou por alguma denominação religiosa. É a mesa DO

SENHOR e não desta ou daquela religião.

A expressão Mesa do Senhor é usada em 1 Coríntios 10:21, em contraste com a mesa de demônios, com a qual estavam identificados aqueles que participavam das festas idólatras. Nesta passagem a expressão parece ser um sinônimo do pão, enquanto é feita referência ao vinho como cálice do Senhor.

A ideia conectada com a Mesa do Senhor é a identificação que os santos (aqueles que creem em Cristo) têm, como um só corpo, com a morte de Cristo. O cálice é a comunhão do sangue de Cristo, e o pão é a comunhão do corpo de Cristo, comunhão esta a qual todo crente deve ser fiel.

A mesa do Senhor expressa a separação daqueles que se reúnem ao nome do Senhor Jesus Cristo, ao redor da sua mesa, de tudo aquilo para o que ele morreu — do pecado e deste mundo — estando ainda separado de tudo o que o deus deste mundo apresenta na sua própria mesa.

O único pão representa a unidade dos crentes, reunidos na comunhão da morte de Cristo.

Falando de uma forma mais prática, quando cremos em Cristo e o aceitamos como Salvador, somos feitos novas criaturas, prontos para entrar no Céu. Deus nos deixa aqui por um tempo, antes de Cristo vir nos buscar, a fim de darmos testemunho da sua graça e misericórdia. Podemos ainda testemunhar de que há um só corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça nos Céus, e para isso devemos expressar de forma prática essa unidade (Jo 17:21).

Somos ainda exortados a nos reunir, no mínimo dois ou três, somente ao nome do Senhor Jesus Cristo (e não em alguma seita ou denominação religiosa), pois ele prometeu estar no meio daqueles reunidos ao seu nome (Mt 18:20). Somos exortados também a celebrar a sua ceia (1 Co 11:23-34) da forma que ele instituiu, para que fosse lembrada a sua morte. E aí entra a mesa do Senhor, como o lugar, onde nos assentamos em comunhão uns com os outros e com a morte do Senhor Jesus.

A mesa do Senhor é, portanto, o lugar onde os crentes se reúnem somente ao seu nome para lembrar a sua morte, representada no pão, figura do seu corpo, e no vinho, símbolo do seu sangue derramado na morte. Quando é assim celebrada, é o Senhor que está no meio e é ele o alvo de todas as atenções, além de ser somente a sua autoridade ali reconhecida.

Mas para ser celebrada assim, e contar com sua presença, deve estar de acordo com a sua Palavra somente onde dois ou três estiverem reunidos unicamente ao seu nome. Infelizmente, nos tempos de ruína em que vivemos, os cristãos estão todos espalhados em milhares de denominações, separados uns dos outros por nomes inventados por homens, e cada grupo celebrando sua própria ceia.

Eu e outros irmãos estamos congregados somente ao nome do Senhor e todos os domingos nos reunimos à mesa do Senhor, para celebrar a sua ceia, lembrando a sua morte que nos trouxe o perdão. Infelizmente nos dias de hoje há poucos irmãos reunidos somente ao nome do Senhor. Existe uma tendência de se fazer o que todos vêm fazendo há séculos, isto é, criar diferentes associações de cristãos com diferentes denominações, sem ao menos perguntar: Como era feito no princípio?

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Qual religião pode me salvar?

Nenhuma. E para mostrar a você que a salvação nada tem a ver com alguma religião da qual a pessoa se faça membro, gostaria de lembrar que Deus é o Criador de todas as coisas, e sem ele seria impossível nós existirmos. Dependemos dele continuamente. E o mais maravilhoso de tudo é que Deus, sendo nosso Criador, desejou ter comunhão com as suas criaturas.

Você pode imaginar o que é termos comunhão com Aquele que criou todo este universo, com suas incontáveis estrelas? Maravilhoso, não é mesmo? E Deus não apenas quis Se revelar ao homem, mostrando o seu poder na imensidão das coisas criadas, como também nos legou a sua Palavra, a Bíblia, escrita por cerca de 40 homens inspirados por Deus, ao longo de aproximadamente 1.600 anos; homens estes que viveram em três continentes diferentes, vieram de origens desde a mais simples até a mais elevada, e nos legaram este livro escrevendo partes em Aramaico, outras em Hebraico e outras (a maior parte do Novo Testamento) em Grego. E neste mosaico de línguas, costumes, eras e origens destes escritores, encontramos uma harmonia e continuidade que só fazem demonstrar que um grande Maestro esteve por trás dessa singular orquestra.

Mas Deus não parou aí. Não se contentando em nos revelar a sua Palavra, ele mesmo se fez Homem e desceu a este mundo, vindo para os que eram seus. Jesus Cristo, Deus feito homem; o ÚNICO homem perfeito, o ÚNICO sem pecado. Mas, aquele que devia ter recebido com honras e total sujeição por parte de todos, foi o mais humilhado e desprezado dos homens, chegando a ser entregue, inocente que era, para morrer como um vil criminoso numa cruz (que era a pena de morte para ladrões e criminosos).

Porém, por trás de tudo havia o propósito de Deus, que havia criado o homem para com ele ter comunhão, mas que viu sua criatura desejar seguir seus próprios caminhos e seus próprios pensamentos. O homem caiu em pecado, que é em suma o desejo de viver independente de Deus, tendo tudo dirigido por suas próprias ideias e pensamentos. Rebeldia, enfim.

Deus nos revela que ao longo dos séculos tentou de todas as maneiras trazer o homem para junto de si, sempre em vão, pois seus profetas eram mortos e aqueles que o seguiam eram desprezados. Até que o Filho de Deus se fez carne, na Pessoa de Jesus Cristo, em quem o desprezo humano chegou ao seu ápice. Aquilo que poderia parecer a ruína completa, Deus transformou em vitória, pois na cruz Jesus Cristo tomou sobre si o pecado de todos os que nele creem, morrendo ali como um réu condenado no lugar do pecador. Foi assim satisfeita a justiça. O pecado, que era uma afronta contra Deus, foi julgado na pessoa de um substituto do pecador.

E de ora em diante, todo aquele que crê em Jesus Cristo e o aceita como Salvador, é perdoado de todos os pecados e tem sua entrada assegurada no Céu.

Como pode ver, até aqui não falei de nenhuma religião, e nem falarei, pois não pertenço a nenhuma. Pertenço a Cristo e isto é o que importa. Não basta ir a alguma igreja, ou mesmo ter tido um nascimento em um lar cristão para entrarmos no reino de Deus. O Senhor Jesus afirmou, dirigindo-se a Nicodemos que era um homem extremamente religioso e zeloso de agradar a Deus, “não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3-7). Trata-se, evidentemente de um nascimento espiritual. Nicodemos queria saber como receber esse novo nascimento, ao que o Senhor respondeu: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).

Há ainda pessoas que pensam que todas as religiões levam a Deus. O Senhor Jesus afirmou: “EU SOU o caminho, a verdade e a vida.

NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR MIM” (Jo 14:6). Na realidade nenhuma religião leva a Deus, pois o Senhor afirmou que NINGUÉM vai ao Pai a não ser por intermédio dele. Só o Senhor Jesus é o caminho; só ele é a verdade; só ele é a vida. Pelo menos foi isso o que disse. E os que creem nele devem crer também nas suas palavras.

Precisamos da salvação porque somos pecadores, e não nos tornamos pecadores quando prejudicamos alguém.

Prejudicamos alguém PORQUE SOMOS PECADORES. E somos pecadores porque herdamos uma natureza pecaminosa assim como alguém recebe uma herança e não fez nada para ganhá-la. Deus afirma em sua Palavra: “TODOS

pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Isso inclui você e eu.

Tenha em mente que não é o que achamos a nosso respeito, mas o que Deus diz em sua Palavra. Isto é o que conta. Se eu estacionar meu carro em local proibido, de nada adiantará dizer ao guarda que não vi a placa de proibição. A placa estava lá, o guarda tem autoridade suficiente para me considerar um transgressor da lei, e serei castigado com uma multa quer goste, quer não. E se Deus diz em sua Palavra que TODOS pecaram, devemos baixar nossa cabeça e em temor e tremor dizer convicto: Sou um pecador. Quer sinta isso, quer não. Ele declarou; devo aceitar.

Certa vez um conhecido pregou o evangelho para algumas pessoas e depois um homem se aproximou dele dizendo que havia gostado da mensagem e que gostaria de receber a vida eterna. Ele então lhe perguntou: “Você é pecador?” ao que o homem respondeu que não, que sempre havia sido honesto, trabalhador e nunca fizera mal a ninguém. “Então não há salvação para você” foi a resposta que ouviu. “Por que não?”, o homem insistiu.

“Porque Deus diz: Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar PECADORES (1 Tm 1:15); Se você não é pecador, não há salvação, pois ele veio salvar pecadores!” foi a resposta que recebeu.

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Em que templo devo adorar?

Em Deuteronômio 14, a partir do vers. 22 vemos que havia um lugar para o Senhor fazer habitar o seu nome, onde os israelitas deveriam trazer seus sacrifícios, ofertas e dízimos. Este assunto é mais detalhado no capítulo 12 onde o Senhor mostra que haveria um lugar, e um só lugar, onde os judeus deveriam adorar, e para onde deveriam trazer seus dízimos, ofertas e sacrifícios. O lugar seria Jerusalém, reconhecido por Deus e onde ele colocaria o seu nome. A esse lugar eram dirigidas até mesmo as orações (2 Cr 6). Ali seria construído o templo por Salomão; um lugar físico de adoração.

Porém lendo João 4 vemos que tudo iria mudar com relação à Igreja. O templo, assim como Jerusalém, seria destruído. Uma nova ordem de adoradores estava para ser estabelecida, aqueles que adorariam ao Pai em Espírito e em verdade. O Senhor não deu ordens para que fosse construído algum templo cristão, uma vez que os crentes, individualmente (1 Co 6:19) e a assembleia ou igreja, coletivamente (Ef 2:20-22) seriam o templo de Deus aonde o seu Espírito viria habitar. Além do mais, o verdadeiro tabernáculo hoje se encontra no céu (Hb 8:1-2) onde também está o nosso Sumo Sacerdote.

Lembre-se que o tabernáculo representa o lugar de adoração durante a peregrinação e o Templo, durante o reino estabelecido e em paz. Assim foi com Israel, e isso eram figuras para o tempo presente quando temos um tabernáculo, porém no céu.

Portanto o lugar onde o crente deve entrar para adorar hoje é na própria presença de Deus (Leia Hb 9:1-8; 10:19-22), onde podemos entrar fundamentados na obra de Cristo e lavados pelo seu sangue precioso. Não há na terra, portanto um edifício designado por Deus, como havia o templo, nem tampouco uma cidade em especial, como era Jerusalém. Na adoração coletiva, há hoje um lugar onde podemos encontrar o Senhor pessoalmente. Onde dois ou três estão reunidos em (ou ao) seu nome (Mt 18:20). Este é o lugar onde a Igreja deve adorar, na própria presença do Senhor.

No que se refere ao dízimo, não se trata de uma ordenança para a Igreja. A finalidade de se levar o dízimo ao Templo, nos dias do Antigo Testamento ou mesmo nos dias dos evangelhos (que ainda eram dirigidos aos judeus), era para a manutenção do Templo e do seu tesouro, e para a sobrevivência dos levitas e sacerdotes, uma classe especial de homens designados por Deus, os quais se ocupavam do serviço do Templo e, no caso do sumo sacerdote, de entrar uma vez por ano na presença de Deus no Santo dos Santos.

Hoje todos os crentes são igualmente sacerdotes (1 Pe 2:5-9); não existe mais uma classe especial de homens, embora nos sistemas criados pelos homens isso ainda seja usado. Não existe um templo físico para ser mantido e não há nenhuma indicação na doutrina dos apóstolos, que é dirigida à Igreja, que esta deva dar o dízimo. Existem, isto sim, referências para que sejam feitas coletas, no primeiro dia da semana, para suprir as necessidades dos santos, isto é, dos próprios crentes.

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O cristão pode beber vinho?

É importante compreendermos que o cristão não está debaixo da lei, no sentido de faça isto, não faça aquilo (Cl 2:20-21). Sabemos que todas as coisas são lícitas àquele que crê, mas nem tudo convém (1 Co 6:12).

O primeiro milagre do Senhor foi numa festa de casamento onde se serviu bebida alcoólica. E o milagre foi justamente produzir mais bebida! Não quero com isto dizer que o Senhor é a favor da bebedice, mas também não podemos ser ingênuos como alguns que afirmam que não se tratava de vinho e sim de suco de uva. Longe de querer incentivar a bebedice, o Senhor mostrou que só ele era capaz de trazer alegria ao coração do homem (Sl 104:15).

Creio que em nossos dias a bebida alcoólica tomou um rumo diferente daquele nos tempos de Cristo quando se tratava de vinho puro de fermentação natural e fazia parte da alimentação normal, como acontece ainda em alguns países.

Hoje em dia o homem tem criado bebidas cada vez mais fortes com a intenção, não de alegrar o coração do homem, mas de embebedá-lo tornando-o inconsciente de seus próprios atos. A bebida se tornou uma fuga e uma fonte de (falsa) coragem. Cabe, então, muito bem a passagem de Oséias 4:11 que diz que “o vinho e o mosto tiram a inteligência”.

Mas, como já disse, o cristão não deve ser guiado pela lei, mas pelo Espírito. Costumo tomar vinho de vez em quando durante a refeição como meu pai, que era descendente de italianos, já fazia imitando as gerações que vieram antes dele. Aqueles que são italianos ou descendentes sabem que o vinho faz parte dos próprios costumes daquele país e é raro se encontrar uma refeição onde não se tome vinho. Não para se embebedar, mas apenas como bebida acompanhando a refeição.

Finalmente, creio que a posição de qualquer cristão não só em relação ao vinho, mas a qualquer fonte de alegria e prazer nesta vida, deve ser sempre a da noiva em Cantares 1:1-4 “…

melhor é o Teu amor do que o vinho… em Ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do Teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho.”.

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Quem deve celebrar o casamento?

É interessante lembrar que os cristãos são muito influenciados pelos costumes deste mundo, onde existe um ministro, seja padre ou pastor, que celebra uma cerimônia, unindo os noivos em nome de Deus. Isso não existe na Palavra de Deus.

Você pode procurar e não encontrará que Deus tenha delegado aos homens o poder de unir um casal em matrimônio. É Deus Quem une (O que Deus uniu, não o separe o homem). E ele não deixou a ninguém a autorização para dizer coisas tais como: “Em nome de Deus eu vos declaro marido e mulher”.

O juiz de paz, sim, tem esta autoridade para declarar um casal como unido diante da lei dos homens, pois os homens lhe delegaram tal poder. Mas perante Deus, é só ele quem une. Deus honra o matrimônio civil, pois as autoridades que existem foram por ele instituídas, e devemos obedecê-las. Mas não existe na Palavra de Deus o que é conhecido como “casar no religioso”.

Mas o casamento não deixa de ser uma união abençoada por Deus (e não por algum homem), pois ele une e ele abençoa. Portanto é um momento solene, e é próprio que assim seja celebrado.

Nas cerimônias de casamento entre cristãos que costumo assistir, normalmente o casal se casa no civil (ou no cartório ou na festa de casamento) e após a celebração civil, antes de dar início à festa (quando há), um irmão (convidado antecipadamente pelos noivos) costuma trazer uma palavra para os convidados, normalmente girando em torno do tema do casamento, mas com um fundo evangelístico, pois a maioria das pessoas presentes costuma ser parentes e amigos incrédulos.

Pode até mesmo dirigir alguma palavra de exortação aos noivos, mas nunca se colocar na posição de alguém que os esteja unindo. Deus é quem une. O que fala é apenas um irmão convidado para trazer à memória a importância do ato e buscar ainda anunciar a bondade do Senhor em buscar para si uma noiva, comprando-a com o seu próprio sangue.

Entenda que tudo o que estou escrevendo não são normas ou regras para se executar um casamento, mas apenas o costume que temos visto entre os irmãos reunidos somente ao nome do Senhor.

Um ponto eu volto a frisar pela sua importância: ninguém tem o poder de unir um casal em matrimônio, ao menos no que diz respeito às coisas de Deus. O máximo que alguém deve fazer é dirigir uma palavra aos ouvintes ou mesmo fazer uma oração pelos noivos, mas nunca os declarar perante Deus marido e mulher. Isto é um costume estranho à Palavra de Deus e foi aceito pelo protestantismo juntamente com outras coisas que trouxeram do catolicismo romano.

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O que é ósculo?

A palavra “ósculo” que você encontra na Bíblia significa “beijo”. A saudação fraternal é algo encontrado em quase todas as epístolas. Eram cartas enviadas pelo que escrevia, bem como pelos que estavam com ele, a outros cristãos em outros lugares. Há ainda o pedido para que se saudassem uns aos outros com ósculo, ou beijo santo. O

ósculo já era a forma usual de saudação tanto entre homens como entre mulheres no Oriente Médio, e ainda é hoje em alguns países. O detalhe estava em que tal ósculo praticado entre irmãos fosse “santo” (Rm 16:5-23; 1 Ts 5:26; Tt 3:15).

Quando a má doutrina começou a se disseminar na igreja professa, a questão da saudação tornou-se um assunto mais sério. A “senhora” a quem o apóstolo João escreveu foi claramente instruída a não receber em sua casa qualquer um que não trouxesse boa doutrina, e ela não deveria nem saudar alguém assim. Fazê-lo seria tornar-se moralmente participante com ele de suas obras más. (2 Jo 1:10-11; Rm 16:17).

Não encontro na Bíblia alguma forma estabelecida de saudação, mas encontro que os irmãos devem saudar-se uns aos outros de um modo santo ou com amor. O importante não é a maneira, mas a comunhão que é intrínseca à salvação.

(1

Pe 5:14) “Saudai-vos uns aos outros com ósculo DE AMOR”.

(1

Co 16:20) “Saudai-vos uns aos outros com ósculo SANTO”.

O ósculo é bíblico e pode ser praticado, desde que seja santo. Se for dado com constrangimento, ou for motivo de escândalo, já não será conveniente ou santo aos olhos de quem dá, recebe ou observa. Creio que é muito mais fácil para alguém aceitar isso na Rússia ou na Itália, ou mesmo no oriente médio, onde os homens se beijam normalmente como um cumprimento. No Brasil o beijo entre dois homens pode ser interpretado por algumas pessoas como homossexualidade.

Portanto, cabe aí uma dose de discernimento que o cristão deve ter para saber qual reação uma saudação assim pode causar no ambiente onde está. Entendo que o ósculo deva ser usado com cautela para não escandalizar (1 Co 10:32). Às vezes quando encontro um irmão que não vejo há muitos anos posso até beijá-lo no rosto como costumava fazer com meu pai. Mas não se trata de um cumprimento automático, como fazemos ao dar a mão a alguém.

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O que significa o lava-pés?

O lava-pés é, em sua essência, um costume tipicamente judaico, que está ligado à purificação. Para nós, cristãos, que já estamos purificados totalmente (Jo 13:10), basta lavar os pés. Mas pessoalmente não creio que seja no sentido de passar águas nos pés, mas em dois sentidos principais. Primeiro, no sentido de servirmos, nos considerando menores do que nossos irmãos (Jo 13:15-17; Rm 1210).

A importância do ato não estava em se colocar água numa bacia e lavar os pés daqueles homens, mas em QUEM

estava fazendo aquilo. Se ele chegou a fazer tal coisa, tendo que se curvar diante das suas próprias criaturas, na condição de um Servo, o que não devemos fazer para imitá-lo. “Porque eu vos dei o exemplo, para que, COMO EU FIZ (e não o que eu fiz), façais vós também.” (Jo 13:15).

O outro significado diz respeito ao nosso andar neste mundo. São os nossos pés que ficam em contato com o pó deste mundo, que se apega a nós. Quando um irmão vem me falar do Senhor e de como vale a pena segui-lo, sinto como se ele estivesse me lavando os pés. O seu ministério está tirando a poeira (as coisas deste mundo) que estava grudada em mim. Quão bom se tivéssemos mais deste lavar de pés com a água mais pura que é a Palavra de Deus! (Ef 5:26).

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Existem profetas hoje?

Quanto à existência de profetas nos dias de hoje, creio que em Efésios 2:20 temos uma evidência de que eles não mais existem. Pelo menos no sentido de profetas do Novo Testamento, que supriam uma necessidade que não temos hoje. Eles não tinham ainda a Bíblia completa como nós temos, a completa revelação de Deus. Era um período de transição e recebiam a Palavra diretamente de Deus.

Por isso, juntamente com os apóstolos (que não mais existem) formaram o fundamento ou alicerce da Igreja, sobre o qual somos hoje colocados como pedras vivas. Hoje vemos a profecia no sentido de se falar por Deus, ou seja, quando alguém está falando a Palavra de Deus, conforme está na Bíblia, está profetizando. Mas isto é bem diferente das revelações que eram dadas aos profetas do Novo Testamento. Nada mais falta para nos ser revelado, pois se faltasse, a Bíblia estaria incompleta.

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João Batista era Elias?

Geralmente esta pergunta é feita tendo em vista alguns que utilizam a ideia para fundamentar crenças reencarnacionistas. Primeiro, é importante lembrar que Elias não morreu. Ele foi levado para o céu em um evento milagroso, um redemoinho descrito em 2 Rs 2:1-13: “SUCEDEU que, quando o SENHOR

estava para elevar a Elias num redemoinho ao céu, Elias partiu de Gilgal com Eliseu… E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho… O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu.”.

Ao contrário do que os espíritas acreditam João Batista não era Elias reencarnado, mesmo porque Elias não morreu. E ao contrário do que muitos cristãos pensam Elias não subiu ao céu numa carruagem de fogo com cavalos de fogo, como aparece em algumas figuras bíblicas. A carruagem aparentemente apenas separou Elias de Eliseu, porém o texto diz que Elias subiu num redemoinho.

Sobre a declaração no Novo Testamento de que João Batista era o Elias que havia de vir, Malaquias 4:5-6, comparado com Lucas 1:17 tem uma explicação bastante clara. João Batista foi um profeta que veio “no espírito e poder de Elias”, antes do “grande e terrível dia do Senhor”, para tocar o coração do povo, se este o recebesse.

Mas como não foi recebido, a não ser por uns poucos, João declara aos judeus que ele não era o Elias.

Portanto o ministério de Elias fica para ser plenamente cumprido quando Cristo aparecer em glória (Ml 4:5-6; Mt 11:14; Lc 1:17; Jo 1:21).

Quando as autoridades religiosas mandaram perguntar a João quem ele era, ele declarou que não era o Cristo, nem Elias, nem o profeta de Deuteronômio 18:15-18. Ele era “a voz do que clama no deserto”, conforme Isaías havia profetizado (Jo 1:19-23). O

Senhor, ao falar de João, disse: “Elias já veio” (Mc 9:13), o que parece contradizer João 1:21.

Outra passagem, porém, explica isto: “E se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir” (Mt 11:14). João havia vindo no espírito e poder de Elias, conforme previra o anjo Gabriel; e ele era o Elias para aqueles que o receberam e lhe deram crédito, seguindo mais tarde ao Senhor Jesus, como André e outro discípulo em João 1:40.

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Quando um cristão se torna santo?

Somos santos, pois Deus nos tornou santos. O termo “santificação” tem três significados.

– Quanto à sua posição, os crentes foram eternamente separados para Deus mediante a obra de redenção; “temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez”. (Hb 10:10). Portanto, do ponto de vista de sua posição, os crentes são santificados e santos desde o momento em que creem em Jesus (Fp 1:1; Hb 3:1).

– Quanto à sua experiência, o crente está sendo santificado pela obra do Espírito Santo mediante as Escrituras (Jo 17:17; 2 Co 3:18; Ef. 5:25-26; 1 Ts 5:23-24).

– Quanto à consumação, é necessário que o Senhor venha para que seja consumada a completa santificação do crente (Ef 5:27; 1 Jo 3:2).

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Não é presunção você dizer que está salvo?

Não creio que seja uma presunção afirmar que estou salvo. Se a salvação é pela fé somente, sem obras, não é presunção se afirmar salvo. Deus me diz que se eu crer em Cristo terei a vida eterna; não entrarei em condenação. Eu creio em Cristo. Devo, a partir de então, duvidar da promessa de Deus para aquele que crê? De modo algum.

Não é presunção nem hipocrisia afirmar que se tem a salvação, se a única prerrogativa para sermos salvos é sermos pecadores (1 Tm 1:15). Ele não veio salvar justos (pois não os há), mas pecadores. Se eu me reconheço pecador, arruinado pelo pecado e inimigo de Deus (Rm 5:10), e estou consciente de que nunca poderei melhorar minha velha natureza, caída e corrompida pelo pecado (Jr 13:23), e venho a Cristo, crendo nele e esperando apenas na misericórdia e graça de Deus (e não em meus méritos), não estarei sendo hipócrita e presunçoso.

Por outro lado, uma pessoa que crê que a salvação é pelo seu reto proceder e pela sua obediência, esta sim estará adotando uma posição pretensiosa e soberba, pois mesmo que afirme que não pode ter certeza de já estar salvo, tem a esperança de que um dia “chegará lá” pelos seus esforços. Paulo, que se reconhecia “o principal” dentre os pecadores, tinha a certeza de ser levado pelo Senhor, quando se incluiu no arrebatamento da Igreja (1 Ts 4).

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Qual o significado da Besta e do 666 em Apocalipse?

A respeito do anticristo, e do número da besta, a palavra “besta” é usada simbolicamente para demonstrar a ignorância do homem (Sl 73:22), agindo como uma criatura irracional, isto é, sem consciência diante de Deus. No original, é a mesma palavra que aparece traduzida de forma diferente em Sl 94:8; Jr 10:8, 14, 21; 51:17.

A palavra “besta” é usada também para designar grandes poderes seculares, tendo diferentes características, dependendo da criatura simbólica que é descrita, mas significando em todos os casos a ausência de qualquer conexão moral com Deus. Desta forma foi usada por Daniel referindo-se aos quatro grandes reinos (Dn 7:3-23), em Apocalipse referindo-se ao Anticristo e ao Império Romano restabelecido (Ap 13:1; 20:10).

Quanto ao número da besta, 666, muitos já tentaram decifrá-lo, fazendo contas mirabolantes e chegando a identificar os papas como sendo a besta. Não creio que esteja certo pensar assim, pois, embora a besta tenha poder eclesiástico, em Ap 17:16 vemos a grande meretriz, a Babilônia, que é a cristandade professa, da qual não faz parte apenas Roma, ser desolada pelos dez chifres da besta.

Essa cristandade inclui todo o sistema cristão criado por homens, que estará então unificado sob a influência de Roma. Os verdadeiros crentes, mesmo aqueles que agora pertencem a tais sistemas, serão arrebatados por Cristo antes da revelação da besta, ficando aqui na terra apenas as organizações chamadas cristãs, com seus membros que não tiverem sido renascidos, os quais continuarão a celebrar seus cultos e ofícios religiosos, se unindo cada vez mais até darem as boas vindas à besta.

O número 666 significa número de homem. Na Bíblia encontramos que o número 7 significa algo espiritualmente completo. Costuma estar relacionado ao bem e à perfeição. (Nm 8:2, Lv 4:6-17; 8:11, Ap 1:4). Já o número 6 significa imperfeição ou algo incompleto, pois não chega a ser sete. O número 3 é algo completo em seu testemunho, assim como Deus é completo sendo uma trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto ainda um só Deus.

Portanto, o número 6 repetido 3 vezes pode ser identificado como a completa imperfeição. Satanás irá querer imitar a Trindade divina, pois vemos a atuação de Satanás, da besta e do falso profeta. Portanto 666 é a imperfeição elevada ao seu grau máximo. Pode ser que o número em si tenha um significado mais particular, identificando um determinado homem.

Mesmo assim, isso são apenas suposições, pois não devemos nos esquecer de que o número citado em Apocalipse não são três números “6”, como “seis, seis, seis” ou “meia, meia, meia” como costumamos dizer, mas “seiscentos e sessenta e seis”, um número inteiro.

Todavia, como o iníquo só será revelado após o arrebatamento, é infrutífero ficarmos tentando associar o número a algum homem. Assim como teria sido impossível para um israelita do Antigo Testamento discernir a Igreja, que só seria revelada a Paulo (e depois aos outros apóstolos e profetas do NT — Ef 3:5) e, mesmo assim, depois de sua formação no dia de Pentecostes, tentar discernir algo que só irá interessar o remanescente judeu depois do arrebatamento pode não ser exatamente o que Deus quer daqueles que hoje fazem parte da igreja. O remanescente judeu que vai se converter durante a tribulação, depois que nós, a Igreja, formos arrebatados, terá subsídios suficientes para discernir o homem ao qual o número 666 se refere.

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Qual a diferença entre ‘pecado’

e ‘pecados’?

Pecado é o que temos por natureza. Em 1 João 3:4 diz que o pecado é iniquidade. Algumas traduções dizem que o pecado é a transgressão da lei. Essas traduções estão erradas, pois se assim fosse, não teria havido pecado antes da Lei. A tradução correta é que o pecado é a ausência do princípio da lei, ou do princípio de sujeição a Deus.

Quando Adão pecou, ele não se submeteu à ordem de Deus. Essa insubordinação que temos por natureza é o princípio ativo do pecado em nós. Isto é o pecado.

Pecados são os frutos ou produtos do pecado ou dessa natureza má que temos. Cristo recebeu, na cruz, o castigo pelo pecado de todo o mundo, mas levou sobre si os pecados daqueles que nele creem. O pecado foi julgado e condenado na cruz. Os pecados foram levados por Cristo para serem lançados no esquecimento. Lembra-se dos bodes de Levítico 16? Um bode era morto e queimado, tipificando Cristo morrendo por causa do pecado; o pecado sendo julgado em um ser inocente. O outro bode tinha a mão do sacerdote sobre sua cabeça, o qual confessava os pecados do povo. Este bode não era morto, mas sim levado para o deserto, para um lugar de onde não pudesse voltar. É um tipo de Cristo levando nossos pecados.

O crente não é salvo pelo seu arrependimento, mas sim pela obra de Cristo na cruz. O sangue de Jesus já nos fez aceitáveis a Deus, e hoje temos um lugar garantido no céu. Como estamos em um corpo ainda sujeito ao pecado, Deus nos deu um Advogado, Cristo, que está continuamente intercedendo por nós na presença de Deus. A sorte de um réu não está condicionada ao quão arrependido ele está do crime que cometeu, mas à habilidade e aceitação que seu advogado tem diante do juiz.

Assim é conosco. Nenhum crente jamais perderá a salvação. Quando Cristo vier para buscar os seus no arrebatamento, nenhum dos que verdadeiramente creram ficará na Terra. Os que ouviram e não creram não terão outra chance (leia Tessalonicenses), pois Deus enviará a operação do erro para que creiam na mentira de Satanás. Os que não ouviram ainda terão chance de se converter durante a tribulação, porém não terão o Espírito Santo habitando neles.

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Você já pertenceu a alguma denominação?

Eu me converti quando estava imerso em filosofias orientais, tendo escutado o puro evangelho de um colega de faculdade. Como nosso contato ficou interrompido e eu nada sabia sobre igrejas ou denominações, voltei ao catolicismo (origem de todo bom brasileiro) e me apliquei ao estudo da Bíblia e da doutrina católica.

Em menos de um ano já começava a perceber que havia algo de errado, não com a Bíblia, mas com o catolicismo. Nessa época eu morava em Alto Paraíso de Goiás, um vilarejo onde trabalhava como professor e para o qual fui levado pelo ideal de fazer alguma diferença neste mundo.

A princípio frequentava a igreja católica, mas na ausência do padre que viajou, passei a me reunir em uma pequena congregação batista composta por apenas uma família e duas viúvas, pessoas que me são queridas até hoje. Aprendi muito com aqueles irmãos.

Pela falta de um pastor, logo eu estava pregando o evangelho junto com o outro irmão. Enquanto aguardava pelo batismo que, segundo a denominação, teria que ser feito por um pastor, o Senhor começou a me despertar para a questão do corpo de Cristo.

O batismo foi adiado por duas vezes, primeiro por causa de um ataque cardíaco no primeiro pastor que viajaria até lá, e depois por um acidente de automóvel envolvendo o segundo pastor.

Nesse meio tempo eu brigava, por meio de cartas e palavras, com irmãos que havia conhecido e que se reuniam somente ao nome do Senhor, que reconheciam que a igreja é formada por TODOS os salvos, e que procuravam se reunir separados de todo sistema que de algum modo diminua esta verdade. Eu resistia àquelas ideias.

Mas não existe nada como o toque do Espírito em nosso coração para nos ensinar a sua Palavra. A tradução Almeida Atualizada diz: “Se alguém QUISER

fazer a vontade dele, CONHECERÁ a respeito da doutrina” (Jo 7:17). A ordem é sempre esta, e não o inverso. A um coração desejoso de fazer a sua vontade, o Senhor mostrará que vontade é essa.

Tenho certeza de que você concordará com isto, pois sendo um salvo já experimentou isto em sua vida.

Quando fechamos a torneira de nossos argumentos, de nossa sabedoria e de nossa vontade própria, aí estamos prontos para que ele possa nos falar. E ele sempre o faz.

Convencido de que não deveria defender o denominacionalismo, e que deveria ser “apenas” um cristão, e não um batista, faltava o Senhor me mostrar que deveria me separar fisicamente do sistema, já que meu pobre e viciado entendimento acreditava haver maior proveito para a obra de Deus se continuasse pregando naquela congregação, que agora tinha sempre “a casa cheia” com meus alunos. Orei por algum tempo até receber a resposta.

Escrevi minha própria experiência sem saber se servirá para alguma coisa. Atrevo-me apenas a deixar a você o que aprendi em Atos 20, quando Paulo antevia um futuro de dificuldades para o rebanho (At 20:28-32). Ali os anciãos ou presbíteros já não são vistos como eleitos por homens por indicação dos apóstolos, como era feito no princípio, mas constituídos pelo Espírito Santo, a única condição fidedigna em tempos de ruína.

A distância de Paulo e de sua doutrina, que basicamente trata do mistério da Igreja, o Corpo de Cristo (Ef 3), um mistério revelado pela primeira vez a Paulo, daria oportunidade à entrada dos lobos cruéis, pessoas de fora interessadas na destruição do rebanho. E não somente isto, mas dentre eles mesmos, homens salvos, se levantariam falando coisas perversas, ou melhor, traduzindo, pervertidas ou distorcidas, com uma só finalidade: serem seguidos pelo rebanho.

Em tal estado de coisas, Paulo os entrega, não a um Papa, a um sistema, a uma convenção ou junta de homens, mas a Deus e à Palavra da sua graça. Isso é tudo o que necessitamos em um tempo de abandono e ruína como este em que vivemos.

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Como posso servir mais ao Senhor?

Vejo que o seu desejo é de conhecer ao Senhor Jesus para melhor servi-lo. A melhor escola para isso é ficar aos seus pés. Não pense também que trabalhar para o Senhor é o mais importante. Marta estava trabalhando muito para servir o Senhor, e ele chamou sua atenção por estar ocupada COM O TRABALHO, enquanto elogiou Maria que estava ocupada COM SUA PESSOA.

Estou me referindo a Lucas 10:38

quando o Senhor visitou a casa de Marta, irmã de Lázaro e de Maria. Vemos Marta ocupada com muitas coisas e Maria assentada aos pés do Senhor ouvindo sua Palavra.

Quando Marta reclamou da situação, o Senhor a repreendeu mostrando que Maria havia escolhido a boa parte e esta não lhe seria tirada. Vemos que o serviço de Marta, embora feito com boa intenção, estava fora de lugar, pois ela se ocupava com tudo, menos com a Pessoa do Senhor.

Encontramos Marta em outra ocasião. O Senhor havia ressuscitado a Lázaro e Marta passou a ter um conhecimento real de quem era o Senhor. Que mudança aconteceu! Vemos Marta, então, no capítulo 12 de João, mas ali ela não está preocupada com o serviço e sim com o Senhor. Em João 12:2 e 3 podemos contemplar o quadro completo e harmonioso para a vida de um cristão. Não há nenhum motivo para repreensão por parte do Senhor, pois Lázaro conhece o Senhor que lhe restituiu a vida; Marta sabe que o objetivo do seu serviço é o Senhor e Maria continua em sua atitude de adoração aos pés daquele que é Digno.

Que exemplo maravilhoso para nós: Lázaro à mesa, demonstrando COMUNHÃO com o Senhor; Marta mostrando o SERVIÇO no seu devido lugar e Maria oferecendo sua ADORAÇÃO e se deliciando com suas palavras. É disto que precisamos para uma vida cheia de gozo. Comunhão, Serviço e Adoração. Mas tudo em perfeito e harmonioso equilíbrio, tendo sempre o Senhor como objetivo.

Para que possamos aprender mais da Palavra de Deus, é preciso que deixemos de lado muitas coisas às quais estamos habituados. Talvez você esteja pensando em vícios ou coisas desse tipo, mas estou me referindo a tudo aquilo, pequeno ou grande, que não seja exatamente da forma que o Senhor ensinou. Em João 7:17, na versão atualizada da Bíblia traduzida por Almeida, lemos: “Se alguém quiser fazer a vontade dele (do Pai) conhecerá a respeito da doutrina”.

Este é um princípio extremamente importante e Paulo apresenta outro aspecto quando diz: “Porventura procuro eu agora o favor dos homens, ou o de Deus? ou procuro agradar a homens?

Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:10). Se o seu desejo é fazer a vontade de Deus, fique certo de que muitos homens não se agradarão disso, e poderá encontrar oposição até dentre os irmãos.

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Devemos usar instrumentos musicais na adoração?

Para compreender, não somente o assunto acerca de instrumentos musicais, como também a respeito do dízimo e de outros temas de igual importância, é necessário que você entenda o que é o Antigo Testamento, e o que é o Novo Testamento. É necessário compreender o que é o povo terrenal de Deus (Israel) e o que é o povo celestial de Deus (Igreja).

Se isto não for compreendido, haverá uma grande confusão com respeito à Palavra de Deus. Aliás, creio que não haveria tantas divisões entre o povo de Deus se estas diferenças fossem compreendidas.

Deus tem um povo ao qual foram feitas revelações e promessas: o povo judeu. A este povo foi dada a Lei por intermédio de Moisés e Deus irá cumprir todas as promessas que lhe dizem respeito. Aquele povo tinha uma promessa terrena: uma terra prometida, abundância de colheitas, saúde, prosperidade, muitos filhos, etc. Tenho certeza de que não preciso citar os versículos do Antigo Testamento que contém essas promessas, pois você será capaz de encontrar vários deles. Não havia para eles, porém, nenhuma referência ao Céu; nenhuma promessa celestial. O culto daquele povo era um culto terreno e exterior.

Eles não tinham o Espírito Santo habitando neles, embora estivesse com ele, pois o crente, como habitação do Espírito Santo, é algo que somente encontramos após a formação da Igreja no dia de Pentecostes. Se ler atentamente Hebreus, perceberá do que estou tratando. Havia o judaísmo, com seu templo terreno, seus sacerdotes instituídos de uma determinada tribo, seus sacrifícios de animais, seus corais com cantores (que eram da tribo de Levi, cf. 1 Crônicas 15) usando roupas especiais, etc.

Mas, como poderá perceber em Hebreus, com a formação da Igreja, Deus trouxe algo melhor do que o judaísmo; algo que estivera oculto em mistério (Ef 3) para ser revelado no tempo apropriado. A Igreja nada mais tem a ver com o Judaísmo. Eles possuíam um templo feito de pedras, somente um, que estava em Jerusalém; hoje, nós que cremos somos templos, tanto o nosso corpo é templo de Deus (1 Co 6:19) como, coletivamente (1 Co 3:16).

Somos, coletivamente, “Casa de Deus”, Igreja do Deus vivo (1 Tm 3:15), não mais feita de pedras mortas como era o templo em Jerusalém, mas construída com pedras vivas (1 Pe 2:5). Que imenso contraste do judaísmo! Os judeus eram homens oferecendo um culto exterior a Deus e necessitavam de todo um aparato magnífico, porém exterior.

Nós temos o Espírito Santo de Deus habitando em nós. O cântico espiritual que sai de nosso coração (Cl 3:16) já é um produto do Espírito que habita em nós e que faz com que nossos louvores sejam elevados a Deus.

Se você compreendeu que não somos judeus, mas igreja de Deus, irá perceber que devemos buscar as doutrinas da Igreja nas cartas dos apóstolos. Sim, pois era assim que os primeiros cristãos faziam (At 2:42). Não temos doutrinas para a Igreja no Antigo Testamento, pois a Igreja ainda não tinha sido formada. As ordenanças do Antigo Testamento eram dirigidas aos judeus. Se formos adotar as ordenanças do Antigo Testamento, teremos que deixar de comer carne de porco, precisaremos viajar a Jerusalém para adorar (pois não poderia haver outro templo), teremos que nos fazer circuncidar, e tudo aquilo que encontramos que era dirigido aos judeus.

A grande confusão que existe hoje é que alguns cristãos escolhem algumas doutrinas do Antigo Testamento enquanto outros escolhem outras doutrinas, cada um procurando aquelas que mais se adaptam a si mesmos. Há, assim, confusão e divisão.

Para o cristão, o Antigo Testamento continua sendo a Palavra de Deus, assim como o Novo Testamento, mas pertence a uma velha ordem de coisas; uma velha maneira de Deus tratar com o homem. O que vemos lá serve para nos ensinar, trazendo-nos consolação (Rm 15:4), porém nada mais são do que sombras (Hb 8:5 e 10:1) das coisas que haviam de vir. Se vejo a sombra de alguém que amo chegando à porta de minha casa, me alegro. Mas assim que a própria pessoa chega, não vou mais me ocupar com sua sombra; tenho algo mais concreto e completo para me ocupar.

Cabe aqui lembrar que os quatro evangelhos estão incluídos em uma época de transição entre o judaísmo e o cristianismo. Você encontrará pouca coisa concernente à Igreja nos evangelhos (estou me referindo às doutrinas, e não ao ensino do Senhor). Há ainda que se ter cuidado em discernir nos evangelhos o que é dirigido ao remanescente judeu que participará do reino.

Você poderá perceber que era uma época de transição, mas ainda sujeita às coisas do judaísmo, pois o Senhor ainda não havia completado sua obra, pelo simples fato de o Senhor exortar os seus discípulos a fazerem o que os fariseus ensinavam (embora não devessem fazer o que eles faziam). Ele os exortava também a dar a didracma, que era o imposto para o templo (de Jerusalém). Ora, se fôssemos obedecer isso hoje, teríamos que nos dirigir a Israel, procurar os fariseus e pedir que nos ensinassem o que devemos fazer. Além disso, teríamos que entregar a eles nosso dinheiro para a manutenção do Templo (que não existe mais).

Infelizmente a grande maioria da cristandade não entende a diferença e procura adaptar as coisas concernentes à antiga dispensação, adotando costumes e práticas do judaísmo. Se você não aceita que judaísmo e cristianismo são coisas diferentes, deixará de aprender muitas coisas que dependem do entendimento deste ponto de grande importância.

Tratando agora diretamente do assunto relativo à música, uma vez que compreendemos que não estamos mais no judaísmo, não devemos buscar no Antigo Testamento como devemos proceder com respeito ao assunto. Se verificar no Novo Testamento, Rm 15.9; 1 Co 14:15; Ef 5:19; Cl 3:16; Hb 2:12; Tg 5:13, verá que estas passagens que falam de música não fazem qualquer referência a instrumentos musicais. Você não encontrará qualquer referência a corais, conjuntos e coisas desse tipo no Novo Testamento. Ali você encontra a doutrina dos Apóstolos e não foi deixada nenhuma indicação para que formássemos orquestras para adorar a Deus. Tenho certeza que você concorda que Deus aceita a adoração do mais humilde dos seus filhos, mesmo que cante desafinado e sem voz bonita.

Desde que venha do coração e seja dirigido ao Senhor (Ef 5:19; Cl 3:16), eu e você podemos ter certeza de que será um cântico aceito e mais agradável a Deus do que o cântico dos levitas em 2 Crônicas 5:12-14. Se Deus se agradasse de todo aquele aparato exterior, ele teria mantido tudo igual. Mas não, Deus quis trazer “vinho novo”

e os odres velhos não podem conter tal vinho. Tenho certeza que um simples cântico entoado de coração e para o Senhor deixa muito menos lugar para a carne do que conjuntos, corais e orquestras ensaiados cuja maior preocupação é agradar o público que os está ouvindo.

Cabe aqui fazer um parêntesis.

Tudo o que estou escrevendo diz respeito à adoração coletiva, quando os crentes se reúnem como igreja ou assembleia para louvar e adorar a Deus. Ali, na presença do Senhor, entoamos nossos louvores de coração, usando o melhor instrumento que nos deu, a nossa voz. Não há necessidade de mais nada; nosso louvor será aceito. Em nossos lares, porém, nada impede que toquemos instrumentos musicais, mesmo em companhia de outros irmãos, ou que tenhamos discos com cantores e orquestras de música cristã para nos entreter. É um costume bastante salutar ocupar nossos momentos com boa música cristã.

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Quem deve liderar nas reuniões da igreja?

Uma das coisas que mais intrigam aqueles com quem converso acerca de reunir-se somente ao nome do Senhor é o fato das Escrituras não apresentarem nada parecido com o que encontramos hoje, ou seja, um homem liderando uma congregação e dando a ela ensino, exortação, consolo, além de determinar a ordem das reuniões.

A razão do espanto de alguns é que muitas vezes acreditamos que aquilo que é normalmente praticado é o correto. Mas você poderá procurar no texto da Palavra de Deus (no que se refere à Igreja, e não a Israel) e verá que não havia um líder dirigindo uma congregação. Vemos isto em nossos dias, mas não é assim que ensina a Palavra.

Você encontrará pastores, presbíteros, bispos ou anciãos (veja At 20:17-28), e sempre no plural.

Havia os bispos ou anciãos em Éfeso, Corinto, etc. Nunca havia um único homem à frente de uma congregação como encontramos em muitos lugares nos nossos dias. E, de qualquer modo, aqueles que tinham a responsabilidade de pastorear o rebanho não eram “dirigentes” do rebanho, no sentido de exercer domínio sobre as ovelhas. Porém as apascentavam; tinham cuidado delas, procurando servir de exemplo (1 Pe 5).

Mas esse cuidado se limitava à assembleia como um todo e nunca era exercido no sentido de dirigir uma reunião. Na reunião da assembleia o Espírito Santo tem a direção e pode usar quem ele desejar (você encontra algum homem dirigindo a reunião descrita em 1 Co 14:26-40?).

Quanto ao sacerdócio, no Antigo Testamento havia apenas um que poderia entrar no Santo dos Santos, que era o sacerdote. Hoje todo crente tem acesso livre ao Santo Lugar, além do véu, no verdadeiro santuário, graças ao sangue de Jesus (Hb 8:1-3; 10:19-22).

Somos todos IGUALMENTE sacerdotes diante de Deus.

A ideia de que exista um clero (composto de sacerdotes humanamente instituídos) é uma ideia católica romana, que foi adotada por muitos protestantes. Mas não é algo bíblico. No Antigo Testamento somente os sacerdotes poderiam ministrar, ou trazer oferendas, no Santuário. No Novo Testamento isto continua valendo, com a diferença de que cada crente verdadeiro é um sacerdote.

A Ceia do Senhor é um memorial do sacrifício de Cristo, quando cumprimos o mandamento do Senhor e oferecemos a Deus sacrifícios de louvor. Na Ceia não há lugar para a manifestação de dons como evangelistas, pastores ou mestres. É a adoração e a memória de Cristo que estão em evidência. E quem pode lembrar Cristo? Quem pode trazer uma oração de ação de graças pelo Cordeiro de Deus? Quem pode elevar sua voz em louvor àquele que deu seu sangue para nos salvar? Será que somente uma classe privilegiada de homens pode fazer isto?

Concordo que nem todo crente tem o dom para ministrar a Palavra de Deus, ou evangelizar, ou pastorear ou ensinar. Mas todo aquele que foi redimido tem o direito e o privilégio de agradecer àquele que morreu para nos redimir. Portanto, qualquer salvo por Cristo tem o direito, e por que não dizer, a ousadia, de se levantar na Ceia e, dando graças, partir o pão e entregar o vinho para que sejam passados por todos os que estão em comunhão à mesa do Senhor.

Para compreender a ordem dada à igreja no Novo Testamento, é necessário que se esqueça do que se vê nas denominações e se adote somente o que é encontrado na Palavra de Deus. Caso contrário nunca se terá o privilégio de desfrutar de muitas das coisas que Deus tem preparado para os seus.

Lembre-se de que os pensamentos de Deus não são os pensamentos dos homens. Israel tinha a Deus como seu Rei, mas quiseram um rei “como as outras nações”. Eles queriam ser iguais aos outros, pois pensavam como poderiam ter ordem sem um rei humano? Deus, a muito contragosto, lhes dá Saul. Muitos não podem compreender como pode ser uma reunião dirigida pelo Espírito de Deus, pois onde se reúnem há um dirigente humano.

Mas posso testemunhar a você que, reunindo-me somente ao nome do Senhor, sem denominação ou dirigente humano, desfruto juntamente com os irmãos, a cada semana, e várias vezes por semana, da direção do Espírito nas reuniões. Tudo com ordem e decência. Um irmão sente em seu coração que deve sugerir um hino, outro se levanta e traz uma oração, outro convida os irmãos a abrirem suas Bíblias e traz uma palavra de exortação, outro ministra palavras consoladoras e outro é usado pelo Espírito para edificar. Tudo em perfeita ordem e decência, com começo, meio e fim.

E isso é experimentado por mim e por muitos irmãos no mundo todo que se reúnem regularmente somente ao nome do Senhor, sem nenhum outro nome além do nome do Senhor, sem nenhum outro líder além do Espírito Santo e sem nenhum dogma ou estatuto além da Palavra de Deus. Você acredita que Deus é suficiente para isto?

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Qual o verdadeiro lugar de adoração?

Vivemos hoje o dia do homem, onde a vontade humana é que manda. É mais ou menos como na época de juízes, um dos livros mais tristes da Bíblia: “Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21:25). Como chegamos a tal ponto? Deixando a sujeição à autoridade do Senhor e assumindo as rédeas do testemunho de Cristo na Terra. O resultado é ruína.

Quer ver como é a vontade do homem que prevalece? Se você perguntar a alguém onde você deve se reunir, a resposta pronta será: Procure uma igreja onde Cristo seja honrado e a Palavra de Deus seja pregada. Se você bater à porta do primeiro local de reuniões que encontrar e perguntar às pessoas se ali Cristo é honrado e a Palavra de Deus é pregada, se achará uma pessoa de sorte, pois já achou o lugar na primeira tentativa. Obviamente as pessoas dirão que fazem assim ali, mesmo que sejam espíritas, mórmons ou testemunhas de Jeová. Ninguém irá dizer a você que Cristo é desonrado ali.

Todavia, se uma reunião, que tenha o objetivo de ser uma reunião de cristãos ao nome do Senhor, for dirigida por um homem, posso afirmar sem medo de errar que não está honrando o Senhor e muito menos obedecendo à sua Palavra. Se você ler atentamente 1 Coríntios 14, não encontrará ali nenhum dirigente além do Espírito Santo. Pelo contrário, todos os membros do corpo são exercitados e o Espírito tem liberdade de ação.

Embora a ideia dos cristãos hoje seja de que o crente pode adorar onde julgar melhor, encontramos na Palavra de Deus certas direções específicas quanto ao lugar de adoração, ou onde se reunir. Encontramos tanto em forma de figuras, no Antigo Testamento, como em instruções diretas no Novo Testamento. Em Gn 22:5 Abraão, quando em obediência a Deus leva seu filho para oferecer sacrifício, ele diz para o seu moço: “Ficai aqui que eu e o moço iremos ali. E havendo adorado tornaremos a vós”. Entendo isto como adoração a Deus… E em um lugar (naquele caso era o Monte) por ele determinado.

Sim, Deus ordena a ele um local específico. “Sobre uma das montanhas que eu te direi” Gn 22:2. Não servia outra, pois em nenhuma outra montanha haveria um carneiro preso por seus chifres no espinheiro. Somente no lugar que o Senhor indicasse. Se você comparar com Deuteronômio 12, verá que Deus estabeleceu um lugar, um só lugar, onde o povo deveria adorar. “Guarda-te, que não ofereças os teus holocaustos em todo o lugar que vires, mas no lugar que o Senhor escolher” (Dt 12:13-14). “Um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome” (Dt 12:11).

Esse lugar, como sabemos, foi Jerusalém, onde posteriormente seria construído o Templo. Todo judeu deveria se dirigir para lá para adorar ou mesmo para orar (Daniel, no exílio, orava diante de uma janela voltada para Jerusalém — Dn 6:10). Em João 4, porém, uma nova ordem de coisas está para ser estabelecida. Na adoração individual, o sacerdote entrava (também pelo povo) no Santo dos Santos de um santuário terreno. O

crente em Jesus entra no Santo dos Santos de um santuário celestial (Hb 8.2; 10:19).

Na adoração coletiva os judeus se dirigiam ao lugar onde Deus havia colocado o seu nome, Jerusalém. Os crentes, adoradores que adoram a Deus em espírito e verdade, o adoram no lugar onde o Senhor Jesus colocou o seu nome: Onde estiverem dois ou três reunidos no (ou para) seu nome.

Entendo que reunir ao nome de Jesus significa automaticamente a aceitação de que este nome é suficiente, excluindo-se qualquer outro nome (Ap 3:8b). E que a direção do Espírito e a autoridade do Senhor sejam suficientes, excluindo-se assim qualquer direção e autoridade humana. Resumindo tudo, o lugar de adoração individual do crente é no Céu, na presença de Deus, onde ele tem acesso pelo sangue do Senhor Jesus. O

lugar de adoração coletiva dos crentes nesta terra é onde o Senhor coloca o seu nome, ou seja, onde dois ou três estão reunidos ao nome do Senhor Jesus.

Em João 4, Jesus deixa bem claro à mulher Samaritana que o lugar de adoração não seria mais Jerusalém (e nem o monte de Samaria, onde os samaritanos pensavam ser o lugar). Não haveria mais um lugar no sentido físico, como é um monte. Mas o caráter de Deus no sentido de se existir um lugar continua. Isto ele deixa claro ao estabelecer que estaria onde dois ou três estivessem reunidos em seu nome. O lugar não é físico, mas digamos de ordem moral e espiritual. Equivale dizer que é onde o seu nome e autoridade são reconhecidos.

A mesa do Senhor define hoje o lugar onde participamos do pão e do vinho (onde de uma forma simbólica estamos oferecendo Cristo a Deus, em adoração, como um Cordeiro morto), em contraposição com a mesa dos demônios. Portanto, assim como existe um lugar onde NÃO devemos adorar (a mesa dos demônios, ou aquilo que está conectado com os demônios), existe um lugar onde adoramos, que continua a ser onde o Senhor coloca o seu nome.

Para adorarmos alguém, temos que adorá-lo onde ele se encontra. Para adorarmos a Deus podemos entrar individualmente na sua própria presença (temos esse privilegiado acesso pelo sangue de Jesus), ou nos reunirmos, adorando coletivamente, onde o próprio Senhor Jesus se encontra no meio. Para isto há de se cumprir a exigência de que estejamos reunidos em seu nome. O lugar de adoração não é onde existem corações quebrantados; o lugar de adoração é onde Deus estabeleceu. Quando adoramos, não temos diante de nós os nossos corações; temos diante de nós a Cristo. Os nossos olhares não são atraídos pelo nosso quebrantamento ou pela nossa humildade, mas sim pelo Cordeiro de Deus. É na sua própria presença que adoramos, seja individualmente, seja coletivamente.

Devemos obedecer a Deus e à sua Palavra. A sinceridade de propósito que milhões de cristãos têm ao se dirigir às suas denominações é algo que deixo com Deus. Não cabe a mim julgar a sinceridade de meus irmãos. Porém a mim é claro que devo obedecer à Palavra de Deus e em sua Palavra vejo claramente que as denominações são contrárias à sua vontade, por terem substituído o nome de Cristo por outro nome (ou acrescido de outro nome), por terem adotado dirigentes humanos em suas reuniões, por estarem restringindo a liberdade do Espírito em cultos pré-ensaiados e às vezes com roteiro até impresso em gráfica, por serem sectárias ao identificar os seus membros com um nome que não possa ser compartilhado com outros filhos de Deus pertencentes ao mesmo Corpo de Cristo.

Não estou dizendo que os crentes que pertencem às denominações sejam piores do que os que não pertencem a nenhuma organização eclesiástica. Pelo contrário, conheço irmãos denominacionais que me fazem corar de vergonha por seu zelo e comunhão com Deus. Apenas estou dizendo que os sistemas criados pelos homens, desonram o nome de Cristo (por adotarem outros nomes), dividem os cristãos (por os fazerem distintos uns dos outros), torcem a Palavra (por a limitarem àquilo que conheciam quando a denominação foi fundada e seus estatutos estabelecidos), restringem a liberdade do Espírito Santo (por colocar dirigentes nas reuniões, impedindo que o Espírito escolha aquele que ele desejar), não dão testemunho da unidade do corpo de Cristo (por mostrarem claramente que são células distintas de outros cristãos) e tornam-se um empecilho a muitas almas ansiosas de salvação (que ficam pensando que ser crente é ter que se associar a alguma organização religiosa). Eu poderia acrescentar muitos outros motivos, mas creio que estes deixam clara a minha posição.

Deus tem uma Igreja, que é aquela que o seu Filho comprou com o próprio sangue. A ela pertencem TODOS os salvos. Suponhamos que você pertença à Igreja Batista. Acaso TODOS os salvos pertencem à Igreja Batista? A Igreja à qual pertencem TODOS os salvos é aquela que Deus estabeleceu. Qualquer outra foi criada por homens e, embora possa ter muitos salvos em seu meio, não foi estabelecida por Deus. Não pode, portanto, ser reconhecida como um lugar de adoração estabelecido por Deus.

Se eu fosse um judeu vivendo na época do Antigo Testamento e, digamos, resolvesse construir um templo em Belém, ou qualquer outra cidade, ele não seria reconhecido por Deus. Abraão, se escolhesse outro monte que não fosse aquele que Deus havia escolhido, nunca iria encontrar o carneiro (figura de Cristo). Da mesma forma, se o Senhor pediu para nos reunirmos AO SEU NOME, como irá ele reconhecer um lugar de reunião que é identificado pelo nome “batista”, “presbiteriano”, “pentecostal”, ou qualquer outro nome? Se o nome do Senhor Jesus é suficiente, por que adotarmos qualquer outro?

Alguns alegam que é para nos identificarmos, mostrando que tipo de doutrina ou costumes temos. Mas quem disse que os cristãos devem se identificar como se existissem vários “corpos”

de Cristo. Somos UM e devemos mostrar que somos um para que o mundo creia. Como posso mostrar que sou um com os outros cristãos, se adoto um nome que outros cristãos não possuem?

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Como os dons se manifestam na igreja?

Você tem conhecimento de que Deus distribuiu dons aos membros da Igreja que é o Corpo de Cristo (1 Co 12:28), mas cada membro não possui TODOS os dons (1 Co 12:4, 7-11, 28-29) e no mesmo capítulo encontramos várias indicações de que os membros do Corpo de Cristo precisam uns dos outros. Os dons são utilizados pelo Espírito Santo na edificação do Corpo de Cristo, e de uma maneira especial quando os crentes se reúnem (Ef 4:11-16; 1 Co 14:26-40).

Quando os cristãos são congregados pelo Espírito Santo para o nome do Senhor Jesus, ele se encontra no meio (Mt 18:20) e todos podem ser edificados e aprender pelo Espírito que habita na assembleia ou igreja (1 Co 14:3, 12, 25). Aí então há crescimento no conhecimento da Palavra de Deus, pois o Espírito usa quem Lhe apraz para ensinar, exortar ou consolar, a fim de que todos sejam edificados. Esta foi a ordem instituída em 1 Co 14:26-40 para uma reunião de crentes no Senhor Jesus Cristo, ordem esta dada como mandamento do Senhor (1 Co 14:37).

Mas o que vemos em nossos dias? Se entramos em uma reunião de crentes, dificilmente iremos encontrar liberdade para o Espírito Santo agir (2 Co 3:17), pois a cristandade adotou o sistema romano ao colocar um homem à frente da congregação para dirigir a reunião. Em 1 Co 14:26-40 encontramos os procedimentos para uma típica reunião da assembleia, e ali não encontramos homem algum a dirigir, mas o Espírito usando quem ele deseja. Mas hoje vemos homens tomando o lugar do Espírito Santo e dando ordens tais como: quem deve orar, quem deve cantar um louvor, quem deve ler as Escrituras, quem deve explicá-las, etc. E

geralmente é este mesmo homem que tem sobre si o encargo de dia após dia ministrar para aquela congregação.

Em outros lugares, onde dizem existir liberdade do Espírito encontramos, isto sim, liberdade para a carne se expressar em manifestações que lembram mais uma histeria coletiva, sem ordem alguma e servindo de escândalo até mesmo para incrédulos (1 Co 14:23,40; 10:32).

Como seria uma congregação reunida nos moldes de 1 Coríntios 14:26-40? Obviamente haveria um grupo de pessoas com diversos dons, que seriam usadas pelo Espírito, sem que fosse elaborado antecipadamente qualquer programa. O mesmo Espírito, conhecedor das necessidades daquela assembleia, iria levantar o servo com o dom mais apropriado para aquele momento, preparando também o coração dos demais irmãos para receber a Palavra. Este, então, iria trazer aquilo que o Espírito lhe colocasse no coração, sempre de acordo com as Escrituras e sendo julgado pelos demais (1 Co 14:29). Se fosse necessária uma palavra de doutrina, o Espírito levantaria um com o dom de ensinar; caso fosse preciso uma palavra de consolo ou exortação, ele levantaria o dom respectivo.

Mas hoje vemos todo esse encargo sendo colocado sobre um só homem, que é incumbido de ensinar, exortar, consolar, pastorear, etc., mesmo que não possua todos os dons, o que certamente acontece. Assim, se aquela assembleia possui um dirigente cujo dom é ensinar, ficarão a receber doutrina dia após dia sem nenhuma palavra de consolo. Em breve se tornará uma assembleia fria e com grandes possibilidades de se ensoberbecer devido à bagagem doutrinária que recebe (1 Co 8:1). Por outro lado, se o dirigente tiver o dom de pastor, nunca haverá um embasamento doutrinário, pois todos estarão continuamente a receber cuidado, proteção, consolo, etc., que parecem ser atributos mais condizentes com este dom.

Pode ainda acontecer o caso do dirigente ter o dom de um evangelista e neste caso ele nem deveria estar dirigindo continuamente a Palavra a uma assembleia de salvos, mas deveria estar fora, buscando os perdidos. Tal assembleia não seria edificada em doutrina e seu conhecimento da Palavra não iria além do evangelho. Este é o caso mais comum, pois encontramos milhares de congregações com dirigentes cujo ministério não vai além de pregar o evangelho e convidar os incrédulos presentes a se converterem. É claro que o evangelho deve ser pregado, e mesmo os salvos devem ouvi-lo, recebendo a mais bela de todas as mensagens, que expressa a extensão do amor de Deus.

Mas o ponto que desejo frisar é que uma congregação de salvos por Cristo tem muito mais a receber do que o leite. Há deliciosos manjares dados por Deus para que os crentes possam estar “cheios do conhecimento da sua vontade” (Cl 1:9-12) e cheguem ao “pleno conhecimento da verdade” (2 Tm 3:7; 1 Tm 2:4). Deus deseja que tomemos mais do que o leite (Hb 5:11-14), porém em 1 Co 3:1-4 o apóstolo Paulo dizia não poder dar algo além do leite, pois eles estavam se mostrando carnais ao expressarem um sentimento sectário. Era necessário que reconhecessem que não devia haver divisões na igreja (1 Co 12:25); que não estivessem separados por nomes (1 Co 1:10-13): que reconhecessem a existência de um só corpo, do qual todos os crentes são membros (1 Co 10:16, 17); que se reunissem com liberdade para serem dirigidos pelo Espírito para edificação, exortação e consolação (1 Co 14:3); sem um dirigente humano ou alguém que exercesse a primazia (1 Co 14:31; 3 Jo 1:9).

Como se pode ver, poucos há que aceitam se sujeitar, coletivamente como assembleia, à direção do Espírito, e são por isso privados de conhecer mais da Palavra de Deus através dos dons que ele colocou na igreja. Você poderá aprender das Escrituras, pois o Espírito Santo habita em você, se realmente crê em Jesus Cristo como o seu Salvador.

Porém, de uma forma coletiva, como uma assembleia, você dificilmente será plenamente edificado se onde você se congrega não estiver sendo expressa, na prática, a verdade de que há um só Corpo de Cristo e que TODOS os crentes fazem parte da igreja. Qualquer “igreja” da qual não façam parte TODOS os crentes é uma seita e está negando a verdade de que há um só Corpo. Além disso, haverá pouco aprendizado da Palavra de Deus e, consequentemente, pouco crescimento, se houver uma pessoa dirigindo as reuniões, tolhendo assim a liberdade que deve ser somente do Espírito Santo.

Um terceiro impedimento ao conhecimento será a existência de uma linha doutrinária previamente estabelecida, que não possa ser questionada nem mesmo pela própria Palavra de Deus (Mt 15:6). E não podemos deixar de acrescentar que se houver um nome identificando a “igreja” onde se reúne, de modo a torná-la distinta do Corpo de Cristo, isto será, na verdade, a expressão prática da negação de que há um só Corpo e de que todos os crentes são UM, além de considerar o nome do Senhor Jesus Cristo como insuficiente para identificar um crente.

Ao homem natural é impossível entender ou aceitar tal coisa, pois a mente humana é propensa a pensar que deve sempre haver alguém para dirigir, organizar, enfim, alguém que seja visível, como acontece em todo grupamento humano (1 Co 2:14). Da mesma forma os israelitas pediam um rei como tinham todas as nações ao redor, rejeitando assim a suficiência do Senhor dos Exércitos (1 Sm 10:17-19). Mas o homem espiritual tem a mente de Cristo e deve se deixar guiar por ele que é suficiente em todas as coisas. A sabedoria de Deus, também no que diz respeito à reunião dos crentes, não pode ser compreendida naturalmente.

“Essa vereda a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha. Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela” (Jó 28:7-8).

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O que faz um evangelista?

Evangelização não é a atividade da igreja. Deixe-me explicar melhor antes que você me entenda mal. O fato da igreja estar no mundo evidentemente leva os homens a conhecerem o evangelho e faz até mesmo com que os anjos conheçam a multiforme sabedoria de Deus. Porém o trabalho de pregar o evangelho é dos crentes individualmente.

Cada cristão é responsável por testemunhar de Cristo e esta responsabilidade é dada numa medida especial àqueles que receberam o dom de evangelista.

Vemos a ordem dos dons claramente indicada em Atos 11 onde os evangelistas pregam o evangelho (vers.19-20), pessoas creem (vers. 21), recebem um irmão com o dom de pastor (vers. 22-24) que os reúne como faz o pastor às ovelhas, cuidando delas e exortando-as a permanecerem unidas ao Pastor que é Cristo. Vem então a necessidade de alimento mais sólido para aquelas almas e Paulo (além do próprio Barnabé) vêm exercer o dom de mestres ou doutores (vers. 25-26) ensinando-os.

Quando um evangelista sai, ele vai levar o evangelho. Quando um evangelista reúne seus irmãos e convida incrédulos, ele está pregando o evangelho. Mas isto é bem diferente da igreja se reunir, não para os incrédulos, mas para Deus; para se ocupar com Cristo.

Vemos ser esta a atividade da igreja, quando se reúne, em Atos 2:42. Ali não encontramos evangelismo. Perseveravam na doutrina dos apóstolos (que hoje temos nas epístolas), na comunhão (com o Senhor e uns com os outros), no partir do pão (na ceia do Senhor, lembrando a sua morte) e nas orações. Veja você que são todas atividades exclusivas daqueles que creem.

Embora em reuniões assim possa haver incrédulos, não são eles o alvo da reunião. O alvo é o Senhor que deve estar ocupando a posição de destaque. Dessa forma vemos que numa reunião de ensino (perseveravam na doutrina dos apóstolos) não é um que dirige ou que faz tudo. Em 1 Coríntios 14:26-40 vemos a descrição de uma reunião assim.

