18 – Entrada

“Jesus, chamado por Deus sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque” Hebreus 5:10.

O livro de Hebreus nos apresenta Cristo em glória.
O foco não é onde o Senhor estava (aqui neste mundo), mas onde Ele está (sentado no céu). Não se trata do tema da obra em si, mas os resultados da obra. Nesta epístola, Ele não está sentado no poço de Sicar, mas “à direita da Majestade nas alturas” (1:3). Não o “Homem de dores”, mas o “Homem Glorificado”. Ele não é coroado com uma “coroa de espinhos”, mas com uma “coroa de glória e honra”, (2:7).

Muitas e muitas vezes Deus ensina por contraste. O livro de Hebreus em particular é um livro de contrastes, onde o escritor inspirado contrasta o Antigo Testamento, especialmente o que foi instituído sob a lei, com o que temos agora no cristianismo. Ao fazer isso, vemos que o que temos agora é muito “melhor” do que o que Israel tinha sob a antiga aliança e a lei. É edificante procurar as treze vezes em que encontramos a palavra “melhor” nesta epístola, ou seja, “muito melhor” (1:4) (NT: o escritor se refere a versão em inglês, em português as palavras podem ser diferentes, mas o sentido é o mesmo).

O precursor “o qual temos esperança como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” Hebreus 6:19-20.

Nos versículos acima encontramos três coisas que caracterizam a esperança do crente:
1. Ela é certa.
2. Ela é firme.
3. Ela entra dentro do véu.
No Antigo Testamento, o povo de Deus tinha fé e esperança, mas sempre havia uma sombra de incerteza… nunca é mencionado como “certa e firme”. Eles não tinham “plena certeza da fé”, Hebreus 10:22.

Os escritores clássicos frequentemente usavam a âncora como um símbolo de esperança, que é o modo como é apresentado aqui nesta porção, bem como as outras vezes em que aparece nas Escrituras em Atos 27:29, 30, 40. É a esperança que dá estabilidade, segurança, confiança e garantia.

Uma grande razão pela qual é segura, é porque o Precursor, Jesus, já está lá, no céu. Nosso Sumo Sacerdote, o Cristo ascendido, está na presença de Deus como nosso representante e, assim, Sua presença ali é o penhor de que logo O seguiremos.

A palavra que foi traduzida, “bote”, é um termo náutico que foi usado nos tempos antigos para um pequeno barco a remo que era usado por marinheiros nos dias em que eles cruzavam as águas ao redor dos portos gregos em embarcações à vela. Devido aos bancos de areia, pedras e cardumes, e também por causa das pesadas cargas a bordo, muitos desses portos eram acessíveis somente na maré alta. Quando um navio se aproximava do porto, a âncora, presa firmemente ao navio por uma corda forte, era colocada no precursor e presa através âncora, para ser depositada em segurança nas calmas águas do porto. A âncora caia com segurança dentro da proteção do porto, era a garantia para aqueles a bordo, que, embora eles próprios ainda não estivessem no porto, quando chegasse o momento certo, eles também chegariam em segurança ao destino desejado.

Suponha que você fosse capaz de pisar no convés de um desses navios e perguntar a um marinheiro: “Você tem certeza de que, no futuro, conseguirá chegar ao porto com segurança? “Sua resposta teria sido apontar para a corda amarrada ao navio, e com confiança afirmar, “você vê aquela corda? Há uma âncora na outra extremidade, e essa âncora foi jogada dentro do ancoradouro, é o penhor e garantia para todos nós a bordo, de que quando chegar o momento certo, chegaremos com segurança ao nosso destino. Sim, nós estaremos lá, porque nosso precursor foi antes e entrou”.

Com a esperança “certa e firme” do crente, nós também podemos enfrentar as tempestades no mar da vida, sabendo que a ancora está em um lugar onde nenhuma tempestade pode se elevar. Que é tão seguro que nada pode arrastá-la, e que nenhuma força ou tensão, seja por homem, por Satanás ou circunstância, por mais forte que seja, pode tirar a corda da vida eterna, que nos liga à Cristo, o Homem na glória.

Quão maravilhoso é confiar na verdade de que temos uma pessoa viva, intercedendo por nós à direita de Deus. Isso nos dá esperança, força e confiança para resistir em meio às tempestades, porque Sua presença ali intercedendo é a garantia de que seremos levados. Um irmão em Cristo disse: “Não nos é prometida uma viagem tranquila, mas um destino seguro”.

O fato de que há um “precursor” indica que há sucessores. Assim lemos: “Cristo, as primícias; depois, aqueles que são de Cristo na sua vinda”, 1 Coríntios 15:23. Nós, ancorados seguros em Cristo, “dentro do véu”, vamos segui-Lo até em glória no momento em que Ele vier nos chamar ao lar com Ele na casa do Pai. Para nós será, uma aplicação, o cumprimento dos versículos no Salmo 107, “Ele faz cessar a tormenta, e acalmam-se as ondas. Então, se alegram com a bonança; e Ele, assim, os leva ao porto desejado”, versículos 29 e 30. Quão bom saber, sem sombra de dúvida, que vamos aportar, e que seremos recebidos em casa, porque Jesus, nosso Salvador e Sumo Sacerdote, como homem, já foi recebido, aceito e glorificado lá e está sentado à “destra do trono da Majestade nos céus”, Hebreus 8:1.
Nota
E, temendo ir dar em alguns rochedos, lançaram da popa quatro âncoras, desejando que viesse o dia. Procurando, porém, os marinheiros fugir do navio e tendo já deitado o batel ao mar, como que querendo lançar as âncoras pela proa… Levantando as âncoras, deixaram-no ir ao mar, largando também as amarras do leme; e, alçando a vela maior ao vento, dirigiram-se para a praia.
Atos 27:29-30, 40

A esperança da vinda do Senhor é mencionada das quatro maneiras a seguir:
1. “Uma viva esperança”, 1 Pedro 1:3
2. “Boa esperança”, 2 Tessalonicenses 2:16
3. “Abençoada esperança”, Tito 2:13 (JND)
4. “Purificadora”, 1 João 3:3
Quando eles lançaram as quatro âncoras para fora do navio, que demonstra nossa esperança em Cristo, eles se desviaram e naufragaram. Se perdemos de vista a glória, a esperança da vinda do Senhor e tudo o que está à frente naquele dia futuro, nos tornamos como um navio sem leme. Um navio sem leme simplesmente é levado pelo vento e pelas correntezas. Existem muitos crentes verdadeiros à deriva no mar da vida, porque eles falharam em “agarrar-se à esperança colocada diante deles”. Tornaram-se distraídos, desiludidos, desencorajados, desanimados e, por fim, passaram por desastrosos naufrágios. Que esperança temos, “como uma âncora da alma”, total segurança na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. “Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote que penetrou os céus, a saber, Jesus, Filho de Deus, guardemos firmes a nossa confissão”, Hebreus 4:14.

Série Edificação, exortação e conforto – 21 artigos de ministério prático baseado na Palavra de Deus escritos por Jim Hyland