ESBOÇO SOBRE O LIVRO DE APOCALIPSE – As coisas que em Breve Devem Acontecer

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INTRODUÇÃO

O livro de Apocalipse se refere a “coisas que brevemente devem acontecer”, que é profecia – a revelação de eventos futuros (v. 1). A profecia bíblica é realmente a história escrita antes de acontecer. Visto que todas as obras de Deus são conhecidas por Ele desde a eternidade passada (At 15:18), não custa nada para Ele nos dizer o futuro antes que aconteça. Contudo, Deus não nos revelou coisas futuras para despertar a curiosidade de nossas mentes inquisitivas, mas para que elas possam ter um efeito prático e influenciar nossas vidas.

O Apocalipse é um livro de julgamento e bênção. Começa com o julgamento daqueles que compõem a casa de Deus hoje – a igreja professa (1 Pe 4:17). Então, depois que a verdadeira Igreja é chamada para o céu no Arrebatamento, ele nos dá detalhes sobre o julgamento daqueles que ficaram na Terra na Cristandade, em Israel e nas nações gentias. Encerra-se com bênção no céu e na Terra, e todas as coisas sendo ordenadas de acordo com a mente de Deus, e Cristo tendo Seu lugar de direito sobre tudo (Ez 21:27).

Principais Divisões do Livro

O livro tem três divisões principais, conforme indicado pelas palavras do Senhor no capítulo 1:19. Elas são:

1) “As coisas que tens visto” – Capítulo 1.
2) “As coisas que são” – Capítulos 2-3.
3) “As coisas que depois destas hão de acontecer” – Capítulos 4-22

AS COISAS QUE TENS VISTO 

(Capítulo 1)

O Prefácio – Cap. 1:1-3

O apóstolo João começa afirmando que este livro é a “Revelação de Jesus Cristo”. É o título inspirado. É digno de nota que ao dar essa profecia o Senhor a “significou ao Seu servo João” (v. 1 – TB). Isso quer dizer que o meio de comunicação é simbólico. Tentar interpretar o livro literalmente nos deixará irremediavelmente destituídos de seu significado e aplicação.

Embora o livro seja escrito em simbolismo, os símbolos em si representam coisas literais e, nesse sentido, acreditamos em uma interpretação literal das Escrituras. João nos diz que há uma bênção especial para aqueles que simplesmente “leem”“ouvem” e “guardam” (mas não necessariamente entendem) as palavras deste livro.

A Saudação – Cap. 1:4-6

O livro de Apocalipse foi escrito “às sete igrejas que estão na Ásia” (v. 4). Pode ser feita uma leitura dessas igrejas pelo seu valor prático e, dessa maneira, muito pode ser colhido disso. Mas a interpretação principal dessas igrejas mostra uma história profética da Igreja na Terra – desde o Pentecostes até a vinda do Senhor (o Arrebatamento). Como foi dado à Igreja como um todo, significa que o Senhor deu este livro de profecia à Igreja para seu proveito. Alguns pensam que a profecia não é para a Igreja, mas esses versículos claramente removem essa falsa ideia. O Senhor quer que os Cristãos saibam sobre os eventos futuros que conduzem finalmente ao Seu reinado no Milênio.

O efeito apropriado da leitura deste livro de profecia levará à adoração, louvor e ações de graças ao Senhor Jesus Cristo. Isso é ilustrado na doxologia1 de louvor de João (v. 6b). Enquanto estamos na Terra e sabemos em parte, nosso louvor a Ele é limitado. Isso é ilustrado no fato de que o louvor mencionado aqui tem apenas duas notas – “glória e poder”. No céu, descobrimos que o louvor do Cordeiro será completo, conforme indicado nas sete notas de louvor no capítulo 5.

O Duplo Propósito do Livro – Cap. 1:7-8

V. 7 – O objetivo do livro é duplo:

  • O primeiro é mostrar que toda a humanidade dará conta do modo como viveu neste mundo e será julgada de acordo, quando Cristo intervier em Sua Aparição, para colocar este mundo em ordem.
  • O segundo é mostrar como Deus irá trabalhar para alcançar o Seu fim último de exaltar e glorificar o Senhor Jesus Cristo na mesma cena em que Ele foi desonrado e rejeitado pelos homens.

