Vamos agora olhar para algumas das bênçãos desfrutadas pelo verdadeiro cristão. Mas ao olhar para este assunto, deve ser claramente entendido que é somente a partir da ressurreição do Senhor Jesus Cristo e da vinda do Espírito Santo que as bênçãos cristãs foram reveladas. Mesmo o próprio Senhor Jesus Cristo, enquanto esteve na Terra, não revelou essas bênçãos. Ele disse: “tenho de ser batizado com um batismo, e como me angustio até que ele se cumpra!” (Lucas 12:50). E novamente: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas não o podeis suportar agora; quando vier, porém, aquele Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:12-13).
O apóstolo Paulo também, citando Isaías 64:4 diz: “mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não entraram no coração do homem, Tudo quanto preparou Deus para os que o amam. Pois Deus no-las revelou a nós pelo Espírito; porque o Espírito tudo esquadrinha, até as coisas profundas de Deus. Qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o espírito que vem de Deus, para que saibamos as coisas que por Deus nos foram dadas gratuitamente” (1 Coríntios 2: 9-12). Isto é, que aquelas coisas que o profeta declara que não podiam ser conhecidas nos tempos do Antigo Testamento, nos é dito expressamente, devem ser agora conhecidas com a vinda do Espírito Santo. Exatamente o mesmo testemunho é dado pelo Apóstolo Pedro em sua primeira epístola, capítulo 1, versículos 10 a 12. Destas Escrituras, vemos claramente que a posição cristã é revelada apenas nos escritos após a descida do Espírito Santo no Pentecostes, ou seja, nas Epístolas.
Veremos mais dessas mudanças poderosas, que foram realizadas na posição do crente desde a ressurreição do Senhor Jesus, e a descida do Espírito Santo, à medida que prosseguimos; porque todas as epístolas estão cheias desse assunto. É natural que assim seja; pois era absolutamente necessário que o homem primeiro fosse completamente testado, para ver se ele poderia produzir obras aceitáveis para Deus, antes que Deus mostrasse as riquezas da Sua graça. Por que mesmo agora, depois de Deus ter pacientemente testado o homem por 4000 anos desde a criação do homem até a crucificação de Cristo – testou na inocência; testou como deixado à luz de sua consciência natural; julgou-o por 1.400 anos sob a lei, com uma religião e governo dados por Ele mesmo, nas circunstâncias mais favoráveis possíveis; tentou também pelo seu próprio Filho, vindo a nós em infinita graça e amor – e a massa da humanidade ainda está tão louca em seus devaneios, a ponto de pensar que naturalmente podem fazer obras aceitáveis a Deus, e absolutamente se recusam a curvar-se à verdade de que as melhores obras do homem em seu estado natural são abomináveis a Deus – como é estabelecido pelo versículo: “Os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:8).
Se então é esse o caso mesmo agora, apesar da paciência de Deus com os homens, apesar do fato de que crucificamos o Senhor da glória, que veio a nós em amor infinito apesar do claro e inconfundível testemunho da verdade de Deus sobre o assunto, quanto pior teria sido se a plena graça de Deus tivesse sido revelada antes que o homem fosse plenamente provado, e a completa inimizade de seu coração fosse trazida à luz, o resultado teria sido que a graça teria sido muito mais desprezada do que é agora, pois Deus, infinitamente sábio e bom, tem a certeza de estar certo em todos os Seus caminhos, e nós podemos adorá-lo porque Ele agiu apenas na maneira que Ele tem, e que foi exatamente na hora certa que Ele enviou Jesus Cristo (veja Gálatas 4:4). Podemos reconhecer claramente como era impossível que a plenitude atual de bênçãos tivesse sido estabelecida antes que a obra de Cristo fosse completa e que Jesus Cristo houvesse vindo. Portanto, tenhamos o cuidado de não cometer o erro de procurar as bênçãos cristãs na revelação de Deus antes da morte de Cristo. Muitos que fazem isto permanecem em escravidão e trevas, e distantes de Deus; embora Deus os tenha na luz, liberdade e proximidade do lugar de um filho.
Vamos então, com toda a humildade, olhar para a questão das bênçãos cristãs, prontos para aceitar tudo o que Deus nos dá, com a mais profunda gratidão e reverência, reconhecendo que não por nossos próprios méritos – pois não temos nenhum, mas simplesmente, olhando para Cristo.
Baseado no texto de Sydney Long Jacob