A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS – As Características de um Verdadeiro Ministro de Cristo

 

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A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS

O Propósito de Escrever a Segunda Epístola

O apóstolo Paulo escreveu a primeira epístola aos coríntios para corrigir muitas desordens entre eles. Na maioria, produziu resultados positivos, embora depois de escrevê-la estava preocupado que poderia não ter o efeito desejado (2 Co 2:1-3, 7:5-7). No entanto, houve bons resultados; os coríntios lamentaram seus erros, se arrependeram e os corrigiram.

Das diversas razões para Paulo escrever esta epístola a primeira foi explicar porque ele não foi a Corinto quando disse que iria (cap. 1). Ele mostra que seus princípios no agir não foram por falta de cuidado, mas estavam de acordo com o caráter e caminhos de Deus, e que havia uma boa razão de por que ele não foi quando tinha se proposto a ir.

A segunda razão foi para exortar os santos em Corinto a mostrar graça e perdão ao arrependido que tinha sido colocado fora da comunhão (cap. 2). Suas instruções a eles a esse respeito, nos fornecem a maneira apropriada de restaurar à comunhão uma pessoa que foi colocada fora.

A terceira foi uma questão delicada envolvendo o próprio Paulo. Uma reconstrução das circunstâncias que acompanham a escrita da epístola torna evidente que havia um grupo de caluniadores entre os coríntios que estava com amargura contra Paulo. Eles procuraram desacreditar seu ministério com uma enxurrada de críticas, opondo-se a ele alegando numerosas falhas imaginárias. O efeito de sua obra maligna foi levar os santos de Corinto a desconfiar do apóstolo e a questionar seu ministério. Isso certamente não era bom, e eles precisavam ser libertos daquela facção.

Paulo sabiamente não tratou desta questão em sua primeira epístola, mas deixou até então porque isso envolvia defender seu próprio caráter e ministério, bem como seu apostolado. Como esse grupo de oposição estava profundamente arraigado naquela assembleia, lidar com esse problema exigiria maior tato. Paulo não queria parecer como alguém que estivesse apenas se defendendo em uma briga pessoal. Poderia ser facilmente interpretada como uma ação da carne, e os santos estariam inclinados a acreditar que seus críticos estavam certos. O assunto era muito mais sério do que aparentava; seus opositores eram “falsos apóstolos” e “obreiros fraudulentos” que estavam realizando a obra de Satanás entre os coríntios, desviando-os do apóstolo e da verdade que Deus lhe revelara para dar a eles (2 Co 11:13). Assim, lidar com esse problema sem diretamente dar a impressão de que estivesse se defendendo, exigiria sabedoria que somente o Espírito de Deus poderia dar.

Nos capítulos 1-7, o apóstolo explica aos coríntios seus movimentos e princípios que o levou a agir. Ao fazer isso, de uma maneira indireta, ele dá um esboço notável do que deve caracterizar um verdadeiro ministro Cristão. De certo modo ele “mata dois coelhos com uma cajadada”. Aparentemente, parece que ele está dando uma explicação simples de seus movimentos no serviço do Senhor, mas no fundo, ele cuidadosamente faz defesa contra as alegações de seus acusadores e, assim, fornece fundamentos para a aprovação de seu próprio ministério. Não é até a última parte da epístola (cap. 10-13), assumindo que naquele momento que teria ganhado a confiança dos coríntios, que Paulo expõe abertamente esse grupo. Ele fala diretamente e mostra que eram homens falsos e enganosos que estavam fazendo o trabalho de Satanás.

A quarta razão para escrever a epístola era encorajar os santos de Corinto a se dedicarem ao ministério de dar (caps. 8-9). Isto era também um assunto delicado, porque poderia parecer que ele estava atrás do dinheiro deles – especialmente depois que lhes dissera em sua primeira epístola que não faria isso (1 Co 9:6-15). Uma vez que abordar este assunto poderia ser mal interpretado, sabiamente esperou até que houvesse uma necessidade entre os santos que não envolvesse o apoio a obreiros como ele próprio. Os pobres santos de Jerusalém precisaram de ajuda financeira, e neste contexto, ele encoraja os coríntios a dar. Ninguém poderia acusá-lo de estar tirando proveito da riqueza deles porque não estava pedindo nada para si mesmo. No entanto, os princípios que ele dá nesses dois capítulos têm uma ampla aplicação e podem ser postos em prática por aqueles que trabalham para o Senhor ministrando a Palavra, bem como para qualquer um do povo do Senhor que esteja em alguma necessidade financeira.

A Aplicação Prática

Como mencionado anteriormente, esta epístola apresenta um quadro maravilhoso das características de um verdadeiro ministro Cristão, como visto no próprio Paulo. Sua aplicação prática está em entender que todo Cristão é um ministro de Cristo Jesus – ou pelo menos deveria ser. Ministério é o exercício do nosso dom no serviço do Senhor (1 Pe 4:10-11; Rm 12:5-8). É simplesmente a execução do nosso serviço para o Senhor, seja qual for – ensinando, pregando, pastoreando, ajudando, mostrando misericórdia etc. Todos temos um serviço a fazer para Ele, e, portanto, estamos todos no ministério em um sentido ou outro. Uma vez que todos somos ministros, esta epístola tem uma importante aplicação prática para cada um de nós. Ela apresenta um elaborado perfil de um verdadeiro ministro Cristão, delineando as características morais e exercícios que devem caracterizar todos os que estão no ministério.

As Três Principais Divisões na Epístola

  • Capítulos 1-7 – As características de um verdadeiro ministro Cristão e seu ministério.
  • Capítulos 8-9 – O apoio do ministério Cristão pelo ministério de dar.
  • Capítulos 10-13 – A defesa do apostolado de Paulo e do verdadeiro ministério Cristão.