A Vinda do Senhor

O anúncio é feito: “Eis que vem”. Esta é a primeira menção da vinda do Senhor no livro. As Escrituras indicam que existem duas fases distintas para a Sua vinda, as quais o estudioso de profecias deve tomar nota, se quiser entender a ordem dos eventos proféticos na Bíblia. A principal diferença é:

  • primeira fase de Sua vinda tem a ver com o Senhor levando Seus santos ao céu em um estado glorificado. Isto envolverá ressuscitar dentre os mortos os santos do Novo e do Velho Testamento num estado glorificado, e transformar os santos vivos nesse mesmo estado glorificado, e então levá-los todos juntos para o céu (Mt 25:6, 10-13; Jo 14:2-3; 1 Co 15:23, 51-56; Fp 3:20-21; 1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1, 3:5; Tt 2:13a; Hb 9:28, 10:37, 11:40; Ap 1:7, 3:10-11, 22:20). Isso tem sido chamado de Rapto – uma palavra tirada do latim, significando “arrebatado”.
  • segunda fase tem a ver com o Senhor trazendo do céu Consigo os santos glorificados quando Ele aparece para julgar o mundo em justiça e estabelecer Seu reino milenar (Mt 24:27, 30, 36-41, 25:31, 26:64; 1 Ts 3:13, 4:14; 2 Ts 1:7-10, 2:8-9; Jd 14-15; Ap 11:15, 14:14-16, 16:15, 19:10-21). Isso é chamado de “a revelação de Jesus Cristo” (2 Ts 1:7; 1 Pe 1:13, 4:13) ou “a Aparição” de Cristo (2 Ts 2:8; Mt 24:30; Cl 3:4; Tt 2:13; 2 Tm 4:1, 8; 1 Jo 3:2).

Os santos do Velho Testamento sabiam algo sobre a REVELAÇÃO (a Aparição – Is 30:27-28; Jd 14-15; Zc 14:5), mas eles não sabiam sobre o ARREBATAMENTO e a glorificação dos santos. Esta última é algo que não foi revelado até os tempos do Novo Testamento (1 Co 15:51-56; Fp 3:20-21; 1 Ts 4:15-18). Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, essas duas fases são muito diferentes. Algumas dessas diferenças são:

  • O Arrebatamento ocorrerá quando o Senhor vier para Seus santos (Jo 14:2-3); a Aparição de Cristo ocorrerá quando Ele vier com Seus santos que foram levados ao céu no Arrebatamento (1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Zc 14:5).
  • O Arrebatamento ocorre antes do início do período de sete anos da tribulação (Ap 3:10), e a Aparição de Cristo ocorre “logo depois da tribulação” (Mt 24:29-30 – AIBB).
  • O Arrebatamento pode acontecer a qualquer momento (Mt 25:13), mas a Aparição de Cristo não ocorrerá até sete anos após o Arrebatamento (Cl 3:4).
  • No Arrebatamento, o Senhor virá secretamente, “num piscar de olhos” (1 Co 15:52 – JND); na Sua Aparição Ele virá publicamente e todo olho O verá (Ap 1:7).
  • No Arrebatamento, Ele virá para libertar a Igreja (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá libertar Israel (Sl 6:1-4). A Igreja será livrada de entrar na tribulação (Ap 3:10), enquanto os judeus passarão por ela, mas serão livrados no final, quando o Senhor levar a tribulação ao seu fim.
  • No Arrebatamento, Ele virá nos ares para Sua Igreja porque é Seu povo celestial (1 Ts 4:15-18); na Sua Aparição, Ele voltará à Terra (o Monte das Oliveiras) para Israel, porque é Seu povo terrenal (Zc 14:4-5).
  • No Arrebatamento, Ele tirará os crentes deste mundo e deixará o ímpio para trás (Jo 14:2-3); em Sua Aparição, os ímpios serão tirados do reino dos céus em juízo e os crentes (aqueles que foram convertidos pelo evangelho do reino que será pregado durante a tribulação) serão deixados para desfrutar da bênção na Terra (Mt 13:41-43, 25:41).
  • No Arrebatamento, Ele virá para liberar Seus santos (a Igreja) da “ira” vindoura (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá para liberar a “ira” (Ap 19:15).
  • No Arrebatamento, o Senhor virá como “o Esposo” (Mt 25:10), mas na Aparição Ele virá como “o Filho do Homem” (Mt 24:30, 37, 39, 44, etc.).
  • No Arrebatamento, Ele virá como a “Estrela da Manhã” que surge um pouco antes do amanhecer (Ap 22:16); em Sua Aparição, Ele virá como o “Sol da Justiça”, que é o alvorecer (Ml 4:2).
  • No Arrebatamento, Ele virá sem sinais, porque o Cristão caminha por fé e não por vista (2 Co 5:7); na Aparição, Sua vinda será cercada por sinais, porque os judeus buscam um sinal (Lc 21:11, 25-27; 1 Co 1:22).

