Alguns sugeriram que o poder pelo qual o Filho de Deus operava neste mundo era o poder de Belzebu. A sugestão era tão absurda quanto blasfema. Mas isso proporcionou ao Salvador a oportunidade de mostrar a relação do homem com Satanás como fruto da queda, e Sua própria relação com o inimigo como tendo vindo do céu para libertação e bênção do homem. Ele colocou assim: “Quando o homem valente, bem armado, guardar a sua casa, os seus bens estão seguros; Mas quando sobrevier outro mais valente do que ele e o vencer, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos” (Lucas 11:21-22). O valente é Satanás; o mais valente do que ele é o Filho de Deus. A “casa” de Satanás é o mundo como é agora; “seus bens” são os homens e mulheres que nele habitam. A posição é terrível; mas a massa não percebe. A rebeldia do homem contra Deus não deu a ele a independência que esperava; em vez disso, reduziu-o à servidão satânica. O próprio Senhor, em três ocasiões, falou do inimigo como “príncipe deste mundo”.
A ânsia cega com que os homens buscam suas concupiscências e prazeres, muitos lícitos e outros totalmente imorais, é prova suficiente do domínio de Satanás sobre eles. Embora nada além da mera satisfação momentânea seja encontrada por dinheiro ou esforço, e embora a questão final seja manifestamente arruinada, os homens se apressam descuidados em seus próprios caminhos. Na verdade, os homens não conseguem deixar de serem instrumentos do destruidor, eles não possuem poder para isso. Satanás não teme a luta de seus cativos, mesmo os mais agitados. Seu domínio é constante e antigo; e seus recursos estão além de qualquer coisa conhecida pelos filhos dos homens.
Mas Cristo veio. Ele veio do coração do Pai, como a expressão viva de Sua compaixão pelos miseráveis e perdidos. Ouça-o proclamando na sinagoga de Nazaré o caráter de Sua missão: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos…” (Lucas 4:18-19). Antes da libertação, ele teve que encontrar o valente e vencê-lo. No deserto, O Senhor o amarrou; na cruz, Ele o esmagou. Ao submeter-se à morte por um breve momento, Ele anulou o poder de Satanás. Sua ressurreição é a gloriosa prova de seu completo triunfo sobre todo o poder do inimigo. A consequência disso é que a libertação está disponível para todos. Hoje, agora, ninguém precisa permanecer um único segundo sob o domínio do valente. O grito de angústia certamente será ouvido; perdão e vida eterna serão livremente concedidos a todos que crerem no Filho. A alma é assim libertada para sempre.
No mesmo discurso, o Salvador pronunciou a parábola conectada ao espírito inquieto – “Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro” (Lucas 11:24-26). É o caso de alguém de quem o espírito impuro saiu (não foi expulso), apenas para retornar mais tarde com poder sete vezes maior. Dispensacionalmente, esta é a história da nação de Israel, da qual o demônio da idolatria saiu depois do cativeiro babilônico, com a certeza de retornar em sua forma mais maligna no dia do anticristo (Mateus 12:45). O Cristo de Deus tendo sido rejeitado em Sião, a “abominação da desolação” está destinada a permanecer no lugar santo de Israel (Mateus 24:15). Ume reforma é insuficiente, seja para essa nação ou para pessoas, neste ou em qualquer outro dia. isso não servirá para colocar a alma fora do alcance do poder do inimigo. Só a fé naquele que morreu e ressuscitou pode em verdade suprir as necessidades humanas.
W. W. Fereday