Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe. E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram outro. Depois, enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo. E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha e o mataram. Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? (Mateus 21:33-40)
Durante Sua última visita a Jerusalém, a Salvador tinha pleno conhecimento que havia uma conspiração ao redor e que os líderes de Israel estavam planejando Sua morte. Nesta parábola impressionante registrada por Mateus, Marcos e Lucas, Ele expõe completamente a intenção deles. Isso irritou Seus inimigos a ponto de desejaram prendê-Lo imediatamente, mas eles temeram o povo (Mateus 21:46).
A parábola dos lavradores, embora dirigida contra os líderes, mostra toda a história de Israel desde o dia em que Deus começou a conceder favores a eles. Sua bela herança é comparada a uma vinha, contendo tudo que conduz a abundantes frutos. Em algumas regiões do planeta, o aluguel não é pago somente em dinheiro, mas em produtos, em nossa parábola, frutos da colheita. Mas, como vimos na parábola, Deus buscou em vão qualquer retorno de Israel. Oito séculos antes da vinda de Cristo, Ele declarou: “Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?” (Isaías 5:4). Nada além de mais ingratidão e pecado foram realizados por Israel por todos os favores com que Deus os abençoava. Violência e o assassinato foram repartidos aos Seus mensageiros: eles “feriram um, mataram outro e apedrejaram outro”. Estevão os contestou duramente: “Qual dos profetas não perseguiram vossos pais?” (Atos 7:52). O clímax do insulto e da iniquidade foi alcançado quando o Filho veio, e eles disseram entre si: “Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança”. Dias depois desse evento, essas palavras receberam sua dolorosa realização – o Filho de Deus estava morto no sepulcro.
A história de Israel é a história do homem em toda época e lugar. No registro deles, vemos nossos próprios corações refletidos. Se não percebermos isso, perderemos todo o valor moral da parábola. O homem caído é totalmente infrutífero para Deus; e, o que é pior, seu coração está cheio de oposição a Deus e a Seu Filho. As palavras do apóstolo Paulo sobre isso são muito profundas: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. Nenhum proveito, a menos por uma nova criação por meio da Palavra e do Espírito.
Em resposta à demanda do Senhor sobre o que deveria ser feito aos lavradores maus, Seus ouvintes pronunciaram sua própria sentença. “Ele dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe dêem os frutos”. Eles queriam a herança para si, separados completamente da reivindicação divina; eles deveriam ser destruídos. “A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isso e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó” (Mateus 21:42-44). Até a tolerância de Deus tem limites.
O julgamento sobre o infrutífero Israel já caiu; o julgamento da cristandade infiel está se aproximando rapidamente. Dele ninguém escapará, exceto pela fé no nome do Salvador e em Seu precioso sangue expiatório.
W. W. Fereday