A Teologia Reformada vê o Arrebatamento e a Revelação (Aparição) como apenas um evento, e isto não trouxe nada além de confusão a respeito de Israel e da Igreja. Esses dois eventos não poderiam acontecer ao mesmo tempo, porque há várias coisas que as Escrituras indicam que ocorrem entre eles e que tornam isso impossível. Por exemplo, quando o Senhor vem e nos chama para fora da Terra, Ele nos leva à “casa de Meu Pai” e nos introduz formalmente à cena celestial (Jo 14:2-3). Pouco depois disso, a revisão do “tribunal de Cristo” ocorrerá (2 Co 5:10). Depois disso, haverá um tempo de adoração “diante do trono” no céu (Ap 4-5). Então, depois disso, haverá as “bodas do Cordeiro” e “a ceia” que a segue (Ap 19:6-10). É somente depois destas coisas terem ocorrido que o Senhor aparece do céu conosco na Sua Aparição (Ap 19:11-21). Se você fizer do Arrebatamento e da Aparição apenas um evento, isso não deixará espaço para essas coisas ocorrerem.

A Terra [de Israel], a Terra [inclui nações ocidentais] e o Mundo

Três grandes setores da raça humana são distinguidos no versículo 7 em conexão com a vinda do Senhor. Estas três esferas na Terra têm responsabilidades variadas de acordo com o grau de luz que tiveram de Deus. Eles são:

  • “Todo olho O verá” – as nações Cristianizadas (v. 7a).
  • “Até os mesmos que O traspassaram” – A nação de Israel (os judeus em particular) (v. 7b).
  • “Todas as tribos da Terra” – As nações em torno da terra profética (v. 7c).

A profecia é exposta nas Escrituras em relação a estas três esferas. Elas são distinguidas como: “a terra (a nação) [de Israel]“a Terra” [inclui nações ocidentais] e “o mundo” (Is 18:2-3, 24:3-6, 26:9-10). Estes são círculos concêntricos – cada um sendo mais amplo que o anterior. “A terra” é a menor esfera e refere-se à terra de Israel, não o pouco que eles possuem hoje, mas o que foi prometido a Abraão. “A Terra” [que inclui nações ocidentais] é uma esfera mais ampla; inclui a herança prometida de Israel, mas também inclui as nações as quais o antigo Império Romano conquistou a Europa Ocidental. Os estudiosos de profecia chamam isso de “a terra profética”. Profeticamente, refere-se às nações ocidentais. Uma vez que aqueles que povoam as Américas atualmente vêm principalmente das nações da Europa Ocidental, a maioria dos estudiosos da profecia os vê como incluídos na terra profética (Dn 2:43 – misturar-se-ão com semente humana”). “O mundo” é uma esfera ainda mais ampla; inclui a primeira terra mencionada e a segunda, mas também inclui as partes restantes do globo – ou seja, as nações de fora da terra profética.

Deus sabe que nunca seríamos capazes de apreender os detalhes da profecia se Ele nos tivesse dado o que pertence a cada uma dessas esferas de uma só vez. Portanto, nas Escrituras proféticas, Deus sabiamente trata com essas esferas, uma de cada vez. Ele nos dá detalhes que começam em algum ponto no período da tribulação e nos leva até a Aparição de Cristo, que introduz o Milênio. Então Ele volta ao mesmo ponto e repete novamente a partir de outra perspectiva, de novo levando-nos à Aparição de Cristo e o Milênio. É importante ver isso; toda profecia bíblica é dada dessa maneira. Isso ocorre repetidas vezes ao longo das Escrituras proféticas. É assim que os eventos são apresentados nos Profetas, nos Salmos e nos discursos proféticos do Senhor em Mateus 24-25 – e não é diferente no livro de Apocalipse. É a maneira designada por Deus de nos ensinar a verdade profética. Veremos nos capítulos 6-16, que o Espírito de Deus leva o leitor através do período da tribulação até a Aparição de Cristo três vezes, cada uma em relação a uma dessas três esferas.

