Acontecimentos Proféticos – Cronologicamente Ordenados do Arrebatamento ao Estado Eterno
O Objetivo Deste Livro
O objetivo deste livro é fornecer ao leitor um resumo conciso dos eventos que “brevemente devem acontecer” (Ap 1:1). Não é uma tentativa de alinhar os atuais eventos noticiados às profecias da Escritura, porque a profecia, propriamente dita, não está sendo cumprida hoje.
O escritor não reivindica a originalidade da verdade aqui compilada; isso é o que geralmente tem sido sustentado e ensinado pelos irmãos nos últimos 150 anos. Não podemos ser dogmáticos quanto à cronologia de cada um dos detalhes da profecia, mas uma tentativa cuidadosa foi feita para colocar essas coisas em uma ordem sequencial. As referências usadas neste livro são da versão de Almeida – Revista e Corrigida (ARC), quando não especificado de outra forma.
Que o efeito desses assuntos proféticos nos aproxime do Senhor Jesus Cristo e nos leve a olhar, em gozosa expectativa, para o Seu breve retorno.
Introdução ao Propósito da Profecia
O grande propósito de Deus é o de glorificar Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, em duas esferas: nos céus e na Terra. Em um dia futuro, Deus irá liderar, por meio de Seu Filho, a administração de todas as coisas nessas duas esferas. Trata-se do “mistério da Sua vontade” que Deus propôs em Si mesmo antes da criação do mundo (Ef 1:10). Como Deus sabe e controla o curso da história mundial (At 15:18; Is 41:1-4; Dn 2:20-22, 4:17) não há dificuldade para Ele ter registrado na Escritura antes que ela aconteça. Profecia, portanto, é a história escrita de antemão. O propósito ou objetivo da profecia é mostrar como Deus irá cumprir o Seu grande propósito concernente à glorificação pública de Seu Filho.
O Assunto da Profecia
O assunto da profecia bíblica não é a Igreja, e nem tampouco Israel e as nações gentias da Terra, embora todas elas serão abençoadas como resultado do propósito de Deus ser cumprido. O grande Objeto da profecia é o Senhor Jesus Cristo. A profecia trata com as coisas que irão acontecer na Terra, pois é o lugar que Deus escolheu para cumprir a Sua vontade concernente ao Seu Filho. Consequentemente, Israel e as nações (cuja porção e destino são terrenais) são tratadas na profecia, mas não são, em si mesmas, o objeto da profecia.
A profecia não foi dada meramente para satisfazer a curiosidade humana em relação aos eventos futuros, mas para trazer glória, honra e louvor ao nosso Senhor Jesus Cristo. A Escritura diz: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19:10). Isso significa que quando lemos as Escrituras proféticas devemos procurar o que o Espírito de Deus está apresentando a respeito de Cristo e Sua glória, pois é Ele o Objeto em vista em toda a profecia. Muitos Cristãos buscam na Palavra de Deus o que ela tem a dizer a respeito deles mesmos, e com certeza Deus tem muito a nos dizer a respeito do nosso andar e modo de ser. Entretanto, deveríamos realmente buscar a Palavra de Deus primeiramente para ver o que Ele tem a dizer a respeito de Seu amado Filho e tudo o que concerne a Ele, pois a Sua glória é a chave para o entendimento de toda Escritura (Lc 24:25-27, 44; Jo 5:39; At 17:2-3, 11; 1 Pe 1:11). Quando Deus, pelo Seu Espírito, escreveu as Escrituras, Ele tinha o Seu Filho diante de Si, e, se quisermos entender o que Ele escreveu em Sua Palavra, precisamos ter o Seu Filho diante de nosso coração ao tomá-la em nossas mãos. Que Deus permita sermos achados em comunhão com Ele e com o Seu Filho, à medida que estudamos as Escrituras proféticas. “A nossa comunhão é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1:3).
A Interpretação da Profecia
Um importante princípio na interpretação das Escrituras é que, quando tomamos um versículo em particular ou uma série de versículos, isto deve ser feito à luz de todas as outras passagens das Escrituras. As Escrituras proféticas não são uma exceção. Não se chega ao entendimento de uma passagem específica da profecia ao isolarmos essa porção do resto da Palavra de Deus e, então, procurando por seu significado e explicação na própria passagem apenas. Se o que entendermos for a verdade, vai harmonizar com toda a Palavra de Deus. Consequentemente, precisamos ponderar cuidadosamente cada versículo da Escritura à luz de todos os outros. O apóstolo Pedro disse: “Sabendo primeiramente isto: que [o escopo de – JND] nenhuma profecia da Escritura é [obtido – JND] de particular interpretação [dela – JND]. Porque a profecia nunca foi produzida [proferida – JND] por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo [sob o poder do – JND] Espírito Santo” (2 Pe 1:20-21). J. N. Darby observou em nota de rodapé na sua tradução desse versículo: Quase que se pode dizer que nenhuma profecia se explica por si só”[1].