“Falem dois ou três profetas e os outros julguem”; “Porque todos podereis profetizar”; “As mulheres estejam caladas”; “as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”, etc. São ordens claras de como deve ser uma reunião ao nome do Senhor, tendo apenas o Espírito Santo a dirigir e usar quem ele quiser.

O mesmo sucede na Ceia do Senhor, embora ali não seja o lugar apropriado para o ensino ou admoestação. O

ponto alto é a lembrança do Senhor morto e o pão que “nós” partimos (1 Co 10:16) deixa claro que não se trata de um pão que “os líderes” partem. Qualquer cristão tem o privilégio de se levantar e agradecer pelo pão e pelo vinho, assim como qualquer cristão tem o direito de trazer uma oração de louvor ou sugerir um hino a ser cantado. O mesmo sucede quando os crentes se reúnem em igreja ou assembleia para oração.

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O que significa ‘reunir-se ao nome do Senhor’?

Espero conseguir esclarecer sua dúvida quanto ao fato de eu e outros cristãos não estarmos ligados a qualquer grupo denominacional, ao modo como nos reunimos, se possuímos casas de reunião, se não possuímos organização hierárquica, etc.

Não creio que seria proveitoso descrever como são as reuniões sem dar a você uma visão clara da base ou fundamento sobre o qual nos reunimos. Quando nos referimos a estar reunidos fora do sistema religioso, não estamos negando a salvação dos milhões de irmãos que continuam dentro do sistema. Pelo contrário, estamos testemunhando que somos um só corpo com todos esses irmãos. Não poderíamos testemunhar que somos um com todos se adotássemos o nome de um dos grupos de cristãos existentes no sistema. Também não se trata de tentar “restaurar” a Igreja, mesmo porque não há nada para ser restaurado na Igreja. Efésios nos mostra a Igreja aos olhos de Deus, e ela é perfeita, sem mácula e sem ruga, assim como cada um de nós individualmente. Neste aspecto não há, portanto, o que ser “restaurado”.

Porém, no que diz respeito ao testemunho da Igreja que foi deixado nas mãos dos homens, como sempre se tornou em ruína. E para isto não há restauração possível, pois é claro que em tempos de fim (leia 2 Tm, a última carta do apóstolo Paulo), quando há abandono generalizado deve-se chorar e procurar guardar, dentro de muros edificados com a espada na mão e no único lugar de adoração estabelecido por Deus, o testemunho de que há um só corpo; que no único pão que partimos podemos ver, toda a Igreja, o corpo de Cristo. Tudo isso nos foi ensinado em figuras pelos livros de Esdras e Neemias, um manual prático de como agir em tempo de ruína. Edificar os muros com a espada na mão (manter-se protegido, com a Palavra, contra a contaminação e ataques externos), recusar qualquer ajuda dos que são de fora (o mundo, seus sistemas e modelos de associação, culto e adoração instituídos por homens), adorar no único lugar reconhecido por Deus (em nosso caso, somente ao nome do Senhor Jesus), e expressar na prática a unidade do povo de Deus. Este exemplo encontramos em 1 Rs 18:31 quando Elias, em um tempo de ruína, divisão e abandono da verdade, toma 12 pedras para erguer o altar, mostrando de uma forma prática a unidade do povo de Deus, ainda que disperso.

Reunir-se ao nome do Senhor também não significa uma posição ecumênica como pensam alguns. Nem tampouco se trata do outro extremo, ou seja, de se afirmar “eu sou de Cristo”

como se os outros não o fossem. O ecumenismo visa unir o que Deus não ordenou que fosse criado, ou seja, denominações ou organizações cristãs. Por outro lado, formar algum grupo com características próprias, ainda que sem nome, sem reconhecer a unidade e amplitude do corpo de Cristo é sectarismo. Como já disse reunir-se ao nome do Senhor Jesus somente, não significa uma carreira em busca da restauração da Igreja ou do seu testemunho sobre a terra, pois se esperarmos que ainda ocorra alguma restauração não estaremos aguardando o Senhor para o próximo piscar de olhos. Reunir-se ao nome do Senhor Jesus Cristo também não significa meramente adotar certas doutrinas, ainda que bíblicas, ou deixar de ter lideranças humanas como são os pastores e sacerdotes instituídos pela cristandade. Reunir-se ao nome do Senhor significa sair de todo o sistema, mas sair PARA CRISTO, para estar onde ele está, tendo a ele como centro ou polo de reunião.

Deixe-me explicar

melhor o que entendo por centro ou polo de reunião. Por exemplo, o que identifica um batista, ou melhor, o que os faz serem batistas? Talvez um ferrenho defensor da denominação diga que é Cristo somente, mas uma análise mais imparcial irá concluir que batistas são aqueles que concordam acerca de uma determinada doutrina de batismo. Resumindo, ainda que de uma forma grosseira, o que os identifica, o elemento catalisador para que estejam unidos é uma doutrina específica. O mesmo ocorre, por exemplo, com os presbiterianos onde tudo gira em torno de uma forma de governo eclesiástico. Ou, com os pentecostais, cuja ênfase é colocada na experiência e em sinais. Isto fica claro neste último caso quando vemos que um pentecostal, de passagem por uma localidade onde não existe a sua denominação, irá procurar outra que seja pentecostal.

O polo de atração, neste caso, são as doutrinas específicas que as diversas denominações pentecostais compartilham.

Reunir-se ao nome do Senhor é ter somente a ele como polo de atração. Estar reunido unicamente porque ele prometeu estar onde dois ou três estão reunidos ao seu nome (somente). Não é reunir-se por ser simpatizante desta ou daquela doutrina ou costume. É simplesmente deixar tudo o que os homens estabeleceram e voltar àquilo que Deus estabeleceu: Cristo, o centro! Como isto é caro ao coração de Deus. Aquele que teve sua atenção voltada para o único Homem perfeito que pisou neste mundo; que foi obrigado a voltar sua face quando, pendurado entre o céu e a terra, o Senhor agonizava sob o peso de nossos pecados; que não o deixou na morte, mas aprovou plenamente o seu sacrifício, ressuscitando-o para recebê-lo à sua destra! Acaso não deve ser este, e somente este o motivo de estarmos reunidos? Não é a sua excelsa Pessoa presente no meio, a motivação suficiente para deixarmos tudo o que é contrário à vontade de Deus e, saindo dos sistemas humanos, voltarmos à simplicidade que havia no princípio da Igreja? É evidente que sim! Aquele que é tão precioso ao coração de Deus, deve sê-lo também aos nossos corações.

Este é o motivo principal de nos reunirmos: Cristo Jesus, o Senhor. Evidentemente, ao darmos este passo, voltando ao que era no princípio e amparados somente por sua Palavra, estaremos capacitados a testemunhar de forma prática que há um só corpo. Um cristão denominacional pode testemunhar do evangelho da graça de Deus. Pode, até mesmo, professar com seus lábios que faz parte do corpo de Cristo, que o corpo de Cristo é um, etc. Mas não poderá testemunhar isto na prática, pois participa de uma facção. A adoção de um nome que o identifique é uma desonra ao nome de Cristo, o qual é suficiente para identificar qualquer um dos que nele creem. Mas, mesmo que não haja um nome, se não estão reunidos PARA O SENHOR, ou seja, se o motivo pelo qual se reúnem é alguma doutrina específica ou algo “mais” do que Cristo trata-se de uma seita. Há ainda uma terceira possibilidade que é a de desejar me reunir somente ao nome do Senhor Jesus, sem qualquer nome, tendo a ele como único centro, mas desejar ser original, ou seja, me recusar a fazê-lo em comunhão com irmãos que já ocupavam tal terreno de reunião antes. Estarei sendo tão sectário quanto aquele que cria uma denominação com placa e tudo mais.

Não sei se o que estou escrevendo lhe está sendo útil para que compreenda melhor sobre que base eu e outros irmãos, com os quais estou em comunhão, nos reunimos. O certo é que não se pode compreender plenamente o que é estar reunido somente ao nome do Senhor até que se tenha dado o passo decisivo de se separar e estar reunido lembrando o Senhor na sua morte. É mais ou menos como a salvação. É impossível compreender o que significa ser salvo até que se tome a decisão de crer em Cristo como Salvador. Por favor, entenda que isto é apenas uma comparação. Não quero com isto dizer que alguém passa por alguma transformação quando passa a se reunir ao nome do Senhor, ou que fique “mais salvo” do que aqueles que não estão em comunhão. TODOS os que creem no Senhor Jesus como Salvador estão salvos, seja denominacional ou não. O exemplo é apenas no sentido de que a pessoa passa a enxergar as coisas sob outro prisma. Não existem mais dogmas ou vícios doutrinários adquiridos nas seitas e fica-se aberto para receber da Palavra de Deus aquilo que diz respeito a Cristo e à Igreja. Pois como pode alguém compreender plenamente a unidade do corpo de Cristo sendo membro de algo que claramente quebra a expressão desta unidade?

Devo abrir parêntesis aqui para explicar que “Verdades Vivas” nada tem a ver com a verdade de reunir-se somente ao nome do Senhor. “Verdades Vivas” não é uma denominação ou uma organização que tenha membros. “Verdades Vivas” é simplesmente uma Editora voltada à divulgação do evangelho através de literatura. A particularidade que existe é que esta editora não é ligada ou sustentada por alguma denominação. As pessoas que nela trabalham, assim como eu, não estão ligadas a qualquer denominação, mas são crentes que se reúnem regularmente com outros irmãos (que não estão ligados à editora Verdades Vivas) congregados somente ao nome do Senhor Jesus Cristo. Existem outras editoras e obras semelhantes cuidadas por irmãos em comunhão conosco em diversos países do mundo.

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O que significa dispensação?

A palavra grega significa literalmente “administração de uma casa”, e “economia” sendo, portanto, uma maneira específica de Deus tratar com o homem, na administração variada dos seus desígnios em diferentes épocas. Ao revermos as diferentes administrações de Deus para com o homem, podemos notar o estado de inocência no Éden, embora isto não se enquadre bem no caráter de uma dispensação. Uma lei apenas foi dada a Adão e Eva, e exigia-se obediência, tendo sido anunciada uma pena para o caso de falharem.

Isso foi seguido por um longo período de aproximadamente 1.600 anos até o dilúvio — uma época de ausência de um tratar definido de Deus para com o homem, durante cujo período os homens corromperam os seus caminhos, e a terra se encheu de violência. O mundo foi então avisado por Deus por intermédio de Noé que foi um pregador da justiça; e Deus esperou, em benignidade, que houvesse arrependimento, enquanto era preparada a arca (1 Pe 3:20; 2 Pe 2:5). Eles não se arrependeram e o velho mundo foi destruído.

No mundo pós-diluviano Deus estabeleceu o governo humano para com o próximo, ao mesmo tempo em que um conhecimento de Deus, como um Deus que julga o mal, foi espalhado pelos descendentes de Noé, o que faz com que tradições acerca do Dilúvio sejam encontradas hoje por todo o mundo. Esse foi um testemunho adicional para Deus.

Seguiu-se, então, a divisão da terra em várias nações e tribos, de acordo com suas famílias e línguas. Em meio a isso prevaleceu a ignorância acerca de Deus, apesar do testemunho do poder e divindade de Deus, e da admoestação da consciência, da qual é falado em Romanos 1 e 2.

Cerca de 360 anos após o dilúvio, teve início a era dos patriarcas com o chamado de Abraão, uma nova e soberana maneira de Deus tratar com o homem. Porém isto ficou restrito a Abraão e seus descendentes.

A dispensação da Lei veio em seguida, estritamente falando, o primeiro sistema publicamente estabelecido de Deus tratar com o homem, havendo sido administrado por anjos. Os oráculos de Deus foram dados a uma nação, a única nação sobre a terra que Deus reconheceu dessa forma (Am 3:2). Essa foi a dispensação do “Faça isso e viverá e será abençoado; desobedeça e será amaldiçoado”. Essa dispensação teve três fases distintas:

  1. a) Cerca de 400 anos sob os Juízes, quando Deus deveria ser o Rei para o povo, mas quando na realidade cada um fazia aquilo que era justo aos seus próprios olhos.
  2. b) 500 anos como um reino sob uma linhagem real.
  3. c) 600 anos do cativeiro até a vinda de Cristo. Conectado a isso havia o testemunho profético: a lei e os profetas que foram até João (Lc 16:16).

Durante a “Dispensação da Lei”

os tempos dos gentios tiveram início na supremacia política de Nabucodonosor, a cabeça de ouro e reis dos reis (Dn 2:37-38). Esses “tempos dos gentios”

continuam a ter seu curso, e continuarão até que o Senhor Jesus dê início ao seu reino.

A Dispensação da graça e verdade teve início após a pregação de João Batista, pelo advento de Cristo.

Durante esta dispensação o evangelho é pregado a toda criatura debaixo do céu, e acontece o chamado da Igreja, estendendo-se como um parêntesis, do dia de Pentecostes até o arrebatamento dos santos (At 2:1-4; 1 Ts 4:13-18).

Paulo tinha uma “dispensação” especial a ele comissionada por Deus, tanto com respeito ao evangelho como ao cumprimento da palavra de Deus pela doutrina da igreja sendo o corpo de Cristo (1 Co 9:17; Ef 3:2-3; Cl 1:25-26).

A dispensação do reino de Cristo sobre a terra durante o milênio é também chamada de dispensação da plenitude dos tempos (Ef 1:10; Ap 20:1-6).

“Sob estas variadas administrações, a bondade e fidelidade de Deus brilharam, e a ruína do homem fez-se manifesta em todo lugar.” (Concise Bible Dictionary).

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Qual sua opinião sobre folhetos evangelísticos?

Os folhetos são instrumentos maravilhosos principalmente em nossa época quando muitos não dispõem de tempo para parar e ouvir uma pregação. O folheto vai junto com a pessoa até que ela terá que esperar por algo como ônibus, médico, etc., e se lembrará do folheto em seu bolso. Ali Deus poderá falar com a pessoa.

Creio que isto é um grande auxílio para a dificuldade que você tem de conversar com as pessoas ou mesmo de pregar em público.

É um erro pensarmos que todos os cristãos devem pregar em público. Muitos têm o dom de evangelista, mas isto não significa que têm facilidade em pregar para muitas pessoas. O dom de evangelismo é para evangelizar e a forma mais eficaz de fazê-lo é pelo contato pessoal. Falar de Cristo a uma só pessoa, no Espírito, é mais eficaz do que pregar carnalmente a uma grande multidão. Há muitos políticos hábeis com os discursos e com palavras persuasivas, mas nem por isso são instrumentos de Deus.

Não se preocupe em pregar em público se acha que não tem tal habilidade. Para falar em público é necessário que se tenha a habilidade ou talento de um orador, o que muitos não têm. Alguns líderes denominacionais obrigam seus discípulos a pregarem em praça pública. O

resultado disto eu pude presenciar quando vi um homem com problemas graves de fala (ele era fanhoso) pregando em uma praça pública. Era impossível entender o que dizia e servia apenas como motivo de gozação para os que passavam. Isto não é para a glória de Deus.

Tenho certeza de que ele seria muito mais bem sucedido se reconhecesse o seu problema com a fala e passasse a divulgar o evangelho por meio de folhetos ou de cartas escritas a seus amigos e conhecidos.

Portanto, irmão, procure fazer a obra com as ferramentas que dispõe. Se tiver uma boa oratória, use-a.

Se não, procure outros meios. Há muitas maneiras de se divulgar o evangelho e tenho certeza de que você encontrará aquela que Deus quer para você.

Apenas uma observação quanto ao uso de folhetos. Hoje muitas cidades proíbem a prática da panfletagem nas ruas e há leis e multas para isso. Uma distribuição indiscriminada, como se faz com propaganda, irá sujar as ruas e não estará de acordo com a lei. O melhor mesmo é entregar um folheto pessoalmente a alguém, acompanhado de uma palavra amiga. Não é o número de folhetos distribuídos que deve contar, mas a qualidade da distribuição.

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Um cristão pode dançar?

Sua dúvida é se o crente pode dançar ou não. Antes é preciso saber o que é um crente. Será que é alguém que se filia a uma denominação evangélica, põe uma Bíblia debaixo do braço e uma gravata no pescoço, ou, se for mulher, não corta o cabelo e não raspa a perna?

Algumas pessoas pensam que ser crente é adotar tais costumes.

Em João 3:16 lemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O que diz aí? “… para que todo aquele que não dança não pereça?” Certamente que não é assim que está. Diz apenas “para que todo o que nele (em Cristo) CRÊ!”. O apóstolo Paulo escreveu uma carta aos crentes da Galácia, os quais afirmavam que para ser salvo era necessário não apenas crer em Cristo, mas também guardar a Lei, ou seja, praticar determinadas obras. A eles Paulo responde: “Ó insensatos gálatas…

Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl. 4:9, 10.).

Só Cristo pode nos salvar, pois morreu na cruz sendo castigado por Deus Pai no lugar do pecador. Todo aquele que nele crê tem a vida eterna, está salvo eternamente. E isso não depende do que fazemos ou deixamos de fazer, mas do que Cristo fez; “e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8). Portanto, a nossa salvação depende EXCLUSIVAMENTE de Cristo e de sua obra; não depende de nós, pois se dependesse de nós, a glória seria nossa. Mas, graças a Deus, não depende de nós que somos pecadores e sempre propensos a pecar.

Quando um pecador vem a Cristo, arrependido de seu estado pecaminoso, isto só acontece por obra do Espírito Santo em seu coração, pois é o Espírito quem nos convence do pecado (Jo 16:8). Então, pela fé, o pecador crê que Cristo tomou o seu lugar na cruz carregando o seu pecado (do pecador). Quando o pecador assim crê, Deus lhe dá a salvação que é completa; Deus lhe dá o perdão que também é completo e essa pessoa nunca mais perderá a salvação, pois é um dom de Deus (Ef 2:8) e nunca lhe será tirada por Deus “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11:29).

Deus não “tira” a salvação do crente, e ninguém mais pode fazê-lo “porque estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor!” (Rm 8:38, 39).

Agora vem o outro lado da questão, ou seja, depois que alguém já tem assegurada a sua salvação. Será este o seu caso? Será que você já se decidiu a aceitar a Cristo como seu Salvador?

Se já fez isto, então irá querer viver uma vida para agradá-lo, não é mesmo?

Havia um leilão de escravos (no tempo da escravidão), onde escravos eram vendidos a vários preços, dependendo da idade, saúde, força para o trabalho, etc. Quando foi apresentado um escravo velho, fraco e doente, ninguém se interessou, mas todos se surpreenderam quando ouviram um fazendeiro gritar um lance num valor tão alto que daria para comprar todos os escravos que estavam sendo vendidos naquele dia. Obviamente ele acabou comprando aquele escravo fraco e doente, diante do espanto de todos, inclusive do próprio escravo que foi chegando perto do seu novo dono trêmulo de medo.

— Vá embora — disse o fazendeiro. — Você está livre!

O escravo tremeu mais ainda e perguntou:

— Mas o senhor pagou aquele alto preço para me mandar embora, livre?

— Isso mesmo. Eu paguei um preço altíssimo porque tive pena de você e queria ter certeza de que ninguém ofereceria uma soma maior. Eu comprei a sua liberdade; pode ir embora para onde quiser. A partir de hoje você é um homem livre!

O escravo, caindo aos pés do seu libertador, levantou seu rosto e, com os olhos banhados em lágrimas, falou com voz forte e resoluta: — Senhor, por causa do que o senhor fez, eu irei, POR

AMOR, servi-lo até o fim dos meus dias!

Esta história ilustra bem a situação de um salvo. Cristo nos salvou do pecado e da morte, para a liberdade (1 Co 7:23). Não fez isto porque éramos justos, mas pecadores (Rm 5:8). Não nos salvou para sermos novamente escravos de ordenanças (Cl 2:20-23). O cristão, salvo por Cristo, pode fazer tudo o que desejar (1 Co 6.12), mas não se deixará dominar pelas coisas que desejar. O seu desejo principal será usar o seu corpo para glorificar a Deus (1 Co 6:20) e não sei como alguém poderá glorificar a Deus em um baile.

Assim como o escravo da história, que estava totalmente livre para fazer o que bem entendesse, uma pessoa verdadeiramente convertida a Cristo também está livre, porém vai desejar fazer somente aquilo que agrade ao seu Senhor que sofreu tanto por sua salvação. O verdadeiro cristão não procura andar em santidade de vida porque isto vai garantir sua salvação. Ele procura fazer a vontade do Senhor para agradá-lo em tudo, expressando a sua gratidão por tão grande salvação. Fomos chamados à liberdade, mas não para dar ocasião à carne (Gl 5:13).

Falando especificamente da dança, você acredita que irá glorificar a Cristo fazendo isso? Seria interessante avaliar o ambiente onde pretende fazê-lo e ponderar se é um lugar adequado para um cristão. Acho que você vai precisar orar a respeito. Espero que com isto tenha esclarecido suas dúvidas. Lembre-se que o que o cristão deve ter sempre em mente não são pensamentos do tipo: “O que posso fazer para agradar os meus desejos”, mas sim “O que posso fazer para agradar ao Senhor”.

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Que significado tem o sábado para o cristão?

A primeira vez em que o Sábado é especificamente mencionado nas Escrituras é em Êxodo 16:23, depois que o maná foi dado dos céus; mas fica evidente que o Sábado teve sua origem na santificação e bênção do sétimo dia após os seis dias de trabalho da criação.

Aparentemente existia uma divisão semanal de dias até a época do dilúvio, pois isto é mencionado em conexão com Noé. Também vemos em Marcos 2:27 que o sábado foi feito para o homem. Era uma instituição que expressava a misericordiosa consideração de Deus para com o homem.

As palavras “descanso” e sábado na passagem em Êxodo não possuem artigo, por isso a sentença pode ser traduzida “Amanhã é descanso, Sábado santo para o Senhor”. Assim, nos versículos 25 e 26

não existe artigo, o que acontece no versículo 29. Posteriormente o sábado foi definitivamente incluído nos dez mandamentos, capítulo 20:8-11 de Êxodo, e ali é feita referência ao fato de Deus haver descansado no sétimo dia após a obra de criação, sendo esta a base da instituição.

O sábado tinha um lugar peculiar em relação com Israel, e assim em Levítico 23, nas festas de Jeová, nas santas convocações, o Sábado de Jeová é mencionado primeiramente como mostra da grandiosa intenção de Deus. Deus havia libertado Israel da escravidão do Egito e, portanto, ordenou que guardassem o sábado (Dt. 5:15). O sábado era o sinal da aliança de Deus para com eles e pode ser que o Senhor Jesus, ao ofender várias vezes aos judeus por não guardar o sábado (do ponto de vista deles) por atos de misericórdia que ele praticava prenunciava a aproximação da dissolução da aliança da lei (Êx 31: 13-17; Ez 20:12-20).

O sábado era um prenúncio do descanso ao qual deveria entrar o povo de Deus, mas por causa do pecado daqueles que se dirigiam para a terra prometida, e a desprezavam, Deus jurou em sua ira que não entrariam no seu descanso (Sl 95:11). Deus tem o propósito de introduzir o seu povo (Israel) no seu descanso, para o qual permanece ainda a guarda do sábado (Hb 4:9).

O sábado nunca foi dado às nações da mesma forma que o foi para Israel, e dentre os pecados citados contra os gentios, nunca é mencionada a transgressão do sábado. No entanto, parece ser um princípio do governo de Deus sobre a terra que homens e animais devessem ter um dia em sete para o descanso do trabalho, pois todos o necessitam fisicamente.

O sábado cristão é designado como sendo o dia do Senhor, e é tão distinto do sábado legal judaico como a abertura, ou primeiro dia, de uma nova semana é distinta do término ou encerramento da semana que passou. O Senhor jazia na morte no sábado judaico; os cristãos têm, no primeiro dia da semana, o dia da ressurreição.

O “Dia do Senhor” é uma expressão que aparece apenas em Apocalipse 1:10, quando João estava no Espírito no dia do Senhor. Era o dia da semana no qual o Senhor ressuscitou — trata-se do dia da ressurreição que marca enfaticamente o sábado para o cristão. É o primeiro dia da semana, o que sugere o início de uma nova ordem de coisas, totalmente distinta daquela conectada com o sábado da Lei.

No dia do Senhor os discípulos costumavam se reunir com o expresso propósito de partirem o pão (At 20:7) e, embora não haja nenhum preceito legalista a respeito, trata-se de um dia especialmente considerado pelos cristãos. Trata-se, literalmente, do “dia dominical”, uma palavra que aparece somente em conexão com a “ceia do Senhor” em 1 Coríntios 11:20 e não deve ser confundida com “o dia do Senhor”, no sentido que aparece em 2 Pedro 3:10 e outras passagens. (Traduzido de Concise Bible Dictionary).

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Noé realmente se embriagou?

Quanto à sua dúvida em Gênesis 9:20-29, o que aconteceu realmente foi o que está registrado na Bíblia. Noé se embriagou, numa clara indicação de que o novo começo que Deus havia permitido já começava indicando que iria acabar em ruína. Aquele que havia achado graça aos olhos de Deus, Noé, foi o primeiro a proceder mal na nova ordem de coisas.

Deus provou o homem de diversas maneiras na antiguidade. No Éden, com o homem estando ainda na inocência. Ele caiu. Deus provou o homem então na consciência, no conhecimento do bem e do mal que o homem adquiriu com a queda. Novo fracasso já é visto no assassinato de Abel. É necessário destruir tudo e provar o homem de nova maneira. É o que é feito com Noé, ao qual agora é dado o governo sobre a terra: quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado. Deus delegava ao homem poderes de juiz e aplicador da sentença sobre seu semelhante.

Vemos o fracasso no primeiro que recebeu o governo. Deus escolhe um homem, Abraão, e lhe dá uma promessa, provando o homem sob uma nova ordem de coisas.

Abraão falha, não esperando em Deus por diversas vezes, embora Deus vá cumprir cabalmente a promessa feita a ele. Então Deus prova o homem sob a lei que foi dada ao povo judeu. Não é preciso dizer que fracassaram. Ficava evidente a incapacidade do homem em andar segundo a vontade de Deus. O que fazer então?

Deus entra em cena, fazendo-se Homem na Pessoa de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e toma o nosso lugar na condenação, criando um novo homem, agora feito conforme a justiça e com uma nova vida em si.

Quando uma criança pequena insiste em carregar uma mala que sabemos ser demais para ela, qual a melhor maneira de lhe provar isto? Deixando que ela experimente carregar! Foi o que Deus fez. No princípio ele deixou claro que o homem dependeria dele para tudo.

O homem não quis que fosse assim. Deus então provou o homem de diversas maneiras para mostrar sua incapacidade e como ele era dependente do seu Criador. É por isso que só podemos ser salvos por graça. Qualquer tentativa de se fazer algo para “trocar” pela salvação é afirmar-se que temos algo de bom em nós mesmos, quando o inverso é que é verdadeiro. Não temos nada de bom em nós. É preciso nascer de novo para entrar no reino de Deus. Um nascimento do alto, de Deus.

Noé, na sua falha, foi ridicularizado por seu filho Cão, o qual foi chamar seus dois irmãos. Estes, agindo com sensatez e respeito pelo pai, cobriram sua nudez evitando olhar.

Noé, ao saber disto, amaldiçoa Canaã, filho de Cão, para que fosse servo dos servos. Parece estranho que Noé não tenha amaldiçoado Cão, que lhe havia faltado com o respeito. Mas sem dúvida foi Deus quem fez com que assim viesse a suceder. Deus já havia abençoado Cão juntamente com Noé e havia feito um concerto com ele, não podendo agora ser amaldiçoado (Vers. 1 ao 8). Além do mais, não vemos que todos os filhos de Cão tenham sido servos, mas apenas sobre Canaã caiu a maldição. Isto é tudo o que compreendo da passagem. Quando vemos Deus trazendo maldição sobre alguém, isto nos causa um forte impacto e até podemos pensar que Deus age com muita dureza. Mas quando imaginamos o que deve ter sido para o Senhor Jesus ter suportado os nossos pecados, então vemos o que é verdadeiro impacto: o Filho de Deus, sem mancha e sem mácula morrendo por causa de nossos horrendos pecados. Como terá ele se sentido? Podemos estar certos de que ele sofreu como ninguém jamais sofreu e nem sofrerá. Sentimo-nos mal quando uma pessoa com as mãos visivelmente imundas nos toca. Imagine o Senhor sendo carregado com toda a nossa imundícia.

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O que significa o remendo novo e o odre novo?

Você perguntou sobre Marcos 2:21-22.

Um remendo de um pano novo e resistente sobre um tecido já enfraquecido, fatalmente causará um rombo maior. Odres são peles (de porco, carneiro ou outro animal) confeccionadas na forma de um saco para reter líquidos. Ainda hoje é usado de diferentes maneiras em diversas regiões do mundo. Por exemplo, há lugares na China onde é usado para fazer manteiga, enchendo-o de nata e jogando-o no chão continuamente até que a nata fique bem batida e se transforme em manteiga.

Quando, na antiguidade, se fazia vinho, era comum colocar o suco de uva em um odre novo. Na medida em que o suco fermentava, liberava gás que, por não ter por onde escapar ia enchendo o odre e, com a pressão, esticando o couro. Não é preciso dizer que ao fim do processo o odre estava maior. Porém não poderia ser usado novamente da mesma forma, pois a elasticidade do couro teria chegado ao limite. Se fosse colocado ali suco de uva ou vinho novo ainda em fase de fermentação, fatalmente o odre se rasgaria com a pressão.

O Senhor fazia menção ao fato de que as novas coisas, referente ao reino, que estava ensinando aos judeus não poderiam ser armazenadas nos velhos costumes deles (para compreender melhor o reino leia Parábolas de Mateus 13 — creio que você já tenha este livreto). Numa aplicação mais prática, posso dizer que é impossível alguém receber as coisas de Deus a menos que tenha nascido de novo, que seja uma nova criatura. Tentar absorver as coisas de Deus e tentar aplicá-las à velha natureza ou ao velho homem só resultará em um rombo maior ou em desperdício.

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O que significa a palavra Igreja?

Na Bíblia a palavra “igreja”

nunca se refere a um edifício. Não existe tal ideia na Bíblia. Igreja significa simplesmente assembleia ou a reunião das pessoas. Aí está o fato de não nos entendermos, pois você considera o significado da palavra igreja como sendo duas coisas: um edifício ou uma denominação. Tanto um significado como outro são estranhos à Palavra de Deus. Os homens os usam, mas não foram dados por Deus, uma vez que ele não indicou aos cristãos que construíssem qualquer edifício (além daquele que é a própria casa de Deus, que é construído com pedras vivas — Ef 2:20-22), e ele tampouco criou alguma denominação; muito pelo contrário, o apóstolo Paulo denuncia como carnalidade levar qualquer outro nome além do nome do Senhor Jesus (1 Co 3:4).

Os cristãos devem,

evidentemente, se reunir ao nome do Senhor Jesus (Mt 18:20), para orarem, celebrarem a Ceia do Senhor lembrando a sua morte, aprenderem da doutrina dos apóstolos e terem comunhão uns com os outros (At 2:42). Isso pode ser feito numa casa, ou num edifício ou salão destinado ou não exclusivamente para este fim. É importante entender que o edifício onde tal reunião ocorre nada é. Não tem o mesmo caráter do tabernáculo no deserto, do templo de Salomão ou das sinagogas dos judeus. Estamos numa nova aliança e nada temos a ver com o Antigo Testamento na sua forma de adorar.

No Antigo Testamento os homens não tinham o Espírito Santo como nós temos, habitando em nós. Cristo não havia sido morto e glorificado. Toda a adoração era exterior. Tudo mudou (leia Jo 4). O tabernáculo foi mandado construir pelo próprio Deus, que deu até mesmo as medidas, o mesmo ocorrendo com o templo. As sinagogas eram uma iniciativa dos judeus para ser apenas um lugar de leitura, e não tinham o caráter de um lugar de adoração (o qual estava em Jerusalém e em nenhum outro lugar — Veja Dt 12).

Hoje temos um tabernáculo, um lugar para entrarmos e adorarmos a Deus. Mas qualquer cristão que considerar um edifício de pedra ou tijolo (um lugar físico, enfim) como sendo o lugar de adoração, está desprezando o que diz a Palavra de Deus; está até mesmo rebaixando o lugar de adoração. “Ora a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário, o qual o Senhor fundou, e não o homem… Tendo, pois, irmãos ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é pela sua carne” (Hb 8:1-2; 10:19-20).

Portanto, nosso santuário, nosso tabernáculo, o edifício santo onde podemos entrar para adorar está no céu! Não se encontra mais sobre esta terra, como no tempo da antiga dispensação. Não é mais feito por mãos de homens e não tem mais sacerdotes pecadores e falhos. Não, nosso lugar de adoração está no céu, tendo o próprio Senhor Jesus Cristo como nosso Sumo Sacerdote. Qualquer coisa menos do que isso é voltar ao judaísmo; é ficar “nas sombras” e deixar de usufruir o cumprimento da Palavra de Deus (Hb 8:4-5).

Espero que entenda que o cristianismo que você vê ao redor é uma mistura de judaísmo. Isso foi estabelecido pelo catolicismo romano, com seus templos consagrados, sacerdotes, altares, rituais, roupas especiais e todo o aparato para uma adoração exterior, como era no tempo do Antigo Testamento. Isso foi adotado em muitos pontos pelo protestantismo, que preservou a ideia de templos, sacerdotes (algumas denominações usam este termo para o pastor, como também chamam de altar o local onde está o púlpito) e rituais. Tudo isso tem a ver com o judaísmo e nós não estamos no judaísmo.

Tudo isso tende a uma

adoração terrena, dentro de um sistema humano de ritos e lugares santificados.

Cristo sofreu fora do arraial que representava todo o sistema judaico, e por isso a Palavra nos exorta a sairmos a Cristo ou para estarmos com Cristo, fora do arraial (o sistema religioso judaico), levando o seu vitupério ou sua rejeição “porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hb 13:10-15).

Se temos de sair a Cristo, é porque ele está fora de todo o sistema judaico. E a mesma situação você encontrará em Laodiceia, que representa os últimos dias da Igreja antes do arrebatamento: Cristo encontra-se do lado de fora, à porta, batendo e esperando ser atendido por aqueles que ouvirem a sua voz (Ap 3:20). Embora esta passagem seja muito usada em evangelismo, dirigindo-se ao pecador sem Cristo, no seu contexto está conectada à Laodiceia, ou seja, a cristãos. “…

ouvir a minha voz” se refere a escutar a Palavra do Senhor, conforme é revelada nas Escrituras, e não ser levado pelos costumes dos homens.

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É possível ver a Deus?

João 1:18 (e 1 Jo 4:12) deixa claro que ninguém jamais viu a Deus, nem mesmo Moisés. O que Moisés pôde contemplar foi a glória de Deus, mas não a sua face. Creio que não poderemos ver a Deus mesmo depois de nossa partida deste mundo. Vamos ver a Cristo, Deus feito homem, mas nunca poderemos contemplar a face de Deus fora de Cristo. Deus se manifestou na Pessoa de Cristo, fazendo-se homem. Jesus Cristo é Deus e nele habita a plenitude da divindade. A ele sim, poderemos ver como ele é.

No Antigo Testamento, quando é dito que o Senhor aparecia a alguém (como apareceu a Abraão junto com dois anjos, antes da destruição de Sodoma), é sempre a Pessoa do Filho eterno, o Senhor Jesus Cristo, numa forma humana. Ele ainda não se fizera carne, como aconteceu no Novo Testamento, mas assumia uma forma humana visível assim como faziam os anjos. Mas Deus, na sua essência, nunca foi visto por ninguém e jamais será. Mesmo depois de salvos e levados para o céu, Deus continuará sendo por demais sublime e elevado para nós. Evidentemente ele nos satisfará em Cristo, em quem todos os seus atributos divinos estão. Mas a essência de Deus continuará inacessível ao homem, mesmo ao redimido. Ele habita, e continuará habitando, na luz inacessível (1 Tm 6:16), o céu onde homem ou anjo algum tem acesso.

Há vários céus que são mencionados na Bíblia. Há o céu que vemos, onde os pássaros voam, onde os relâmpagos brilham e de onde a chuva cai (Gn 7:23; Dt 11:11; Dn 4:21; Lc 17:24).

Este céu passará (2 Pe 3:10, 12). Há o céu no sentido de firmamento, ou expansão, onde estão o sol, a lua e as estrelas (Gn 1:14, 15,17). Há ainda o céu onde se encontra o trono de Deus (Sl 2:4; 11:4; Mt 5:34), de onde o Senhor desceu e ao qual ele subiu, onde também foi visto por Estevão (Mc 16:19; At 7:55; 1 Co 15:47). Talvez seja este o céu (terceiro céu) para onde Paulo foi arrebatado (2 Co 12:2) e onde os anjos, tanto os puros como os caídos, e Satanás estão (Jó 1:6; 2:1; Ap 12:7-9). O acesso que Satanás e seus anjos têm a Deus é limitado. Satanás ainda não foi expulso do céu onde se encontra, mas logo o será. Mas a Bíblia fala ainda dos “céus dos céus” (Dt 10:14; 1 Rs 7:27) e que haverá “novos céus” (2 Pe 3:13). Mas creio que o lugar inacessível a nós é onde Cristo subiu, “acima de TODOS os céus” (Ef 4:10).

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Como um cristão deve se vestir?

Pelo que escreveu você está sendo obrigada a vestir calças compridas em seu novo trabalho, por ser mais adequado às atividades que exerce. Sua dúvida, creio eu, vem de uma aplicação errada das Escrituras. Assim como você, concordo que a mulher não deve se vestir com roupas de homens, mas isto evidentemente não é uma lei para o crente, mesmo porque está condicionada aos costumes do país. Saia é roupa de homem? Na Escócia é.

Se o trabalho que você executa exige uma proteção para as pernas, é melhor que você coloque calça comprida para trabalhar, evitando assim ferir seu corpo que é o templo do Espírito Santo de Deus. Para mim está bem claro que é um caso de necessidade e não de moda ou de querer se vestir como homens (no tempo em que aquele versículo foi escrito os homens usavam saias).

Devemos procurar nos vestir com modéstia e bom senso, e isto inclui entendermos a época e o país em que vivemos. No oriente médio os homens usam vestidos, como nos tempos dos primeiros cristãos, e lá não é nenhum escândalo um cristão usar um vestido.

Colocar regras e modelos de roupas para os crentes, como fazem alguns, é excluir irmãos e irmãs fiéis que moram em lugares como a África ou a Índia e que se vestem diferente de nós, ou aqueles que por necessidade de trabalho precisam de uma proteção maior para o corpo.

Vou dar um exemplo de sabedoria no vestir. Hudson Taylor foi um dos maiores missionários do século passado e por meio dele e da Missão Para o Interior da China que ele fundou, milhares de pessoas naquele país receberam o evangelho e foram salvas. Quando ele chegou à China, os missionários ingleses viviam apenas em algumas poucas cidades do litoral e ninguém se atrevia a entrar pelo interior. Também quase não havia fruto do trabalho e os chineses achavam estranhos aqueles homens vestidos de maneira engraçada.

Quando Hudson Taylor viu que ao pregar, os chineses prestavam mais atenção na sua roupa do que na mensagem, decidiu vestir-se como os chineses. Passou a usar sapatilhas, calças e blusões largos de cetim, e até mesmo tingiu seu cabelo de preto e colou tranças postiças em sua cabeça, usando ainda um chapéu no formato de um cone. Foi expulso da missão a qual estava ligado e os outros missionários passaram a criticá-lo e persegui-lo por não se vestir de terno e gravata, como era o costume dos cristãos ingleses. Mas a partir daí os chineses não reparavam mais nas roupas de Hudson Taylor e começaram a ouvir sua mensagem. Deus começou a salvar aquelas almas e Hudson iniciou a Missão Para o Interior, na qual todos os missionários vindos da Inglaterra se vestiam como chineses.

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Jesus tinha irmãos?

Temos o costume de colocar em dúvida o que lemos na Bíblia, que está muitas vezes tão claro, só porque alguém traz alguma teoria de que não seja assim. O que lemos na Bíblia?

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Mc 6:3).

Lemos que sua mãe e seus irmãos procuraram por ele numa certa ocasião. E lemos expressões como “o irmão do Senhor”. Como tudo está no plural, tudo leva a crer que Maria teve pelo menos mais quatro filhos após o Senhor. Seriam, ao todo e no mínimo, três homens e duas mulheres, ou mais.

A Palavra deixa claro que a concepção do Senhor foi sobrenatural, não o seu nascimento. Ele nasceu como um bebê qualquer nasce, pois convinha que em tudo fosse semelhante a nós, porém sem pecado (Hb 2:17; 4:15). Para isso, ele não veio como semente de Adão, mas foi concebido pelo Espírito. Embora tenha herdado a natureza humana por meio de seu nascimento, não herdou o pecado de Adão. O Senhor nunca pecou e jamais poderia pecar, pois não tinha a natureza pecaminosa com que nós nascemos. Se tivesse, não serviria para morrer por nossos pecados; não seria o Cordeiro sem mancha e sem mácula, mas necessitaria, ele próprio, de um Salvador.

Após haver sido concebido, nenhuma importância teria a condição de Maria. Se ela teve mais filhos ou não, isso não tem influência nenhuma na questão que é a principal: Jesus nasceu sem pecado e não poderia nunca pecar. A doutrina católica tenta honrar Maria dizendo que ela continuou virgem, como se o ato sexual fosse pecado. Mesmo que ela continuasse virgem, em nada isso mudaria sua condição de uma pecadora necessitada de salvação.

Baseado nisso, Deus deve ter tido uma razão para não permitir que em alguma Bíblia, inclusive na versão católica, usassem a palavra “primos” para os irmãos do Senhor. Portanto, leia e creia no que lê. E volte a escrever sempre que desejar.

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A Bíblia proíbe transfusão de sangue?

Não há nada na Bíblia que proíba a transfusão de sangue, ao contrário do que prega a seita chamada “testemunhas de Jeová”. No Antigo Testamento era vedado comer sangue, pois o sangue é a vida do corpo e, ao comer o sangue, você estaria se alimentando da vida de outro ser. E era o sangue de algum ser que havia sido morto, o que não acontece em uma transfusão.

A mesma ordem foi dada aos cristãos, não como lei, mas como uma ordenança que fazemos bem em cumprir (At 15:20). Sendo assim, o cristão não deve comer alimentos como carnes ao molho pardo (molho feito com o sangue do animal morto) ou chouriço (espécie de linguiça feita com sangue). Devemos evitar tais alimentos.

Mas não há nada na Palavra de Deus que impeça alguém de receber uma transfusão de sangue. É comum hoje pessoas que, precisando passar por uma cirurgia sem urgência, começam a estocar seu próprio sangue em um banco de sangue, o qual é colocado de volta por ocasião da cirurgia. É uma transfusão na qual a pessoa recebe seu próprio sangue.

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É possível congregar com desprendimento denominacional?

Você falou em congregar com “desprendimento denominacional” e eu acrescentaria que não existe um desprendimento denominacional na prática se não houver uma separação do sistema denominacional para estar reunido somente ao nome do Senhor Jesus Cristo, o nome tão digno ao Pai que é, infelizmente, muitas vezes, considerado por nós de somenos importância.

Quantas vezes nos

prontificamos a alterar só um pouquinho o nosso rumo a fim de não sofrermos por causa deste nome tão maravilhoso. E então caímos, como a grande maioria de nossos irmãos espalhados pelas divisões, na tentação de nos identificarmos por mais algum nome, esquecendo-nos do valor que seu bendito nome tem para Deus, esquecendo-nos que “Jesus Cristo” é, segundo o propósito de Deus, aquele “do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome” (Ef 3:15). Mas por que tanta importância deve ser dada ao seu nome? Porque Deus faz assim e porque disto depende o testemunho da unidade da Igreja sobre a terra, testemunho este apresentado aos homens (Jo 17:23) e aos anjos (Ef 10:3).

Infelizmente vemos o nome de Cristo sendo considerado algo secundário e os cristãos passam a dar mais valor à união dos crentes do que à unidade do um só corpo, comprometendo assim o testemunho desta unidade e passando por cima da verdade. Existe uma diferença entre união, no sentido em que estou mostrando aqui, e unidade. Unidade é aquilo que já temos. Deus fez a igreja UM SÓ CORPO (Ef 4:4), e isto independente de nós. Foi ele quem a fez assim. Cabe agora a nós, darmos testemunho desta unidade que é tão preciosa aos olhos de Deus. Ninguém pode destruir a UNIDADE do Corpo de Cristo, mas os homens conseguiram arruinar o TESTEMUNHO

desta unidade, ou seja, aquilo que é visível aos homens e aos anjos e que coube aos homens preservar. “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer… Está Cristo dividido?” (1 Co 1:10-13).

Quanto à UNIÃO dos crentes, ela deve existir (Fp 2:2 diz, na versão atualizada, para sermos unidos de alma), mas nunca deve comprometer a verdade. Os homens dizem: “Não importa que doutrina você professe ou que denominação tenha; o importante é estarmos unidos.” Isto é uma mentira. Deus nunca coloca o seu selo em algo que não é segundo a verdade. As doze tribos de Israel foram divididas, tendo dez tribos seguido a Jeroboão, que fez altares para que o povo adorasse fora de Jerusalém, e duas tribos ficado com Roboão, adorando em Jerusalém. Deus permitiu tal divisão, pois ela expressava o coração do povo, mas, embora Deus considerasse como seu povo as doze tribos, reconhecia apenas Judá e Benjamim como estando no lugar que ele havia escolhido para por o seu nome (Dt 12; 2 Cr 10:1-19).

Embora as dez tribos estivessem no lugar errado, adorando de maneira errada, Deus não permitiu que Judá e Benjamim lutassem contra seus irmãos das dez tribos, mesmo que tal luta fosse para reuni-los novamente em um só Israel (2 Cr 11:1-4). Mesmo no lugar errado, continuavam a ser o povo de Deus.

Mas vemos um alerta em 2 Crônicas 11:13-16 que mostra, por um lado, a bênção de se estar onde Deus colocou o seu nome (no caso era Jerusalém — o “UM LUGAR” de Deuteronômio 12) e o declínio, por outro lado, entre aqueles que se conectaram com o erro. Jeroboão lançou fora os verdadeiros sacerdotes do Senhor, pois não queria que eles ministrassem entre o povo, e elegeu para si mesmo sacerdotes, do mais baixo do povo, que não eram da tribo de Levi (1 Rs 12:31). Assim é o homem: escolhe para si aquilo que lhe agrada, passando por cima do que Deus determinou. Isso acabou em grassa idolatria como sabemos muito bem. Por outro lado, “aqueles de todas as tribos de Israel, OS QUE DERAM O SEU CORAÇÃO A BUSCAREM AO SENHOR DEUS DE

ISRAEL, vieram a Jerusalém para oferecerem sacrifícios ao Senhor Deus de seus pais”.

Mesmo em meio à ruína, sempre haverá aqueles que desejarão fazer as coisas conforme a vontade do Senhor, negando a sua própria vontade. Não duvido que tenha sido difícil para muitos terem tomado tal decisão. Se pensarmos que a grande maioria do povo não adorava no lugar estabelecido por Deus (dez tribos contra apenas duas), o mais fácil para qualquer israelita era adorar mais próximo de casa. Mas existiram aqueles, e Deus os recompensará por sua fidelidade, que saíam de suas casas, talvez escondidos dos guardas de Jeroboão, e iam até Jerusalém para adorar a Deus no lugar e da maneira que ele havia instituído. Quão preciosa cena devia ser, aos olhos de Deus, um israelita fiel enfrentar os perigos e cansaços da viagem para fazer a sua vontade! Com certeza isto ficou registrado no coração de Deus.

Mais adiante encontramos um rei temente a Deus, Josafá, reinando sobre Judá e Benjamim (2 Cr 17). Seu reino foi forte, pois Deus o abençoou grandemente. Ele não apenas estava no lugar de testemunho estabelecido por Deus, mas procurava andar segundo a sua Palavra (17:4-9).

Mas ele errou ao se aparentar com Acabe, rei de Israel (as dez tribos), indo se encontrar com ele em Samaria. Isto é procurar união fora dos princípios de Deus e fora do lugar que ele estabeleceu. Evidentemente Josafá foi bem recebido e nós também somos bem recebidos quando nos afastamos daquilo que Deus nos ordena.

Mas isto somente no começo.

Há sempre uma cilada escondida por trás dos presentes e das lisonjas que possamos ganhar e você verá que Acabe preparou uma armadilha para que Josafá fosse morto em seu lugar durante a batalha (2 Cr 18). Outra característica daquele que deixou o lugar que Deus havia estabelecido, associando-se com aqueles que, embora seus irmãos, não estavam num lugar de obediência, foi sua incapacidade de julgar e discernir a vontade de Deus. Como se diz na linguagem popular, Josafá passou a “engolir” tudo sem nenhum julgamento. Tanto é que quando escuta um verdadeiro profeta declarar a verdade, se faz de surdo e segue adiante como se nada tivesse acontecido. Ele nem mesmo intercedeu pelo profeta quando este foi trancafiado, e preferiu seguir adiante dando ouvidos àqueles que diziam “coisas aprazíveis” (Is 30:10), tendo que colher frutos amargos de sua desobediência.

Enquanto em Roboão vemos que Deus não permitiu que LUTASSE contra aqueles que estavam fora do lugar, em Josafá vemos que Deus não queria que se UNISSE com aqueles que estavam fora do lugar. Eram irmãos, povo de Deus e, portanto não deviam ser combatidos. Mas estavam fora do lugar estabelecido por Deus e da forma que este havia dado para adorarem. Portanto não deveriam ir a eles. Em um tempo de maior desvio da verdade, encontramos o profeta Jeremias sentando-se, e sentindo-se, solitário (Jr 15:17) por causa da impiedade que se espalhava por toda a parte.

E qual foi a admoestação que Deus lhe deu? “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante da minha face; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; TORNEM-SE

ELES PARA TI, MAS NÃO VOLTES TU PARA ELES”. (Jr 15:19).

Mas o que tem tudo isso que aconteceu a Israel a ver conosco que somos cristãos? “Porque TUDO que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm 15:4).

São lições claras para nós e seremos néscios se não as atendermos. Na história de Israel as dez tribos foram logo dispersas, a ponto de nunca mais poderem ser consideradas um testemunho do povo de Deus: “Assim andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito: nunca se apartaram deles. Até que o Senhor tirou a Israel (as dez tribos) de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas: assim foi Israel (as dez tribos) transportado da sua terra à Assíria até ao dia de hoje. E o rei da Assíria trouxe gente de Babel, e de Cuta… e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel…” (2 Rs 17:22-24).

As dez tribos foram dispersas e se misturaram com as nações e hoje homem algum poderá identificar um israelita dessas tribos. Eles serão congregados novamente somente quando o Senhor vier para reinar no milênio. No lugar deles, na terra de Samaria, foram colocados gentios que aprenderam os costumes de Israel e tornaram-se os samaritanos que encontramos no Novo Testamento. Restou apenas Judá e Benjamim, que embora tenham sido levados cativos mais tarde, foram, por Deus, trazidos de volta a Jerusalém (um pequeno remanescente) em Esdras/Neemias, para que houvesse sempre um testemunho naquele lugar. E não devemos nos esquecer de que mesmo no exílio os judeus oravam voltados para Jerusalém, pois consideravam o lugar que Deus havia estabelecido (Dn 6:10).

Assim, embora Deus nunca tenha deixado de considerar as dez tribos como seu povo (e as trará de volta no final), ele colocou o seu selo sobre Judá/Benjamim para que fossem seu testemunho na terra até a formação da Igreja, e também depois que a Igreja for arrebatada. Seriam os de Judá/Benjamim melhores israelitas do que os outros?

Não! Eles eram iguais. Mas guardaram a Palavra do Senhor e não negaram o seu nome que estava sobre Jerusalém, o único lugar que tinha o selo de Deus para que os israelitas fossem ali adorar.

Há lições para nós? Muitas!

Hoje Deus tem um povo: todos os seus filhos nascidos de novo; lavados pelo precioso sangue do Cordeiro e destinados ao céu. Mas, assim como Israel falhou em guardar a unidade, este povo de Deus, que é a Igreja, falhou igualmente.

Deus não tem mais um lugar no sentido terreno, como era Jerusalém, mas continua tendo um lugar: “ONDE estiverem dois ou três reunidos em meu nome, AÍ, estou EU no meio deles” (Mt 18:20). Somente este lugar, onde Cristo é reconhecido, sua Palavra TODA é aceita e o seu nome é o ÚNICO em evidência, é o lugar que Deus coloca o seu selo como sendo o seu testemunho sobre a terra. Embora nem todos os israelitas adorassem em Jerusalém, TODOS eram ali representados como testemunho. Embora nem todos os cristãos do mundo se reúnam ao nome do Senhor somente, todos estão ali representados no único pão. E é dado, assim, testemunho da unidade e Deus é glorificado nisso.

Mas o que devemos fazer com respeito aos nossos amados irmãos que se encontram fora do bendito lugar de reunião estabelecido por Deus? O que fazer com aqueles que não consideram o nome de Cristo como suficiente para identificá-los, adotando diferentes denominações? O que fazer com aqueles que, embora nossos irmãos amados, não se sujeitam a Cristo como cabeça na assembleia, colocando homens para dirigi-los e tolhendo, assim, a liberdade do Espírito? O que fazer com relação àqueles que estarão junto conosco no céu, mas que aqui na terra se organizam em diferentes denominações que não existirão no céu?

Uma resposta já temos:

devemos amá-los e considerá-los como irmãos, ou seja, não fazer guerra contra eles (como Roboão). E outra coisa que devemos fazer é não irmos a eles e nem nos associarmos com eles em suas denominações e organizações. “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Se entendermos a gravidade que é alguém dividir os filhos de Deus por diferentes nomes; se entendermos a desonra que é para o Senhor nos identificarmos com algum outro nome além do dele; se entendermos o desprezo à sua bendita Pessoa que é colocar algum homem dirigindo-nos em adoração; e se entendermos o dano que tudo isso causou ao testemunho da unidade do corpo de Cristo, nos manteremos afastados das denominações, dos seus sistemas humanos e dos seus cultos.

Mas, se não entendermos que tudo isso é “iniquidade”, nossos sentidos estarão embotados e já teremos sido seduzidos pelas “oportunidades” que poderão se nos apresentar no meio denominacional. “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Tm 4:3, 4).

Faz algum tempo um pastor que conheci numa cidade próxima daqui, convidou-me para falar em sua igreja.

Com todo o cuidado para não ofendê-lo, expliquei a ele como me reunia, e atenderia ao seu convite se fosse para falar, por exemplo, em sua própria casa.

Mas, expliquei, minha consciência não me permitiria reunir em um lugar que estivesse sob a placa de uma denominação que divide os crentes. Na oportunidade dei de presente a ele alguma literatura.

A última notícia que tive dele, dada por duas pessoas diferentes, membros de sua denominação, foi que ele, no púlpito, pregou contra a literatura que ganhara, dizendo que se tratava de algo produzido por uma organização com o objetivo de destruir as denominações. Na ocasião ele chamou no púlpito irmãos e irmãs que receberam literatura semelhante, para que se comprometessem a trazer a ele toda literatura para ser queimada. Isso demonstrou o que há no coração daquele líder eclesiástico. Deus, em toda a sua Palavra, exalta a Cristo como cabeça sobre a sua Igreja. E não deveríamos nós também exaltá-lo assim? Não importa quanta oposição iremos receber (e sempre haverá oposição), devemos nos firmar na Verdade, custe o que custar. “Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” (Mt 15:13).

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Deus é autor do mal?

Isaías 45:7 — A

palavra “mal” na versão Almeida é “ra” no original hebraico, e tem o significado de tristeza, miséria, adversidade, aflição, mas nunca significa “pecado”.

Deus cria o mal, ou seja, ele traz miséria, aflição ou tristeza quando assim julga necessário para cumprir os seus justos desígnios. O mal que Deus terá que trazer sobre o pecador que não crê em Cristo é um exemplo disto.

Um juiz que é justo ao condenar um transgressor trará, evidentemente, mal à vida do transgressor, prendendo-o numa cadeia por um determinado tempo. A justiça inclui a aplicação de uma pena ao transgressor. Por esta razão Deus trouxe o dilúvio sobre a terra, eliminando aqueles que estavam cansados de receber um testemunho acerca do Deus verdadeiro, mas teimavam em viver em iniquidade e idolatria.

(leia Gn 6:1-8). Ao longo de todo o Antigo Testamento você encontrará Deus julgando os homens por meio de catástrofes ou por guerras.

Romanos 9:6-33 — Aqui vemos a soberania de Deus e que sua vontade está acima de tudo. Nem sempre seremos capazes de compreender a sua vontade, mas podemos ter certeza de que é a melhor. Em Êxodo 4:19, Deus diz a Moisés: “eu SEI, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir”. Aqui Deus sabia o que havia no coração de Faraó. No primeiro encontro, em Êxodo 5, Faraó diz “Quem é o Senhor?” e “Não conheço o Senhor”, não deixando o povo ir. O coração do homem é igual, pois Moisés diz em 6:12: “Eis que os filhos de Israel me não têm ouvido; como, pois me ouvirá Faraó?”, ou seja, o homem é inimigo de Deus em qualquer lado que esteja. Mas Deus tinha o propósito de salvar aquele povo e condenar o Egito.

Assim é a graça de Deus.

Ambos os povos eram pecadores culpados e não queriam escutar a voz do Senhor, portanto ele podia simplesmente esquecê-los e destiná-los ao juízo.

Mas Deus, na sua graça, queria salvar um povo e escolheu os israelitas para ser este povo. Alguns perguntariam: “Por que ele não salvou os dois povos?”, mas eu pergunto “Por que ele, ainda assim, salvou os israelitas, uma vez que estes eram tão indignos quanto os egípcios?” A resposta é que ele quis salvar. Se há duas pessoas se afogando e alguém que passa na beira do rio escolhe salvar uma, não podemos dizer que ele seja culpado da morte da outra pessoa. Ele poderia muito bem não ter se arriscado e deixar que as duas morressem. Ele não tinha nada a ver com a falta de juízo daqueles que tinham escolhido nadar em águas profundas. Mas se ele, ainda assim, salva uma, deve ser reconhecido por seu feito.

Mas creio que Faraó ainda podia se converter, pois Deus estava se revelando a ele. (Lembre-se do que aconteceu em Nínive, quando Jonas pregou e, ao contrário do que Jonas esperava, o rei e toda a cidade se arrependeram). Assim, é somente no capítulo 7:3 que Deus vai endurecer o coração de Faraó, acabando assim suas chances de se converter.

Provérbios 16:4 — Este

é o mesmo caso de Faraó. Deus o criou, sabendo que ele seria tão ímpio quanto qualquer outro israelita. Mas Deus criou a ambos, que nasceram ímpios por causa do pecado e não de Deus, e decidiu salvar o ímpio israelita, permanecendo o ímpio Faraó na condenação e ainda servindo de instrumento para que Deus concluísse os seus desígnios. Mas em tudo isso Deus permanece justo. João 1:3

mostra que Cristo fez todas as coisas e que sem ele nada do que foi feito se fez, portanto isto inclui tudo. Você foi criado por Deus, por intermédio de Cristo, assim como eu. E nós, embora tenhamos sido salvos pela fé em Jesus, nascemos tão ímpios quanto Faraó ou o mais vil assassino que exista na penitenciária. Se Deus justifica o ímpio (Rm 4:5) que crê e condena o ímpio que permanece nos seus pecados, não podemos dizer que Deus é injusto em condenar o segundo ou mesmo de utilizá-lo para cumprir seus justos desígnios. Mas podemos louvá-lo por salvar o primeiro, ou seja, o ímpio que crê em Jesus.

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O que significa o arrebatamento?

O arrebatamento não pode ser confundido com a vinda de Cristo a este mundo, pois no arrebatamento ele não chega a descer até o mundo; somos nós que subimos e vamos encontrá-lo “nos ares”, “nas nuvens”. Então estaremos no céu para a celebração das bodas do Cordeiro (leia 1 Ts 4:17; Jo 14:2-3; Ef 5:25-27; Ap 19:7-9), para então virmos COM CRISTO em poder e glória em sua vinda (Ap 19:14 — compare com Ap 19:8), para reinarmos com ele (Ap 5:10; 3:21; 20:6; 2 Tm 2:12; 1 Co 4:8; Lc 19:17-19).

O versículo que você citou em 2 Ts 1:7-10 poderá ser mais bem entendido se você completar o que diz no versículo 7 com o que está em Judas 1:14: “Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus SANTOS”; Zacarias 14:5: “Então virá o Senhor meu Deus, E TODOS OS

SANTOS contigo, ó Senhor”. Creio que os “santos” que estes versículos falam somos nós que fomos previamente arrebatados. A ordem em 2 Tessalonicenses é a seguinte:

  1. a) 2 Ts 2:7 — O mistério da injustiça, que operava no tempo do apóstolo, ainda opera hoje; b) 2 Ts 2:3 — A igreja professa (cristandade) torna-se apóstata, ou seja, vai abandonando a verdade (veja também Lc 18:8; 2 Tm 3:1-8); c) 2 Ts 2:6, 7 — É tirado o que resiste, ou seja, o Espírito Santo que hoje habita na igreja, o qual impede a plena manifestação do diabo neste mundo. Obviamente, a igreja é tirada junto, pois está selada pelo Espírito. (1 Ts 4:14-17).
  2. d) 2 Ts 2:8-10 — O

iníquo é revelado (também Dn 7:8; 9:27; Mt 24:15; Ap 13:2-10); e) 2 Ts 2:8 — Cristo vem em glória, com seus anjos e santos, para destruir o iníquo (2 Ts 1:7; Jd 14; Zc 14:5; Ap 19:11-21).

Evidentemente, 1 Ts 5 fala da vida do Senhor para o mundo, ou seja, ele vem como um ladrão (para nós ele vem como o noivo; nós o estamos esperando. Para o mundo, que não o espera, será como a vinda de um ladrão à noite). O mesmo assunto é tratado em 2 Pe 3:9-14.

A palavra “aguardando” no versículo 14 está conectada ao que “aguardamos” no versículo 13, ou seja, os novos céus e a nova terra, e não que devemos esperar pela vinda do Senhor para o mundo como ladrão.

Em 1 Tessalonicenses 4, quando o Senhor vem buscar os seus, há “alarido”, para acordar os que morreram em Cristo, há a “voz do arcanjo”, que parece ser o próprio Senhor na forma como ele aparecia para os santos do Antigo Testamento, ou seja, como um arcanjo, e a cuja voz aqueles santos já estão familiarizados, ressuscitando assim, e há a “trombeta de Deus” que encerra a dispensação da graça de Deus, e creio ser a mesma trombeta de 1 Coríntios 15, conectada com ressurreição.

Não se deve confundir esta trombeta com a última das sete trombetas de Apocalipse 11:15-18, as quais serão soadas no fim da tribulação, quando Cristo virá dos céus (na vinda de Cristo) para tomar posse do reino neste mundo. Também não se deve confundir com a trombeta soada em Mt 24:30-31 e Is 27:13, que se refere à reunião de Israel, pelos anjos, após a vinda de Cristo.

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Qual a relação de Cristo com a Lei dada a Moisés?

Quanto às suas dúvidas, Mateus 5:17 e Romanos 3:31, o versículo diz exatamente o que está escrito, ou seja, que Cristo veio cumprir a lei, ou seja, ele se sujeitou à lei (Gl 4:4), viveu em perfeita obediência à lei (Jo 8:46; Mt 17:5; 1 Pe 2:21-23); foi um ministro da lei aos judeus, limpando os erros que eles haviam introduzido (Lc 10:25-37) e confirmando, ao mesmo tempo, as promessas feitas aos patriarcas (Rm 15:8).

Por meio de sua vida santa e de sua morte ele cumpriu todos os itens da lei (Hb 9:11-26), e levou sobre Si mesmo a maldição da lei a fim de que todos os que cressem pudessem participar das bênçãos do pacto com Abraão (Gl 3:13-14).

Mediante sua obra, Cristo transportou a todos os que creem do lugar de servos da lei para a posição de filhos de Deus (Gl 4:1-7). Ele serviu por seu sangue, de mediador de uma nova aliança de graça, na qual os crentes estão firmes (Rm 5:2; Hb 8:6-13).

Portanto ele veio cumprir a lei (o que é impossível ao homem). Portanto, a lei não foi anulada, mas ela serve apenas para mostrar que o homem é pecador (Rm 7:7) e ela não tem poder para salvá-lo.

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Qual a diferença entre crer e acreditar?

Sua dúvida diz respeito à salvação somente pela fé, ou seja, só pelo ato de crer. Quanto ao versículo que citou, conforme escutou numa rádio, ou seja, Tiago 2:19, ali não diz que o diabo é crente em Jesus, mas que os demônios creem que há um só Deus, e não só creem como também estremecem. Mas não é o fato de crermos que há um só Deus que nos dá a salvação. Os muçulmanos (maometanos) creem que há um só Deus e nem por isso estão salvos. Não é por crermos que há um só Deus que somos salvos, mas por crermos em Jesus Cristo; por aceitarmos que ele é o sacrifício enviado por Deus para a remissão (retirada) de nosso pecado. E que ele ressuscitou ao terceiro dia, tendo assim o seu sacrifício sido aceito por Deus (Leia 1 Co 15:1-4).

Existe uma diferença entre CRER e ACREDITAR. Apenas para dar um exemplo, uma pessoa poderia saber tudo a respeito de um cirurgião e até mesmo ACREDITAR que ele seria capaz de fazer um transplante de coração. Porém, tal pessoa teria de CRER na habilidade daquele cirurgião (e achar-se doente) para deitar-se numa mesa de operações e permitir que o médico lhe tirasse o coração para colocar outro no lugar.

Incrédulos “acreditam” em Deus, em Jesus e até no fato histórico de sua vida e morte na cruz. Mas crer de fato, no sentido bíblico e para a salvação, não se limita a apenas “saber” ou “acreditar”

a respeito de algum assunto, mas receber em sua própria vida a ação daquilo ou daquele em quem se crê. Confiar que somente naquela Pessoa e obra poderá encontrar a cura para o seu pecado e a vida eterna. No caso da salvação, cremos ao aceitarmos a Cristo como Salvador, o que demônio algum fez e jamais fará.

Aqueles que usam erradamente a passagem em Tiago o fazem com malícia e tendo segunda intenção, ou seja, tentar convencer as pessoas de que não basta apenas crer em Cristo, mas que também seria preciso fazer alguma coisa mais, como se a Obra de Cristo não fosse perfeita.

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Posso perder minha salvação?

Você acredita que uma pessoa salva por Cristo possa perder a salvação, ao afirmar que “… a doutrina de que uma vez salvo, sempre salvo é anti-bíblica. Do contrário, eu poderia negar a fé quando bem entendesse.” Quanto à sua ideia de que você poderá negar sua fé, devo dizer que se você realmente é nascido de Deus, ele cuidará de você até o fim.

Embora infelizmente você e eu sejamos capazes de cair, pois “sete vezes cairá o justo, E SE LEVANTARÁ” (Pv 24:16), podemos descansar na certeza de que “o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ELE MESMO VOS APERFEIÇOARÁ, CONFIRMARÁ, FORTIFICARÁ E FORTALECERÁ” (1 Pe 5:10). “O

Senhor Jesus Cristo, o qual vos confirmará também ATÉ AO FIM, PARA SERDES IRREPREENSÍVEIS

NO DIA DE NOSSO SENHOR JESUS” (1 Co 1:8). “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp 1:6). “Para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos” (1 Ts 3:13). “Assim, pois, não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que Se compadece” (Rm 9:16).

Quando entendemos que não apenas nossa salvação depende de Deus, mas também a manutenção de nossa salvação depende dele, podemos descansar sabendo que ele nos fará completar nossa jornada aqui. Ao contrário do que muitos pensam, isto não nos leva a tratar levianamente o pecado, mas faz aumentar o sentimento de responsabilidade genuína. Quando ficamos sabendo que a graça de Deus é grande para chegar a este ponto, nosso coração enche-se de temor, não de perdermos a salvação, mas de sabermos quão grandiosa foi a obra de Cristo por nós. Um verdadeiro crente nunca perderá a salvação; Deus providenciará para que nada ou ninguém possa tirá-lo das mãos do Pai. E um verdadeiro crente, ao saber disso, nunca dirá: “Se é assim, vou pecar à vontade”. O que pensa assim nunca foi salvo, nunca conheceu a graça de Deus.

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A Bíblia proíbe a mulher de cortar o cabelo?

