Apresentação
Primeiramente agradeço a Deus por permitir que este material fosse produzido e disponibilizado para milhares de leitores no Brasil e no mundo. As ideias que você encontra aqui não são originalmente minhas, e sim fruto do que tenho aprendido da Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais com irmãos congregados ao nome do Senhor e também com autores de outras épocas que congregavam assim. Foram eles J. G. Bellett, C. H. Brown, J. N. Darby, E. Dennett, W. W. Fereday, J. L. Harris, W. Kelly, C. H. Mackintosh, A. Miller, F. G. Patterson, A. J. Pollock, H. L. Rossier, H. Smith, C. Stanley, W. Trotter, G. V. Wigram e muitos outros.
Para que você compreenda como este livro veio a existir, creio ser necessário voltar um pouco no tempo. Depois de um período trabalhando em São Paulo, em 1988 mudei-me com minha família de volta para Limeira, minha cidade natal, a fim de colaborar com a Editora Verdades Vivas, uma organização sem fins lucrativos que produz e distribui literatura cristã. A grande quantidade de folhetos evangelísticos, livros e calendários distribuídos no Brasil e em outros países de língua portuguesa gerava um volume considerável de correspondência, não só com pedidos de publicações, mas também com perguntas sobre a Bíblia. Todas as cartas eram devidamente respondidas.
Nessa época adquiri o hábito de manter uma cópia das respostas em formato digital. Assim ficava fácil responder perguntas semelhantes ou até mesmo mesclar trechos de diferentes respostas, além de preservar aquele conhecimento. A partir de 1996 passei a usar a Internet e aí as respostas já não precisavam ser impressas, envelopadas e enviadas por carta como era feito até então. O uso do e-mail agilizou o processo e permitiu atender mais correspondentes com maior agilidade.
Em 1998 deixei a editora para atuar como executivo de uma empresa de tecnologia da informação, porém mantendo nas horas vagas minha ocupação com o evangelismo e ministério da Palavra via Internet por meio de diferentes sites e blogs. Em 2001 passei a trabalhar por conta própria como consultor e palestrante empresarial, tendo mais tempo livre e uma agenda mais flexível para dedicar-me ao evangelho.
Em 2005 decidi lançar o blog “O que respondi” no endereço respondi.com.br para disponibilizar as respostas que tinha armazenado em formato digital desde 1988 e acrescentar as que fossem sendo criadas. Algo que muitos perguntam é a razão de o blog não permitir comentários, mas o volume de spam, debates e opiniões deixadas na área de comentários me obrigou a eliminar esta opção de contato para me concentrar no atendimento apenas por e-mail. É sempre bom lembrar que não existe uma “equipe” para responder a correspondência que chega, pois este é um exercício pessoal.
Em 2008 iniciei um trabalho chamado “O Evangelho em 3 minutos — Uma mensagem urgente para quem tem pressa”, com vídeos no Youtube e também em versões de texto e áudio no endereço 3minutos.net. Com a popularização do smartphone e da Internet móvel este formato mostrou-se excelente para alcançar pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar com a mensagem da salvação e a sã doutrina. O site “O que respondi” passou a servir de complemento aos vídeos. Enquanto no “Evangelho em 3 minutos” a Palavra de Deus é pregada de forma rápida, no “O que respondi” ela é explicada em detalhes e com referências.
Estas e outras frentes de trabalho via Internet continuam gerando um número cada vez maior de contatos e perguntas. Em 2013 foram mais de três mil perguntas atendidas, porém graças ao blog “O que respondi” nem todas precisaram ser respondidas. Na maioria das vezes é suficiente enviar links para as mais de mil respostas existentes no blog, que já conta com cerca de quatro milhões de acessos desde sua criação.
Assim chegamos à razão deste livro que está sendo lançado nos formatos digital (e-book) e impresso (on demand). Ele atende aqueles que desejam ter acesso ao material do blog sem depender de uma conexão com a Internet. Este é um dos mais de dez volumes projetados para compor esta coleção, se considerarmos todo o conteúdo do blog “O que respondi”.
