“Tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. O pecado de semear joio pode ser perdoado, mas a colheita deve ser de acordo com o que foi plantado. O primeiro ato é a graça, o último é o governo. Cada um atua em sua própria esfera e nenhum interfere no outro. O brilho da graça e a dignidade do governo são divinos.
Vemos isso por toda a Palavra de Deus desde Gênesis 3, em que Adão é coberto de sua nudez, isso demonstra a graça, e depois é expulso do Éden, isso mostra o governo. Um caso profundamente prático para ilustrar o que estamos falando em que vemos a ação da graça e do governo juntas é vista de uma forma muito solene e impressionante na vida de Jacó. Toda a história desse homem é instrutiva e apresenta uma série de eventos bastante esclarecedores para nosso tema. Vou apenas me referir ao único caso em que Jacó enganou seu pai com o propósito de suplantar seu irmão. A graça soberana de Deus, muito antes do nascimento de Jacó, já havia assegurado a ele uma preeminência da qual nenhum homem jamais poderia privá-lo; mas, não satisfeito em esperar o tempo e o caminho de Deus, ele começou a lidar com esse assunto do seu jeito.
Qual foi o resultado disso? Toda a sua vida nos fornece uma resposta admoestadora. Exílio da casa de seu pai; vinte anos de dura servidão; seu salário mudou dez vezes; nunca teve permissão para ver sua mãe novamente; tinha medo de ser morto por seu irmão; teve desonra lançada sobre sua família; foi enganado por seus dez filhos; mergulhou em profunda tristeza pela suposta morte de José, seu filho favorito; teve medo de morrer de fome; e, finalmente, morreu em uma terra estranha.
Que lição temos aqui! Jacó foi alcançado pela graça – graça soberana, imutável e eterna. Este é um ponto indiscutível. Mas, da mesma forma, ele foi alcançado pelo governo; tenha sempre em mente que nenhum exercício da graça jamais pode interferir no movimento das rodas do governo. Esse movimento é imparável. Seria mais fácil conter a maré alta do oceano com uma pena do que interromper por qualquer poder, angelical, humano ou diabólico, o poderoso movimento da carruagem governamental de Jeová.
Tudo isso é profundamente solene. A graça perdoa; sim, perdoa de forma plena e eternamente; mas o que é semeado deve ser colhido. Um homem pode ser enviado por seu senhor para semear um campo com trigo, e por ignorância, estupidez ou desatenção grosseira, semear alguma erva daninha nociva. Seu senhor fica sabendo do erro e, no exercício de sua graça, ele o perdoa – o perdoa totalmente. O que acontece então? O misericordioso perdão mudará a natureza da colheita? Certamente não; e, portanto, no devido tempo, quando o campo estiver dourado e pronto para a colheita, o servo o verá coberto de ervas daninhas. A visão do joio o faz duvidar da graça de seu senhor? De jeito nenhum. Assim como a graça do senhor não alterou a natureza da colheita, nem a natureza da colheita altera a graça do senhor e o perdão que flui dela. As duas coisas são perfeitamente distintas; nenhum princípio seria infringido, disso deixa claro que “tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.
Isso é uma forma pequena de mostrar a diferença entre graça e governo. A passagem que acabamos de citar do livro de Gálatas é uma declaração breve, mas bastante abrangente, do grande princípio governamental – um princípio sério e prático – um princípio da mais ampla aplicação. “Tudo o que o homem semear”. Não importa quem ele é: o que ele semear, ele irá colher. A graça perdoa; pode deixar a pessoa mais feliz do que nunca; mas se você semear joio, não colherá trigo. Isso é tão claro quanto prático. É ilustrado e reforçado tanto pelas Escrituras quanto pela experiência.
Essa mensagem foi extraída de textos de irmãos reunidos ao nome do Senhor no século 19.