Em sua carta você pergunta sobre corte de cabelo da mulher, modo de vestir, etc. Embora a Palavra seja clara quando diz que o cabelo é a glória da mulher e, portanto, ela deve deixá-lo comprido, não encontro nada que a proíba de cortá-lo. Entendo que a mulher não deve rapar a cabeça e nem cortar o cabelo curto, mas nunca vi nenhuma passagem que a proíba de aparar suas pontas. Querer afirmar isto é ir além do que está escrito.

Alguns afirmam que a proibição esteja em 1 Co 11, mas ali não está falando de cortar o cabelo, mas de rapar a cabeça.

(1

Co 11:6) “Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.”.

Muitas pessoas têm dificuldade em entender que existe uma diferença entre “cortar” e “tosquiar” na língua portuguesa e também em qualquer idioma. Consultei três dicionários e eles mostram que tosquiar.

tosquiar: Aparar rente (a lã das ovelhas); cortar rente (o cabelo das pessoas) (cf. Dicionário Michaelis).

tosquiar: Cortar rente a lã ou o pelo de (cf. Dicionário Priberam).

tosquiar: Rapar, cortar rente (cf.

Dicionário Aurélio).

A passagem de 1 Coríntios está dizendo que a mulher não deve rapar a cabeça. A palavra no grego é “keirō”, também usada para barbear-se, isto é, rapar-se com uma navalha.

Quanto às vestes, devemos procurar nos vestir com modéstia e bom senso, e isto inclui entendermos a época e o país em que vivemos. No oriente médio os homens usam vestidos, como nos tempos dos primeiros cristãos, e lá não é nenhum escândalo um cristão usar um vestido.

Colocar regras e modelos de roupas para os crentes, como fazem alguns, é excluir irmãos e irmãs fiéis que moram em lugares como a África ou a Índia e que se vestem diferente de nós. Seria interessante se você pudesse encontrar em alguma livraria evangélica o livro “O Segredo Espiritual de Hudson Taylor”

publicado pela Ed. Mundo Cristão. Hudson Taylor foi um dos maiores missionários do século passado e por meio dele e da Missão Para o Interior da China que ele fundou, milhares de pessoas naquele país receberam o evangelho e foram salvas.

Quando ele chegou à China, os missionários ingleses viviam apenas em algumas poucas cidades do litoral e ninguém se atrevia a entrar pelo interior. Também quase não havia fruto do trabalho e os chineses achavam estranhos aqueles homens vestidos de maneira engraçada. Quando Hudson Taylor viu que ao pregar, os chineses prestavam mais atenção na sua roupa do que na mensagem, decidiu vestir-se como os chineses. Passou a usar sapatilhas, calças e blusões largos de cetim, e até mesmo tingiu seu cabelo de preto e colou tranças postiças em sua cabeça, usando ainda um chapéu no formato de um cone. Foi expulso da missão a qual estava ligado e os outros missionários passaram a criticá-lo e persegui-lo por não se vestir de terno e gravata, como era o costume dos cristãos ingleses.

Mas a partir daí os chineses não reparavam mais nas roupas de Hudson Taylor e começaram a ouvir sua mensagem. Deus começou a salvar aquelas almas e Hudson iniciou a Missão Para o Interior, na qual todos os missionários vindos da Inglaterra se vestiam como chineses.

Despeço-me, rogando a Deus que possa guiá-lo no conhecimento da sua vontade, para que não se firme em homens, doutrinas, dogmas e nem mesmo na sua própria vontade. Somente em Cristo encontramos o que precisamos. “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus”.

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Deus induz alguém a pecar?

Você nos perguntou se Deus induz alguém ao pecado. A resposta encontra-se em Tiago 1:13: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.

Portanto, Deus não nos induz a pecar. Porém há ocasiões em que ele permite que sejamos tentado para que nossa fé se fortaleça, mas ele providencia para que tenhamos força suficiente para não cairmos. “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10:13). Por isso ninguém poderá dizer que caiu em pecado por não ter tido forças para suportar uma tentação.

A Palavra nos diz que o Senhor “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4:15). Isto significa que o Senhor esteve exposto a todo tipo de tentação às quais estamos expostos também. A grande diferença está no fato de que, sendo ele Deus feito homem, e não participante da linhagem de Adão, não tinha a mesma natureza que herdamos de Adão. O Senhor era tentado, porém sem pecado, ou seja, não havia uma resposta no seu interior que atendesse aos apelos da tentação. Não era possível ele pecar, pois sua natureza, mesmo quando esteve aqui como homem, era uma natureza divina.

Hoje temos a natureza divina, após crermos em Cristo, porém ainda conservamos a velha natureza. Quando somos tentados, temos dentro de nós uma velha natureza pecaminosa que, se permitirmos, irá responder aos apelos da tentação e dará à luz o pecado. Isto nunca acontecia com o Senhor. Ele recebia o ataque da tentação vinda de fora, mas dentro de Si não havia nada que o inclinasse a atender aos apelos da tentação.

Com isto alguém poderia pensar que ficamos, assim, livres de qualquer responsabilidade quando somos tentados. Alguém poderia dizer que não consegue refrear os seus desejos pecaminosos e que o Senhor conseguia porque era diferente de nós.

Evidentemente, estamos ainda em um corpo sujeito ao pecado, mas Deus nos dotou de tudo o que precisávamos para que não pecássemos mais. Depende de quem deixarmos que vá atender a porta quando toca a campainha da tentação; ou o velho homem, ou o novo homem.

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Qual a diferença entre o batismo e o selo do Espírito?

Em sua carta você fez referência ao assunto do batismo com o Espírito Santo ou do Espírito Santo. Na última carta que lhe enviei, inclui um texto que traduzi (O Espírito Santo) de um livreto escrito por H. E. Hayhoe, um irmão canadense, onde está explicado o assunto. Creio que aquele artigo, bem como tudo o que os irmãos que estiveram aí compartilharam com vocês, já dão a orientação necessária para você poder buscar os versículos citados e pedir ao Senhor luz acerca do assunto.

Não sei ao certo qual aspecto concernente ao batismo com o Espírito Santo que possa ter deixado dúvidas. É

importante, ao analisarmos tal assunto, nos desfazermos de todos os preconceitos adquiridos pela influência pentecostal que invade o cristianismo a passos largos, semeando uma fé baseada no que se vê e no que se experimenta, o que é contrário à Palavra de Deus para hoje (At 20:29; Rm 8:24,25; Hb 11:1).

Talvez se você ler novamente o texto escrito pelo irmão Hayhoe será possível identificar quais os pontos que tem gerado dúvidas. Para mim, colocando de uma forma simples, embora generalizada, o batismo com o Espírito Santo ocorreu em Pentecostes. O Senhor havia dito aos seus discípulos em Atos 1:5 “Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”, o que consequentemente aconteceu em Pentecostes, conforme o relato em Atos 2, quando todos os santos foram batizados por um Espírito em um só corpo (1 Co 12:13).

Isto nos mostra que ninguém pode ser parte do corpo a menos que seja feito habitação do Espírito Santo, sendo então acrescentado ao único corpo formado por ocasião do batismo do Espírito Santo ocorrido de uma vez para sempre em Pentecostes. Não existe nada mais claro sobre o assunto do que o versículo em 1 Coríntios 12:13. Quando é que fomos batizados em um Espírito?

Isto é diferente de sermos selados com o Espírito Santo, cf. Efésios 1:13, que aconteceu “depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação: e, tendo nele também crido”. Enquanto o batismo com o Espírito ou no Espírito só aconteceu uma vez no Pentecostes, e somos incluídos nele, o selo do Espírito só acontece uma vez, quando alguém crê e é assim “marcado” ou selado. Por outro lado, o “enchei-vos com o Espírito” é algo que deve estar presente constantemente na vida do crente e, este sim, é um exercício que devemos praticar continuamente. O grande erro é que muitos cristãos usam os termos, e os versículos, indistintamente. Cada coisa tem o seu lugar, irmão.

A confusão é formada pelos erros doutrinários que estão sendo espalhados pela multidão de seitas e denominações que surgem a cada dia. Os mesmos que dão ênfase ao batismo com o Espírito como sendo uma experiência extática que ocorre depois da conversão, são os que semeiam um grande engano no coração e mentes dos pobres irmãos que a eles se sujeitam. Digo isto em vista do grande número de cartas que recebemos de pentecostais expressando o medo de perderem a salvação ou de ainda não possuírem o Espírito Santo, por não terem passado por alguma experiência visível ou que se pode sentir.

Em uma pesquisa na qual os participantes deviam responder se pertenciam a alguma religião ou denominação e se tinham certeza da salvação, cerca de 80 a 90% não tinha certeza da salvação ou acreditavam que podem perdê-la. Muitos ainda responderam que não eram mais pecadores. A sua quase totalidade era de cristãos ligados a denominações pentecostais.

Em um curso bíblico enviado a pessoas de todas as crenças cristãs, verificou-se que os católicos, que revelavam não conhecer bem a Bíblia, iam buscar em suas páginas as respostas para as questões, conforme orientava o próprio curso, chegando assim a respostas corretas e de acordo com os versículos sugeridos. Por outro lado, a grande maioria que era doutrinada por líderes pentecostais respondia de acordo com o que aprendiam em suas denominações, ficando muitas vezes a resposta claramente contrária ao versículo ou versículos sugeridos no texto! É realmente triste vermos o que está acontecendo em razão da semeadura de um evangelho baseado em emoções e experiências pessoais.

Vou procurar agora me ater às suas perguntas, embora suas dúvidas tenham a ver com o que escrevi acima. Sei, pois passei pelo mesmo problema, que é muito fácil sermos influenciados pelo “pacote”

pentecostal que busca no nosso estado emocional, e não na Palavra de Deus, o termômetro para sabermos se estamos salvos ou não, se estamos seguros ou não.

Não posso contestar alguém que me diz ter tido visões, falado línguas estranhas, feito previsões proféticas de acontecimentos, ou entrado em êxtases profundos. Não posso contestar a experiência pela qual uma pessoa passou. Mas posso e devo buscar na Palavra de Deus a confirmação para saber se aquilo está de acordo ou não. Em resumo, devo julgar as experiências pela Palavra de Deus e não adaptar a Palavra a elas. Veja, por exemplo, o caso mais polêmico no meio pentecostal que são as línguas estranhas. Não me atrevo a dizer que uma pessoa, que afirme falá-las, não possa fazê-lo. Mas tenho a Palavra de Deus como minha bússola e devo me orientar por ela.

A Palavra de Deus, escrita pela inspiração do Espírito Santo, dá cinco condições para se falar em línguas.

Se forem atendidas menos do que as cinco, não poderei crer que se trata de uma manifestação do Espírito, pois se ele se manifesta de uma maneira diferente daquela que ordenou, já não poderemos mais confiar na Palavra escrita. Pode-se verificar se as cinco condições estão sendo atendidas, fazendo as seguintes perguntas:

A reunião onde são manifestadas as línguas é de portas abertas para todos ou reservada apenas aos crentes ou membros da denominação? “De sorte que as línguas são um sinal, NÃO PARA OS FIÉIS, mas para os infiéis” (1 Co: 14:22).

São no máximo três pessoas que falam em línguas estranhas ou são muitas? “E

se alguém falar em língua estranha, faça-se isso por dois, ou QUANDO

MUITO três” (1 Co 14:27a).

Falam um de cada vez ou todos juntos? “e por sua vez” (1 Co 14:27b).

Existe interpretação simultânea de todos os que falam? “… e haja intérprete. Mas se não houver intérprete, esteja calado na igreja” (1 Co 14:27c).

As mulheres também falam? “As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar” (1

Co 14:34).

Pode-se acrescentar

ainda a pergunta:

Existem judeus presentes? Pois Deus não enviou os sinais para convencer os gentios (ou gregos), mas sim os judeus, “porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1:22).

Eu, particularmente, nunca encontrei um grupo de cristãos que cumprisse as cinco condições em tal manifestação.

Como dizia, não devemos

partir da experiência para então buscar apoio na Palavra de Deus, pois fazendo assim iremos chegar à conclusão que tem afligido você, ou seja, “me sinto miserável e SE me sinto miserável, PORTANTO deve haver algo de errado com minha salvação”. Isto acontece quando deixamos de olhar para Cristo e para sua Palavra e passamos a nos ocupar com nossos sentimentos. Aliás, não é exatamente isto o que a maior parte dos cristãos busca em nossos dias?

Recentemente escutei uma pregação feita por um pastor pentecostal. Girava em torno de termos vida em Cristo. Ele disse que se você for a Cristo, você SE SENTIRÁ BEM, seus problemas acabarão, suas enfermidades serão curadas, sua vida melhorará, etc. Em nenhum momento ele disse que somos pecadores e que Cristo derramou seu sangue sobre a cruz para nos salvar. O que ele estava fazendo nada mais era do que oferecer ao homem natural e carnal um paliativo para seus muitos males. O mesmo sermão poderia ter sido pregado em uma sessão espírita ou numa reunião da seicho-no-iê ou de outra seita semelhante.

*

Afastei-me de Jesus. O que fazer?

“E

Jesus lhes disse: Eu sou o Pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede. Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6:35, 37).

Que convite de amor Cristo nos faz! O mundo nos faz muitos convites e nos promete uma paz fundamentada em prazeres, dinheiro e poder, coisas efêmeras que não duram uma vida. Conta-se que Abraham Lincoln, ao embarcar no trem que o levaria à Washington, após ter sido eleito presidente dos Estados Unidos, voltou-se para a multidão e disse: — Havia um rei que convocou os seus sábios a fim de que escrevessem uma frase que pudesse ser usada em qualquer ocasião. E a frase que seus sábios escolheram também pode ser usada por mim neste momento: “Isto também é passageiro”.

Mas o Senhor oferece algo mais, algo que não passa: “Deixo-vos a paz, A MINHA PAZ vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14:27).

Muitas vezes somos tentados a voltar ao mundo, vivendo à sua maneira e desfrutando de suas ilusórias “vantagens”.

Assim desejavam os israelitas durante a peregrinação no deserto, quando estavam enjoados do maná (o pão que vinha do céu). “E

o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo: pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; cousa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos.” (Nm 11:4-6).

Quanto engano havia nesse lamento! Quando estavam no Egito eles não passavam de escravos, pois a Palavra de Deus nos diz: “E

os egípcios faziam servir os filhos de Israel com durezas; assim lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os serviam com dureza” (Êx 1:14).

Assim também acontece

conosco; cedo nos esquecemos de que éramos escravos de Satanás e desejamos voltar ao nosso estado anterior, achando que “comíamos de graça” como pensavam os hebreus. Que triste engano! O mundo tem tanto a oferecer para o cristão como o Egito tinha para os israelitas. Nada havia no Egito senão dura escravidão.

Mas, assim como o povo foi libertado da escravidão, nós também fomos libertados pelo sangue de Cristo, escapando ao juízo que cairá sobre este mundo e sobre aqueles que rejeitaram o favor de Deus. Assim como os israelitas, após termos sido salvos nos encontramos em um deserto, seco e árido, onde Deus nos sustenta com o “pão da vida” que desceu do céu (Jesus) e com a água saída da rocha (“e a pedra era Cristo” 1 Co 10:4).

Quão triste é para nosso Senhor, que sofreu tanto para nos salvar, olhar para os seus redimidos desejosos de voltarem ao seu estado anterior! O quanto vale para nós todo o seu sacrifício? Nossos olhos sempre se ocupam com aquilo que nos parece de maior valor; e que valor tem para nós o sangue de Cristo derramado em nosso favor?

Tudo isso me faz lembrar o Senhor sendo apresentado por Pilatos à multidão: “Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo?

Disseram-lhe todos: Seja crucificado.” (Mt 27:22). E você, o que fará de Jesus, seu Salvador? Judas o vendeu por trinta moedas de prata (o valor de um escravo, conforme Êxodo 21:32). Quanto vale o Senhor para você? Haverá alguma coisa neste mundo, ou mesmo o mundo todo, cujo valor exceda ao daquele que deu sua vida por você?

Lembre-se do quanto o

Senhor fez por você, e saiba que embora você tenha se afastado dele, ele não se afastou de você. Como o “filho pródigo” de Lucas 14:11, você já deve ter percebido que este mundo só pode lhe oferecer comida de porcos. Mas o Pai está esperando por você de braços abertos, desejoso de lhe dar o melhor: “o pão da vida”. Volte agora mesmo. Confesse a ele o seu pecado e, ainda que deseje culpar outros por seu afastamento, é com o Pai que você interrompeu sua comunhão e é com ele que deve se reconciliar em primeiro lugar.

“…

tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento.” (Os 11:3-4).

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Como proceder em relação à “Nova Era”?

Recebi sua carta de 1 de julho e fico alegre por ter a oportunidade de me comunicar com você. Você perguntou sobre a “seita” denominada “Nova Era”, porém, pelo que conheço, não existe uma seita com tal nome. Pode até ser que alguém tenha criado alguma pequena seita com tal nome, mas a expressão “Nova Era” que está começando a ser usada cada vez mais se refere a um movimento que já não é novo. Existe um livro que acabou de ser lançado, se não me engano, pela Editora Betânia que é bastante esclarecedor. Nós não temos para venda, mas acredito que você poderá encontrá-lo em alguma livraria evangélica.

Resumindo, o movimento da “Nova Era” não se trata de uma religião, mas é um conjunto de religiões, pensamentos, filosofias, música, artes, dietas, e uma série de outras atividades que parecem estar caminhando juntas para um mesmo alvo: o fim da era de peixes e o início da era de aquário. Existe a ideia de que Cristo foi o mestre da era de peixes que estaria terminando, e agora se aguarda o novo mestre para a era de aquário, o qual está sendo chamado de Maitreya.

Tudo está se juntando nesse propósito: astrologia, bruxaria, espiritismo, ufologia (discos voadores), gnose, ocultismo, numerologia, teosofia, yoga, etc. Não existe um líder humano por trás de tudo isso, mas Satanás certamente está com as rédeas deste movimento. Quando eu morava em Alto Paraiso de Goiás, um lugar escolhido por muitos simpatizantes da Nova Era, conheci um casal que estava trabalhando numa fazenda daquela região, construindo um local de pouso para discos voadores.

Eles faziam parte de um grupo que estava empenhado em construir sete campos de pouso para discos voadores. Segundo ele, chegará um momento em que os discos voadores irão tirar do planeta Terra todas as pessoas que não tem condições de se elevar espiritualmente, e as levará para outro planeta mais atrasado. Então, com a Terra livre desses seres “primitivos”, chegará o novo líder que trará paz a este mundo. Eu mostrei a ele que o que me dizia estava escrito na Bíblia, só que não era bem assim. O próprio Senhor (e não um disco voador) virá buscar os que são seus para levá-los para o céu. Então será revelado o iníquo, o anticristo, que enganará este mundo com promessas de paz.

Como pode ver, o diabo está trabalhando arduamente, mas não temos que nos preocupar com ele. Devemos antes nos ocupar com o Senhor e tudo estará bem. Esta tal de “Nova Era” é apenas mais uma das armadilhas que nos cercam, mas não é necessário que nos tornemos especialistas no assunto para podermos nos desviar disso. Conta-se que um barqueiro guiava seu barco por um rio cheio de perigosas rochas submersas quando um dos passageiros lhe perguntou: “Você conhece todas as rochas perigosas deste rio?”, “Não”, respondeu o barqueiro; “Basta que eu conheça o canal por onde devo passar”. Assim deve ser conosco também.

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Como enfrentar a doença e o sofrimento?

Geralmente quando alguém escreve contando um problema eu costumo responder dizendo que não sei o que é passar pelo que aquela pessoa está passando. Geralmente são casos de doenças, ou de escravidão por vícios, lares destruídos ou mesmo cartas de presidiários.

Mas logo que li sua carta, pude dizer: Eu sei o que você está sentindo. Vou explicar.

Em 1994 estava viajando, visitando alguns irmãos em Cristo que moram nos Estados Unidos, quando fui acordado pelo telefonema avisando que meu pai havia sofrido um derrame muito grave e estava em coma. A semana seguinte foi terrível para mim. Não é fácil você viajar de um país para outro às pressas, principalmente quando está no interior e já tem passagem de volta com data marcada. Até conseguir chegar num lugar onde pudesse conseguir um voo para o Brasil, tendo que comprar uma nova passagem, levou uma semana de tristeza e dor.

Quando cheguei, vi meu pai naquele estado lamentável, o que continuaria por mais um mês, antes que ele voltasse a si. Foi muito triste vê-lo falando coisas sem sentido, não reconhecendo as pessoas e com o corpo sofrendo por causa das escaras que se formaram. Por falar nisso, aqui vai uma receita para escaras: 1 tubo de Hipoglós bem misturado a duas latinhas de vaselina. Nunca vimos remédio melhor para curar escaras. No hospital ele ainda precisou abrir um furo na traqueia para poder respirar, e por um tempo sobreviveu ligado a aparelhos. No dia em que o médico iria conversar conosco para desligar os aparelhos, pois meu pai, todo inchado e em coma, já não tinha esperança de viver sem os aparelhos, ele acordou.

Hoje já se passaram quase dois anos desde o derrame. Foi um tempo difícil para minha mãe que fica o tempo todo ao lado de meu pai. Depois de ter tido algum progresso, com muita fisioterapia, ele teve mais dois derrames que o deixaram sem condições de se apoiar na única perna que não estava paralisada. Hoje ele fica na cama ou na cadeira de rodas, e necessita de cuidados o tempo todo. É muito triste ver aquele que era tão forte e inteligente, reduzido a tal estado de dependência, precisando ser carregado, lavado e alimentado. Sua memória voltou parcialmente, e ele ainda diz coisas sem sentido algumas vezes, mas no geral entende as coisas, conversa (com um fiozinho de voz) e nunca se queixa. Ele reconhece que Deus permitiu que ficasse doente e dou graças a Deus que meu pai esteja salvo.

Ele se converteu há mais de dez anos, quando sofreu um enfarte.

Como pode ver, sei o que você e sua família estão passando. Não é fácil e nem é uma experiência alegre. Mas só não sei o que seria passar pela mesma coisa sem Cristo, sem Deus e sem esperança. Aí, sim, seria terrível.

Assim como meu pai, minha mãe também é convertida, tendo abandonado o catolicismo, ao qual era extremamente devota, depois de entender que a salvação só pode ser recebida pela fé no Senhor Jesus e em sua obra consumada na cruz do calvário.

Não procuro a cura para meu pai. É claro que gostaria de vê-lo saudável como antes, mas sei que o que ele tem é irreversível, pois grande parte do cérebro foi destruído. As promessas de cura pregadas por essas igrejas de pastores curandeiros, verdadeiros mercadores de almas, levam mais pessoas ao desespero do que à salvação. Eles terão a paga de sua iniquidade quando chegar o dia quando disserem: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos demônios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?” Quão terrível será quando tiverem que ouvir, da boca do próprio Senhor, a terrível condenação: “Nunca vos conheci: apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. (Mt 7:22-23).

A doença e a morte entraram na criação de Deus por causa do pecado de Adão. O primeiro homem desobedeceu a Deus, por querer ser independente de Deus, e até hoje sofremos as consequências do pecado. Nascemos, ficamos velhos e morremos, quando a morte não chega antes, por algum acidente ou enfermidade. Quando o Senhor Jesus esteve no mundo, e logo após sua passagem por aqui, foram feitas curas maravilhosas, a fim de chamar a atenção das pessoas para o fato de que Deus tinha uma obra ainda mais maravilhosa para os pobres pecadores: a salvação eterna. Aquele tempo, quando o Senhor Jesus curava TODOS os que iam até ele, já passou. Mas a salvação perfeita e preciosa continua disponível a todo aquele que crê no Salvador.

Este corpo, sujeito ao pecado e à morte, não irá durar para sempre. Mas todos nós receberemos um novo corpo que não morrerá mais. A diferença é que alguns o receberão para passarem a eternidade toda nas chamas do lago de fogo, enquanto outros, os que aceitarem a Cristo como Salvador, viverão eternamente o gozo da companhia do próprio Senhor. Em que classe de pessoas você está?

Hoje muitos estão correndo atrás de curas e milagres. Mas o que a cura ou o milagre pode fazer por alguém como seu avô ou meu pai? Apenas prolongar um pouco mais a permanência deles nesta Terra. E depois? Fatalmente terão que sair daqui, como nós também, para se encontrarem com Deus. O modo como nos encontraremos com Deus é o que conta.

Por sermos pecadores, somos merecedores do juízo eterno. E nossa culpa é tão grande, que nada que possamos fazer poderá pagar por ela. Por esta razão Deus, que nos ama muito, precisou interceder por nós, enviando seu próprio Filho para morrer numa cruz e receber ali o castigo por causa do nosso pecado. O único que podia pagar o preço de nossa salvação era o próprio Deus, por intermédio de seu Filho Jesus Cristo, Deus feito homem. Quando uma pessoa se reconhece pecadora e merecedora do inferno, e reconhece ainda que não pode fazer nada de si mesma para escapar de tão terrível juízo, ela entrega-se então nas mãos daquele que é o Único que pode salvar. E o seu sangue nos purifica de todo pecado.

Como já disse, as curas que você encontra na Bíblia eram sinais para que as pessoas cressem em Cristo como Salvador. Eram apenas maneiras de Deus chamar a atenção das pessoas para que se entregassem ao Salvador. Por esta razão lemos na Bíblia que o apóstolo Paulo tinha uma doença nos olhos, Timóteo era doente do estômago e Epafrodito, um dos companheiros de Paulo, ficou tão doente que quase morreu. Por que razão não foram curados? Porque Deus não precisava chamar a atenção deles e nem dos que os cercavam. Eles já conheciam a Cristo como Salvador, e tinham uma esperança celestial.

Meu pai está numa cama, e acredito que a vontade de Deus é que fique assim até que o Senhor venha buscar os que Lhe pertencem (no Arrebatamento), ou que decida levá-lo antes por meio da morte. De uma maneira ou de outra, ele estará bem, pois irá para o céu, para junto de Cristo. E lá estarei junto com ele para sempre.

Talvez você se espante um pouco, pois esse modo de falar pode dar a impressão de que não me preocupo por meu pai, ou que sou muito pretensioso por achar que ele vai para o céu, e não apenas isto, mas por achar que eu mesmo vou para o céu.

A ideia de que seja uma pretensão alguém afirmar que tem certeza de que vai para o céu vem do ensino errado de algumas religiões, que pregam que somente os bons irão para o céu, e ainda assim se fizerem muita caridade. A verdade que a Bíblia, a Palavra de Deus, nos ensina é bem outra: “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os PECADORES” (1 Tm 1:15). Ele não veio salvar os “bons”, pois só Deus é bom. Se ele veio salvar PECADORES, então ele veio me salvar. E se a Bíblia diz que “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de TODO o pecado” (1 Jo 1:7), então já não tenho o que temer. Sou pecador, mas o sangue que Jesus derramou na cruz é suficiente para limpar meu pecado. E a Palavra de Deus vai mais longe, pois o próprio Senhor afirmou: “Quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, TEM A VIDA ETERNA, e não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” (Jo 5:24).

Ora, eu sou pecador, ouvi a palavra de Deus, cri naquele (Jesus) que ele enviou, portanto, por que eu iria duvidar do que Deus promete? Ele promete que o pecador que ouve e crê tem a vida eterna, que não entrará em condenação, e ainda que passou da morte para a vida. Portanto, dizer que estou salvo não é pretensão: é crer na promessa de Deus. Eu estaria duvidando da Palavra de Deus se fizesse diferente.

E assim, apesar da doença de meu pai, apesar da idade de minha mãe, apesar de toda a fraqueza e enfermidade que nos assola, podemos viver felizes e confiantes de que este mundo, que rejeitou a Cristo, não é o lugar do cristão. Um futuro brilhante nos espera no céu, com Cristo. Quanto a este mundo que rejeitou o Filho de Deus, um futuro terrível de fogo e dor o espera, e sou feliz por saber que não estarei aqui quando acontecer.

Voltando à sua carta, fique longe daqueles que prometem curas, quando o que querem é dinheiro. A salvação não está em uma igreja ou religião. A salvação está em uma PESSOA, JESUS

CRISTO, O SALVADOR. É a ele que você, seu tio, seu avô, sua avó e toda a sua família devem ir. É a Cristo que vocês todos devem pedir por salvação eterna, e não apenas uma cura passageira. Não digo que não devam orar por seu avô. Orem.

Mas orem com entendimento. Aquilo que pedimos a Deus, em nome de Jesus Cristo, E QUE ESTÁ DE ACORDO COM A VONTADE DO PAI, ele certamente fará. Mas para eu poder pedir de acordo com a vontade do Pai, devo conhecer qual é essa vontade na Bíblia, para não ficar pedindo contra a vontade dele.

Você disse que só com a cura de seu avô é que sua família se converterá, mas não concordo com você. Creio que existem mais pessoas no céu, que se converteram por causa de um problema, de uma doença ou de uma dor, do que pessoas que se converteram por causa de uma cura. Uma ocasião o Senhor curou dez pessoas. Apenas uma o seguiu. Muitos dos que hoje estão enfermos gostariam de ser curados, não para seguirem uma vida devotada a Deus, mas para poderem gastar o resto do seu tempo vivendo longe dele.

Conheço o caso de um pai cristão que orou insistentemente por seu filhinho recém-nascido e doente para que Deus o curasse e o deixasse viver. Anos depois esse mesmo pai confessava preferir que Deus tivesse levado seu filho quando ainda era um bebê. Depois de crescido ele tinha se transformado num terrível bandido.

Espero que esta carta seja de ajuda para você e sua família. Não sei sua idade, mas acredito que seja ainda jovem. Leia 2 Reis 5. Foi uma jovem que encaminhou Naamã para ser curado de lepra, fazendo com que ele e sua família se tornassem adoradores do Deus verdadeiro. A lepra, na Bíblia, é uma figura do pecado, e neste sentido você pode ser um instrumento de Deus para a salvação de sua família, crendo você mesma no evangelho e encaminhando aqueles que ama para que conheçam o Único Salvador e Senhor Jesus Cristo. Então você poderá viver uma vida de feliz certeza, não com uma vaga esperança de ver seu avô recuperar a saúde por mais alguns anos, mas a certeza de estar, você e todos os de sua família que crerem em Cristo, juntos com ele no céu, por toda a eternidade. Que bendito e glorioso futuro Deus quer dar a vocês! Aceite aquele que morreu por você na cruz.

(Nota do Editor: Escrevi esta carta em 1996. Meu pai partiu para estar com o Senhor em Janeiro de 1998 e minha mãe em Fevereiro de 2005).

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Por que no rádio oferecem lenços, azeite e outros objetos “ungidos”?

A questão lenços ungidos, sangue, água, xampu, etc., que são propagados pelos programas de rádio e por muitos pregadores de duvidosa idoneidade não passam de comércio. Na verdade está se cumprindo aquilo que o Senhor disse em Mateus 7:22 e também em 2

Timóteo 3:5, 13; 4:3, 4; 2 Pedro 2 (especialmente o versículo 3).

O povo é extremamente supersticioso e muitos falsos pregadores estão se aproveitando disso para vender seus “cálices sagrados”, “azeites ungidos”, “água do rio Jordão”, etc., prometendo poderes miraculosos. A maioria dos que hoje professam ser crentes vieram do catolicismo e muitas religiões modernas nada mais fizeram do que dar-lhes exatamente o que já tinham no catolicismo, apenas com uma nova roupagem. No lugar da “água benta”, oferecem a “água do rio Jordão”. Há o azeite, no lugar do azeite usado na crisma do catolicismo. Há ainda os objetos diversos como sabonetes, lenços, fitas, etc., para substituir as medalhinhas, fitinhas e santinhos católicos. Se você analisar friamente certas denominações ditas cristãs, não vai achar muito diferente daquilo que é feito em Aparecida do Norte.

A própria idolatria católica começou assim. Constantino, imperador romano que oficializou o cristianismo no terceiro século, percebeu que os pagãos do império romano não iriam aceitar facilmente a “nova religião” que ele havia abraçado. Não iriam querer deixar os deuses romanos. Então ele simplesmente trocou os deuses romanos oferecendo-os “cristianizados” na figura dos “santos” do catolicismo. Assim, para certa deusa romana que, por exemplo, vestisse roupa azul, segurasse uma flor e fosse protetora dos olhos, havia uma imagem de uma santa católica com as mesmas características. Há um livro a este respeito chamado “Mitologia Dupla” de Archiminia Barreto, que é publicado pela JUERP, Caixa Postal 320 CEP 20001-970

Rio de Janeiro, RJ (não dispomos deste livro para venda).

A transferência da adoração pagã para a cristã exigiu pouca mudança. As estátuas de Júpiter e Apollo foram imediatamente transformadas em São Pedro e São Paulo, e por volta da metade do quinto século a cristandade tinha adquirido várias deidades pagãs como santos.

Segundo o Cobham Brewer Dictionary (1810–1897), em Roma, várias obras de arte feitas para deuses pagãos e imperadores romanos foram transformadas em santos católicos: Anjos da Catedral de São Pedro em Roma são estátuas pagãs de cupidos e seres alados. O anjo Gabriel é uma estátua do deus Mercúrio. João Batista é uma estátua de Hércules. Santa Catarina é uma estátua da deusa Fortuna. São Egídio é uma estátua do deus Vulcão. São Paulo é uma estátua colocada sobre a coluna de mármore de Marco Aurélio (no lugar da estátua dele). A coluna é decorada com baixos-relevos das guerras do imperador romano. A Virgem Maria é uma estátua da deusa Isis sobre uma Lua crescente, e São Pedro é uma antiga estátua do deus Júpiter, cujo pé está gasto de bilhões de fiéis que já passaram por ali beijando e tocando a estátua de Júpiter pensando que é Pedro.

Seja no meio chamado evangélico, seja no catolicismo romano, você deve rejeitar todo esse curandeirismo e superstição que está sendo oferecido por lobos gananciosos.

Cristo deve ser suficiente para o coração sincero, e não devemos correr atrás de ídolos. O fato de lenços de Paulo terem sido usados no início da igreja não nos autoriza a fazermos o mesmo. Objetos conectados à devoção logo acabam tornando-se idolatria, como aconteceu com a serpente de bronze que Moisés levantou no deserto. (veja Nm 21:9 e 2 Rs 18:4).

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Qual a diferença entre o arrebatamento e a vinda de Cristo?

É de extrema importância entender a distinção que existe nas Escrituras entre o arrebatamento e a vinda de Cristo. O arrebatamento não deve ser confundido com a vinda de Cristo.

Embora o Senhor venha dos céus em ambas as ocasiões, o arrebatamento e a vinda de Cristo são eventos que diferem de forma distinta.

– Arrebatamento é quando o Senhor vem para os seus santos (Jo 14:2, 3) — Vinda de Cristo é quando ele vem com os seus santos (que foram levados à glória no arrebatamento) Jd 14; Zc 14:5.

– O arrebatamento pode acontecer a qualquer momento — a vinda de Cristo não acontecerá até cerca de 7

anos após o arrebatamento.

– No arrebatamento o Senhor vem secretamente, num piscar de olhos (1 Co 15:52) — em sua vinda ele vem publicamente e todo olho o verá (Ap 1:7).

– No arrebatamento ele vem para libertar a Igreja (1 Ts 1:10) — em sua vinda ele vem para libertar Israel (Sl 6:1 4).

– No arrebatamento ele vem nos ares para a sua Igreja, pois é o seu povo celestial (1 Ts 4:15 18) — em sua vinda ele volta à terra (no local chamado Monte das Oliveiras) para Israel que é o seu povo terrenal (Zc 14:4, 5).

– No arrebatamento é o próprio Senhor quem reúne os seus santos (1 Ts 4:15 18; 2 Ts 2:1) — em sua vinda ele envia os seus anjos para reunir os eleitos de Israel (Mt 24:30, 31).

– No arrebatamento ele leva os crentes para fora deste mundo, deixando para trás os ímpios (Jo 14:2, 3) — em sua vinda os ímpios são tirados do mundo para julgamento e os crentes (aqueles que tiverem se convertido por meio do evangelho do reino que será pregado durante a tribulação) são deixados para desfrutar de bênçãos na terra (Mt 13:41 43; 25:41).

– No arrebatamento ele vem para libertar os seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1 Ts 1:10) — em sua vinda ele vem para derramar a sua ira (Ap 19:15).

– No arrebatamento ele vem como o Noivo, para receber sua noiva, a Igreja (Mt 25:6, 10) — em sua vinda ele vem como o Filho do Homem em juízo sobre aqueles que o rejeitaram (Mt 24:27, 28).

– No arrebatamento ele vem como a “Estrela da Manhã” que desponta pouco antes de raiar o dia (Ap 22:16) — em sua vinda ele vem como o “Sol de Justiça”, que é o próprio raiar do dia (Ml 4:2).

– No arrebatamento ele vem sem quaisquer sinais, pois o cristão anda por fé e não por vista (2 Co 5:7) — já a sua vinda será cercada de sinais, pois os judeus pedem sinais (Lc 21:11, 25 27; 1 Co 1:22).

Nas Escrituras nunca é feita referência ao arrebatamento como um “ladrão de noite”. Este termo refere-se à vinda do Senhor (1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10; Mt 24:43; Ap 16:15; 3:3).

Em certo sentido há três vindas. Sua vinda para o que era seu (Primeira Vinda Jo 1:10, 11; Hb 10:7), sua vinda para os que lhe pertencem (Arrebatamento Jo 14:2, 3; 1 Ts 4:15-18 — N.T.: ou “pelos que lhe pertencem”), e sua vinda com os que lhe pertencem (A Vinda de Cristo Jd 14).

(Traduzido de “Outline of Prophetic Events — Bruce Anstey)

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O que significa dispensação?

Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um determinado período de tempo, quando o homem é provado e testado quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O período atual é chamado de “dispensação da graça de Deus”

(Ef 3:2). No Milênio o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um tentador (Satanás). É a chamada “dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10). Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: em inocência, em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), em autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), sob a promessa (de Abraão a Lei), sob a Lei (da Lei a Cristo), sob a graça (de Cristo ao arrebatamento), sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio). (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

O que acontecerá com o Espírito Santo no arrebatamento?

Alguns poderiam perguntar: “Como podemos saber quando o Espírito será tirado?” Cremos que pelas três passagens seguintes fica evidente que isso acontecerá por ocasião do arrebatamento. João 14:16, 17. Na noite em que foi traído, o Senhor prometeu a seus discípulos que quando o Espírito de Deus viesse para fazer morada na Igreja (At 2), isto seria para sempre. Quando a Igreja for chamada para fora deste mundo, no arrebatamento, o Espírito de Deus irá junto, pois o Senhor disse que ele (o Espírito) nunca os deixaria.

Isto também é encontrado no livro de Apocalipse. Nos primeiros três capítulos, quando a Igreja é vista como estando na terra, o Espírito é encontrado falando constantemente à Igreja. Mas depois do capítulo 4:1, 2, quando a Igreja é representada como sendo tirada do mundo, o Espírito não é mais mencionado até os capítulos 14:13 e 22:17, os quais se passam após a tribulação. Compare também os capítulos 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22 com o capítulo 13:9 — note a evidente ausência de uma menção ao Espírito.

Isto é visto também tipificado em Gênesis 24 onde é procurada uma noiva (a Igreja) para Isaque (Cristo) pelo servo (o Espírito de Deus). Assim que a noiva foi assegurada pelo servo, ele a levou ao longo de todo o caminho de volta à casa, a Isaque, que estava aguardando por ela. Assim como o servo voltou para casa com a noiva, também o Espírito Santo voltará para o Lar com a Igreja quando o Senhor vier (no arrebatamento). Isto não quer dizer que o Espírito de Deus deixará de agir sobre a terra. Ele continuará a fazê-lo do seu lugar nos céus, assim como fez nos tempos do Antigo Testamento, vivificando as almas, etc. Mas quando a Igreja for chamada para fora deste mundo, o Espírito deixará de fazer morada na terra. (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

Qual o caráter de Cristo como juiz?

Existem dois tipos de juiz.

Cristo executará juízo no caráter de ambos. Um tipo de juiz é aquele que está no caráter de alguém investido de autoridade para decretar a sentença em juízo sobre um réu culpado, por exemplo, um juiz que atua nas cortes judiciais de um país. O cristão nunca se encontrará perante Cristo neste caráter de Juiz (Jo 5:24; Rm 8:1).

O outro tipo é o juiz que atua como um árbitro, tendo conhecimento suficiente para decidir o mérito de um determinado assunto, por exemplo, um juiz de algum concurso ou exposição de arte. Este tipo de juiz avalia a qualidade e beleza de uma determinada obra em exposição. É neste segundo caráter que Cristo é visto como Juiz para com os crentes. (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

O que é o Tribunal de Cristo?

Alguns poderão discordar disto, mas as Escrituras (2 Co 5:10) declaram claramente que se trata das ações efetuadas por meio do corpo, e não das ações praticadas após a conversão. Todos nós estávamos no corpo antes de sermos convertidos. Será necessário ter tudo manifestado na vida do crente, para mostrar que a inigualável graça do Senhor é tão grande que a tudo sobrepuja. Onde abundou o pecado a graça abundou ainda muito mais (Rm 5:20).

Deve ser também lembrado que os santos estarão glorificados nessa ocasião e não serão manchados pelo conhecimento de tais coisas reveladas. Naquele dia aprenderemos de uma vez para sempre quão má é a carne, e isso tão somente magnificará a graça que nos buscou e nos encontrou. Ninguém estará apontando seu dedo a outrem. Todos terão sido levados para lá com base numa só coisa: graça, e tão somente graça. E então, ao descobrirmos, em meio a tudo isso, que ele encontrará um motivo para nos galardoar, seremos vencidos por uma compreensão do seu amor e graça de uma forma muito mais profunda do que jamais poderia ser alcançada se não fosse tudo revelado a nós. Isso irá gerar as mais altas e vibrantes notas de louvor “Àquele que nos ama e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1:5). (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey)

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Onde as Américas se encaixam na profecia?

Muitos procuram saber onde a América se encaixa na profecia. Daniel 2:43 mostra que o Império Romano, cujas raízes estão na Europa Ocidental, se misturará com “semente humana”. Sem dúvida, isto se refere à imigração dos povos da Europa Ocidental para as Américas do Norte, Central e do Sul.

As Américas foram quase que totalmente povoadas pelos que vieram da Europa. Canadá tem os povos da França e Grã-Bretanha. Os Estados Unidos têm o povo da Grã-Bretanha e uma mistura de todas as outras nacionalidades europeias. O México e outros países da América Central foram povoados principalmente pelos espanhóis. Os países da América do Sul são na maioria originários da Espanha, exceto o Brasil, povoado principalmente por portugueses. Todas estas nacionalidades são europeias em sua origem. (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

O que é o “Evangelho do Reino”?

O evangelho do reino não deve ser confundido com o evangelho da graça de Deus (At 20:24), que os cristãos estão pregando atualmente. O evangelho da graça de Deus promete justificação pela fé em Cristo e um lar com ele no céu por toda a eternidade. O evangelho do reino declara as boas novas da vinda do Rei que estabelecerá seu reino, em poder, sobre a terra. Aqueles que vierem a crer no evangelho do reino quando for pregado, e forem preservados durante a tribulação, entrarão no reino para usufruir de suas bênçãos sobre a terra.

Trata-se do mesmo evangelho que era pregado antes do Pentecostes por João Batista (Mt 3:1, 2), pelo Senhor Jesus Cristo, o Rei (Mt 4:17), e por seus discípulos (Mt 10). Haverá duas classes de santos que crerão no evangelho do reino durante os sete anos.

Uma porção preservada (Ap 7:1-17, 14:1-5) irá sair da tribulação para desfrutar o Milênio sobre a terra. A outra classe será constituída pela porção martirizada que incluirá aqueles que morrerão nos primeiros três anos e meio sob o reinado da mulher — a falsa igreja (Ap 6:9-11) — e também os que morrerão nos últimos três anos e meio sob a perseguição da Besta e do Anticristo (Ap 15:2-4). A porção dos martirizados será ressuscitada mais tarde e vista reinando sobre a terra, juntamente com Cristo, durante o Milênio (Ap 20:4). (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

O que é o exército de 200

milhões de Apocalipse?

Apocalipse 9:13-16: “E

tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus, a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões; e ouvi o número deles.”.

Alguns têm achado que isso se refira aos povos chineses que se gabam de ser capazes de dispor de tal número de soldados prontos para batalha. Porém, os melhores expositores entendem ser essa a imensa Confederação das nações maometanas sob a liderança do Rei do Norte (Sl 83:1-8). Note que não se trata de reis “do oriente” (cf. Ap 16:12, Almeida Versão Corrigida), mas sim “que vem do oriente” (Almeida Versão Revisada) — “povos do lado oriental do Eufrates”. Nas Escrituras a China é identificada como Sinim (Is 49:12) da qual se fala muito pouco.

Outros têm argumentado que aqueles países maometanos não têm o número suficiente de pessoas para convocar um tamanho exército. Há pesquisas que demonstram que esses países já possuem cerca de 270 milhões em população (se forem incluídos o Afeganistão e o Paquistão, os quais são 99% Maometanos), com uma média de crescimento de cerca de 3% ao ano. Sabemos que esse imenso exército não atacará até chegar o fim dos sete anos de tribulação.

Se o Senhor viesse hoje (no arrebatamento), o número (somando-se sete anos de crescimento populacional) seria em torno de 325 milhões. A cada ano que o Senhor tardar em vir o número aumentará em cerca de 10 milhões. Também deve ser lembrado que há muçulmanos que se encontram espalhados em outras terras, dos quais uma grande parte aparentemente retornará aos seus países de origem.

Por exemplo, há mais turcos fora da Turquia do que no próprio país. Cerca de 42 milhões de turcos encontram-se na ex-União Soviética e há muitos mais espalhados por outros lugares. A recente convulsão nos países comunistas provocou o despertamento de uma onda de nacionalismo turco e o desejo de estarem em sua terra natal.

Quando um grupo grande como este for acrescentado à população total dessas nações, os números poderão se revelar bem maiores. Há ainda notícias que revelam a existência de infantarias de crianças, da idade de 6 anos em diante, que já estão sendo treinadas no Oriente Médio. A demanda exigirá que praticamente cada homem, mulher e criança sejam engajados nos exércitos. Isto nos leva a acreditar que seria bem possível para tais países convocar um exército de dimensão tão monstruosa. Se a China estiver envolvida, pode ser que seja quando a Rússia (Gogue) vier no final trazendo consigo muitas outras nações. (Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey)

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De quantas Jerusalém a Bíblia fala?

Existem três Jerusalém que não devem ser confundidas entre si:

Jerusalém celestial (Hb 12:22; Ap 21:10-22:5), que é o lugar de habitação dos santos nas alturas no período do Milênio;

Jerusalém terrenal (Jr 3:17; 30:18; Sl 48; Ez 48:15-20), que é o lugar de habitação do príncipe e de outros santos, provavelmente da família real de Davi durante o Milênio;

Nova Jerusalém (Ap 21:2), a cidade dos santos no Estado Eterno. Todas são chamadas santas (Ap 21:2, 10; Jl 3:17).

(Traduzido de “Outline of Prophetic Events” — Bruce Anstey) *

Devo guardar a Lei para ser salvo?

A Bíblia deixa claro que a salvação não é pela guarda da lei (leia Gálatas). A lei tanto teve o papel de mostrar o pecado devidamente maligno (Rm 7:13) e também de servir de “aio” (ou ama) para que o homem viesse a conhecer a Cristo (Gl 3:24-25). Um irmão descreveu a lei como uma escada de madeira dentro de um poço onde está caído um homem. Essa escada é boa, só que tem os seus degraus muito longe uns dos outros, tornando impossível de ser usada por um homem.

Em Mateus 5:17 e Romanos 3:31

diz que Cristo veio cumprir a lei, ou seja, ele se sujeitou à lei (Gl 4:4), viveu em perfeita obediência à lei (Jo 8:46; Mt 17:5; 1 Pe 2:21-23); foi um ministro da lei aos judeus, limpando os erros que eles haviam introduzido (Lc 10:25-37) e confirmando, ao mesmo tempo, as promessas feitas aos patriarcas (Rm 15:8). Por meio de sua vida santa e de sua morte ele cumpriu todos os itens da lei (Hb 9:11-26), e levou sobre Si mesmo a maldição da lei a fim de que todos os que cressem pudessem participar das bênçãos do pacto com Abraão (Gl 3:13-14). Mediante sua obra, Cristo transportou a todos os que creem do lugar de servos da lei para a posição de filhos de Deus (Gl 4:1-7).

Ele serviu por seu sangue, de mediador de uma nova aliança de graça, na qual os crentes estão firmes (Rm 5:2; Hb 8:6-13). Portanto ele veio cumprir a lei (o que é impossível ao homem). Portanto, a lei não foi anulada, mas ela serve apenas para mostrar que o homem é pecador (Rm 7:7) e ela não tem poder para salvá-lo.

O trecho de Tiago 2:8-11

mostra a impossibilidade de se receber a salvação pela guarda da lei, pois aquele que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos. Quando se trata de transgredir em atos, como não matar, não roubar ou não adulterar, é possível que alguém consiga se prender em uma jaula pelo restante de sua vida e não fazer nenhuma destas coisas. Mas quando se trata de não cobiçar, que é algo que se passa em nosso coração, vemos a impossibilidade de se cumprir toda a lei (pois ao tropeçar neste ponto os outros ficam todos comprometidos). E quem não cobiça? Cobiçar é algo que se passa em nível de pensamento e é algo instantâneo que muitas vezes só percebemos depois de já havermos cobiçado. E foi exatamente neste ponto que o apóstolo Paulo compreendeu sua impossibilidade de ser justificado pela lei: “eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, obrou em mim toda a concupiscência: porquanto sem a lei estava morto o pecado” (Rm 7:7, 8). E a situação fica mais grave ainda quando vemos que, pelo que o Senhor disse em Mateus 5:21-22,27-28, qualquer mandamento pode ser transgredido só em pensamento.

Tiago 2:14-26 é aos olhos de muitos uma justificativa para a salvação por obras. Mas não é assim.

Se você comparar a passagem com Romanos 4 irá lhe parecer uma contradição.

Tiago diz: “Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?… vedes, então, que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé”. Paulo, em Romanos, diz: “Se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus”. Parece uma contradição, mas a Palavra de Deus não se contradiz.

Portanto, o erro não está na Palavra, mas na interpretação errada que os homens fazem. É preciso compreender o contexto de ambos os livros, Romanos e Tiago.

O primeiro, Romanos, nos fala da justificação DIANTE DE DEUS. Por outro lado, Tiago fala da justificação DIANTE DOS HOMENS. E você verá esta característica em todo o livro. Por exemplo, em Tiago diz: tu tens a fé, e eu tenho as obras: mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras” (Tg 2:18).

Você consegue perceber que o relacionamento é todo entre homens? Somos justificados (tidos por justos) diante dos homens por nossas obras, pois eles não conhecem nosso coração. Nossas obras são, para os homens, a evidência de nossa fé. Por isso Paulo diz: “Se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus” (Rm 4:2). Ou seja, Abraão tinha obras com que se gloriar diante dos homens, podendo ser considerado justo, pelas mesmas obras, diante deles. Mas não diante de Deus. Deus sonda o coração e só ele sabe se aquelas obras provêm da fé.

Assim, Romanos fala de nossa justificação (sermos tidos por justos) diante de Deus, e não há obra, por melhor que seja, que possa enganar a Deus se não tivermos fé em nosso coração.

A falta de compreensão deste aspecto de Tiago, que é a profissão exterior da fé manifesta em obras (que você encontrará em todo o livro), leva muitos a usar Tiago 2:19 como justificativa para dizer que não basta crer. Porém ali não diz que o diabo é crente, mas que os demônios creem que há um só Deus, e não só creem como também estremecem. Mas não é o fato de crermos que há um só Deus que nos dá a salvação. Os muçulmanos (maometanos) creem que há um só Deus e nem por isso estão salvos. Não é por crermos que há um só Deus que somos salvos, mas por crermos em Jesus Cristo; por aceitarmos que ele é o sacrifício enviado por Deus para a remissão (retirada) de nosso pecado. E que ele ressuscitou ao terceiro dia, tendo assim o seu sacrifício sido aceito por Deus (Leia 1 Co 15:1-4).

E existe uma diferença entre CRER e ACREDITAR. Apenas para dar um exemplo, uma pessoa pode ACREDITAR que um famoso cirurgião seja capaz de fazer um transplante de coração. Porém, tal pessoa terá que CRER na habilidade daquele cirurgião (e achar-se doente) para deitar-se numa mesa de operações e permitir que o médico lhe tire o coração e coloque outro no lugar. O fato de crer não se trata apenas de “saber”

ou “acreditar” a respeito de algum assunto, mas receber em sua própria vida a ação daquilo ou daquele em quem se crê. No caso da salvação, cremos ao aceitarmos a Cristo como Salvador, o que demônio algum fez e jamais fará.

Aqueles que usam erradamente a passagem em Tiago o fazem com malícia e tendo segunda intenção, ou seja, tentar convencer as pessoas de que não basta apenas crer em Cristo, mas que também seria preciso fazer alguma coisa mais, como se a Obra de Cristo não fosse perfeita.

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Posso me casar com uma incrédula?

Recebi sua carta de 1 de setembro e vejo que tem passado por dificuldades quanto às questões que costumam afligir a todo jovem. Antes de tudo, devo lembrar-lhe que o verdadeiro cristão não anda segundo os seus sentimentos ou segundo os conselhos e costumes deste mundo, e nem mesmo segundo o seu próprio coração, que é enganoso, mas segundo Deus e a sua Palavra. Você está pronto a aceitar a vontade de Deus conforme ela é mostrada na sua Palavra? Se assim for, você será feliz, pois ele sabe o que é melhor para nós.

Suas perguntas giram em torno de casamento e sexo, preocupações estas bastante normais aos jovens. Pelo que me falou da jovem por quem tem afeição, não posso considerá-la uma crente em Cristo. Ser membro de uma denominação não é o mesmo que ser crente, pois se assim fosse eu não poderia ser considerado crente, pois não pertenço a nenhuma denominação.

Ser crente é crer verdadeiramente em Cristo como Salvador. E, quando assim cremos, recebemos o Espírito Santo que convence o mundo do pecado. E, tendo ele habitando em nós, passamos a ter aversão ao pecado, como aconteceu com você quando foi convidado a fazer o que era contrário à vontade de Deus. Porém uma pessoa que leva uma vida tão leviana, não tem as características de alguém que verdadeiramente crê em Cristo. E um crente nunca deve se unir em matrimônio com uma incrédula.

Que Deus não aceita o casamento de seus filhos com os filhos das trevas, é algo bastante claro nas Escrituras. “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor”

(Ef 5:8). “Éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2:3). O incrédulo permanece nas trevas; continua sendo um filho das trevas; continua andando segundo “o príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2). Talvez você ame uma jovem e não veja nela mais do que o exterior, mas Deus declara que, se ela ainda não é salva, ela continua nas trevas e por que você iniciaria um relacionamento nesta vida, sabendo que logo vocês se separariam indo você para o Senhor e ela para o tormento eterno? Não seria um relacionamento feliz, evidentemente.

Leia 2 Co 6:14-18 e você verá que Deus não admite nenhuma união, seja casamento, sociedade, etc., com algum que não seja salvo. O “jugo” de que fala ali é o que costumamos chamar de “canga”, um pedaço de madeira que, colocado sobre as espáduas de dois bois, os unem para que juntos puxem um arado ou carroça. No Antigo Testamento, falando em figura, Deus proibiu que se atrelasse um boi e um jumento, por exemplo, sob um mesmo jugo. Eles têm alturas diferentes, passos diferentes, força diferente, etc. Não daria certo. A passagem de 2 Coríntios revela o que Deus quis dizer. Um convertido não pode ser “atrelado” a um incrédulo, pois seu andar é diferente. Como somos sempre mais propensos ao mal, logo o crente estaria acompanhando os passos de seu parceiro ou parceira incrédulo(a).

Alguns têm dúvidas sobre 1

Coríntios 7:12, como se fosse uma permissão para o casamento com incrédulos, mas o assunto ali é claramente sobre pessoas que já estavam casadas quando um dos dois se converteu: “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe… Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.” Obviamente o texto também pode se aplicar a alguém que errou ao se casar com um incrédulo e depois acha que poderia se separar por isso.

Se ler o livro de Neemias, verá no cap. 3 a construção dos muros (separação) e das portas. No versículo 1

Eliasibe edifica a porta, mas nada diz sobre colocar fechaduras e ferrolhos. Os que constroem as outras portas (vers. 3, etc.) sempre colocavam fechaduras.

Eliasibe deixou sua porta aberta.

Tobias era inimigo de Israel (Ne 2:10, 4:3, 4:7, etc.). Mas Eliasibe, que deixou a porta sem fechadura, acaba se aparentando com Tobias e, pela porta aberta, permite que seja construída uma casa para Tobias dentro do templo! Veja isso no capítulo 13. É o resultado de não nos guardarmos contra o mal, de nos aparentarmos com os inimigos de Deus, de termos jugo desigual com incrédulos. Quando menos esperamos, o mal está dentro e até mesmo onde mesmo suspeitaríamos que ele tivesse a audácia de entrar.

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A Bíblia condena o sexo antes do casamento?

Quanto à questão de sexo, a Bíblia é bastante clara no sentido de mostrar que Deus criou o homem e a mulher para que se unissem em matrimônio se tornando um só, e abençoou o ato sexual ordenando que o ser humano se multiplicasse. A única coisa que parecia “incompleta”

na Criação era o fato de Adão estar só, por isso Deus lhe deu uma esposa, não para satisfazer suas necessidades, para que não estivesse só e também para que os dois procriassem.

O matrimônio é também

apresentado no Novo Testamento como uma figura da união entre Cristo e sua Igreja — ele é chamado de noivo ou esposo e ela é chamada de noiva ou esposa em várias partes. Será que alguém gostaria de ter um relacionamento apenas eventual com Jesus? Só para experimentar? Quando alguém se converte diz SIM a ele, e quando alguém se casa, diz SIM à pessoa que ama, não apenas para unirem seus corpos, mas para se tornarem um.

Portanto, o sexo no matrimônio não é pecado, mas uma ordenança divina em seu projeto original. O homem, como tudo mais, deturpou também este aspecto da criação de Deus. A ideia do sexo antes do casamento é leviana, pois parte do pressuposto de que pode existir uma união sem um comprometimento, o que não estava nos planos de Deus.

Eis algumas passagens que demonstram o pensamento de Deus a respeito do sexo fora do casamento, seja ele na forma de prostituição, adultério ou fornicação (que aparentemente é o caso): Não adulterarás.” (Êx 20:14).

“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.” (Gl 5:19,21)

“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus… Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” (1 Co 6:9-10,18).

“Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus” (1

Ts 4:3-5)

“Porque os lábios da mulher licenciosa destilam mel, e a sua boca e mais macia do que o azeite; mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes. Os seus pés descem à morte; os seus passos seguem no caminho do Seol. Ela não pondera a vereda da vida; incertos são os seus caminhos, e ela a ignora. Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha boca. Afasta para longe dela o teu caminho, e não te aproximes da porta da sua casa; para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis; para que não se fartem os estranhos dos teus bens, e não entrem os teus trabalhos na casa do estrangeiro, e gemas no teu fim, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, e digas: Como detestei a disciplina! e desprezou o meu coração a repreensão! e não escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos que me instruíam inclinei o meu ouvido! Quase cheguei à ruína completa, no meio da congregação e da assembleia. Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos juntamente contigo. Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera?”

(PV 5:3-20).

“Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas, por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”. (Jd 1:7)

“Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.” (Hb 13:4).

Diferentes palavras são usadas na Bíblia para designar o sexo fora do padrão estabelecido por Deus, que é o matrimônio: adultério, fornicação, prostituição, lascívia são algumas delas.

Adultério é quando um (ou ambos) praticante do ato sexual é casado com outra pessoa. Em algumas passagens o termo é usado no sentido de infidelidade do povo de Deus se entregando a outros deuses.

Fornicação é o ato sexual entre pessoas não casadas, e a palavra também pode aparecer referindo-se ao adultério, por causa de seu sentido mais amplo.

Prostituição envolve a troca de favores sexuais por dinheiro ou algum tipo de benefício, é a venda do corpo (ou sua compra pela outra parte).

Lascívia é a sensualidade exagerada, a prática de atos libidinosos que estimulem a sexualidade.

Efeminados e sodomitas refere-se ao ato sexual entre pessoas do mesmo sexo (Rm 1).

Fica mais do que claro que Deus condena o sexo fora do matrimônio. Sei que o jovem sofre tentações, mas Deus é poderoso para sempre prover as forças necessárias para não sermos derrubados. Quando alguém cede, é porque quis, e não porque não tivesse forças suficientes para fugir do pecado. Gostaria ainda que meditasse bastante no que está em Provérbios 5 (acima) e 6:20-35:

“Filho meu, guarda o mandamento de, teu pai, e não abandones a instrução de tua mãe; ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço. Quando caminhares, isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. Porque o mandamento é uma lâmpada, e a instrução uma luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida, para te guardarem da mulher má, e das lisonjas da língua da adúltera. Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhares. Porque o preço da prostituta é apenas um bocado de pão, mas a adúltera anda à caça da própria vida do homem. Pode alguém tomar fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem?

Ou andará sobre as brasas sem que se queimem os seus pés? Assim será o que entrar à mulher do seu próximo; não ficará inocente quem a tocar. Não é desprezado o ladrão, mesmo quando furta para saciar a fome? E, se for apanhado, pagará sete vezes tanto, dando até todos os bens de sua casa. O que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede. Receberá feridas e ignomínia, e o seu opróbrio nunca se apagará; porque o ciúme enfurece ao marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança. Não aceitará resgate algum, nem se aplacará, ainda que multipliques os presentes”.

—Depois de publicar esta resposta alguém escreveu dizendo que tudo o que escrevi tem muito mais a ver com sexo fora do casamento, como adultério, e não com a possibilidade de um homem e uma mulher poderem se conhecer melhor e sexualmente antes do casamento.

Mas em qualquer caso trata-se de sexo extraconjugal, não é mesmo?

Esses argumentos todos caem por terra com uma simples pergunta: Foi essa a ordem de eventos que Deus instituiu?

Gn

2:24 “Portanto [1] deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [2] e unir-se-á à sua mulher, [3] e serão uma só carne.”.

Mc

10:7-8 “Por isso, [1] deixará o homem a seu pai e a sua mãe [2] e unir-se-á a sua mulher. [3] E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne.”.

Ef

5:31 “Por isso, [1] deixará o homem seu pai e sua mãe [2] e se unirá à sua mulher; [3] e serão dois numa carne.”.

A ordem é esta:

  1. O homem deixa seu pai e sua mãe
  2. Une-se à sua mulher (matrimônio)
  3. Tornam-se uma só carne Para não haver dúvidas quanto ao que significa ser “uma só carne”:

1 Co

6:16 “Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.”.

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Um cristão pode usar crucifixos?

A Bíblia afirma que maldito era aquele que fosse suspenso no madeiro (cruz), e devemos aceitar isso. Os homens deturparam a mensagem da cruz, fazendo suas pequenas (ou grandes) cruzes como se fossem amuletos para dar boa sorte, proteção, identificação (de que são cristãos), etc.

Porém os significados da cruz na Bíblia são diferentes daqueles que o homem inventou. A cruz era, em princípio, os pedaços de madeira onde criminosos eram mortos. Jesus morreu numa cruz, portanto a cruz passou a ser um emblema da morte de Cristo (leia Fp 2:8; Cl 1:20; 1 Co 1:18). É também um emblema de vergonha e rejeição (Lc 9:23).

Mas vamos por partes. Eu não tenho nenhuma cruz na parede de minha casa ou pendurada em alguma corrente, pois a cruz, em si mesma (os pedaços de madeira) foi o instrumento de suplício de meu Salvador. Eu não iria querer pendurar um laço de corda na parede de meu quarto se alguém que eu amo tivesse morrido enforcado. Portanto a cruz, como objeto de madeira, foi o instrumento de suplício onde Jesus morreu.

Porém, as Escrituras, conforme as passagens acima, mostram que a palavra “cruz” significa a obra de Cristo em sua totalidade; seu sacrifício levando nossos pecados. Então, quando digo que devemos nos lembrar da cruz, não quer isto dizer que devemos nos lembrar do instrumento de madeira, mas do sacrifício do Senhor. Da mesma maneira, na cruz ele foi rejeitado pelo homem e por Deus (Sl 22). Portanto, posso pensar na cruz (não no instrumento de madeira) como uma posição de rejeição. Dizer que devemos levar a cruz de Cristo significa dizer que devemos tomar o lugar de rejeição e afronta que ele ocupou aqui neste mundo.

A “cruz de Cristo”, no sentido de sacrifício de Cristo é o único meio de salvação para o homem pecador. Porém a cruz, o instrumento de madeira, nada pode fazer pelo pecador, por ser apenas um instrumento de suplício e maldição, assim como é uma forca, uma guilhotina ou uma cadeira elétrica. Ao ser levado ao madeiro, Cristo foi feito maldito; ali ele foi considerado pelo homem como um horrível criminoso que merece a morte por seus crimes. Quando lemos a notícia de alguém que foi, por exemplo, executado numa cadeira elétrica nos países onde há pena de morte, a notícia sempre vem acompanhada dos horríveis crimes que tal pessoa cometeu.

Assim, um viajante que passasse por Jerusalém naquele dia e visse Cristo na cruz logo o consideraria como algum criminoso amaldiçoado.

Porém, o pior ainda estava por vir, quando Cristo foi considerado maldito não apenas por homens, mas pelo próprio Deus. Na cruz Cristo foi feito pecado por nós (2 Co 5:21), portanto, tornou-se algo com que o próprio Deus não podia ter comunhão. Ele foi feito culpado para que pudéssemos ter nossa dívida paga.

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O que é a Trindade?

Geralmente costumamos usar a palavra “Trindade” para dar a ideia de pluralidade de Pessoas da Divindade. A palavra não está na Bíblia, mas para a mente guiada pelo Espírito fica fácil perceber sua existência.

A existência da Trindade foi revelada no batismo do Senhor Jesus. O Espírito Santo desceu na forma de uma pomba e pousou sobre ele; e Deus Pai declarou: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo”. Há, na cena, três personagens: O Pai, falando do céu, o Filho, sendo batizado, e o Espírito, assumindo a forma de uma pomba:

“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3:16-17).

Fica claro também em passagens como João 20:17 que o Pai é uma Pessoa distinta e que é Deus. Muitas outras passagens provam que Jesus é Deus, como 1 Jo 5:20. E as passagens seguintes provam que o Espírito Santo é uma Pessoa e é Deus: Gn 1:2; Mt 4:1; Jo 16:13; At 10:19; 13:2, 4; 20:28; Rm 15:30; 1 Co 2:10.

As três Pessoas são citadas na fórmula instituída por Cristo no batismo (Mt 28:19). No entanto, há um só Deus (1 Tm 2:5). Satanás terá uma imitação da Trindade, representada na Besta, no falso profeta e no próprio Satanás (Ap 13:4, 11; 20:10).

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Como expulsar demônios?

Tenho reparado em suas cartas uma excessiva preocupação com Satanás, o que poderá ser um tropeço para sua vida cristã. Evidentemente estamos em luta constante contra ele que é nosso inimigo, porém esta luta se dá nos lugares celestiais, aonde chegamos em oração. Nossas armas não são carnais, mas poderosas em Deus, portanto, embora devamos estar sempre alertas, não devemos nos ocupar com o mal. Preocupar-se com o mal é tão ruim quanto estar envolvido no mal. Devemos nos manter olhando para o Senhor, bebendo da sua Palavra, ocupando o nosso pensamento com as coisas que são de cima onde Cristo está. Assim seremos vitoriosos e daremos um testemunho de que a vida cristã é uma vida ocupada com Cristo e não com o diabo.

Há muitas denominações hoje que se reúnem para passar o tempo ocupadas com demônios. Há uma quantidade enorme de “pastores” e “missionários” que a cada dia abrem o que chamam de “trabalhos”

com o objetivo de extorquir o dinheiro de pessoas desesperadas. Nesses locais, por incrível que pareça, o nome Jesus é pregado, a Bíblia é lida, demônios são expulsos e maravilhas são feitas. Mas muitos não passam de praticantes de iniquidade que estão atrás do ganho fácil e prometem libertação enquanto escravizam seus ouvintes (leia Mt 7:22, 23 e 2 Pe 2). Nesses lugares a atividade principal é desafiar Satanás e expulsar demônios. Muitos não sabem o perigo que correm ao desafiar as potestades, pois os demônios, por serem anjos, são autoridades superiores aos homens. Leia 2 Pedro 2:10, 11 e Judas 1:8-9.

