INTRODUÇÃO
O assunto da vida após a morte invariavelmente suscita muito interesse e muitas perguntas sempre que é levantado. Embora possamos nunca ter respondidas todas as nossas perguntas, satisfatoriamente, enquanto estamos aqui neste mundo, agradecemos que o evangelho “trouxe à luz” muitas coisas relacionadas com “a vida (para a alma) e a incorrupção [imortalidade – ARA] (para o corpo)” (2 Tm 1:10).
A Bíblia não foi escrita para satisfazer a curiosidade humana, mas para nos ocupar com o Senhor Jesus Cristo, que por Si só é suficiente para encher nosso coração e nossa mente. Deus, no entanto, teve o prazer de revelar muitas coisas para nós em Sua Palavra, a respeito do futuro de nossa alma, para que possamos ter uma “completa certeza da esperança” (Hb 6:11). “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15:19). Felizmente, também temos esperança no mundo vindouro.
As observações a seguir são alguns fatos da Palavra de Deus sobre a morte, o estado intermediário, a ressurreição e o destino final dos seres humanos.
A MORTE
O homem é um ser trino – ou seja, ele é composto de três partes. A Bíblia diz: “o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23). Seu espírito é a parte inteligente de seu ser consciente de Deus (Jó 32:8; Is 29:24). Sua alma é a sede de suas emoções, apetites e desejos (Gn 27:4; Ct 1:7). E seu corpo é, evidentemente, a parte física de seu ser. A morte física ocorre em um ser humano quando a alma e o espírito são separados do corpo. Tiago diz: “O corpo sem o espírito está morto” (Tg 2:26). A escritura o define como “… ausente do corpo” (2 Co 5:8). Veja também Gênesis 35:18; 49:33; Jó 14:10; Eclesiastes 12:7; Lucas 23:46; Atos 7:59.
“Morte” é usada na Escritura de pelo menos sete maneiras diferentes. Em todas elas, tem o pensamento de separação, não de extinção, como os homens pensam:
- A morte física é ter a alma e o espírito separados do corpo (Tg 2:26).
- A morte espiritual é estar espiritualmente separado de Deus por não ter uma nova vida (Ef 2:1; Cl 2:13).
- A segunda morte é estar eternamente separado de Deus no lago de fogo (Ap 20:6, 14).
- A morte apóstata é estar separado de Deus abandonando a profissão de fé (Jd 12; Ap 8:9).
- A morte nacional é não mais ser reconhecido como nação na Terra (Is 26:19; Ez 37; Dn 12:2).
- A morte judicial é estar posicionalmente separado de toda a ordem do pecado encabeçada por Adão pela morte de Cristo (Rm 6:2; 7:6; Cl 3:3).
- A morte moral é estar separado da comunhão de Deus (Rm 8:13; 1 Tm 5:6).
É preocupante pensar que o pecado é a causa de todos esses aspectos da morte! Verdadeiramente, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23).
A Bíblia nos diz que existem apenas dois estados nos quais uma pessoa morre (fisicamente). A Escritura nos fala daqueles que “morrem no Senhor”(Ap 14:13) ou fala “morrereis em vossos pecados” (Jo 8:24). Morrer em seus pecados é sair deste mundo sem ter seus pecados colocados de lado perante Deus, judicialmente, pela obra de Cristo na cruz. A pessoa que morrer nessa terrível condição será responsável por pagar o preço de seus pecados sob o justo juízo de Deus por toda a eternidade. Morrer no Senhor é morrer a salvo e protegido de todo julgamento sob o abrigo do sangue de Cristo, o Filho de Deus (Jo 5:24; 1 Jo 1:7).
A morte de um crente “preciosa é à vista do SENHOR” (Sl 116:15), enquanto a morte de um incrédulo é algo em que Deus não tem prazer, pois Ele disse: “Vivo Eu, diz o Senhor JEOVÁ, que não tenho prazer na morte do ímpio” (Ez 33:11). Deus não quer “que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3:9)
Razões para a Morte de um Crente
A morte de um crente é chamada “dormir”, na Escritura, e refere-se ao seu corpo, porque a alma não dorme (2 Sm 7:12; Jo 11:11; At 7:60, 13:36; 1 Co 11:30, 15:6, 18, 20, 51; 1 Ts 4:14, 5:10). Mateus 27:52 diz distintamente: “muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados.” Talvez haja três razões principais para a morte de um crente:
- Em primeiro lugar, pode ser para “glorificar a Deus” (Jo 11:4, 21:18-19; Fp 1:20). Ele pode ser chamado a morrer como mártir ou por alguma outra causa pela qual um testemunho do Senhor é prestado àqueles que presenciam essa causa.
- Em segundo lugar, o crente morre porque sua obra de serviço na Terra para o Senhor está concluída (At 13:36; 2 Tm 4:7; 2 Pe 1:14).
- Em terceiro lugar, o crente pode morrer sob a mão corretora de Deus. É possível que um Cristão se comporte tão mal neste mundo como testemunho do Senhor que Deus o leve para longe de seu lugar de testemunho na Terra. Ele seria chamado para casa no céu (Jo 15:2; At 5:1-11; 1 Co 5:2, 11:30, Tg 5:20; 1 Jo 5:16).
A Vitória de Cristo Sobre a Morte
Cristo foi para a morte e obteve uma grande vitória sobre ela pelos filhos de Deus. Hebreus 2:14-15 diz: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.”
Antes da morte e ressurreição de Cristo, Satanás exercia “o poder da morte” (AIBB) sobre a consciência dos homens, deixando-os com medo do que está além da vida na Terra. Ele usou o “rei dos terrores” (que é o medo da morte) em seu proveito, mantendo os homens em cativeiro e medo (Jó 18:14). “O poder da morte” não é o poder de tirar a vida de uma pessoa. Satanás não tem o poder de tirar a vida de uma pessoa – somente Deus tem o poder da vida e da morte em Suas mãos (Dn 5:23; Jó 2:6). É o pavor da morte – seu “fator de medo”. Nem é o “poder da morte” o poder de Satanás de enganar os Cristãos com suas artimanhas. Os verdadeiros crentes podem ser, e frequentemente são enganados por seus “estratagemas”1 (Ef 6:11 – Tradução de W. Kelly), mesmo que Deus tenha feito uma ampla provisão para nós em “toda a armadura de Deus”, contra esses estratagemas.
Cristo passou pela morte e tomou do diabo esse poder de aterrorizar o crente com a morte. Do outro lado da morte, o Senhor agora está em pé, vitorioso. Ele tem “as chaves da morte e do hades” (TB) na mão e está dizendo: “Eu Sou … O que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades.” (Ap 1:17-18 – TB). Cristo venceu a morte tendo nos livrado das “ânsias [dores – JND ou tormentos – W. Kelly]” (At 2:24). Os “tormentos da morte” são os medos que se pode ter quanto ao que está além da morte. Visto que Cristo amenizou as dores da morte, o crente esclarecido que enfrenta a morte não precisa temer. Cristo desceu ao “pó da morte” e a anulou (Sl 22:15) e deixou apenas sua “sombra” para o filho de Deus passar por ela (Sl 23:4). Podemos ser chamados para passar pela condição da morte, mas seu “aguilhão” ou “dores” (o fator pavor) são removidos (1 Co 15:55). A maravilhosa notícia disso nos foi trazida pelo evangelho (2 Tm 1:10).