Nasci na Terra Santa, há quase setenta anos. Quando criança, aprendi a ler a Lei, os Salmos e os Profetas. Frequentei a sinagoga e aprendi hebraico dos rabinos. No começo acreditei no que me disseram, que a nossa era a verdadeira e única religião, mas, à medida que cresci e estudei a Lei mais atentamente, fiquei impressionado com o lugar que o sangue tinha em todas as cerimônias delineadas lá, e eu estava igualmente impressionado pela ausência absoluta disso nas tradições do judaísmo moderno.
Costumo ler Êxodo 12 e Levítico 16-17, e os capítulos deste último em especial me fizeram tremer, enquanto pensava no grande Dia da Expiação e no lugar que o sangue ocupava. Dia e noite um verso tocaria meus ouvidos. “É o sangue que faz expiação pela alma” (Lv 17:11). Eu sabia que tinha transgredido a lei. Eu precisava de expiação. Ano após ano, naquele dia, eu batia em meu peito quando confessava minha necessidade, mas era preciso sangue e não havia sangue!
Em minha angústia, finalmente, abri meu coração para um rabino culto e respeitado. Ele me disse que Deus estava bravo com o Seu povo. Jerusalém estava nas mãos dos gentios, o templo fora destruído, e uma mesquita muçulmana construída em seu lugar. O único lugar na terra em que ousaríamos derramar o sangue do sacrifício, de acordo com Deuteronômio 12 e Levitico 17, fora profanado, e nossa nação espalhou-se. Era por isso que não havia sangue. Deus mesmo havia fechado o caminho para realizar o serviço solene do grande dia da expiação. Agora devíamos recorrer ao Talmude e descansar nas instruções e confiar na misericórdia de Deus e nos méritos dos patriarcas.
Tentei ficar satisfeito, mas não consegui. Algo parecia dizer que a lei continuava inalterada, mesmo que nosso templo tivesse sido destruído. Nada além de sangue poderia expiar a alma. Não nos atreveríamos a derramar sangue por expiação, a não ser no lugar escolhido pelo Senhor. Teríamos nós ficado sem qualquer expiação? Este pensamento me encheu de horror. Em minha angústia consultei muitos outros rabinos. Eu só tinha a grande pergunta: “Onde posso encontrar o sangue da expiação?”
Um ancião judeu disse: “Durante a semana da Páscoa, meus irmãos judeus, vocês terão afastado todo fermento de suas casas; Vocês comerão o “motsah” (bolachas sem fermento) e o cordeiro assado. Vocês irão assistir aos cultos na sinagoga e realizar o ritual e as instruções do Talmud, mas vocês esquecem, meus irmãos, que vocês têm tudo menos o que Jeová exigiu em primeiro lugar. Ele não disse: “Quando vejo o fermento guardado, ou quando vejo vocês comerem o motsah, ou o cordeiro, ou irem à sinagoga”, mas a palavra dele foi: “Quando eu vir o sangue, passarei por vocês” (Ex 12:13). Ah, meus irmãos, vocês não podem substituir nada por isso. Vocês devem ter sangue, sangue, SANGUE! “
“Sangue”. É uma palavra terrível para quem reverencia o Talmude e ainda não tem o sacrifício. Ele fala constantemente sobre o sangue, mas “o sangue” está faltando no judaísmo de hoje.
Uma noite eu estava caminhando por uma das ruas estreitas da cidade, quando vi um sinal anunciando uma reunião para judeus. A curiosidade me fez entrar. Tão logo me sentei, ouvi um homem dizer: “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7). Foi minha primeira introdução ao cristianismo, mas eu escutei sem fôlego quando o homem que falava explicou como Deus havia declarado que “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22), mas que Ele havia dado Seu Filho unigênito, o Cordeiro de Deus, para morrer, e todos os que confiam no Seu sangue são perdoados de todas as suas iniquidades. Aquele era o Messias de Isaías 53; era o Sofredor do Salmo 22. Ah, meus irmãos, finalmente achei o sangue da expiação. Confiei nisso, e agora eu adoro ler o Novo Testamento e ver como todas as sombras da lei se cumprem em Jesus. Seu sangue foi derramado pelos pecadores. Ele satisfez a Deus, e é o único meio de salvação para judeus ou gentios.
Traduzido de: “Where is the blood?”