Devemos nos ocupar com Cristo, ou então ficaremos vendo demônios em cada pessoa com quem nos encontramos. Certo piloto de barco fazia durante anos uma rota em um rio cheio de perigosas rochas submersas. Qualquer desvio e o barco poderia bater em uma das rochas. Um dia um passageiro, ao ver a destreza com que o piloto conduzia o barco, perguntou-lhe: “Você precisa conhecer todas as pedras deste rio?” “Não”, respondeu o barqueiro; “Basta que eu conheça o canal”. Assim deve ser conosco. Se ficarmos preocupados com os perigos que nos cercam, viveremos atribulados e intranquilos. Mas se conhecemos o Caminho, Cristo, os perigos passarão por nós e seremos guardados. Ocupe-se com ele.

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O que é uma seita?

Quanto à sua pergunta, a palavra “seita” significa facção ou divisão. Os que usam esta palavra para designar religiões demoníacas estão usando a palavra errada. Na Bíblia ela aparece em Atos 5:17; 15:5; e 26:5 sempre se referindo a uma divisão dentro da religião judaica. Nada tinha de religião falsa ou demoníaca, pois o judaísmo foi instituído por Deus. Em Atos 24:5 e 28:22 a palavra seita é usada para se referir aos cristãos, que no princípio eram confundidos com alguma divisão existente no judaísmo, como eram os fariseus, saduceus e essênios. Portanto, está errado usar a palavra “seita” para se referir a alguma religião pagã ou não cristã.

Quando falamos “seita”, estamos nos referindo a uma divisão dentro do próprio cristianismo. Pode até ser alguma denominação que tenha boas doutrinas e verdadeiros cristãos em seu meio, mas ainda assim será uma “seita”, “divisão”, “partido” ou “facção”, que são todas estas palavras para designar uma mesma coisa, ou seja, algum grupo que queira se separar para se reunir em torno de algo que não seja somente a Pessoa bendita de Cristo.

A mesma palavra grega é traduzida ‘seita’ e é aplicada às seitas entre os judeus, como os Saduceus e Fariseus (At 5:17; 15:5; 26:5; 28:22). Heresias e seitas desenvolveram-se cedo na Igreja, como resultado da ação da vontade do homem de uma forma ou de outra. A raiz da palavra grega significa “escolher” e demonstra que uma heresia é algo peculiar. A doutrina abraçada e colocada em destaque pode ser verdadeira em si mesma, mas pode ser exagerada ou colocada fora de seu contexto. O

resultado disso é que um partido ou seita é formado (1 Co 11:19; Gl 5:20; 2 Pe 2:1). Aquele que adere a uma heresia é um herético, e depois da primeira e segunda admoestação deve ser rejeitado (Tt 3:10). Uma vez que Deus já deu, em sua Palavra, tudo o que é necessário à Igreja, não há espaço para a escolha do homem ou para a vontade do homem: ele deve ser um humilde recebedor (1 Co 4:7).

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O que são as Testemunhas de Jeová?

“Testemunhas de Jeová” é uma religião que usa a Bíblia de forma deliberadamente equivocada enganando seus adeptos. Suas doutrinas procuram diminuir o nome que está acima de todo nome, o Senhor Jesus Cristo. Eles negam que Cristo seja Deus e não dão honra ao filho como ao Pai (ver João 5:23). A estes devemos tratar como está escrito em 2 João versículos 7 ao 11, pois são inimigos de Deus.

A salvação que pregam está baseada em obras, principalmente uma que é a de divulgar a doutrina da Sociedade Torre de Vigia e fazer novos escravos. Há inclusive um ranking dos melhores do mundo nessa prática de distribuição de literatura. A isso eles chamam “pregar o evangelho”. Exceto para um suposto grupo de 144 mil membros da organização, os membros comuns não têm nenhuma esperança de viver no céu e o máximo que almejam é um lugar no reino de mil anos que acontecerá aqui na terra.

Normalmente não perco tempo escutando os membros daquela seita, pois não poderei aproveitar nada do que falam. Mesmo que certa porcentagem do que dizem possa ser encontrado na Bíblia, não devemos dar ouvidos a eles. Lembre-se de que há venenos para rato que são feitos com 90% do mais puro milho e apenas 10% de veneno fatal. Se perguntar algo a eles, a resposta virá de um livro que têm especialmente preparado com respostas para as principais perguntas das pessoas. Alguns levam o livro na pasta, porém não o usam publicamente.

Quando converso com algum, é apenas para fazer com que ouça o evangelho da graça de Deus e fico batendo sempre na tecla de que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que é preciso crer nele e em sua obra consumada na cruz. Procuro não ir atrás deles quando desejam entrar pelo terreno da profecia, pois não entenderão a profecia corretamente enquanto não se converterem a Cristo.

Aqui vão algumas coisas que as TJ creem. Veja como diferem daquilo que a Bíblia diz: Erro das TJ: O

Espírito Santo é uma força ativa impessoal de Deus (The Watchtower, June 1, 1952, p. 24. O Espírito Santo é uma força, Reasoning from the Scriptures, 1985, pp. 406-407).

Refutação: O Espírito

Santo é uma Pessoa divina que pensa, sente, sofre, fala, etc.

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. (At 13:2) “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. (Ef 4:30)

Erro das TJ: Somente os membros da organização serão salvos (The Watchtower, Feb, 15, 1979, p. 30).

Refutação: O único meio de salvação é a pessoa de Jesus Cristo, graças à sua obra na cruz. Nenhuma organização pode salvar.

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. (At 4:12) Erro das TJ: Jesus foi um anjo que se tornou um homem (The Watchtower, May 15, 1963, p. 307).

Jesus foi o único homem perfeito, mas não Deus em carne (Reasoning from the Scriptures, 1985, pp. 306).

Refutação: Jesus é Deus, assim como o Pai é Deus e o Espírito Santo é Deus. Não há como entender, apenas crer.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. (Jo 1:1)

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1:14) “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1 Jo 1:1).

Erro das TJ: Jesus não voltou da morte em seu corpo físico (Awake! July 22, 1973, p. 4).

Jesus foi ressuscitado “não como criatura humana, mas um espírito.” (Let God be True, p. 276).

Refutação: A visão do Senhor ressuscitado foi um privilégio apenas dos discípulos. Ele ressuscitou em um corpo físico, diferente do que tinha antes, pois era capaz de atravessar portas e paredes, mas igualmente físico. Não era um espírito.

“E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20:26-28).

“Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles”. (Lc 24:41-42)

“Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também”. (1 Co 15:6)

Erro das TJ: Jesus retornou à terra, invisivelmente, em 1914 (The Truth Shall Make You Free, p. 300).

Refutação: Muitas

religiões alegam ter Cristo voltado. No caso das TJ isso foi previsto numa falsa profecia que depois da data anunciada precisou receber a adição do “invisivelmente”

para não voltarem atrás.

“E então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis”. (Mc 13:21)

Erro das TJ: A

Trindade não existe (Let God be True, p. 101-100).

Refutação: A existência da Trindade foi revelada no batismo do Senhor. O Espírito Santo desceu na forma de uma pomba e pousou sobre ele; e Deus Pai declarou: “Este é meu Filho amado em quem me comprazo”. João 20:17 revela que o Pai é uma Pessoa distinta e que é Deus. 1 Jo 5:20 revela que Jesus é uma Pessoa distinta e que é Deus. Muitas passagens revelam que o Espírito Santo é uma Pessoa e é Deus: Gn 1:2; Mt 4:1; Jo 16:13; At 10:19; 13:2, 4; 20:28; Rm 15:30; 1 Co 2:10.

As três Pessoas são citadas na fórmula instituída por Cristo no batismo (Mt 28:19). No entanto, há um só Deus (1 Tm 2:5).

Satanás terá uma imitação da Trindade, representada na Besta, no falso profeta e no próprio Satanás (Ap 13:4, 11; 20:10).

Erro das TJ: Boas

obras são necessárias para a salvação, (Studies in the Scriptures, Vol. 1, pp.

150, 152). A salvação é pela fé e por suas boas obras (Studies in the Scriptures, Vol. 1, p. 150,152).

Refutação: As boas obras não salvam, apenas podem ajudar a revelar se uma pessoa é salva em função dos frutos visíveis de sua transformação.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. (Ef 2:8-10)

Erro das TJ: A

alma cessa sua existência na morte (Let God be True, p. 59, 60, 67). Não existe inferno de fogo onde os condenados serão punidos (Let God be True, p. 79, 80).

Refutação: O inferno

foi criado para Satanás e seus anjos, mas os homens também acabarão lá, embora não fosse essa a intenção original. Mesmo assim, não há fim para a alma ou para o fogo do sofrimento eterno. A palavra chave aí é “NUNCA”. Assim como o salvo NUNCA perderá sua salvação, o condenado NUNCA ficará livre de sua condenação.

“E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. (Mc 9:43-44).

“Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga”. (Lc 3:17).

Erro das TJ: Somente

144.000 Testemunhas de Jeová irão para o céu (Reasoning from the Scriptures, 1985, pp. 166-167, 361; Let God be True, p. 121).

Refutação: O texto de

Apocalipse mostra claramente que se trata de israelitas das diferentes tribos de Israel, e não gentios salvos e pertencentes ao Corpo de Cristo que é a Igreja, cuja porção é celestial.

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Ruben, doze mil assinalados; da tribo de Gade, doze mil assinalados…” (Ap 7:4)

Erro das TJ: Transfusão

de sangue é pecado (Reasoning from the Scriptures, 1985, pp. 72-73).

Refutação: A passagem

bíblica no Antigo Testamento, e sua confirmação no Novo Testamento, mostra claramente tratar-se de “comer” sangue. Confundir o ato de comer com uma transfusão, que pode nem ser de sangue, mas de um derivado, é um erro grosseiro.

“Somente esforça-te para que não comas o sangue; pois o sangue é vida; pelo que não comerás a vida com a carne” (Dt 12:23 – admoestação feita a Israel).

“Todavia, quanto aos que creem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição”. (At 21:25 — aos gentios) Erro das TJ: É

possível perder a sua salvação (Reasoning from the Scriptures, 1985, pp.

358-359).

Refutação: Não é

possível tirar das mãos de Deus aquele a quem ele salvou pelo sacrifício de seu próprio Filho. A palavra chave é “NUNCA”.

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. (Jo 10:28)

Quanto ao versículo que citou os “cento e quarenta e quatro mil” são exatamente o que diz a passagem em Apocalipse 7:4-8: todos são judeus, pois repare que são identificadas as suas tribos. Além dos judeus convertidos há uma multidão (Ap 7:9-17) de gentios convertidos que passarão pela tribulação (Ap 7.14).

A ordem dos acontecimentos é mais ou menos a seguinte: Acontece o arrebatamento da Igreja (1 Ts 4:17), que inclui todos os salvos por Cristo. Ficarão na terra os que ouviram o evangelho e não creram e os que não ouviram o evangelho e não tiveram, portanto, oportunidade de entrar entre os salvos da Igreja. Os que ouviram e não creram não terão outra chance, pois Deus os fará crer na mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2:7-12).

Porém os que não ouviram, judeus e gentios, poderão ainda se converter na tribulação e é desses que trata a passagem em Apocalipse que você citou. No final da tribulação, voltaremos com Cristo para julgar as nações e terá início o Milênio, o reino de Cristo sobre a terra. Não participaremos do reino como súditos na terra, mas sim reinando com Cristo sobre a terra (2 Tm 2:12). Entrarão no Milênio os judeus e gentios convertidos durante a tribulação.

*

Quem deve testemunhar de Cristo?

É uma grande responsabilidade de cada crente no Senhor Jesus Cristo, a de levar a outros irmãos aquilo que o Senhor nos tem dado a conhecer. Deus não apenas quer que os homens sejam salvos. Ele “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4). Como você mesmo escreveu, depois de salvos, temos muito a aprender da preciosa Palavra de Deus.

E foi para isto que o Senhor deu dons aos homens, “querendo o aperfeiçoamento dos santos” (Ef 3:12).

Cada cristão é responsável por testemunhar de Cristo e esta responsabilidade é dada numa medida especial àqueles que receberam o dom de evangelista. Vemos a ordem dos dons claramente indicada em Atos 11 onde os evangelistas pregam o evangelho (vers.19-20), pessoas creem (vers. 21), recebem um irmão com o dom de pastor (vers. 22-24) que os reúne como faz o pastor às ovelhas, cuidando delas e exortando-as a permanecerem unidas ao Pastor que é Cristo. Vem então a necessidade de alimento mais sólido para aquelas almas e Paulo (além do próprio Barnabé) vêm exercer o dom de mestres ou doutores (vers. 25-26) ensinando-os.

Quando um evangelista sai, ele vai levar o evangelho. Quando um evangelista reúne seus irmãos e convida incrédulos, ele está pregando o evangelho. Mas isto é bem diferente da igreja se reunir, não para os incrédulos, mas para Deus; para se ocupar com Cristo.

Vemos ser esta a atividade da igreja, quando se reúne, em Atos 2:42. Ali não encontramos evangelismo. Perseveravam na doutrina dos apóstolos (que hoje temos nas epístolas), na comunhão (com o Senhor e uns com os outros), no partir do pão (na ceia do Senhor, lembrando a sua morte) e nas orações. Veja você que são todas atividades exclusivas daqueles que creem.

Embora em reuniões assim possa haver incrédulos, não são eles o alvo da reunião. O alvo é o Senhor que deve estar ocupando a posição de destaque. Dessa forma vemos que numa reunião de ensino (perseveravam na doutrina dos apóstolos) não é um que dirige ou que faz tudo. Em 1 Coríntios 14:26-40 vemos a descrição de uma reunião assim.

“Falem dois ou três profetas e os outros julguem”; “Porque todos podereis profetizar”; “As mulheres estejam caladas”; “as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”, etc. São ordens claras de como deve ser uma reunião ao nome do Senhor, tendo apenas o Espírito Santo a dirigir e usar quem ele quiser.

O mesmo sucede na Ceia do Senhor, embora ali não seja o lugar apropriado para o ensino ou admoestação. O

ponto alto é a lembrança do Senhor morto e o pão que “nós” partimos, e 1 Coríntios 10:16 deixa claro que não se trata de um pão que “os líderes” partem. Qualquer cristão tem o privilégio de se levantar e agradecer pelo pão e pelo vinho, assim como qualquer cristão tem o direito de trazer uma oração de louvor ou sugerir um hino a ser cantado. O mesmo sucede quando os crentes se reúnem em igreja ou assembleia para oração.

Mas infelizmente muitos cristãos são privados de aprender mais, ou mesmo de exercerem seus dons nas reuniões, porque a cristandade adotou o modelo romano de reunião, tendo sempre um homem à frente. Mas, para aqueles que buscam reunir-se nos moldes que Deus colocou, ele sempre lhes será suficiente. Você crê nisto?

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Qual a ordem dos acontecimentos proféticos?

Quanto à suas dúvidas acerca das coisas que ainda irão acontecer, a ordem dos acontecimentos é mais ou menos a seguinte:

Acontecerá o arrebatamento da Igreja (1 Ts 4:17) a qualquer momento, isto é, Cristo volta (mas não chega até a terra e nem é visto por todos) e arrebata para si todos os salvos desde o princípio do mundo. Os que estiverem mortos ressuscitarão; os que estiverem vivos serão transformados e subirão.

Ficarão na terra apenas os que ouviram o evangelho e não creram, e também os que não ouviram o evangelho e não tiveram, portanto, oportunidade de estar entre os salvos. Os que ouviram e não creram não terão outra chance, pois Deus os fará crer na mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2:7-12). Porém os que não ouviram, judeus e gentios, poderão ainda se converter na tribulação que se seguirá.

No final da tribulação, os salvos voltarão com Cristo para julgar as nações e terá início o Milênio, o reino de mil anos de Cristo sobre a terra. Os que foram arrebatados antes não participarão do reino como súditos na terra, mas sim reinarão com Cristo sobre a terra (2 Tm 2:12). Entrarão no Milênio apenas os judeus e gentios convertidos durante a tribulação.

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É errado deixar de congregar?

Sua segunda pergunta é sobre Hb 10:25: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”. Quando falamos de sair do sistema denominacional, isto não significa sairmos para ficar sozinhos, porém para nos reunirmos da maneira que a Bíblia nos mostra, ou seja, somente ao nome do Senhor e sobre o fundamento de que há um só corpo (e não muitos corpos divididos por diferentes nomes).

Portanto não se trata de deixar de congregar, mas de congregar. Porém, quando entendemos que o sistema denominacional é uma perversão do plano inicial de Deus para a Igreja, temos a responsabilidade de nos apartar. Na medida em que entendemos que o sistema que os homens criaram divide os crentes por nomes e não reconhece a cabeça que é Cristo (colocando papas, presidentes de igreja etc. por cabeça) devemos obedecer ao que diz em 2 Timóteo 2:19: “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”.

O versículo em Hebreus 10:25

deixa claro que não devemos deixar de nos congregar, porém 2 Timóteo 2:19 nos exorta a sairmos do meio daqueles que estão se reunindo em desacordo com a Palavra, porém PARA NOS REUNIRMOS com aqueles que, de coração puro, invocam o Senhor (2 Tm 2:22).

Portanto, não é errado deixarmos uma congregação que esteja em iniquidade. A Palavra de Deus nos mostra isso. Hoje se fala muito: “vá a uma igreja onde a Palavra de Deus seja pregada”. Isto é um engano, pois há muitos lugares onde a Palavra de Deus é pregada por servos de satanás, como acontece entre as Testemunhas de Jeová e os Mórmons, que negam a divindade de Cristo.

Suponhamos que um cristão esteja reunindo-se em um lugar onde as pessoas clamam “Senhor, Senhor!”, onde profetizam em nome do Senhor Jesus, onde expulsam demônios em nome do Senhor, onde fazem muitas maravilhas em nome do Senhor. Será isso suficiente para essa pessoa continuar se reunindo ali? Leia em Mateus 7:22-23 a resposta a esta pergunta (leia também Apocalipse 18:4).

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Devemos obedecer aos pastores?

Sua terceira pergunta é acerca de obedecer a autoridade e faz referência a Hebreus 13:17. Mas eu pergunto: o que é um pastor? Alguém mais apressado poderia responder que se trata de um homem que estuda em uma faculdade de teologia, tira um diploma e é ordenado por uma determinada igreja ou denominação, recebendo assim uma congregação para pastorear, onde ele será o líder e os demais serão os membros.

De certa maneira, a mesma resposta poderia descrever tanto um pastor protestante como um padre católico. Mas será que encontramos isso nas Escrituras?

Pastor é um dom dado pelo próprio Senhor (Ef 4:11). Nenhuma escola, homens, ou organização, pode fazer de alguém um pastor segundo a Bíblia. É um dom como é o evangelista e o mestre (ou doutor). Vemos a ordem dos dons claramente indicada em Atos 11 onde os evangelistas pregam o evangelho (vers.19-20), pessoas creem (vers. 21), recebem um irmão com o dom de pastor (vers. 22-24) que os reúne como faz o pastor às ovelhas, cuidando delas e exortando-as a permanecerem unidas ao pastor que é Cristo. Vem, então, a necessidade de alimento mais sólido para aquelas almas e Paulo (além do próprio Barnabé) vai exercer o dom de mestre ou doutor (vers. 25-26) ensinando-os.

Portanto, o pastor que a Bíblia manda que obedeçamos não é uma pessoa que ocupa um cargo ordenado por homens, mas um homem que tem um dom dado por Cristo. Se me faço membro de uma denominação, evidentemente terei que obedecer aquele homem que foi colocado pela denominação como autoridade. Mas a partir do momento que compreendo que todo o sistema está errado, e me aparto dele obedecendo 2 Timóteo 2:19, para me reunir somente ao nome do Senhor, irei reconhecer que há irmãos dotados pelo Senhor (que não levam sobre si títulos), mas que demonstram ter um cuidado especial pelo rebanho. Devo então obedecê-los nos moldes de Hebreus 13:17, porque são irmãos que o próprio Senhor colocou para cuidarem do rebanho.

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Qual é a hierarquia na igreja?

Você perguntou a respeito de uma organização hierárquica. Uma das coisas que mais intrigam aqueles com quem converso acerca de reunir-se somente ao nome do Senhor é o fato das Escrituras não apresentarem nada parecido com o que encontramos hoje, ou seja, um homem liderando uma congregação e dando a ela ensino, exortação, consolo, além de determinar a ordem das reuniões.

A razão do espanto de alguns é que muitas vezes acreditamos que aquilo que é normalmente praticado é o correto. Mas você poderá procurar no texto da Palavra de Deus (no que se refere à Igreja, e não a Israel) e verá que não havia um líder dirigindo uma congregação. Vemos isto em nossos dias, mas não é assim que ensina a Palavra.

Você encontrará pastores, presbíteros, bispos ou anciãos (veja Atos 20:17,28), e sempre no plural. Havia os bispos ou anciãos em Éfeso, Corinto, etc. Nunca havia um único homem à frente de uma congregação como encontramos em muitos lugares nos nossos dias.

E, de qualquer modo, aqueles que tinham a responsabilidade de pastorear o rebanho não eram “dirigentes” do rebanho, no sentido de exercerem domínio sobre as ovelhas. Porém as apascentavam; tinham cuidado delas, procurando servir de exemplo (1 Pe 5). Mas esse cuidado se limitava à assembleia como um todo e nunca era exercido no sentido de dirigir uma reunião. Na reunião da assembleia o Espírito Santo tem a direção e pode usar quem ele desejar (você encontra algum homem dirigindo a reunião descrita em 1 Coríntios 14:26-40?).

Quanto ao sacerdócio, no Antigo Testamento havia apenas um que poderia entrar no Santo dos Santos, que era o sacerdote. Hoje todo crente tem acesso livre ao Santo Lugar, além do véu, no verdadeiro santuário, graças ao sangue de Jesus (Hb 8:1-3; 10:19-22).

Somos todos IGUALMENTE sacerdotes diante de Deus. A ideia de que exista um clero (composto de sacerdotes humanamente instituídos) é uma ideia católica romana, que foi adotada por muitos protestantes. Mas não é algo bíblico. No Antigo Testamento somente os sacerdotes poderiam ministrar ou trazer oferendas no Santuário. No Novo Testamento isto continua valendo, com a diferença de que cada crente verdadeiro é um sacerdote. A Ceia do Senhor é um memorial do sacrifício de Cristo, quando cumprimos o mandamento do Senhor e oferecemos a Deus sacrifícios de louvor.

Na Ceia não há lugar para a manifestação de dons como evangelistas, pastores ou mestres. É a adoração e a memória de Cristo que estão em evidência. E quem pode lembrar Cristo? Quem pode trazer uma oração de ação de graças pelo Cordeiro de Deus? Quem pode elevar sua voz em louvor àquele que deu seu sangue para nos salvar? Será que somente uma classe privilegiada de homens pode fazer isto? Concordo que nem todo crente tem o dom para ministrar a Palavra de Deus, ou evangelizar, ou pastorear ou ensinar. Mas todo aquele que foi redimido tem o direito e o privilégio de agradecer àquele que morreu para nos redimir.

Portanto, qualquer salvo por Cristo tem o direito, e por que não dizer, a ousadia, de se levantar na Ceia e, dando graças, partir o pão e entregar o vinho para que sejam passados por todos os que estão em comunhão à mesa do Senhor. Para compreender a ordem dada à igreja no Novo Testamento, é necessário que se esqueça o que se vê nas denominações e se adote somente o que é encontrado na Palavra de Deus. Caso contrário nunca se terá o privilégio de desfrutar de muitas das coisas que Deus tem preparado para os seus. Lembre-se de que os pensamentos de Deus não são os pensamentos dos homens. Israel tinha a Deus como seu Rei, mas quiseram um rei “como as outras nações”. Eles queriam ser iguais aos outros, pois pensavam como poderiam ter ordem sem um rei humano? Deus, a muito contragosto, lhes dá Saul. Muitos não podem compreender como pode ser uma reunião dirigida pelo Espírito de Deus, pois onde se reúnem há um dirigente humano.

Mas eu posso testemunhar a você que, reunindo-me somente ao nome do Senhor, sem denominação ou dirigente humano, desfruto juntamente com os irmãos, a cada semana, e várias vezes por semana, da direção do Espírito nas reuniões. Tudo com ordem e decência. Um irmão sente em seu coração que deve sugerir um hino, outro se levanta e traz uma oração, outro convida os irmãos a abrirem suas Bíblias e traz uma palavra de exortação, outro ministra palavras consoladoras e outro é usado pelo Espírito para edificar. Tudo em perfeita ordem e decência, com começo, meio e fim. E isto é experimentado por mim e por milhares de irmãos no mundo todo que se reúnem regularmente somente ao nome do Senhor, sem nenhum outro nome além do nome do Senhor, sem nenhum outro líder além do Espírito Santo e sem nenhum dogma ou estatuto além da Palavra de Deus. Você acredita que Deus é suficiente para isto?

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Deus responde a TODAS as orações?

Sim, porém para algumas a resposta é “não”. A oração é o canal de comunicação que temos com Deus. E está sempre aberto à nossa espera. Mas o segredo todo da oração está em nossa comunhão com Deus e no reconhecimento de nossa incapacidade.

Se você ler João 14:13 poderá lhe parecer que um cristão pode pedir o carro do ano que Deus lhe dará. Não é bem assim. É necessário ler todo o capítulo 14 e também o 15 para vermos como é a eficácia da oração. A oração eficaz vai depender sempre de uma comunhão eficaz. Leia João 15:15. O Senhor fala que nos faz conhecer o que recebeu de seu Pai. De certa maneira, Ele nos faz conhecer a sua vontade (ver também 1

Coríntios 2:16).

Mas como podemos conhecer sua vontade se não estivermos perto dele quando ele quiser mostrá-la para nós? Uma pessoa que deseje conhecer a vontade de outra deve andar o mais próximo possível para poder escutar tudo o que a outra disser e não perder nenhuma palavra, gesto ou expressão. Se estivermos no Senhor (comunhão) e sua Palavra estiver em nós (familiaridade com sua Palavra ao ponto dela impregnar nossos pensamentos) (ver João 15:7), então saberemos exatamente qual é a vontade de nosso Senhor e iremos orar e pedir aquilo que ele também deseja. Então TUDO o que pedirmos nos será feito, simplesmente porque sempre iremos pedir aquilo que ele deseja nos dar.

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Mateus 24:40, 41 fala do arrebatamento?

Mateus 24 trata do remanescente judeu que testemunhará durante a tribulação. O termo “levado” que aparece nos versículos 40 e 41 nada tem a ver com o arrebatamento. Muitos usam estes versículos como sendo o arrebatamento, mas isso é tirá-los de seu contexto. O contexto é o assunto sobre o qual o Senhor vem se referindo antes, ou seja, o dilúvio (vers. 39) que “LEVOU

a todos”, ou seja, foi um ato judicial, foi a morte ceifando vidas. Da mesma forma, quando Cristo vier para reinar (no final da grande tribulação), a morte passará ceifando a muitos; levando a muitos. Os vivos entrarão no milênio. Mas não são cristãos como os conhecemos hoje; serão judeus (ou gentios convertidos) que se converterão durante a tribulação e que NUNCA ESCUTARAM O

EVANGELHO ANTES.

Devo chamar sua atenção para o fato de que Mateus 24:14 fala do evangelho do reino e não do evangelho da graça. Há muitos que pensam que o evangelho da graça tem que ser pregado antes a todo o mundo para que Cristo volte. Não é assim. No momento em que o último eleito antes da fundação do mundo para fazer parte da Igreja for salvo, aí Cristo virá buscar os que são seus; os santos celestiais. Aí cessa a pregação do evangelho da graça, que é pregado desde que Cristo foi rejeitado como rei. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” é o evangelho da graça que hoje pregamos. “Arrependei-vos que o reino está próximo” é o evangelho do reino pregado por João Batista e que será pregado por um remanescente fiel que se converterá após o arrebatamento e será perseguido ferozmente.

A ideia de que alguns crentes menos espirituais ou menos maduros serão deixados para a tribulação é completamente falsa e cai por terra com apenas uma passagem: “Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, PARA QUE CREIAM A MENTIRA; para que sejam julgados TODOS OS QUE NÃO

CRERAM A VERDADE, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Ts 2:11,12).

Aqueles que ouviram o evangelho e não creram, não terão uma segunda chance. O

próprio Deus fará com que creiam na mentira do diabo. Os que fazem parte da Igreja têm o Espírito Santo que será tirado da terra quando Cristo vier. Toda a Igreja será arrebatada. Cristo não deixará um “pedaço” da noiva aqui. Hoje, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não é dele; nunca creu e não está salvo.

Apocalipse 12 não fala da Igreja. Esta só aparece até o final do capítulo 3 e no final do livro, nas bodas do Cordeiro. Nesse meio tempo Deus estará tratando com Israel. A “mulher”

é Israel e o “varão” é Cristo, Aquele que há de reger com vara de ferro e que foi arrebatado para Deus, para o seu trono (veja Ap 12:5).

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Um cristão pode tirar e ter retratos ou imagens de pessoas?

Li seus comentários sobre o assunto das esculturas e imagens e creio que, da maneira como coloca o assunto, a compreensão do segundo mandamento poderia tornar-se algo extremamente polêmico, gerando as mais diversas interpretações.

Para falar de forma mais prática, se tomarmos o segundo mandamento de uma forma genérica, ou seja, considerando que as imagens que ali são faladas incluem toda e qualquer forma de imagem gerada pelo homem, então viveríamos em um dilema, pois a começar pela nossa sombra na parede, estamos continuamente gerando imagens de nós mesmos ou de parte de nosso corpo, como as impressões digitais para documentos ou mesmo as radiografias, ultrassonografia, fotografias para documentos, etc., e seria uma loucura se as tomássemos como objetos de idolatria. Indo mais além, nossa consciência sentir-se-ia culpada todas as vezes que utilizássemos banheiros públicos ou outros serviços que são identificados por símbolos iconográficos.

O mesmo problema teríamos, como você citou, ao comprar qualquer produto que trouxesse alguma imagem do que há no céu, na terra ou nas águas debaixo da terra. O próprio fato de termos tais embalagens em nossos lares poderia deixar nossas consciências intranquilas.

Ampliando um pouco mais este raciocínio, chegaríamos ao ponto de rejeitar, por exemplo, a Palavra de Deus se a mesma viesse escrita em japonês que, como todos sabem, é um idioma cuja escrita é formada por ideogramas, ou seja, imagens que transmitem uma ideia.

Alguém que compreenda o japonês poderá lhe explicar que cada letrinha daquelas, tão complicada para nós, é um conjunto de imagens. Lembro-me apenas de uma palavra, se não me engano, “lar”, cujo ideograma mostra claramente uma casinha com um hominho dentro.

Como pode perceber, a vida neste mundo atual viria a se tornar impraticável para um crente sincero que acreditasse que o segundo mandamento seja aplicado a imagens de uma forma generalizada (pois até o dinheiro que usamos tem imagens). Isso iria gerar, obviamente, um sem número de divisões entre os cristãos (como se já não as houvesse por outros motivos) como aqueles que excluiriam das restrições as radiografias, ou aqueles que não aceitariam apenas as embalagens, etc., etc.

A aplicação do segundo mandamento fora do seu contexto iria gerar confusões lamentáveis e lançaria muitos crentes em um mar de dúvidas e sentimentos de culpa, como tem feito uma seita existente no Brasil, cujos membros só aceitam fotografias para serem utilizadas em documentos. Muitos de nossos folhetos evangelísticos são recusados por pessoas de tal seita por conterem capas com fotografias. Essa seita já se dividiu em duas alas, uma que usa roupas de cores diferentes ou tecidos misturados e outra que não.

O contexto do mandamento indica claramente a confecção, posse e uso de imagens, de maneira geral, com fins de idolatria (não nego que uma foto possa ser usada para este fim). Se não fosse assim, por que Deus iria mandar o seu povo fazer imagens ou esculturas como ele mandou? É o caso de Êx 25:19,34; 26:31, ou das imagens que adornavam o templo ao qual Deus deu a sua aprovação, como vemos em 1 Rs 6:32,35; 7:20,22,25,29.

Até no futuro templo, cuja descrição Deus revelou a Ezequiel, você encontrará imagens ordenadas por Deus, como querubins, palmeiras, leões e até um rosto de homem (Ez 41:19). Isso seria uma contradição da parte de Deus se não entendêssemos o verdadeiro significado do segundo mandamento. A mente espiritual não terá dificuldade em compreender que uma imagem e uma imagem usada em idolatria são coisas completamente distintas. Deus mandou fazer uma imagem de uma serpente de bronze, figura de Cristo (Nm 21:8; Jo 3:14), mas registrou nas Escrituras a destruição da mesma quando passou a ser utilizada como objeto de idolatria (2 Rs 18:4).

Uma imagem, qualquer que seja, quando tem por objetivo, ou mesmo quando traz o perigo, de idolatria deve ser rejeitada pelo cristão. Está bem claro que o anticristo fará bom uso das imagens, especialmente da imagem da besta, para enganar. Hoje milhões de pessoas são enganadas pelas imagens da TV e há muitos que estão imersos na idolatria moderna, buscando fotos de cantores ou artistas. A idolatria não é apenas a adoração de esculturas ou imagens, mas a colocação de qualquer coisa como objeto de nossa veneração, pois até coisas simples como o comer, beber e divertir-se podem se tornar idolatria, como aconteceu com Israel (veja 1

Co 10:7). Mas nem por isso vamos deixar de comer.

Devemos, portanto, ser sábios em nosso andar neste mundo, não nos fazendo presa de uma interpretação errônea e não contextual da Palavra de Deus e nem nos deixando levar pelo espírito deste mundo que nos leva a adorar o que vemos. Há muitos cristãos que estão caindo em uma crassa idolatria e nem estão se dando conta do perigo. Refiro-me à imensa multidão que vive em busca de sinais e maravilhas, coisas que possam ver, esquecendo-se que o “justo viverá da fé” que é “a prova das coisas que se não veem” (Rm 1:17; Hb 11:1). “Porque andamos por fé e não por vista” (2 Co 5:7).

O absurdo de se andar “baseando-se em visões” (Cl 2:18 V. Almeida Atualizada) tem levado muitos a crerem em pessoas que dizem terem sido levadas ao inferno pelo diabo e descrevem, diante de seus eletrizados auditórios, tudo o que o diabo teria mostrado ali. Basta um pouco de conhecimento da Palavra para sabermos que o único que tem a chave do inferno é o Senhor Jesus, e não o diabo (Ap 1:18), e que se o diabo nos mostrar alguma coisa podemos estar certos de que é mentira (Jo 8:44; 2 Co 2:9).

Esperando que esta possa lhe dar uma visão mais contextual da Palavra de Deus, despeço-me ficando ao seu dispor para qualquer dúvida, ou mesmo qualquer coisa que eu tenha escrito que não tenha achado de acordo com a Palavra de Deus.

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Satanás pode influenciar um crente?

O diabo pode influenciar o pensamento de um crente, mas não pode possuí-lo. É nossa mente carnal, o velho homem em nós, que está sempre receptiva às artimanhas do diabo. Por isso é preciso vivermos como manda Gálatas 5:16.

Os ataques do diabo podem ser identificados por algumas particularidades. Quando ele tentou Eva, havia três coisas envolvidas: A árvore era boa para se comer (concupiscência ou desejo extremo da carne); agradável aos olhos (concupiscência dos olhos); e desejável para dar entendimento (soberba). Compare Gênesis 3:6 com 1 João 2:16 e você entenderá melhor.

Da mesma forma, o diabo fez na tentação do Senhor, tentando-o a obedecê-lo, buscando alimento para a carne, tentando-o com uma visão maravilhosa de todos os reinos do mundo para encher os olhos do Senhor e fazê-lo desejar aquilo tudo e tentando-o a exibir poder sobre os anjos em um ato de soberba. (leia Lucas 4:1-13).

Mas o Senhor, que não podia pecar resistiu a tudo com a Palavra de Deus.

Devemos usar a mesma espada.

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Cometer suicídio não seria uma solução?

Recebi sua carta de 18 de fevereiro e compreendo que esteja passando por dificuldades. Embora você diga ter problemas mentais, e isso pode atrapalhar muito a vida de uma pessoa, acredito que o seu problema maior não é mental, e sim espiritual. Problemas mentais são, em geral, decorrentes de uma lesão no cérebro ou até mesmo de uma disfunção no processo químico do mesmo.

Mas um dia todos nós

deveremos deixar este corpo, sujeito a tantos problemas, para nos encontrarmos com Deus. Naquele dia, nossos problemas físicos não terão mais importância, mas as questões espirituais, ou as decisões que tomamos aqui, estas sim terão importância eterna. Então, quais são as consequências de uma decisão como a de se suicidar? O que Deus pensa disso?

O suicídio não é apenas um ato de rebelião contra Deus, mas contra a própria natureza humana cujo instinto é sobreviver. Temos em nossa estrutura natural, assim como todo ser vivo, esse instinto que obviamente foi colocado em nós pelo Criador, de viver a todo custo. Nosso corpo luta para permanecer vivo. Portanto praticar um ato contra a própria vida é ir também contra aquilo que Deus planejou para suas criaturas.

Obviamente não podemos deixar de pensar na influência que o mercenário inimigo de nossas almas, Satanás, pode ter numa situação assim, pois para ele é sempre uma vitória nos levar a praticar qualquer coisa, grande ou pequena, que desagrade a Deus. Não pense que pelo fato de não enxergá-lo você não seja capaz de ouvir o que ele tenta sussurrar em nossos ouvidos.

Você falou sobre suicídio, dizendo ser a porta de escape e uma solução, e eu pergunto: Solução para quando? Solução imediata ou eterna? E porta de escape para que lugar? Sim, porque toda porta leva de um lugar ao outro, e é bom a gente procurar saber o que existe do outro lado da porta que estamos querendo abrir. Há portas que devemos manter fechadas.

A Bíblia afirma que “nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna” (1 Jo 3:15). Evidentemente, Deus pode perdoar a um homicida que se arrepende de seu pecado de haver tirado a vida de alguém, mas como alguém pode se arrepender se morrer no próprio ato de tirar uma vida? Pense nisto.

Quando saímos desta vida não há mais tempo para arrependimento. A perdição é eterna e o sofrimento também. A Bíblia revela que o sofrimento que aguarda aqueles que morrem sem se converterem a Cristo é medonho. Jesus descreveu como um lugar de “fogo, pranto e ranger de dentes” (Mt 13:42).

Descreveu também como um lugar de onde nunca mais é possível sair (Mc 9:46, Lc 16:26). Você acha que tomar essa saída seria a solução? Não, de modo algum, seria apenas arrumar um problema maior e sem solução.

A solução você tem enquanto está aqui, e não é a morte e sim a VIDA! Deus continua com sua mão estendida esperando que você aceite a seu Filho Jesus Cristo. O Senhor Jesus declarou: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10:10). Como é que você pode desejar a morte sabendo da promessa que ele fez? Se você quer mesmo livrar-se de sua vida atual, há outro jeito: nascendo de novo e recebendo de Deus uma vida nova.

Sim, uma pessoa que crê em Cristo e o aceita como Salvador passa por esse processo de ver sua velha vida condenada com ele na cruz e receber uma nova vida que vem dele. Cristo experimentou a morte por você para que você pudesse ter vida, e VIDA ETERNA.

Veja que interessante isto:

“Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça”. (Rm 8:10) Estranho, né? Podemos considerar pessoas que creem em Cristo como mortos-vivos. Ao se converterem, nasceram de novo com uma nova vida, já que a velha não era lá essas coisas. Porém o cristão carrega essa velha vida em si até o momento que o Senhor, e não ele próprio, quiser levá-lo para o céu.

Se ler minha história irá descobrir que um dia eu também pensei em suicídio. Parecia ser a porta de saída mais fácil para minha depressão, angústia e sofrimento da alma. O que eu ainda não tinha entendido na época era que a morte sem Cristo não é saída para lugar nenhum, mas a entrada para uma condição sem saída. Se eu tivesse seguido adiante com minha ideia, antes mesmo de eu perceber que tinha me livrado de um problema estaria enfrentando outro sem solução.

Portanto é bom que você tenha acordado para a condição miserável em que se encontra e não estar achando muita graça nesta vida, só que está olhando para a porta errada. Você pensa estar vendo nela um sinal escrito “SAÍDA”, mas é engano. A PORTA que você precisa usar é outra, é JESUS:

Disse Jesus: EU

SOU A PORTA das ovelhas… EU SOU A PORTA; se alguém entrar POR

MIM, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas… Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas”. (Jo 10) Não o despreze; não rejeite o amor daquele que veio para resgatar pecadores. Por que entrar para uma eternidade de perdição quando você tem, agora mesmo, a promessa de vida eterna?

Cristo é a Solução; só ele. Creia nele; o aceite como seu Salvador. Creia que ele morreu na cruz por você, para pagar os seus pecados, para que você não tivesse que comparecer diante de Deus a fim de receber uma eterna condenação.

“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece”. (Jo 3:36).

Termino esta orando a Deus para que, por meio do seu Santo Espírito, toque o seu coração e leve você a aceitar a Jesus como seu Salvador. Afinal, até aqui você veio dirigindo sua vida e tomando suas decisões, e parece que as coisas não saíram muito bem assim. Que tal trocar de motorista? Convide a Jesus para ficar na direção e deixe que ele conduza você. Mas para isso é preciso aceitá-lo, o que você pode fazer agora mesmo dizendo isso a ele. Sim, ele está esperando e é todo ouvidos: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. (Mt 11:28) Eu fui a ele e descobri que isso é verdade. É sua vez de conhecer esse Senhor tão amoroso. Se tiver alguma dúvida, é só voltar a escrever.

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Como enfrentar a morte de quem amamos?

Antes de qualquer coisa, sentimos muito pela morte de seu irmão. Há muitas coisas difíceis de se aceitar, mas acho que a morte é a pior delas. Deus não pede que “sejamos fortes”, que “procuremos esquecer”, que “não choremos”, pois ele mesmo sentiu todas essas coisas. Diante do túmulo de Lázaro, Jesus chorou, demonstrando que o sentimento de tristeza é bem apropriado para o ser humano.

Portanto não tente lutar contra seus sentimentos, simplesmente aceite que tudo vem de Deus. Se quiser chorar, chore; se quiser ficar triste, fique triste, não há nada de errado nisso. Mas, como fizeram Marta e Maria por ocasião da doença e morte de Lázaro, recorra ao Senhor. Não recorra a nada e nem a ninguém mais, senão só a ele.

Muitas pessoas se desesperam quando acham que Deus está muito longe delas e não pode compreender o que estão passando. Isto seria verdade se Deus fosse como muitas religiões ensinam, ou seja, alguma força distante e impessoal, inacessível ao homem e que apenas mantivesse as coisas funcionando. Mas Deus não é assim. Em Cristo pudemos encontrar Deus perfeito e Homem perfeito. Deus se fez homem e experimentou o que é andar por este chão, comer a comida que comemos, sofrer fome, sede, dor e abandono. E, mais que tudo, ele sofreu a rejeição por parte de suas próprias criaturas e, na cruz, Cristo foi abandonado pelo próprio Deus quando se fez pecado por nós. Existe alguém que tenha sofrido mais do que ele? Ninguém!

Veja, por exemplo, estas passagens: “Naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”. “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. (Hb 2:18; 4:15; 7:25).

Tenho absoluta certeza de que o Senhor Jesus pode consolar perfeitamente o seu coração. Ele não apenas pode consolar, mas também salvar perfeitamente os que a ele se chegam. Se você ler o capítulo 3 do livro de Daniel (Antigo Testamento), encontrará a história de três homens de fé, Sadraque, Mesaque e Abednego, que foram lançados em uma fornalha por causa de sua fé em Deus. Eles estavam no fogo, mas não sozinhos. O Senhor estava com eles. Muitas vezes Deus permite que sejamos lançados no fogo das aflições, mas ele não nos deixa só. É nessa hora que temos que confiar inteiramente nele.

Agora vou lhe contar um segredo: grande parte desta carta foi escrita usando trechos de uma carta que tenho arquivada, que é exatamente o que escrevi a uma jovem de Franca, que havia perdido a irmã. Naquela ocasião, dei a ela o seu endereço e não me lembro se enviei a você cópia da carta dela. Mas você pode ver com isso que o conforto que necessitamos é sempre o mesmo: aquele que vem do Senhor.

Creio que você está cheia de dúvidas a respeito de seu irmão. Você mesmo sabe que a Bíblia deixa bem claro que não existe nenhuma oportunidade de salvação após a morte. Não existe um purgatório como ensina o catolicismo, e nem uma reencarnação, como dizem os demônios incorporados nos espíritas. É nesta vida que fica selado o nosso destino eterno. Embora alguém possa achar que não está certo que seja assim, Hebreus 9:27 diz que aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo. Em Lucas 16:19-31 o Senhor ensinou que, após a morte, os dois homens da história (o rico e Lázaro) já tinham seus lugares assegurados, sem possibilidade de passar de um lado para o outro. E devemos dar graças a Deus por isso, pois só nos faz ficar mais confiantes por sabermos que, uma vez salvos, salvos eternamente. Leia também 2 Samuel 12:22,23.

Sei que você está preocupada com seu irmão, mas pode descansar na certeza de que Deus é justo em todos os seus desígnios. A oração pelos que já faleceram não tem valor nenhum pois, se tivesse, a obra de Cristo teria sido incompleta; seria necessária nossa ajuda.

Todavia você não pode afirmar que seu irmão não tenha sido salvo. A salvação não vem pelo conhecimento de doutrinas ou por algum aprofundamento teológico, ou por se estar reunido ao nome do Senhor. Não é nada disso. Até uma criança pode crer na Salvação que Deus preparou e vou citar alguns versículos que dizem que Deus QUER que todos os homens se salvem (1 Timóteo 2:4), que ele pode salvar PERFEITAMENTE os que se chegam a ele (Hebreus 7:24,25), que basta CRÊR

no Senhor para receber a salvação (Atos 16:30,31), e que basta OLHAR para Cristo para ser salvo (Isaías 45:20-22).

A obra que Cristo consumou na cruz é complexa e de uma profundidade que nunca vamos conseguir entender plenamente. Porém, a parte que cabe ao pecador é simples. Deus QUER salvar.

Basta se achegar a ele; basta CRÊR nele; basta OLHAR para ele. Não há nada de complicado. E o Senhor certamente não abandona ninguém sem que tenha chance de ser salvo. Ele vai até o último suspiro de um ser humano, procurando, por meio do Espírito Santo, convencê-lo da sua necessidade de um Salvador. Seu irmão certamente ouviu de Cristo e, mesmo que tenha entendido de um modo não muito perfeito, ele sabia que Deus enviou seu Filho ao mundo para salvar. Se, ainda que num último suspiro, seu irmão simplesmente olhou para Cristo, ou simplesmente pediu socorro a ele, pode ficar sossegada que Deus o salvou.

Não é o grau de nossa compreensão que salva; é a Pessoa de Cristo. Isto não somente tranquilizará seu coração como também tranquiliza o coração meu e de Cristina com respeito ao pai dela que já faleceu. Ele escutou o evangelho e Deus permitiu que ficasse por dois anos em uma cama, possivelmente para tratar com ele e levá-lo a pedir por socorro. Ninguém sabe o que se passa no coração de uma pessoa nos momentos que antecedem a morte.

Obviamente, aquele que escuta estas palavras e diz: “Bom, então vou deixar para me converter na última hora”, não poderá ficar surpreso se acordar no inferno. Mas alguém que, mesmo sem entender direito, clamou por salvação nos seus últimos momentos, certamente não teve suas palavras levadas pelo vento. Deus escuta e salva. Conheci um homem que viveu uma vida dissoluta e, depois de dois anos enfermo, acabou falecendo.

Antes de falecer, pediu perdão à esposa por tudo o que havia feito. E na sua última hora, ele ficou aflito por não saber para onde iria.

Minha mãe, que tinha ido visitá-lo nesse dia estava ao seu lado justamente na hora de sua morte, disse-lhe: Chama por Jesus, peça para ele salvar você. Aquele homem morreu com seus lábios dizendo: “Jesus, me salva, Jesus, Jesus, Jesus…” Pergunto: Será que Aquele que sofreu tanto em nosso lugar para nos salvar; Aquele que, na cruz, pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, não escutou as palavras de meu tio? Será que não veio em socorro de um pecador moribundo que, arrependido de seus pecados, embora sem nenhum conhecimento (acho que nunca leu uma linha da Bíblia), morreu com o nome de Jesus em seus lábios? Tenho a firme convicção de que encontrarei meu tio no céu.

A religião do homem tem sempre dois extremos: ou ata fardos pesadíssimos no ser humano, lançando-o num lamaçal de incertezas, ou trata o pecado com leviandade. Ou escutamos dizerem: “Se você não fizer isto, aquilo e mais aquilo outro, não terá nenhuma chance”. Esses mesmos que falam assim nunca têm certeza nenhuma, pois nunca conseguem cumprir os preceitos que impõem sobre si e sobre outros. Ou então escutamos: “Deus é bom; imagine se ele vai condenar alguém!” Deus é bom, mas Deus é justo.

Portanto, creia nele e descanse sabendo que o que ele faz é o melhor. E fuja de todo e qualquer contato com o demônio, no caso, por meio do espiritismo e de seus escritos. São demônios, e não espíritos, que são recebidos nas chamadas sessões espíritas.

Sua função é enganar, imitando a voz do falecido, falando coisas que só a família conhece, etc. Demônios são seres espirituais que nos cercam o tempo todo e sabem muito a nosso respeito. Temos Cristo e temos a sua Palavra. Como iríamos negá-lo? Como poderíamos ser infiéis a ele que derramou seu sangue para nos salvar?

Para discernir o que vem de Deus e o que vem de homens ou do próprio Satanás, é preciso verificar se a doutrina ou ensino endossa a obra completa de Cristo para a salvação: a morte e ressurreição do Filho de Deus. Até mesmo o apóstolo Pedro chegou a ser enganado quando falou com o Senhor Jesus usando palavras que alguém desatento poderia achar que eram piedosas. Veja este trecho e quem estava por detrás das palavras aparentemente singelas de Pedro:

“Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” (Mt 16:21) *

O que significa “entregar a Satanás”?

A passagem de 1 Coríntios 5:5

fala de um poder dado aos apóstolos somente. Eles tinham poder para entregar uma pessoa à morte (do corpo apenas) como foi feito com Ananias e Safira. A igreja estava no início e no auge do seu poder. O pecado que comprometesse o testemunho recebia um juízo imediato por mão dos apóstolos.

Hoje não há mais apóstolos, portanto não temos o poder de entregar alguém a Satanás para a destruição da carne. Porém continua havendo o pecado para a morte (1 Jo 5:16) do corpo.

“Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.” 1 Jo 5:16-17

Quando um crente deliberadamente quer continuar pecando, Deus pode tirar sua vida (como fez com Ananias e Safira). Não se trata de tirar a salvação, mas a vida aqui na terra.

Um crente pode morrer porque seu tempo aqui terminou (velho), porque sua missão foi cumprida (Paulo), porque Deus quer fazer dele um instrumento para sua glória (Estêvão) ou porque não serve como testemunho (Ananias e Safira).

Alguém que é advertido, admoestado, exortado, aconselhado e mesmo assim continua em seu caminho de rebeldia, deve ser deixado nas mãos de Deus. Não temos a autoridade que os apóstolos tinham, de entregar a Satanás para a destruição da carne (como em 1

Co 5).

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O que significa “inferno”?

Atendendo à sua quarta pergunta, a palavra “inferno” que temos em nossa tradução derivam de diferentes palavras do original:

SHEOL : lugar invisível, aparece como HADES no Novo Testamento.

GEENA : o vale de Hinom, onde os judeus fizeram seus filhos passarem pelo fogo em sacrifício aos deuses pagãos (2 Rs 23:10). Representa, no Novo Testamento, um lugar de fogo e eterno sofrimento.

TÁRTARO: termo usado por escritores pagãos para designar “os mais profundos abismos das regiões infernais”, um lugar de extrema escuridão. Neste sentido é usado em 2 Pedro 2:4.

Não acredito, porém, que os anjos de que fala 2 Pedro 2:4 sejam todos os que se rebelaram, mas parece-me que o versículo está relacionado com Judas 1:6, que pode ainda estar se referindo aos anjos (como “filhos de Deus”) que, deixando a sua própria habitação (ou estado original) tomaram a forma de homens e contaminaram a semente humana, fecundando mulheres que geraram gigantes. Ao saber que o Salvador viria da mulher, aquela foi mais uma tentativa de Satanás de impedir o nascimento de Cristo, tentando falsificar a raça humana (Gn 6).

Antes que a adulteração, ou corrupção física, da raça humana se alastrasse, Deus a destruiu, salvando apenas aqueles que não tinham sido contaminados: Noé e sua mulher, seus filhos e as mulheres de seus filhos (só casais humanos segundo o pensamento original de Deus).

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Como deve ser a saudação entre irmãos?

Romanos 1:7. Paulo faz uma saudação como qualquer cristão deve fazer. O problema que ocorre hoje é que muitos cristãos tomam a saudação como uma fórmula, ou seja, deve ser exatamente nas palavras que Paulo usou. Não temos tal ordenança nas Escrituras, ao contrário do batismo que é bem claro que palavras devem ser usadas (muito embora uma pessoa batizada com palavras não exatamente iguais está devidamente batizada). Se uma saudação não for algo natural e sincero, é melhor não fazê-la.

Por favor, não leia o Novo Testamento como se lê um manual de trânsito. Não estamos sob a lei, mas na graça.

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Como é o jejum que a Bíblia ensina?

Um dos versículos mais claros acerca do jejum está na pergunta que o Senhor faz aos judeus: “Quando jejuastes e pranteastes no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, jejuastes vós para mim, mesmo para mim?” (Zc 7:5).

Creio que o jejum para o Senhor não é aquele em que deixamos de comer, ou fazer qualquer coisa, para termos mais comunhão com ele, mas exatamente o contrário. Creio que é ter tanta comunhão com ele que tudo o mais passa para o segundo plano, inclusive o comer.

Lendo Isaías 58 você verá que o jejum verdadeiro é o despojar-se de si mesmo.

Em todo caso, o jejum verdadeiro é algo tão íntimo que se uma pessoa contasse a você como ela faz o jejum, já não seria um jejum sincero, pois o próprio Senhor disse: “Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto. Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará” (Mt 6:17,18). Portanto, desconfie da sinceridade daqueles que proclamam aos quatro ventos que estão jejuando.

Deus não instituiu um jejum na Lei dada aos israelitas. O primeiro jejum que aparece na Bíblia é o de Moisés, quando subiu ao monte para receber as tábuas da Lei, ficando quarenta dias e quarenta noites sem comer.

(Êx

34:28) “E esteve ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos.”

O jejum de Moisés, e também de Elias em 1 Reis 19:8, significava uma separação da vida normal da carne para estar com o Senhor e dedicar-se exclusivamente a ele.

(1

Rs 19:8) “Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.”

O primeiro jejum coletivo foi em Juízes 20:26 e foi decorrente da humilhação vinda do fracasso e da derrota.

(Jz

20:26) “Então todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram, e vieram a Betel e choraram, e estiveram ali perante o SENHOR, e jejuaram aquele dia até à tarde;”

A ímpia Jezabel também decretou um jejum em nome de seu marido Acabe, nas cartas enviadas ao povo, para dar um ar de religiosidade ao homicídio que estava prestes a cometer, mostrando que o jejum também pode estar conectado a atos de impiedade.

(1

Rs 21:9-10) “E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo. E ponde defronte dele dois filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora, e apedrejai-o para que morra.”

O primeiro jejum condicional, ou seja, do tipo em que se faz algo para se buscar o favor de Deus, foi em 2

Crônicas 20:3 quando Jeosafá proclamou um jejum em todo o Judá por causa da iminência de um ataque das forças inimigas.

(2

Cr 20:3) “Então Jeosafá temeu, e pôs-se a buscar o SENHOR, e apregoou jejum em todo o Judá.”

Ao que tudo indica, apesar de não ter sido instituído na Lei, era um costume entre o povo de Israel e o próprio Senhor fala do jejum em uma passagem: (Mc_9:29) “E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.”

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O que é “comer indignamente”

na ceia?

Como saberemos que o nosso comer e o beber é indigno? (1 Co 11). Os Coríntios estavam celebrando a ceia apenas como uma refeição qualquer (v.20), fazendo dela uma ocasião para comer e beber (v.21,22). O apóstolo tem que trazer à memória deles a origem da ordenança e a solene ocasião em que foi instituída (“na noite em que foi traído”) para mostrar que não era algo banal. Ele ainda mostra que a celebração é em memória de Cristo morto, do corpo e do sangue do Senhor (v.25,26).

Ora, qualquer pessoa que não tenha estas coisas em mente ao participar da ceia, estará comendo e bebendo indignamente. Estará, como os Coríntios, considerando aquela apenas uma simples refeição, razão pela qual estavam recebendo juízo sobre eles mesmos (v.30).

Comer indignamente, não discernindo o corpo do Senhor, é, portanto, fazer da ceia algo banal e corriqueiro.

Quanto a julgar-se a si mesmo na Ceia, ao nos julgarmos a nós mesmos, reconhecemos que somos, por nossos méritos, indignos de estar ali participando dos símbolos do corpo e do sangue de Cristo. Mas, ao mesmo tempo, entendemos que Deus nos tornou dignos pela obra de Cristo e, portanto, estamos ali por favor. O juízo próprio sempre nos leva a nos considerarmos nada e Deus tudo. O julgamento próprio na Ceia não é para deixar de comer, mas para comer. “E assim (julgado), coma.”

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A mulher que ora sem véu ou sem cobrir a cabeça está salva?

O uso de um véu ou cobertura para as mulheres não tem qualquer ligação com sua salvação ou mesmo com sua comunhão. A salvação é pela fé em Cristo e no seu sacrifício consumado no Calvário. Dentro da ordem que Deus estabeleceu, o homem que cobre a cabeça quando ora desonra sua cabeça, que é Cristo. A mulher que não cobre sua cabeça quando ora desonra sua cabeça que é o homem (1 Co 11:3-5).

Por não trazerem sobre a cabeça o sinal de poderio, que os anjos observam (vers. 10), as mulheres que não cobrem a cabeça quando oram estão desonrando os varões aos quais deveriam estar sujeitas, e fazem isto diante das potestades celestiais que deveriam estar aprendendo por meio da igreja (Ef 3:10). Mas é importante lembrar que não é a obediência a preceitos como este que nos salva, mas unicamente a fé em Cristo e em sua obra.

A maioria dos cristãos hoje não segue este preceito, geralmente alegando questões culturais. O problema de analisarmos o que nos é ordenado nas epístolas dos apóstolos pela ótica da cultura, época e situação de cada um é que isso pode acabar nos levando a pecar em outras questões. Por exemplo, em nossa época é cada vez mais comum encontrarmos como aceitas coisas como o sexo fora do casamento e o homossexualismo. Embora a Bíblia deixe claro ser um pecado, alguns poderiam alegar que na cultura de nossos dias isto é aceito, portanto que a proibição estaria ligada à cultura e época em que a Bíblia foi escrita.

Em 1 Coríntios 11, ao falar do véu ou cobertura da cabeça (para a mulher quando ora ou profetiza), a Bíblia diz:

(1 Co 11:10) “Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.”

Se perguntarmos a um teólogo ele responderá que a passagem foi escrita por causa dos costumes, da época, das prostitutas que tinham cabeça rapada, da aversão de Paulo por mulheres, e outras explicações que você conhece também. Mas se perguntarmos à Palavra de Deus, veremos a resposta no próprio versículo. “Por causa dos anjos”. Anjos não seguem a moda, cultura ou costumes. E os anjos não mudaram desde então, embora essas coisas tenham mudado em nossa sociedade.

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É pecado usar anéis, pulseiras e colares?

Isaías 3:18-24 O

contexto todo fala de Israel (“filhas de Sião”) que havia abandonado o caminho do Senhor. Sendo assim, o Senhor tiraria de Israel todo adorno (enfeite) e daria a ela justamente o oposto. “Em lugar de cheiro suave haverá fedor, e por cinto uma corda; e em lugar de encrespadura de cabelos, calvície, e em lugar de veste larga, cilício; e queimadura em lugar de formosura” (vers.24). Se você ler o contexto todo verá que aqui não se trata de uma lista de enfeites que Deus desaprova. “Enfeite das ligas” eram anéis colocados nos tornozelos. “Redezinhas” eram pequenas redes de metal precioso colocadas sobre a testa. “Luetas” eram enfeites de metal em forma de lua. “Pendentes” eram brincos; “manilhas” eram pulseiras; “diademas”

eram pequenas coroas de joias; “enfeites dos braços” eram pulseiras colocadas no antebraço; “cadeias” eram correntes de ouro. E assim por diante, tudo aqui descreve enfeites preciosos.

Os que usam esta passagem para dizer que Deus proíbe enfeites estão tirando a passagem do seu contexto.

Pois se aplicarmos isto como uma mensagem de Deus para as mulheres em geral, teremos que também dizer que a maneira que Deus deseja que as mulheres se apresentem é que tenham mau cheiro no lugar de perfumes, amarrem uma corda no lugar do cinto, fiquem carecas em lugar de usarem cabelo ondulado, usem roupa feita com pano de saco (cilício) no lugar de vestes largas e tenham a pele queimada ao invés de apresentarem formosura (no original, a palavra “queimada”

deste versículo significa “marcada com ferro de marcar gado”). Pois isto tudo é o que encontramos no versículo 24. Porém, na verdade, Deus está falando aqui de juízo contra uma nação orgulhosa que andava de cabeça erguida sem se humilhar.

Nas Escrituras Israel é muitas vezes simbolizada por uma mulher infiel.

Embora reconheça que a mulher cristã deva apresentar-se com modéstia no vestir, não vejo 1 Timóteo 2:9-10

ou 1 Pedro 3:3,4 como proibição contra usar joias ou tranças no cabelo, etc.

Entendo, por 1 Pedro, que não devem ser estas coisas o enfeite da mulher cristã, e sim o seu ser interior. Todavia a mulher cristã deve ter sabedoria em como deve se vestir e saberá não usar aquilo que pode causar escândalo ou que possa dar a ela uma aparência mundana. O que diz em Romanos também pode ser aplicado, em princípio, a este assunto: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça” (Rm 14:21).

Uma irmã me escreveu perguntando se era certo o pastor a excluir da comunhão com os irmãos só porque ela usava calça comprida para trabalhar cortando cana. Tenho certeza que aquele pastor nunca entrou em um canavial de saia e não sabe como aquelas folhas são afiadas como navalhas. Expliquei a ela que o problema que estava passando em virtude da necessidade de uma vestimenta adequada ao trabalho que exercia era decorrente de uma aplicação errada das Escrituras. Eu pessoalmente concordo que a mulher não deve se vestir com roupas de homens, mas isto evidentemente não é uma lei para o crente, mesmo porque está condicionada aos costumes do país. Se o trabalho que a mulher executa exige uma proteção para as pernas, é melhor que ela coloque calça comprida para trabalhar, evitando assim ferir seu corpo que é o templo do Espírito Santo de Deus. Para mim está bem claro que é um caso de necessidade e não de moda ou de querer se vestir como homens (no tempo em que aquele versículo foi escrito os homens usavam saias).

Devemos procurar nos vestir com modéstia e bom senso, e isto inclui entendermos a época e o país em que vivemos. No oriente médio os homens usam vestidos, como nos tempos dos primeiros cristãos, e lá não é nenhum escândalo um cristão usar um vestido.

Colocar regras e modelos de roupas para os crentes, como fazem alguns, é excluir irmãos e irmãs fiéis que moram em lugares como a África ou a Índia e que se vestem diferente de nós, ou aqueles que por necessidade de trabalho precisam de uma proteção maior para o corpo.

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O que é ser “mais que vencedor”?

Recebi sua carta de 14 de janeiro e fiquei contente por saber que você tem vencido as dificuldades pelas quais estava passando. O nosso Deus é realmente poderoso e capaz de nos livrar, desde que confiemos a ele todo o nosso ser.

O capítulo 8 da carta aos Romanos mostra como somos privilegiados, especialmente quando lemos do versículo 28 em diante. Um dia você verá que também o que passou contribuiu para o seu bem e crescimento no conhecimento daquele que tanto nos ama. Estamos glorificados com Cristo (v.30), depois de Deus haver nos chamado por seu decreto, conhecido, predestinado e justificado. E para que tudo isso fosse real e firme, ele entregou o seu próprio Filho para morrer por nós. No Antigo Testamento Deus proibia o sacrifício dos filhos e, aquilo que ele não permitiu aos homens fazerem, ele próprio fez para demonstrar o ponto em que chegou o seu amor.

E em tudo isso não somos apenas vencedores, mas MAIS QUE VENCEDORES. Nos “pódios” das corridas deste mundo há sempre um terceiro lugar, um segundo lugar e, mais alto, um primeiro lugar para os vencedores. Não temos lugar nos “pódios” deste mundo, pois somos mais que vencedores. Estamos acima dos primeiros lugares por meio daquele que nos amou. Pense nisto.

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O que significa o “arraial”

de Hebreus 13?

Hebreus 13:13 faz referência ao arraial ou sistema religioso judaico, com o qual os cristãos nada mais tinham a ver. “Saiamos, pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio.” A carta aos cristãos hebreus os exorta a saírem de todo aquele sistema que, mesmo que no passado tivesse sido estabelecido por Deus, já não tinha nenhum sentido, pois Cristo fora colocado fora dele.

Você quer saber como a passagem se aplica ao cristão hoje. Entendo como arraial hoje a cristandade organizada pelos homens e que traz um bom número de elementos do culto do judaísmo, como templos, sacerdotes, vestimentas especiais, clero, dízimos, lugares santos, objetos santificados etc. Quando somos exortados a sair do arraial, isto não significa que no arraial, ou seja, na cristandade, não existam verdadeiros cristãos. A maioria dos verdadeiros cristãos está lá, creio eu. Mas os sistemas que os homens inventaram não tiveram suas origens em Deus, portanto devo afastar-me deles.

Quanto à sua pergunta sobre o denominacionalismo, não acredito que as denominações evangélicas preguem seu rótulo, mas pregam a Cristo. No entanto, os novos convertidos são convidados a se tornarem membros de algo que não está na Bíblia. Quando alguém crê no Senhor, é acrescentado pelo próprio Senhor à igreja, que é o corpo de Cristo, tornando-se assim seu membro. Não é necessário que se torne membro de coisa alguma. Já é membro da única igreja que encontramos na Palavra de Deus. É a única que inclui a todos os salvos. Se você é membro de alguma igreja que não inclua em seu rol a todos os salvos, tal igreja não é a que encontro na Bíblia.

Muitos pensam que é mais correto congregar em uma denominação do que reunir-se em uma casa com alguns poucos irmãos. Mas você não conseguirá encontrar na Bíblia nenhum versículo que o autorize a se reunir num sistema denominacional criado pelo homem, enquanto, por outro lado, o Senhor promete estar onde dois ou três estiverem reunidos ao seu nome (e mais nenhum nome). Se você chegar ao ponto de reconhecer que o denominacionalismo é algo contrário aos planos de Deus, aprenderá, de 2 Timóteo 2:19 que não cabe a nós dizer quem é do Senhor e quem não é; ele conhece os que Lhe pertencem, onde quer que estejam.

Mas ao servo que entende a sua vontade, a este recai a responsabilidade de apartar-se da iniquidade e seguir a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor (2 Tm 2:22). Mesmo que tenha que fazê-lo com apenas mais um ou dois irmãos em sua própria casa. Isto será mais precioso aos olhos do Senhor do que dois mil ou três mil sujeitos a estatutos, faculdades teológicas, doutores em divindade, reverendos e outras dezenas de coisas instituídas pelo homem e denominadas de cristianismo.

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Por que os animais sofrem e morrem?

“O

salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:23). Baseada neste versículo você queria saber sobre os animais, por que eles morrem, etc.

A resposta à sua pergunta está em Romanos 8:18-30, especialmente nos versículos 19,20,21 e 22.

O homem pecou e seu pecado arruinou, não só ele próprio, mas toda a criação de Deus, que ficou sujeita à vaidade, corrupção e morte por causa do pecado do homem. Mas a criação, como um todo, também participará da libertação dos filhos de Deus, pois ela será restaurada. No milênio já poderemos ver os animais como teriam sido no princípio, ou seja, vegetarianos! E depois haverá ainda (além do novo céu, onde nós estaremos), uma nova terra da qual não nos é dada uma descrição detalhada na Bíblia.