Ao ler este livro não se esqueça de que está lendo as opiniões do autor, e não a Palavra de Deus. Considere também que os textos são cartas e e-mails de minha correspondência pessoal, e não uma obra literária. A linguagem é informal e despretensiosa como acontece com uma correspondência entre duas pessoas, e é provável também que você às vezes venha a achar a linguagem meio irreverente, mas isso é apenas fruto de meu estilo literário, e não de tratar levianamente as coisas de Deus ou a pessoa a quem respondi. Lembre-se também de que, para a resposta fazer sentido, às vezes incluo o que escreveram meus interlocutores e alguns são incrédulos ou ateus com opiniões depreciativas a respeito de Deus e de sua Palavra.
Não espere encontrar aqui todas as respostas e nem sequer as trate como definitivas. Elas são fruto do meu exercício com o Senhor e do que continuo aprendendo todos os dias. Por isso leia, medite, busque referências na Bíblia e ore para que o Espírito Santo lhe dê o entendimento. Sem isto até a pessoa mais inteligente e versada nas Escrituras será incapaz de entender as coisas de Deus, pois elas se discernem espiritualmente.
É provável que você encontre erros em minhas opiniões. Pode ter certeza de que eu mesmo eventualmente sou obrigado a acessar o blog “O que respondi” para fazer correções após ter sido instruído ou alertado de alguma falha por algum irmão ou por algo que li na Palavra de Deus. Se, ao comparar uma resposta mais antiga com uma mais nova, você encontrar alguma discrepância, saiba que optei por não revisar todas as respostas, mas decidi mantê-las do modo como entendia as coisas quando as escrevi, e lembre-se de que você está lendo textos escritos ao longo de um período de cerca de trinta anos. Se encontrar algum erro de digitação ou de gramática, entre em contato para eu fazer as devidas correções, pois o desejo de disponibilizar este livro o mais rápido possível nas mãos dos leitores foi maior que o tempo que tive para revisá-lo.
Este livro está sendo distribuído gratuitamente, porém alguns sites de terceiros ou editoras irão cobrar algum valor para a versão e-book ou impressa sem que isto signifique algum ganho da parte do autor que optou por abrir mão dos ganhos com direitos autorais. Você poderá distribuir o conteúdo deste livro, desde que o faça gratuitamente, não altere o texto e mantenha a referência ao autor.
Peço que se lembre de incluir este trabalho em suas orações e de endereçar ao Senhor, e não a mim, qualquer sentimento de gratidão que porventura possa ter por esta leitura.
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa” (Os 6:3).
Mario Persona
www.respondi.com.br
www.3minutos.net
Fevereiro, 2014
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Devo voltar para a igreja católica?
Agradeço sua preocupação em insistir que eu volte para o catolicismo, de onde saí um ano depois de ter sido salvo por Jesus. Obviamente eu antes era católico como a maioria dos brasileiros, mas a partir de minha conversão procurei me inteirar melhor da doutrina católica enquanto lia a Bíblia. Abandonei aquele sistema ao descobrir que o que ensinavam não estava na Palavra de Deus. Portanto vou começar pela frase que você acrescenta no final de seus e-mails:
“Sr. Mario, por favor, volte para casa! Que a graça de Deus Altíssimo, Rei e Luz dos povos esteja com você e que Maria, filha bem-amada de Deus Pai e esposa fiel do Espírito Santo, interceda ao seu Divino Filho por ti”.
Ao insistir em me convencer de que devo me filiar ao sistema católico romano, você me faz lembrar de uma vez quando eu falava do evangelho a uma mulher mórmon. Enquanto eu me concentrava em falar de Jesus, ela ficava falando de tudo o que a Igreja dos Santos dos Últimos Dias tinha a oferecer: quadras de esportes, eventos sociais, aulas de inglês, viagens ao exterior…, etc. Quando perguntei a ela se ela tinha a certeza de sua salvação, de seus pecados todos lavados pelo sangue do Cordeiro, de sua entrada imediata no céu caso morresse ali naquele momento, sua resposta foi que não. Então eu disse que não trocava a certeza que tinha em Cristo por tudo aquilo.
Outro episódio semelhante ocorreu com um irmão em Cristo que também se congrega com outros irmãos do mesmo modo como eu, ou seja, sem uma denominação religiosa, sem um clero, sem uma organização central, etc., mas somente ao nome do Senhor. Quando ele pregava o evangelho a uma jovem hippie (que depois viria a se converter), um pastor adventista participava da conversa e queria a todo custo levar a jovem para sua denominação. Meu amigo, no entanto, queria levar a jovem a Jesus, o único que pode salvar.
