As parábolas de nosso Senhor – O Senhor que volta

O Salvador muitas vezes falava com Seus discípulos sobre Sua partida e volta e indicou a eles duas coisas que deveriam caracterizá-los durante Sua ausência – vigiar e trabalhar. A atitude de vigiar é descrita em Lucas 12:35-36: “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas, as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe”. Esta atitude foi abandonada pela Igreja desde muito cedo. Quando a igreja se tornou mundana, ela perdeu o contato com a verdade da volta de seu Senhor e estabeleceu-se no prazer da facilidade e da honra aqui neste mundo. Tendo assim esquecido seu chamado celestial, ela caiu no erro que sua missão era melhorar o mundo; e na busca desse objeto, ela ficou cega demais para perceber que sua fantasia não estava sendo realizada e que, em vez disso, o mundo a estava corrompendo e arruinando.

O Senhor, em Sua graça, reavivou a esperança perdida nestes últimos dias, com o feliz resultado que muitos hoje esperam com fervor por Sua vinda novamente. Vigiar é necessariamente o fruto da afeição, e isso o Senhor ausente valoriza mais que os maiores sacrifícios ou os trabalhos mais árduos. O mais alto caráter de recompensa possível é posto diante dos Seus “vigilantes”: Ele mesmo, O Senhor, se “cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá” (Lucas 12:37). Todo coração que crê acalenta a perspectiva de servir a Cristo eternamente com uma perfeição de serviço que é impossível no momento; aqui nessa parábola temos outro pensamento – mais prazeroso impossível – que Ele se dignará em nos servir. Será Seu deleite para sempre ministrar alegria aqueles a quem Ele redimiu pelo Seu sangue.

Trabalhar tem seu lugar de mesma importância de vigiar. A salvação é apenas pela graça, obras não tem relação alguma com isso. A base é o sacrifício expiatório do Senhor Jesus. Mas sua realização disso incita a alma a um trabalho vigoroso pelo amor de Seu nome. A respeito do trabalhador aplicado e cuidadoso, o Senhor disse: “Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens” (Lucas 12:44). Essa honra é grande – em verdade, grande demais para a mente mais espiritual compreender hoje; mas é um caráter de recompensa inferior ao que está reservado para os que vigiam. Trabalhar para Cristo é bom; vigiar* por Cristo é melhor.

*Vigiar, nesta parábola, viver em constante expectativa da volta do Senhor a qualquer momento.

O Senhor passou a falar do servo mal, “Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se” (Lucas 12:45). Esse é o falso cristão professo, religioso, aquele que diz “Senhor, Senhor”, mas não tem a mente para fazer o que Ele diz. Assim, o Senhor não somente irá repudiar, mas destruirá em Sua vinda. Em sua obra de juízo, Ele irá diferenciar entre aqueles que conheceram e aqueles que não conheceram Sua vontade. Esta é apenas a diferença entre o cristão que professa e o descrente. O mal é mau, onde quer que seja encontrado e deve ser julgado; mas a responsabilidade é medida de acordo com o que os homens sabem de Deus e de Sua Palavra (E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá – Lucas 12:47-48). Sobre esse princípio justo, será que nos espantaremos se alguns dos golpes mais pesados da mão divina caírem sobre os países “evangelizados” como o Brasil e os Estados Unidos por exemplo, quando chegar a hora do juízo?

W. W. Fereday