(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Este capítulo possui duas partes bem distintas – uma muito boa (1 a 9) e outra muito ruim (10 a 23).
A primeira parte é dentro da casa de Deus (versículo 3). Os versículos 10-23 são fora.
Repare em algumas lindas palavras.
Versículo 1 – O Senhor;
versículo 2 – azeite puro, luz contínua,
versículo 3 – testemunho (reputação);
versículo 4 – candelabro puro;
versículo 5 – flor de farinha,
versículo 6 – mesas puras;
versículo 7 – incenso puro;
versículo 8 – permanente;
versículo 9 – Santo, Santo dos Santos.
Todas essas palavras falam da linda atmosfera dentro do tabernáculo (onde Deus encontrava os sacerdotes).
A luz devia ficar acesa o tempo todo.
O pão era comido todos os Sábados por Aarão e seus filhos.
Isto pode nos ensinar de que precisamos da luz de Deus para todos os momentos da nossa vida – João 12:36; João 12:46.
No lugar santo, a luz sempre brilhava sobre Aquele que é o Sustentador da luz, o Senhor Jesus. A luz fala de testemunho, e Cristo é sempre o objeto de todo testemunho para Deus. A luz é mantida pelo fornecimento constante do azeite (o Espírito de Deus), os pavios estão lá, não para serem exibidos, mas para queimar, assim como os crentes são para queimar para o Senhor, para não aparecerem. Na verdade, os pavios devem ser muitas vezes aparados para que a luz possa queimar brilhantemente, um lembrete do autojulgamento que achamos constantemente necessário. Quanto mais brilhante a luz brilhar, menos veremos do pavio. Se o pavio não for aparado, isso chamará a atenção mais para o pavio do que para a luz e o cheiro do pavio também chamará a atenção!
A luz não fala de um testemunho público, como fazem as trombetas, mas do constante testemunho de nossa conduta diária, que não devemos deixar passar. Era também trabalho sacerdotal cuidar das lâmpadas (versículos 3 e 4). Assim como o Senhor Jesus nos trata para produzir o autojulgamento, que será espontâneo se nós mesmos praticarmos nossas próprias funções sacerdotais. Isto é, cooperaremos plenamente com Ele nesta obra necessária.
Como vimos, havia durante o ano festas e ocasiões especiais de reunião para os filhos de Israel. Somente algumas vezes era necessário que eles se apresentassem. Por outro lado, o serviço realizado em seu favor nunca cessava. As lâmpadas eram mantidas acesas continuamente (versículo 3). Como é bom perceber que, mesmo quando estamos muito ocupados com os negócios desta vida para pensar no céu, mesmo quando a nossa comunhão é interrompida, a luz de Cristo – o divino candeeiro, nunca deixa de brilhar diante de Deus em toda sua luminosidade. E o quê Ele ilumina? Os doze pães em ordem sobre a mesa, que representam o povo de Deus em sua totalidade, reunidos em perfeita ordem no santuário sagrado.
Os versículos 5 a 9 nos falam de comunhão contínua.
Os sacerdotes eram encarregados de manter a mesa com o pão. A mesa é uma figura de Cristo como o Sustentador da comunhão, e os doze pães, trocados todas as semanas, que simbolizavam as doze tribos de Israel, são ao mesmo tempo significativos para todos os santos de Deus hoje, todos privilegiados para desfrutar da Comunhão do Pai e do Filho em unidade.
Essa comunhão é apenas ocasional? De jeito nenhum. Pão fresco era para ser colocado sobre a mesa todos os sábados (versículo 8). Assim, nossa comunhão com Deus e com Seus santos deve ser contínua, nunca devia tornar-se obsoleta. Assim como os sacerdotes eram responsáveis por isso, assim, se estivermos atuando como sacerdotes, estaremos sempre em comunhão com o Senhor.
O pão era colocado em duas fileiras, seis em cada fileira (versículo 6), são necessárias duas partes para comunhão. O incenso também deveria ser colocado nos pães (versículo 7). Incenso significa pureza. Fala do Senhor Jesus na perfeita pureza de Sua humanidade, que transmitirá o caráter próprio e piedoso à nossa comunhão.
Quando substituído, o pão que era removido a cada sábado era então para ser comido por Aarão e seus filhos. Não era para todo o Israel, mas para a família sacerdotal. Hoje, todos os crentes são sacerdotes (1 Pedro 2:5), de modo que somos identificados com Cristo. Juntos com nosso Grande Sumo Sacerdote em comunhão, desfrutando daquilo que nos lembra Dele e de Sua grande obra de sacrifício e sofrimento a nosso favor. Por uma semana o pão era exibido, mas não comido. Essa exibição era o testemunho do que é a verdadeira comunhão, embora não seja a participação real. Mas, no final da semana, os sacerdotes deviam comê-lo, assim figurativamente, de forma prática, entrar na bem-aventurança da comunhão com Deus através de Seu amado Filho. Hoje podemos aprender, na Palavra de Deus, qual é o significado da comunhão, mas precisamos também nos alimentar com o próprio Cristo, o pão da vida, o pão que desceu do céu – João 6:32-35.
A partir do versículo 10, o contraste – pecado – discórdias – blasfêmia – maldição – prisão – apedrejamento até a morte – morte. Tudo isso é resultado do pecado. Após os versículos que falaram da pura luz e pura comunhão do santuário, encontramos aqui um contraste chocante. Uma contenda ocorre entre dois homens, e um deles (cuja mãe era um israelita, mas seu pai egípcio) blasfemou o nome do Senhor e amaldiçoou (versículos 10 e 11). Embora Israel sequer tenha percebido, foi exatamente o que eles fizeram quando rejeitaram o Senhor Jesus. Eles blasfemaram e insultaram o Filho de Deus. Embora os sacerdotes em Israel tivessem um lugar privilegiado no templo de Deus, como mostram os versículos 1 a 9, eles mostraram total desprezo pelo Senhor daquele templo quando Ele veio entre eles. (Lucas 22:63-65).
O episódio do blasfemador e do seu castigo nos ensina que apesar desta posição privilegiada, a apostasia fará a sua aparição no meio do povo de Deus e terá uma punição terrível. “O nome acima de todo nome” foi blasfemado quando o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo foi insultado, rejeitado e crucificado. Assim será novamente no futuro próximo, quando o “homem do pecado”, o anticristo, vai se opor e se exaltar acima de tudo que se chama Deus. O Senhor Jesus o destruirá pelo esplendor da sua vinda. (2 Tessalonicenses 2:4 e 8). Um privilégio estar em Cristo, liberto da corrupção que há no mundo.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.