A primeira vez em que o “shabbat” é especificamente mencionado nas Escrituras é em Êxodo 16:23, depois que o maná foi dado dos céus, mas fica evidente que o “shabbat” teve sua origem na santificação e bênção do sétimo dia, após os seis dias de trabalho da Criação. Aparentemente existia uma divisão semanal de dias até a época do dilúvio, pois isto é mencionado em conexão com Noé. Também vemos em Marcos 2:27 que o “shabbat” foi feito para o homem. Era uma instituição que expressava a misericordiosa consideração de Deus para com o homem.
No original, as palavras “descanso” e “sabbath” na passagem em Êxodo não possuem artigo, por isso a sentença pode ser traduzida, “Amanhã é descanso, shabbat santo para o Senhor”. Assim, nos versículos 25 e 26 não existe artigo, o que acontece no versículo 29. Posteriormente o “shabbat” foi definitivamente incluído nos dez mandamentos, capítulo 20:8-11 de Êxodo, e ali é feita referência ao fato de Deus haver descansado no sétimo dia após a obra de Criação, sendo esta a base da instituição.
O “shabbat” tinha um lugar peculiar em relação a Israel, e assim em Levítico 23, nas festas de Jeová, nas santas convocações, o Sábado de Jeová é mencionado primeiramente como mostra da grandiosa intenção de Deus. Deus havia libertado Israel da escravidão do Egito e, portanto, ordenou que guardassem o sábado (Dt 5:15). O sábado era o sinal da aliança de Deus para com eles, e pode ser que o Senhor Jesus, ao ofender várias vezes aos judeus por não guardar o sábado (do ponto de vista deles) por causa dos atos de misericórdia que Ele praticava, prenunciasse a proximidade da dissolução da aliança da lei (Êx 31:13,17; Ez 20:12,20). O “shabbat” era um prenúncio do descanso no qual deveria entrar o povo de Deus, mas, por causa do pecado daqueles que se dirigiam para a terra prometida, e a desprezavam, Deus jurou em Sua ira que não entrariam no Seu descanso (Sl 95:11). Deus tem o propósito de introduzir o Seu povo (Israel) no Seu descanso, para o qual permanece ainda a guarda do sábado (Hb 4:9).
O “shabbat” nunca foi dado às nações da mesma forma que o foi para Israel, e dentre os pecados citados contra os gentios, nunca é mencionada a transgressão do “shabbat”. No entanto, parece ser um princípio do governo de Deus sobre a Terra que homens e animais tenham um dia, em sete, para o descanso do trabalho, pois todos o necessitam fisicamente.
O “shabbat” cristão é designado como sendo o dia do Senhor, e é tão distinto do “shabbat” legal judaico como o início – ou primeiro dia – de uma nova semana é distinta do término ou encerramento da semana que passou. O Senhor jazia na morte no “shabbat” judaico; os cristãos têm, no primeiro dia da semana, o dia da ressurreição.
O “Dia do Senhor” é uma expressão que aparece apenas em Apocalipse 1:10, quando João estava no Espírito no dia do Senhor. Era o dia da semana no qual o Senhor ressuscitou – trata-se do dia da ressurreição que marca enfaticamente o “shabbat” para o cristão. É o primeiro dia da semana, o que sugere o início de uma nova ordem de coisas, totalmente distinta daquela conectada com o “shabbat” da Lei. No dia do Senhor os discípulos costumavam se reunir com o propósito expresso de partir o pão (At 20:7) e, embora não haja nenhum preceito legalista a respeito, trata-se de um dia especialmente considerado pelos cristãos. Trata-se, literalmente, do “dia dominical”, uma palavra que aparece somente em conexão com a “ceia do Senhor” em 1 Coríntios 11:20 e não deve ser confundida com “o dia do Senhor”, no sentido em que aparece em 2 Pedro 3:10 e outras passagens.
Concise Bible Dictionary