O pastor adventista, ao perceber o interesse da jovem nas explicações que meu amigo dava do evangelho (e não de alguma religião) não se conteve e disse algo assim:
— Nós temos tantos templos em todo o mundo, temos tantas universidades, tantos hospitais, escolas, e temos até barcos hospitais na Amazônia, etc., etc.
Aí, virando-se para meu amigo e tratando a questão como se fosse ganhar alguém para um partido político ou clube social, perguntou:
— E você, o que tem para oferecer?
— Só Jesus — foi a resposta que meu amigo deu.
Você escreveu: “Eu acredito que a passagem a que você se refere ao citar o capítulo 5 do Evangelho de João seja esta: ‘Quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não vem a julgamento, mas passou da morte à vida’ (v. 24). Esta passagem está absolutamente correta, mas o que diz a Escritura sobre a salvação, ou melhor, o que devemos fazer para ouvir a Palavra de Cristo e reconhecer o Altíssimo, para que assim tornemo-nos dignos de contemplar a face de Deus?”.
A questão é esta: ninguém é digno de contemplar a face de Deus. Só podemos ser feitos dignos no Amado, que é Cristo. Nele estamos aptos para o céu. Fora dele não.
(Ef 1:5-7) “… E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”.
Repare que é Deus quem nos faz agradáveis a si mesmo no Amado, isto é, em Cristo, e não em nós mesmos. O próprio Pedro, que você alega ser a pedra que devemos seguir, escreveu o mesmo:
(1 Pe 2:4-6) “E, chegando-vos para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido”.
É curioso você continuar considerando que Deus não seja suficiente para salvá-lo e que o sacrifício de Cristo não tenha sido suficiente para livrá-lo da condenação que seus pecados exigem.
Você escreveu: “Como já foi citado anteriormente para que haja vida em nós é preciso comer a carne e beber o sangue de Cristo (Jo 6:53), pois a sua carne é verdadeiramente comida e o seu sangue é verdadeiramente bebida (Jo 6:55), contudo muitos renunciam a isso, consideram escandaloso e deixam de ser discípulos de Cristo rejeitando, pois, a ele e ao Pai (Jo 6:66)”.
No Evangelho de João Jesus diz: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6:53-54). O contexto fala de como Deus alimentou os israelitas por quarenta anos no deserto, após libertá-los da escravidão no Egito. Ali eles celebraram a primeira páscoa sacrificando um cordeiro e comendo sua carne assada no fogo. A palavra “páscoa” significa “passar por cima”. E foi o que Deus fez, ao “passar por cima”, ou excluir da praga da morte aqueles que comiam a carne do cordeiro dentro das casas que tinham a marca de sangue no batente da porta. Aquele cordeiro morto era uma figura de Cristo sacrificado por nós.
Em João 6:47-48 Jesus diz que é o pão da vida e quem crer nele tem a vida eterna, e no versículo 54 ele diz que tem vida eterna quem comer sua carne e beber seu sangue. Do mesmo modo como ele falou de pão no sentido figurado, comer sua carne e beber seu sangue também é linguagem figurada, como das vezes em que ele disse ser “a porta”, “o caminho”, “a videira verdadeira” etc. Do mesmo modo como você come o pão comum para ter vida natural, é preciso alimentar-se de Cristo para ter vida eterna. Comer sua carne e beber seu sangue não é participar de um ritual mágico de transubstanciação do corpo e sangue de Jesus em pão e vinho. Ninguém tem o poder de transmutar seu corpo ressuscitado e incorruptível em matéria corruptível. Isto seria negar a imutabilidade da ressurreição.
Se você tivesse participado da primeira ceia e alguém perguntasse onde estava Jesus, o que responderia? Que ele tinha se transformado em pão e vinho? Não, você apontaria para o Homem ao seu lado. No entanto naquela noite ele também afirmou, apontando para o pão e o vinho sobre a mesa: “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue”. Obviamente você teria entendido que ele falava em linguagem figurada.
Deus proibiu ao homem beber sangue, pois isso significava obter vida. Qualquer nativo antropófago entenderia o simbolismo disso: ele come a carne e bebe o sangue do inimigo por acreditar receber sua vida e coragem. O sentido da proibição é o mesmo da espada na entrada do Jardim do Éden para impedir que o homem comesse da árvore da vida e obtivesse vida por si próprio.
