(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
Se a oferta queimada chama a atenção para o doce perfume de Cristo na Sua morte, a oferta de manjares (ou alimento), geralmente de flor de farinha, é bem diferente e corresponde à perfeição de Sua vida como um homem na terra. Para Cristo ser um sacrifício perfeito para Deus, Ele precisou viver uma vida perfeita e sem pecado. A flor de farinha é uma figura da vida pura e uniforme de nosso bendito Senhor. O sacerdote podia tomar um punhado da farinha, derramar azeite e incenso sobre ela, e então queimá-la sobre o altar. O azeite é uma figura do Espírito Santo. O incenso, uma figura das graças, da bondade de Cristo. O Senhor Jesus “Se ofereceu a Si mesmo imaculado (sem mancha) a Deus” (Hebreus 9:14).
Esta oferta não exige nenhuma vítima ou sangue, apenas farinha, azeite, incenso e sal. A humanidade do Senhor corresponde ao grão de trigo moído finamente; Seu nascimento e batismo pelo Espírito Santo para ser amassado e ungido com azeite; Seu teste pelo sofrimento de modo visível ou oculto no calor da caçarola, panela ou no forno. Estas coisas eram para o Pai um perfume do mais alto valor. O crente apresenta a Deus esta vida perfeita de Jesus. Vamos olhar para este Homem maravilhoso nos evangelhos. Sua dependência, Sua paciência, Sua confiança em Deus, Sua mansidão, Sua sabedoria, Sua bondade e Sua dedicação – nada disso mudou mesmo através de todos os Seus sofrimentos. Estas são algumas das maravilhosas lembranças que vemos na oferta de farinha polvilhada com incenso. É “coisa santíssima” (versículo 3 e 10).
O fermento, uma figura do pecado, não fazia parte dela. Para deixar bem claro, nenhuma oferenda aqui mencionada poderia conter qualquer fermento, geralmente uma figura do mal (pecado), um ingrediente totalmente ausente na vida perfeita de nosso Senhor, e nunca poderia ser oferecido a Deus. Nem mel, um símbolo da afeição humana, figura das belas coisas ou qualidades naturais das pessoas. As pessoas costumam dizer que se agirem com doçura ou bondade para com outros, isto se torna uma oferta a Deus. Aqui aprendemos que nenhum mel devia ser incluído. As coisas bonitas da vida não podem ser oferecidas a Deus como um sacrifício. Em contraste, o sal – encontrado em todas as ofertas de manjares – uma imagem da separação para Deus, que preserva da corrupção, marcou a vida do Senhor Jesus e nunca deve faltar em nossas vidas (Marcos 9:50; Colossenses 4:6).
Nosso Senhor Jesus Cristo foi a encarnação da graça. Mas a graça de Deus não é a doçura natural, semelhante a amabilidade humana, uma vez que a verdade e a graça nos alcançaram Nele. A verdade que veio por Jesus Cristo conecta-se com o sal que sempre era para ser uma parte dos sacrifícios oferecidos a Deus.
Enquanto apenas uma parte da oferta era queimada como um memorial, todo o incenso tinha que ser queimado. Isso mostra mais uma vez que o principal pensamento é o do prazer e deleite do próprio Deus na perfeita vida do Senhor Jesus, quando testado no fogo. Ele é o único em quem não foi encontrado nenhum defeito, mas sim toda perfeição na energia do Espírito Santo, tudo nEle tem um cheiro suave.
Embora, nessa figura, Deus tivesse todo o incenso, o restante da farinha e do azeite, ou dos bolos misturados e ungidos, seria a porção de Arão e seus filhos. Eles tinham como parte de seu alimento o que tinha sido oferecido a Deus. Nisto podemos ver uma indicação de nosso privilégio como aqueles que foram “edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais” (1 Pedro 2:5), e 2 Pedro 2:7 prossegue dizendo: “para vós, os que credes, é preciosa”, ou mais literalmente, “é a preciosidade”. Cristo é precioso para Deus em medida infinita, mas Sua preciosidade também é para nós.
O crente hoje, como sacerdote, tem permissão para ter como alimento de sua alma toda aquela excelência que foi exibida em Cristo e, assim alimentado, tem os meios para oferecer sacrifícios espirituais de louvor que são aceitáveis a Deus. Mas notemos essas palavras duas vezes repetidas (versículos 3 e 10) que ” coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao Senhor”. Quando Cristo está diante de nós, que possamos nos lembrar da Sua da santidade, tratá-Lo com reverência e reserva que brota do autojulgamento.
Neste capítulo, a palavra “expiação” não aparece. Isso porque nenhum sangue foi derramado na oferta de manjares, uma figura da vida perfeita do Nosso Salvador Jesus.
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX.