“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (João 12.24).
Muitos aplicam esse versículo usando o princípio natural para exortar ao desapego e à renúncia, e pensam que dessa forma poderão frutificar. Realmente, é uma grande verdade – se não ‘morrermos’ não daremos ‘frutos’.
Porém, vemos algo mais nesse versículo, esse ‘grão de trigo’ é o próprio Senhor, se Ele não morresse ficaria só. ‘Só’, porque ninguém há que se iguale a Ele. Entre os homens era um ‘semelhante’ aos outros, mas, com uma grande diferença: nEle não havia pecado.
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2.5-11).
Não devemos comparar a humanidade do Senhor Jesus com a dos outros homens, nem com a de Adão antes da queda. A humanidade do Senhor era perfeita, nEle não havia pecado e nem a possibilidade de pecar, Jesus é o Filho do Homem, Adão não era. Mas, ao mesmo tempo, Jesus foi nascido pela virtude divina, e por isso, o “Ente Santo” que nasceu de Maria foi chamado o Filho de Deus: o que não é verdadeiro em nenhum outro. (Lucas 1.35)
Ele é o Cristo nascido do homem, mas mesmo como homem, nascido de Deus. Portanto, o estado da humanidade nEle não é nem o que Adão era antes da queda, nem o que ele se tornou depois dela. O apóstolo Paulo diz acerca do Senhor: “Aquele que não conheceu pecado” (2 Coríntios 5.21), Pedro diz: “o qual não cometeu pecado” (1 Pedro 2.22) e João diz: “nEle não há pecado” (1 João 3.5).
E ainda mais: Deus estava em Cristo (2 Coríntios 5.19), o que não é dito de nenhum outro. Deus esteve com Abraão, Moises, etc., mas não neles. Em Hebreus 1.1 conforme o texto original Grego diz: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias ‘em (no)’ Filho”.
O Senhor assumiu a ‘forma de homem’ para nunca mais deixar de ser. Após a ressurreição, embora ‘ressuscitado dentre os mortos’, Ele ainda era o mesmo – “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24.39).
Assim que, este bendito ‘grão de trigo’ morreu e pode dar muito fruto, os quais são todos os que pela fé podem ver nEle seu único e suficiente Salvador.