O cenário
“Foste servo na terra do Egito e de que o SENHOR, teu Deus, te resgatou” (Deuteronômio 15:15).
Antes de embarcar na história de Calebe é importante conhecer o cenário onde ela é passada. Os filhos de Israel tinham acabado de serem remidos pelo sangue do Cordeiro Pascal, e libertos pelo poder de Deus da escravidão de Faraó e do Egito, uma imagem muito apropriada e ilustrativa de Satanás e deste mundo.
Espero que todo leitor esteja debaixo da obra de Cristo e tenha sido lavado em Seu sangue, do qual a Páscoa é uma figura muito preciosa. “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7). Precisamos compreender também que o Senhor Jesus “se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus, nosso Pai” (Gálatas 1:4).
É a obra da cruz que nos separou deste mundo que está sob juízo. Agora, como um povo santificado ou “separado”, não estamos mais sob a autoridade de Satanás, o “deus” e “príncipe” deste mundo. Não pertencemos mais a este sistema “mundo”. Pertencemos agora ao céu e estamos sob o Senhorio daquele que nos amou o suficiente para morrer por nós, nos salvou de nossos pecados e providenciou um lar maravilhoso na casa do Pai no final da jornada no deserto. Não é de admirar que o apóstolo Paulo pudesse escrever: “longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo” (Gálatas 6:14). Apesar do fato que ainda estamos fisicamente aqui neste planeta, nunca mais seremos parte dessa terra triste, pecaminosa e amaldiçoada, e de seu sistema social, político e religioso, que continua independente de Deus e indiferente ao seu Filho. Somos cidadãos do céu, e este mundo não tem direito sobre nós, assim como faraó e os egípcios não tinham direito ou autoridade sobre os israelitas, assim que eles cruzaram o Mar Vermelho. Os israelitas tinham certeza disso antes mesmo de atravessarem as águas. “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do SENHOR, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre” (Êxodo 14:13). As demandas de Deus foram atendidas na noite da páscoa, e eles ainda foram libertos das reivindicações do inimigo na noite em que passaram pelo Mar Vermelho. Redenção e libertação completas e finais.
Não mais no Egito,
Não mais um escravo na terra do Faraó;
Não mais sob seu jugo,
Ou espancado pela mão cruel.
Para sempre salvo, não mais com dor
Para sempre libertos e separados
Para sempre, para o coração do Senhor
E a liberdade para nos comunicar
Os filhos de Israel nunca voltaram ao Egito no que diz respeito à posição de povo de Deus. Neste mesmo sentido, quando cruzaram o Mar Vermelho, nunca mais puseram os pés em solo egípcio. Como já foi dito, nunca mais estiveram sob a autoridade do faraó e dos egípcios. No entanto, nós lemos, “em seu coração, (eles) voltaram ao Egito” (Atos 7:39). Da mesma forma, um crente nunca mais fará parte deste mundo novamente, mas podemos, e talvez muitas vezes, em nossos corações voltamos para ele.
Com que frequência achamos nossas afeições mais centradas no mundo do que centradas em Cristo?
Lembramos e ansiamos pelas coisas do mundo, tentando satisfazer a fome de nossos corações com aquelas coisas que talvez uma vez nos entregamos, ou nunca tivemos, em nossos dias não-salvos, pelas misericórdias do Senhor, mas pensamos que elas seriam doces e agradáveis. Como Israel, que murmurou e disse: “Lembramo-nos do peixe, que de graça comíamos no Egito, dos pepinos, dos melões, dos porros, das cebolas e dos alhos” (Números 11:5). Já estive no Egito diversas vezes para entender, do ponto de vista natural, o anseio por essas coisas, pois certamente são muito saborosas. Na verdade, nunca comi melões tão doces e refrescantes quanto os do Egito. No entanto, o ponto é que nada disso fornece uma satisfação duradoura. O que o sistema mundo oferece parece bom e satisfatório, mas apenas nos corrompe e, ao final, deixa um vazio atormentador em nossa alma.
Então, como um povo redimido e liberto, os filhos de Israel estão prestes a iniciar a jornada do deserto. A história de Calebe se passa através deste cenário, e foi cuidadosamente registrada pelo Espírito Santo de Deus, através do servo de Deus, Moisés, que foi usado para escrever os primeiros cinco livros da Bíblia, ou o que é freqüentemente chamado de Pentateuco.