V. 8 – Como mencionado, o segundo propósito do livro é mostrar como Deus operará todas as coisas até o Seu objetivo final de exaltar e glorificar o Senhor Jesus Cristo. Cristo é o “Alfa e Ômega” (o princípio e o fim) de toda a profecia (v. 8). Ele é a fonte e o objetivo de todos os caminhos de Deus na criação, graça e julgamento. Sendo a figura central da profecia, Deus O trará à vista para todos O verem em Sua Aparição.

Na Aparição de Cristo, duas coisas começarão. Um é “o dia do Senhor” (1 Ts 5:2, 2:2; Is 2:10-22; Jl 1:15; Sf 2:2-3; Ml 4:5), que é quando a autoridade de Seu Senhorio será estabelecida na Terra por julgamento. Ela se estenderá por mil anos – a duração do Milênio (2 Pe 3:8-10). O outro é “o dia de Cristo” (2 Ts 1:10; 1 Co 1:8, 3:13, 5:5; 2 Co 1:14; Fp 1:6, 10, 2:16), que é o dia da Sua manifestação em glória por meio da Igreja durante o mesmo período – o Milênio. Esses dois dias apresentam dois aspectos do reinado de Cristo naquele dia vindouro.

O livro de Apocalipse é, portanto, um livro de julgamento, mas também um livro de bênçãos. (Há sete bênçãos mencionadas – Cap. 1:3, 14:13, 16:15, 19:9, 20:6, 22:7, 14).

O Estado de Alma Necessário para Apreender as Profecias do Livro – Cap. 1:9-11

João fala de estar “em espírito no dia do Senhor” quando recebeu esta revelação do Senhor. Isso aponta para a necessidade de se estar em um estado correto de alma para assimilar esses assuntos proféticos. O livro foi escrito por um homem “em Espírito” e só será entendido por homens e mulheres que estiverem no Espírito.

João “virou-se” e viu a Cristo como o Filho do Homem, não da maneira que o Espírito normalmente colocaria Cristo diante do crente (como o Filho de Deus em toda a Sua graça e amor e beleza), mas em Seu caráter judicial. Ele tinha que voltar-se para ver Cristo dessa forma, porque essa não era a ocupação normal para um filho de Deus. Julgamento é “Sua estranha obra”, pela qual o pecado do homem O forçou a agir (Is 28:21).

A Visão de Jesus Cristo como Juiz – Cap. 1:12-20

Neste livro de muitas visões, é apropriado que a primeira seja de Cristo em Seu caráter judicial. É significativo que Ele age como um juiz em conexão com as sete igrejas antes de julgar o mundo; dessa forma “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus” – com aqueles que são os mais responsáveis (1 Pe 4:17).

Cristo é visto vestido em Suas vestes judiciais e “cingido pelos peitos com um cinto de ouro”. Isso se refere ao fato de que Suas afeições estão contidas enquanto Ele age nessa capacidade judicial. Sete características do juiz são mencionadas:

  • “Sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca” – fala de plena maturidade no entendimento judicial (Dn 7:9).
  • “Seus olhos como chama de fogo” – o caráter penetrante de Seu discernimento. Nada escapa de Seus olhos.
  • “Seus pés, semelhantes a latão reluzente” – Sua firmeza em justo julgamento. Ele não comprometerá a santidade.
  • “Sua voz como a voz de muitas águas” – Suas muitas facetas de falar governamentalmente às pessoas.
  • “Ele tinha na Sua destra sete estrelas” – Sua autoridade está investida em pessoas responsáveis na Igreja.
  • “Da Sua boca saía uma aguda espada de dois fios” – Sua capacidade de executar julgamento contra todo mal.
  • “Seu rosto era como o Sol” – Ele é a autoridade suprema no universo. Portanto, não pode haver apelo a nenhuma pessoa superior a Ele.