Além disso, Deus usa figuras e símbolos na profecia para revelar Sua mente em relação a um determinado assunto. É necessita cuidado de nossa parte para distinguir o que é simbólico e o que é literal. Além disso, qualquer que seja a figura que o Espírito de Deus possa utilizar figuras para ilustrar os caminhos de Deus, o escopo da profecia nunca é uma figura, mas é sempre literal. O Espírito de Deus também utiliza figuras na profecia para ilustrar o modo de Deus agir. Quando, neste livro, fizermos menção a alguma figura isso será marcado com um asterisco (*), a fim de ajudar o leitor a distinguir entre o que é a profecia literal e o que é um ensino figurado.
Acrescente-se que muitas profecias do Velho Testamento têm tanto uma aplicação próxima, que geralmente já se cumpriu no tempo de vida do profeta ou logo depois, e uma aplicação estendida, que pode chegar até ao fim dos tempos. Portanto é importante distinguir qual parte da mensagem se refere às circunstâncias imediatas, e qual parte fala do livramento final e completo de Israel, no fim dos tempos.
[1] N. do T.: Nota de rodapé ‘i’ em 2 Pe 1:20 da tradução de J. N. Darby: “Isto é, ‘não é explicada por seu próprio significado’, como uma afirmação humana. Deve ser entendida por meio do e de acordo com o Espírito que a proferiu. A ‘profecia’ é, eu entendo, o sentido da profecia, aquilo que ela significa. Ora, não se chega a isso por uma interpretação humana de uma passagem isolada que tenha seu próprio significado e sua própria solução, como se um homem a proferisse; pois ela é uma parte da mente de Deus, pronunciada por homens santos, movidos pelo Espírito Santo, para expressá-la. Na ‘profecia da Escritura’ o apóstolo tem em mente aquilo que é profetizado, sem perder a ideia da passagem. Daí eu tomei a liberdade de traduzir (2 Pe 2:20) como ‘[o alcance de] nenhuma profecia da Escritura…’. Quase que se pode dizer que nenhuma profecia se explica por si só”.
O Efeito Prático da Profecia
O apóstolo Pedro fala de três diferentes efeitos que a profecia terá sobre nós quando nos ocupamos dela corretamente.
Primeiro: ela fará com que “o dia amanheça” em nosso coração (2 Pe 1:19). Isto se refere à superioridade do brilho da verdade Cristã no Novo Testamento se tornando mais diferenciada em nossa alma. O apóstolo Pedro a põe em contraste com a “lâmpada” que brilha em um lugar escuro, referindo-se às Escrituras proféticas do Velho Testamento. Recebemos um farol mais brilhante no corpo da revelação do Novo Testamento. Isto não significa que devemos negligenciar as Escrituras do Velho Testamento. Pedro diz exatamente o contrário, ao afirmar que faremos bem se atentarmos para elas, pois ao lermos as profecias do Velho Testamento, a verdade do Novo Testamento se destacará em um contraste maior, do mesmo modo como a luz em pleno dia supera a luz de uma lâmpada. Como consequência, nos é dado perceber o quão distintas as bênçãos terrenas de Israel são das bênçãos celestiais da Igreja. O efeito prático de entender isso fará com que valorizemos nossa porção em Cristo e nos motivar a andar na luz daquela revelação celestial da verdade.
Segundo: o apóstolo diz que dando atenção às profecias das Escrituras faz que “a estrela da alva” apareça em nosso coração (2 Pe 1:19). Isto se refere à vinda do Senhor (o Arrebatamento) para Sua noiva – a Igreja. Quando entendemos que o Senhor precisa vir e nos levar para o lar no céu antes que aconteçam todas as coisas previstas na profecia, o resultado é que Sua vinda para nós se torna mais iminente. O efeito prático disso em nossa vida é um exercício de querer estar pronto para ser chamado a qualquer momento (1 Ts 5:6).
Terceiro: Estudando as profecias nos faz enxergar o fim deste mundo. Ao vermos que tudo ficará sob o juízo de Deus, vamos perceber como é totalmente fútil gastar nossas energias em construir algo que está fadado à destruição. O efeito prático disso nos levará a estar mais separados do mundo agora. “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe 3:11-12).