Seguidor Fiel – Meditações Práticas sobre a vida de Calebe – Parte 15

Incompreendido

“Então, disse toda a congregação que os apedrejassem” (Números 14:10). Permanecer contra a multidão é um grande teste de quão real e genuína é a nossa fé

e quanto valorizamos a verdade. Calebe estava mais do que disposto a permanecer nessa posição, mesmo diante da morte. Nunca foi fácil, em época alguma, permanecer com o Senhor e não com a opinião popular e consenso geral. Que possamos permanecer em tal posição, mesmo que isso signifique ficar sozinho.

“Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem se aflija” (1 Pedro 3:14). Calebe sofreu, não por alguma transgressão, mas porque ele defendia o que era certo. Este é o tipo de vergonha mais difícil de suportar, especialmente quando vem de nossos irmãos, e as pessoas mais próximos de nós. Seguir a multidão e apenas ir em frente é o caminho de menor resistência. Imagine o salmão, o que aconteceria se ele nunca subisse rio? Logo não haveria mais salmão, pois sua multiplicação depende de sua chegada aos seus locais de desova. Há sempre um custo quando deixamos de tomar uma posição pelo Senhor e pela verdade, um custo que não vale o preço.

Todos os irmãos de Calebe se voltaram contra ele e Josué. Alguma vez você já se sentiu assim? Talvez você tenha feito algo pelo Senhor e ninguém tenha apreciado isso. Talvez você tenha tentado ser fiel em uma determinada situação, e você foi mal compreendido, e pior ainda, ridicularizado e reprovado, mesmo pelos irmãos mais próximos de você. Não importa, apenas deixe isso com o Senhor, pois Ele é o único que tem o registro correto. Ele dá o devido valor ao que é feito para Ele. Deve ser justamente Sua aprovação e admiração que buscamos e desejamos. Quando Maria de Betânia derramou seu unguento aos pés do Senhor Jesus, todos os discípulos falaram contra ela. Mas o Senhor deixou clara sua aprovação dizendo: “Deixai-a, para que a molestais? Ela fez-me boa obra” (Marcos 14:6). Muitas vezes, os cristãos estão mais preocupados com o que os outros pensam do que com o que o Senhor pensa.

O apóstolo Paulo foi questionado e incompreendido pelos irmãos de Coríntios. Eles questionaram sua autoridade como um apóstolo, seu ministério, seu dom e até sua capacidade de apresentar a verdade, e assim por diante. Mas ele lhes diz: “Pelo que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes” (2 Coríntios 5:9). Ele registrou no final de sua vida, em relação a sua primeira defesa diante de Nero: “Ninguém esteve ao meu lado… pelo contrário todos me desampararam” (2 Timóteo 4:16). Paulo havia ensinado coisas que haviam despertado o ódio dos judeus e coisas contrárias ao sistema romano pagão, e teve que responder por sua vida, e “sozinho”. Lemos do Senhor: “Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo; esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum”

(Salmo 69:20) Então, novamente no Salmo 102:7: “Vigio, e tornei-me como um passarinho solitário no telhado”. A verdade nunca foi popular e nunca será. Além disso, aqueles que defenderam a verdade nunca foram populares e nunca serão. Como já dissemos, o tipo mais difícil de censura a ser aceita é do nosso companheiro cristão, e especialmente daqueles com quem estamos em comunhão e com quem partimos o pão todas as semanas. Eles são aqueles com quem estamos mais próximos, e sentimos que devem conhecer melhor ou compartilhar nossos exercícios. Lembre-se, se o crente tenta agradar a todos, e como diz um certo ditado, fazendo o melhor dos dois mundos, seja com o descrente ou em seu círculo cristão, ele descobrirá que seu testemunho perdeu sua eficácia e poder. Ele começará a questionar em sua própria mente a verdade e as convicções que ele mesmo já guardou. Não, que possamos desejar agradar ao Senhor e permanecer firmes pela verdade em todos os momentos e a todo custo. Você tem medo de ficar sozinho por aquilo que acredita? Você tem medo de perder alguma popularidade entre o mundo ou seus irmãos, ou perder alguma vantagem, real ou imaginária? Lemos duas coisas notáveis sobre Enoque:

• Ele “andou com Deus” (Gênesis 5:22).

• “Ele “teve o testemunho de haver agradado a Deus” (Hebreus 11:5).

O mundo tem um ditado: “Se você não permanece em algo, você vai cair por qualquer coisa!” Quando se trata da verdade das Escrituras, devemos permanecer firmes ou ficaremos soltos para sermos “jogados de um para outro lado e levados ao redor por todos os ventos de doutrina” (Efésios 4:14).

Me contaram a história de um homem que costumava pregar em duas diferentes denominações que não concordavam com certos princípios fundamentais das Escrituras. Uma irmã perguntou como isso seria possível? Ele assegurou-lhe que tomava o cuidado de não dizer certas coisas dependendo de qual grupo ele estava se dirigia e que havia certas Escrituras nas quais ele nunca falou em nenhum dos dois lugares. A resposta dela foi citar Tiago 1:8: “Um homem de mente dupla é instável em todos os seus caminhos” (versão Darby).

A verdadeira questão é, de quem é a aceitação que realmente estamos buscando em nosso caminho através deste mundo? Se estamos verdadeiramente buscando a aprovação e aceitação do Senhor, então podemos silenciosamente deixar com Ele todos os mal-entendidos mesmo de nossos irmãos, sabendo que um dia tudo será manifestado, atribuído e recompensado de acordo com Seu perfeito entendimento. Isso nos ajuda a “nada julgar antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor” (1 Coríntios 4:5).

Também temos o exemplo perfeito do Servo Perfeito, o Senhor Jesus Cristo, de quem lemos: “o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1 Pedro 2:23). Que exemplo! Sabendo que tudo o que Ele disse e fez foi feito para a satisfação e glória de Deus Seu Pai, o Senhor pôde deixar tudo em Sua mão, e esperar por aquele dia de vindicação, que ainda é futuro. Se o Senhor espera há mais de dois mil anos pelo momento de Sua justificação neste mundo, que possamos nos contentar em esperar um pouco também. Nem tudo será endireitado deste lado da glória e julgamento do tribunal de Cristo, mas certamente será naquele momento. Que alegria e gozo será ouvi-Lo: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25:23). 
Que você e eu possamos nos alegrar em esperar por esse tempo. Calebe teve a aprovação e aceitação do Senhor, e que isso seja nosso desejo e vontade também.