“…e foi-lhe ela por mulher e amou-a” (Gênesis 24:67). Tal é o grande clímax para esta maravilhosa história de amor encontrada na Palavra de Deus, a qual nós gostaríamos de considerar em conexão com sua aplicação prática para esta importante decisão na vida dos jovens Cristãos.
Costuma-se dizer que todos buscam a satisfação de suas afeições e, maravilha das maravilhas, Deus é amor e deseja encontrar a satisfação de Suas Divinas afeições na bênção do homem redimido. Cristo, o Filho bendito de Deus em Humanidade, terá uma esposa como o objeto do Seu amoroso coração por toda a Eternidade. A alma que aprendeu isto e experimentou do Seu amor, encontrou a verdadeira felicidade, ou seja, a verdadeira porção de satisfação, a qual terá seu grande clímax no “casamento do Cordeiro” que se dará no Céu.
Quando pensamos neste precioso amor de Cristo pela Sua Igreja, o qual nos é dado como padrão — o antítipo — do amor do marido pela sua esposa, vemos quão profunda consideração por este amor devem ter aqueles que estão no relacionamento conjugal. Uma leitura em oração do capítulo 5 de Efésios será de grande proveito.
Entretanto, é com o pensamento voltado para Gênesis 24 que escrevemos estas linhas, tendo como tema os eventos que nos levam para o relacionamento matrimonial. Que história de amor encontramos aqui, cheia de instruções preciosas para nós, pois é um lindo quadro do trabalho do Espírito de Deus (sendo representado aqui pela pessoa do servo de Abraão) a buscar uma noiva para Cristo. Se você que está lendo estas linhas ainda não é salvo, nossa oração é que possa ser trazido a enxergar a sua necessidade de um Salvador. O Espírito de Deus está procurando dirigi-lo a Cristo, que não somente irá limpá-lo de todos os seus horríveis pecados no Seu precioso sangue, mas fará de você parte da Sua gloriosa noiva, que se manifestará juntamente com Ele, naquele dia. Por que continuar nos seus pecados, com julgamento certo diante de você, quando poderia ser tão abundantemente abençoado? Por que não dar ouvidos às Suas súplicas de amor agora mesmo dizendo, como fez Rebeca em nosso capítulo, “Eu irei”?
Outro ponto que gostaria de mencionar antes de entrar em nosso assunto, é que nós nos regozijamos grandemente na fé daqueles que têm vivido acima de uma relação matrimonial, com o fim de servir ao Senhor mais diligentemente. Este é o “melhor” caminho (1 Coríntios 7:38), e seja ele por causa da “instante necessidade” (1 Coríntios 7:26); porque não pudesse ser “no Senhor” (1 Coríntios 7:39) ou pelo desejo de servir ao Senhor sem distração alguma (1 Coríntios 7:35), o Senhor recompensará abundantemente tal devoção, no dia vindouro. Nós acreditamos, entretanto, que permanecer solteiro por razões egoístas, ou para escapar das preocupações que o casamento traz, não é de Deus, pois Ele diz: “Não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18), e também: “Quero pois que as que são moças se casem” (1 Timóteo 5:14). Sem dúvida é considerada como sendo uma doutrina de demônios a proibição do casamento (1 Timóteo 4:1-3).
Vendo então que Deus na Sua bondade tem instituído este relacionamento que pode trazer tamanha felicidade (ou infelicidade, quando fora da Sua vontade) tanto para o marido como para a mulher, podemos estar seguros de que Ele não nos abandonou à nossa própria sabedoria ou na dependência de nossos pensamentos para sabermos que passos devemos dar.
Por toda a Sua Palavra Ele nos mostra que devemos colocar de lado toda a sabedoria humana, se quisermos verdadeiramente conhecer Sua vontade para nosso caminhar. Deixemos de lado nossos próprios pensamentos e escutemos a Deus que disse: “Agora, pois, filhos ouvi-me, porque bem aventurados serão aqueles que guardarem os meus caminhos” (Provérbios 8:32).
