“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”. “E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gn 3:7,21).
Os pensamentos e caminhos de Deus estão muito acima de nossos pensamentos. A primeira coisa que Adão e Eva fizeram após caírem em pecado, foi cobrir sua vergonhosa nudez com folhas de figueira, e se esconder de Deus. Mas as folhas de figueira não cobriram suficientemente, e então eles também se esconderam de Deus. A nudez na inocência não era vergonhosa, mas após haverem praticado pecado no corpo, tornou-se vergonhoso andarem despidos. O desejo de Adão e Eva de estarem cobertos era bom, mas os meios que usaram para fazê-lo não foram adequados. Foi Deus que, pela morte de outro, não somente cobriu a nudez de ambos, mas também os fez novamente agradáveis à Sua presença, porém agora de uma nova maneira: vestidos com peles.
Esta vestimenta de peles foi confeccionada (por outro, e não por eles) de algo inteiramente fora deles próprios. Pela palavra “vestidos”, não somente aprendemos que sua nudez foi complenamente coberta, como também que eles foram feitos apresentáveis a Deus outra vez, em uma nova e melhor aparência; numa aparência tão bela e aceitável aos olhos de Deus quanto a da origem das vestimentas com que foram vestidos. Foi Deus quem lhes deu novas vestes; esta é a figura do dom de Deus: Seu Filho unigênito para aqueles que O aceitam e são assim vestidos com a justiça de Deus em Cristo. Que grande contraste existe entre a beleza e glória que Cristo nos dá, e aquilo que nossa habilidade procura produzir para tentar esconder nossos pecados e nos fazer agradáveis a Deus.
Aprendemos portanto, nestes dois versículos sobre vestimentas, dois grandes princípios quanto ao vestir-se. Primeiro, que as roupas são para cobrir os nossos corpos nus, e depois, que as vestes nos são dadas por Deus para o propósito de exibirmos algo mais apresentável do que a nossa carne.
Quando nos vestimos de acordo com os preceitos de Deus, cumprimos ambos os princípios.
Muitas pessoas hoje, não ultrapassam a primeira intenção do vestir-se, e buscam somente cobrir a sua nudez. Outras se vestem ainda de uma maneira tal que realçam ainda mais a sua nudez, querendo negar, pelo seu proceder, o estado caído em que se encontra o homem (Rm 1:25-26).
Busquemos, em 1 Coríntios 11:3,7-9, a ordem divina de autoridade, a fim de sabermos para quem devemos nos vestir. “Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher e Deus a cabeça de Cristo… O varão pois não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão. Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão”. “A cabeça de Cristo é Deus”. Quão perfeitamente o Senhor Jesus mostrou esta sujeição a Seu Pai enquanto estava na Terra! Como homem, Ele sempre honrou a autoridade de Seu Pai (a cabeça). Suas próprias palavras são: “Porque Eu desci do céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade daquEle que Me enviou” (Jo 6:38) e “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por Si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto Ele faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5:19).
Deus exaltou a Cristo “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a Seus pés, e sobre todas as coisas O constituiu como cabeça da igreja, que é o Seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Ef 1:21-23). Adão, o primeiro homem, foi a cabeça da primeira criação, mas caiu em pecado. Cristo, o segundo Homem, redimiu a todos os que estavam caídos pelo pecado e é agora a cabeça sobre todos. “Cristo é a cabeça de todo varão” pois o varão é “a imagem e glória de Deus” (Cristo). O homem deve mostrar que Cristo é a cabeça. O homem deve mostrar a glória de Cristo em seu comportamento e modo de vestir. Cristo é digno de ser representado e glorificado na Terra pelo homem, razão pela qual os homens oram e profetizam com a cabeça descoberta. Suas cabeças devem ser vistas e devem predominar em relação às das mulheres.
Os homens devem ser cuidadosos para não usarem, em seu próprio benefício, o lugar de proeminência que Deus lhes deu. É para glorificar e manifestar a Cristo que lhes foi dado este lugar, e creio que o fato de ser a tendência geral dos homens contrária a isto que provoca entre as mulheres o movimento de libertação. As mulheres vêem os homens recebendo para si, injustamente, muitas das vantagens, e sentem-se ultrajadas. A solução não é dar aos homens e mulheres a mesma posição, como tem sido freqüentemente sugerido, mas o homem deve, isto sim, dar a Cristo o Seu lugar de direito, assim como a mulher deve dar ao homem o seu devido lugar.
