Prefácio
As notas a seguir apareceram mensalmente no período de outubro de 2001 a março de 2004 em “The Christian Shepherd” (O Pastor Cristão). Uma vez que um único volume é mais fácil de manejar e de mais fácil acesso, esta compilação encadernada foi agora produzida. Em alguns casos as notas contidas aqui são mais longas que na publicação original, pois o espaço já não é um problema.
Não houve qualquer intenção de introduzir algo novo nestes esboços – nenhuma interpretação mais recente, nenhum pensamento novo. Isto é dito sem intenção de se desculpar. Tudo aqui contido está disponível em algum outro lugar.
Seria uma resposta às orações se estas notas fossem de ajuda a alguém novo na fé, talvez desvendando um pouco mais as Santas Escrituras a eles. A não ser que diariamente nos alimentemos da Palavra de Deus, não podemos esperar ser sustentados no caminho da fé ou crescer espiritualmente. Embora o texto de muitos versículos tenha sido incluído, o leitor é encorajado a abrir suas Escrituras e considerar por si mesmo tanto o versículo quanto seu contexto.
O leitor também é solicitado a ler os escritos dos irmãos do século 19 e 20 de onde muitas dessas notas foram extraídas.
Nicolas Simon
Outubro de 2005
As Santas Escrituras
É necessário nestes dias sombrios ter as Santas Escrituras constantemente diante de nós. “Ponde, pois, estas Minhas palavras no vosso coração e na vossa alma e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos” (Dt 11:18).
Enquanto o mundo é jogado de um lado para o outro, sempre aprendendo e nunca chegando ao conhecimento da verdade, temos um seguro recurso na Bíblia. Que possamos prestar atenção à exortação dada pelo apóstolo Paulo a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado [completamente persuadido – JND], sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3:14-17).
Houve um tempo em que o imenso custo de produção de livros limitava o acesso à Bíblia para a maioria. Hoje, estamos cheios de palavras impressas, a maioria das quais ocupa nossa mente e tempo com outras atividades além das Santas Escrituras.
O inimigo também procura minar a autenticidade das Escrituras. Se falhar nisso, ele procura revisar e parafrasear as palavras nelas contidas para se adequarem à mente dos homens que estão em inimizade contra Deus. Quão cuidadosos devemos ser ao lidar com a Palavra de Deus. “Toda escritura é divinamente inspirada” (2 Tm 3:16 – AIBB). “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21).
Nesta era humanística, a liberdade de pensamento incentiva cada um a ter uma interpretação pessoal da Escritura, mas a Bíblia diz: “Sabendo primeiramente isto: que [o escopo de – JND] nenhuma profecia da Escritura é de [é obtido por – JND] particular interpretação [dela – JND]” (2 Pe 1:20). Devemos ter “um esboço de palavras sãs, as quais (palavras) já ouvistes de mim, em fé e amor que estão em Cristo Jesus” (2 Tm 1:13 – JND) e “que maneja bem [delineando retamente – JND] a palavra da verdade” (2 Tm 2:15).
A palavra de Deus não pode ser estudada de maneira racionalista, pois “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14). “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14:26). Embora um bebê em Cristo tenha, pelo Espírito, um entendimento das Santas Escrituras, ninguém pode sondar suas profundezas infinitas.
Principais Divisões
As Escrituras são divididas em dois Testamentos – o Velho e o Novo. Há um intervalo de cerca de 400 anos entre o último livro do Velho Testamento e o nascimento de Cristo, que marca o início do Novo.
O Velho Testamento foi escrito em hebraico, exceto Esdras 4:8 a 6:18, 7:12-26, Jeremias 10:11 e Daniel 2:4 a 7:28, que foram escritos em aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego.
O arranjo e os títulos dos livros do Velho Testamento seguem o da Septuaginta (uma tradução grega do Velho Testamento que data de 280 a.C.). Primeiro grupo, os cinco livros de Moisés, segundo grupo, os livros históricos (Josué a Ester), terceiro grupo, os livros poéticos (Jó a Cantares) e quarto grupo, os livros proféticos (Isaías a Malaquias). Dentro de cada grupo, os livros são geralmente cronológicos – embora os, assim chamados, profetas menores sejam agrupados após Daniel.
Nas Escrituras Hebraicas, os livros do Velho Testamento são divididos em três grupos. Talvez seja esse arranjo a que o Senhor Jesus Se refere quando diz: “São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos” (Lc 24:44). Os agrupamentos são primeiramente a Lei (Torá) – os cinco livros de Moisés; em segundo, os Profetas – Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores; e terceiro, os Escritos – Salmos, Provérbios, Jó, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas.
Cristo e aquilo que diz respeito a Ele formam o grande tema de toda a Escritura. Alguém escreveu: “Ele é o centro de toda revelação e a força de toda a Escritura”. “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam” (Jo 5:39).