Levítico 14:33-57, 15:1-33

(para maior proveito, ore, leia na Bíblia os versículos indicados e medite nos comentários)
 
Como no caso da roupa, parece estranho que a lepra possa estar literalmente presente em uma casa. Nenhum exemplo disso está registrado nas escrituras. Portanto, mais uma vez o significado espiritual deve ser o assunto de real importância. 
A lepra na casa é uma figura do pecado em uma assembleia, incluindo a que leva o nome de igreja, a cristandade na sua totalidade. Era necessário uma casa pura. Vamos aplicar a “casa” duas passagens, 1 Timóteo 3:15 e 2 Timóteo 2:20, e pensarmos nos cristãos reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo em uma cidade. A “casa” deve ser mantida pura de todo mal; doutrinário, eclesiástico ou moral. Como um testemunho coletivo, reunido pelo Espírito Santo para manter Sua unidade (Efésios 4:3), a verdade deve ser guardada, o erro deve ser removido. Um olhar mais atento sobre a igreja em Éfeso, no capítulo 2 de Apocalipse, não discernirmos, mas o Senhor, o Sumo Sacerdote cujos olhos são como chama de fogo, já percebe que há uma pequena mancha: a perda do primeiro amor. Todo o mais parece bom: trabalho, obras, paciência; mas veja o que acontece com esse pequeno começo: a verdadeira lepra em Pérgamo, onde certas pedras da casa estão contaminadas com a “doutrina de Balaão”, outras com a dos nicolaítas. Em seguida, o mal se desenvolve como fermento em Tiatira, em Sardes, até que em Laodiceia, que representa o estado final da Igreja responsável, o Senhor é obrigado a anunciar: “vomitar-te-ei da minha boca” (Apocalipse 3:16). Laodicéia professa ser a Igreja de Deus, mas é composta apenas por incrédulos. É claramente uma casa leprosa. A “grande casa” da cristandade professa será rejeitada, demolida. 
 
No versículo 34 do capítulo 14, é bom notar a expressão “Quando tiverdes entrado na terra”, e não “se”. Era uma certeza absoluta, ainda que Israel tivesse que vagar durante 40 anos pelo deserto por não terem crido nesta afirmação (Números 13 e 14). Estamos desfrutando de nossa vida celestial na qual já vivemos aqui na terra? 
 
Levítico 15 desenvolve o tema da contaminação. A figura do “fluxo” nos mostra tudo em nossa vida cotidiana que o nosso caráter natural detestável é capaz de permitir manifestar para envenenar tanto as coisas ao nosso redor como a nós mesmos. Graças a Deus existe o remédio para nos purificar disso: é o sacerdócio exercido em nosso nome pelo Senhor Jesus (versículo 15 e 30).  
 
Como a lepra fala da eclosão do pecado, ela exigia um tratamento rigoroso. Nada disso é indicado no capítulo 15, mas sim a fragilidade do corpo humano em sofrer os efeitos da contaminação do pecado através de Adão, nosso primeiro pai. Não somos de modo algum responsáveis pela natureza pecaminosa que herdamos pelo nascimento, embora sejamos responsáveis por permitir que essa natureza se manifeste em ações pecaminosas. Os fluxos aqui mencionados não eram evitáveis, mas serviam para lembrar que herdamos uma natureza pecaminosa de Adão. Portanto, o processo de limpeza não era como no caso da lepra.
Não sabemos quão plenamente o povo obedeceu as ordens dadas aqui, pois em muitos casos a enfermidade só seria conhecida pelo indivíduo. No entanto, as instruções dadas quanto à restauração são de grande valor para nós hoje. Nossas próprias enfermidades nos lembram que desde nosso nascimento possuímos uma natureza pecaminosa, de modo que os pássaros que estão sendo oferecidos para a purificação insistem no valor do sacrifício de Cristo como um meio de satisfazer nossa condição pecaminosa. Nossas enfermidades precisam da graça compassiva do Senhor Jesus para que possamos ser elevados acima delas. Os sumo sacerdotes, tirados de entre os homens, estavam “cercados de enfermidade” (Hebreus 5:1-2 – Versão Darby), mas isso não era verdade para o Senhor Jesus, que é o nosso grande Sumo Sacerdote. O pecado não tinha lugar em Sua natureza. Não é que Ele apenas “não pecou”, mas nEle não há pecado (1 João 3:5).
Neste capítulo então chegamos aos bons hábitos. Deus é santo, e Ele quer que todo o Seu povo seja puro. Naqueles dias, lembre-se, eles estavam sob a lei. Hoje estamos sob a graça. Deus veio ao mundo na Pessoa de Seu amado Filho. O Senhor Jesus morreu na cruz para nos limpar, para sempre, de todos os nossos pecados. Mas agora que já recebemos a Cristo como Salvador, devemos nos manter limpos em nossa vida. A limpeza diária pela água (da Palavra de Deus) é necessária para nos manter em comunhão com nosso Pai (Efésios 5:26). 
Texto baseado em diversos autores que se reuniam apenas ao Nome do Senhor nos séculos XIX e XX