Mas agora, tendo sido resolvida a questão do pecado na cruz, a vida eterna pode ser recebida comendo a carne e bebendo o sangue de Jesus, isto é, alimentando-se de sua morte e dos benefícios que ela nos traz. Se ele tivesse vivido aqui apenas como um exemplo a ser seguido, não haveria salvação para nós. Foi só por ter morrido que nós podemos ter vida. Comer sua carne e beber seu sangue é você tomar para si todo o valor de sua morte para viver eternamente.
Você escreveu: “Também é preciso do batismo, nas palavras de Jesus: ‘Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado’ (Mc 16:16;Jo 3:5)”.
Sim, o batismo é uma ordenança do Senhor, mas o batismo salva? Se eu disser a você que “Quem tomar vacina e repousar será curado; o que não tomar vacina morrerá”, o que você diria que é a ação que evita a morte? A Palavra não diz que quem “não crer e não for batizado será condenado”, o que dá a entender que a única condição necessária e suficiente seja crer.
Você escreveu: “Demais para ser salvo é preciso perseverar até o fim, nas palavras do Redentor: ‘Sereis odiados por todos por causa de meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, este será salvo’. (Mt 10:22)”.
Leia o contexto todo de Mateus 10 e você perceberá que ali o assunto não é a salvação eterna, mas a salvação da vida. O próprio versículo anterior fala de morte. É mais ou menos como dizer que “quem nadar até a praia será salvo”. Qualquer pessoa inteligente percebe que não estou dizendo que terá salvação eterna quem sabe nadar, porque falo de uma salvação do corpo, da vida natural. Nada no contexto indica que Jesus esteja tratando de salvação eterna.
Você escreveu: “Tal perseverança salvífica fruto da fé consiste na obediência aos seus mandamentos (cf. Jo 14:15; Tg 1:22; 1 Jo 2:4; Rm 11:20-23)”.
Vamos aos versículos que citou:
(Jo 14:15) “(1º) Se me amardes, (2º) guardareis os meus mandamentos”.
Sim, nada mais correto. Repare na ordem: primeiro amar (1º) e segundo, como consequência do primeiro, obedecer (2º). A fé em Cristo, que é fruto de uma operação do Espírito Santo de Deus em nós, nos leva a crer nele e amá-lo. Como consequência e evidência (mas não como efeito causador da salvação) vêm as boas obras e a vida cristã. Crer é a locomotiva, o resto é vagão.
(Tg 1:21-22) “…recebei com mansidão a palavra (1º) em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma . (2º) E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”.
Tomei a liberdade de acrescentar o versículo anterior para contexto. O que veio antes de “sede cumpridores da palavra”? Antes veio “a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma”. Bem em conformidade com o Verbo de Deus que recebemos no momento em que cremos em Cristo, não? Mais uma vez a locomotiva primeiro e depois os vagões.
(1 Jo 2:4) “Aquele que diz: (1º) Eu conheço-o (2º) e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade”.
Absolutamente correto. O fruto só pode existir se existir a árvore. Paulo explica bem isso em Efésios:
(Ef 2:8-10) “Porque (1º) pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus (2º) para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.
Os que creem e são salvos pela fé (1º), e não por suas próprias obras, podem esperar que Deus tenha boas obras (2º) que foram preparadas para eles andarem nelas. Repare na ordem das coisas: primeiro vem a salvação eterna, por graça somente, depois Deus usando essa pessoa para os seus propósitos. Esta ordem de coisas é bem clara em outras passagens:
(Tt 2:13-14; 3:8) “…aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e (1º) purificar para si um povo seu especial, (2º) zeloso de boas obras… Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que (1º) os que creem em Deus (2º) procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens”.
Quanto ao versículo de Romanos 11:20-23 ele não está falando de salvação individual, mas de responsabilidades dos gentios. Está apresentando o contraste entre judeus e gentios e não entre o João e a Maria. Os judeus foram cortados (como judeus), mas isso não implica que todos os judeus tenham sido condenados, já que o próprio Paulo, que escreve, era um judeu e salvo por Cristo. Do mesmo modo, os gentios não deviam achar que não podiam ser tratados com a mesma severidade (como gentios). O assunto não é a igreja e nem o indivíduo, pois este que crê se torna membro do corpo de Cristo, e ele prometeu que nenhum será arrancado de sua mão. Você deixaria alguém arrancar um membro seu?
