Incredulidade
“E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada qual maioral entre eles. E enviou-os Moisés do deserto de Parã, segundo o dito do SENHOR; todos aqueles homens eram cabeças dos filhos de Israel” (Números 13:1-3).
Quando a história de Calebe se desdobra, vemos que o Senhor instruiu Moisés para designar homens para entrar e espiar a terra de Canaã. Se Números 13 fosse tudo o que tivéssemos, poderíamos pensar que era realmente o desejo do Senhor que eles mandassem esses espias. No entanto, uma leitura cuidadosa de Deuteronômio 1 mostra que não era o que o Senhor tinha em mente. Sua instrução inicial e desejo para eles era que, por fé, subissem e tomassem posse de sua herança imediatamente. Se tivessem feito isso, nunca teriam que desembainhar uma espada para os habitantes da terra, pois Sua promessa era que Ele iria antes e expulsaria seus inimigos. Esta era a Sua orientação para o Seu povo, mas por causa de sua incredulidade, Ele permitiu que enviassem espias em Sua vontade indulgente. Leia o que Moisés diz naquele capítulo: “O SENHOR, vosso Deus, que vai adiante de vós, por vós pelejará, conforme tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos, no Egito; como também no deserto, onde viste que o SENHOR, teu Deus, nele te levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este lugar. Mas nem por isso crestes no SENHOR, vosso Deus” (Deuteronômio 1:30-32).
Muitas vezes nas Escrituras vemos Deus permitindo coisas em Sua vontade indulgente, situações que não estavam de acordo com Sua vontade orientadora. Ele age assim quando existe uma condição moral ou espiritual baixa no Seu povo. Lembre-se, porém, quando não seguimos Sua vontade orientadora, sempre existirá uma perda, de uma forma ou de outra. Um outro exemplo disso são as codornas que ele enviou quando imploraram por carne. Lemos que: “E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar a sua alma” (Salmo 106:15). Novamente, em Sua vontade indulgente, Ele permitiu algo que realmente não era para o bem deles. É por isso que nunca deveríamos implorar ao Senhor por algo que pode não estar de acordo com os Seus pensamentos, isso pode não ser para nossa bênção e benefício. Ele pode permitir, mas haverá alguma colheita negativa. Que possamos sempre orar no espírito do Senhor Jesus, como o homem dependente, “Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42).
Outro exemplo de Deus permitindo algo em Sua vontade indulgente é em relação ao divórcio. Observe o que o Senhor respondeu à pergunta dos fariseus sobre esse assunto. “E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso coração vos deixou ele escrito esse mandamento; porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem” (Marcos 10:4-9). O divórcio nunca esteve nos pensamentos de Deus sob qualquer circunstância, mas Ele permitiu por causa da condição dos corações das pessoas naquele tempo.
É triste ver neste ponto da história de Calebe que os corações do povo de Deus estavam cheios de incredulidade. Durante minha juventude, em nossa assembleia, muitas vezes fomos lembrados por um irmão em Cristo mais experiente, que era possível sermos “crentes incrédulos”. Durante toda a sua história no deserto, por diversas vezes a incredulidade tomou conta. “Também desprezaram a terra aprazível; não creram na sua palavra. Antes, murmuraram em suas tendas e não deram ouvidos à voz do SENHOR” (Salmo 106:24-25).
Esta foi realmente a dificuldade com o apóstolo Tomé, depois que o Senhor ressuscitou dos mortos. Muitas vezes falamos sobre a necessidade de “ver para crer” de Tomé, mas foi muito mais do que isso. Tomé disse: “A menos que eu veja…de maneira nenhuma crerei” (João 20:25).Tomé era verdadeiro, ele era um discípulo verdadeiro! No entanto, houve um tempo sua vida que ele também foi um “crente incrédulo”. O Senhor teve que dizer a ele: “Não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:27).
Confiança e coragem sempre andam de mãos dadas. Isso é exemplificado na vida de muitos homens e mulheres na Bíblia, como Abraão, Débora, Gideão, Neemias, Ester e, é claro, Calebe. Em triste contraste, a incredulidade e a covardia sempre parecem existir e andar juntas.
Muitas vezes somos exortados a “confiar no Senhor”. Ele é totalmente digno de nossa confiança e nunca desapontará nossa fé. Ele é capaz tanto para os grandes como os pequenos passos da fé, e do mesmo modo para os grandes desafios da vida, bem como a rotina e o trabalho diário. Que possamos lembrar as palavras de Salomão: “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Seu pai Davi havia escrito anteriormente: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará” (Salmo 37:5).
Conta-se a história de duas mulheres cristãs que conversavam em uma tarde enquanto tomavam uma xícara de chá. Uma disse a outra: “Tenho um versículo muito reconfortante que me ajuda muito. É esse, “No dia em que eu temer, colocarei a minha confiança em ti” (Salmo 56:3). A outra cristã respondeu: Tenho um que penso ser melhor do que esse: “Confiarei e não temerei” (Isaías 12:2).
A conclusão do assunto da história de Israel até este momento é resumida neste versículo: “E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” (Hebreus 3:19). Na verdade, que resumo triste.
A incredulidade na vida de um crente,
é algo triste e lamentável,
Ela nubla sua visão do objetivo,
E deixa sua alma atormentada.
A incredulidade na vida de um crente,
Faz com que seu espírito se encolha,
Que ele se atormente e se preocupe,
Franze a testa, suspire, e feche a cara.
A crença verdadeira na vida de um crente,
Torna o espírito contente de verdade,
Para fazer a vontade de Deus e agradar ao Senhor,
Do eu e do medo, liberto.
A crença verdadeira na vida de um crente,
É como a brisa do verão;
Refrescante para o coração cansado
Toda promessa é aproveitada.