Mas certamente será algo maravilhoso; tão maravilhoso que Deus não registrou nas Escrituras, pois não estaria ao nosso alcance compreender agora. Quando falamos de criação, falamos de seres materiais, animais, plantas, insetos, etc. Não são seres espirituais como é o homem. Os animais têm corpo e alma, mas não têm espírito, que é o que nos possibilita ter comunhão com Deus (que é Espírito). Portanto, quando um animal morre, tudo se acaba para ele, enquanto o homem é um ser eterno a partir do momento em que é concebido.

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As pessoas viviam mais no princípio?

Quanto à sua outra pergunta, não sei exatamente que calendário os homens usavam no princípio, mas os anos sempre foram anos, ou seja, com igual período de tempo, uma vez que estavam condicionados às fases da lua e ao ciclo solar (que rege as estações). É

provável que o inicio do ano fosse diferente para diferentes povos. Os anos que encontramos no princípio da Bíblia, mostrando idades de centenas de anos para as pessoas do mundo antediluviano, são períodos de tempo como temos hoje.

Não é, como dizem alguns, que os anos fossem menores e por isso as pessoas faziam “mais aniversários”. Não, aquelas pessoas tiveram realmente 200, 300, 500, ou mais anos de idade! Não é possível um homem atual viver tanto, mas era possível naquele tempo por dois motivos. Havia pouco o homem tinha sido expulso do Éden, e ao longo da Bíblia vamos vendo que conforme o tempo passa as idades diminuem, parecendo mostrar que houve uma degradação gradual do corpo humano, quanto mais longe ficava da criação original de Deus.

Outro ponto a ser considerado eram as condições climáticas anteriores ao dilúvio. Não existia chuva, mas a terra era regada por uma neblina (ao que parece, a primeira chuva que caiu foi o dilúvio, o que tornava ainda mais absurda, aos incrédulos, a pregação de Noé — Gn 2:5,6). Numa atmosfera tão diferente e protegida dos raios solares pela densa atmosfera (que depois se transformou em chuva), é de se prever que o organismo funcionasse de maneira diferente, fazendo com que as pessoas atingissem idades tão avançadas.

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O que é o Livro da Vida?

Trata-se do registro dos nomes das pessoas como estando vivas. Um livro, também chamado simplesmente de livro de Deus, pode ser um livro daqueles que tão somente tem um nome para viver, cujos nomes podem, consequentemente, ser apagados (Êx 32:32,33; Sl 69:28; Ap 3:5; 22:19). Outro aspecto que o livro da vida assume é o de um livro dos salvos, do qual ninguém será apagado (Fp 4:3; Ap 3:8; 17:8; 20:12,15; 21:27).

Um terceiro livro, simplesmente chamado de “o livro”, contém os nomes do remanescente de Israel. (Dn 12:1). (Concise Bible Dictionary) *

É possível reconhecer quem é crente pelas roupas?

Você tem escutado cristãos que fazem distinção de outros cristãos por não se vestirem do modo como exigiria uma suposta “moda evangélica”. Vou contar uma lenda indiana para você entender como enxergo o assunto:

Morava na longínqua Índia um abastado marajá, vestido de ouro e adornado de diamantes. Seu castelo era sua vida. E ali vivia regaladamente.

Todos os dias o marajá sofria a visita de um guru, homem pobre e piedoso, cujo único bem nesta vida era seu manto, um pano velho e remendado que usava apenas em ocasiões especiais. O

resto do tempo ele andava nu, para mostrar como estava despojado das influências e desejos deste mundo material e egoísta. Odiava — odiava? — ser o alvo das atenções.

O guru vivia dando lições de moral no marajá, mostrando como ele estava errado por ser rico, gastar tanto, ser apegado, querer aparecer com todas aquelas joias e todo aquele papo de guru despojado. Até que um dia, em meio ao sermão, um incêndio irrompeu no castelo.

Foi tudo tão rápido que todos saíram correndo, inclusive o guru e o marajá, sem poder levar nada.

Do lado de fora, o marajá assistia calmamente toda sua fortuna sendo reduzida a cinzas, enquanto o guru dava ordens desesperadamente aos servos do castelo para buscarem água e acabarem com o incêndio. Estava eufórico, neurótico, desfigurado, estressado, irreconhecível.

— Ó, nobre guru — dirigiu-lhe a palavra, o agora pobre marajá. — Estou a perder (o marajá aprendeu português em Portugal) todos os meus bens e riquezas, e acato isso como meu destino, sem me preocupar. A partir de hoje serei um mendigo sem riquezas ou prazeres. Podes responder a razão de tamanha ansiedade e desespero em apagar o fogo, já que nenhuma de minhas vis riquezas poderia ser salva?

— MEU MANTO! ESQUECI MEU

MANTO NO PALÁCIO!

Contei esta história para mostrar a você que a aparência exterior muitas vezes não retrata o que há no coração da pessoa. O príncipe, apesar de todo o luxo, não estava apegado àquilo.

O guru, que só tinha um manto, era tão apegado a este que quase enlouqueceu ao ver que o perdera. Assim também hoje há muitos cristãos que estão tão apegados à sua maneira de vestir que quando alguém lhes diz que aquilo não tem valor para sua salvação, ficam logo irados, como que dizendo: “Como!? Então todo o meu esforço não vale nada? Toda a minha luta contra a vaidade não vai me levar para o céu?”.

Pense nisto. Na hora em que o Senhor Jesus estava morto na cruz, nenhum de seus discípulos mais próximos chegou perto dele. Dois homens ricos e importantes, Nicodemos e José de Arimateia se expuseram, pondo em risco suas vidas, suas carreiras, suas riquezas (pois podiam ser presos como cúmplices de Cristo) e deram ao Senhor um sepultamento digno. “…e com o rico na sua morte” (Is 53:9). O servo de Abraão deu a Rebeca um pendente de ouro e duas pulseiras quando a encontrou para ser esposa de Isaque (Gn 24). Não quero com tudo isso defender as cristãs que mais parecem árvore de natal, de tantas coisas que têm penduradas. Apenas quero mostrar que a pregação que muitos fazem acerca dessas coisas é exagerada e só serve para exaltar a carne naqueles que se esforçam a se vestir com simplicidade.

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O “Dia de Cristo” é o arrebatamento?

Para entender melhor a passagem a que você se referiu (2 Tessalonicenses 2), é preciso entender a diferença entre a primeira e a segunda epístolas. A primeira fala, de forma geral, da vinda de Cristo em conexão com a Igreja.

A segunda fala de sua vinda em conexão com Israel. Tendo isto em mente, entenda que o “dia de Cristo” de que fala 2 Ts 2:2 não é o arrebatamento, e sim a volta de Cristo para estabelecer o seu reino milenial. Isto acontecerá cerca de 7 anos depois do arrebatamento (cuja descrição encontra-se em 1 Ts 4).

O dia de Cristo, ou dia do Senhor cf. Is 2:12, somente virá depois que surgir o anticristo. O que detém o anticristo agora é o Espírito Santo que habita na igreja. Quando esta for arrebatada, subindo junto com o Espírito Santo, o anticristo terá o terreno livre para agir. É disso que fala o capítulo 2 de Tessalonicenses.

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O que significa a Rosa de Sarom?

“Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas. Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor”. (Ct 2:1-4)

Você tem razão quanto à “rosa de Sarom”. É a noiva, a Sulamita (Ct 6:13), que chama a si mesma de “rosa de Sarom”. Embora a noiva desse cântico possa ser vista como uma figura da Igreja, a aplicação mais direta e correta do texto é para Israel, pois o Antigo Testamento não fala da Igreja. A Igreja era ainda um mistério que só viria a ser revelado a Paulo (Ef 3:3-11), embora o Senhor Jesus tenha mencionado a Igreja nos evangelhos sem ser, contudo, compreendido pelos seus discípulos.

Assim como acontece com hinos que falam da “rosa de Sarom” como se fosse o Senhor, há muitos hinos que trazem erros. É o caso de um hino chamado Cem Ovelhas, onde uma estrofe diz “As noventa e nove, deixou no aprisco”. Porém se você procurar a passagem no evangelho verá que o pastor deixa as 99 no deserto, e não no aprisco.

Há outro hino que diz “Manda fogo, Senhor, que eu quero sentir o Teu poder”. Ainda bem que o Senhor não faz o que pedem os que cantam assim, pois na Bíblia o fogo está sempre conectado com juízo. Isso ocorre por um erro de interpretação de Atos 2, onde as línguas são “como de fogo”, e de Mateus 3, onde o fogo ali é erroneamente interpretado como o batismo do Espírito Santo ocorrido no Dia de Pentecostes.

Se você observar atentamente o texto de Mateus 3, verá que João Batista está se dirigindo alternadamente tanto a salvos como a perdidos, falando também alternadamente de salvação e juízo (o fogo representa o juízo de Deus). Acrescentei as palavras [entre chaves] para você entender essa alternância: “Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disselhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento [os salvos]… E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto [os perdidos], é cortada e lançada no fogo [o juízo]. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo [os salvos], e em fogo [os perdidos]. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo [os salvos] ao celeiro, mas queimará a palha [os perdidos] em fogo inextinguível”.

Outro uso errôneo da

expressão “Rosa de Sarom” é feito por alguns pregadores que aconselham seus seguidores a colocarem um botão de rosa no lugar mais alto da casa como uma espécie de canal de bênção. Evidentemente em alguns lugares essa “rosa especial”

é vendida aos fiéis, juntamente com outros itens como sabonetes santos, azeite de Israel, água do Rio Jordão, lenços consagrados, e por aí vai. Isso nada mais é do que apelar para a crendice e superstição popular, que precisa enxergar alguma coisa material para crer, o oposto da fé que é crer sem ver.

No caso da rosa, há dois erros aí. O primeiro é que esses pregadores falam da rosa de Sarom como representando o Senhor, e não é. Na passagem de Cantares 2 ela representa a Sulamita, que está cantando um diálogo com seu Noivo (este sim, o Senhor). Se acompanhar a partir do final do capítulo 1 verá que se trata de um cântico cantado a dois:

[Sulamita] “O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi”.

[Amado] “Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas”.

[Sulamita] “Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso. As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste. Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales”.

[Amado] “Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas”.

[Sulamita] “Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor”.

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Como pregar o evangelho?’

Recebi sua carta e me alegro por seu interesse de pregar a Palavra de Deus. Não existe, por assim dizer, uma técnica para se pregar a Palavra de Deus, pois quando a apresentamos, é o Espírito Santo que faz tudo. Ele convence o pecador do pecado e o leva a crer.

Nós não podemos convencer ninguém, mas podemos ao menos não atrapalhar e evitar que nossos ouvintes durmam. E para este aspecto existem algumas técnicas.

Creio que existem duas maneiras de se fazer uma boa pregação. Uma é escolher um tema, por exemplo, “A Morte”, e discorrer sobre o tema, mostrando ao mesmo tempo versículos da Palavra de Deus que tratem do assunto. Outra maneira é escolher uma passagem das Escrituras, por exemplo, a história de Zaqueu, e explicá-la. Em qualquer dos casos, é bom que se mantenha a Bíblia aberta na passagem que será tomada como passagem principal e se faça as citações de outras passagens de memória.

Evidentemente, a maior parte do que escrevo refere-se à pregação para incrédulos. Quando se trata de ministrar a crentes, então é bom que se vá de um versículo ao outro, pedindo aos ouvintes que procurem os trechos em suas Bíblias.

Algo importante numa pregação é que ela tenha começo meio e fim. Paulo escreveu: “Vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:3,4). “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Co 2:2). “Levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10:5).

Cristo era o tema da pregação de Paulo, e o ouvinte era levado a Cristo. Paulo não pregava cura de doenças, resolução de problemas matrimoniais, provisão de necessidades materiais, recebimento de poder e tantas outras coisas que ouvimos alguns falsos pregadores oferecerem em nossos dias. Paulo pregava Cristo. A pregação do evangelho deve seguir o seguinte roteiro:

  1. O homem é pecador. (como, por que, desde quando, etc.)
  2. O homem necessita de um Salvador. (como, por que, quando).
  3. A salvação não está dentro do homem ou em suas obras.
  4. Cristo veio, morreu e ressuscitou para salvar os pecadores (como, por que, quando) 5. O ouvinte precisa ser salvo; precisa de Cristo.

Imagine-se como alguém tomando o pecador pela mão e fazendo-o chegar até Cristo e, depois de haver explicado quem Cristo é, deixando-o a sós com o Salvador e saindo de perto. O bom pregador não é o do qual dizem: “Como ele prega bem”, mas “Que bom é o que ele pregou”. Quando o pregador sai de cena, as pessoas precisam se lembrar apenas de suas palavras, e não dele.

Por esta razão não gosto muito dos “testemunhadores profissionais”, aqueles que andam de lugar em lugar contando os horrores de sua vida passada e como ele agora está santo.

Embora existam muitos testemunhos sinceros de conversão, hoje em dia há muitos que fizeram do testemunho uma profissão e acabam tendo orgulho da vida que levavam antes, quando eram viciados, bandidos ou coisa assim. Gostam da fama que tais coisas trazem, pois muitos crentes, que não vão ao cinema e nem assistem televisão, gostam de ouvi-los para satisfação da carne, ouvindo pregações que mais falam de crimes, drogas, sexo, etc. do que da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Lembre-se sempre, é Cristo que você deve apresentar ao pecador.

Se tiver dificuldade em falar em público, nada melhor do que o treino. Quando estiver falando em público, procure olhar sempre para a cabeça dos últimos ouvintes e, eventualmente para uma ou outra pessoa nos olhos. Nunca pregue olhando para a primeira fileira, pois os de trás se sentirão como não fazendo parte do que você fala, ou seja, não está falando com eles. Procure praticar pregando sozinho. Quer outras dicas práticas?

– Nunca fale de braços cruzados, mãos nos bolsos ou escondendo as mãos.

– Fale como você falaria normalmente e não como quem está fazendo um discurso político.

– Não queira usar palavras difíceis e nem utilize palavras “evangélicas”. Você está falando com incrédulos.

– Use um vocabulário que seu público entenda. Quando disser “A Palavra diz…”, será que eles sabem que “Palavra” é essa?

– Não pregue uma denominação, organização ou igreja, porque nenhuma delas pode salvar.

– Na pregação o menos é mais.

Não queira ir de Gênesis a Apocalipse porque basta ao pecador saber apenas uma coisa para ser salvo. Pregue isso.

– Não queira parecer o que você não é.

– Não fique acusando as pessoas como se você fosse perfeito e elas um lixo.

– Não fique fazendo comparações entre os salvos e os incrédulos, entre pessoas que vão à igreja e as que não vão, que se vestem de um determinado modo ou não. Você está ali para apresentar Cristo a eles.

– Não pregue modo de vida, porque se um incrédulo parar de fumar, beber, prostituir, roubar etc. ele ainda assim continuará no caminho do inferno por não ter a Cristo.

– Fale pausadamente de modo que as pessoas entendam o que você está dizendo. Use o silêncio de vez em quando para sublinhar o que acabou de dizer.

– Seja normal. Não faça parecer que para ser cristão é preciso ficar pulando, urrando e dando murros numa Bíblia.

– Não tente imitar a voz de algum pregador do rádio ou da TV. Já vi pregadores de uma denominação cujo líder fala com voz rouca falarem também com voz rouca forçada. Outros, de uma denominação cujo líder é carioca, carregam no sotaque do Rio, mesmo tendo nascido em Piracicaba.

– Seja simples, seja humilde, deixe a soberba e a agressividade em casa. É o pecado que Deus odeia, não os pecadores.

– Finalmente, antes, durante e depois disso tudo, ORE.

*

O mundo está realmente perdido?

Vou direto ao assunto: Sua opinião é que o mundo ainda não está perdido e que Deus preparou algo de bom para o globo terrestre. A verdade é que a nossa opinião não tem nenhum valor nas coisas concernentes ao futuro, pois este só Deus conhece. Posso embarcar em um avião confiando plenamente que, por ser tão bonito e moderno, ele não vá cair, mas você sabe que pode bem acontecer. No entanto, isto é apenas uma conjectura, pois ninguém disse se o avião irá cair ou não. Mas no caso deste mundo, Deus deixou avisado na Bíblia o que vai acontecer. E as profecias bíblicas tem uma margem de acerto de 100%, pois muitas das coisas profetizadas no Antigo Testamento já se cumpriram exatamente como preditas. Vou dar um exemplo.

Existe no Antigo Testamento uma profecia de que a cidade de Tiro seria arrasada, lançada no mar e suas muralhas iriam se tornar um enxugadouro de redes para os pescadores (Ezequiel 26). Depois que foi feita a profecia, Nabucodonosor II cercou a cidade por 13

anos e depois a tomou, destruindo-a. Porém a cidade era, na verdade, dividida em duas partes: uma maior no continente, e outra fortificada numa ilha defronte à cidade. Nabucodonosor conseguiu tomar e destruir a cidade no continente, mas, por sua dificuldade, não conseguiu destruir a cidade fortificada na ilha. Até aí, a profecia havia sido cumprida somente em parte.

Em 332 AC, Alexandre, o Grande, atacou a cidade fortificada e, para chegar até ela, fez com que os soldados lançassem ao mar as muralhas da cidade destruída por Nabucodonosor, fazendo, assim, um caminho ligando o continente à ilha. O que não era possível fazer com seus navios, Alexandre conseguiu construindo este istmo sobre o qual seu exército podia passar. Hoje esse caminho de pedras ainda existe e é usado pelos pescadores da região para enxugadouro de redes. E, acerca deste mundo, a Palavra de Deus tem também várias profecias.

Eis uma delas: “Os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios… Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há, se queimarão” (2 Pe 3:7-10). Está claro? Evidentemente! Resta a cada um preparar-se para o “algo melhor” que Deus tem preparado para os que recebem a Cristo como Salvador.

Você pergunta por que de tantos rosários, figas, budas, terços, etc., se Deus é um só. A resposta é que nada disso foi dado por Deus, e sim são invenções de homens. Se você buscar em Deus e na sua Palavra o conhecimento, certamente estará então com uma bússola segura a indicar o seu destino eterno.

*

Como foi sua conversão?

Eu não tive o privilégio de conhecer o caminho em minha infância. É claro que ouvia falar de Jesus na missa e minha mãe sempre procurou me guiar dentro daquilo que ela conhecia, ou seja, o catolicismo. Hoje ela também é convertida e reúne-se ao nome do Senhor.

[Esta carta foi escrita há alguns anos. Minha mãe faleceu em 2005].

Em 1974 comecei a ler o Novo Testamento, aconselhado por um amigo que até hoje ainda não se converteu. (A última notícia que tive dele é que é espírita e só se alimenta de alimentos não cozidos ou preparados). Mas logo me interessei por livros de ocultismo, espiritismo, filosofia, etc. Em 1975 comecei a me interessar por alimentação macrobiótica e logo estava amarrado na doutrina zen-budista.

Em minha busca pela perfeição do corpo, acabei ficando só pele e osso, não comendo carne e nem alimentos industrializados por cerca de três anos. Quando achava que estava bem equilibrado com o universo, uma pneumonia me trouxe outra vez à realidade. A isso se juntou a morte da cantora Tuca, por causa da macrobiótica, e também de um discípulo do “papa” da macrobiótica no Brasil. Morreu de fome!

Em meio a tudo isso, corria o ano de 1978, e um rapaz na faculdade de arquitetura de Santos, onde eu estudava, começou a me evangelizar. Algum tempo depois já éramos 12 novos convertidos ali e nos reuníamos uma vez por semana na faculdade para estudarmos o evangelho de João. Não se falava de igreja, mas só de salvação. Com mudanças de horários, logo perdi o contato com o irmão que me evangelizou, mas já estava convertido.

Havia me convertido em casa, durante uma madrugada de muita luta e tocado também por um livro que, sem querer, tinha comprado: “A Agonia do Grande Planeta Terra” de Hal Lindsey. Digo que comprei “sem querer”, pois quando fui a uma livraria comprar livros de discos voadores (“Provas” de Erick Von Daniken), encontrei este livro ao lado do livro que tinha ido comprar. Comprei os dois. O que tinha ido comprar tinha um capítulo inteiro de “provas” contra a Bíblia, querendo demonstrar que não passavam de lendas de povos ignorantes. O outro era de profecias bíblicas e mostrava o destino deste mundo e, evidentemente, daqueles que não creem. Este me impressionou. Não era uma livraria evangélica e nem vendia livros evangélicos. De algum modo, Deus colocara aquele livro ali.

Na noite de minha conversão rasguei mais de duzentos livros de filosofia, magia, espiritismo, xintoísmo, zen-budismo e um montão de ismos. Até o Bhaghavad Gita, que comprei dos Hare-Krishna, eu piquei. Aquilo tudo nunca havia trazido paz ao meu coração, mas apenas inchavam meu ego querendo fazer parecer que a salvação dependia de mim e colocando o Senhor Jesus no mesmo nível de homens como Buda e outros. Aquelas doutrinas e filosofias foram minha “droga” e eu estava me livrando dela.

Mas o inimigo não desistiu e, embora convertido, era totalmente ignorante da Palavra de Deus. Com isso conheci alguns da seita “Meninos de Deus” que tentaram me atrair para o grupo.

Como eu falava inglês, um deles me deu alguma literatura em inglês, de circulação interna e reservada só aos membros do grupo (certamente ele não sabia inglês e não viu o que era). Logo vi que tudo girava em torno de sexo e pregava a prostituição como forma de se ganhar adeptos.

Na minha simplicidade,

comecei a ir às missas todos os domingos, convertido a Cristo, porém sem entendimento. Depois de um ano lendo a Bíblia e a doutrina católica, abandonei definitivamente aquele sistema e comecei a me reunir com os batistas, até entender que Deus não criou nenhuma denominação. Em outubro de 1980 comecei a partir o pão em comunhão com os irmãos reunidos somente ao nome do Senhor.

Bem, acredito que esta “biografia”

lhe dará uma ideia da obra da graça de Deus para comigo. Ele tirou-me das garras de Satanás, de onde eu nunca conseguiria sair por meus próprios meios.

Entristeço-me ao ver que alguns dos que trilharam comigo o caminho da filosofia oriental, quando ficaram decepcionados (pois todos ficam, cedo ou tarde) acabaram se encharcando de drogas ou de incredulidade.

*

Como você vê a volta dos judeus a Israel?

No caso dos judeus, a Palavra de Deus é clara em mostrar que eles devem voltar a Israel no tempo oportuno. A volta dos judeus agora não é a mesma coisa. Eles não estão voltando crendo, porém com os corações endurecidos pela incredulidade. Você já conversou com um judeu ortodoxo? Você já ouviu o que eles pensam do Senhor Jesus Cristo? Não queira ouvir. No coração do povo judeu existe um ódio tremendo àquele que veio para eles e foi por eles crucificado.

Lembro-me de um autor já falecido (Wim Malgo) que divulgava a ideia errada de se mandar os judeus de volta a Israel. Se buscarmos na Palavra o que está reservado para Israel no tempo da tribulação, veremos que não se trata de uma boa ideia mandar alguém para onde vai ser o foco de todo o conflito. Li dele também um folheto destinado aos parentes que ficarem depois do arrebatamento da Igreja, dando-lhes a falsa impressão de que poderão ser salvos depois. Isto é um engano. Aqueles que escutaram o evangelho e não aceitaram irão receber a “operação do erro” e crerão na mentira do Anticristo.

Mas haverá judeus que se converterão; serão aqueles que nunca escutaram o evangelho ou não estavam em idade de entendê-lo. Estes formarão um remanescente que crerá no Messias e serão perseguidos durante os sete anos de tribulação (após o arrebatamento).

Muitos serão martirizados. Porém isto acontecerá após o arrebatamento da igreja. No momento atual, ao encontrarmos um judeu, o que diremos a ele? Volte a Israel? Não, não é isto que devemos fazer. Se encontrarmos um judeu incrédulo devemos apresentar-lhe o evangelho da salvação.

Uma vez convertido, ele fará parte da igreja, que é a noiva do Cordeiro, e que subirá no arrebatamento antes da tribulação. “Então, os que estiverem NA JUDÉIA, fujam para os montes” (Mt 24:16). “Ah! Porque aquele dia é tão grande, que, não ouve outro semelhante! e é TEMPO DE ANGÚSTIA PARA JACÓ (Israel). Ele (o remanescente fiel) porém será livrado dela” (Jr 30:7). “E haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro” (Dn 12:1). Após a tribulação, os próprios anjos recolherão os remanescentes das dez tribos de Israel, agora não identificáveis, e os trarão de volta à sua terra. Mas será uma obra de Deus para iniciar o Milênio.

Uma explicação detalhada da profecia iria tomar muito tempo e muitas páginas. Você escreveu: “O fato de ser apresentada uma passagem bíblica para confirmar um pensamento não é o suficiente quando este pensamento não está correto”. Eu pergunto: E como você saberá se o pensamento está correto? É só pela Palavra de Deus e pela ação do Espírito Santo. O que acontece hoje é que os homens estão deixando de lado a Palavra de Deus e seguindo as normas, dogmas e estatutos doutrinários que eles mesmos criaram. Então, quando apresentamos alguma passagem relacionada a um determinado assunto, logo argumentam que aquela passagem não trata daquele assunto, ou que apenas uma passagem não prova nada.

*

O que a Bíblia diz sobre o homossexualismo e o homossexual?

Esta é a última pergunta de sua carta. Geralmente deixamos para o fim o que queremos perguntar primeiro.

Como você lê a Bíblia, acredito que não esteja querendo saber minha opinião sobre o homossexualismo, mas o que Deus fala de tal prática na Bíblia. A opinião das pessoas pode até ser respeitada, mas há momentos quando precisamos decidir se obedecemos a opinião das pessoas ou a Palavra de Deus. E entendi que é esta que é a opinião importante para você.

Você deve estar em dúvida se deve aceitar realmente o que diz a Bíblia, que foi escrita há tanto tempo, ou se o melhor seria simplesmente se deixar levar pela opinião pública e pelo senso comum. A opinião pública irá cada vez mais considerar a prática do homossexualismo apenas uma opção de vida, porém é importante você decidir quem deve dirigir sua vida: a opinião pública ou Deus. Um dia todos nós deixaremos a opinião pública para trás — o que os outros pensam e dizem — e iremos nos encontrar com Deus. Lembre-se de que foi a opinião pública que decidiu pela soltura de Barrabás e condenação de Jesus.

“Qual desses dois quereis vós que eu solte? E eles disseram: Barrabás. Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado.” (Mt 27:21, 22).

O homossexualismo não é

doença, e na Bíblia ele é descrito como até mais do que um pecado: é uma perversão e abominação diante de Deus. Não sou eu quem afirma isso, mas o mesmo livro que você tem aí com você e costuma ler. Veja bem que estou me referindo à prática, não à pessoa do homossexual. Deus ama cada pessoa, independente de como ela seja, mas não ama práticas que são contrárias à sua própria natureza.

É importante que você entenda isto, pois a primeira reação que temos contra Deus é a de tentarmos nos defender de algo que ele condena, achando que não somos amados. O testemunho abaixo é de alguém que conheceu este amor: “Espero que você compreenda que não importa o quão longe você tenha ido em seu estilo de vida homossexual, nunca é tarde demais para mudar, nunca é tarde demais para voltar ao lar. Deus tem o poder de reformá-lo completamente em corpo, alma e espírito. Por causa do que Deus fez por mim, o velho Jerry Arteburn acabou. Ele se foi. E sou uma nova pessoa através do poder de Deus. Creio que você queira mudar. Espero que você sinta que deva mudar. Você precisa tentar. Existe um caminho melhor. Deus tem um plano melhor. Com a decisão de buscar a vontade de Deus para sua vida, ela pode ser uma vida com significado.” Jerry Arteburn, falecido em 13 de Junho de 1988 aos 38 anos, de AIDS.

A Bíblia está cheia de

passagens condenando tal prática. Os homens de Sodoma queriam conhecer os anjos que se hospedaram na casa de Ló. Daí vem a palavra “sodomita” que é o homem que procura outro homem para possuí-lo como a uma mulher. Tanto o que faz papel de homem como o que faz papel de mulher está pecando e cometendo uma abominação:

“Não haverá prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de Israel. Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus… Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é… Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação” (Dt 23:17; Lv 18:22; 20:13).

Em algumas traduções, ao

invés de “sodomitas” a expressão usada é “rapazes escandalosos”, “rapazes alegres” (daí usar a palavra inglesa “gay” que significa “alegre”), “prostitutos cultuais” ou “prostitutos sagrados” (porque os israelitas tinham incorporado o sexo aos rituais religiosos, como faziam os pagãos) (1 Reis 14:24; 15:12), e os homossexuais são novamente citados no Novo Testamento, em Romanos 1:26-27, tanto com respeito ao homem como à mulher (lésbicas, lesbianismo), prevendo aí um juízo que cairia sobre seus próprios corpos, sem contudo identificar especificamente que juízo seria esse:

“Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” (Rm 1:26-27).

Li na revista Newsweek a

reportagem sobre o médico que descobriu que a homossexualidade é uma alteração existente no cérebro. O curioso é que o médico revela ser homossexual desde criança, e que isto sempre lhe dava uma intranquilidade de consciência, até descobrir que era algo congênito (de nascença). Fico na dúvida se ele descobriu alguma evidência científica ou se descobriu tão somente algo que queria descobrir. Mas o artigo mostrava que tudo não passava de uma teoria, assim como a teoria da evolução. Ou seja, não há provas.

Não nego que existam pessoas que nascem com mais hormônios do sexo oposto, mas isto não é justificativa para que cometam alguma torpeza. Talvez sejam até mais tentados em sua carne do que aqueles que têm uma predominância de hormônios de seu próprio sexo, mas nada justifica que venha a praticar um ato sexual abominável a Deus. Tentar usar o argumento de excesso de hormônios (masculinos ou femininos) para justificar o homossexualismo ou lesbianismo é o mesmo que usar o argumento da pobreza para justificar o crime. Como diz o ditado, você não pode evitar que as andorinhas voem sobre sua cabeça, mas pode impedir que façam ninhos em seus cabelos.

Há homens claramente

efeminados (com características femininas), de nascença, modo de criação ou devido a um excesso de hormônios femininos, que se casam, têm filhos e são felizes como homens. Devemos lembrar que o homossexualismo é tratado, na Bíblia, não apenas como um pecado, mas como uma abominação. O que pratica um ato sexual condenado por Deus é culpado daquele pecado, não importando se tenha alguma tendência fisiológica para tal.

Isto porque são necessários alguns passos até se chegar ao ato, passos estes que poderiam ser evitados se a pessoa simplesmente quisesse evitá-los. Uma pessoa nascida em meio a bandidos e assaltantes pode ter a tendência de se tornar um bandido e assaltante, mas isto não a isenta da culpa se vier a praticar um crime. (Aliás, o crime é praticado em qualquer classe social e a grande maioria das pessoas pobres são pessoas honestas, não se valem da desculpa da pobreza para poderem roubar). Nossa carne certamente se inclinará para o mal, pois a Palavra de Deus diz que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” (Rm 8:7).

Aquele que é nascido de novo tem uma nova vida e possui o Espírito Santo habitando em si. Este lhe dará vitória contra qualquer tendência natural de nossa carne. Se acharmos que a inclinação de nossa carne deve ter livre curso, então temos que dar livre curso também aos outros desejos que brotam no coração de todos, ou seja, de praticarmos o que bem entendermos, matando, roubando, ferindo e praticando todo tipo de torpeza.

Talvez alguém diga que é

diferente de matar ou roubar, pois não faz mal aos outros, que homossexuais são cidadãos que podem viver uma vida respeitável, que devem ser respeitados, etc.

Sim, é verdade. Conheço homossexuais muito mais honestos e respeitáveis do que muita gente que vive com a Bíblia debaixo do braço. Além disso, de acordo com as leis que temos na maioria dos países tal prática não pode ser comparada àquelas que costumamos enxergar como crimes contra o ser humano e a sociedade, e em alguns lugares tratar um homossexual com discriminação pode ser considerado crime.

Mas não é esta a questão que está sendo tratada aqui, não me propus a escrever aqui de como os homens enxergam isso ou aquilo, mas de como Deus enxerga e diz em sua Palavra. E se você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, convém analisar a prática sob esse ponto de vista, ou descartá-la de vez para ter a opinião pública ou sua vontade própria como bússolas de sua vida. A responsabilidade é sua e é você quem terá de prestar contas de seus atos a Deus.

Entenda que o que escrevo

aqui não é uma crítica à pessoa homossexual, mas à prática da homossexualidade, e também não estou me baseando no modo como a sociedade aceita ou deve aceitar determinadas práticas. Não sou melhor do que qualquer pessoa e jamais poderia me colocar na posição de juiz. Eu mesmo sou suscetível a qualquer prática mais ou menos prejudicial ou contrária à Palavra de Deus e, como todo e qualquer ser humano, estou incluído na condenação genérica da qual a Bíblia fala e que coloca todos nós na mesma condição: pecadores necessitados de um Salvador. Portanto, não são seres humanos falhos que devemos tomar como referência, mas o que Deus diz em sua Palavra.

“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequerTodos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só… Não há temor de Deus diante de seus olhos… para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus… Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus… Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3).

Evidentemente, a tendência na sociedade será cada vez mais de aceitação de diferentes inclinações sexuais, sob a alegação de se tratar de opção pessoal e não implicar em dano à sociedade como um todo. Até mesmo as leis tenderão a reconhecer uniões do mesmo sexo como válidas para preservar os direitos das pessoas envolvidas, como acontece em qualquer sociedade entre duas pessoas. São questões civis legisladas por homens e que acabarão definidas pelos legisladores e serão obedecidas pelos cidadãos.

Obviamente nisso não se

inclui a ideia de casamento gay defendida por alguns, já que isso seria uma triste caricatura de uma instituição divina criada para o relacionamento entre um homem e uma mulher para, entre outras coisas, auxílio mútuo, procriação e, principalmente, representar Cristo e sua noiva, a Igreja.

Portanto, o ponto aqui não é o que a sociedade aceita, o que as leis dizem do ponto de vista de uma relação civil entre duas pessoas ou o que as pessoas querem fazer por escolha própria.

O ponto é: Deus aceita a homossexualidade como algo normal para ele? Não. Deus pode amar um ateu, mas não irá amar o ateísmo, contrário à sua própria existência. Ele pode amar o homossexual, mas não irá amar o homossexualismo, contrário ao seu plano original da Criação:

Disse Jesus: “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mc 10:6-9).

Assim como Deus faz, devo

amar e respeitar todas as pessoas, independente do estilo de vida ou preferência sexual que escolheram, mas isso não implicará que eu deva aceitar ou concordar com suas práticas ou com o modo de vida que escolheram. Você queria saber o que a Bíblia diz do homossexualismo e eu não poderia amenizar o que encontro ali.

Lembre-se de que qualquer

verdadeiro cristão deve proceder como o Senhor Jesus procedeu quando andou neste mundo: ele sempre amou o pecador e detestou o pecado. Todas as pessoas devem ser amadas como Deus as ama, independente de seu modo de vida. Mas amá-las não implica em aceitar seu modo de vida, principalmente quando temos diante de nós um testemunho claro daquilo que Deus pensa sobre o assunto.

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O que significa “cânon”?

Para responder sua pergunta, vou traduzir o que encontro no Concise Bible Dictionary: A palavra “cânon” vem do grego e significa uma “régua” ou “norma” pela qual as coisas são testadas. Ela é usada por Paulo em Gálatas 6:16 e Filipenses 3:16 (traduzida “regra” em nossa versão). No que se refere às Escrituras, o termo expressa quais os livros que deveriam ser incluídos. É por esta razão que se costuma usar a expressão “o cânon das Escrituras”, falando-se ainda de “livros canônicos” e “livros não canônicos”. Felizmente a maioria dos cristãos não está preocupada com tais questões. Na simplicidade cristã creem que, na Bíblia, nada mais há do que aquilo que Deus quis que fosse escrito, e que ela contém tudo o que ele intentou fazer parte do seu livro. Todavia, como todas as coisas costumam ser questionadas, seria bom que examinássemos um pouco este assunto.

Para começar, a Igreja de Roma teve a audácia de declarar que somente a “igreja” poderia decidir quais livros eram canônicos. Desde a época do concílio de Cartago, no ano 400, já eram divulgadas listas dos livros e, no concílio de Trento, estabeleceram como dogma quais os livros que constituíam as Escrituras. Decidiram incluir os livros que são hoje conhecidos como apócrifos, como pode se ver na Vulgata Latina, que é a versão usada por aquela igreja. No entanto, as próprias Escrituras nos informam que os oráculos de Deus foram confiadas aos judeus (Rm 3:2) e, como todos sabem perfeitamente, eles conservaram com o maior cuidado as Escrituras do Antigo Testamento durante séculos, antes mesmo que existisse qualquer igreja cristã. Os livros eram escritos na linguagem dos judeus — o hebraico — uma língua em que os livros apócrifos nunca foram encontrados. Eles foram escritos em grego e foram acrescentados pela primeira vez na Versão dos Setenta. O princípio mencionado acima — de que as Escrituras necessitam do aval da igreja — é falso. Com toda a certeza Deus poderia fazer uma revelação que não precisaria, de maneira nenhuma, da aprovação de um grupo de homens, por mais santos que fossem. Mas a Igreja de Roma não era nem santa, nem universal, de modo que, mesmo que tal princípio estivesse correto, aquela facção corrupta da Igreja seria a última a ser considerada como tendo autoridade para decidir.

Tem havido perigos também no Novo Testamento. Existem os manuscritos gregos apócrifos, partes dos quais eram lidos nas igrejas nos tempos primitivos. Mais tarde muitos dos chamados “pais da igreja” tiveram dúvidas acerca de algumas das epístolas. Até no tempo dos reformadores acontecia o mesmo. Lutero falou de modo desrespeitoso da epístola aos Hebreus, Tiago, Judas e do Apocalipse, como se as colocasse separadas no final de sua tradução. Calvino duvidou da autenticidade de Tiago, 2 Pedro e Judas. Nos tempos modernos, várias partes dos livros do Antigo e Novo Testamentos estão sendo questionadas. Mas a Bíblia não necessita ser autenticada pelo homem. Ela carrega as suas próprias credenciais, levando-as até o coração e consciência do cristão no poder do Espírito Santo. O homem natural não tem competência para julgar algo assim. A Bíblia tem, sobre ela, o selo de Deus, e quanto mais for estudada pelo cristão, mais perfeita será achada — não há nela redundâncias e nem omissões. (trad. de Concise Bible Dictionary)

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Um cristão não pode praticar esportes?

Recebi sua carta e quero tranquilizá-lo quanto aos esportes. O exercício físico, segundo a Palavra de Deus, para pouco é proveitoso (1 Tm 4:8), ou seja, para o físico, para o bem estar do corpo humano. Mas isto não o invalida e nem o condena. É bom que se pratique algum esporte, pois é benéfico à saúde de nosso corpo, que é o templo do Espírito. Usar do exercício físico, como determinadas posturas, movimentos, etc. (como a yoga, por exemplo) como um meio de elevação espiritual é algo que Deus não aprova. Ou, no caso de algum esporte, quando este começa a interferir na vida de comunhão com Deus, obviamente precisa ser controlado. Aliás, não é só o esporte, mas tudo em nossa vida deve ser controlado para não interferir em nossa comunhão.

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O que acha da música gospel?

Quanto à música, o assunto já se torna um pouco mais difícil, pois há tantas vozes hoje que acabamos confusos. Em minha opinião, uma música de amor, com uma letra limpa, é menos prejudicial do que os rocks evangélicos que são tocados por aí.

O movimento chamado “gospel”

que se ouve em algumas rádios é algo vergonhoso e lamentável, e tenta rebaixar as coisas de Deus às modas deste mundo. Porém sempre devemos ter em mente que a música, na Bíblia, pode estar associada tanto ao que é bom como ao que é ruim.

Satanás, por exemplo, deve ser um músico exímio:

“Já foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão”. (Is 14:11) “Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados”. (Ez 28:13)

E há também a exortação de Eclesiastes 7:5:

“Melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo”.

A música divide-se em três partes: Letra, Melodia e Ritmo. Nós, igualmente, somos seres tripartidos: Espírito, Alma e Corpo. Deste modo, a música pode nos atingir no todo ou em parte; mais uma parte e menos outra. A letra é para o espírito (que é o cerne de nosso ser, aquilo que tem comunhão com Deus); a melodia é para a alma (que é onde estão nossos sentimentos); e o ritmo é para o corpo (que automaticamente entra no compasso da música que ouvimos).

Cabe a você discernir o que deseja alimentar: espírito, alma ou corpo. Um samba ou rock tem muito para o corpo, mas nada para o espírito. Um hino biblicamente fundamentado nos dá alimento para o espírito, moverá as emoções em nossa alma e, se sobrar algo para o corpo, será apenas no sentido de levar nossos pés a andarem nos caminhos do Senhor.

Mas, de qualquer maneira, não devemos nos esquecer que a música, tal como a conhecemos, é uma manifestação cultural que provavelmente foi inventada pelos descendentes de Caim: (Gn

4:16-22) “E saiu Caim de diante da face do SENHOR, e habitou na terra de Node, do lado oriental do Éden. E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque; e a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque. E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá. E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E

o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.”

Da família de Caim recebemos a poligamia (Lameque é o primeiro a tomar duas mulheres), a primeira cidade (arquitetura), o agronegócio, a cultura e a tecnologia (gado, harpa e obra de cobre e ferro). Tirando a poligamia, que é claramente pecado, as outras coisas provavelmente estavam dentro dos planos de Deus, pois nós o vemos dizendo para Adão para lavrar a terra e, mais tarde, para os israelitas construírem cidades na terra que Deus lhe daria. Deus também dá detalhes da arquitetura do Templo que deviam construir, bem como da necessidade de homens hábeis no uso da tecnologia para a construção e fabricação dos utensílios do Templo, além de músicos que tocassem instrumentos na adoração judaica.

Além de Deus ter escolhido uma cidade para si, Jerusalém, vemos no final que é também uma cidade, a Nova Jerusalém, que desce do céu. Todas essas coisas nos cercam desde então e nós as utilizamos para o bem e para o mal. Portanto o erro da música e das outras coisas em Gênesis estava em quem criou tudo aquilo (os descendentes de Caim) e seus objetivos (exaltar o homem em sua independência de Deus). Por isso a cidade que Caim edifica leva o nome de seu filho. Mais tarde essa mesma linhagem de pessoas construiria a Torre de Babel para assegurar que seu nome permanecesse para sempre. Tudo isso nos ajuda na hora de decidir se uma música é boa ou ruim para o cristão. A quem ela exalta? Quem está ficando famoso com ela?

Outro detalhe interessante é que a maioria dos hinos tradicionais que cantamos são letras cristãs colocadas sobre melodias que um dia foram música secular. Um caso é o Battle Hymn da guerra civil americana, que era um hino militar e ganhou uma letra cristã que em alguns hinários vem como “Vencendo vem Jesus”. Há também hinos nacionais, como o da Inglaterra, que ganham letra cristã nos cultos, ou porções de música clássica, que era música secular em seu tempo, com o mesmo objetivo.

Li em algum lugar que a melodia de “Amazing grace” também era uma melodia secular que ganhou uma letra cristã.

Portanto, como em todas as coisas, o importante é ter discernimento. Assim como uma música secular pode causar dano à fé de alguém, por incluir palavras torpes e estimular a sensualidade pelo ritmo, uma música “gospel” pode fazer o mesmo, porém de forma muito mais sutil. Hoje os cantores evangélicos são aclamados como ídolos, têm fãs, e produzem música do mesmo modo que faz qualquer cantor secular. Muitos cantores e artistas incrédulos em fim de carreira chegam a “se converter” para conquistar esse filão evangélico.

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O que é novo nascimento?

A tradução literal de Young diz:

“Jesus answered and said to him, `Verily, verily, I say to thee, If any one may not be born from above, he is not able to see the reign of God” (Jo 3)

O “nascer de novo” da maioria das traduções em português é, literalmente, “nascer do alto” ou de Deus. É um nascimento espiritual, como o Senhor explica depois: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” vers. 6. Veja que é “nascido do Espírito” com maiúscula, ou seja, um nascimento espiritual, do alto ou de Deus, por obra do Espírito Santo (o “vento” no vers. 8).

O diálogo vai mais adiante mostrar que o Senhor está falando de coisas espirituais e Nicodemos está entendendo errado como coisas terrenas (nascimento natural).

O nascimento espiritual ou do alto é mostrado também como um “nascer da água e do Espírito”, que muitos entendem equivocadamente como o batismo cristão. Não, para entender que “água”

é essa, precisamos recorrer a Efésios 5:26: “purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”. Aí “água” refere-se à Palavra de Deus.

Entendo que o novo nascimento seja o recebimento da vida de Deus naquele em processo de conversão, e há uma imagem bonita disso no casamento de Caná, quando o vinho acaba e o Senhor manda os servos (figura do Espírito Santo) encherem os vasos de pedra (figura do ser humano) com água (figura da Palavra). Aí o Senhor faz o milagre e transforma aquela água em vinho (figura de vida em sua associação com sangue e alegria em Sl 104:15).

Em suma, a obra do Espírito é fazer alguém ser preenchido pela Palavra de Deus para que essa pessoa receba vida. Por quê? Oras, porque “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2) Sua outra pergunta diz respeito a Romanos 7, o que é, não só a experiência do apóstolo Paulo, mas de todo aquele que é nascido de novo. A referência a ter sido o último mandamento o que tocou a consciência de Paulo está no fato de ter sido ele irrepreensível segundo a justiça que há na lei, pelo menos na prática daquilo que nos justifica diante dos homens, ou seja, as obras. Mas naquilo que só Deus vê, o apóstolo não podia considerar-se irrepreensível. E podemos tomar Romanos 7:7 como uma confissão, não apenas dele, mas de todo aquele que é nascido de novo. Conseguimos manter uma boa aparência exterior, como pessoas que estariam guardando os mandamentos, mas, pergunto, conseguimos deixar de cobiçar?

Conseguimos impedir um pensamento pecaminoso? Não, pois quando resolvemos impedi-lo é porque já ocorreu.

Quando uma pessoa toma contato com a Palavra de Deus, o Espírito Santo atua nesta pessoa dando-lhe vida. Este é o nascimento do alto, ou o nascer da água (da Palavra, e não o batismo — compare com Efésios 5:26) em João 3 ou da semente incorruptível (Palavra) em 1 Pedro 1:23. Um homem nascido de novo, embora salvo, ainda não está completamente liberto. É aí que lhe vem a consciência de pecado e de sua incapacidade de cumprir a lei de Deus, descobrindo que há, dentro de si, uma nova criatura que é incompatível com sua carne ou seu velho homem. A libertação completa ocorre em Romanos 7:24, quando reconhece que carrega consigo um corpo de morte e que necessita de alguém para livrá-lo. A descoberta de sua completa salvação e libertação dá-se no versículo 25 e a compreensão disso no capítulo 8.

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O que é revelação?

Revelação é o que temos na Palavra de Deus. Deus escolheu homens e revelou TUDO O QUE QUIS REVELAR, tendo sido Paulo o último a escrever, colocando assim um fecho na revelação divina.

Se quisermos saber qualquer assunto, ele está revelado para nós na Palavra de Deus. Evidentemente talvez não enxerguemos isto lá, seja por falta de comunhão, oração ou dependência de Deus, ou então porque Deus não achou ser ainda a hora apropriada para vermos aquilo. Mas está tudo lá, pronto e terminado.

Quando alguém menciona certas coisas que acontecem entre cristãos, como pessoas que entram em transe e começam a dizer coisas com voz diferente, dizendo que estão recebendo uma mensagem do Espírito Santo, confesso que é algo que me cheira a espiritismo.

Tudo o que o Espírito Santo nos quis revelar está na sua Palavra e é dela que devemos falar. Se alguém estiver em pecado, o Espírito Santo me dará discernimento para falar àquela pessoa, mostrando na Palavra de Deus, a Bíblia, onde ela está errando, porque está errando, como deve proceder, etc.

Isto nada tem a ver com pessoas que mudam o tom da voz e dizem ser o Espírito Santo falando, trazendo uma nova revelação que não está na Bíblia. Já vi muito absurdo falado desta maneira. No Antigo Testamento se alguém falasse algo como proveniente de Deus e aquilo não acontecesse tal pessoa não teria outra chance para errar. Tinha que ser apedrejada e morta. Falar algo como vindo de Deus, especialmente algo que não lemos na sua Palavra, é uma coisa muito séria, e os que procedem assim terão que dar conta do que estão fazendo. Se acreditamos nisso, então a Palavra de Deus não está completa na Bíblia. Então temos que depender de novas revelações e o diabo estará sempre por perto para tentar nos enganar. Mas graças a Deus que já temos a Bíblia completa, a Palavra de Deus que é nossa bússola e guia bem seguro.

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O que significa “fogo estranho”?

Nadabe e Abiú foram mortos por terem entrado na presença de Deus com “fogo estranho” em seus incensários.

O que seria o “fogo estranho”? Simplesmente as suas próprias obras. O

incensário devia ser aceso, usando-se para isso brasas tiradas do próprio altar do sacrifício. Nadabe e Abiú acenderam seus incensários com fogo que eles mesmos produziram, e foram mortos. O acesso à presença de Deus só pode ser através do altar; através do sacrifício de Cristo. Qualquer que tentar ter acesso à presença de Deus com base em suas próprias obras não subsistirá. As brasas tinham que ser tiradas do altar onde o cordeiro havia sido queimado. A adoração e o louvor, e as orações, que hoje oferecemos a Deus como incenso de aroma suave, só podem entrar na sua presença se forem produzidas em nós pelo sacrifício de Cristo; pelo fogo que um dia consumiu a oferta: o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

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Como deve ser o clero na igreja?

Não existe clero no Novo Testamento, a não ser quando se fala da obra dos nicolaítas (Apocalipse 2:6) e de sua doutrina (Apocalipse 2:15). A palavra vem de “nikao”, que significa “conquistar”, e “laos”, que significa “povo” ou “laico” = “leigo”. Segundo alguns pesquisadores a palavra se refere à ideia de uma ordem sacerdotal, ou clero, que mais tarde acabou fazendo distinção entre sacerdotes e leigos. 1 Pedro 2:5

ensina que todos os que creem formam um sacerdócio, tendo todos igual privilégio de entrar na presença de Deus. Ao contrário do sacerdócio do Antigo Testamento, quando um homem entrava na presença de Deus como representante do povo, hoje todos podemos entrar (Hb 10:19-22), pois nosso Sumo Sacerdote já entrou antes de nós, e Deus mesmo rasgou o véu que fazia separação (o véu foi rasgado de cima a baixo, ou seja, de Deus para os homens) (leia Mt 27:51).

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A Bíblia fala da transubstanciação?

Não existe na Bíblia a ideia de que ocorra uma transubstanciação durante a ceia, ou seja, que o pão transforma-se em corpo de Cristo e o vinho em sangue. Ver Deus em objetos é costume pagão e em todos os lugares onde encontramos objetos com referência ao Senhor, na Bíblia, sempre são apenas representações ou exemplos da realidade. O Senhor Jesus disse “Eu sou a Porta”, “Eu sou o Caminho”, “Eu sou a Videira verdadeira”, o “Pão que desceu do céu”, etc..

Acerca dele foi dito que é o “Cordeiro”, a “Resplandecente Estrela da manhã”, etc. E mesmo assim todos entendem que sempre falou no sentido figurado, pois jamais alguém iria adorar uma porta, uma estrada ou uma videira. A ideia da transubstanciação surgiu inicialmente nos escritos de um tal de Pascácio Radberto, em 818, tendo depois sido tornado um dogma no concílio de Latrão em 1200.

Mateus 26:27-28 nos fala da ceia que foi celebrada ANTES da morte do Senhor. Aquela ceia não era uma transubstanciação, pois o Senhor estava presente ali entre os discípulos e nem passaria pela cabeça deles olhar para o pão como sendo o Senhor que estava, em carne e osso, diante de seus olhos. Também não era uma recordação da morte do Senhor, pois ainda não havia morrido. Era, isto sim, uma antecipação da sua morte, diferente de 1 Coríntios 11:24 que é a ceia que agora celebramos como memória de algo passado.

A ceia que o Senhor revelou a Paulo, para que este por sua vez nos ensinasse, foi uma revelação nova, que Paulo não aprendeu de Pedro ou dos outros discípulos do Senhor. “Porque eu recebi DO SENHOR o que também vos ensinei…” (Jo 6:48-58) nada tem a ver com o pão da ceia. O pão da ceia é um símbolo do Corpo de Cristo, que morreu para nos dar eterna salvação.

O pão de que João fala é em referência ao pão que caiu do céu, alimento do povo de Deus. Hoje nos alimentamos de Cristo, comemos sua carne, bebemos o seu sangue, ou seja, somos mantidos vivos eternamente pelo seu sacrifício: “O pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.

O Senhor não faz nenhuma referência à ceia em tal passagem, pois a ceia foi dada aos seus somente (Judas saiu antes) e ele não iria ensinar coisas tocantes à ceia a judeus incrédulos, como é o caso da passagem de João 6. A passagem toda nos fala de salvação e não de celebração. Se considerarmos a passagem como sendo a ceia, então uma pessoa só seria salva se recebesse o pão da ceia, pois o Senhor diz que “se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”.

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É Pedro a “pedra” à qual Jesus se refere?

Mateus 16:15-19 mostra claramente que o Senhor iria estabelecer a sua Igreja, como realmente o fez.

Mas não sobre Pedro ou qualquer outro apóstolo. Quando perguntou aos discípulos quem era ele, Pedro, inspirado pelo Espírito Santo afirmou: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Temos então um problema de tradução em algumas versões, pois as palavras usadas para Pedro e para pedra são diferentes. Pedro, sim, está no sentido de pedra. “Sobre esta Pedra” é no sentido de rocha.

A Pedra sobre a qual o Senhor edificaria a sua Igreja era a afirmação de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Se houver dúvidas quanto a isto, é só perguntarmos ao próprio Pedro: “Chegando-vos para ele — Pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa. Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual… Eis que ponho em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas para os rebeldes, a Pedra que os edificadores reprovaram essa foi a principal da esquina: e uma Pedra de tropeço e Rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na Palavra” (1 Pe 2:4-8.) É evidente que Pedro refere-se a Cristo. Efésios 2 também não deixa dúvidas quanto a isto: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que JESUS CRISTO É A PRINCIPAL PEDRA DA ESQUINA; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.” (vers.

20,21).

Quando surge uma dúvida, o melhor é perguntar à pessoa envolvida. Pedro, quem é a Pedra? “Ele (Cristo), pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” 1 Pe 2:4-10.

Se estiver lendo na Bíblia Ave Maria verá o subtítulo que foi acrescentado dizendo: “Cristo é a Pedra Angular”, possivelmente referindo-se a Efésios 2:20: “Jesus Cristo ‘é a principal pedra da esquina”.

O que transcrevo abaixo foi escrito por um historiador católico romano: “De

todos os Pais que interpretaram estas passagens nos evangelhos (Mt 16:18; Joao 21:17), nem um só as aplica aos bispos romanos como sucessores de Pedro…

Nenhum deles explicou a rocha ou fundamento sobre a qual Cristo iria construir sua Igreja como sendo o oficio dado a Pedro para ser transmitido aos seus sucessores, mas eles entendiam que se tratava ou do próprio Cristo, ou da confissão de fé de Pedro em Cristo; com frequência ambas eram aceitas.” Ignaz von Dollinger — “The Pope and The Council” (1869) pg. 74.

“…Pois

para os Pais trata-se da fé de Pedro — ou o Senhor em quem Pedro tem fé — que é chamado de Rocha, não Pedro. Todos os Concílios da igreja, desde Nicéa no quarto século, ate Constância no décimo quinto concordam que o próprio Cristo é o único fundamento da igreja, isto é, a Rocha sobre a qual a igreja permanece” — Pedro de Rosa, historiador católico romano — “Vigários de Cristo: O Lado Negro do Papado” (1988) págs. 24, 25.

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O que você acha dos testemunhos?

Todo testemunho que leva as pessoas a olharem para Cristo é válido, como vemos nos testemunhos de conversão dos primeiros cristãos. Todavia hoje em dia está muito em voga um tipo de testemunho que não traz nenhuma glória para Deus e que só serve para expor as obras da carne e glorificar o homem. Refiro-me a alguns pregadores e programas de rádio e TV que comercializam os testemunhos. Quanto mais horríveis forem as experiências passadas, maior audiência conseguirão.

Falar de nossos pecados nunca irá servir para glorificar a Deus, pois ele próprio lançou nossos pecados no esquecimento. Por que razão haveríamos de trazê-los à memória vez após outra? Certa vez li um livro, publicado por uma editora evangélica, que contava a vida de uma ex-prostituta. Noventa por cento do livro descrevia como ela se prostituía e uns dez por cento foram reservados para falar de sua conversão.

Você deve imaginar que não saí muito edificado daquela leitura. Na realidade, os crentes que sabem que não devem ler coisas obscenas ou assistir filmes de violência e terror estão tendo sua carne alimentada dentro das próprias denominações, com relatos de imoralidades, violência e experiências diabólicas cometidas no passado.

Escrevo tudo isso porque sei como é fácil nos deixarmos levar pelo interesse que as pessoas têm na devassidão, empolgando-nos a descrever os detalhes de pecados cometidos.

Devemos antes falar de Cristo e de sua obra para salvar qualquer pecador, desde o pior dos malfeitores, até o mais refinado religioso. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.

Lembro-me que logo após minha conversão, fui falar com um primo meu, contando-lhe minha experiência e esperando que aquilo fosse servir para motivá-lo a aceitar o Senhor.

Não adiantou nada. Depois de dar a ele um testemunho completo do que eu era e do que fazia, e que havia me convertido, ele me respondeu: “Isso tudo é muito bom para você, mas eu não preciso disso. Minha vida sempre foi tranquila e nunca passei pelo que você passou.” A porta foi fechada e nada pude fazer para levá-lo a entender que Cristo salva pecadores. A impressão que meu testemunho havia deixado era a de que pecadores são aqueles que praticam coisas muito ruins, ou que não têm uma religião.

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Epilepsia é possessão demoníaca?

Quanto à sua pergunta, a epilepsia é uma doença e não possessão demoníaca. Existe a possessão, conforme encontramos na Bíblia, que é algo espiritual e não físico. Um espírito maligno se apodera do corpo de alguém (nunca de um crente) e faz o que quer. Segundo a Bíblia, uma pessoa que diz incorporar o espírito de um morto pode ser na verdade uma forma de histerismo sem qualquer conotação espiritual, como pode ser também uma possessão demoníaca. Neste caso o suposto espírito é, na verdade, um anjo caído ou demônio que incorpora no médium, que acredita estar sendo incorporado pelo espírito de um morto.

Mas a epilepsia é uma enfermidade que hoje em dia já pode ser tratada com remédios. Imagine nosso cérebro como se fosse algum eletrodoméstico. Se algum fio se solta, então interrompe o funcionamento, pois deixa de passar eletricidade por ali. Nosso cérebro também funciona mais ou menos assim. Os neurônios se comunicam com fraquíssimos impulsos elétricos, como se fossem fios deixando passar eletricidade por eles. São estes impulsos elétricos que são revelados quando alguém faz um exame com aqueles aparelhos que desenham linhas representando o funcionamento do cérebro.

Existem condições químicas ideais para que os neurônios do cérebro permitam a passagem dessas minúsculas correntes elétricas que vão manter o conjunto todo funcionando. Quando há alguma alteração física dos neurônios, ou nesse meio químico, os neurônios deixam de se comunicar de maneira eficaz, chegando até a interromper a passagem da corrente. Aí acontece o ataque epiléptico. O cérebro começa a mandar sinais atrapalhados para o corpo, como se fosse um rádio sofrendo interferência, e a pessoa perde o controle de si. Quando as condições se estabilizam, a pessoa volta a si e recupera o controle.

Mas isso nada tem a ver com demônios. É um processo puramente físico. Tanto é que basta fazer um tratamento e tomar diariamente os medicamentos adequados para manter a ligação dos neurônios, e a pessoa pode levar uma vida normal. Alguns chegam até a ser curados com um tratamento correto. Pessoas que sofreram derrame cerebral ou que bateram a cabeça em algum acidente, também costumam ter convulsões pelas mesmas razões.

A ignorância leva as pessoas a atribuir ao mundo espiritual muitas coisas que são puramente físicas. O

catolicismo, na Idade Média, levou muitos a serem queimados em fogueiras por coisas assim. E hoje muitos sofrem nas mãos de pregadores ignorantes.

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Devo procurar a paz dentro de mim?

Enquanto todas as religiões e filosofias humanas mandam que o homem procure conhecer-se a si mesmo, e procurar uma tal de paz interior, a Bíblia deixa bem claro que não há nada de bom no homem. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). “Porque do INTERIOR do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7:21,22).

Portanto, se eu olhar para dentro de mim, só encontrarei miséria e tristeza. Mas se olhar para Cristo encontrarei tudo o que preciso. E Cristo está no céu, sentado à destra de Deus Pai. E é lá, no céu, que temos tudo. Nossa fé e esperança são lançadas lá, e ficam lá presas como a âncora de um barco. “…a esperança proposta, a qual temos como âncora da alma segura e firme, e que penetra até ao interior do véu. Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6:20).

Um barco lança sua âncora no mar e, daí para frente, o barqueiro só enxerga a corda. Mas ele sabe que seu barco está bem firme, pois lá longe, há uma âncora presa a uma rocha. Assim é conosco, e é daí que vem a nossa paz. Uma paz que foi feita na cruz, colocando-nos “de bem” com Deus, e que agora flui para nós vinda do trono da graça, no céu, onde está nosso Precursor, isto é, aquele que foi para lá na nossa frente para preparar-nos lugar.

Isso tudo é muito precioso, pois mesmo em meio às dificuldades, ao desânimo, à fraqueza e tentações, sabemos que, mesmo que sejamos tão inconstantes como um barco balançando no mar, nossa segurança, nossa paz, nossa esperança, encontram-se em Cristo, e não em nós mesmos. Nós mudamos, mas ele nunca muda. É por esta razão que nossa salvação está firme, e este é o assunto de sua segunda pergunta. Se a salvação dependesse de nós, um dia nos sentiríamos salvos e no dia seguinte não. Mas não depende de nós, e sim dele que morreu na cruz para nos salvar.

Aquele que verdadeiramente crê no Senhor Jesus Cristo nunca mais perderá a sua salvação. A ideia de que num momento estamos salvos e no momento seguinte não, é uma mentira do diabo para lançar os filhos de Deus nas densas trevas do desespero. Isto porque se fosse assim a salvação seria uma espécie de loteria. Se eu morresse ou o Senhor voltasse no momento em que eu acabasse de cometer um pecado, eu não iria para o céu, mas se ele voltasse ou eu morresse quando estivesse em perfeita comunhão com Deus, aí eu iria. Tal ideia faz com que a salvação dependa de nós, e se dependesse de nós em qualquer medida, então a glória já não seria de Deus, mas nossa. Em 1 João 1:10 diz que se dissermos que não pecamos, somos mentirosos. E

no capítulo 2 diz que, se pecarmos temos um Advogado diante do Pai. É esta a nossa segurança. Se cometo algum pecado Satanás irá logo me acusar diante de Deus, mas Cristo já está lá para me defender. E o Espírito Santo irá se entristecer e me levar a confessar meu pecado. E continuarei desfrutando do perdão completo que me foi concedido graças à morte de Cristo na cruz do Calvário.

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Por que o cego foi expulso pelos judeus em João 9?

Os religiosos de sua época não podiam entender como é que o Senhor podia fazer tal milagre fora do sistema que eles tanto prezavam. O cego também não entendia muita coisa a princípio, mas de uma coisa ele tinha certeza: ele era cego, mas agora enxergava. Seus pais, por prezarem mais a religião exterior do que a verdadeira obra que Deus estava fazendo, não querem ficar mal com os sacerdotes e fariseus, e nada dizem. Muitas vezes não encontramos apoio para nossa fé nem mesmo entre os familiares.

O cego acaba sendo expulso com a alegação de que ele, que era nascido em pecado, estava querendo ensinar os mestres de Israel. E era exatamente isto: somente aquele que tomou consciência do seu pecado pode compreender alguma coisa de Deus. Paulo, que era um mestre em Israel, considerou tudo aquilo como esterco depois que entendeu que, dentre os pecadores, ele era o principal.

Mas o ponto onde quero chegar é que foi só depois de ser expulso, só depois de ser colocado fora do sistema religioso de sua época, é que o ex-cego conhece de um modo mais completo aquele que o havia curado. “Jesus ouviu que o tinham expulsado, e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já O tens visto, e é Aquele que fala contigo. Ele disse: Creio, Senhor. E O ADOROU” (Jo 9:35-38).

Uma adoração completa não teria sido possível enquanto ele fosse cego, figura do estado em que nos encontramos quando ainda incrédulos. Mas também, mesmo depois de estar enxergando, ele continuava em um sistema religioso que, embora zelosos de Deus e portadores das Escrituras, não reconhecia plenamente os direitos e reivindicações de Cristo. Foi preciso que saísse, ou fosse expulso, para conhecer melhor o Filho de Deus. E o Senhor sabia que o tinham expulsado, sabendo também que ele havia permanecido numa posição de corajosa fé diante dos líderes religiosos, não temendo as consequências. E o Senhor certamente deu-lhe uma medida especial de revelação, pois aquele homem entende que ele era Deus, e prostra-se aos seus pés em adoração.

Quão precioso é isto; podermos adorar o Senhor fora de tudo o que foi instituído pelo homem; podermos permanecer firmes, mesmo diante de todos os ataques, professando: Eu era cego e agora vejo!

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O que significa galardão?

Você perguntou o que é galardão. O Novo Testamento fala, com frequência, de galardões futuros reservados para o cristão. Trata-se de recompensas ou prêmios, e estão disponíveis a todos. Um copo de água fria dado a um discípulo só pelo fato de este pertencer a Cristo será motivo de galardão (Mc 9:41); e o Senhor avisou que voltará, e que com ele estará o galardão para ser dado a cada um segundo as suas obras (Ap 22:12). Aquele que trabalha na obra de Cristo, caso o seu trabalho permaneça, receberá o seu galardão (1 Co 3:8-14). Do mesmo modo, aquele que faz o mal será recompensado também, só que de acordo com o mal que praticou (2 Sm 3:39).

Não é o galardão o nosso objetivo, mas cada um de nós deveria estar pronto a dizer que é o amor de Cristo que nos constrange a fazer algo por ele (2 Co 5:14). Mas Deus decidiu dar recompensas por causa de seu amor e graça tão abundantes, para que sirvam de encorajamento em meio aos perigos e dificuldade que enfrentamos no caminho.

E devemos ficar atentos para que não percamos nossa recompensa (Cl 2:18 e Ap 3:11).

É importante que se deixe bem claro que o galardão ou a recompensa nada tem a ver com a Salvação, que é recebida por fé no Senhor Jesus e graças à sua obra consumada na Cruz. Nada podemos fazer, de nós mesmos, para recebermos a salvação ou para nos mantermos de posse dela. Trata-se de um dom de Deus. E quanto às nossas obras aqui, dentre as quais as que são segundo a vontade de Deus serão por ele recompensadas, naquele dia entenderemos que nada fizemos de nós mesmos: foi ele mesmo que fez tudo e só nos usou como instrumentos. A princípio não mereceríamos tais recompensas, pois foi tudo obra dele, mas seu amor deseja concedê-las e, com alegria, as receberemos.

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Você acredita em discos voadores?

Quanto aos discos voadores, eles existem, pois eu mesmo os vi por duas ocasiões diferentes. Mas não são nem discos e nem de outro planeta. Posso dizer com toda a certeza de que se trata de manifestações demoníacas.

Não posso negar a luz que vi fazendo piruetas no ar durante uns vinte minutos, isto acompanhado de umas dez pessoas. E em outra ocasião, um homem que dizia ter contato com extraterrenos avisou-me que uma suposta nave passaria sobre nós dentro de alguns minutos, e, quando aleguei que a “estrelinha” que andava no céu era só um satélite, ele chamou minha atenção para o fato de que satélites não fazem curvas como aquela fazia.

Mas posso afirmar que era algo sobrenatural e sei que Satanás tem seu dedo aí. Ele é capaz de maravilhas.