O Juiz Fala

Vs. 17-20 – Ao ver o Senhor no caráter de um poderoso Juiz, João cai “a Seus pés”. É dessa postura que ele aprende sobre o estado da Igreja – sua falha no testemunho público, como se encontra nos capítulos 2-3. Este é o lugar apropriado para aprendermos sobre o verdadeiro estado da Igreja – sobre nossos rostos diante do Senhor. O testemunho Cristão está em ruínas, e todos contribuímos para esse triste estado, e não podemos corretamente apontar um dedo condenador a ninguém na história ou nos dias atuais sem nos condenar. Portanto, devemos ver o fracasso da Igreja no testemunho, em espírito de julgamento próprio.

Para dissipar o temor e tremor de João, o Senhor colocou Sua “mão direita” (JND) sobre ele, dizendo: “Não temas”. Isto é consolação e fortalecimento divino para o trabalho que estava prestes a ser dado a João – a saber, “escrever” as mensagens proféticas às sete igrejas (compare com Mateus 17:6-7).

O Senhor disse: “o que vivo; fui [Me tornei – JND] morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades” (TB). Nisto, o Senhor mostrou a João que Ele tinha o direito de agir como o Juiz de toda a Terra (Gn 18:25). O Senhor entrou na morte e Hades e conquistou a ambos. Ele agora tem “as chaves” dessas duas condições. “Morte” é o que reivindica o corpo humano; “Hades” é o que reivindica a alma e o espírito. Tendo pago o preço pelo pecado ao ir à morte, Ele tem o direito e o poder de exercer julgamento contra os pecadores, e assim consignar quem Ele levaria à morte e ao Hades. Ele também tem o poder de ressuscitá-los da morte e enviá-los a uma eternidade perdida, como visto no final do livro.

É dito a João para “escrever” os assuntos proféticos que ele verá em três grandes seções (v. 19).

1) “As coisas que tens visto” – Capítulo 1.
2) “As coisas que são” – Capítulos 2-3.
3) “As que depois destas hão de acontecer” – Capítulos 4-22.

Isso mostra que essas profecias foram dadas a João de maneira ordenada e ele as escreveu pelo Espírito de uma maneira ordenada. Algumas pessoas olham para o livro de Apocalipse como uma rede emaranhada de informações que apenas um estudioso hábil das profecias poderia desvendar e explicar. No entanto, o livro só parece confuso; ele é realmente muito ordenado. Se entendermos a maneira pela qual o Espírito de Deus apresenta profecia ao longo da Escritura e também reconhecer que há parênteses em certos lugares neste livro, a confusão desaparecerá. Também é necessário um entendimento básico do significado dos símbolos usados na profecia. Como o livro de Apocalipse foi colocado no final de nossas Bíblias, o Espírito de Deus supõe que estamos familiarizados com esses símbolos, tendo-os visto em outras partes das Escrituras. O objetivo deste esboço de Apocalipse no qual estamos prestes a embarcar é fornecer ao leitor um entendimento básico dessas coisas.

V. 20 – O Senhor explica a João o significado oculto das “sete estrelas” que estavam em Sua mão direita e dos “sete castiçais de ouro”. As “estrelas” são os “anjos” das sete igrejas. Isso se refere à dupla responsabilidade que os líderes nas igrejas têm. Como “estrelas”, devem ser portadores de luz dos princípios da Palavra de Deus. Eles devem fornecer luz para os santos a partir da Palavra de Deus em assuntos que dizem respeito à assembleia local. Isso significa que eles devem estar bem fundamentados na verdade (Tt 1:9). Como “anjos”, devem ser os mensageiros de Deus, assumindo a liderança na assembleia e cuidando para que esses princípios sejam levados a cabo no temor de Deus (Ec 5:6; Ml 2:7 – Nota de rodapé da Tradução J. N. Darby: “mensageiro ou anjo”). É significativo que o Senhor considere o anjo de cada igreja responsável pelo estado em que se encontrava a igreja na respectiva localidade (caps. 2-3). Ele é visto andando no meio das sete igrejas, avaliando sua condição e aconselhando aqueles que estão no lugar de responsabilidade, sobre o que eles podem fazer para ajudar a condição particular em que aquela igreja local estava (cap. 2:1).

Os “sete castiçais de ouro” são as sete igrejas. Eles falam da assembleia local como uma testemunha responsável na comunidade onde estão situados