Cartas para jovens crentes
W. J. Hocking
2. Oração reverente e habitual
Pouco tempo atrás, escrevi para você sobre a necessidade de ler sistematicamente a Palavra de Deus: agora desejo fazer algumas observações práticas sobre o tema “oração”.
E, em primeiro lugar, sinto que devo dizer que é extremamente necessário que você lembre que na oração você se dirige a Deus. O salmista disse: “Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei. Pela manhã, ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela manhã, me apresentarei a ti, e vigiarei” (Salmos 5:2-3). A oração é o exercício do coração em direção a Deus com solenes pedidos de bênçãos necessárias.
Embora acreditando que você conheça a verdade elementar tanto quanto eu, ainda penso que não me engano ao supor que esteja em grande perigo de esquecer o alto e santo caráter dAquele a quem você ora. Não estou agora ignorando o fato de que Deus é nosso Pai e que nossa relação com Ele é muito próxima e querida. Mas, ao mesmo tempo, Ele é Deus e Pai; e, portanto, um espírito de reverência nos toma, e isso é de fato, inseparável de toda verdadeira oração. Que possamos nos lembrar que os privilégios da graça nunca eliminam ou removem as responsabilidades da criatura.
Tendo isso em mente, busque sentir-se na sagrada presença de Quem você está. Dobre seu coração diante Dele. Impressione sua própria alma que Ele é onisciente, bem como onipotente – que lê seus pensamentos mais íntimos com mais facilidade do lemos um livro.
Você admitirá, tenho certeza, a tendência de seu coração, mesmo na solene ocasião de dirigir-se ao Senhor, seja em silêncio ou audivelmente, vagar por outros temas impróprios. Na linguagem das escrituras, seus lábios se aproximam, mas seu coração está longe. Isso decorre de uma falta de compreensão ou ao esquecer a real natureza desta ocupação sagrada e a presença inexplicável e santa em que você está.
Você acha, creio eu, que caia nessa armadilha com mais frequência durante suas orações habituais, nas manhãs e noites, por exemplo. De repente você percebe que está apresentando pedidos mecanicamente e, ao mesmo tempo, seus pensamentos viajam em todas as direções. Essa falha, se não for tratada, fará com que suas orações se tornem “vãs repetições”, odiadas por Deus e prejudiciais em vez de benéficas para você.
A única proteção contra este erro é cuidar para que antes de começar a orar ter em mente que você está prestes a dirigir-se a DEUS, com Quem não devemos brincar. A alma do crente instintivamente assumirá a atitude adequada de “reverência e piedoso temor”.
Mas agora me referi à prática da oração habitual. Este é um ponto importante e exige uma ou duas palavras. Espero que seja verdade para cada um de vocês; a oração é, sem dúvida, a fonte “secreta” do poder espiritual. E assim como o corpo natural precisa de suprimentos regulares de ar e comida, a alma sempre precisa de suprimentos regulares de graça celestial para enfrentar as constantes mudanças e desafios da vida diária. Podemos, portanto, torná-la uma regra muito rígida usando um tempo determinado em sincera oração pelo menos duas vezes por dia.
Podemos organizar estes períodos de acordo com nossas próprias particularidades; mas pela manhã e a noite são certamente bons momentos. Ao dizer “duas vezes por dia”, no entanto, eu só menciono o mínimo. Lembramos, sem dúvida, que as escrituras dizem para orar sempre, sem cessar e em toda parte. Então, quaisquer oportunidades que possamos ter para isso, temos a liberdade de aproveitar ao máximo esses momentos.
Alguns têm medo de tornar uma “regra”; mas tenho para mim que eles têm é medo de quebra-la quando isso é feito. Espero que nenhum de vocês busque desculpar-se por passar um dia inteiro sem oração apelando ao fato de não querer estar preso a uma regra. Para mim, devo arriscar-me a ser comum dizendo que penso que os bons hábitos são coisas muito boas para serem colocadas em prática e os maus hábitos são coisas muito ruins, mas fáceis de se acostumar a fazer e as piores coisas para se livrar; a melhor maneira de evitar maus hábitos é adquirir bons.
Convença-se, portanto, se necessário com muitas dores, de se tornar um cristão disciplinado. E lembre-se que não pode haver ordem espiritual na alma, a menos que esteja na estrutura correta em direção a Deus. Abra sua Bíblia e deixe Deus falar com você; dobre os joelhos e fale seus pedidos a Deus.
O cristão é como um mergulhador no fundo do mar, cuja vida depende da manutenção de uma conexão com a superfície. Não há nada ao seu redor para sustentar a vida, muito pelo o contrário. Um tubo fornece ar para respirar e na mão ele segura os meios de chamar a ajuda de cima no momento do perigo. Essa conexão deve ser mantida constantemente. Sendo assim, o crente deve estar em comunicação contínua e regular com o poder do Alto. Isso deve ser feito pelo hábito regular da oração.
Se começarmos o dia com oração faremos isso. Provavelmente nos lembraremos de orar. “Orar sem cessar.”
Espero, se o Senhor permitir, voltar a esse assunto.
“A oração é o sincero desejo da alma.
Dito ou não;
Os movimentos de um fogo oculto
Que treme no peito.
A oração tem o peso de um suspiro,
Da queda de uma lágrima,
Do olhar para cima
Quando ninguém além de Deus está perto.
A oração é a respiração vital do cristão
O ar do cristão;
Seu lema nos portões da morte;
Ele entra no céu com oração.
Ó por quem viemos a Deus!
A Vida, a Verdade, o Caminho!
O caminho da oração Tu pisou:
Senhor! Ensina-nos a orar”.
James Montgomery.