(Gênesis 2:18-24; Mateus 19:4-6; Efésios 5:22-33)
Da parte da esposa, submissão
Em Efésios 5:22-33 são dados muitos conselhos aos casados, incorporando os princípios essenciais que devem governar suas novas e peculiares relações um com o outro.
A orientação dada à esposa nesta passagem é a de submissão ao marido: “mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor”. Este hábito de sujeição feminina é impopular neste século vinte (o autor deste texto viveu entre 1864-1953); no entanto, a esposa cristã é exortada pela mais alta autoridade a praticá-la; e, por mais fora de moda que seja na sociedade mundana tal obediência, ela não pode escapar de sua responsabilidade de prestá-la ao Senhor, a Quem ela é responsável por sua conduta.
Mas a submissão assim solenemente ordenada não é a obediência mecânica cega de um escravo ao dono, como, por exemplo, a de um israelita a um feitor egípcio. Em vez disso, é a alegre submissão que surge involuntariamente de uma devoção apaixonada ao ser amado, uma submissão pronta à vontade do homem amado, sem necessidade de compulsão, nem mesmo de estímulo.
“Como ao Senhor”
Para uma mulher crente, existe uma autoridade da qual não há recurso. Sendo assim, o apóstolo traz o próprio Senhor perante a esposa no que diz respeito à submissão dela em seu relacionamento conjugal. Ela deve se submeter a seu marido “como ao Senhor”.
O Senhor Jesus é o modelo para todos os Seus dessa obediência perfeita que agrada a Deus. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”. Embora continuamente acompanhado de tristeza e sofrimento no decorrer de Sua sujeição, foi uma alegria para Ele obedecer. Nosso Senhor sempre se deleitou em fazer a vontade dAquele que O enviou. O amor ao Pai foi o principal motivo de tudo o que Ele fez como o Servo obediente. Da mesma forma, a esposa crente deve, em seu amor, cumprir devotadamente a “lei” de seu marido.
Mas a orientação aqui está associada ao nome do Senhor, não tanto como o padrão de obediência, mas Aquele de Quem deriva a autoridade de seu marido. Ela deve se submeter a seu marido “como ao Senhor”. Ela é exortada a reconhecer o Senhor Jesus por trás de seu marido como a autoridade dirigente e governante na vida familiar. Assim como o “cabeça da mulher é o homem”, o cabeça de todo homem é Cristo (1 Coríntios 11:3). Assim, as decisões piedosas do marido expressarão a vontade do Senhor para ela, e a estes ela prestará obediência com toda a prontidão e alegria. “Como a igreja está sujeita a Cristo”, assim também a devota esposa cristã estará sujeita ao seu próprio marido em tudo (versículo 24).
Da parte do marido, amor
Como o traço marcante na conduta da esposa deve ser a sujeição, o do marido deve ser o amor. “Maridos, amai vossa esposa”. A forma na língua original de ambas as exortações ao casal indica que a orientação dada deve ser constante e o que caracteriza um casal cristão. Tanto a submissão da esposa quanto o amor do marido devem ser um hábito contínuo, não uma ocorrência ocasional.
Nestes princípios orientadores de piedade nos dois pilares do lar, é significativo que o amor seja especialmente imposto ao marido, e não, como se poderia esperar, ao parceiro mais terno e suscetível, a esposa. O marido, portanto, precisa, ao assumir suas novas responsabilidades, considerar esta distinção cuidadosamente a fim de compreender a força especial da exortação que lhe é dirigida.
É claro que, embora a esposa deva considerar seu marido como a fonte de autoridade nos assuntos da família e na condução de suas vidas conjuntas, o marido no exercício dessa autoridade deve expressar seu conselho e julgamento a ela em termos de amor e carinho condizentes com um canal da vontade divina. A verdadeira unidade da vida de casado será mais apropriadamente demonstrada por essa combinação de autoridade e amor. A autoridade do marido será transmitida pelas expressões de seu amor, e a obediência da esposa será motivada pelos impulsos de seu amor.
O amor de Cristo pela Igreja, o modelo para o marido
Nesta passagem, o marido é instruído a considerar a relação íntima de Cristo com Sua igreja, na qual o apóstolo habita, como o modelo de relação com sua esposa. Duas características desta relação podem ser especialmente mencionadas neste contexto, a saber: (1) o auto sacrifício de Cristo e (2) o cuidado devotado de Cristo.
Em primeiro lugar, o marido deve praticar seu amor na forma de entrega total a fim de assegurar o mais elevado bem-estar de sua esposa, “como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. O bendito Senhor se rendeu totalmente, sem reservas, para promover os melhores interesses de Sua igreja. E este sacrifício de todo o coração para garantir a bênção presente e a glória futura da igreja de Sua escolha é estabelecido como o modelo a ser imitado pelo marido.
No casamento segundo as Escrituras, portanto, a esposa se torna o objeto cativante do amor e devoção de seu esposo em um grau que se aprofunda em intensidade com o passar dos anos. O eu é posto de lado na vida doméstica, e aquele que é casado é solícito nos assuntos cotidianos em como pode agradar a sua esposa em vez de a si mesmo. E embora ele possa esquecer seu próprio pequeno senhorio no abnegado auto sacrifício de seu amor, ele descobre que sua esposa não esquece sua autoridade sobre ela nem omite sua pronta obediência a ele, apenas porque ele é tão pródigo em seu amor por ela .
Mas, em segundo lugar, o amor do marido deve ser manifestado por um cuidado contínuo pelo bem-estar de sua esposa. Este agradável dever é impresso nele pelo presente serviço do amor de Cristo em santificar e purificar a igreja com a lavagem da água pela palavra (versículo 26). Qualquer que seja o comportamento da igreja para com seu Senhor, Cristo é fiel e incessante nas atividades de Seu amor, para que ela possa ser purificada de tudo que seja incompatível com seu novo status como Sua noiva escolhida e participante de Suas glórias vindouras.
Guiado pelo elevado padrão de ocupação de Cristo por Sua igreja, o marido estuda como promover o bem-estar de sua esposa, como seu próprio corpo (versículo 28). Ele a ajuda, antes de tudo em sua vida espiritual, nos exercícios de adoração, oração e serviço no lar. Ele alivia seu trabalho nos afazeres domésticos, assume seus fardos de responsabilidade familiar, protege-a de ansiedades e medos, conforta-a nas horas de tristeza e ministra ajuda em sua fraqueza sem dizer isso a ela. Tampouco se esquecerá de notar seus atos de devoção a si mesmo em resposta ao seu amor, nem de elogiar suas muitas excelências, como indicado na Escritura (Provérbios 31:28-29), se ele for tão negligente a ponto de precisar dessa orientação.