Números 15:1-21

(para melhor proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)

  

Não sabemos quanto tempo se passou entre as trágicas cenas de Números 14 e Números 15, seria de se pensar que a incredulidade e a rebelião do povo haviam retirado todos os seus direitos à terra de Canaã. Essa é uma amostra da aparente desordem na Palavra de Deus, mas que na verdade é apenas um exemplo de uma ordem superior e divina. Deus não organiza as coisas de acordo com o homem. Se tivermos paciência e fé para crer que tudo é para a glória Dele, Deus sempre mantém a sua glória, podemos provar isso e conhecê-la melhor no devido tempo. Não precisamos esperar até chegar ao céu; podemos contar que tudo está de acordo com a Sua vontade para nós aqui. “…se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2:13).

Os propósitos de Deus, embora impedidos pelo pecado, nunca são frustrados. A terra de Canaã foi prometida a Abraão e se uma geração de seus descendentes não teve fé suficiente para recebê-la, Ele a daria a seguinte. Por isso, imediatamente depois Deus vem falar da terra da promessa, mostrando que nada poderá dissuadi-lo de cumprir os seus propósitos de graça. Que contraste entre “não verão a terra de que a seus pais jurei” (Números 14:23) e o que o Senhor diz no versículo 2, “Quando entrardes na terra da vossa habitação, que Eu vos hei de dar”. Não é maravilhoso? Sua graça e fidelidade será a causa do assentamento de Israel na terra. Desobediência, da parte deles, graça da parte de Deus! Nunca se esqueça disso. 

Neste capítulo também é mencionado os diferentes sacrifícios: holocaustos, ofertas voluntárias (versículo 3), sacrifício pacífico (versículo 8), oferta pelo pecado (versículo 24) juntamente com ofertas de manjares e libações, como para lembrá-los de que Deus tem os recursos para lidar com os piores crimes, ou melhor, um único recurso que é, em seus múltiplos aspectos, a obra do Seu amado Filho. Por isso, por mais triste que seja a condição do povo, sobe “um cheiro suave ao SENHOR” (uma expressão repetida cinco vezes – versão Darby). A obra de Cristo, apresentada em figura em seus mais variados aspectos, também é mostrada como sendo em favor do maior número de pessoas. A lei para o estrangeiro era idêntica a do israelita de nascimento; era permitido oferecer os mesmos sacrifícios e as mesmas libações, prefigurando a graça que se estende para além de Israel, um evangelho “pregado a toda criatura que há debaixo do céu” (Colossenses 1:23). O Senhor pensa naqueles que não fazem parte de Seu povo terreno Israel, e quer abençoá-los também. Nós Gentios éramos estrangeiros e desarraigados, mas fomos introduzidos na mais maravilhosa bênção por meio da obra de Cristo por nós. A igreja de Deus é formada de Judeus e Gentios (Efésios 2:13-18). E deverá compartilhar as glórias com Cristo no céu para sempre.

Os versículos 17 a 21 tratam das primícias e nos lembram que o Senhor sempre tem o primeiro direito sobre tudo o que possuímos (Mateus 6:33).

Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.