Portanto todo esse movimento em torno de UFOS, nada mais é do que mais uma artimanha de Satanás para desviar o homem de Deus. Todas as pessoas que conheci envolvidas com tais fenômenos estão envolvidas em contatos telepáticos com criaturas invisíveis. Ou seja, é um espiritismo camuflado de ficção científica.

Fazem contatos, mas não com seres de outros planetas, mas com anjos de outras esferas: anjos caídos.

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Devemos esperar a igreja voltar ao que era no início?

Compreendo sua preocupação com o rumo atual da cristandade. Sabemos muito bem que, conforme chegassem os últimos dias, a apostasia iria tomando conta da igreja professa. E isso que observamos ao redor é apenas o começo.

É bom saber também que deseja alertar os crentes para que voltem às origens, ou seja, a Palavra de Deus.

Quando Paulo se despediu dos anciãos de Éfeso, ele já previa que o rebanho estaria ameaçado pelos lobos, que viriam de fora tentando destruir as ovelhas, e também pelos de dentro, que falariam coisas alteradas para atrair os discípulos após si. Estes são os criadores de divisões e denominações, que hoje separam o povo de Deus (At 20:28-32). E diante do que viria pela frente, Paulo não os entrega a alguma tradição, organização ou dogma doutrinário, mas somente “a Deus e à Palavra da sua graça” (vers. 32).

Os cristãos naquele tempo não estavam reunidos em denominações, não eram identificados por diferentes nomes, não tinham escolas de teologia para formação de líderes, não estavam sujeitos ao pastoreio e ministério de um só homem, não pertenciam a sistemas eclesiásticos e nem estavam comprometidos com a política deste mundo. Eram estrangeiros neste mundo e, em simplicidade, reuniam-se em casas ou onde fosse conveniente, para perseverar “na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:42).

Se por um lado fico contente por saber que deseja alertar os cristãos sobre isso tudo, por outro fico curioso por saber como fará isso, estando pessoalmente comprometido com o sistema denominacional, onde, inclusive, ocupa uma posição clerical. A volta aos princípios do Novo Testamento não tem meio termo, e temo que para alguém numa posição como a sua seria uma mudança extremamente drástica. Mas, se for operada pelo Espírito Santo de Deus, será também algo a que você não poderá resistir… A menos que endureça o seu coração. Espero não ser este o caso.

Jamais voltaremos a ter a Igreja na glória e poder do primeiro amor, como era no princípio. Deus não está reavivando ou renovando ou restaurando a Igreja. Esta, no que se refere ao testemunho deixado nas mãos dos homens, falhou e será julgada. Refiro-me ao testemunho exterior com seus falsos professos, e não aos verdadeiros crentes.

Estes não entrarão em juízo.

A grande meretriz de Apocalipse é o final do filme que hoje assistimos. Aquilo nada mais é do que a grande cristandade, rica, ávida de poder. Estaremos perdendo nosso tempo e olhando na direção errada, se buscarmos uma restauração da Igreja. Como testemunho neste mundo, ela foi um fracasso e está em ruínas. Como Igreja, noiva do Cordeiro, ela é gloriosa, sem mancha e nem mácula (é assim que Deus nos vê). O que Deus deixou nas mãos dos homens — o testemunho — ficou em ruínas. A parte que coube a Deus — conservar pura a noiva de seu Filho — continua perfeita. É a pérola de grande valor tirada do mar das nações.

O que devemos esperar hoje? A vinda do Senhor para nos buscar. Nada mais. Nenhuma grande coisa, nenhum grande poder, nenhum grande crescimento numérico. Ele pode vir hoje, e seremos arrebatados para nos encontrarmos com ele nos ares. Bendita consolação! Esta é nossa esperança para HOJE. Não para amanhã ou depois; não para após uma suposta restauração da Igreja, que nunca se dará; e nem para uma conversão deste mundo que jaz no maligno.

E estaremos errando se postergarmos nossa esperança do encontro com o Senhor esperando que todos os povos sejam antes alcançados pelo evangelho. O versículo (Mt 24:14) que muitos usam para tentar justificar isso se refere ao evangelho do reino, que João Batista pregava, e não ao evangelho da graça, que pregamos à semelhança de Paulo e dos primeiros discípulos. O primeiro dizia: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3:2). O segundo proclama: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo” (At 16:31). Como nos dias que antecederam a vinda do Rei, que foi então rejeitado, o evangelho do reino voltará a ser pregado, após o arrebatamento, por aqueles que se converterem durante a tribulação. Dessa vez ele virá em poder para julgar as nações.

Tal é a nossa esperança quanto ao que virá. Mas, quanto ao que já é, temos nossa responsabilidade, e esta é de nos conservarmos separados de toda iniquidade — tudo o que desonra o nome do Senhor. “Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). Quando alguém entende o mal que há hoje no sistema denominacional, o primeiro passo a ser dado é obedecer ao mandamento de Deus, apartando-se do mal.

*

Qual reza ou oração pode resolver meus problemas?

Seu pedido de rezas é para resolver um problema espiritual que acredita ser originário de macumba ou opressão demoníaca, além de soluções de âmbito sentimental e financeiro.

Arrisco-me a dizer que você pensa pequeno. Tudo o que pede é para se sentir melhor nesta vida.

Mas, e depois? O que são alguns poucos anos aqui comparados com a eternidade? Você fica impressionada com o poder demonstrado por pessoas que curam paralíticos, e se apega a elas como a uma tábua de salvação, todavia não passam de meros homens resolvendo problemas temporários. O que dizer de seu problema eterno? A Bíblia, a Palavra de Deus tem a resposta para seu problema eterno e também para os outros. “Buscai PRIMEIRO o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).

Você vem tentando ser

religiosa ao máximo, comungando quase todos os dias, não perdendo uma missa, mas o que conseguiu? Dificilmente haveria um homem mais religioso do que Nicodemos nos tempos do Senhor Jesus (Jo 3). Ele era um mestre em Israel, um fariseu (a ala mais nobre e restrita da religião judaica), e não apenas isto, mas um príncipe entre os fariseus. Transportando isso para os dias de hoje e para a nossa cultura, ele seria o equivalente a um Bispo da igreja Católica. E

o que tinha ele? Um grande vazio no coração, apesar de toda a religião.

Em João 3 ele vai se

encontrar com o Senhor Jesus à noite, provavelmente por medo de ser visto pelos outros, o que estragaria a sua reputação. Creio que você não tem este problema, já que está pedindo socorro aos quatro ventos sem se importar com o que os outros pensem, o que é um bom sinal. Só falta direção.

Ao grande religioso que era Nicodemos, o Senhor diz: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3). E o Senhor chega a ser mais direto com ele: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:7), e o mesmo está dizendo a você. Tenho certeza de que não foi coincidência, mas provisão divina eu ter ido parar em sua casa. Em qualquer escola de inglês de sua cidade você teria encontrado quem traduzisse sua carta. Mas certamente Deus não quer deixar você escapar. Ele quer que você tenha uma vida nova, mas à maneira dele.

“O

que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (vers. 6), o que equivale dizer que você só nasceu uma vez até agora, ou seja, da carne que é o nascimento natural. Falta nascer de Deus, nascer do Alto, receber uma natureza divina e espiritual. E então viverá na certeza de que “o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5:18). Acaso não é isto o que você está procurando, ser liberta do maligno que tem destruído sua vida?

Na conversa com Nicodemos, o Senhor Jesus vai aos poucos revelando quem ele é, e o que iria fazer. No versículo 13 do evangelho de João, capítulo 3, ele se revela a Nicodemos como Deus onipresente. “O que desceu do céu, o Filho do homem [Jesus] que está no céu”. Ao mesmo tempo em que falava com Nicodemos na Terra, ele, Jesus, estava no céu. Somente Deus poderia fazer a obra necessária para libertar o pecador, mesmo que ele fosse tão religioso quanto Nicodemos. E somente Deus poderá libertar você, e irá fazê-lo por meio do sangue que foi derramado de uma vez para sempre na cruz do monte Calvário.

No primeiro nascimento, você herdou o pecado de Adão. Nada tem a ver com sexo nem com maçã, como escutamos quando criança. Deus deu uma ordem simples que foi desobedecida num espírito de rebelião contra Deus. Por causa do pecado a morte entrou na criação e todos os descendentes do primeiro homem nasceram pecadores. Trazemos em nós, por natureza, o pecado, a rebelião contra Deus. Isto nos coloca, por natureza, como escravos de Satanás. Você não é mais nem menos controlada por Satanás do que todas as pessoas do mundo que ainda não tenham passado pelo novo nascimento.

Falando a pessoas que haviam nascido de novo, pessoas que tinham tido um encontro pessoal com Cristo, o apóstolo Paulo escreve: “[Deus] vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar [Satanás], do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza [pelo primeiro nascimento] filhos da ira, como os outros também.” (Ef 2:1-3).

O apóstolo continua

explicando como eles tinham sido libertos: “Estando nós mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo… Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom [presente] de Deus.

Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:5-9). Disso tudo você conclui que nasceu pecadora (assim como eu e todos os seres humanos), que está espiritualmente morta em ofensas e pecados, que tem andado segundo o curso deste mundo, segundo Satanás, em desobediência contra Deus, fazendo a vontade de sua própria carne e de seus pensamentos, ao invés de buscar fazer a vontade de Deus e que é uma filha da ira de Deus, tendo diante de si a condenação eterna por causa de seus pecados. “E

aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:15).

Tudo isso não sou eu quem diz, mas a Palavra de Deus, e se você deseja realmente encontrar o remédio é preciso que antes aceite o diagnóstico de Deus. É assim que ele enxerga você, sem nada de cor-de-rosa em seu diagnóstico. Sua condição, assim como era a minha antes, é das mais tristes e seu destino eterno tremendamente terrível.

Enquanto você não olhar para si própria do modo como Deus a vê (e ele sabe), não haverá remédio para você. A Bíblia diz que “esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar PECADORES” (1 Tm 1:15). Se você não se considerar uma pecadora completamente perdida, como poderá a salvação que Deus oferece em Cristo servir para você? Ele não veio salvar pessoas boas nem religiosas (porque conhece nosso coração que é podre); ele veio salvar pecadores. Se você reconhecer que não há nada de bom em você ou em seu coração (“porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” Mt 15:19); se você reconhecer que toda a sua justiça de nada vale aos olhos de Deus (“Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia” Is 64:6); e que suas boas obras não a levarão a lugar nenhum (“Não vem das obras” Ef 2:9), então existe esperança para o seu caso.

Em sua conversa com o

religioso Nicodemos, o Senhor trouxe à memória dele um episódio que todo judeu conhecia bem. Quando os israelitas saíram do Egito, ficaram por quarenta anos viajando pelo deserto rumo à terra prometida. Numa ocasião, por causa da desobediência e rebelião deles, Deus permitiu que o acampamento fosse invadido por serpentes venenosas. Arrependidos, eles clamaram a Deus e Moisés foi instruído a fazer uma serpente de bronze e levantá-la na ponta de uma haste.

Todo aquele que olhasse para a serpente de bronze era curado das feridas causadas pelas serpentes. Aquilo viria se revelar como uma figura de Cristo sendo levantado na cruz. As serpentes eram figura do pecado que atinge a todo homem. A solução de Deus foi colocar aquilo que representava o pecado sobre uma haste para que todos pudessem ao mesmo tempo ver suas horríveis consequências e serem salvos.

O Senhor disse a Nicodemos: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem [Jesus] seja levantado; para que todo aquele (inclusive a Maria de Lourdes) que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3:14-16). Cristo, na cruz, recebeu os pecados de todo aquele que nele crê. Ali ele morreu como um substituto do pecador. Para não precisar condenar o pecador a uma eternidade de terrores indizíveis, Deus condenou o seu próprio Filho na cruz, fazendo ele sofrer e morrer em nosso lugar. Todavia, o sacrifício de Cristo na cruz só servirá para livrar aqueles que se reconhecem pecadores, portanto incapazes de se salvar, e creem nele como Salvador. Aqueles que olham para ele em busca de salvação, e não para algum padre, pastor ou quem quer que seja. “Porque há UM SÓ mediador [intermediário] entre Deus e os homens, JESUS CRISTO HOMEM” (1 Tm 2:5).

Você quer ser salva

eternamente de seus pecados, ou está apenas procurando um paliativo para os poucos anos de vida que ainda lhe restam neste mundo? Se você parou de pensar pequeno e começou a enxergar as coisas com uma amplitude maior, tenha a certeza de que Deus quer salvá-la, quer libertá-la do pecado e da morte, quer dar a você uma nova vida. Você queria começar de novo, não é mesmo? Só existe um modo e tem que ser o modo de Deus. Caso contrário cairá em um engano após outro até o dia em que, depois de uma existência miserável, terá que comparecer diante de Deus para receber a paga por seus pecados. De que terá adiantado, então, Cristo ter derramado seu sangue precioso que nos limpa de todo pecado, se não tiver limpado você dos seus pecados? De que terá adiantado, então, ele ter morrido para pagar por seus pecados, se os seus pecados não tiverem sido pagos na cruz?

Então não existirá forma de escapar do juízo de Deus.

Em João 1:12 diz, acerca de Jesus, que “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Para que você se torne uma filha de Deus (somos por natureza apenas criaturas de Deus) é preciso que aceite a Jesus como seu Salvador. É

preciso que fale com ele, confesse a ele os seus pecados, reconheça diante dele sua miséria e incapacidade de dar mais um passo. Como eu disse em sua casa, você precisa de Cristo. Você não precisa de padre, pastor, religião, filosofia, coisa nenhuma. Jesus é o Salvador. Para que você receba dele a salvação eterna, e a partir de agora tenha uma nova vida, é necessário que creia na Palavra de Deus; que creia em tudo o que Deus diz acerca de sua condição e também da eficácia da obra que Cristo consumou na cruz para poder salvá-la. Porém pode ser que você deseje tudo isso, mas ao seu modo. Se pensar assim, estamos na estaca zero.

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24).

Você ouviu a Palavra de Deus hoje e tem agora a responsabilidade de crer em tudo o que ela diz de você e de Cristo. Se assim fizer, de coração, não buscando a solução de problemas temporais (físicos, sentimentais, financeiros — problemas que todos temos), mas a solução do seu problema eterno que é o pecado, então receberá de Deus a vida eterna. E

será algo feito de tal maneira que poderá reconhecer isto no mesmo tempo verbal usado pelo Senhor: “TEM a vida eterna”.

No futuro, não entrará em condenação. E olhará para o momento de sua real conversão a Cristo como o momento em que passou da morte para a vida. Você não tem que sentir coisa alguma para que essas coisas aconteçam. Nossos sentimentos nos enganam. Você não terá que ver algum milagre ou luzes no céu para ter a certeza de estar salva. Tem que ser pela fé. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11:1).

Só duas coisas você tem que fazer: crer no seu coração que Jesus morreu por você na cruz, que todos os seus pecados foram colocados sobre ele ali naquela hora terrível, e foram levados por ele na morte. E que Deus o ressuscitou de entre os mortos, provando assim ter aceito o seu sacrifício como suficiente e eficaz. Então, confessar com a sua boca que Jesus é seu Senhor, que ele passa a ser o dono de sua vida. “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10:17). Você ouviu a palavra de Deus. Creia agora. “A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus [Jesus como teu Senhor], e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.

Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido” (Rm 10:8-11).

Espero que tenha lido as histórias em www.stories.org.br. São testemunhos verídicos de pessoas comuns que encontraram o Salvador e a vida. Pessoas diferentes, com problemas diferentes, mas que encontraram a salvação, a vida e a paz em Cristo Jesus. Veja bem que em momento algum convido você a se filiar a alguma religião, mas insisto que vá a Cristo Jesus, e isto você pode fazer aí mesmo, a sós com ele. Você não precisa de padres, pastores, de mim ou de quem quer que seja. Você precisa de Jesus. Fale diretamente com ele. ele convida você: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28).

“Todo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6:37). Você crê nisto?

*

O que é Teologia do Domínio?

O livro “The Road to Holocaust (Hal Lindsay)” mostra como, ao longo da história, cristãos justificaram a perseguição dos judeus usando uma interpretação equivocada da Bíblia. O livro explica também a “Teologia do Domínio”, muito em voga hoje, porém nem sempre chamada assim.

Para entender em poucas palavras, a Bíblia fala de dois povos: Israel e Igreja. O primeiro, escolhido por Deus no Antigo Testamento (não por seus atributos, mas, muito pelo contrário, pela graça e soberania de Deus), recebeu promessas para sua época e para o futuro. É disso que fala boa parte do Antigo Testamento e profetas. As promessas eram sempre terrenas, de fartura, domínio dos povos e coisas assim.

Já o segundo povo (Igreja =

conjunto dos que creem em Cristo) não recebeu qualquer promessa terrena, mas todas celestiais, e foi formado tanto por judeus como por gentios, ambos convertidos a Cristo (“judeus” normalmente é o termo usado para o que restou de Israel na época do Novo Testamento e hoje, que são principalmente descendentes das tribos de Judá e Benjamim). Esse povo (Igreja) jamais recebeu promessas de fartura, domínio ou lugar de destaque aqui. Suas esperanças sempre foram celestiais.

Basta acompanhar a história da cristandade — faço uma distinção entre cristianismo e cristandade, o primeiro é o original, a segunda é a cópia — para ver que esta tentou se arvorar substituta de Israel no mundo, beneficiária, portanto, de todas as promessas do Antigo Testamento, que incluíam poder político e religioso no mundo, abundância de riquezas e saúde perfeita. Sob esta ótica, já no princípio da história da cristandade quem se declarasse judeu só podia ser um usurpador, já que Deus supostamente prometera o domínio do mundo ao seu povo, interpretado pela cristandade como sendo a “Igreja”, que alguns até hoje acreditam ser a substituta de Israel no mundo.

O próprio Martinho Lutero era influenciado por essas ideias e é preciso compreender que este era o pensamento comum e oficial em sua época, tanto no meio político como cultural e religioso.

Ele escreveu um panfleto em 1542 que dizia, em suma, o que devia ser feito com os judeus:

Incendiar suas sinagogas e escolas, derrubar suas casas, confiscar seus livros de oração, proibir os rabinos de ensinar sob pena de serem mortos, abolir o direito de ir e vir nas estradas, despojá-los de toda prata e ouro e obrigar que trabalhem com o suor de seu rosto (ou seja, não em atividades comerciais) para ganhar o sustento.

A moderna Teologia do Domínio prega a cristianização do mundo como prerrogativa para Cristo voltar e reinar.

Em alguns círculos políticos dos EUA, os fins justificam os meios, portanto não existiria nada de errado em se envolver em guerras se isto for para expandir o domínio da fé cristã, um discurso que não difere muito dos radicais islâmicos em seu empenho por eliminar os infiéis.

Gary North é um dos que estão embarcados nessas ideias, bem como boa parte dos políticos norte-americanos ditos cristãos que querem fazer a sociedade de amoldar na marra aos princípios do cristianismo. É evidente que a influência cristã foi benéfica em muitos aspectos em nossa sociedade, mas tornar isso compulsório é misturar as coisas.

No Brasil já temos alguma influência desse tipo de pensamento, como inclusão do nome de Deus nas cédulas, lobby católico ou evangélico e coisas do tipo.

Os mais recentes adeptos da Teologia do Domínio, embora a maioria nem saiba o que está fazendo, são os neocristãos adeptos da teologia da prosperidade. A adoção de trechos isolados do Antigo Testamento, originalmente dirigidos aos israelitas na Terra Prometida, leva muitos a acreditarem que ser rico e próspero faz parte das promessas de Deus para os cristãos. Obviamente basta ligar a TV para ver a quantas andam essas crenças. Mas quem ligar a Bíblia verá trechos que descrevem a vida simples de Cristo e dos discípulos, como Paulo que dizia “aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4:11).

A ideia de que Deus ordena aos cristãos que acumulem riquezas é a mesma que justificou a glória secular do romanismo com sua sede por poder secular, riquezas e posse material nos últimos dois mil anos. Se o Templo de Salomão era todo revestido de ouro, as catedrais cristãs deviam ser também. Se as vestes dos sacerdotes deviam ser ricas em ouro e pedras, idem para os dignitários cristãos. Esse foi o raciocínio que predominou.

Se Salomão, Davi, Abraão etc.

eram ricos eu também devo ser. Israelitas? Judeus? Ora, Deus está falando para mim, não para eles — foi o raciocínio que perdurou na cristandade por séculos e é o raciocínio que está sendo veladamente resgatado hoje nos cultos evangélicos de prosperidade, justamente em um momento em que o catolicismo romano tinha se maquiado de despojado numa opção intelectualizada pelos pobres e pela pobreza.

David Chilton, um dos propagadores da Teologia do Domínio: “Não sou eu quem está trazendo uma porção de novas ideias. Sabem o que eu fiz? Voltei para os pais da Igreja e li Santo Atanásio. Li Santo Agostinho e vi o que ele tinha a dizer sobre a marca da besta”. Em seus escritos é possível encontrar pérolas como “O Israel étnico foi excomungado por sua apostasia e jamais voltará a ser o reino de Deus.” “O

objetivo cristão para o mundo é o desenvolvimento universal de repúblicas bíblicas teocratas”.

“The Road to Holocaust”

explica o que aconteceu com a fé cristã reformada, principalmente nos EUA, até seu estado atual: “À medida que começaram a enriquecer, começando pelos próprios pastores e pregadores, houve necessidade de se adaptar a doutrina para explicar que toda aquela riqueza era a prosperidade prometida no Antigo Testamento. Dai até dizer que os cristãos devem arrumar o mundo para esperar a vinda de Cristo foi um passo.”

Em minha opinião, o

antissemitismo irá recrudescer e amparado por essas ideias de domínio cristão que prevaleceram por séculos de domínio do papado, só que agora por neo-evangélicos num vale-tudo pela prosperidade e pelo domínio do mundo, de seu dinheiro, de seus negócios, de seus territórios etc.

*

Pessoas esclarecidas creem na Bíblia?

Não diria que pessoas esclarecidas creem na Bíblia. É preciso ser louco para crer no que ela diz. Eu, por exemplo, me incluo entre os loucos e pouco esclarecidos que creem. Explico: é a própria Bíblia que diz que ela não é para ser crida pelos mais esclarecidos ou sábios. Se ler os capítulos 1 e 2 de 1 Coríntios irá encontrar no cap. 1

este trecho:

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.

Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.

Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.”

Se você leu o capítulo 2 de 1

Coríntios terá visto Paulo dizer:

“A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”.

“Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; Mas falamos a sabedoria de Deus… A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.”

Os detentores do poder são aqui chamados de “príncipes deste mundo”. O texto, porém, está se referindo como verdadeira sabedoria aquela que é de Deus, impossível de ser compreendida pelo homem em seu estado natural. É o que o mesmo trecho diz, em continuação: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”

Por “homem natural”, entenda o homem em seu estado inconverso ou do modo como veio ao mundo (não nasceu de novo).

Moral da história: Existe uma sabedoria humana, que pode ser para benefício do homem ou não (foi ela que nos deu esta Internet etc.) E existe uma sabedoria de Deus que está numa esfera inatingível pela mente humana racional, por isso é chamada de loucura pelos que não creem. É isto o que a Bíblia diz: que chamariam de loucura sua mensagem. O

ponto que levantei e para o qual retorno agora. A Bíblia é loucura para os que não creem ou (como os Inquisidores) a interpretam para proveito próprio.

Acaso não é esta a opinião corrente neste e em outras discussões que discutem Deus? A tônica sempre é que a Bíblia é uma loucura, indigna de crédito e que os que nela creem não entendem das coisas. Se reler minha mensagem anterior verá que é exatamente o que escrevi. Ou seja, estou plenamente de acordo com as opiniões que correm aqui neste sentido. Só que vendo as coisas do lado de dentro do terreno da fé.

Respondendo sua pergunta, os que, usando o nome de Deus, perseguiram e mataram cientistas e inventores fizeram isso em nome da sabedoria humana corrente em sua época. Pensar assim era “in” naquele tempo tanto quanto questionar a existência de Deus é “in” nos dias de hoje.

Acaso não era nisso que a maioria acreditava? A diferença com nossos dias é que aqueles homens faziam aquilo usando o nome de Deus, e faziam barbáries ainda maiores contra os que professavam uma fé simples na Palavra de Deus. Milhões foram mortos pela Inquisição porque liam a Bíblia ou professavam fé na Palavra de Deus e não nos detentores do poder religioso-secular.

Por favor, não confunda cristianismo com cristandade. Alguém definiu o primeiro como a branca neve que desce do céu. O segundo, a negra lama em que se transforma quando em contato com a terra. Os homens usaram e continuarão usando Deus como pretexto para suas intolerâncias, reputando por sabedoria sua própria loucura de domínio e poder.

Porque, na realidade, é isso o que cada ser humano busca: domínio e poder. Além da autossuficiência de viver livre de Deus e dono do nariz de suas próprias interpretações. Mas isto é outro assunto.

*

Quem nunca ouviu o evangelho pode ser salvo?

A melhor maneira de lidar com esta questão é afirmar certas verdades em que as Escrituras são bem francas. A Bíblia é muito clara quando diz que ninguém pode ir ao Pai senão através de Jesus Cristo.

Jesus disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6; ARA). A única base para o perdão do pecado e vida eterna é o caminho feito por Jesus. Muitas pessoas pensam que isto implica na condenação automática daqueles que nunca ouviram falar de Jesus. Contudo, nós não sabemos com certeza se este é o caso.

Embora as Escrituras não ensinem explicitamente que aquele que nunca ouviu de Jesus pode ser salvo, nós acreditamos que ela infere isto. Cremos que toda pessoa terá uma oportunidade para se arrepender, e que Deus não irá excluir ninguém por ter nascido num lugar errado e numa época errada.

Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo’’

(Jo 7:17; ARA)”.

A Bíblia também revela que ninguém tem qualquer desculpa: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis” (Rm 1:19,20; ARA).

É uma realidade que toda a humanidade pode dizer que existe um criador porque a sua criação testifica por ele. Este testemunho é universal. Embora as pessoas tenham informações suficientes de que Deus existe, elas se tornam voluntariamente ignorantes sobre as coisas de Deus porque seus corações são maus.

A Bíblia ensina que o incrédulo “detém a verdade pela injustiça” (Rm 1:18; ARA). Além do mais, as Escrituras dizem que o homem não está buscando Deus, mas fugindo dele. “Não há quem busque a Deus” (Rm 3:11 ; ARA). Portanto não é um caso de Deus rejeitar levar sua Palavra a alguém que esteja procurando desesperadamente pela verdade.

Nós também sabemos que é da vontade de Deus “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9; ARA). Isto mostra que Deus também cuida daquelas pessoas que não ouviram o evangelho. Ele demonstrou isto enviando seu Filho para morrer em nosso lugar. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; ARA).

A Bíblia ensina que Deus julgará o mundo justamente. “Porquanto estabeleceu um dia em há de julgar o mundo com justiça” (At 17:31; ARA).

Isto significa que, quando todos os fatos estiverem postos, o nome de Deus será justificado e ninguém estará capacitado a acusá-lo de infidelidade.

Mesmo assim nós não sabemos como ele, especificamente, irá lidar com essas pessoas; sabemos que seu julgamento será honesto. Somente este fato poderia satisfazer qualquer um que quer saber como Deus irá lidar com pessoas que nunca tenham ouvido falar de Jesus Cristo.

Quanto à questão dos fetos, bebês e crianças, muitos eruditos bíblicos acreditam que os bebês e crianças que morrem antes da idade da responsabilidade moral irão para o céu. Isso se baseia nos seguintes versículos:

(1) Em 2 Samuel 12:23, quando aquela criança, filha de Davi, morreu, ele disse: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim”. Isso implica que o bebê estava com o Senhor.

(2) No Salmo 139, Davi fala até mesmo de um bebê ainda não nascido como estando escrito no livro de Deus no céu (v,16).

(3) Isaías faz distinção entre aqueles que ainda não têm idade suficiente para “desprezar o mal e escolher o bem” (7:15), o que implica que eles não são moralmente responsáveis.

(4) Paulo fala que o sacrifício de Cristo torna a todos justos (Rm 5:19), o que abrangeria até mesmo as criancinhas que tenham nascido em pecado (Sl 51:5).

Gosto de pensar na Bíblia como um espelho. Quando olho para ele, ele mostra o que acontece comigo. Para quem não olha, ele não mostra. Então não sobra muito espaço para a curiosidade humana. Se alguém for curioso e quiser procurar na Bíblia o que acontece com o que nunca ouviu falar, terá que tomar uma decisão por Cristo, pois não será este o seu caso. Ele acaba de ouvir falar, acaba de se enxergar no espelho.

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Existe livre arbítrio?

A ideia de livre-arbítrio é estranha na Palavra de Deus. Somente Deus tem o livre-arbítrio. O homem não.

Arbítrio é uma vontade gerada por uma determinada escolha. Você ama bananas e detesta abacate. Coloco diante de você uma cesta com bananas e outra com abacates. Qual você escolhe? As bananas, ‘é claro. Nem lhe ‘passará pela cabeça os abacates. Você os detesta. Sua boca enche de saliva quando vê as bananas.

Agora pergunto, O homem no seu estado natural deseja Deus? Ama a Deus? Quer ir para o céu? Não, não, e não. Toda a inclinação do homem natural é pecado. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus”. Ele odeia a Deus e ama o pecado. Quando tem que escolher, o que escolhe? O pecado. Isto é livre-arbítrio? Seria se ele estivesse totalmente livre de preferências ou de inclinações. Mas não ‘está, portanto “não há quem faça o bem” (Rm 3:11). Nenhum!

Se o homem fosse livre não precisaria ser libertado. Mas ficamos escravos de Satanás com a queda. Nascemos servos do pecado (Rm 6:16). Assim nem nosso arbítrio é livre, pois sendo inimigos de Deus por natureza, como escolheríamos a Deus?

Quem pode então reverter tal inclinação? Deus pode. E ele escolheu fazer isto comigo por uma razão que só ele conhece, e que só a ele resultará em glória. Aí entra a tão massacrada eleição (Rm 4, Ef 1, etc.). Massacrada, pois quando você aceita que só pode ser salvo por ter sido eleito isso não deixa nenhuma margem para o homem se gloriar.

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A Bíblia fala algo sobre eleição?

Veja você mesmo nas passagens abaixo:

“NOS ESCOLHEU antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis” (Ef 1:4)

“Ele NOS PREDESTINOU para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme a decisão da SUA VONTADE” (Ef 1:5)

“Nele, PREDESTINADOS pela decisão daquele que tudo opera segundo o conselho da SUA VONTADE, fomos feitos sua herança” (Ef 1:11)

“E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, aqueles que ERAM SALVOS” (At 2:47-nota Ave Maria.)

“Porque DEUS VOS ESCOLHEU desde o principio para serdes salvos” (2 Ts 2:14).

“RESERVEI para Mim sete mil homens que não dobraram o joelho a Baal” (Rm 11:4).

“Se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas por causa dos ELEITOS aqueles dias serão abreviados” (Mt 24:22).

“Pois hão de surgir falsos Messias… de modo a enganar, se possível, até mesmo os ELEITOS” (Mt

24:23).

“Ele enviará os seus anjos que, ao som da grande trombeta, reunirão os SEUS

ELEITOS…” (Mt

24:31).

“E Deus não faria justiça a SEUS ELEITOS que clamam a ele dia e noite, mesmo que os faça esperar?” (Lc 18:7).

“Portanto, como ELEITOS DE DEUS, santos e amados…” (Cl 3:12).

“Paulo, servo de Deus… para levar os ELEITOS DE DEUS à fé e ao conhecimento da verdade conforme a piedade” (Tt 1:1).

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros… ELEITOS, segundo a presciência de Deus Pai…” (1 Pe 1:1-2).

“O ancião à senhora ELEITA…” (1 Jo 1)

“Os filhos da tua irmã ELEITA te saúdam” (1 Jo 13)

“A que está em Babilônia, ELEITA como vos, vos saúda” (1 Pe 5:13)

“Por eles eu rogo, não rogo pelo mundo, mas pelos que ME DESTE, porque são Teus”

(Jo 17:9)

“Muito alegres por estas palavras, os gentios glorificavam a Palavra do Senhor, e todos aqueles que eram DESTINADOS à vida eterna abraçaram a fé’” (At 13:48)

“Porque os que DE ANTEMÃO ele conheceu, esses também PREDESTINOU a serem conformes à imagem do seu Filho… E OS QUE PREDESTINOU, também os chamou; e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou…

DEPOIS DISTO, QUE NOS RESTA A DIZER?” (Rm 8:29-31)

“Assim também no tempo atual constituiu-se um resto segundo A ELEIÇÃO da graça.

E se é por graça, não é pelas obras, do contrario a graça não é mais graça” (Rm 11:6)

“…quando não haviam nascido, e nada tinham feito de bem ou de mal, a fim de que ficasse firme a LIBERDADE DA ESCOLHA DE DEUS, dependendo não das obras, mas daquele que chama, foi-lhe dito, O maior servirá ao menor” (Rm 9:11)

“Aquilo que tanto aspira, Israel não conseguiu; conseguiram-no, porem, OS

ESCOLHIDOS” (Rm

11:7)

“Mas o que é loucura no mundo, Deus o ESCOLHEU… o que é fraqueza no mundo, Deus o ESCOLHEU… o que é vil e desprezado… DEUS ESCOLHEU…a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1 Co 1:27)

“Portanto, NÃO NOS DESTINOU Deus para a ira, mas sim para alcançarmos a salvação” (1

Ts 5:9)

“Mais exatamente, quem és tu, oh homem, para discutires com Deus? Vai acaso a obra dizer ao artífice: Por que me fizeste assim? O oleiro não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso nobre, seja um outro para uso vil?” (Rm 9:20-21)

“Farei misericórdia a quem EU FIZER misericórdia e terei piedade de quem EU

TIVER piedade” (Rm

9:14)

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Deus poderia salvar a TODOS?

TODOS estavam perdidos. Deus salvou alguns. Não é injustiça. Não houve merecimento dos salvos. Houve favor.

E Deus é glorificado nisto. Alguém poderia perguntar: Por que não salva a TODOS? E eu perguntaria: Por que salva alguns? Ele não precisaria salvar ninguém. Cristo morreu por TODOS. Mas não diz que levou o pecado de TODOS. “O Meu Servo, o Justo, justificará a MUITOS: porque as iniquidades deles levará sobre si. … mas ele levou sobre si o pecado de MUITOS” (Is 53:11-12)

E uma vez que ele já levou nossos pecados e deles não se lembra mais (Hb 8:12), como é que poderemos perder a salvação? Nos não podemos entrar na presença de Deus, três vezes Santo, por causa de nossos pecados, mas uma vez que Cristo levou sobre si e sofreu o juízo dos nossos pecados, o que me separa agora de Deus? Deus olha para mim e vê Cristo sem pecado, pois agora estou em Cristo e sou nova criação (2 Co 5:17).

Portanto, ele morreu por TODOS, mas levou sobre si o pecado de MUITOS. Quem são esses? Veja no tópico A Bíblia fala algo sobre eleição?

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O que é um clérigo?

Entendo como clérigo alguém que seja membro de um clero. Como clero, entendo ser uma ordem superior de homens dentro de uma religião. Havia um clero no Antigo Testamento e voltamos a encontrá-lo nos evangelhos. Era instituído por Deus. Os clérigos eram sacerdotes e levitas, como adoradores. E havia Moisés como autoridade no AT. No NT diz: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus” (Mt 23:2-3), o que o próprio Senhor reconheceu como detentores de autoridade para serem obedecidos no que diziam (não no que faziam).

Todavia havia um espírito clerical, e este sim era o câncer do sistema: “Creu nele porventura algum dos principais ou dos fariseus? Mas esta multidão, QUE NÃO SABE A LEI, é maldita” (Jo 7:48,49) O espírito de soberba estava associado ao conhecimento, obviamente, intelectual da Lei.

E na cristandade, existe a divisão clero-laico? Nem preciso responder. Sem entrar no catolicismo, onde isso é assumido, alguém já ouviu expressões do tipo “pastor” e “membros”? Sim, existe clero dentro da cristandade. Nenhum de nós é ingênuo, e se a carne dos outros cristãos for igual à minha, então todos corremos o risco (eu, inclusive) de ter o coração invadido pela soberba por pensarmos conhecer mais, em detrimento dos que achamos que sabem menos. Em 1 Coríntios 13 descobrimos que “conhecemos em parte”. Qualquer um de nós. O problema é que o orgulho da bagagem intelectual, aprendida nas universidades, não deixa a gente considerá-la, como Paulo fez, esterco.

Todavia, todo o sistema clerical é apreciado pelo mundo e pelos que a ele pertencem. Porque é assim no mundo, isto é, há títulos de nobreza, muitos acham que não poderia ser diferente nas coisas de Deus. Veja um exemplo disso no título “Reverendo” usado em algumas denominações para identificar seus pastores.

Na Bíblia em Inglês “Reverendo”

é um dos títulos de Deus (Sl 111:9). O “Reverendo” que temos hoje dentro de algumas denominações veio do inglês. Os apóstolos eram chamados “apóstolos”, alguém poderia argumentar. Um título, portanto, embora não veja “apóstolo”, que significa “enviado”, como um título honorífico (“Dr.”).

O mesmo pode ser dito dos presbíteros que, evidentemente identificavam aqueles homens especialmente designados (lembre-se “de cidade em cidade” — temos isto hoje?). Todavia “pastor”, assim como “evangelista” e “mestre” ou “doutor” (“mestre”) são dons que não vejo aplicados como títulos honoríficos. Hoje se usa “Pr.” como se usa “Dr.”.

Ou estou enganado? Ora, somos homens. Nosso ego gosta de ser acariciado com títulos. Ou não?

Não posso julgar o coração de ninguém, só o meu (e mal, ainda por cima). Portanto não posso afirmar que este ou aquele irmão esteja tendo o mesmo sentimento daqueles fariseus. Mas sei que um irmão em uma posição de clérigo está mais propenso ao risco. Todavia, “Nicodemos que era um deles (o que de noite fora ter com Jesus) disse-lhes…” (Jo 7:50). Ali estava um clérigo mais preocupado com a glória de Deus do que com a sua própria glória. E quando todos abandonaram o Senhor, ele se expôs para sepultar o corpo. Portanto o hábito não faz o monge. Mas o hábito é tudo o que podemos ver. Cabe ao monge mostrar o que é por seus frutos.

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Qual o significado do fermento em Mateus 13:33?

“Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.”

Em caso de dúvida, pergunte para a Bíblia. O que é fermento na Bíblia? Tem algum outro lugar que explica o que é fermento? (1 Co 5:6) — “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” Em TODAS as vezes que aparece, “fermento” tem uma conotação de mal e pecado.

Interpretar diferente aqui é dar ocasião ao erro.

O mal, tipificado pelo fermento, é introduzido por uma mulher, algo muito parecido com a ideia de que “a igreja ensina…”. A igreja na Bíblia é apresentada como uma mulher ou, em seu caráter infiel, prostituta em Apocalipse. Jamais a igreja deveria ensinar, no sentido de instituição (mulher). Ao contrário, a igreja aprende através do Espírito por meio dos dons.

Portanto a ideia é de que o mal fez o reino de Deus crescer neste mundo, assim como no caso da semente de mostarda, que se transforma em árvore que abriga agora todo tipo de aves. Quanto aos pássaros que se aninham nela, coisa boa não é. Lembre-se de que na outra parábola eles são emissários de Satanás comendo a semente. Importante entender que a parábola aqui mostra o aspecto exterior do reino de Deus, um reino cujo rei foi expulso dele. Portanto é algo desfigurado, influenciado por homens e por ministros de Satanás. Outras árvores que aparecem na Bíblia são a de Faraó e a de Nabucodonosor, grandes reinos humanos. A mostarda nunca deveria se transformar em árvore. É estranho à sua natureza.

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Jesus era casado com Maria Madalena?

Antes de minha conversão fui da turma do “me engana que eu gosto”. Tudo o que tinha cheiro de novidade, mistério e conspiração, me atraía. Mesmo que fosse absurdo, forjado e inverossímil.

Na época lia e acreditava em tudo o que Erich von Däniken escrevia sobre deuses e astronautas, e podia jurar que era verdade a fantasia literária de Charles Berlitz sobre o Triângulo das Bermudas.

Por isso quando aparece algo como o “Código Da Vinci”, tenho a sensação de que já assisti ao filme, ainda que só tenha sido escrito o livro. Nada na Bíblia indica que Jesus tenha sido casado. A ideia é antiga, mais baseada em lendas do que na Palavra de Deus. A última lenda ficou mais conhecida por causa do best-seller “O Código da Vince”, de Dan Brown. Escrito como romance e ficção, o livro fez tanto sucesso que até seu autor parece estar acreditando que a história é real.

O livro não é nada original.

Outros livros foram escritos no passado sugerindo as mesmas coisas e Dan Brown se baseou nesses livros para escrever sua obra de ficção. E não só tenho a impressão de que já vi esse filme, como na realidade há algum tempo assisti um filme na TV com exatamente a mesma trama do filme e me surpreende que seu diretor não tenha vindo a público apontar a obra de Dan Brown como plágio. Gostaria de poder lembrar o nome do filme que vi na TV.

De qualquer modo, as próprias teorias nas quais o autor constrói sua trama no “Código Da Vinci” não encontram base bíblica. Então ele recorre a lendas, que são distorcidas para ficarem de acordo com sua teoria. Ou concentra-se em Leonardo Da Vinci e seu famoso quadro da Santa Ceia para sugerir que João, ao lado de Cristo, não é João, mas Maria Madalena. Aí habilmente desvia a atenção para o astro do qual o livro leva o nome, Da Vinci, e o adota como autoridade inquestionável em questões da história ocorrida um milênio e meio antes.

Não vou entrar aqui na questão bíblica ou espiritual da coisa, no caráter moral de Jesus como Nazireu, etc. Seria o mesmo que tentar provar com a Bíblia que este mundo não é Matrix, que a Terra Média do Senhor dos Anéis não está no mapa ou que Mr. Spock não está voando sobre nossas cabeças. Não há razão para contestar biblicamente uma ficção.

Como acontece com qualquer erro, não devemos perder tempo tentando combater a ideia desenvolvida, mas o foco deve ser colocado na pressuposição: ela é baseada em um pintor que viveu uns mil e quinhentos anos depois da Santa Ceia e que, na visão do livro, é aceito como alguém com autoridade para dar um relato de primeira mão, como se tivesse sido uma testemunha ocular.

Seria mais ou menos como se algum pintor de hoje pintasse uma cena do Imperador Justiniano, que viveu há uns 1.500 anos e, daqui a 500 anos, alguém escrevesse um livro afirmando que nosso contemporâneo pintor saberia de algo sobre a vida de Justiniano que nenhum historiador atual podia saber. Talvez no livro a ser escrito daqui a quinhentos anos o futuro autor vá arrumar até explicações teológicas para alguma logomarca de nossos dias ou utilizar senhas como “John Lenon” para abrir algum sarcófago. Uma salada geral. Mais uma vez, é importante lembrar: Leonardo Da Vinci não esteve na Santa Ceia.

Há também no livro um episódio que envolve o túmulo de Newton e uma senha para resolver algum enigma ali. A senha seria “apple” ou “maçã”, obviamente referindo-se à maçã que Newton viu cair e que lhe deu a ideia da lei da gravidade. Mas na história não é essa a única razão para a senha ser “maçã”.

Sabe o que mais? Adivinhou. A “maçã” que Eva e Adão comeram no Éden. Foi o que eu disse sobre adotar um pressuposto falso: não há qualquer maçã no relato bíblico da queda de Adão e Eva (a palavra “maçã” no sentido de fruta aparece na Bíblia apenas em Provérbios 25:11).

Como pode ver, nem mesmo entrei na questão de tentar provar que a teoria é falsa, mas apenas precisei verificar alguns pressupostos falsos para concluir que o que está em cima do alicerce também não resiste a uma análise mais minuciosa. Há vários livros tratando disso. É claro que misturado na massa há fatos verídicos, mas é como acontece com veneno de rato: 99% é milho e apenas 1% é estricnina. O suficiente para matar o rato.

De qualquer maneira, há de se dar um voto de louvor pela trama que o autor elaborou e por seu estilo bom de prender a atenção do leitor. Porém o livro cria um novo enigma que pode dar manga para um novo romance. Considerando que Dan Brown jura que a pessoa ao lado de Jesus no quadro da Santa Ceia de Da Vinci não é João, mas Maria Madalena, e já que Judas aparece claramente no quadro que então totalizaria apenas onze apóstolos, a pergunta que fica é: Cadê o João?!

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O cristão pode fazer tatuagem?

A tatuagem pode ser vista como uma intervenção cirúrgica para melhorar a aparência, algo como uma plástica. Mas, será que é só isso?

A palavra “tattoo” aparece na versão inglesa: Lev 19:28: “You shall not make any cuttings in your flesh for the dead, nor tattoo any marks on you: I am the LORD.” (NKJV).

Em português na NVI: “Não façam cortes no corpo por causa dos mortos, nem tatuagens em si mesmos. Eu sou o Senhor”.

Pelo sentido, as tatuagens tinham sua origem nos cultos pagãos. Acho que a pergunta hoje não é se um cristão pode fazer tatuagens, mas se o Senhor as faria e com qual objetivo.

Será para a glória de Deus?

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Satanás está no inferno?

Pelo que escreveu, disse que leu um livro no qual a autora, Mary Baxter, conta ter sido arrebatada ao inferno onde passou quarenta dias e ficou frente-a-frente com Satanás.

O Senhor avisou que veríamos falsos profetas. É óbvio que o relato da autora não resiste a uma análise à luz das Escrituras. Ela viu Satanás no inferno? Deve ter lido gibi demais. Satanás não está no inferno. Satanás está no céu, quando não passeia pela Terra.

(Jó 1:6) – “E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles. Então o SENHOR disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao SENHOR, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.”

(Ef 6:12) – “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.”.

Satanás deverá ser expulso do céu, permanecerá na Terra durante poucos anos, será acorrentado durante mil anos, será solto por um pouco de tempo antes de ser enviado acorrentado para o inferno.

(Ap 12:9) – “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.”.

(Ap 20:10) “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.”.

Só então ele ficará no lago de fogo, não como os gibis costumam mostrar, como se fosse o rei do inferno, mas como condenado.

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Existe reencarnação?

A ideia da reencarnação é tirar de Deus a glória pela salvação e transferi-la para o homem. Se for se esforçando para evoluir nas várias supostas vidas que você chega a um lugar melhor (céu, nirvana, etc.), palmas para você. Se a salvação for aceita como obra e graça de Deus, palmas para Deus. Mas não é isso que quer nem o homem natural, nem Satanás. Daí a reencarnação.

A ideia da reencarnação traz embutida a ideia da autoevolução, que você deve se aperfeiçoar espiritualmente, subindo degraus de uma escada sem fim. Isso pode fazer bem para o ego, e é a razão dos livros espíritas como os de Chico Xavier ou Zibia Gasparetto serem best-sellers. As pessoas gostam de ler ou ouvir que elas são especiais, que vão conseguir, que são poderosas, guerreiras, etc. Ninguém quer ouvir: Você é pecador.

Mas a reencarnação ou a autoevolução não é a verdade que você encontra na Bíblia que nos fala de um Salvador. Ora, se Deus providenciou um Salvador foi porque viu que não éramos capazes de nos salvar a nós mesmos. Por que existiria um Salvador se as pessoas pudessem se salvar a si mesmas?

Além disso, a ideia de autoevolução gera alguns problemas de ordem social, já que determina que alguns povos são mais evoluídos espiritualmente do que outros. O próprio Alan Kardec acabou se revelando racista em alguns de seus livros, graças a essa mesma ideia: Allan Kardec, Obras Póstumas, 1ª parte, capítulo da “Teoria do Belo”: “O negro pode ser belo para o negro, como um gato para os gatos; mas não o é no sentido absoluto, porque os seus traços grosseiros, os lábios grossos, acusam materialidade dos seus instintos; podem perfeitamente exprimir paixões violentas, mas nunca variedades do sentimento e as modulações de um Espírito elevado.”

Mais alguns trechos de livros apontam algumas das consequências da doutrina espírita, só para falar do que concerne às raças, sem ainda entrar em questões como a reencarnação e a eliminação do carma por meio de caridade e boas obras (ótimo para o ego): “O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso. Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados” (Allan Kardec, A Gênese, Ed. Lake, São Paulo, 1a edição, p. 281) “Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados” (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187).

“Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote* recém-nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?

(…) Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica?** Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão?” (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126-127).

*Hotentote: negro, membro de uma tribo sul-africana

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Caucásico ou caucasiano: branco

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Existe vida em outros planetas?

A questão é extremamente complexa, principalmente quando considerarmos que havendo um desequilíbrio qualquer e nosso próprio planeta pode ficar morto. Hoje, por exemplo, já se sabe que a vida na Terra não teria se desenvolvido ou ao menos permanecido se não fosse nossa proximidade com o imenso Júpiter.

A razão é que a grande parte dos cometas, meteoros e outras peças desse imenso jogo de flipper cósmico é atraída pela gravidade de Júpiter e não chega à Terra. Apenas um dos que caíram em Júpiter na década de 90 e foram filmados por telescópios daqui ou do espaço causou uma explosão maior do que nosso planeta.

Se pensar que não bastaria um planeta ter condições para desenvolver vida, mas seria preciso que tivesse também um “irmão maior” para protegê-lo da chuva de objetos que vaga pelo espaço, você percebe que a coisa é bem complexa.

Quanto a encontrarem vida em outros planetas, li algo na Internet de que é possível ser encontrada, na forma de microrganismos. Um cientista cristão afirma que determinadas rochas onde há grafite podem reter micro-organismos em seu interior. Uma rocha assim poderia ser lançada ao espaço por algum impacto de um grande meteorito, como já aconteceu no passado na Terra. O meteorito que atingiu Júpiter lançou pedaços de sua crosta no espaço.

Uma vez no espaço, a

consistência da rocha poderia proteger os micro-organismos até que ela caísse em algum planeta onde, se não fosse possível a propagação daqueles organismos, pelo menos eles acabariam hibernando, como aconteceu com fungos de uma máquina fotográfica recolhida da Lua de uma missão anterior, ou se fossilizando dentro da rocha para serem um dia descobertos por algum astronauta terráqueo. Bingo!

Acharam vida em Marte! Diriam os jornais. Sim, mas vida que veio da Terra.

O mesmo cientista acredita na possibilidade daquele meteorito que acharam com supostas formas de vida fossilizadas ter tido sua origem na própria Terra. Teria sido expelido para o espaço para depois voltar na forma de um meteorito. Existe até a possibilidade de bactérias que vivem na alta atmosfera serem levadas pelo espaço, mortas, mas pousarem em algum planeta vizinho (ainda vão achar “vida” na Lua!) Vou transcrever abaixo um texto bem interessante que traduzi há alguns anos: O Que é Preciso Para Existir Vida?

A todo momento somos

bombardeados com notícias, livros e filmes sobre seres de outros planetas.

Existirá alguma verdade por detrás de tudo isso? Vamos considerar alguns pontos importantes sobre este assunto.

Para que existisse vida em outros planetas, as condições teriam que ser ideais. A vida só seria possível se o planeta estivesse, por exemplo, a uma distância correta do seu sol, do contrário seria muito quente ou muito frio. A vida na Terra depende de uma infinidade de fatores além da distância do Sol. A composição da atmosfera, do solo, dos oceanos e rios, a inclinação do eixo da Terra e sua distância, não apenas do Sol, mas até mesmo dos outros planetas, são importantes. Até mesmo a Lua afeta tremendamente a vida na superfície deste planeta. Apesar de existirem milhões de planetas em órbita de outras estrelas, seria extremamente improvável encontrar algum que tivesse exatamente as mesmas características. Ter água apenas não é suficiente, apesar da euforia que ocorreu entre os cientistas quando foi detectada a possível existência de água na lua Europa que gira em torno de Júpiter.

Vida Que Surge do Nada?

Mas ainda que se encontrassem todas as substâncias e condições ideais, isto por si só não indicaria a existência de vida. Sem a intervenção de alguma forma de inteligência, substâncias químicas sem vida não poderiam se transformar em coisas vivas. A Bíblia, a Palavra de Deus escrita e revelada a nós, ensina que a vida surgiu por um ato de criação de Deus neste planeta. Se existissem outros planetas parecidos com a Terra, a vida só teria surgido neles se Deus a tivesse criado. Os ateus e evolucionistas acreditam que a vida tenha surgido por acaso e por esta razão acreditam que o mesmo poderia ter acontecido em outros planetas. A teoria da evolução é apenas uma das muitas formas de se rejeitar a Deus como Criador.

Seres Extraterrenos?

Existem alguns problemas impossíveis de serem resolvidos quando se acredita em seres extraterrenos. Deus nos deu detalhes específicos do futuro de todo o Universo, como a volta de Jesus à Terra e o que acontecerá no fim. O Universo, em algum dia ainda futuro, se enrolará como um rolo (Isaías 34:4; Apocalipse 6:14). Se Deus tivesse criado seres vivos em outros planetas, eles seriam automaticamente destruídos, sem possibilidade de salvação. Foi por causa do pecado de Adão que tais coisas irão acontecer e foi na Terra que Adão pecou e foi à Terra que Cristo veio para morrer por causa do pecado. Foi ainda na Terra que Cristo ressuscitou, tendo Deus aceitado o seu sacrifício, e é à Terra que voltará para buscar os que são seus.

Apenas Um Meio de Perdão

Existe só um meio de Deus perdoar pecadores, seja onde estiverem no Universo: a pena deve ser paga pelo próprio Deus feito homem. Jesus, o Filho de Deus, precisou se tornar homem para nos redimir. E isso ele fez uma vez só e permanece vivo para sempre, um Homem no céu. Caso existissem outros seres inteligentes em outros planetas, que também fossem pecadores, Cristo teria que ir a cada um desses planetas e tomar a forma dessas criaturas, o que seria um absurdo e totalmente inconsistente com a verdade. Só existe um Filho de Deus, o qual é Deus e Homem em uma Pessoa.

Foi na Terra que Satanás veio espalhar sua rebelião e foi na Terra que Jesus veio vencê-lo e destruir seu poder que alcança todo o Universo. Será a esta Terra que Cristo virá para vencer o Anticristo e estabelecer o seu reino. E do planeta Terra ele irá reger todo o Universo. Cristo morreu uma só vez e foi neste planeta para redimir a raça humana. Seu sacrifício e sua ressurreição resolveram a questão do pecado de abrangência universal e é somente graças a esse sacrifício que será possível existir um novo céu e uma nova Terra.

Missão Impossível

Mesmo que se pensasse na possibilidade de vida em algum lugar do universo, uma visita de extraterrestres à Terra, como alguns afirmam acontecer, parece completamente impraticável, se não impossível. As distâncias são enormes. A estrela mais próxima da Terra, Próxima-Centauri, encontra-se a 40,7 milhões de quilômetros de distância. Considerando que a nave Apollo levou três dias para chegar à Lua, se viajasse à mesma velocidade ela levaria 870 mil anos para chegar a Próxima-Centauri.

Se fosse possível acelerar uma nave espacial a uma velocidade de um décimo da velocidade da luz, a viagem levaria 43 anos. Todavia nenhum ser vivo suportaria tal aceleração inicial.

Além do mais, para se chegar a uma aceleração assim, seria necessário um volume de energia equivalente ao consumo de eletricidade do mundo inteiro durante um mês. Você consegue imaginar quanto combustível teria que levar? E é preciso prever que tal nave precisaria desacelerar, ou frear, quando chegasse ao seu destino, o que consumiria igual quantidade de combustível, isto sem que houvesse paradas durante a viagem.

Outro problema é que o espaço não é vazio. Existem cerca de 100 mil partículas de poeira por quilômetro cúbico de espaço, e uma colisão com uma partícula assim, na tremenda velocidade de que estamos falando, seria suficiente para destruir a nave espacial.

Os Verdadeiros Extraterrestres

Acontece que existe outra esfera no Universo onde há seres vivos. Estou me referindo aos anjos. Entre eles há os que se rebelaram contra Deus, chamados demônios, os quais são liderados por Satanás ou Lúcifer. Há alguns milênios que Satanás vem adquirindo experiência em enganar os seres humanos e provavelmente é ele o ser “extraterrestre”

que está por detrás das aparições de OVNIs que costumamos ver no noticiário. A melhor maneira de não sermos enganados pelas artimanhas de Satanás é crendo na Palavra de Deus. É nosso único guia seguro.

Tudo Com Uma Função

Mas por que então Deus teria criado esse imenso universo apenas com um planeta habitável? Não devemos ir além do que a Bíblia ensina para responder a esta pergunta. Ela nos diz que Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas para produzir luz e para ajudar os homens. Sim, uma das razões de Deus haver criado a Lua, o sistema solar e as estrelas foi nos dar uma maneira de contarmos o tempo (horas, dias, meses e anos) e prever as estações. Sem esses corpos celestes, a contagem do tempo, a navegação e a agricultura teriam sido muito difíceis. Desde a antiguidade o homem usa a posição do Sol, da Lua e das estrelas para elaborar seus calendários. E numa época tão moderna quanto esta em que vivemos, os satélites e naves espaciais conseguem se orientar no espaço graças às estrelas.

Acredita-se que até mesmo alguns pássaros se orientem pelos corpos celestes para poderem migrar por grandes distâncias.

Outra razão da existência de miríades de estrelas é dar glória a Deus — chamar a atenção do homem para a tremenda grandeza e poder do Criador. A vastidão do universo é uma tremenda expressão do poder e majestade de Deus. Deus é maior do que jamais conseguiríamos imaginar, maior ainda que sua espetacular criação, o Universo. O

Salmo 8:1,3,9 declara: “Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a Terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! Quando vejo os teus céus, a obra dos teus dedos, a Lua e as estrelas que preparaste… Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a Terra!”

Siga este conselho: Quando você olhar para o céu ou pensar na imensidão do Universo, medite na glória de Deus ao invés de ficar sonhando com fantasias de seres alienígenas. E ao invés de ficar pensando em se encontrar com supostos seres de outros planetas, você deveria estar preparado para um encontro que irá acontecer com toda certeza: o seu encontro com o Senhor Jesus Cristo. Se você tiver um encontro pessoal com ele enquanto ainda está vivo, crendo nele e na sua obra na cruz do calvário, você terá garantida a sua salvação eterna. Este é um verdadeiro encontro de primeiro grau; um encontro de máxima urgência. Caso contrário você terá que se encontrar com ele, só que então ele será o seu juiz que irá anunciar sua sentença de condenação eterna.

Faça um contato imediato agora mesmo com o seu Salvador. Confesse a ele os seus pecados e peça a ele o perdão e a salvação. Você não precisa entender tudo; basta você crer. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Fp 4:7)

*

Por que o Senhor repreendeu os espíritos que o reconheceram?

“E

os espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. E ele os ameaçava muito, para que não o manifestassem.”

Acredito que os demônios aqui não tinham a intenção de glorificá-Lo, mas de atrapalhar sua obra. Por isso ele os repreende. Chegaria o momento certo para as pessoas certas dizerem o mesmo.

Há outro episódio semelhante em Atos, quando Paulo expulsa os espíritos malignos de uma mulher que, aparentemente, estava auxiliando na obra. “Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação.” (At, 16:17). Infelizmente nem sempre temos esse discernimento de perceber que o diabo, o príncipe deste mundo, não tem parte na obra de Deus. Quando os cristãos buscam o apoio do mundo — financeiro, político, social — estão se colocando lado a lado com um mundo que expulsou o Senhor.

Os israelitas foram castigados quando usaram métodos filisteus para levar a arca do testemunho de Deus:

(2 Samuel 6:3-7) “Puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo… Quando chegaram à eira de Nacom, Uzá estendeu a mão à arca de Deus, e pegou nela, porque os bois tropeçaram. Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali; e Uzá morreu ali junto à arca de Deus.”.

Pelos mandamentos de Deus dados a Moisés, a arca devia ser transportada por homens segurando em varais, não por bois, ainda que fosse um carro novo. O sentido é esse. Quando Satanás ou o mundo parece querer ajudar a “levar a arca”, é melhor sair fora.

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O que significa a parábola das dez virgens?

Creio que o número cinco na Bíblia nos fala de responsabilidade humana. Pelo menos ele aparece muito associado a isso. São cinco os livros dados a Moisés de todas as coisas que os homens deveriam cumprir. São dez os mandamentos: Cinco da responsabilidade para com Deus e cinco para com o próximo.

Considerando que ‘virgem’ é uma figura da Igreja, creio que as cinco virgens prudentes nos falam da responsabilidade do testemunho que foi deixado nas mãos dos homens. As outras cinco nos falam do testemunho que não tem o azeite, isto é, considerando que o azeite é uma figura de unção do Espírito Santo, trata-se da esfera de profissão cristã, dos que apenas professam ser cristãos, como a falsa noiva de Apocalipse (a meretriz).

Quando o Noivo vem, somente as que são reais entram para a sua presença. As outras virgens recebem a sentença: Nunca vos conheci. Não penso que cinco seja o número das esposas do Cordeiro, pois há uma noiva no sentido coletivo da Igreja. Na verdade nas Escrituras o Senhor aparece como tendo duas esposas. Da primeira ele se divorciou por sua infidelidade (Ez 16; Jr 3:8), mas voltará a recebê-la. É sua esposa terrenal, Israel. A outra, que ele apresentará a si mesmo como virgem pura somos nós, Igreja.

Cantares nos fala do amor do Senhor por sua primeira esposa, Israel. O Salmo 45 é a profecia desse matrimônio do Senhor com Israel no futuro.

*

Deus pode usar um falso cristão para pregar a Verdade?

É claro que tudo pode ser usado por Deus para os seus propósitos, mas o fato de algo ser usado não significa que seja bom. Deus usou uma mula para falar com Balaão, mas não acredito que isto signifique que os cristãos podem parar de falar da parte de Deus já que ele poderia usar mulas para isso.

Vemos também muitos usando a Bíblia para proveito próprio e, mesmo assim, acabarem sendo usados na conversão de alguém ou em algo para a glória de Deus. Porém isso não diminui a responsabilidade de quem agiu errado. Lembro-me de José falando a seus irmãos, quando se revela a eles como governador do Egito: “E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” (Gn 50:19-20). Portanto Deus pode usar até a extrema maldade do homem para transformar isso em bênção para outros e em glória para si.

Não podemos nos esquecer de que vivemos numa época de apostasia (abandono da Verdade) e isso irá piorar muito após o arrebatamento da igreja, o que pode acontecer a qualquer momento.

Procure ler as cartas de Timóteo no contexto profético de tempo. Ambas falam da “casa de Deus” (o aspecto governamental da igreja, ou a parte que cabe aos homens cuidarem).

Na primeira são dadas

instruções… “…para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.” (1 Tm 3:15). Esta fala de como a casa de Deus deveria ser.

Na segunda fala de como ela ficou. “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.” (2

Tm 2:20). É uma casa onde há de tudo e a responsabilidade dos que buscam a Verdade é se afastarem do erro (leia o contexto) para se reunirem com aqueles que o fazem de coração puro (ou purificado desses erros). O trecho fala de separação.

A primeira fala ainda, em seu contexto histórico, dos “últimos tempos”, um período mais extenso: “MAS

o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;” (1 Tm 4:1).

Isso já acontece há muitos séculos.

A segunda fala dos “últimos dias”, um período breve e final. (eu uso a www.bibliaonline.com.br para minhas buscas) “SABE, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” (2 Tm 3:1). Na continuação é dado o estado dos cristãos (é importante entender que não está falando de pagãos ali, mas de cristãos nominais):

Vers.

2 a 5:

— “Porque haverá homens amantes de si mesmos [1], avarentos [2], presunçosos [3], soberbos [4], blasfemos [5], desobedientes a pais e mães [6];

ingratos [1], profanos [2],Sem afeto natural [3], irreconciliáveis [4], caluniadores [5], incontinentes [6];

cruéis [1], sem amor para com os bons [2], Traidores [3], obstinados [4], orgulhosos [5], mais amigos dos deleites do que amigos de Deus [6],”;

Finalmente… “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.”.

Se você observou, temos 3

grupos de 6 características (666) que levam para o homem que tem aparência de piedade (parece um carneiro), mas nega a eficácia dela (fala como um dragão Apocalipse 13:11). É preciso entender que a oposição maior aos convertidos no final virá da própria cristandade organizada, “a mulher” de que nos fala o Apocalipse.

É interessante como neste

trecho de 2 Timóteo, Paulo fala de pessoas levadas por concupiscências (desejos) por homens com as características acima. É o que vemos aos montes hoje nas ditas igrejas que oferecem curas, milagres, dinheiro, romance e tudo o que o ser humano mais deseja, com segundas intenções. Note também que esta foi a última carta que Paulo escreveu e ele termina dizendo que foi abandonado por todos. Vivemos num tempo de abandono da Verdade (apostasia), principalmente da Verdade revelada a Paulo (que você não encontra em outros lugares das Escrituras).

(Ef

3:8-10) “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;10

Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,”.

*

A Bíblia tem base científica?

A pergunta é interessante, mas é importante notar que a Bíblia não é um livro de ciência (se fosse, estaria desatualizada), mas a revelação dada por Deus daquilo que ele decidiu que deveríamos conhecer, e não daquilo que a curiosidade humana possa querer perscrutar. Portanto…

“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” (1 Co 2:9) e…

“O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” (1 Co 2:14).

Por isso esqueça explicar a um inconverso as verdades espirituais da Bíblia. Então resta dialogar usando outra abordagem: a de que ninguém pode confirmar ou não a existência do que é visível e cientificamente observável. Isso porque a simples introdução de um observador em um contexto já tira aquele contexto de sua condição original, e não se pode afirmar se o que foi observado é real ou apenas fruto da interpretação de um observador.

Um exemplo famoso: Existe som na floresta quando uma folha cai e nenhum ser com aparelho auditivo está lá para ouvir? Ou existe cor quando não há olhos para identificá-la? O que conhecemos por som e cor nada mais é do que uma interpretação gerada por nossos sentidos de vibrações em diferentes escalas do espectro. Como, então, um serzinho tão pequenininho como nós pode querer entender, de moto próprio, Deus, “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver”? (1 Tm 6:16).

Quer um teste simples? Você já viu aquelas fotos maravilhosas de estrelas e galáxias tiradas por telescópios? Já viu, a olho nu, as estrelas que pontilham o céu nas noites escuras? Não, você não viu. O que viu foi uma representação de estrelas e galáxias que talvez nem existam mais.

Até o sol que aquece sua pele e você poderia jurar que está brilhando pode ter desaparecido há oito minutos, que é o tempo que sua luz leva até a Terra. Portanto, nada pode se deduzir de verdade e certeza se nos basearmos nas coisas visíveis e mensuráveis. Em outras palavras, se nos basearmos na ciência. O que resta então?

Resta que não devemos atentar “nas coisas que se veem, mas sim nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, enquanto as que se não veem são eternas.” (2 Co 4:18) Porém para entrar, explorar e se deliciar nessa esfera das coisas eternas é preciso ter fé, palavrinha pequenininha que abre universos tão imensos e é definida apenas uma vez na Bíblia:

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.” (Hb 11:1).

*

O que acha do livro “Ismael — Um Romance da Condição Humana”?

Já tinha lido alguns comentários de Ismael e procurei ler mais algumas resenhas que há na Web em inglês. É uma obra de ficção que tenta passar uma mensagem, pelo que entendi, como fez um autor do qual li todos os livros em minha juventude. Era Lobsang Rampa, nome que um jornalista britânico adotou por se achar a reencarnação de um Lama do Tibete. Os livros eram cativantes, mas não passavam de pano de fundo para ele disseminar suas crenças (além de ganhar dinheiro).

No caso de Ismael (repito, não li o livro e corrija-me se estiver enganado), tudo se resume em uma reinterpretação da Bíblia que levanta a questão da validade da proibição de se comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, que o livro diz não haver justificativa na própria Bíblia.

Outro detalhe é o livro

considerar a Bíblia como um texto humano, sem interferência divina na sua autoria. Aparentemente, o ponto de partida é uma decepção com o modelo judaico-cristão (embora o mesmo modelo seja encontrado na maioria dos povos) de exploração indiscriminada da Terra numa volúpia de Gerson, que quer levar vantagem em tudo. Acertei?