O remédio para isto encontramos em Filipenses 2:5-8:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. Que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se até à morte, e morte de cruz”. Ele honrou a Seu Pai, e não buscou a Sua própria glória (Jo 8:49-50).
“O varão é a cabeça da mulher” pois “a mulher é a glória do varão”. O lugar apropriado à mulher é de sujeição ao homem, e é a ele que ela deve render sua própria glória. (1 Co 14:34; 1 Tm 2:11; Ef 5:22-24).
Para a mulher, honrar a Deus é vestir-se e agir de tal maneira que demonstre o seu reconhecimento da autoridade do homem. A tendência no mundo é exatamente oposta a isto: as mulheres procuram vestir-se e agir de modo a se exibir e atrair a atenção dos homens sobre si. Mas a esposa que obedece à ordem divina, traja-se e conduz-se de modo a destacar seu marido como o proeminente entre os dois. O marido, da mesma maneira, deve glorificar a Cristo que é a cabeça. A mulher que cobre a sua cabeça quando ora ou profetiza (fala para ou por Deus) mostra que é sujeita a seu marido, assim como ele e a igreja são sujeitos a Cristo. A mulher que se recusa a cobrir a sua cabeça, deve ser privada de sua glória, pois os seus cabelos longos são a sua glória. A sua glória pois, não estando sujeita à ordem de Deus, deve ser-lhe tirada. Desta maneira, a falsa igreja em Apocalipse 17 e 18 será despida de sua glória, por causa de sua insubordinação a Cristo.
Os princípios, contidos nos textos já mencionados, deveriam ser suficientes para nos guiar na maneira de nos vestirmos. Mas há ainda outras passagens mais explícitas que podem nos ajudar, como 1 Timóteo 2:8-10: “Quero pois que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras”.
Vemos aqui mais uma vez, que Deus quer que seja o homem aquele que age e fala. As mulheres são o inverso disto, e devem mostrar em seu comportamento e modo de vestir, que estão rendendo toda sua glória aos homens. Vestido de cores ou estilo perturbador, bem como penteados sofisticados ou jóias caras e pomposas, tendem a fazer notada aquela que as usa. Estas coisas enfraquecem as mãos piedosas erguidas em oração. Mesmo nos homens, estas coisas não retratam apropriadamente a Cristo, visto que oferecemos sacrifícios espirituais a Deus.
Os anjos notam em nós a ausência dos adornos convenientes (1 Co 11:10). Não desejaríamos ser a causa de queda de anjos de seu estado de sujeição, nem iríamos querer ser um tropeço para os nossos irmãos.
Pedro nos diz que devemos nos adornar. É falsa a idéia de que devamos ser negligentes ou descuidados quanto aos nossos modos e vestimentas, ou até mesmo rejeitar qualquer tipo de adorno. Isto seria uma desonra para Cristo. “Semelhantemente, vós, mulheres sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1 Pd 3:1-4). Aqui aprendemos a adornar primeiramente o homem interior – o coração. O aspecto exterior é corruptível e passará, mas o interior é de grande valor à vista de Deus. Quando o coração, (o homem interior) é correto, a aparência exterior também o será. (Lc 6:45). Tais ornamentos podem ser usados até mesmo para ganhar almas para Cristo. Palavras apenas, podem ser contestadas, mas uma vida piedosa, vivida para Cristo, jamais! Neste aspecto, talvez a mulher tenha mais oportunidades de anunciar a Cristo do que os homens. Vejamos agora alguns outros pensamentos no Antigo Testamento. Lembremo-nos de que estes versículos foram leis escritas a Israel, mas nós, que estamos sob a graça, podemos obter deles alguns princípios que nos são muito instrutivos.