Sabemos que entre a maioria dos jovens, e especialmente nos dias de hoje, existe um desejo de se ter um namorado ou namorada. Frequentemente, sem nos darmos conta disso, somos afetados pela forma de pensar de nossa geração, e estamos sujeitos a sermos arrastados sem o percebermos. Mas não vamos nos esquecer de que, como Cristãos, temos um Guia para nossa juventude e Ele possui toda sabedoria. Sim, a Pessoa cujo nome é Sabedoria, tem seu prazer nos filhos dos homens (Provérbios 8:31) e nos pede que O escutemos e que esperemos por Suas instruções. O desejo de se ter um namorado ou namorada é perfeitamente natural, mas quão frequentemente nossos desejos naturais nos afastam do propósito de Deus para conosco!
Deus, que colocou o amor natural em nossos corações, nos ensina em Sua Palavra que, desde que o pecado entrou no mundo, nossos corações naturais não são dignos de confiança.
Deus usa uma linguagem bem clara sobre isto, quando diz: “O que confia em seu próprio coração é insensato” (Provérbios 28:26).
Não ousemos acreditar em nossos corações, pois se assim o fizermos Deus nos chamará de insensatos, e isto é algo muito solene. Nós que somos salvos e que temos por graça nossos corações purificados pela fé, devemos estar imensamente gratos por nossos corpos, dessa hora em diante, não estarem mais sujeitos ao controle de nossa velha natureza e de nosso degenerado coração! Pertencemos Àquele que nos redimiu por um preço infinito e devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo a Ele. Então poderemos provar Sua “boa, agradável e perfeita vontade” em nossas vidas (Romanos 12:1,2).
Sendo assim, querido jovem, o fato de termos um tal desejo, ou porque é natural ter um namorado ou namorada, não é motivo suficiente para tomarmos alguma atitude. Nossos corpos não nos pertencem e não devemos nos esquecer disto. Precisamos da direção de Deus. Devemos ouvir a Sua voz e esperar n’Ele. Se você não ouvi-lo e nem esperar no Senhor, querido crente, então seu arqui-inimigo Satanás, que conta com longa experiência em tratar com a natureza humana, irá dispor de planos cuidadosos e bem traçados para fazer com que você tropece a fim de arruinar sua juventude. E nossos corações se lamentam quando vemos quão frequentemente Satanás tem sido bem sucedido. Que você possa ouvir a voz de Deus nos dias de sua juventude, antes que o seu lamento se junte ao de outros e tenha que dizer: ‘Como aborreci a correção e desprezou meu coração a repreensão e não escutei a voz dos meus ensinadores, nem a meus mestres inclinei o ouvido!” (Provérbios 5:12-13).
Peço-lhe que abra sua Bíblia e leia cuidadosamente o vigésimo quarto capítulo de Gênesis. Peço ainda que considere as poucas observações que eu gostaria de fazer acerca deste capítulo. Desejo fazê-las em amor e acredito que possa responder, com algum entendimento, a alguns de seus problemas e anseios.