Há várias religiões novas que também invertem a questão do conhecimento do bem e do mal (o comer do fruto proibido), dizendo que aquele sim era o portal do conhecimento e da evolução humana. A Bíblia deixa claro que o que estava envolvido ali não era o fruto em si, mas a dependência e confiança em Deus. O homem escolheu a independência, apenas para se descobrir nu e ser incapaz de cobrir sua própria nulidade (é preciso que Deus mate animais inocentes para cobrir com peles a nudez mal coberta por folhas de figueira). Foi a primeira morte de um inocente para pagar pelo erro alheio, prefigurando Cristo.

O homem efetivamente adquiriu o conhecimento do bem e do mal, mas nem por isso, evoluiu. Pelo contrário, a civilização acumulou conhecimento, tecnologia e experiência, mas continuamos tão cruéis e sanguinários, mais até que os animais. Ganhamos o conhecimento do bem e do mal, porém não o poder de fazer o bem e evitar o mal.

Foi a isso que levou nossa senda de independência de Deus, o que a Bíblia considera uma rebelião. A essência do pecado original (que não é sexo nem maçã) está na adoção de uma atitude rebelde e de orgulhosa autossuficiência. Se tenho conhecimento do bem e do mal e crio coisas maravilhosas com minha tecnologia e inteligência, para quê preciso de Deus? Afinal, foi esta a promessa da serpente caso eles comessem do fruto: “Sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal”.

Em suma, a declaração do ser humano (ou o que gostaria de declarar) você encontra no Salmo 2: 2 “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:”

3 “Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.”

4 “Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.”

É claro que muita dessa

animosidade contra religião (e parece que o autor tem algo neste sentido, considerando suas outras obras) vem de uma observação da religião humana, a qual Deus mesmo abomina. Basta ver o que o Senhor Jesus fala dos religiosos de seus tempos (os fariseus) e o que o livro do Apocalipse fala da cristandade de nosso tempo (a mulher montada numa besta).

A verdade é que homem algum pode compreender a Bíblia a não ser por revelação. O pensamento de Deus não está sujeito ao escrutínio da inteligência humana e as conclusões que tiramos quando a lemos só podem ser duas: de rebelião ou de sujeição a Deus. Isso fica bem claro em 1 Coríntios 1:

18 “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.”

19 “Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes.”

20 “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século?

Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”

21 “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.”

O que diz aí é que a fé em um Salvador crucificado não tem lugar na inteligência humana que tem a sua própria sabedoria. E vai mais além no capítulo 2:

4 “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;”

5 “Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”

6 “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;”

7 “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;”

8 “A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.”

9 “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E

não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.”

10 “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus”.

11 “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.”

12 “Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.”

13 “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.”

14 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”

Um bom método de se detectar se um conhecimento vem ou não de Deus é perguntar: a quem isso glorifica. Se glorificar o homem, no sentido de dar a ele o mérito todo, então não vem de Deus. A verdadeira sabedoria é aquela que tira o homem natural de cena e coloca, em seu lugar, o Homem espiritual, Cristo.

*

O que devo fazer para ser “mais e mais” cristão?

Não há como ser “mais e mais” cristão. Vejo que ainda associa cristianismo a uma evolução espiritual. Não é isso o que a Bíblia ensina. Obviamente existe a cristandade, que vive segundo uma série de regras e conceitos baseados nos evangelhos, mas não é disto que estou falando. Alguém definiu cristianismo como a neve pura que desce do céu, e cristandade como a lama que ela produz ao entrar em contato com o chão (o mundo).

É bom explicar que o que sou hoje não é a chegada do itinerário que percorri. Eu poderia não ter percorrido itinerário algum e reconheço hoje que fui muito “cabeça dura” e orgulhoso demais para aceitar que a salvação era uma dádiva gratuita, que não dependia de meus esforços, inteligência, boas obras etc. Nada dependia de mim, porque não havia nada em mim que quisesse realmente e sinceramente buscar a Deus. Hoje entendo isso lendo o que Paulo, um intelectual e mestre do judaísmo de seu tempo, afirmou:

“Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.” (Rm 3:11) “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18)

Cristianismo real tem tudo a ver com novo nascimento. Ou você é nascido de novo (literalmente, “nascido do alto”) ou não é. Se não é, continua morto. Se nasceu de novo, está vivo com a vida que procede de Deus. Uma nova vida, uma nova posição, uma nova perspectiva que vai muito além daquela que nossos olhos ou mente conseguem alcançar. Um dos homens letrados dos tempos do Senhor Jesus foi confrontado com esta questão.

Para entender o que falo, sugiro que leia o capítulo 3 do evangelho de João. A serpente à qual o Senhor se refere ali foi um episódio ocorrido com os israelitas na peregrinação Egito-Canaã via deserto, quando foram atacados por serpentes. Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a levantasse na ponta de uma haste.

Quem olhasse para a serpente de bronze era curado. Aquilo era um tipo de Cristo, que um dia seria levantado.

O cristão tem um antes e um depois muito claro, assim como dividimos o tempo em AC e DC. Para o cristão, sua vida divide-se em antes da cruz e depois da cruz. Se ler Efésios capítulo 2

vai encontrar uma descrição muito clara da diferença, do antes e do depois e de como passamos de um lado para o outro. Não é um progresso, mas uma mudança imediata e radical, de perdido para salvo, de morto para vivo, de estranho para filho.

No mesmo evangelho de João, cap. 5:23, há um versículo muito bom para entender essa mudança: “Na verdade, na verdade vos digo que quem OUVE a minha palavra, e CRÊ naquele que me enviou, TEM a vida eterna, e NÃO ENTRARÁ em condenação, mas PASSOU da morte para a vida.”

Atente para o tempo dos verbos para ver que é uma mudança imediata baseada em apenas uma condição que é crer. Quem ouve (presente) e crê (presente) tem (agora mesmo) a vida eterna.

Passa a ser alguém neste mundo com uma vida que não é deste mundo e nem temporal.

Quanto ao futuro, não entrará em condenação algumas versões trazem “juízo” ou “julgamento”, o que põe por terra a ideia infantil de que depois da morte há um julgamento, com uma balança que irá pesar o bem e o mal que fizemos e nos permitir ou não a entrada no céu.

Para o incrédulo, sim, haverá o que a Bíblia chama de “juízo final”, mas não se trata de um julgamento no sentido de condenar ou absolver, pois naquela hora não haverá absolvição. Trata-se de um julgamento apenas para sentença. (Apocalipse 20).

Quanto aos que verdadeiramente creram, estes já tinham passado da morte para a vida antes, portanto como Deus iria julgar quem foi perdoado e salvo? O único julgamento (se é que podemos chamar assim) que aparece para o cristão é um julgamento como acontece nos concursos de miss ou de obras de arte. Apenas para classificação daquilo que o cristão fez como tal (depois de salvo), para ver se prestou ou não o que ele fez (não sua pessoa, mas sua obra).

*

É possível chegar à fé pela razão?

Não há como eu incutir em você a crença de que a Bíblia seja divina, pois quando aqui não se trata de “acreditar

no sentido de uma asserção quanto à existência, mas de crer como quem crê que um cirurgião é bom, por ter sido salvo por ele.

Não se chega à fé pelo intelecto. Eu tinha uma coleção de crenças intelectuais. Três anos de macrobiótica e uma estante cheia de livros esotéricos que sempre diziam que era preciso evoluir, que eu tinha algo a ser desenvolvido, que eu era isso e aquilo, que só precisava fazer isso ou aquilo para chegar ao céu, nirvana, equilíbrio, Tao, etc.

Tudo isso caiu por terra imediatamente, quando me rendi. Trata-se de uma rendição: reconhecer que estou perdido e que preciso parar de buscar/lutar e simplesmente aceitar a oferta de amor de Deus. Foi assim. É por isso que se chama “conversão”. Você está indo para um lado, ouve um “meia volta, volver!” e dá um giro.

O problema é que aceitar que a Bíblia é a Palavra de Deus significa aceitar que agora tem alguém que vai falar comigo e eu preciso obedecer. Aí acaba minha “liberdade” e “independência”

(essa é a raiz do pecado). Antes de exercer fé em Deus e em sua Palavra, e assim considerar a Bíblia como tal, é preciso abrir mão de uma compreensão intelectual. Imagine-se diante de uma porta sem entender o que há lá dentro. Aí você passa a vida matutando sobre o que há lá, sem jamais ter dado o passo e atravessado a porta. Dar o passo é um momento de desequilíbrio, de incerteza, mas que é exatamente quando tudo o mais fica de lado e só a fé passa a ser o corrimão.

Não podemos “compreender

Deus ou sua Palavra no sentido intelectual, mas apenas aceitá-lo. Você não compreende completamente seu celular, mas o aceita e usa. Seria um tolo se decidisse que só usaria celular quando compreendesse perfeitamente sua tecnologia.

Não compreendo Deus, mas o aceito, e a Cristo como meu Salvador. Jamais vou entender como é que o Criador, por me amar tanto, entregou seu Filho para morrer em meu lugar, pagando por minhas culpas. Isto é algo que vai além de toda razão. Pense bem: o próprio Filho de Deus vindo ao mundo na forma de um homem para morrer! E morrer para assumir a culpa de um verme como eu! Dá para entender? Não. O mesmo com respeito à Bíblia.

É por isso que se chama “fé”, da qual só temos a definição uma única vez na Bíblia: (Hb 11:1) “ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.”

Quando falo da Bíblia com tanto carinho, é porque a carta de um pai só faz algum sentido quando se é filho. Para qualquer outro é algo banal. Qualquer estudioso pode conhecer a Bíblia como um livro, seu estilo, sua história etc. Mas é o Autor da Bíblia que precisa ser conhecido. Não vou entrar neste assunto, pois poderia escrever horas sem saber se você está realmente interessado em conhecer a fundo o que é a Bíblia, sua origem e seu poder. Caso esteja, sugiro que leia o livro “Evidências que exigem um veredicto”, de Josh McDowell. Ele tem outros livros sobre o tema.

Eu e você escrevemos e sabemos que é mais fácil escrever um livro sozinho do que em grupo. Geralmente livros escritos em grupo acabam tendo algumas discordâncias, se o grupo não for coeso e tiver um mesmo pensamento. Agora imagine escrever um livro em grupo, só que um grupo de pessoas de níveis sociais e intelectuais diversos, morando em 3

continentes, sem que a maioria delas tenha contato umas com as outras. E não é só isso.

Suponha que esse grupo seja formado por pessoas que viveram num período de 1.300 anos, entre o primeiro e o último autor, e tenham escrito porções deste livro em três idiomas diferentes.

Para dificultar ainda mais as coisas, imagine que este projeto, no final, tenha que ter uma coerência ao longo de suas páginas, sem contradições. A obra tem que ser harmoniosa, do começo ao fim.

É isso o que acontece com os 66 livros que compõem a Bíblia, escritos por quase 40 pessoas. Não é apenas uma grande obra. É transcendente e incrível. Jamais teria sido obra da simples compilação de autores ou do acaso. É preciso conhecer o Autor para saber. Sim, ela foi escrita por homens, mas é como se tivesse sido ditada.

Há nelas provas incríveis, como as profecias já cumpridas. A destruição “parcelada” de Tiro é uma delas, já que dá para ler o que a Bíblia previu a respeito e comparar com o que já é história. A Bíblia conta que a cidade de Tiro (na campina) seria destruída (Ezequiel 26:8), que muitas nações se voltariam contra Tiro (26:3), que suas muralhas seriam jogadas no mar e seria convertida em uma penha (26:4), que os pescadores a usariam para secar suas redes (26:5), que seus despojos seriam lançados ao mar (sem o que não serviria para enxugar as redes) (26:12), que nunca mais seria reconstruída (26:14) (a Tiro que conhecemos hoje não é a mesma).

*

O que aconteceu após sua conversão?

Em 1976 eu estava profundamente envolvido com Macrobiótica, filosofias orientais e toda sorte de espiritualismo. Era frequentador assíduo da Associação Macrobiótica de Santos e do restaurante da Dona Rosa, no centro da cidade, além de ser presença constante em todos os cursos esotéricos, filosóficos e coisas afins. Cheguei a fazer um curso na Nova Acrópole em Santos. E começava a desenvolver o gosto pela ideia de uma vida alternativa.

Em meados de 78 aconteceu a minha conversão, da qual você pode ler em www.stories.org.br/angels.html. O que não conto ali é que depois de haver ajoelhado ao lado de minha cama e entregue minha vida a Cristo, chorei bastante e levantei um novo homem. Sabia que ele tinha morrido por mim e que daquele momento em diante era ele o piloto de minha vida. Acho que era uma ou duas da manhã.

O primeiro pensamento que me ocorreu foram meus livros. Eu tinha uma biblioteca espiritualista que era meu tesouro. Mais de duzentos livros de espiritismo, ocultismo, teosofia, alimentação natural, etc. Eram elos da corrente que me acorrentavam à incerteza e à confiança própria. Sem ninguém me dizer (além do Espírito Santo que acabava de vir habitar em mim), eu recebi a plena convicção de que tudo aquilo era contrário ao que Deus ensinava na sua Palavra.

Tudo aquilo girava em torno de confiança no homem. Alguns livros (como os da Seicho-no-iê) diziam que o pecado não existe. Outros que a salvação se dá pelo aperfeiçoamento. Era uma verdadeira salada de ideias, mas todas elas deixando Deus de fora e, principalmente, negando categoricamente a eficácia da morte de Cristo para nos salvar. No máximo consideravam ele um grande profeta ou um ser iluminado. Mas nunca o que ele é de verdade: Deus e Homem.

Então abri minha estante e comecei o doloroso (para os dedos) trabalho de rasgar livros. Mas a cada um que rasgava, minha alma se enchia de júbilo. Aquilo tinha sido a droga que me iludiu por anos, e por mais que alguns considerem um desperdício, fanatismo ou coisa do tipo, é bom lembrar que naquele momento eu não estava sob influência de nenhuma religião (no sentido de doutrina ou credo), entendia muito pouco ou quase nada da Bíblia e não tinha sido ensinado ou pressionado a fazer aquilo por alguma convicção imposta. Era uma certeza íntima, uma convicção que não dependia de influências externas.

Logo estava com bolhas em ambas as mãos e passei a usar uma tesoura. O dia amanheceu e o sol me encontrou ocupado com a limpeza do exterior. O interior Cristo já tinha limpado. Sem saber, pois só fui ler o trecho muito tempo depois, eu estava fazendo algo que tem precedente em Atos 19:19 “Muitos também dos que tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus [livros] e os queimaram na presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinquenta mil moedas de prata.”

Como morava em um apartamento no Guarujá, não podia queimá-los. Enchi cinco sacos grandes de lixo. Para o zelador não pensar que eu tinha ficado louco, colocava um pouco de cada vez no lixo do prédio. Talvez você estranhe meu proceder, mas o que acha que um passarinho faria com sua gaiola se fosse forte o suficiente para livrar-se dela depois de escapar?

Voltei para o catolicismo (o Fernando, que na faculdade me falou do evangelho, não tinha falado de religião, só de Cristo), pois pensava ser ali o lugar onde se praticava cristianismo (nunca tinha frequentado cultos evangélicos). Durante um ano fui católico ajudando o padre na missa e organizando um grupo de jovens para estudar a Bíblia.

Embora tenha passado por uma conversão bastante dramática e tenha mudado totalmente de pensamento nas questões espirituais, no que dizia respeito aos meus costumes quanto a alimentação natural, vida no campo, agricultura orgânica e coisas do tipo, eu continuava pensando o mesmo.

Por isso, naquele mesmo ano de 1978 trabalhei o ano todo em minha tese que era de um assentamento rural alternativo para populações pobres (na época não se falava em sem-terra, só em posseiros) que utilizava energia eólica, solar, metano, etc., tudo desconhecido pela maioria dos brasileiros. O interesse na apresentação da mesma foi enorme na Faculdade, pois fugia de tudo o que se pensava de Arquitetura.

E continuando em meus ideais, em Janeiro de 79, recém-formado e casado, embarquei numa Kombi cheia de equipamento até o teto, rumamos para Goiás, para Alto Paraíso, para morar numa fazenda-comunidade que se propunha a cuidar de crianças órfãs. Naquela época se levava mais de 6 horas para transpor os duzentos e poucos quilômetros de barro que separavam Alto Paraíso do asfalto mais próximo, na estrada Brasília-Formosa.

Alto Paraíso foi o término de um processo de envolvimento com novas tecnologias e novos conceitos de vida.

Como contei na história de minha conversão, passei cerca de três anos envolvido com filosofias orientais e alimentação e vida natural. Aí veio a conversão, que mudou minha cabeça quanto à parte espiritual da coisa. Porém continuei com o mesmo modo de vida e a mesma vontade de mudar o mundo (não conhecia nada da Bíblia). Minha ida a Alto Paraíso fazia parte desse ideal, não de encontrar algo espiritual, já que tinha encontrado vida em Cristo, mas de “fazer algo pelos pobres”. Lá pude conhecer melhor a natureza humana e a noção de valor. Muito do que se acredita ser pobreza é realmente opção (de preferir a mesa de sinuca ao trabalho, por exemplo). Mas a base de tudo está na educação.

Moramos naquela fazenda até entendermos melhor quais tinham sido os reais objetivos das pessoas que fundaram o lugar. A ideia daquela comunidade tinha começado na década de 50 ou 60, penso eu, por meio de um grupo de espíritas que seguiu para lá à custa de uma participante do grupo que financiou o início do projeto. Alguns do grupo viajavam pelo Brasil com um livro de ouro, indo a indústrias obter doações para os pobres e as crianças órfãs e abandonadas que estariam vivendo por lá.

Minha decisão de deixar o lugar foi quando ouvi, de um dos membros do grupo que na época estava com mais de setenta anos e hoje já é falecido, que a ideia inicial não era de uma entidade assistencial, mas de criar uma comunidade que esperasse pelo terceiro milênio naquela região que, segundo uma revelação que tiveram de supostos espíritos, seria o reduto salvador da humanidade, um novo começo e coisas do tipo. A tal da Nova Era. Como faltava um bom tempo para o terceiro milênio (isso foi na década de 50 ou 60), a ideia de uma instituição de amparo à criança veio a calhar, pois seria possível receber doações e também ter algo reconhecido como de utilidade pública.

No dia em que soube dessa história contada por um dos fundadores, fiz as malas (estávamos morando lá há apenas duas semanas). Imediatamente percebi que não há — ou pelo menos não havia, na época — crianças abandonadas na Chapada dos Veadeiros. No interior, um órfão é imediatamente adotado por familiares ou amigos, ainda que seja para aquele tipo de servidão aceito nessa sociedade rural. Mas não existe o mesmo conceito de menor abandonado que vemos nas cidades, com crianças dormindo nas ruas ou debaixo de pontes. Na zona rural, quem dorme debaixo de ponte é cobra jararaca e cascavel, não crianças.

Então nos mudamos para Alto Paraíso “downtown” para lecionar no ginásio ali. Compramos um sítio, construímos nossa casa no braço, criamos cabras, galinhas e alfaces, cozinhamos a lenha, andamos de carroça, enfim, fizemos tudo o que mandava o “figurino” do bom alternativo.

Nessa época eu já tinha me afastado do catolicismo por encontrar muitas diferenças entre o ensino da Bíblia e a doutrina católica. Se você for sincero em sua busca e examinar as Escrituras, não poderá, de sã consciência, permanecer em um sistema que nega tanto a Palavra de Deus. Começamos a nos reunir com mais duas famílias em uma pequena congregação batista onde nem havia pastor.

Depois de um tempo entendemos que Deus não criou nenhuma denominação ou religião cristã, e deixamos a igreja batista para nos reunirmos somente ao nome do Senhor Jesus, juntamente com irmãos que, no mundo todo, fazem o mesmo. A maioria se reúne em pequenos grupos, sem a figura do “pastor” como vemos na cristandade, mas seguindo o que você encontra em 1 Coríntios 14:26-40.

Enquanto morávamos no sítio a 6 km do povoado de Alto Paraíso, tivemos nossa primeira filha, Lia. Lecionava na escola secundária de lá e aproveitava para evangelizar meus alunos. Alguns, vim a saber mais tarde, se converteram. Então construímos uma casa em Alto Paraíso “downtown” e isso coincidiu com uma espécie de movimento chamado “Rumo ao Sol”, de pessoas de todo o Brasil que elegeram Alto Paraíso, e a fazenda-comunidade da qual tínhamos saído, como um lugar estratégico para iniciar uma nova civilização, esperar a Nova Era e coisas do tipo. Eu tinha a impressão de já ter assistido aquele filme antes.

Assim que nos mudamos para nossa casinha “downtown”, levas de jovens envolvidos exatamente com tudo aquilo em que eu estivera envolvido antes, começaram a chegar à cidade. Alguns até me conheciam do tempo de macrobiótica e de quando eu desenhava as ilustrações de uma revista ecológica underground chamada “Arte e Pensamento Ecológico”, antes de me converter, e minha casa acabou se tornando um ponto de encontro, onde muitos, de todo o Brasil, encontraram pousada, uma cama e refeição, antes de seguirem para a fazenda-comunidade, onde pretendiam viver numa nova comunidade que pretendiam criar (independente daquela em que tínhamos ido morar).

Na casa da cidade todos os dias tínhamos hóspedes barbudos e cabeludos, adeptos da vida alternativa e de doutrinas espiritualistas escutando o evangelho. Alguns amigos dos antigos meios ecológicos por onde meu nome circulava antes de minha conversão sabiam que eu estava em Alto Paraiso, mas não que havia me tornado “crente” e, assim, me indicavam como sendo um contato para os que lá se dirigiam para formar uma comunidade agrícola e esperar pela Nova Era, que para mim já estava ficando velha.

Muitos dos que não sabiam que eu tinha me convertido, tinham uma surpresa quando iam me visitar. De qualquer modo, procurei ser um auxílio a todos os que me procuravam, colocando minha casa à disposição deles. Viramos uma espécie de “albergue” dos recém-chegados e não era rara a noite em que tínhamos meia dúzia de “cabeludos” espalhados em colchões pelo chão da casa e a porta era deixada constantemente destrancada, pois ônibus que vinha de Brasília chegava à 1 da madrugada e sempre tinha algum mochileiro desconhecido dormindo na sala quando eu acordava de manhã.

Na hora do café, antes de servir eu explicava que era nosso costume fazer uma leitura da Bíblia, um capítulo do Antigo e um do Novo Testamento, além de cantarmos dois hinos. Só depois era servido o café. Obviamente muitos torciam o nariz, mas ninguém reclamava em vista da pousada gratuita que haviam recebido. Não tive problemas significativos com toda essa gente desconhecida frequentando minha casa. O

pessoal me respeitava e alguns moraram vários dias lá, por conta de uma grave infecção com carrapatos que pegaram na fazenda.

Foram dezenas de jovens que passaram por lá no ano e meio que moramos “downtown”. Antes tínhamos morado menos de um mês na fazenda-comunidade que mencionei, uns dois meses numa casa alugada na cidade e mais de um ano no sítio. No final de 1981 fomos embora de Alto Paraíso definitivamente. Aquele movimento todo de jovens tinha esfriado e foi todo mundo embora e apenas uma meia dúzia deles ficou por lá. Como alguns não tinham para onde ir, emprestei a eles meu sítio e uma Variant velha que tinha e ficaram algum tempo morando lá e vendendo pão integral na cidade. Nesse meio tempo o governador do estado na época, Ary Valadão, tinha eleito Alto Paraíso para ser capital alternativa (ainda não existia o estado do Tocantins), e estavam reformando a cidade inteira. O progresso tinha chegado.

De repente deu um estalo do tipo “o que vou ficar fazendo aqui?”. Aí decidimos voltar e recomeçar em Limeira, com um escritório de arquitetura que durou uns dois anos e depois em São Paulo, no Banco Itaú e Cia do Metrô. Em 98 larguei tudo outra vez para me dedicar ‘full time’ a uma editora sem fins lucrativos, publicando folhetos evangelísticos e livros cristãos. Depois voltei a trabalhar com fins lucrativos, fui diretor de comunicação e marketing de uma empresa, abri minha própria empresa, escrevi livros e chegamos aos dias de hoje, com uma bagagem de muitos quilos de experiência e peso.

O único contato que mantive com pessoas daquele grupo de jovens que frequentavam minha casa em Alto Paraíso foi com os que se converteram. Um deles, Cesário, registrou em uma página pessoal na Internet:

“Deixei a UFSC, passei por São Joaquim, na casa do Viva (o “Lauvirzinho”)… Voltei conheci a antroposofia e o Jardim de Infância “Anabá”… Fui até Alto Paraíso, andei pela Chapada dos Veadeiros, pelos campos imensos do planalto… E em Alto Paraíso conheci o Mario Persona. Foi ele que me falou pela primeira vez que eu tinha uma casa não neste mundo. Mas eu não aceitava… Enquanto isso vivia vendendo poemas e ramalhetes de flores na rua, fazendo instalações elétricas, torrando meu café sombreado… Tardei um ano, até que decidi me tornar um Cidadão dos Céu. E

aceitei ao Senhor Jesus como meu Salvador! Este foi um rápido retrospecto. Hoje vivo com ele em meu coração. Mas hoje é história para a próxima página…”

Um dia ainda vou escrever um livro contando minhas aventuras nessa busca louca por um significado de vida, o que só encontrei em Cristo Jesus, meu Salvador.

*

Você acredita que é possível melhorar este mundo?

Quando falamos de conversão, falamos de algo que vai muito além das circunstâncias, do aqui e agora. Neste sentido é muito interessante olhar o panorama bíblico do alto. Nele você descobre que Deus já testou a humanidade de diversas maneiras até desistir de esperar alguma coisa do homem.

Essas diferentes maneiras de Deus tratar com o homem costumam ser chamadas de dispensações. No Éden o homem foi provado em inocência e caiu (pecado), sendo expulso do Paraíso (juízo).

Tendo adquirido a consciência, se degradou em extremo (pecado), e apenas uma família creu que Deus poderia destruir a Terra com um dilúvio (juízo) e entrou numa arca.

Noé era para dar início a uma nova civilização a partir de sua família, os únicos que creram em Deus então.

Mas Noé se embriagou, ficou nu e mais uma vez foi provado que o homem era falho. Mesmo assim, a Noé foi dado o governo, ou seja, a autoridade a um homem para governar sobre outros homens. Foi aí também que foi colocado medo nos animais para fugirem dos humanos, que passaram a comê-los (antes todos aparentemente eram vegetarianos-Gn 9:2). A pena de morte foi instituída nessa época por Deus. (Gn 9:6).

Tendo falhado na inocência, na consciência, na autoridade (ou governo), Deus provou o homem com uma promessa (a história de Abraão, que não confia e tem um filho da serva) e depois com uma lei (os dez mandamentos, que já estavam sendo transgredidos mesmo antes de Moisés descer da montanha com as tábuas de pedra).

Tendo desistido do homem, Deus mesmo Se fez homem na Pessoa de Cristo e veio até aqui para revelar o único Homem realmente perfeito em todos os aspectos. Ao invés de tentar melhorar o ser humano, Deus iria fazer tudo de novo, novas criaturas ou uma nova criação em Cristo.

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Co 5:17)

A conclusão é que Deus não quer consertar, mas fazer algo novo. Só que é algo de cima para baixo, não de baixo para cima. É uma ação de Deus, não uma ação do homem. A propósito, quando Cristo morreu na cruz, o véu que havia no templo de Jerusalém e impedia a entrada das pessoas ao santo dos santos (o lugar da presença de Deus) foi rasgado de cima para baixo. Deus iria permitir a entrada do homem na sua presença, começando pelo Homem Jesus.

Portanto, não há uma solução possível para o mundo atual, ao menos uma solução de melhorar alguma coisa. Mas há uma solução para o ser humano, e não por algo que ele possa fazer por si mesmo, mas por algo que Deus já fez. O boi deve ir à frente do carro para a coisa funcionar. Veja a ordem das coisas nesta passagem de Efésios 2: 8 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.”

9 “Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”

10 “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.

Primeiro, a salvação, que é pela fé e não depende de qualquer obra, justamente para ninguém se gloriar de que mereceu. É aí que entra o significado da palavra “graça” ou favor imerecido. Algo que Deus faz sem merecimento da parte do homem.

Depois de salvo, depois de transformado numa nova criatura em Cristo Jesus, há obras que Deus preparou para serem feitas. Mas são obras dele, e os cristãos não passam de instrumentos. Quando você vê um quadro bem pintado dá o mérito ao pincel ou ao pintor? Assim é com as boas obras que os cristãos fazem (ou deveriam fazer).

*

O que você acha da ideia de monges e monastérios?

A ideia de monge é estranha à Bíblia. É egoísta e centrada no eu, algo do tipo, o resto que se dane que vou tratar de minha elevação espiritual, ainda que no processo eu ajude os outros.

Só que esse ajudar é, na verdade, egoísta também, pois existe uma segunda intenção. Tem muito de espiritualismo nisso e de espiritismo, onde aliviar o sofrimento alheio tem um propósito real de aliviar meu próprio sofrimento.

O cristão nascido de novo não pertence ao mundo (o sistema de coisas), mas está no mundo e acaba fazendo diferença. Não tenta salvar o mundo, que não tem solução, mas as pessoas do mundo, assim como ninguém se preocupa em salvar o navio do naufrágio, mas as pessoas do navio. Porque chega um momento em que o próprio navio se torna no ambiente de danação das pessoas que estão nele, e o jeito é convidá-las a sair o mais rápido possível.

Outra ideia relacionada a esse isolamento monástico é a de que o cristão deva ser necessariamente pobre e ignorante. Na Bíblia não diz que o dinheiro seja a raiz de todos os males, mas que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Também não diz que é preciso ser ignorante para ser cristão, mas que a sabedoria deste mundo não ajuda em nada neste sentido. Porém, para viver isso não é preciso se esconder numa caverna ou se retirar para um monastério (há um livro, muito bom, por sinal, que ensina sobre liderança, O Monge e o Executivo, que está fazendo sucesso e, uma das razões, é a ideia romântica que as pessoas têm da vida monástica).

O apóstolo Paulo dá uma lição sobre isso, já que ele era um homem culto, que tivera riquezas, mas que mostrava não dar valor a isso e nem precisava se isolar para viver uma vida cristã. Ele vinha de uma linhagem nobre entre os judeus, teve um dos maiores mestres da antiguidade como tutor, vinha de família nobre e tudo mais, mas considerou tudo como esterco em comparação com o conhecimento de Cristo, cujos discípulos ele conhecia.

Desse apogeu de cultura e nobreza, ele foi ao ponto de experimentar extrema pobreza e perseguição, embora tivesse uma profissão boa para a época e trabalhasse nela (era fabricante de tendas). Em uma de suas cartas, aquele que experimentou tanto a riqueza como a pobreza, escreveu:

Filipenses 4:

11 “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.”

12 “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.”

É este o segredo, contentar-se com o que você tem, seja fartura ou necessidade. Buscar a pobreza como símbolo de espiritualidade torna essa pobreza algo mais caro do que a riqueza, o que acaba sendo a mesma coisa. Ao invés do apego à pobreza, acaba existindo um apego à pobreza. Conheci um rapaz que tinha ideias parecidas e quando eu perguntei se Deus quisesse que ele fosse rico, o que ele faria. Ele respondeu que nem se Deus quisesse ele seria. O deus dele era ele mesmo, quem decidia o que ele devia ser.

*

O que é conversão?

Primeiro, é muito importante você entender que conversão é converter-se a Alguém. Tipo meia-volta, volver!

Primeiro vem o sentimento do pecado e ruína:

(Jr

31:19) “Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confuso, e também me envergonhei; porque suportei o opróbrio da minha mocidade.”.

Depois é preciso entender que seu pecado e ruína foram pagos por um substituto na Cruz, que ele é o Cordeiro de Deus, a consumação dos cordeiros inocentes que os judeus imolavam cada vez que pecavam. Converte-se a Cristo ou não se converte a coisa alguma. É preciso se ver perdido para pedir socorro a quem pode salvar. Como fez o carcereiro, ao perguntar a Paulo:

(At

16:30-31) “E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.”

O negócio é 8 ou 80. O que era cego, agora vê. O que estava morto, agora vive. É importante entender que Deus nos considera mortos espiritualmente antes de crermos. Qualquer tentativa de melhoria dessa natureza morta é o mesmo que maquiar cadáveres. Veja isto que foi escrito a pessoas convertidas:

(Ef

2:1-5) “E VOS vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.

Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),”.

Veja que uma das

características do estado de morto era fazer a própria vontade, agir conforme seus próprios pensamentos. Esta preocupação grande com o “fazer” ao invés do “crer”

é natural ao ser humano. Disso provêm as religiões, sempre com longas listas de obrigações a serem cumpridas para talvez merecer um lugar no céu. Deus não pediu para fazer nada. Quer fazer a obra de Deus? Então leia isto: (Jo 6:28-29) “Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.”.

Na conversão você ganha uma nova concepção de valores. Coisas que eram importantes já não são mais. Muita gente pensa na conversão como um processo no qual você é obrigado a abrir mão de uma porção de coisas. É claro que você acaba abrindo mão de uma porção de coisas, mas é por descobrir que nem tudo o que reluz é ouro. Quando você conhece a preciosidade de Cristo, fica mais fácil discernir o que é pirita e o que é ouro.

(Ct

5:9-16) “Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuras? O meu amado é branco e rosado; ele é o primeiro entre dez mil. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como flores perfumadas; os seus lábios são como lírios gotejando mirra com doce aroma. As suas mãos são como anéis de ouro engastados de berilo; o seu ventre como alvo marfim, coberto de safiras. As suas pernas como colunas de mármore colocadas sobre bases de ouro puro; o seu aspecto como o Líbano, excelente como os cedros A sua boca é muitíssimo suave, sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.”.

A conversão não tira o osso que o cachorro está roendo. A conversão dá a ele um filé.

Outro ponto importante é entender que há um Caminho, não dois ou três. Veja isto: (1

Tm 1: 15) “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”

(At

4:12) “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”

Finalmente, há aqueles que quase aceitam a Verdade, que dizem que falta pouco para se converterem.

Cuidado com o quase…

(Atos

26:28-29) “E disse Agripa a Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão! E disse Paulo: Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos hoje me estão ouvindo, se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.”.

*

O evangelho será pregado em todo o mundo antes do fim?

Não na forma como o vemos pregado hoje. A Palavra de Deus nos dá bons indícios do que está reservado imediatamente para o mundo, uma vez que este o rejeitou: (1

Jo 5:19) “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno”.

(Jo

17:14) “Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos”

(Jo

17:9) “Não rogo pelo mundo”

(2

Pe 2:5) “Não perdoou o mundo antigo, mas guardou a Noé…”

(2

Pe 3:7,13) “Os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo… mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”

Deus amou e ama o pecador e quer salvá-lo, mas o homem, de um modo geral, o rejeitou. O que resta para Deus fazer? Ele enviou seus servos (Lc 20), que foram mortos. Enviou então seu Filho e eles o mataram. A resposta dada a Deus foi: “Não queremos que este reine sobre nós”. (Lc 19:14). Mas, a todo aquele que recebe o seu Filho, Deus o torna uma criatura celestial. Não são do mundo como o Senhor não era (vide vers. acima).

Alguns alegam que antes de

Cristo voltar o evangelho será pregado em todo o mundo. O versículo que usam é: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as nações. Então vira o fim” (Mt 24:14).

Esta profecia ainda não se

cumpriu. Acredito que todo o capitulo 24 é profético e está intimamente ligado com o remanescente judeu que estará aqui na terra na tribulação. Você pode ler em conjunto com o capitulo 21 de Lucas, exceto dos vers. 20 ao 24 deste último, que se refere a algo que já ocorreu, a queda de Jerusalém. Em Mateus você nota a relação que existe entre o que esta sendo dito e os judeus: Vers. 15 nos fala do Templo em Jerusalém, vers. 16 fala da Judéia, vers. 20 fala do sábado e a salvação do vers. 22 é salvação da carne, “nenhuma carne se salvaria”, ou seja, são os que não morrerão para entrar com vida no reino milenial de Cristo.

Mas o ponto no versículo 14, que precede o fim, é que o fim não é o arrebatamento, mas o fim do atual estado de coisas antes de se dar entrada no reino milenial de Cristo. O que persevera até o fim é o que se mantém firme no período que precede o reino. São as ovelhas e os pequeninos que encontramos nos evangelhos.

“E

este evangelho DO REINO será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes (nações)” Isto precede o julgamento das “nações”. Leia em 25:32 que as “nações” serão reunidas diante do Rei no inicio do seu reinado.

Um ponto importante é o tipo do evangelho a que Mateus se refere. Não é o evangelho da graça de Deus, como encontramos em Romanos e nas epístolas. É o evangelho do reino, o mesmo que João Batista pregava. Qual a diferença?

João Batista: “Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus” (este é o anuncio do Rei)

Os apóstolos: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (este é o evangelho que pregamos)

Se ler com cuidado todas as palavras de João Batista que encontrar nos evangelhos e compará-las com o que você prega hoje verá uma diferença. O remanescente judeu que se levantará na tribulação pregará o evangelho de João Batista. Eles anunciarão o Rei que está voltando. Não anunciamos o Rei, pois o Senhor não é Rei para a Igreja. Ele é Senhor. Não me lembro de nenhuma ocorrência dos apóstolos chamando o Senhor de Rei após Pentecostes, exceto no sentido de seu reinado universal sobre os homens na terra, judeus e gentios. O lugar da Igreja é celestial, portanto ela reina com Cristo e não sob Cristo. Jesus não é rei da Igreja; para ela, ele é Senhor. Isso fica claro pela segunda passagem que faz referência à sua vinda com a Igreja para reinar, o que ocorre uns 7 anos após o arrebatamento da Igreja.

(1

Tm 1:17) “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.”

(1

Tm 6:14-15) “Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores;”.

Quando o Senhor vier nos

buscar (pode ser hoje!) ficarão muitos aqui que não terão escutado o evangelho.

Se não fosse assim ninguém se salvaria durante a tribulação, e, no entanto, muitos se salvarão. Digo isto porque, quando 1 Tessalonicenses 2 fala do filho da perdição, após ser tirado da terra “o que o detém” que é o Espírito Santo habitando na Igreja (que é o sal e não deixa toda a carne apodrecer de uma vez), nos é dito que Deus enviará a operação do erro. Deus mesmo fará com que todos os que não receberam o amor da verdade creiam na mentira. Quem escutar a Verdade hoje e não crer, crerá na mentira após o arrebatamento. Aqueles que nunca escutaram, ou que não tinham idade para entender, serão os que poderão se converter durante a tribulação.

Espero que os irmãos não

tenham desfeito as malas quando leram que há 8.000 povos que ainda precisariam ouvir o evangelho antes do Senhor voltar. Aconselho que voltem a ficar com o cajado na mão e sandálias nos pés, prontos para a partida a qualquer momento. O

mundo ímpio pergunta com sarcasmo: “Onde está a promessa da sua vinda?” (2 Pe 3:4). Existe um espírito de mornidão na cristandade hoje que diz: “O meu senhor tarde virá” (Mt 24:48). Mas graças a Deus podemos confiar nas palavras do Senhor, que diz: “Certamente cedo venho” (Ap 22:19) Nosso coração se alegra ao responder: “Amém! Ora vem, Senhor Jesus!”.

*

O que acha de filmes sobre temas bíblicos?

Tenho um pé atrás, pois a maioria dos filmes é feita por incrédulos ou têm sua história alterada para deixá-lo mais emocionante, interessante, romântico, violento etc. Filmes épicos de temas bíblicos podem servir para visualizarmos como eram as pessoas, as roupas, os cenários da época, mas não passa muito disso.

Será que um incrédulo tem algum discernimento sobre Deus para escrever um roteiro de filme sobre as Escrituras? “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura, e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14).

O incrédulo pode ler a Bíblia trezentas vezes. Se ele não se converter, não vai entender mais do que um papagaio entenderia do texto sagrado. É pelo Espírito, não pela mente que se entende a Palavra de Deus. Os filmes que tratam de temas Bíblicos geralmente são feitos por incrédulos (mesmo alguns filmes ditos evangélicos) e a maior parte deles está cheio de erros.

Quer exemplos? Em um filme sobre Sansão colocaram um ator todo musculoso. A Bíblia diz que ninguém sabia de onde vinha a força de Sansão, que evidentemente não era nenhum Mister Universo.

Sansão provavelmente era um homem como qualquer outro, não uma montanha de músculos.

Em um desenho animado sobre o filho pródigo, quando ele volta ao lar, ao invés do pai sair correndo ao seu encontro para abraçá-lo, adivinha quem sai correndo ao seu encontro no desenho?

O cachorro!

Finalmente, embora saiba que muitas pessoas tem seu coração tocado em filmes religiosos, é sempre bom entender que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus. Não pelo ver, mas pelo ouvir.

*

Com que autoridade bíblica?

Perguntas que não querem calar.

Com que autoridade bíblica “denominamos”

assembleias de cristãos, chamando-as de “igrejas”? (Sei que você entende que os únicos nomes dados no Novo Testamento eram de cidades ou localidades). As divisões são claramente combatidas no NT.

— Com que autoridade bíblica escolhemos estes nomes (ex. batista, presbiteriano, pentecostal, etc.)? Os cristãos eram chamados simplesmente cristãos (pelos outros) ou irmãos pelo próprio Senhor.

— Com que autoridade bíblica colocamos nomes de homens nestes grupos (Luterana, Menonita, Wesleyana)? 1 Coríntios condena dizer: Sou de Paulo, sou de Cefas, etc.

— Com que autoridade bíblica estabelecemos essas igrejas segundo diferenças nacionais? (ex. Igreja Grega Ortodoxa, Igreja Cristo Pentecostal do Brasil, etc.) — Com que autoridade bíblica chamamos edifícios de “igreja” quando esta palavra (Eclésia) significa simplesmente reunião ou ajuntamento de pessoas?

— Com que autoridade bíblica chamamos esses edifícios de “templos” quando sabemos que Deus só reconheceu o templo de Jerusalém, e hoje o templo somos nós, pessoas, individual e coletivamente?

— Com que autoridade bíblica temos cultos de adoração previamente ensaiados, até mesmo com programas impressos, se encontramos em 1 Coríntios 14 total liberdade do Espírito para escolher a quem ele quer para o que ele determinar?

— Que autoridade bíblica (lembre-se, estamos no Novo Testamento) temos para o louvor ser efetuado por um coral, e não por toda a congregação, e para a introdução de bandas, conjuntos, cantores profissionais fazendo da reunião mais um espetáculo para a plateia?

— Que autoridade bíblica temos para designar vestes especiais para os que cantam, para os que pregam, etc.?

— Que autoridade bíblica temos para as irmãs participarem das orações com a cabeça descoberta?

— Que autoridade bíblica temos para mulheres falarem nas reuniões da igreja?

— Que autoridade bíblica temos para reuniões dirigidas por um só homem?

— Que autoridade bíblica temos para homens ordenarem homens, e se temos, por quem foram os primeiros ordenados?

— Que autoridade bíblica temos para denominar pessoas como “Reverendo”, “Pastor”, “Presbítero” nos mesmos moldes do “Dr.” que usamos hoje, ou seja, transformar dons ou ofícios em títulos honoríficos? (Você sabia que a Bíblia inglesa diz que “Reverendo é Deus”?) — Que autoridade bíblica temos para designar um pastor para uma assembleia local quando o dom de pastor é um dom dado universalmente à Igreja?

— Que autoridade bíblica temos para, como Igreja, observar dias “santos” ou especiais, como páscoa, natal, etc.?

— Que autoridade bíblica temos, na doutrina dada ‘à Igreja, para a prática do dízimo?

— Que autoridade bíblica temos para solicitar contribuições de visitantes e pessoas não salvas?

— Que autoridade bíblica temos para instituir diplomas e certificados de pastores, ou mesmo dar títulos como “Doutor em Divindade” a irmãos que deveriam ser iguais aos outros?

— Que autoridade bíblica temos para considerar a Igreja como uma instituição que ensina. Costumamos ouvir “Nossa Igreja ensina isto ou aquilo”?

Espero que entenda que esta longa lista não é nenhuma crítica dirigida a algum cristão ou grupo de cristãos, mas um exercício para que você pondere se as coisas que aceitou sem questionar têm realmente autoridade bíblica. Talvez você ou as pessoas com as quais se reúne não se enquadrem em nenhuma destas características, mas acaso não é isto o que encontramos na Cristandade como um todo? E será que, com tudo isto, podemos nos gabar de estarmos fazendo as coisas com a autoridade da Palavra de Deus? Será que estamos reconhecendo o Senhorio de Cristo nestas coisas, buscando na sua Palavra os detalhes para cada proceder?

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A oração do Pai Nosso

A oração do Pai Nosso é uma oração tipicamente judaica e foi ensinada pelo Senhor aos seus discípulos em um período de transição entre o período da Lei e a Igreja, que seria criada em Pentecostes. Veja as características do Antigo Testamento que aparecem na oração, claramente contrárias àquilo que vemos nas epístolas pós-cruz, quando o evangelho da graça passou a ser pregado.

Na oração do Pai Nosso, o que ora deve pedir perdão a Deus e o perdão é condicional. “Perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores… Porque SE perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. SE

PORÉM não perdoardes…” (Mt 6:12s.).

Resumindo:

  1. Você tem que pedir perdão a Deus.
  2. Deus perdoa SE você antes perdoar seu próximo.

Agora veja o imenso contraste que acontece após a morte e ressurreição de Cristo, após a Cruz.

“Antes

sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como TAMBÉM DEUS VOS PERDOOU em Cristo.” (Ef 4:32).

“…perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; ASSIM COMO CRISTO VOS

PERDOOU, assim fazei vós também.” (Cl 3:13).

Aqui vem PRIMEIRO o perdão recebido e o perdão do crente passa a ser apenas uma consequência disso, não uma condição. Inverteu-se a ordem. Por quê? Porque está falando de pessoas JÁ SALVAS por Cristo e com a bendita certeza disto. Já contam com o perdão completo de Deus e agora não precisam mais pedir perdão a Deus, mas apenas confessar seus pecados, como ensina 1 João. O perdão que receberam é garantido, pleno e abrangente.

Experimente fazer uma busca

em sua Bíblia no computador e não encontrará nenhum convertido pedindo perdão apos os evangelhos, ou qualquer menção de que um convertido deva fazê-lo. O

pedido de perdão aparecerá sempre associado a incrédulos ou inconversos. O

convertido deve, isto sim, confessar seus pecados. Não precisamos pedir aquilo que já recebemos completo, o perdão, quando cremos no sacrifício substitutivo de Cristo na cruz.

O mesmo se aplica às obras.

Na Lei o judeu tinha que fazer algo PARA receber algo (o mesmo sentido do “SE perdoares” da oração do Pai Nosso). O convertido a Cristo irá fazer algo, não para receber algo em troca, mas porque já recebeu tudo. O “fazer”

do convertido a Cristo nesta nova dispensação tem o sentido de uma consequência da salvação já recebida por graça. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andemos nelas.” (Ef 2:8).

Percebe a ordem das coisas?

Primeiro a salvação recebida por graça independente de obras. Depois as “boas obras” preparadas por Deus para seus filhos andarem nelas. Se entender isto entenderá que todas as ordenanças da Lei, do tipo causa-efeito, obra-recompensa, obediência-benção não se aplicam mais senão como princípio moral. Na prática a relação causa-efeito agora passou a ser fé-salvação, graça-perdão, etc., partindo tudo de Deus e revertendo em glória para ele, não para o homem.

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Quem são a Besta e o Anticristo?

A BESTA

A Besta é o “chifre pequeno” de Daniel 7:8,20,24,25.

É um homem (Ap 13:1-8, 17:10-18, 19:20), tipificado pelo “Rei de Babilônia” (Is 14:4). Esse homem será também um gentio, pois a Besta vem do mar (Ap 13:1, 17:15 — a inquieta situação dos povos gentios), e de entre os dez chifres que são as nações gentias da Europa Ocidental (Dn 7:8, 20, 24,25). Satanás investirá esse homem, “o chifre pequeno”, de extremo poder. Ele estará plenamente apto a ser um elo com Satanás. (Ap 13:4).

Esse “chifre pequeno”, com a ajuda do poder satânico, dominará rapidamente o Império Romano revivido e se tornará, como um ditador, a cabeça do Império. Parece que ele irá ganhar o controle do império por meio de intimidação. Após derrubar três dos dez chifres (as dez nações), os outros se submeterão dando a ele o seu poder. (Dn 7:8,20, 24,25 e Ap 17:13,17).

Imediatamente após isso, a Besta (o nome se confunde com a Confederação das dez nações), tendo o chifre pequeno por cabeça, irá destituir e destruir a meretriz (a falsa igreja), o sistema religioso que esteve controlando o Império durante os primeiros três anos e meio. É disso que nos fala o Apocalipse quando anuncia que a “Babilônia é caída”. A Babilônia política destrói a liderança religiosa do Império. (Ap 14:8, 17:16, 18:2).

Havendo derrubado o sistema religioso, o Império assumirá uma nova e diferente forma, passando a ser satanicamente controlado pelo “chifre pequeno”. A Besta irá continuar nessa forma por quarenta e dois meses (ou os últimos três anos e meio Ap 13:2-8).

Antes disso a Besta (a Confederação das dez nações) foi vista subindo do mar (Ap 13:1), mas agora é vista como subindo do abismo (Ap 17:8), o que implica um controle satânico. Todo o mundo se maravilhará diante da Besta (a Confederação Ocidental das dez nações) em sua nova forma. (Ap 13:3, 17:8).

O

ANTICRISTO

Por volta dessa época, um outro homem se levantará na terra de Israel, o qual será movido pela energia de Satanás (2 Ts 2:9). Ele será um israelita, talvez da tribo de Dã (Dn 11:37, Gn 49:16,17, omitida também em Ap 7). Ele irá agir em conjunto com a primeira Besta, o “chifre pequeno”, e será como o seu Primeiro Ministro. Ele é o “Anticristo” (1 Jo 2:18), também conhecido como o “Rei” (Dn 11:36, Is 8:21, 30:33, 57:9), “o Homem do Pecado” (2 Ts 2:3), “o Filho da Perdição” (2

Ts 2:3), “o Iníquo” (2 Ts 2:8) (ou “Ilícito” cf. trad. literal), a “Estrela Caída” (Ap 9:1), “a Segunda Besta” (Ap 13:11-18), “o Falso Profeta” (Ap 16:13, 19:20, 20:10), “o Pastor Inútil” (Zc 11:15-17, Sl 14:1, Sl 53:1), “o Homem Sanguinário e Fraudulento” (Sl 5:6, etc.), “o Príncipe Profano e Ímpio de Israel” (Ez 21:25), e “o Príncipe de Tiro” (Ez 28:2). O Salmo 10 dá a descrição do caráter moral desse homem de pecado.

O Anticristo é também tipificado pelas seguintes pessoas: Abimeleque (Jz 9); Saul (1 Sm 8-31); Absalão (2 Sm 15-19); Acabe (1 Rs 16-18); Acaz (2 Rs 16); Sebna (Is 22); Zedequias (Jr 39 e 52); o Mercenário (Jo 10:10-13); Hamã (Et 3-7); Herodes (Mt 2). Esse homem de pecado (o Anticristo) se apresentará aos judeus como seu Messias, e eles o receberão e farão dele o seu rei. Ele reinará sobre a terra de Israel. (Jo 5:43, Dn 11:36-39, 2 Sm 15:2-6,11).

O Anticristo estabelecerá o seu trono de governo em Jerusalém, e irá promover seus corruptos lacaios e admiradores para que ocupem posições de governo sobre a terra de Israel.

Jerusalém será totalmente entregue a toda a sorte de iniquidade. (Is 1:21-23, Dn 11:39, Is 28:14, 1 Sm 22:7,8). A descrição moral dos judeus apóstatas que seguirão o Anticristo pode ser vista nas seguintes passagens: Sl 14; 35-36; 73:3-12; Is 58,59.

BESTA & ANTICRISTO

A Besta, com a ajuda do Anticristo, irá romper a aliança com os judeus. Eles abolirão toda atividade religiosa em seus domínios (a parte ocidental da terra, inclusive Israel), fazendo cessar a falsa adoração de Israel e da corrupta cristandade. O objetivo é abrir caminho para a adoração da Besta e da sua imagem. (Dn 9:27; Ap 17:16; Sl 55:20).

Uma imagem idólatra da Besta será colocada, pelo Anticristo, no templo em Jerusalém. Trata-se da “abominação da desolação”. Ele proclamará um edito por todo o Império para que a imagem seja adorada. A idolatria será imposta aos judeus em Israel. Essa adoração idólatra será também imposta aos adoradores terrenos da cristandade apóstata, que ouviram e recusaram o evangelho da graça de Deus durante a era cristã. (Dn 3:1-7; 9:27; 12:11; Mt 24:15; Ap 13:12-15; 2 Rs 16:10-18).

A Besta e o Anticristo tomarão então o total controle da terra de Israel. Irão mantê-la cativa, como pertencente ao seu Império, pelos últimos três anos e meio. Tudo na terra de Israel ficará sujeito a eles. (Ap 11:2; Lc 21:24; Êx 3-12). (Extraído de Outline of Prophetic Events, de Bruce Anstey).

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Devemos estudar as coisas do Demônio para saber evitá-las ou combatê-las?

Você pergunta se devemos conhecer bem as religiões falsas, doutrinas demoníacas ou mesmo as coisas que Satanás introduz sutilmente em filmes, livros, arte, etc. Coincidência ou não, lembrei-me hoje de um livro que vi há muitos anos em uma livraria cristã. Seu autor escreveu um livro inteiro só para explicar os aspectos demoníacos que eram encontrados no desenho “He-Man”. O desenho foi significativo para uma determinada geração, mas depois não foi mais visto. Li em algum lugar que seus criadores acabaram desempregados depois que a audiência caiu.

O objetivo do livro que aquele autor cristão escreveu não faz sentido hoje. Ele só durou enquanto o desenho durou, o que significa que o trabalho do autor em pesquisar e escrever o livro não sobreviveu tampouco. Por outro lado, temos milhares de livros cristãos escritos há mais de um século que continuam bons para a leitura porque seus autores se ocuparam com algo que iria durar: Cristo.

Não vejo muito proveito em ficar pesquisando e aprendendo as técnicas do Diabo ou os ritos pagãos, seus símbolos, cerimônias, costumes etc. Antes de minha conversão estive envolvido com tudo isso e você poderá ler o que aconteceu em www.stories.org.br/angels.html.

Digo isto porque os resultados de um esforço assim não apenas não edificam, como também acabam nos entretendo no sentido errado. Ficamos ocupados com o mal, como essas ditas igrejas na TV que ficam entrevistando pessoas possessas de demônios. Já pensou você sair de casa ou investir seu tempo, só para ir ouvir o que um demônio tem a dizer?

Outra razão é que se formos fundo em nossa pesquisa do paganismo ou das religiões pagãs e demoníacas, encontraremos muitas práticas que encontramos no Antigo Testamento, como sacrifício de bodes, derramamento de sangue, construção de altares, ordenação de sacerdotes e assim por diante, muitas delas já existentes antes que Deus mandasse os israelitas fazerem aquilo. Deviam eles na época deixar de adotar aquelas coisas porque os pagãos já as utilizavam? Você encontra até mesmo crenças parecidas com as cristãs em religiões que existiam antes de Cristo. O

que fazer?

Você já ouviu falar desses casos de manchas em vidros, paredes e pisos que são interpretadas como a imagem de Maria ou de Jesus e se tornam objetos de culto e adoração. Não faz muito tempo alguém viu uma mancha no vidro de sua janela e achou que era Maria. Então milhares de católicos passaram a frequentar sua casa para adorar… uma janela!

A busca pelo mal neste mundo pode se transformar em algo semelhante, só que no sentido oposto. Então passamos a enxergar o Diabo em cada esquina — em cada mancha, cada sinal, cada desenho animado, livro, filme e assim por diante.

É claro que devemos nos livrar de tudo aquilo que tenha alguma conexão com Satanás e seus ardis. Mas o que fazer se fôssemos cristãos nos Estados Unidos? Andaríamos com um sinal bem claro do Diabo em nossos bolsos e nem pensaríamos em nos livrar dele.

Estou falando da nota de um dólar. No verso há uma pirâmide com um olho, algarismos romanos com a data de início do Illuminati (filosofia dualista associada com o Satanismo criada no século 18) e as palavras “Nova Ordem Mundial” em latim. Não deixaremos de utilizar dólares só por isso, não é mesmo?

Considerando que tudo o que há no mundo (sua cultura, tecnologia, agricultura, artes, escolas, etc.) não veio de Deus, mas do homem ou do diabo, seguimos nossa vida usando aquilo que podemos ou precisamos, como este computador que foi criado por descendentes dos primeiros tecnólogos, os descendentes de Caim. Procuramos evitar o que pudermos, mas cientes de que muito em breve tudo será deixado para trás.

Gosto de pensar na história do piloto de um barco que navegava por um rio perigoso, de águas revoltas e cheio de rochas pontiagudas escondidas. Alguém lhe perguntou se ele precisava conhecer todas as rochas e armadilhas para navegar ali. Ele respondeu que não.

Bastava conhecer por onde passava o canal, o caminho.

Vamos ganhar muito mais se nos ocuparmos mais com o CAMINHO, ou com aquele que é o Caminho, do que com as armadilhas.

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Quando Jesus morreu na cruz, Deus morreu?

Em nenhum lugar das Escrituras encontro esta ideia. Cristo morreu na cruz como Homem (embora sendo Deus), mas ele entregou sua vida de Homem. Deus manteve-se inalterado, e até o abandonou na cruz. Daí as trevas e o “Deus Meu por que Me desamparaste?” Creio que ele não tenha ficado totalmente sozinho na cruz, pois o Pai estava com ele.

Que Deus o abandonou, temos isto escrito. Que o Pai ficou com ele, vemos em tipo Abraão indo até o monte do sacrifício junto com o filho que carregava o lenho. Mas em nenhuma instância vemos que Deus tenha algum dia morrido.

A ideia de alguns de que o Senhor Jesus tenha sido morto pela lança do soldado (por hemorragia) ou por asfixia por ficar ali pendurado, também não tem fundamento bíblico. Há um texto circulando pela Internet, escrito por um médico, que descreve a morte de Cristo do ponto de vista médico, mas também não tem fundamento na Bíblia.

O Senhor estava morto quando seu lado foi furado pela lança. “Mas vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas (para morrer por asfixia). Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (Jo 19:33-34). O sangue que limpa nossos pecados é o sangue de um morto e não de um vivo. Era com sangue de um animal morto que o sacerdote entrava no santuário.

Não foi o sangue da coroa de espinhos, nem das mãos ou dos pés, mas o sangue do lado, do Cordeiro morto, que nos salvou. Ninguém matou o Senhor. Ele entregou a vida, um poder que não temos em nós, mas que ele recebeu do Pai. Ninguém podia tirar a vida dele. Ele não estava sujeito à morte. Este é o mistério: Ele entregou sua vida e morreu.

Nenhum ser humano tem esse poder de simplesmente entregar sua vida.

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Devemos rezar a Ave Maria?

A oração que mencionou começa com “Ave Maria, cheia de graça…”. Creio que é importante se conhecer a definição da palavra “graça”. Do modo como você escreve, parece ser uma virtude de alguém, mas não é assim que a Bíblia ensina. Qualquer dicionário mostrará que graça é um favor recebido, e não algo que alguém possua em si mesmo.

Na Bíblia sempre encontramos graça no sentido de favor imerecido, ou seja, algo que alguém recebe sem merecer. Deus concedeu a Maria a imensa graça de ter o Salvador gerado em seu ventre. A quem louvamos por isso? A Maria? Não, muito embora ela contasse com muitas virtudes, mas a Deus que a escolheu e fez dela um vaso propício aos seus desígnios eternos.

Não posso concordar com você quando diz que a maior evangelizadora é Maria e que um pedido que fizermos a ela não poderá ser negado. Já fui católico e entendo que você esteja se referindo ao presente, certo? Talvez alguém pudesse pedir algo a Maria enquanto vivia aqui na terra, e ela fosse ao Senhor transmitir o pedido, como fizeram no casamento de Caná e ele atenderia.

Mas hoje seria biblicamente errado nos dirigirmos a Maria, tanto quanto é errado nos dirigirmos a qualquer outra pessoa que tenha morrido para pedir algo. Isso soa a espiritismo. “Entre ti não se achará… quem consulte os mortos” (Dt 18:10-11). Sei do apreço que você tem para com Maria, mas não poderá dirigir a ela orações sem estar com isto transgredindo a Palavra de Deus.

Maria morreu e aguarda a ressurreição, estando seu espírito com Deus e seu corpo como os que “dormem” de que nos fala Paulo em suas epístolas. Portanto, qualquer invocação de Maria ou “Nossa Senhora” de quem quer que seja, no sentido de se fazer uma oração ou pedido, é contrária à Palavra de Deus.

Aliás, você não encontrará em lugar nenhum do Novo Testamento uma oração sequer endereçada a Maria, ou aos apóstolos, a anjos ou mesmo ao Espírito Santo. Nenhuma. Somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus, o Filho de Deus (e ao mesmo tempo Deus Homem ressuscitado).

Confira e verá.

Nosso único guia seguro é a Bíblia. Você também não encontrará nenhuma adoração dispensada a Maria, apóstolos, anjos ou mesmo ao Espírito Santo (embora este último seja Deus, porém aqui agora no papel de Servo para levar as pessoas a Cristo). Às vezes das quais me recordo são quando Cornélio tenta adorar a Pedro, em Atos, e recebe uma reprimenda do apóstolo que diz: Eu também sou homem. Outra está no último capítulo de Apocalipse quando João tenta adorar o anjo e é barrado: Sou conservo seu, diz ele.

Você diz que crê que deve fazer orações a Maria por ser uma conclusão lógica, não por estar na Bíblia.

Não podemos usar a lógica nas coisas de Deus. A lógica nos leva a tirarmos nossas próprias conclusões e adicionarmos coisas ao que Deus falou. Eva fez isto e fez um grande estrago. Confira o que Deus disse (Gn 2:16-17) com o que ela diz à serpente em Gênesis 3:3. Ela acrescentou “nem nele tocareis”, que Deus não havia falado. Quando saímos do fundamento estabelecido por Deus, acabamos invadindo o terreno do erro e ficamos suscetíveis a este. Faremos bem se nos atermos ao fundamento colocado por Deus mediante seus servos, os profetas e apóstolos (veja Atos 2:42; Ef 2:20,21).

Quando você se refere à Maria como evangelizadora por causa das bodas de Caná, dizendo que Maria ali “convidou”

as pessoas a irem a Jesus para fazerem o que ele mandasse, isso é muito diferente do que acaba concluindo: de que hoje ela continua convidando pessoas, ou evangelizando como disse. Você realmente acredita que as ditas “aparições de Nossa Senhora” sejam uma forma dela evangelizar, conduzir pessoas a Jesus?

Esta última ideia para mim cheira a espiritismo. Paulo nos alerta contra mensagens vindas do além (Gl 1:8) e faremos bem se julgarmos tudo o que vemos e ouvimos segundo nossa bússola segura, a Palavra de Deus. A Palavra de Deus nos alerta também que o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz e seus ministros em ministros de justiça para enganar (1 Co 11:14,15).

Você alega que as simples aparições já servem para evangelizar, e cita São Francisco de Assis: “É preciso evangelizar sempre! Se for preciso, use algumas palavras!” Eu o convido a ponderar neste versículo em Romanos 10:17 (leia o contexto): “De sorte que a fé é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”. Deus disse que a evangelização é feita usando palavras para levar as pessoas à fé.

Sua ideia de que Maria seja nossa mãe também não convence. Creio que não podemos ir além do que está escrito, e em nenhum lugar encontro Maria como mãe de alguém além do Senhor Jesus e de seus irmãos. Aos pés da cruz, João não representava a humanidade, e Maria, a mãe da qual ele devia cuidar a partir de então como você alegou. Pelo contrário, a humanidade estava bem representada por todos os seus segmentos: O

governo secular (Lc 23:24,25), o poder militar (Lc 23:36), o clero religioso (Lc 23:10), o povo (Lc 23:18 — aliás, esta foi uma votação democrática: o povo escolheu!) e até o submundo do crime (Lc 23:39).

Em nenhum lugar das Escrituras você encontrará a humanidade mais bem representada do que na crucificação. O ódio natural do homem contra o seu Criador mostrava ali como é generalizado em seu caráter. Além disso, sua ideia até faria algum sentido se Jesus tivesse pedido a Maria que cuidasse de João, mas foi o contrário. Maria iria precisar de cuidados dali em diante por ser uma mulher fragilizada pela morte de seu Filho. João iria cuidar de Maria, não Maria de João.

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O cristão deve impor sua cultura e costumes?

O cristão não deve impor sua cultura e costumes neste mundo por uma razão muito simples: somos estrangeiros.

Um brasileiro que se mudar para o Japão não vai querer influenciar o governo Japonês para adotar o cristianismo como religião oficial ou querer estabelecer o domingo como um dia de descanso e adoração, ou fazer os japoneses pararem de tocar sua música para fazer batucada. O brasileiro não vai fazer isso porque lá ele é estrangeiro. Não faz sentido interferir.

Acredito que se fôssemos João Batista ou se vivêssemos em sua época, deveríamos tentar mudar as coisas neste mundo e cultura, pois foi o que ele fazia com sua pregação. Ele interferia até na vida privada do rei. Ele tinha um ministério que não é o nosso, quer dizer, ele anunciava o reino a ser estabelecido neste mundo. Quando o Rei foi rejeitado e condenado à morte, o reino ficou postergado para a volta do Rei em glória. Não faz sentido, portanto, arrumar um mundo maduro para o juízo. Seria como reformar e pintar aqueles navios que a marinha usa de alvo em exercícios militares.

Por outro lado, vemos o Senhor e seus discípulos agindo de modo bem diferente, andando como estrangeiros que somos. Se tiveram qualquer influência, foi por suas vidas, pela fragrância e não pelo discurso; pela luz e não pelo fogo; e pelo sal e não pelo vinagre.

Achar que a cultura cristã pode arrumar as coisas em um mundo de incrédulos é tentar estabelecer o reino, como aqueles que professam a Teologia do Domínio tentam fazê-lo (há um livro sobre isso, “The Road to Holocaust”). Não há evidência na Palavra de Deus de que o cristão deva cristianizar o mundo. Ele deve pregar o evangelho para “tirar”

pessoas do mundo e transformá-las em estrangeiras rumando para o céu. O Império Britânico tentou cristianizar o mundo e vimos os resultados. Não é muito diferente da doutrina Bush de hoje. Seus métodos são os mesmos da ideia islâmica de conquista pela espada.

Do ponto de vista humano, o mundo pode viver muito bem sem os cristãos ou sem princípios cristãos, pois foi o que fez por séculos. Toda tribo ou povo tem seu próprio código de bem e mal, do tipo faça isto e não faça aquilo. Até nossa legislação é baseada no direito romano e não no cristianismo. E os romanos copiaram muita coisa dos gregos, que copiaram dos egípcios, que copiaram dos babilônicos e assim por diante. Muito das leis que temos pode ser encontrada no código de Hamurabi que viveu 1.800

anos antes de Cristo.

Portanto não temos que nos preocupar com o bem-estar deste mundo, pois até os povos pagãos tem suas maneiras de proteger a propriedade, respeitar uns aos outros e muitas outras coisas que são comuns a muitas culturas não cristãs ou cristãs.

O problema é que quando falamos em interferir como cristãos neste mundo, lemos Gálatas 5:22 como se estivesse impresso em negativo:

“O fruto do Espírito é…

NÃO-adultério, NÃO-prostituição, NÃO-impureza, NÃO-lascívia, NÃO-Idolatria, NÃO-feitiçaria, NÃO-inimizades, NÃO-porfias, NÃO-emulações, NÃO-iras, NÃO-pelejas, NÃO-dissensões, NÃO-heresias, NÃO-Invejas, NÃO-homicídios, NÃO-bebedices, NÃO-glutonarias”

É claro que você não irá encontrar um incrédulo que esteja louco para entrar nessa vida de “NÃO”.

Todavia, se lermos da maneira certa, e mostrar dessa forma ao mundo, aí ser cristão pode fazer sentido até para um incrédulo, pois irá parece algo que ele busca como se fosse um vislumbre do “Horizonte Perdido” de James Hilton.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.”

Coisas assim são até ensinadas pelos Recursos Humanos das empresas de hoje, pois todo mundo quer viver e trabalhar com pessoas assim. Mesmo que elas não queiram mostrar bondade, mansidão ou temperança vão querer viver com quem seja assim.

Quanto ao cristão ler ou usar coisas da cultura deste mundo, seria bom dar uma olhada neste versículo de Atos 17:23-28 que mostra como Paulo conhecia a cultura e a usava. Ele usa a cultura grega como ponto de partida de seu discurso e podia até se lembrar das palavras dos poetas gregos:

“Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO… Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração”.