“Não te vestirás de diversos estofos de lã e linho juntamente” (Dt 22:11). Deus não tolera misturas, motivos mesclados, ou ainda a tentativa de agradar à carne e a Deus. A lã e o linho têm origens diferentes. A lã vem de animais e o linho de plantas. Tanto uma como a outra eram permitidas para um israelita, desde que usadas separadamente, pois a carne (o homem) ainda estava sendo provada. Só devemos usar roupas que agradem ao Senhor, e nem ao menos uma que tenha misturada em si a vontade carnal. No versículo 5 do mesmo capítulo de Deuteronômio, encontramos outra distinção importante nas vestimentas: a mulher não deveria usar roupas de homem, nem o homem vestir as de mulher. Hoje, o mundo tem se esforçado grandemente para exterminar esta diferença exterior entre os sexos. Isto não provém de Deus, pois Ele mesmo faz diferença. Em 1 Timóteo 2:12-14 lemos: “Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão, não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. Quando as mulheres agem em insubordinação à ordem de Deus, usurpando a autoridade do homem, elas estão moralmente usando aquilo que pertence aos homens. Freqüentemente suas maneiras de vestir mostram que elas gostariam de ser consideradas iguais aos homens. A situação inversa também acontece com os homens; eles se vestem, muitas vezes, com roupas de mulheres; fazem das mulheres o objeto de seus olhos e corações lascivos ao invés de reconhecerem que Cristo, sua cabeça, é o único que pode encher e satisfazer plenamente seus corações. No entanto os homens querem, ainda assim, manter o seu lugar de autoridade. Eles não querem ser privados de suas vestes, mas, como por conveniência, vestem roupas de mulheres (moralmente falando) ao se sujeitarem a elas quando suas almas lascivas assim o desejam. Deste modo, buscam ocupar tanto o lugar de homens, como o de mulheres. Mas Deus nos diz em Sua Palavra, que o homem não deve nem ao menos vestir roupa de mulher (Dt 22:5).
Temos bons versículos no livro de Números que deixarão mais claro este assunto: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que nas bordas dos seus vestidos façam franjas, pelas suas gerações: e nas franjas das bordas porão um cordão de azul e nas franjas vos estará, para que os vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os façais: e não seguireis após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os quais andais adulterando. Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façais, e santos sejais a vosso Deus” (Nm 15:38-40). Este cordão de azul, devia ser visto nas bordas de seus vestidos. Azul é a cor celestial, e nós somos o povo celestial. Não devemos pensar “nas coisas terrenas” pois “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas” (Fp 3:19-21). Nossas roupas não devem ter um feitio tal que nos exponha e venha a atrair os olhos e corações dos que nos vêem. Pelo contrário, as pessoas devem ver, pela maneira de nos vestirmos, pelo corte ou modelo de roupa que usamos, que somos homens e mulheres celestiais. Isto é especialmente importante para os jovens quando se encontram para recreação ou comunhão. A cobiça da carne, predomina mais intensamente durante os anos da adolescência.
Em Lucas 8:43-48, o Senhor nos deu um lindo exemplo de ter o cordão de azul nas bordas de Seus vestidos: “E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás dEle, tocou na orla do Seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue…” (versículos 43 e 44). Um pequeno toque de fé na Pessoa celestial do Senhor Jesus, curou o fluxo de sangue da mulher; cura que nenhum outro podia lhe proporcionar. Os resultados do pecado em seu corpo não podiam ser estancados por ninguém além do Filho do Homem, e tampouco nós podemos ser curados, a não ser pela própria Pessoa do Senhor Jesus Cristo.
A orla dos vestidos de Cristo não provocou a carne no homem, antes estancou-a.Tal como Eva, que tentou esconder a sua condição de pecadora com folhas de figueira e entre as árvores do jardim, esta mulher tentou esconder-se entre a multidão, mas ainda assim recebendo os benefícios da cura. Mas Cristo soube que de Si havia saído virtude. Ela não podia receber a cura e esconder os segredos da sua condição. Aquele que podia curar, evidentemente conhecia o seu problema. Ela teve que ser levada e entender isto e, após haver confessado tudo, o Senhor deu-lhe paz.
Assim, o Senhor Jesus mostrou perfeitamente como fazer cessar as manifestações do pecado que emergem do coração humano. Pelo nosso vestir e pela nossa conduta devemos mostrar que Jesus, o Homem celestial, curou-nos também de nossos pecados. Se fossemos mais como Cristo, as nossas vestes e conduta nunca seriam um motivo de provocação à carne nas pessoas. Mas também devemos evitar o outro extremo, como os fariseus que alargavam “as franjas dos seus vestidos…a fim de serem vistos pelos homens” (Mt 23:5). Isto era mais para mostrar aparência de piedade e foi além do que Moisés havia ordenado. Não lhes foi dito que fizessem largas franjas, mas que fizessem as suas orlas com cordões de azul. O seu extremismo apenas manifestou sua ignorância no assunto. Vemos também nisto, que eles mudaram a finalidade proposta por Deus de exibir a glória celestial, para um motivo terreno: satisfação própria.
Possamos tomar a Cristo como o exemplo, e que estas coisas sejam uma realidade prática em nossas vidas.
D.C.Buchanan