PREFÁCIO
Os comentários/perguntas contidos nesta publicação foram baixados da internet e encaminhados a nós com um pedido para que fossem respondidos com base na Escritura.
Confiando que temos a mente do Senhor ao assumir esta tarefa, notamos imediatamente que eles são de um espírito diferente daqueles contidos no primeiro volume de “Perguntas”. Pouquíssimas das observações que recebemos estão na forma de perguntas; estão mais para afirmações e julgamentos. Isso nos faz pensar se as pessoas que as fizeram estão realmente buscando a verdade. Tendo afirmado no subtítulo do livro que o nosso objetivo é responder “boas” perguntas, esperamos que estas perguntas sejam somente isso. Se elas vêm de “um coração honesto e bom” (Lc 8:15), são boas perguntas. Como o amor “tudo crê” e “tudo espera” (1 Co 13:7), esperamos e oramos para que haja de fato, em cada um que fez as observações, um espírito honesto e suscetível de ensino.
Alguns dos comentários/perguntas foram condensados para o propósito desta publicação, porém procuramos preservar as mesmas palavras o máximo possível, para não deturpar aquilo que as pessoas escreveram (Mt 12:27).
Abril de 2010
INTRODUÇÃO
É algo bom examinar e detalhar as coisas relacionadas com os princípios da ordem e do funcionamento da assembleia, para chegarmos a uma conclusão bíblica a respeito do terreno de reunião. A Bíblia diz que os bereanos eram “nobres” porque “de bom grado [com prontidão de espírito – JND] receberam a Palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17:11). O que se mostrou tão louvável neles é que eles “receberam a Palavra” antes de examiná-la nas Escrituras. Isso mostra que sua fé enxergou Paulo e Silas como mensageiros enviados por Deus e, portanto, eles prontamente receberam o que disseram. Quando examinaram aquelas coisas nas Escrituras, eles descobriram que aquilo que sua fé já tinha aceitado daqueles homens era verdade.
É triste dizer, mas hoje não vemos muito o espírito dos bereanos entre os Cristãos. As pessoas geralmente querem contestar e argumentar sobre vários pontos da doutrina antes de recebê-la. E, mesmo assim, tem que ser uma declaração literal da Escritura – um princípio da Palavra de Deus não é o bastante. Não estamos sugerindo que as pessoas devam confiar cegamente em tudo o que lhes é dito, mas a Bíblia diz, “sabendo de quem o tens aprendido” (2 Tm 3:14). Nosso ponto aqui é que Deus levanta homens com dons para nos trazer a verdade (Ef 4:11-14), e precisamos estar em um estado espiritual (como os bereanos estavam) para reconhecer isso e receber o que eles têm para nos dar. Quando conhecemos aqueles que nos têm dado a verdade, devemos ter fé para aceitá-la prima facie1 e, em seguida, diligentemente examinar as Escrituras. Este é um espírito louvável de se ter ao buscar a verdade.
A Escritura diz: “Compra a verdade e não a vendas” (Pv 23:23). Não há melhor momento para fazer isso do que quando somos jovens. A Escritura também indica que devemos “receber com mansidão a Palavra em vós enxertada” (Tg 1:21). Significa que a humildade é muito necessária nesse exercício. Porém, ao olhar os comentários e perguntas que recebemos, nós nos perguntamos se eles são de pessoas que estão realmente procurando “comprar a verdade”, pois o espírito de “mansidão” parece estar faltando. Há mais um espírito de contestação do que espírito de investigação.
Uma rápida olhada no índice permitirá que o leitor perceba que a maioria (se não a totalidade) das queixas que as pessoas têm a respeito da verdade da reunião giram em torno de Mateus 18:20. Parece que a coisa toda é um ataque direto a esse versículo. Talvez o subtítulo deste livro devesse ser “Respostas aos Ataques a Mateus 18:20”. É preocupante saber que alguns dos comentários e perguntas são de mais velhos que foram expostos à verdade de reunião e aparentemente a abraçaram por anos. Era de se esperar que eles tivessem essas coisas bem resolvidas na mente há muito tempo. E o que é ainda mais perturbador é que eles têm agido um tanto como o velho profeta de Betel (1 Rs 13), incentivando os mais jovens em sua oposição à verdade. Pode ser que esses mais velhos já tivessem esses questionamentos há algum tempo e fiquem felizes em ouvi-los externados pela geração mais nova. Mas ao incentivar esse tipo de coisa, eles poderiam muito bem “perverter [derrubar – JND] a fé de alguns” (2 Tm 2:18) em coisas que “certamente são cridas entre nós” (Lc 1:1 – KJV).
O que piorou as coisas é que irmãos bem-intencionados que defendem a verdade tentaram responder a algumas dessas perguntas e queixas, mas sem querer fizeram afirmações insensatas e imprudentes. Isso só agravou o problema e frustrou os irmãos mais jovens que estão procurando respostas. Estamos conscientes de que poderíamos fazer o mesmo. Portanto, nos sentimos muito dependentes do Senhor ao abordar este segundo volume de Perguntas.
Temos consciência de que pode haver alguns, em cujas mãos este livro cairá, que não possuem o desejo de aprender a verdade de reunião e podem aproveitar um erro não intencional (imaginário ou real) e ampliá-lo na tentativa de anular a verdade. Mas, ao fazê-lo, eles apenas manifestam o seu verdadeiro espírito. A velha rima, “Um homem convencido contra sua vontade ainda mantem sua opinião como sendo a verdade”2, é tão verdadeira hoje como era quando foi escrita muito tempo atrás. Portanto, não queremos ser atraídos para discussões carnais com aqueles que estão insatisfeitos e não querem a verdade.
Provérbios 26:4 diz: “Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele”. Entendemos que não devemos responder a esse tipo de pessoa no mesmo espírito em que ela faz as suas contestações carnais; fazê-lo seria descer a seu nível. Mas o próximo provérbio diz: “Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos” (Pv 26:5). Isso nos diz que deixar declarações insensatas e ignorantes passarem incontestes sem refutação apenas fortalece o tolo em sua autoconfiança. Essa é uma das razões pela qual este segundo volume está sendo agora publicado. Uma razão maior, é claro, é que gostaríamos de ajudar aqueles que querem a verdade.
Portanto, procuraremos, com o máximo de nossa capacidade, declarar a verdade e deixá-la para aqueles que a desejam. Esperamos que o Senhor faça com que estas coisas sejam boas para a alma de cada um que busca com sinceridade.