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É possível ter fé sem pertencer a uma religião?

É difícil explicar para você minha fé, já que você está sob uma carga muito grande de uma concepção de fé associada a uma religião. A fé da qual lhe falo é aquela que existe independente de existirem cristãos no mundo (ou igrejas, ou congregações, ou denominações…). É a fé em Cristo, não em cristãos. Por isso achei apropriada a história de José e Maria, que seguiam os irmãos pensando que com isso estavam onde Cristo estaria. (Lc 2)

Não tentaria explicar isso para uma pessoa que seguisse uma religião cristã numa fé genuína, mas sem muito entendimento, porque isso poderia abalar sua fé, mas você é uma pessoa esclarecida. Não deixe o cérebro do lado de fora quando vai se congregar. Deus nos dá discernimento para compreender a sua Palavra através do seu Espírito Santo, e não devemos aceitar cegamente o que alguém diz ser a Palavra de Deus, só porque a pessoa fala com voz solene e diz estar falando em nome do Senhor.

(Dt

18:20) — “Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.”.

A única referência que temos hoje para saber se alguém está falando algo de acordo com a Palavra de Deus é a própria, e não a presunção do que se diz profeta em afirmar que o faz com tal autoridade. Como eu já disse, os varões de Bereia foram chamados de mais nobres porque compararam o que ouviram com as Escrituras. Isso você deveria fazer. Não confie em seus sentimentos, porque os sentimentos são uma manifestação das emoções que podem ter sua origem na carne. Ficamos profundamente tocados por um filme, mas isso não tem nada de real.

(1

Pe 4:11) — “Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus… para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre.”.

O fundamento de sua fé deve ser Cristo, não os cristãos ou uma organização cristã. Na Palavra de Deus não existe algo como uma igreja que ensina. Isso é um erro importado do romanismo, já que contraria até mesmo a ordem estabelecida por Deus de que as mulheres não deviam ensinar doutrina. E a igreja é, em tipo, uma mulher, a noiva. É o Espírito Santo que ensina, fazendo com que compreendamos sua Palavra. Há aqueles que ministram a Palavra, que “profetizam”, mas não no sentido usado por muitas denominações, algo como alguém que está sendo canal direto da voz de Deus. Os apóstolos e profetas foram dados para estabelecer o fundamento do qual Cristo é a Pedra principal, mas hoje não há mais apóstolos e profetas no sentido dos doze ou de Paulo. Quem profetiza hoje é quem fala do que está na Bíblia, não quem recebe alguma revelação “inédita”.

(Ef

3:4-5) — “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;”, (Ef 2:19-22) — “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.”.

A Igreja (não uma

denominação, mas o Corpo formado por todos os lavados pelo sangue do Cordeiro, todos os que verdadeiramente creem em Cristo) está sendo edificada com as pedras que são os salvos sobre um alicerce que foi construído há dois mil anos e é formado pelos apóstolos e profetas do Novo Testamento e pelo próprio Cristo. Ninguém coloca pedras do alicerce nas paredes. Se alguém hoje se declara ter a autoridade dos apóstolos e profetas do alicerce, vai ter que explicar isso direitinho para o Senhor quando chegar a hora. É um usurpador de uma autoridade que Deus não deu a ninguém. Profetizar hoje não é no sentido de trazer uma revelação inédita, mas apenas de “proferir” o que os apóstolos e profetas já disseram no N.T.

Preocupei-me quando você disse que segue uma religião. Há uma diferença enorme entre seguir uma religião e seus preceitos e seguir a Cristo. Na primeira, você tem um compromisso com algo que os homens criaram, ainda que tenham criado dizendo-se dirigidos por Deus, que ouviram uma voz, que tiveram uma revelação, etc. A maioria das religiões e denominações que estão por aí começaram assim e você nunca estará segura se seguir esse tipo de “revelação” sem conferir tim-tim por tim-tim na Palavra de Deus.

Uma vez um judeu me disse que se Cristo fosse realmente o Messias, os mestres de sua religião teriam ensinado assim. Mas como os tais mestres não ensinavam assim, ele continuava no judaísmo. Como se a única responsabilidade recaísse sobre os tais mestres (esses tem responsabilidade maior), mas a responsabilidade por crer é individual. É a alma individual que está em jogo.

É complicado explicar a você em quê eu creio, porque você está bastante condicionada a associar fé com um lugar, um templo, uma congregação. Eu continuaria crendo igual mesmo que fosse o único cristão na face da terra, porque o fato de me reunir com outros cristãos é só isso, uma reunião de comunhão e adoração, não uma associação que crie ou mantenha um dogma para ser crido por todos sob seu teto.

Tanto é que na maioria dos lugares onde irmãos assim se reúnem, o fazem na casa de alguém, numa escola ou (como acontece numa localidade no Egito, onde reuniões cristãs são proibidas) num barco no meio do Nilo. Não existe uma organização, apenas pessoas que se reúnem num lugar, portanto não enxergue isso como uma religião que eu siga ou uma igreja da qual eu seja membro.

Para mostrar a você que a salvação nada tem a ver com alguma religião da qual a pessoa se faça membro, gostaria de lembrar que Deus é o Criador de todas as coisas, e sem ele seria impossível nós existirmos. Dependemos dele continuamente. E o mais maravilhoso de tudo é que Deus, sendo nosso Criador, desejou ter comunhão com as suas criaturas. Você pode imaginar o que é termos comunhão com aquele que criou todo este universo, com suas incontáveis estrelas? Maravilhoso, não é mesmo?

E Deus não apenas quis se revelar ao homem, mostrando o seu poder na imensidão das coisas criadas, como também nos legou a sua Palavra, a Bíblia, escrita por cerca de 40 homens inspirados por Deus, ao longo de aproximadamente 1.600 anos; homens estes que viveram em três continentes diferentes, vieram de origens desde a mais simples até a mais elevada, e nos legaram este livro escrevendo partes em Aramaico, outras em Hebraico e outras (a maior parte do Novo Testamento) em Grego. E

neste mosaico de línguas, costumes, eras e origens destes escritores, encontramos uma harmonia e continuidade que só fazem demonstrar que um grande Maestro esteve por trás dessa singular orquestra.

Mas Deus não parou aí. Não se contentando em nos revelar a sua Palavra, ele mesmo se fez Homem e desceu a este mundo, vindo para os que eram seus. Jesus Cristo, Deus feito homem; o ÚNICO homem perfeito, o ÚNICO sem pecado. Mas, aquele que devia ser recebido com honras e total sujeição por parte de todos, foi o mais humilhado e desprezado dos homens, chegando a ser entregue, inocente que era, para morrer como um vil criminoso numa cruz (que era a pena de morte para ladrões e criminosos).

Porém, por trás de tudo havia o propósito de Deus, que havia criado o homem para com ele ter comunhão, mas que viu sua criatura desejar seguir seus próprios caminhos e seus próprios pensamentos. O homem caiu em pecado, que é em suma o desejo de viver independente de Deus, tendo tudo dirigido por suas próprias ideias e pensamentos. Rebeldia, enfim. Deus nos revela que ao longo dos séculos tentou de todas as maneiras trazer o homem para junto de si, sempre em vão pois seus profetas eram mortos e aqueles que o seguiam eram desprezados. Até que o Filho de Deus se fez carne, na Pessoa de Jesus Cristo, em quem o desprezo humano chegou ao seu ápice.

Aquilo que poderia parecer a ruína completa, Deus transformou em vitória, pois na cruz Jesus Cristo tomou sobre si o pecado de todos os que nele creem, morrendo ali como um réu condenado no lugar do pecador. Foi assim satisfeita a justiça. O pecado, que era uma afronta contra Deus, foi julgado na Pessoa de um substituto do pecador.

E de ora em diante, todo aquele que crê em Jesus Cristo e o aceita como Salvador, é perdoado de todos os pecados e tem sua entrada assegurada no Céu.

Como pode ver, até aqui não falei de nenhuma religião, e nem falarei, pois não pertenço a nenhuma. Pertenço a Cristo e isto é o que importa. Não basta ir a alguma igreja, ou mesmo ter tido um nascimento em um lar cristão para entrarmos no reino de Deus. O Senhor Jesus afirmou, dirigindo-se a Nicodemos que era um homem extremamente religioso e zeloso de agradar a Deus, “não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos e nascer de novo. Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3,7). Trata-se, evidentemente de um nascimento espiritual. Nicodemos queria saber como receber esse novo nascimento, ao que o Senhor respondeu: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).

Há pessoas que acreditam que apenas uma religião leva a Deus, porque o que acreditam na verdade não é no poder do sangue derramado na cruz, mas na capacidade do homem em obedecer a uma lista de leis e regras (diferem entre as religiões). O raciocínio é simples. Se a religião tal tem a lista de regras mais correta, obviamente essa é a religião de Deus e só será salvo quem estiver ali, já que entre as regras listadas está a regra de estar ali. Parece familiar a você?

Fazer isso é um terrível pecado, é usurpar a Deus o direito de salvar com base na suficiência completa do sacrifício de seu Filho na cruz. É dizer que Cristo não seria suficiente para salvar se não existisse a religião tal. É também dar ao ser humano uma participação no crédito de sua própria salvação. Se for eu quem seguiu direitinho as regras, então palmas para mim e algumas para Cristo. É negar que nossa natureza seja tão vil que ainda poderíamos encontrar algo nela capaz de seguir regras e mandamentos. É dividir a glória de Deus com os homens e, o que é mais perverso, fechar o caminho a Cristo para alguém que não tem acesso a uma determinada religião. Você coaduna com um pensamento assim? Uma religião que estabeleça algum fundamento de salvação além do próprio Cristo — seja esse fundamento uma lista de regras ou a necessidade de ser membro da tal religião — não é de Deus.

(1

Co 3:11) — “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que JÁ ESTÁ

POSTO, o qual é Jesus Cristo.”.

Quando foi posto o fundamento sobre o qual você alicerçou sua fé? Se foi há dois mil anos, é o mesmo sobre o qual cristãos convertidos ao longo dos séculos colocaram sua fé. Se é um que teve uma data de fundação posterior, não é um fundamento colocado por Deus, porque NINGUÉM pode estabelecer outro.

Há ainda pessoas que pensam que todas as religiões levam a Deus. O Senhor Jesus afirmou: “EU SOU o caminho, a verdade e a vida.

NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR MIM” (Jo 14:6). Na realidade nenhuma religião leva a Deus, pois o Senhor afirmou que NINGUÉM vai ao Pai a não ser por intermédio dele. Só o Senhor Jesus é o caminho; só ele é a verdade; só ele é a vida. Pelo menos foi isso o que disse. E os que creem nele devem crer também nas suas palavras.

Precisamos da salvação porque somos pecadores, e não nos tornamos pecadores quando prejudicamos a alguém.

Prejudicamos alguém PORQUE SOMOS PECADORES. E somos pecadores porque herdamos uma natureza pecaminosa assim como alguém recebe uma herança e não fez nada para ganhá-la. Deus afirma em sua Palavra: “TODOS

pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Isso inclui você e eu.

Tenha em mente que não é o que achamos a nosso respeito, mas o que Deus diz em sua Palavra. Isto é o que conta. Se eu estacionar meu carro em local proibido, de nada adiantará dizer ao guarda que não vi a placa de proibição. A placa estava lá, o guarda tem autoridade suficiente para me considerar um transgressor da lei, e serei castigado com uma multa quer goste, quer não. E se Deus diz em sua Palavra que TODOS pecaram, devemos baixar nossa cabeça e em temor e tremor dizer convicto: Sou um pecador. Quer sinta isso, quer não. Ele declarou; devo aceitar.

Certa vez um conhecido pregou o evangelho para algumas pessoas e depois um homem se aproximou dele dizendo que havia gostado da mensagem e que gostaria de receber a vida eterna. Ele então lhe perguntou: “Você é pecador?” ao que o homem respondeu que não, que sempre havia sido honesto, trabalhador e nunca fizera mal a ninguém. “Então não há salvação para você”, foi a resposta que ouviu. “Por que não?” “Porque Deus diz: Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar PECADORES (1 Tm 1:15); Se você não é pecador, não há salvação, pois ele veio salvar pecadores!”

Há ainda os que acreditam que são salvos pela fé, mas se mantém salvos pelas obras, pelo seu andar e obediência a uma lista de preceitos. Enquanto não confiaram em si mesmos para entrar na salvação, acabam vivendo em confiança própria na hora de mantê-la.

Em João 3:16 lemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O que diz aí? … para que todo aquele que não faz tal e tal coisa não pereça? Certamente que não é assim que está. Diz apenas “para que todo o que nele (em Cristo) CRÊ!”.

O apóstolo Paulo escreveu uma carta aos crentes da Galácia, os quais afirmavam que para ser salvo era necessário não apenas crer em Cristo, mas também guardar a Lei, ou seja, praticar determinadas obras. A eles Paulo responde: “Ó insensatos gálatas… Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl 4:9-10).

Só Cristo pode nos salvar, pois morreu na cruz sendo castigado por Deus Pai no lugar do pecador. Todo aquele que nele crê tem a vida eterna, está salvo eternamente. E isso não depende do que fazemos ou deixamos de fazer, mas do que Cristo fez; “e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef. 2:8). Portanto, a nossa salvação depende EXCLUSIVAMENTE de Cristo e de sua obra; não depende de nós pois se dependesse de nós, a glória seria nossa. Mas, graças a Deus, não depende de nós que somos pecadores e sempre propensos a pecar.

Quando um pecador vem a Cristo, arrependido de seu estado pecaminoso, isto só acontece por obra do Espírito Santo em seu coração, pois é o Espírito quem nos convence do pecado (Jo 16:8). Então, pela fé, o pecador crê que Cristo tomou o seu lugar na cruz carregando o seu pecado (do pecador).

Quando o pecador assim crê, Deus lhe dá a salvação que é completa; Deus lhe dá o perdão que também é completo e esta pessoa nunca mais perderá a salvação, pois é um dom de Deus (Ef. 2:8) e nunca lhe será tirada por Deus “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11:29). Deus não “tira”

a salvação do crente, e ninguém mais pode fazê-lo “porque estou bem certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor!” (Rm. 8:38,39) Se leu o texto “NUNCA!” que lhe indiquei, terá visto isso.

Bom, acho que escrevi demais.

Minha preocupação é sincera, creia-me. E pondere isso à luz da Palavra de Deus (não à luz do que eu ou outra pessoa disser), pedindo que Deus mesmo esclareça a você. Talvez ele o faça como fez comigo, quando participava de uma denominação (batista) algum tempo após minha conversão. Os absurdos ditos por um pastor enviado para me demover da ideia de que devia crer apenas na Palavra de Deus e não na denominação, foram as mesmas coisas que Deus usou para mostrar que não devia estar ali.

(1

Co 14:29) — “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”

Outra vez, não deixe o

cérebro na porta. Deus ordenou que o que for falado seja julgado e o padrão que temos para tal julgamento é a Palavra de Deus e seu Santo Espírito que habita no crente.

*

É correto dizer que Deus morreu na cruz?

Sua pergunta se refere ao fato de Cristo ser Deus e, se Cristo morreu, então Deus morreu na cruz. Porém não é correto pensar assim. Em nenhum lugar das Escrituras encontro esta ideia.

Cristo morreu na cruz como Homem (embora sendo Deus), mas ele entregou sua vida de Homem. Deus manteve-se inalterado, e até o abandonou na cruz. Daí as trevas e o “Deus Meu por que me desamparaste?” Creio que ele não tenha ficado totalmente sozinho na cruz, pois o Pai estava com ele. Que Deus o abandonou, temos isto escrito. Que o Pai ficou com ele, vemos em tipo Abraão indo até o monte do sacrifício junto com o filho que carregava o lenho. Mas em nenhuma instância vemos que Deus tenha algum dia morrido.

Outra ideia falsa é que Cristo tenha morrido de uma hemorragia provocada pela lança do soldado que perfurou seu lado. O Senhor estava morto quando seu lado foi furado pela lança.

“Mas vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas (para morrer por asfixia). Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (Jo 19:33-34). O

sangue que limpa nossos pecados é o sangue de um morto e não de um vivo. Era com sangue de um animal morto que o sacerdote entrava no santuário. Não foi o sangue da coroa de espinhos, nem das mãos ou dos pés, mas o sangue do lado, do Cordeiro morto, que nos salvou.

Existe um texto circulando na Internet, escrito por um médico, que descreve como os sofrimentos impostos a Cristo na cruz causaram sua morte do ponto de vista médico. Por mais piedoso que pareça, o texto dá a falsa ideia de que Jesus tenha morrido por causas naturais: fadiga, hemorragia, embolia, deficiência respiratória, hipotermia, ou até por líquido acumulado nos pulmões, observação que decorre de haver saído sangue e água quando a lança do soldado perfurou seu peito. A verdade é que nada ou ninguém matou o Senhor.

Ele não morreu de causas naturais, de choque ou de algum instrumento perfurante. Ele entregou a vida, um poder que não temos em nós, mas que ele recebeu do Pai. Ninguém podia tirar sua vida e ele não estava sujeito à morte como nós estamos. Nós obrigatoriamente morremos e não podemos fazer nada para impedir, mas também não conseguimos morrer de livre e espontânea vontade, a não ser por um ato suicida. Ele simplesmente se desfez de sua vida por amor de nós. Alguém precisava morrer pelo pecado do homem — um cordeiro que fosse puro e sem defeito, como nos sacrifícios do Antigo Testamento. Ele foi esse Cordeiro.

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É errado cremar os mortos?

Você pergunta sobre a cremação, se é correto para um cristão ser cremado. A falta de respostas bíblicas em muitas questões desta vida nos deixa em um éter de dúvidas e frustrações. Ficamos como um navegante sem bússola. A segurança do cristão está na Palavra de Deus, não em si mesmo, suas ideias, ou em outros homens. Deus falou. Cabe a nós escutar a sua Palavra.

Se perdermos isto de vista, ficamos como Saul. Ele foi um rei rebelde que queria fazer sua própria vontade.

Isto acabou fechando completamente sua comunicação com Deus. “E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por Profetas. Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte…” (1 Sm 28:6-7).

Quando não temos de Deus uma resposta clara e inequívoca, acabaremos buscando por alternativas como a consulta aos mortos, que foi o que Saul quis fazer e os espíritas acreditam fazer. E o engano jaz à porta daqueles que foram surdos aos clamores de Deus até chegar ao ponto em que o próprio Deus deixa de responder. Foi a mesma má vontade de escutar a Palavra de Deus que levou os judeus a serem endurecidos em parte, passando a ficar incapazes de ouvir a Palavra de Deus e entendê-la: (At 28:26) “Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis.”.

(At 28:27) “Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados.”.

Quando se atinge este estado, passamos a ser aqueles que o Senhor descreveu em Mateus: (Mt 15:8) “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”.

(Mt 15:9) “E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”.

Se você reparar, o Senhor Jesus estava citando Isaías em Is 29. O que antecede isto em Isaías é justamente o Senhor tornando o povo incapaz de entender a sua palavra, por terem ouvido de mal grado. Estamos prontos a escutar a Palavra de Deus e tê-la como decisiva em toda e qualquer questão? Este é o ponto. A Bíblia não fala nada sobre doação de órgãos, portanto não tenho qualquer problema com isso. Mas ela fala de sepultar mortos (Gn 15:15) e ela fala de cremação associada a desprezo pelo corpo ou maldição. Não vemos que fosse costume do povo de Deus (os judeus) cremar os corpos e essa prática era vista com horror (Am 2:1). A cremação só era prescrita como castigo (Js 7:15).

Minha opinião deve ser

formada pela Palavra de Deus. Ou então estarei me considerando mais sábio do que Deus, escolhendo dela o que me convém e rejeitando o que não convém.

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Devemos exaltar Nossa Senhora?

Sua pergunta refere-se a Maria, mãe de Jesus e entendo que vai além do simples “bem-aventurada” que encontramos na Palavra de Deus, não apenas para ela, mas para todos os que creem, para os pobres de espírito etc. Encontro na Bíblia toda uma exaltação única, completa e eterna dada para aquele que é Deus feito homem, nascido miraculosamente de uma virgem, e em quem habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Dividir tal glória e majestade com quem quer que seja, ainda que Maria, é no mínimo algo triste.

Quando os discípulos foram levados pelo Senhor até um monte, onde ocorreu a transfiguração, eles viram Moisés e Elias junto com o Senhor. Sem entenderem o que acontecia, quiseram fazer igualmente uma tenda para cada um deles, incluindo o Senhor. No mesmo momento Moisés e Elias, por grandes servos que tenham sido, desaparecem completamente da vista deles e a voz do Pai lhes é dirigida exaltando somente o Filho. Creio que Deus quer tirar de diante de nossos olhos qualquer pessoa, por mais bendita e bem aventurada que seja, para colocar diante de nós somente a Cristo. Já lhe ocorreu que nenhuma menção a Maria é feita nas epístolas?

Todavia, desnecessário é dizer que todas elas se ocupam com Cristo, o Senhor.

Para que conheça melhor, quem escreve já foi católico romano convertido a Cristo. Meu apreço pela Bíblia fez com que me dedicasse a um estudo sistemático da mesma, comparando com o catecismo romano. A começar com os 10 mandamentos, que no catecismo os escribas de Roma omitiram o segundo e dividiram o décimo para manter a contagem em 10, achei inúmeras incongruências e erros graves. Como meu compromisso foi assumido com Deus, por intermédio de Jesus Cristo e com a sua Palavra, não fica difícil você concluir qual foi minha decisão.

Portanto, contente por saber que você lê a Bíblia, sugiro que o faça comparando com o catecismo católico romano. Você poderá encontrá-lo (se já não tem) em qualquer livraria católica.

Não estou me referindo àqueles pequenos para primeira comunhão, mas ao volume de doutrinas do catolicismo. Aconselho que o faça livre de qualquer influência religiosa, portanto desaconselho que siga qualquer religião. Envolva-se, você só, com Cristo e a sua Palavra, pedindo ao Pai por sabedoria para conhecer, por meio do Espírito Santo, aquilo que Deus tem revelado. Se você fizer isso com sinceridade de coração, ficará surpreso com as descobertas.

*

Maria, cheia de graça, intercede por nós?

Sei que você é católico e vou tentar esclarecer suas dúvidas. Creio que é importante se conhecer a definição da palavra “graça”. Do modo como você escreve, parece ser uma virtude de alguém, mas não é assim que a Bíblia ensina. Qualquer dicionário mostrará que graça é um favor recebido, e não algo que alguém possua em si mesmo. Na Bíblia sempre encontramos graça no sentido de favor imerecido, ou seja, algo que alguém recebe sem merecer. Deus concedeu a Maria a imensa graça de ter o Salvador gerado em seu ventre. A quem louvamos por isso? A Maria? Não, muito embora ela contasse com muitas virtudes, mas a Deus que a escolheu e fez dela um vaso propício aos seus desígnios eternos.

Quando você afirma que um pedido que fizermos a Maria não será negado, devo dizer que já fui católico e entendo o que quer dizer. Talvez alguém pudesse pedir algo a Maria enquanto ela vivia aqui na terra, para que ela fosse ao Senhor transmitir o pedido, como fizeram no casamento de Caná. Mas hoje seria biblicamente errado nos dirigirmos a alguém que já morreu, pois não seria muito diferente das crenças pagãs e espíritas. “Entre ti não se achará… quem consulte os mortos” (Dt 18:10-11).

Sei do apreço que você tem para com Maria, mas não poderá dirigir a ela orações sem estar com isto transgredindo a Palavra de Deus.

Maria morreu e aguarda a ressurreição, estando seu espírito com Deus e seu corpo como os que “dormem” de que nos fala Paulo em suas epístolas. Portanto, qualquer invocação de Maria ou de quem quer que seja, no sentido de se fazer uma oração ou pedido, é contrária à Palavra de Deus.

Aliás, você não encontrará em lugar nenhum do Novo Testamento uma oração sequer endereçada a Maria, ou aos apóstolos, a anjos ou mesmo ao Espírito Santo. Nenhuma. Somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus, o Filho de Deus (e ao mesmo tempo Deus Homem ressuscitado).

Confira e verá.

Nosso único guia seguro é a Bíblia. Você também não encontrará nenhuma adoração dispensada a Maria, apóstolos, anjos ou mesmo ao Espírito Santo (embora este último seja Deus, porém aqui agora no papel de Servo para levar as pessoas a Cristo) Às vezes das quais me recordo são quando Cornélio tenta adorar a Pedro, em Atos, e recebe uma reprimenda do apóstolo que diz: Eu também sou homem. Outra está no último capítulo de Apocalipse quando João tenta adorar o anjo e é barrado: Sou conservo seu, diz ele.

Você diz que pedir a Maria é uma conclusão lógica, pelo fato de ela ter sido mãe do Senhor na sua humanidade. Não podemos usar a lógica nas coisas de Deus. A lógica nos leva a tirarmos nossas próprias conclusões e adicionarmos coisas ao que Deus falou.

Eva fez isto e fez um grande estrago. Confira o que Deus disse (Gn 2:16-17) com o que ela diz à serpente em Gn 3:3. Ela acrescentou “nem nele tocareis”, que Deus não havia falado. Quando saímos do fundamento estabelecido por Deus, acabamos invadindo o terreno do erro e ficamos suscetíveis a este. Faremos bem se nos ativermos ao fundamento colocado por Deus mediante seus servos os profetas e apóstolos (veja Atos 2:42; Ef 2:20,21).

Você se refere a Maria como a grande evangelizadora, citando as bodas de Caná, quando ela diz aos servos para que fossem a Cristo, como se hoje ela continuasse convidando as pessoas a irem a ele, através de supostas aparições. Fica difícil saber se o “convida” a que você se refere está limitado ao exemplo de Maria nas passagens bíblicas ou se é algo presente. Se for esta última a sua ideia, para mim cheira a espiritismo.

Paulo nos alerta contra mensagens vindas do além (Gl 1:8) e faremos bem se julgarmos tudo o que vemos e ouvimos segundo nossa bússola segura, a Palavra de Deus. A Palavra de Deus nos alerta também que o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz e seus ministros em ministros de justiça para enganar (1 Co 11:14,15).

Você citou São Francisco de Assis — “É preciso evangelizar sempre! Se for preciso, use algumas palavras!” — para justificar que a Palavra de Deus não seria necessária na evangelização, mas isso é um erro e se Francisco de Assis disse isso, ele também errou.

Afinal, era humano como qualquer um de nós. Pense neste versículo em Rm 10:17

(leia o contexto): “De sorte que a fé é pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”.

Concordo plenamente com você no que diz respeito a João cuidar Dela. Mas isso nada impede de que Ela seja nossa Mãe ! Neste instante João representava a humanidade. Aqueles que não abandonaram Cristo. Estavam aos pés da cruz enquanto outros se escondiam.

Quanto à sua ideia de que Maria seja nossa mãe, não vejo de onde tirou. Sei que seu argumento é que, aos pés da cruz, João representava a humanidade e ele sai dali com ela. Mas o texto indica que foi dada a João a incumbência de cuidar dela, não o contrário. E em nenhum lugar pedir a alguém que cuidasse de Maria teria essa conotação que deseja dar, de que ele a adotaria como mãe e, por tabela, todos nós a teríamos como mãe. É muita volta para justificar uma doutrina inventada, não acha?

Creio que não podemos ir além do que está escrito, e em nenhum lugar encontro Maria como mãe de alguém além do Senhor Jesus e de seus irmãos. Aos pés da cruz, João não representava a humanidade. Pelo contrário, a humanidade estava bem representada por todos os seus segmentos: O governo secular (Lc 23:24,25), o poder militar (Lc 23:36), o clero religioso (Lc 23:10), o povo (Lc 23:18 — aliás, esta foi uma votação democrática: o povo escolheu!) e até o submundo do crime (Lc 23:39). Em nenhum lugar das Escrituras você encontrará a humanidade mais bem representada do que na crucificação. O ódio natural do homem contra o seu Criador mostrava ali como é generalizado em seu caráter.

Quanto ao que falou sobre ecumenismo, não concordo nem mesmo com esse movimento. Se você entende como ecumenismo uma convivência e diálogo pacífico entre pessoas com ideias diferentes, concordo inteiramente. Porém o ecumenismo na prática (oficialmente falando) não é isto. O que vemos é a união em detrimento da verdade. Por exemplo, um cristão abre mão de crer que Cristo é o ÚNICO caminho e passa a aceitar que Alá, Buda, etc. também são caminhos alternativos.

Finalmente, sobre as imagens do Senhor que vemos por aí, o Senhor certamente não tinha aparência nem formosura (Veja Isaías 53) como pintam os artistas. E nem cabelos compridos, se levarmos a sério o que a Palavra de Deus diz em 1 Coríntios 11, o que seria vergonhoso para ele.

*

Quais profecias já se cumpriram?

Em minha mensagem anterior eu mencionei uma profecia bíblica que já se cumpriu, que foi a destruição de Tiro. De acordo com a profecia feita por Ezequiel, a cidade de Tiro (sua parte continental) seria arrasada (Ez 26:8), lançada no mar (Ez 26:12) e suas muralhas iriam se tornar uma penha que serviria de enxugadouro de redes para os pescadores (Ez 26:45). Anos mais tarde, em 573 A.C., Nabucodonosor II cercou a cidade por 13 anos e depois a tomou, destruindo-a.

Porém a cidade era, na verdade, dividida em duas: uma maior no continente (conhecida pelos gregos como Antiga Tiro), e outra fortificada numa ilha (também chamada de Tiro pelos gregos) defronte à cidade continental. Nabucodonosor conseguiu tomar e destruir a cidade no continente, mas não a cidade fortificada na ilha. Até aí, a profecia havia se cumprido somente em parte.

Cerca de duzentos anos mais tarde, em 332 AC, Alexandre, o Grande, atacou a cidade fortificada e, para chegar até ela, fez com que os soldados lançassem ao mar os escombros das muralhas da cidade continental destruída por Nabucodonosor, fazendo, assim, um caminho ligando o continente à ilha. O que não era possível fazer com seus navios, Alexandre conseguiu construindo este istmo sobre o qual seu exército podia passar. Esse caminho de pedras nos séculos seguintes passou a ser usado pelos pescadores da região para enxugadouro de redes.

Eu poderia relacionar aqui outras profecias cumpridas à semelhança de Tiro, mas vejo que não seria de ajuda para você que não crê na Palavra de Deus. As escrituras só podem ser compreendidas quando aceitas pela fé, que é a certeza ou convicção de fatos que não vemos. O mesmo se dá com a salvação, que se recebe pela fé em Cristo Jesus, reconhecendo que ele cumpriu as santas demandas judiciais de Deus na cruz, recebendo sobre si a culpa e o castigo pelo pecado.

Por falar em Cristo, talvez algumas profecias a respeito dele que já se cumpriram possam ajudar a dirigir o seu olhar para as coisas eternas. Cristo é o Filho de Deus feito homem. Nenhuma mente humana pode compreender isto, só aceitar o que Deus diz em sua Palavra. Desde o livro de Gênesis a Pessoa de Jesus já vinha sendo anunciada, com detalhes precisos de sua vida e morte.

Profecia — Cumprimento

Nascido de mulher: Gn 3:15 — Mt 1:20; Gl 4:4

Nascido de uma virgem: Is 7:14 — Mt 1:18

Filho de Deus: Sl 2:7 — Mt 3:17

Descendente de Abraão: Gn 22:18 — Mt 1:1

Descendente de Isaque: Gn 21:12 — Lc 3:23-34

Descendente de Jacó: Nm 24:17 — Lc 1:23

Da tribo de Judá: Gn 49:10 — Lc 3:23-33

Descendente de Jessé: Is 11:1 — Lc 3:32

Da casa de Davi: Jr 23:5 — Lc 3:31

Nascido em Belém: Mq 5:2 — Mt 2:1

Presenteado por reis: Sl 72:10 — Mt 2:1-11

Matança das crianças: Jr 31:15 — Mt 2:16

Chamado Emanuel: Is 7:14 — Mt 1:23

Profeta: Dt 18:18 — Mt 21:11

Sacerdote: Sl 110:4 — Hb 3:1

Rei: Sl 2:6 — Mt 27:37

Precedido por um mensageiro: Is 40:3 — Mt 3:1-2

Início do ministério na Galileia: Is 9:1 — Mt 4:12

Faria milagres: Is 35:5 — Mt 9:35

Falaria por parábolas: Sl 78:2 — Mt 13:34

Entraria no templo: Ml 3:1 — Mt 21:12

Entraria em Jerusalém montado num jumento: Zc 9:9 — Lc 19:35-37

Seria tropeço para os judeus: Sl 118:22 — 1 Pe 2:7

Porém luz para os gentios: Is 60:3 — At 13:47-48

Ressuscitaria: Sl 16:10 — At 2:31

Subiria ao céu: Sl 68:18 — At 1:9

Traído por um amigo: Sl 41:9 — Mt 10:4

Vendido por 30 (não 29) moedas de prata: Zc 11:12 — Mt 26:15

O dinheiro seria jogado (não colocado) na casa de Deus: Zc 11:13 — Mt 27:5

O preço de um campo de oleiro: Zc 11:13 — Mt 27:7

Abandonado pelos discípulos: Zc 13:7 — Mc 14:50

Acusado por falsas testemunhas: Sl 35:11 — Mt 26:59-61

Mudo diante dos acusadores: Is 53:7 — Mt 27:12-19

Ferido: Is 53:5 — Mt 27:26

Cuspido: Is 50:6 — Mt 26:67

Escarnecido: Sl 22:7,8 — Mt 27:31

Mãos e pés traspassados: Sl 22:16 — Lc 23:33

Crucificado com malfeitores: Is 53:12 — Mt 27:38

Intercedeu pelos que o perseguiam: Is 53:12 — Lc 23:34

Desprezado pelo seu povo: Is 53:3 — Jo 7:5

Os amigos ficariam longe: Sl 38:11 — Lc 23:49

Roupas sorteadas: Sl 22:18 — Jo 19:23-24

Sentiu sede: Sl 69:21 — Jo 19:28

Deram-lhe vinagre: Sl 69:21 — Mt 27:34

Clamor a Deus: Sl 22:1 — Mt 27:46

Encomendou-se a Deus: Sl 31:5 — Lc 23:46

Os ossos não seriam quebrados: Sl 34:20 — Jo 19:33

Sepultado no túmulo de um rico: Is 53:9 — Mt 27:57-60

Há muitas outras profecias, como a encontrada em Daniel 9:26 que mostra uma sequência interessante: O Messias viria, teria sua vida tirada e depois a cidade seria destruída (Jerusalém foi destruída em 70 AD).

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A religião pode nos levar a Deus?

Depois de vagar pelos meandros da filosofia oriental, me converti a Cristo em 1978 e desde então vivo uma vida totalmente nova e feliz. O estado da humanidade deixa claro que há muito pouco, ou nada, de luz em cada ser humano. Deveria haver, mas não há, pois somos rebeldes por nascimento. Se comparar o que a Bíblia ensina, com todas as filosofias e religiões deste planeta, verá uma diferença gritante quando se trata da elevação humana.

Enquanto as religiões, de uma maneira geral, colocam o foco em você, dizendo que você pode, você consegue, você é capaz, etc., etc., Deus, em sua Palavra, tira qualquer esperança do homem conseguir algo de si mesmo. Fica bem patente que nascemos arruinados pelo pecado e que não conseguimos dar um pulinho sequer em direção a Deus.

Gostaria que meditasse na seguinte passagem da Bíblia:

“E

sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. ESTE É O VERDADEIRO DEUS E A VIDA ETERNA” (1 Jo 5:20) “Havendo Deus antigamente falado… pelos profetas… falou-nos nestes últimos dias pelo Filho… O qual, sendo o resplendor da sua glória, e A EXPRESSA IMAGEM DA SUA PESSOA, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder…” (Hb 1:1,2) “No princípio era o VERBO [Jesus], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo ERA DEUS…

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:1-3).

Estas passagens afirmam que Jesus é Deus Criador. Toda a fé cristã está baseada nisto. Medite a respeito.

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Adão tinha umbigo?

Creio que sim, porque foi criado adulto e como protótipo de um homem normal. Todo protótipo deve trazer todas as características do modelo de série. Além do mais, não apenas o umbigo é marca de nascença, mas trazemos outras características, como o funcionamento dos olhos, que só funcionam porque passaram por um processo de maturação nos primeiros meses após o parto.

Até mesmo a formação do crânio e aquelas “trincas” que temos no alto da cabeça existem para que o crânio se retraia no processo espremido pelo qual passa no parto. Acredito que Adão trazia em seu crânio essa “trinca” (quando nenê, chamamos de moleira) no crânio, embora não tivesse passado pelo parto. Enfim, era um homem completo e pronto, igual aos que viriam a seguir.

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Ajudar uma organização espírita?

(Esta é a resposta ao e-mail de um amigo solicitando meu auxílio em comunicação visando aumentar a arrecadação de uma organização beneficente espírita que atende pessoas carentes. Foi com o coração na mão que respondi.)

Sei que é uma causa nobre, sei que o trabalho que fazem é espetacular, mas… como é aquela frase que se usa para não prestar serviço militar? Motivo de consciência? Pois é, tenho alguns senões quando o assunto e colaborar com entidades religiosas e até mesmo prestar serviços para elas (perco bons contratos por causa disso). Refiro-me ao caráter religioso-espírita da entidade.

O que vou escrever não é

sobre os espíritas (pessoas), mas sobre o espiritismo (religião e doutrina).

Antes de minha conversão estive envolvido com isso e hoje, por crer na Bíblia como a Palavra de Deus, tenho bem claro o que Deus diz a respeito: “Entre ti não se achará quem … consulte a um espírito adivinhador … nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR” (Dt 18:9-12)

O fato de hoje eu ser um

cristão convertido (desde 1978), sem todavia pertencer a qualquer religião no sentido de organização denominacional por também não concordar com alguns “mercadores no templo”, levou-me a tomar algumas decisões, e uma delas é não prestar serviços para entidades ou organizações religiosas ou com cujos fundamentos eu não concorde.

Até mesmo em minhas propostas para palestras vai uma observação no final, que diz: “O consultor se reserva o direito de não participar de eventos religiosos ou políticos.” Isso e o fato de eu não atender indústrias de tabaco já me fez perder boas oportunidades de ganhar dinheiro, mas prefiro ser coerente com meus princípios e não fazer como Groucho Marx que costumava dizer: “Tenho meus princípios. Se não gostar deles, tenho outros”.

Fazer o bem é algo tão amplo que às vezes inclui fazer o mal. A experiência que tive com espiritismo e outros ismos me deixou meio traumatizado, tipo cachorro mordido de cobra. Assim como acredito que a intenção de muitos tele pregadores por aí não seja de fazer o bem, mas ganhar poder e dinheiro, e basta um pouquinho de discernimento para enxergar isso, a intenção do espiritismo não é ajudar as pessoas — embora faça —, mas trazê-las para debaixo de suas asas. Aviso mais uma vez que sempre que eu falar “espiritismo”, não estou me referindo aos espíritas, mas à doutrina, ideia ou moto da religião. Portanto você poderá encontrar milhões de espíritas cujas intenções sejam realmente fazer o bem, e não engordar a causa espírita.

Trocando em miúdos, todas as ações de caridade da filosofia do espiritismo visam beneficiar não o “cliente”

da caridade, mas o “fornecedor”. Sabe como é, se você está sofrendo isso é o seu carma e o sofrimento irá ajudá-lo a queimar algumas etapas evolucionárias.

Então eu entro no esquema para aliviar seu sofrimento, não porque esteja interessado em você, mas porque tenho que dar um jeito no meu próprio carma e, pela caridade, tratar de minha própria evolução. Ainda não ficou bem claro se pelo fato de o outro parar de sofrer por causa de minha intervenção ele também pare de liquidar os débitos de seu carma, o que era feito pelo sofrimento.

No cerne de toda a doutrina está o conceito de que é o próprio ser humano quem “se auto-evolui a si mesmo”, revertendo toda a glória disso para si e deixando Deus de fora. É uma doutrina essencialmente voltada para o ego e o aliciamento geralmente começa com algo do tipo “você tem uma mediunidade que precisa desenvolver…”. Passei por essas coisas e, como disse, sou cachorro mordido de cobra. Portanto, dê um desconto se identificar certa linguagem ferina, não contra os espíritas (pessoas), mas contra o espiritismo (doutrina).

O jornal de hoje foi escrito ontem e acreditamos no que diz. Nele também os pontos foram aumentados porque nenhum relato é imparcial, seja ele da imprensa, seja a história que eu ou você contamos de nossas experiências passadas. Aliás, é assim que o próprio cérebro funciona. Não gravamos na memória como faz o computador, para puxá-la de volta algum dia intacta, do jeitinho que foi gravada. Cada vez que lembramos algo, na realidade nosso cérebro recria uma experiência baseado em fatos de antanho, enriquecidos por experiências que ocorreram entre o fato e o momento atual.

Assim, aquela experiência de quase atropelamento há vinte anos, na qual você não viu nadinha, hoje seria recontada com detalhes do modelo do carro, da roupa do motorista, do tempo, da rua, das conversas pós-incidente, tudo isso coisas de associações acrescentadas por testemunhas no local e por experiências semelhantes posteriores.

Como escritor é comum eu

recriar um personagem juntando pedaços de mais de uma pessoa que conheci. Por exemplo, escrevi uma crônica para uma revista de um cliente e o hippie que menciono na história foi construído com dois ou três que realmente conheci, porque tenho a liberdade de deduzir que certas particularidades de um poderiam muito bem ser encontradas no outro.

Portanto, se ler os relatos bíblicos acrescentando elementos da história, culturas e costumes posteriores, irá cair do cavalo. Como não aconteceu com a queda de cavalo do apóstolo Paulo na estrada para Damasco, porque ele não ia a cavalo como a cena foi pintada nos séculos posteriores. Ou como acontecerá com os 3 reis magos, que provavelmente não eram 3. Ou com toda aquela musculatura de Sansão, que era fraco e jamais teria sido escolhido para atuar como seu próprio personagem num filme de Hollywood. Sem falar da maçã que Adão e Eva comeram no Éden, que não era maçã.

Veja que não é apenas o

relato bíblico que não pode ser lido e associado a elementos históricos ou culturais, embora muito do que você encontra na Bíblia esteja no sentido normalmente aceito de “história”. A cultura que veio depois acabou distorcendo o próprio texto. Na Bíblia Paulo vai a Damasco caminhando, em nenhum lugar diz que os reis fossem três, de Sansão é dito que ninguém podia imaginar de onde vinha sua força (portanto, não devia ser musculoso) e a fruta “maçã” só vai aparecer na Bíblia em um texto escrito por Salomão, alguns milhares de anos após a experiência no Éden.

A Bíblia não é para ser lida como se lê notas de notícias abreviadas, mas como a Palavra de Deus.

Se deixar Deus falar com você, ele o fará pela Bíblia e, ainda que só leia um mesmo versículo todos os dias, a cada dia receberá algumas gotinhas a mais do que Deus quis dizer quando registrou aquilo. É um livro “digitado” por homens, mas “ditado” por Deus.

São 66 livros, escritos por cerca de 40 homens inspirados por Deus, ao longo de aproximadamente 1.600 anos; homens estes que viveram em três continentes diferentes, vieram de origens desde a mais simples até a mais elevada, e nos legaram este livro escrevendo partes em Aramaico, outras em Hebraico e outras (a maior parte do Novo Testamento) em Grego. Neste mosaico de línguas, costumes, eras e origens destes escritores, encontramos uma harmonia e continuidade que só fazem demonstrar que um grande Maestro esteve por trás dessa singular orquestra.

Mas eu entendo perfeitamente que não aceite esse argumento, porque eu mesmo fui um ferrenho opositor da Bíblia antes de minha conversão em 1978. Daí insistir que boa parte do acesso à Verdade (ou para falar a verdade, 100% disso) só pode ser por revelação divina a um coração que se abre para receber isso. Se o Neo do Matrix não atender ao telefone, não vão conseguir transportá-lo para outra esfera, né? Tudo começa atendendo ao telefone e dizendo “Pronto.”

Você acha estranho que, com tanta gente no mundo, Deus só tenha se manifestado aos judeus e depois aos cristãos. O que você diz é parte da história e pode ser encontrado neste versículo: (Hb 1:1) — “HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.”.

Porém a revelação de Deus pode ser vista também em pelo menos três estágios. Primeiro ele se revelou pela sua Criação. Depois se fez carne na Pessoa do Filho de Deus. Finalmente ele se revela por meio do Espírito Santo que usa a sua Palavra para falar aos corações. Romanos 1 fala um pouco mais do que realmente ocorre: (Rm

1:19-22) “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.”.

Há também outra passagem, cuja tradução difere um pouco de versão em versão, mas que tem o sentido de Deus haver colocado no coração do homem uma consciência de Deus: (Ec

3:11) “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.”

A tradução inglesa dá melhor pista: “He has made everything beautiful in its time. He has also set eternity in the hearts of men…”

De lá para cá, tampouco Deus se calou. Ele continua falando, mas para quem atende ao telefone e diz “Pronto?”.

Mas para dizer “Pronto?” é preciso aceitar a Bíblia como tal. O problema é que aceitar que a Bíblia é a Palavra de Deus significa aceitar que agora tem alguém que vai falar comigo e eu preciso atender ao telefone e obedecer. Aí acaba minha “liberdade” e “independência”

(essa é a raiz do pecado).

Antes de exercer fé em Deus e em sua Palavra, e assim considerar a Bíblia como tal, é preciso abrir mão de uma compreensão intelectual. Imagine que você esteja diante de uma porta e não entende o que há lá dentro. Aí passa a vida matutando sobre o que há lá, sem jamais ter dado o passo e atravessado a porta. É o momento de desequilíbrio, de incerteza, mas que é exatamente onde tudo o mais fica de lado e só a fé passa a ser o corrimão.

Não podemos “compreender”

Deus ou sua Palavra no sentido intelectual, mas apenas aceitá-lo. Você não compreende completamente seu celular, mas o aceita e usa. Seria um tolo se decidisse que só usaria celular quando compreendesse perfeitamente sua tecnologia.

Não compreendo Deus, mas o aceito, e a Cristo como meu Salvador. Jamais vou entender como é que o Criador, por me amar tanto, entregou seu Filho para morrer em meu lugar, pagando por minhas culpas. Isto é algo que vai além de toda razão. Pense bem: o próprio Deus vindo ao mundo na forma de um homem para morrer! E morrer para assumir a culpa de um verme como eu! Dá para entender? Não. O mesmo com respeito à Bíblia.

É por isso que se chama “fé”, da qual só temos a definição uma única vez na Bíblia: (Hb

11:1) “ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.”

Quando falo da Bíblia com tanto carinho, é porque a carta de um pai só faz algum sentido quando se é filho. Para qualquer outro é algo banal. Qualquer estudioso pode conhecer a Bíblia como um livro, seu estilo, sua história etc. Mas é o Autor da Bíblia que precisa ser conhecido. Não vou entrar neste assunto, pois poderia escrever horas sem saber se você está realmente interessado em conhecer a fundo o que é a Bíblia, sua origem e seu poder. Caso esteja, sugiro que leia o livro “Evidências que exigem um veredicto”, de Josh McDowell. Ele tem outros livros sobre o tema.

Aceito que as pessoas tenham as suas religiões como dogmas, o que me inibe de contestá-las (contestar as pessoas e contestar as religiões). Se elas fazem bem a quem as professa e não fazem mal a quem não as professa, que continuem cumprindo a sua missão.

Essa é a ideia do placebo.

Porém, aquele que realmente se enxerga doente não irá se contentar com placebos. A ideia de religião está geralmente associada a se fazer parte de alguma organização ou cumprir uma lista de regras. A Bíblia mostra algo bem diferente disso, e mostra justamente a um homem bastante religioso, Nicodemos.

A ele, um dos principais

dentre os religiosos de sua época, Jesus diz: “não te maravilhes de te ter dito: necessário vos é nascer de novo. Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3,7). Trata-se, evidentemente de um nascimento espiritual. Nicodemos queria saber como receber esse novo nascimento, ao que o Senhor respondeu: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).

Você mostrou-se preocupado com a luta entre as religiões, talvez pensando que minha posição fosse de um antagonismo semelhante. Essa luta pode acontecer por dois motivos. Um é a insegurança. Preciso de mais adeptos “para minha religião” a fim de confirmar minhas próprias crenças. É a ideia de fortalecer o time trazendo mais torcedores e isso me ajudar a acreditar mais no time. Outra é a luta por sinceramente se achar que uma religião é melhor que a outra. Leia “religião”

como o que descreveu antes, um conjunto de dogmas, ou um sistema, organização, comunhão, pensamento, doutrina etc.

Aí você vai para a Bíblia e descobre que a única religião que um dia Deus estabeleceu no mundo foi o judaísmo, que ele próprio “desestabeleceu

depois e providenciou para que não ficasse pedra sobre pedra. Aí vem o Senhor Jesus e afirma para uma mulher que quer saber qual religião ou em que lugar ou templo deve ir adorar:

(Jo

4:19-26) “Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.”

Ficava claro que tinha coisa nova no pedaço. E essa coisa nova é a própria revelação de Cristo: “EU SOU o caminho, a verdade e a vida. NINGUÉM VEM AO PAI, SENÃO POR MIM” (Jo 14:6). Na realidade nenhuma religião leva a Deus, pois o Senhor afirmou que NINGUÉM vai ao Pai a não ser por intermédio dele. Só o Senhor Jesus é o caminho; só ele é a verdade; só ele é a vida. Pelo menos foi isso o que disse. E os que creem nele devem crer também nas suas palavras. O caminho não é um dogma, uma religião, um sistema, uma denominação, uma igreja. O caminho é uma Pessoa, o próprio Deus encarnado.

Uma religião precisa ter uma roupagem religiosa, como rezas ou orações em nome de Jesus, como você pode até encontrar no espiritismo e em outras religiões. Porém existe uma diferença vital entre religiões e Cristo, ainda que muitas adotem este ou aquele aspecto cristão em seu bojo. Cristianismo real tem tudo a ver com novo nascimento. Ou você é nascido de novo (literalmente, “nascido do alto”) ou não é. Se não é, continua morto. Se nasceu de novo, está vivo com a vida que procede de Deus.

Uma nova vida, uma nova posição, uma nova perspectiva que vai muito além daquela que nossos olhos ou mente conseguem alcançar. Um dos homens letrados dos tempos do Senhor Jesus foi confrontado com esta questão.

Para entender o que falo, sugiro que leia o capítulo 3 do evangelho de João. A serpente à qual o Senhor se refere ali foi um episódio ocorrido com os israelitas na peregrinação Egito-Canaã via deserto, quando foram atacados por serpentes. Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a levantasse na ponta de uma haste.

Quem olhasse para a serpente de bronze era curado. Aquilo era um tipo de Cristo, que um dia seria levantado.

O cristão tem um antes e um depois muito claro, assim como dividimos o tempo em AC e DC. Para o cristão, sua vida divide-se em antes da cruz e depois da cruz. Se ler Efésios capítulo 2 vai encontrar uma descrição muito clara da diferença, do antes e do depois e de como passamos de um lado para o outro. Não é um progresso, mas uma mudança imediata e radical, de perdido para salvo, de morto para vivo, de estranho para filho.

No mesmo evangelho de João, cap. 5, há um versículo (24) muito bom para entender essa mudança: “Na verdade, na verdade vos digo que quem OUVE a minha palavra, e CRÊ naquele que me enviou, TEM a vida eterna, e NÃO ENTRARÁ em condenação, mas PASSOU da morte para a vida.”

Atente para o tempo dos

verbos para ver que é uma mudança imediata baseada em apenas uma condição que é crer. Quem ouve (presente) e crê (presente) tem (agora mesmo) a vida eterna.

Passa a ser alguém neste mundo com uma vida que não é deste mundo e nem temporal.

Quanto ao futuro, não entrará em condenação algumas versões trazem “juízo” ou “julgamento”, o que põe por terra a ideia infantil de que depois da morte há um julgamento, com uma balança que irá pesar o bem e o mal que fizemos e nos permitir ou não a entrada no céu.

Para o incrédulo, sim, haverá o que a Bíblia chama de “juízo final”, mas não se trata de um julgamento no sentido de condenar ou absolver, pois naquela hora não haverá absolvição. Trata-se de um julgamento apenas para sentença.

(Apocalipse 20).

Quanto aos que

verdadeiramente creram, estes já tinham passado da morte para a vida antes, portanto como Deus iria julgar quem foi perdoado e salvo? O único julgamento (se é que podemos chamar assim) que aparece para o cristão é um julgamento como acontece nos concursos de miss ou de obras de arte. Apenas para classificação daquilo que o cristão fez como tal (depois de salvo), para ver se prestou ou não o que ele fez (não sua pessoa, mas sua obra).

Embora você alegue que no espiritismo as pessoas não ficam se esforçando em “converter” outras, a “conversão”

no espiritismo tem um sentido diferente da conversão bíblica. Lá é mais no sentido de se acatar uma doutrina e de se fazer isso ou aquilo. A conversão do cristão vem por uma obra interna, não intelectual. “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” (1 Co 2 – sugiro que leia o capítulo inteiro).

Boa parte das religiões, mesmo as cristãs, procura entregar uma lista de coisas que a pessoa precisa cumprir, um tipo de checklist para ficar de bem com Deus. Tentar guiar por princípios cristãos é tentar costurar remendo novo em vestido velho. Lembre-se do novo nascimento, ou nascimento do alto, que é necessário e incompreensível (como o vento), a única maneira de estabelecer sua conexão com seu Criador. Como faz o modem, antes de começar a navegar nessa nova esfera, é preciso sincronizar.

Isso é Deus quem faz quando você se rende.

É muito importante entender que conversão é converter-se a Alguém. Tipo meia-volta, volver! Primeiro vem o sentimento do pecado e ruína:

(Jr

31:19) “Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confuso, e também me envergonhei; porque suportei o opróbrio da minha mocidade.”.

Depois é preciso entender que seu pecado e ruína foram pagos por um substituto na Cruz, que ele é o Cordeiro de Deus, a consumação dos cordeiros inocentes que os judeus imolavam cada vez que pecavam. Converte-se a Cristo ou não se converte a coisa alguma. É preciso se ver perdido para pedir socorro a quem pode salvar. Como fez o carcereiro, ao perguntar a Paulo:

(At

16:30) “E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.”.

Outro ponto importante é

entender que há um Caminho, não dois ou três. Veja isto: (1 Tm 1:15) “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”.

(At

4:12) “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”

Há quem fique esperando por um milagre, antes de querer aceitar o que a Bíblia diz. Milagres e coisas do tipo não devem servir de base para a fé, principalmente numa época quando o próprio homem é capaz de milagres, como falar com outro a milhares de quilômetros de distância sem sair do lugar, ou voar, ou curar doenças incuráveis, etc.

(Hb

11:1) “ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.”.

É disto que estou falando.

Igrejas vivem cheias de pessoas atrás de milagres. É melhor estar entre aqueles de quem Jesus falou a Tomé:

(Jo

20:29) “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.”.

Acho que uma boa maneira de explicar a diferença gritante entre espiritismo e cristianismo bíblico é contar uma historinha. Como você sabe, a equação espírita é de uma vida de incertezas procurando remendar aqui e ali em busca de uma ascensão duvidosa por meio de caridade e vidas sucessivas na tentativa de se eliminar o carma passado. Certeza não dá nenhuma além daquela de que é possível confiar no próprio ego para ser uma alma mais elevada ou espiritualizada. Se você faz caridade, ganha pontos e poderá trocá-los depois por uma encarnação mais privilegiada. É a lei da causa-efeito. Faço o mal, pago. Faço o bem, ganho.

No cristianismo, faço o mal e pago ou não, se aceitar que Alguém pague por mim. Todos os sacrifícios mosaicos apontavam para isso: um cordeiro inocente morria no lugar do pecador culpado.

Até que veio O Cordeiro.

Se no espiritismo devo levar uma vida de esforços tentando subir uma escada cujos degraus são espaçados demais para minhas pernas, no cristianismo é Cristo quem me pega lá em baixo e me leva direto para o céu de um só passe. É cesta sem repicar a bola no chão.

Num momento, pecador perdido. No momento seguinte à conversão, pecador salvo.

Então onde ficam as boas

obras, a caridade, que é a locomotiva da maioria das religiões para levar o homem a algum lugar melhor? Não tem lugar algum na salvação do homem. Nada do que eu faça pode me salvar, porque a única coisa que precisava ser feita foi ele quem fez. E o que é mais belo do cristianismo é que, uma vez nascido de novo pela fé em Cristo, não há qualquer necessidade ou intenção de se fazer o bem visando eliminar o carma ou reduzir o número de supostas reencarnações. Por ter sido alvo um favor imerecido, o cristão convertido faz as coisas não para receber algo em troca (uma barganha para garantir seu futuro eterno), mas porque já recebeu tudo em troca. A historinha abaixo ilustra isso muito bem: Num leilão de escravos colocaram à venda um escravo velho e doente. Para nada servia a não ser morrer para evitar despesas. Porém um rico fazendeiro deu um lance para comprá-lo, pagando um preço altíssimo, que seria suficiente para comprar todos os escravos do leilão.

O escravo comprado aproximou-se de seu novo senhor e ouviu de sua boca: “Pode ir embora, você está livre”. O escravo não entendeu. “E o preço que o senhor pagou?”. O fazendeiro explicou: “Paguei um valor altíssimo para ter certeza de quem ninguém cobriria minha oferta. Desde o momento em que o vi, eu tive pena de você e o amei, desejando que fosse livre. Agora você está livre. Não me deve nada.”

O escravo, em vista dessa libertação gratuita conseguida a tamanho preço, respondeu: “Por causa do que o senhor fez, POR AMOR, vou servi-lo até morrer”.

*

O que acha do livro “Deixados para trás”?

Comprei o primeiro da série, mas não consegui terminar. Além de lento em sua narrativa (o que não seria o problema maior), o autor parte de um princípio falso: o de que alguém que tenha escutado a Verdade e foi “deixado para trás” por não ter crido, possa vir a se converter depois.

A passagem em 2 Tessalonicenses 2:9 é muito clara quanto ao que acontece àqueles que, tendo conhecido a Verdade, não a receberam:

“A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.”

A conversão após o arrebatamento será possível apenas para aqueles que nunca escutaram o evangelho ou não estavam em idade de compreender. Porém o livro sugere que é possível escutar o evangelho e deixar para crer após o arrebatamento da Igreja. A história não é original. Lembro-me de ter lido um livrinho na década de 70 de um autor brasileiro que também contava a história de um repórter fazendo a cobertura do arrebatamento. Se não me engano o título era “Jesus voltou esta noite” ou algo assim.

O grande problema de livros assim é que tentam aplicar literalmente os símbolos do Apocalipse ou tornar a profecia como o foco da atenção, quando na verdade “Jesus é o espírito da profecia”. Evidentemente há pessoas que acabam se convertendo por meio desses livros e filmes, mas isso não significa que devemos fechar os olhos para os desvios que possam cometer. Há uns dez anos, traduzi um excelente livro sobre profecias bíblicas, escrito por um autor canadense. O título é “Acontecimentos Proféticos”, hoje esgotado. É do mesmo autor do texto “A Vinda de Cristo”

Apesar de em algumas “igrejas” uma pergunta assim ser rechaçada como “pecado contra o Espírito” ou “incredulidade” por aqueles que se consideram “mais espirituais”, julgar os espíritos para ver se procedem de Deus é uma ordem dada pelo próprio Espírito Santo de Deus:

(1 Jo 4:1) “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.”.

É incrível o número de cristãos que parece ler a Bíblia às carreiras e não percebe que estamos mergulhados em um mundo espiritual que inclui anjos caídos e demônios, também chamados de espíritos malignos. Trata-se de um inumerável exército de estelionatários tentando enganar os seres humanos com mentiras. O próprio Senhor advertiu contra a existência dos ministros e falsos profetas a serviço de Satanás no meio do povo de Deus, fazendo-se passar por ministros de Deus:

(Mt 7:15-23) “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores… Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

Ele não está falando ali de monges tibetanos, índios americanos, nativos africanos ou povos idólatras de ilhas remotas. Ele está falando de pessoas que chamam a Jesus de Senhor. Basta ligar a TV a qualquer hora do dia ou da noite para encontrar pessoas assim. Enquanto alguns são meros cobiçosos de riquezas, há aqueles que efetivamente estão a serviço direto das trevas, incorporados por demônios e com poderes de adivinhar, não necessariamente o futuro, mas fatos sobre as pessoas. Mas como eles podem estar fazendo isso e ao mesmo tempo promovendo o evangelho? Podem, e a jovem que perseguia Paulo é um exemplo disso, pois ela também parecia estar promovendo o evangelho:

(At 16:16-18) “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.”.

O cuidado de um cristão sincero deve ser redobrado quando entendemos que a Palavra de Deus avisa que essas manifestações demoníacas dentro da esfera da cristandade aumentariam muito nos últimos tempos. É o que o apóstolo Paulo adverte em suas epístolas:

(1 Tm 4:1) “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;”

(2 Tm 4:3-4) “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.”.

Diferentes versões trazem, além de “fábulas”, as palavras “mitos” ou “lendas”. Se você entrar numa livraria e pedir livros de fábulas, mitos e lendas, sairá de lá com uma sacola cheia de histórias de fadas, duendes, lobisomens, vampiros, zumbis, fantasmas, etc. Ou seja, personagens de uma outra esfera, de um submundo povoado por criaturas que, nas histórias, podem tanto ser benignas como malignas. O diabo está fazendo um trabalho bem feito neste sentido, pois hoje qualquer adolescente adoraria namorar um vampiro.

O problema é que, no mundo real da espiritualidade… “o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz… [e] os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça” (2 Co 11:14-15). No versículo anterior a este Paulo se referia àqueles que dizem serem apóstolos, porém não passam de uma fraude.

Se você der uma festa e não colocar seguranças na porta, deixando o acesso livre para quem quiser chegar, logo terá em sua casa não só seus convidados, mas toda espécie de pessoas, principalmente aqueles que irão querer tirar proveito da “boca livre”. Ou seja, o submundo é rápido em farejar oportunidades assim.

Se um grupo de pessoas começa a flertar com o mundo espiritual e passa a se encantar e a maravilhar-se com manifestações espirituais sem qualquer discernimento ou juízo, está escancarando as portas para que miríades de demônios venham satisfazê-las com revelações surpreendentes e profecias mirabolantes. O desvio da verdade sempre deixa a casa limpa e arrumada para as hostes demoníacas participarem da festa. Embora os demônios não sejam capazes de prever o futuro, eles podem adivinhar o futuro com base na experiência.

Todos os dias vemos na TV o homem ou a mulher do tempo adivinhando o clima de amanhã com base na experiência dos meteorologistas. Também lemos os comentaristas financeiros fazendo previsões das ações que sobem ou descem. Se meros seres humanos, com uma bagagem de dez ou vinte anos na observação do clima ou do mercado financeiro, são capazes de acertar muitas de suas previsões, o que dizer de seres que estão por aí há milhares de anos adquirindo experiência na observação do comportamento humano, da política, das finanças, do clima, e até da saúde das pessoas? Você acha que poderia ser enganado por eles? Certamente.

Além dos anjos que se rebelaram contra Deus seguindo Lúcifer, e que têm a capacidade de assumir a forma humana, existem também os demônios ou espíritos malignos. Provavelmente são os espíritos desencarnados daqueles que nasceram do cruzamento de anjos com humanos descrito em Gênesis 6 e 2 Pedro 2:4, ou talvez de alguma criação anterior àquela descrita a partir do versículo 2 do capítulo 1 de Gênesis, quiçá contemporâneos dos dinossauros. Seja qual for sua origem, sua existência é real e, apesar de sua incapacidade de assumir a forma humana, eles são capazes de influenciar e possuir os corpos de homens e animais para cumprirem seus propósitos de engano. Veja uma lista deles:

Espíritos surdos-mudos (Mc 9:17), espíritos maus (Lc 7:21), espíritos de adivinhação (1 Sm 28:7, At 16:16), espíritos mentirosos (2 Cr 18:21), espíritos perversos (Is 19:14), espíritos enganadores (1 Tm 4:1), espíritos imundos (Lc 4:33), espírito do anticristo (1 Jo 4:3), espíritos escravizadores (Rm 8:15), espíritos destruidores (1 Co 10:10), espíritos de erro (1 Jo 4:6), espíritos de enfermidade (Lc 13:11), espíritos de luxúria (Os 4:12).

É importante notar que mesmo os espíritos imundos estão sujeitos a Deus e, assim como ocorre com Satanás, só podem agir dentro de certos limites, como foi o caso de Satanás com Jó. Esses espíritos reconhecem a autoridade de Jesus e se submetem a ele (Mc 1:27, Lc 4:36), tremendo diante dele (Tg 2:19). Deus pode usá-los para cumprir seus propósitos, como vemos em Sl 78:49 e Jz 9:23.

Mas agora vem a parte que concerne aos cristãos, que devem vigiar para que as portas de sua festa não estejam escancaradas, como no exemplo que dei. Quando um grupo de pessoas fica extasiado em busca de milagres e maravilhas, e não na busca do Senhor e sua Palavra, elas se tornam vulneráveis a toda espécie de erro e manipulação da parte desses espíritos, mesmo que muitas delas sejam realmente convertidas. Isso quando já não estão sendo manipuladas por “pastores” ávidos por dinheiro e prontos a promover todo tipo de entretenimento espiritual na forma de manifestações milagrosas.

Embora o trigo, que são os verdadeiros crentes, não possa ser possuído por demônios, o joio que convive em seu meio e às vezes até dirige congregações pode ser um instrumento do diabo. Apartar-se da verdade abre as portas para o erro, como aconteceu com Saul em 1 Samuel:

(1 Sm 16:13-15) “…desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi… E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do SENHOR. Então os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora o espírito mau da parte de Deus te atormenta;”.

Observe que no Antigo Testamento os crentes não tinham ainda o Espírito Santo habitando em si, mas apenas sobre si, influenciando-os e guiando-os. É neste sentido que o Espírito do Senhor se retirou de Saul, já que aqueles, na atual dispensação que são habitados pelo Espírito Santo, não podem perdê-lo.

Mesmo assim, quando somos advertidos em Efésios 4:27: “Não deis lugar ao diabo” isso é porque Deus sabe que se começarmos a flertar com o mundo espiritual, interessados em manifestações, adivinhações, profecias e sinais mirabolantes, logo o diabo vai perceber nossa porta aberta e enviará um bando de demônios penetras para nossa festa. E eles certamente serão capazes de promover uma festa de arromba, com muito entretenimento espiritual para nos manter presos ao engano.

Concluindo, deixarei para você discernir se os casos que mencionou são realmente vindos de Deus ou do diabo. O que vem de Deus exalta a Cristo e leva nosso olhar para ele. O que vem do diabo exalta o homem e, como um vício, deixa sempre o desejo de consumir mais dessas manifestações. Nem preciso dizer que hoje há muitos cristãos que são viciados em manifestações espirituais, como se a sua fé não se contentasse em ter a Cristo diante de si, mas precisasse constantemente estar cercado de testemunhos emocionantes. São como viciados em algum tipo de droga espiritual que causam visões e êxtases, sem o que acham que não podem viver.

Para esses, Jesus apenas já não satisfaz.

Sempre que estiver diante de manifestações espirituais, procure julgar se aquilo está sendo feito com algum proveito. Alguém que adivinhe particularidades da vida de uma pessoa não está trazendo proveito algum a ela, a não ser torná-la dependente de sua capacidade de adivinhação e colocando-se como alguém com superpoderes aos olhos delas. Isso não passa de exaltação da carne.

O Senhor não fazia seus sinais e milagres como um mágico faz seus truques para arrancar aplausos e “Oh!” da plateia. Cada milagre, sinal ou palavra que ele falava tinha um objetivo claro e definido de bênção (ou às vezes de condenação) de seu interlocutor. Não eram tampouco coisas que tinham o objetivo de alisar o ego do outro, como algumas “profetadas” que costumo ouvir ou até ler em e-mails e mensagens deixadas nas redes sociais. Coisas do tipo, “Deus tem uma grande obra para você!”, “Estou vendo que Deus fará de você um pregador famoso!”, etc.

No espiritismo isso é muito usado para atrair e segurar noviços. Há espíritas que são loucos para dizer aos recém-chegados: “Você tem mediunidade, precisa desenvolver!”. Pronto, prato cheio para o ego de quem vai atrás dessa conversa e ótima isca para fisgar incautos com problemas de baixa autoestima.