O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica; primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa (Marcos 4:26-29)
Essa parábola é especial para o segundo evangelista. O ponto principal aqui é que o Senhor da colheita não intervém com o curso externo do cristianismo. Foi Ele mesmo em pessoa quem iniciou o presente testemunho da graça e bondade de Deus durante Sua humilhação e por meio do Espírito Santo depois que subiu ao alto. Os evangelhos nos falam de Sua obra pessoal, Marcos encerra o seu com a declaração de que, após Sua partida, os discípulos continuaram o testemunho com “o Senhor trabalhando com eles” (KJV).
Assim, Jesus é “homem que lança a semente à terra”, os resultados são colocados sob a responsabilidade dos homens. A recepção dada à semente do evangelho é totalmente detalhada na parábola do Semeador. A maior parte delas se tornou improdutiva por conta do mal do coração humano. Mas o Senhor não interfere. Por enquanto, Ele permanece “quieto” em glória com Deus. A aparente indiferença do Senhor da colheita tem sido causa frequente de perplexidade entre irmãos piedosos. Eles testemunharam muitos irmãos sendo lançado aos leões pelos gentios, torturados durante a Inquisição e queimados na fogueira pelos chefes religiosos da cristandade, e seus corações angustiados se surpreenderam com o silêncio do céu. Nenhum anjo apareceu para a libertação dos oprimidos, como no caso de Pedro aprisionado; e nenhum milagre foi realizado em seu favor, como no dia em que os três hebreus foram lançados na fornalha ardente. “Oh Senhor, ate quando?” tem sido o clamor agonizante de quem vê o triunfo do mal, especialmente na esfera religiosa.
Por enquanto, estas questões estão deixadas ao seu próprio curso. Como vemos de forma clara nesta parábola, nenhum propósito de Deus está falhando em sua realização. Certamente o fruto para Deus está sendo produzido no mundo, “primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga”. Qualquer que seja a aparente tendência das coisas, o evangelho está, sem dúvida, conquistando corações verdadeiros ao Salvador que morreu e ressuscitou. Aos poucos, Ele se cercará na casa do Pai com todos os frutos de Seu grande sacrifício no Calvário.
Quando chegar o tempo da colheita, Sua atitude de não intervenção será deixada de lado e Ele irá exercer seus direitos em poder. Então “está chegada a ceifa”. Naquele dia, Ele irá diferenciar, como só Ele pode fazer isso sem falha alguma, entre aqueles que realmente amam Seu nome e aqueles que não O amam. Para os Seus, está preparado um lugar em glória; para todos os outros, qualquer que seja sua profissão religiosa ou status eclesiástico, está reservada a escuridão eterna.
W. W. Fereday