O texto nos apresenta uma família de fé; uma daquelas famílias sobre as quais lemos em grande parte da Palavra de Deus. Muitos anos antes dos eventos de nosso capítulo, Abraão e Sara tinham deixado seu país e parentes pela chamada de Deus, indo para uma terra sobre a qual eles nada conheciam. Muitos testes e provações e mesmo fracassos tinham marcado seus caminhos, mas eles estavam caminhando por fé e sabiam que Deus era digno de completa confiança. Deus sempre foi fiel e os abençoou abundantemente. Ele deu-lhes um filho, a quem muito amavam e ao qual chamaram Isaque. Que privilégio foi para Isaque haver nascido em um lar como aquele, embora ele possa não ter compreendido totalmente tal privilégio nos dias de sua juventude. Viver como um peregrino talvez não tenha sido muito agradável para nosso querido Isaque, e é provável que ele tenha se perguntado: “Por que isto?” ou “Por que aquilo?”. Quando se tornou mais velho, seus problemas aumentaram, pois seu pai não queria que se casasse com uma das jovens da terra onde ele habitava, pois elas não eram filhas da fé. Além disso, estou certo de que seu pai, que “ordenou seus filhos e sua casa após si” (Gênesis 18,19), não permitiu ao seu filho que as buscasse mesmo que fosse “apenas para se divertir”, pois isto seria certamente um passo na direção errada. Ele não deveria ser como os outros jovens da sua terra, pois tinha um pai prudente e cuidadoso que o amava. Seus desejos naturais deveriam ser mantidos sob controle, pois um dos frutos do Espírito é temperança ou domínio próprio (Gálatas 5:22). Seu pai o tinha recebido como que da morte (Hebreus 11:19), e desejava que seu filho caminhasse no caminho da fé, com uma companheira adequada para tal caminho. Nenhuma outra pessoa serviria.
Abraão, portanto, chamou seu servo, ao qual tinha confiado todos os seus bens, e fez com que prometesse que não iria escolher uma esposa para seu filho dentre as jovens pagãs da terra onde habitavam. Como já havíamos notado, este servo é um tipo do Espírito Santo de Deus, que nos foi dado para nos guiar em toda a verdade (João 16:13). Se buscarmos a direção de Deus em tudo o que fizermos, quão maravilhosamente iremos experimentar e provar as bênçãos do Senhor! Assim como o servo de Abraão tinha sido colocado sobre tudo o que ele tinha, assim o Espírito de Deus tem prazer em trazer diante de nós todas as bênçãos em Cristo, que fluem do coração de Deus nosso Pai, a guiar-nos em caminhos certos onde podemos desfrutá-las. Em lugar de o próprio Isaque sair à procura de uma noiva, encontramos o servo fazendo isto. Não é isto uma lição para nós? Não siga o seu próprio desejo, amado jovem Cristão, porque para saber quem é a companheira certa para você, é preciso que peça ao Senhor para guiá-lo pelo Seu Espírito. E devemos notar que o Espírito de Deus e a palavra de Deus não podem andar separados. O Espírito de Deus nunca nos dirigirá contrariamente a Sua Palavra; nunca! Em todo o nosso capítulo, notamos que o servo de Abraão atuou na obediência ao seu senhor e isto para bênção de Isaque. Oh! amados jovens, quão importante é isto! Quão necessário é que você seja guiado pelo Espírito de Deus em cada passo ao encontro de uma companheira. Deus sabe tudo sobre você e pode guiá-lo e dirigi-lo como nenhum outro.
Não foi uma jornada fácil descer até a Mesopotâmia onde ele encontraria a família da fé. Era uma distância de várias centenas de quilômetros que, naquela época, tratava-se de um longo caminho a trilhar. Assim também, nos dias de hoje, existem muitos problemas para um jovem encontrar aquela que será a sua companheira, mas a fé espera no Senhor e receia dar um passo sem Ele. Talvez o servo de Abraão tenha perguntado se poderia levar Isaque a Mesopotâmia, no caso de não encontrar uma esposa para ele. “Não”, disse Abraão, “cuide de não levar meu filho de volta para lá novamente”. E ele fez seu servo prometer isso. Se alguém já conheceu o valor do lugar e o privilégio de se estar reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo, não irá querer retornar para qualquer outra posição, a fim de encontrar uma esposa ou esposo, e muito menos para casar-se com algum incrédulo. Era melhor, muito melhor, cruzar o deserto sozinho em seu caminho de volta, do que tomar o caminho da desobediência para com seu Senhor. Querido jovem, está isto bem estabelecido em sua mente? Pode parecer difícil, como deve ter sido para Isaque e para o servo de seu pai, contemplar tal possibilidade, mas isto tinha que ser algo bem estabelecido antes que o servo tomasse qualquer iniciativa.