Você escreveu: “Ora, nós somos justificados pela fé, esta fé obrigatoriamente gera boas obras, pois ‘se dissemos que estamos em comunhão com ele e andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade’ (1 Jo 1:6), de fato, como nos ensina São Tiago ‘a fé sem obras é morta’ (Tg 2:26)”.
Sim, justificados pela fé. E se estamos justificados (reputados por justos) estamos salvos por Deus. A justiça de Cristo nos é reputada (colocada em nossa conta), e não as nossas próprias justiças. Sim, a fé sem obras é morta porque simplesmente não dá provas de sua existência ou realidade.
Você escreveu: “Para finalizar, é preciso escutar aos apóstolos, pois como diz o Divino Mestre: ‘Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou.’ (Lc 10:16 = Lc 9:48), ora assim quem rejeita aos apóstolos rejeita escutar a palavra de Cristo e a reconhecer a Deus Pai, lembrando que também é preciso participar do sacramento da confissão para nos reconciliarmos com Deus, tal sacramento é ministrado pelos apóstolos porque receberam de Cristo este poder (Jo 20:22; Mt 18:18)”.
Lá vem você outra vez. Na sua concepção, escutar os apóstolos é escutar o Papa e os que foram designados por ele. Mas, a que Papa devo escutar? Inocêncio II que proibiu a leitura da Bíblia e instituiu a Inquisição? Ou talvez Nicolau V, que autorizou o Rei de Portugal a lutar contra os povos africanos, tomar suas propriedades e torná-los escravos? Ou Gregório XIII que mandou cunhar moedas comemorativas do massacre de 70 mil protestantes franceses na “Noite de São Bartolomeu”?
Talvez eu deva escutar Alexandre IV, colecionador de amantes e promotor de orgias? Além de amante da própria filha, Lucrécia Bórgia, sob o seu pontificado 2 mil pessoas foram queimadas vivas pela Inquisição espanhola, 13 mil judeus-convertidos foram condenados à prisão, 170 judeus foram expulsos da Espanha. Ora, mas você mesmo concorda que alguém que não tenha obras condizentes com sua fé não tem fé nenhuma!
Ou talvez eu deva escutar Inocêncio VIII que elegeu cardeal Giovanni de Médici que tinha apenas 13 anos, mas obviamente era um Médici. Ou Pio XII, conhecido como “o Papa de Hitler”? Veja você que basta estudarmos um pouco de história para aprendermos que as obras da maioria dos Papas os desqualificam como pessoas a quem devemos dar ouvidos.
Você escreveu: “Ademais é bom salientar que as boas obras são meritórias, pois quando praticamo-las mostramos a Deus o nosso esforço para fazer o bem e a obedecê-lo, como Deus é generoso e assim nos recompensa. Assim ensina Jesus: ‘Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa’. (Mt 10:42)”.
Sim, Deus certamente recompensa as boas obras, mas aqui estamos falando de salvação eterna e de perdão de pecados. Só existe um que foi à morte por você, Jesus. Ele carregou os pecados daqueles que nele creem e pagou todos ali na cruz. Ele é o Cordeiro que morreu em lugar do pecador. Você não acredita que o copo de água fresca que você dá a alguém tem o poder do sangue de Cristo para expiar seus pecados, não é mesmo? Tenho certeza de que você entende que Deus tem um galardão (prêmio ou recompensa) para os seus (os que creram em Cristo e foram salvos por seu sacrifício), quando levar em consideração como cada um respondeu ao desejo de Deus de torná-los instrumentos seus depois de terem sido salvos.
Você escreveu: “Eu repito aquilo que disse São Paulo: ‘Assim, pois, quem julga estar de pé, tome cuidado para não cair’. (1 Co 10, 12)”.
Você reparou que ele está falando todo o trecho desde o início relacionado à idolatria? Leia com atenção. Há duas lições que vejo no trecho. A primeira é que aquele que pensa que está em pé, porém é idólatra, certamente não está em pé, portanto nem salvo está. A segunda é que até mesmo os salvos devem perceber que Deus não está brincando, como não brincou com seu povo de Israel no deserto. Mas o versículo mais importante de tudo é o que diz que “Deus vos não deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação, dará também o escape, para que a possais suportar”. Se assim é, posso descansar seguro em suas promessas.
(1 Co 10:7) “Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar. E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram e caíram num dia vinte e três mil. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria”.
Você escreveu: “Com efeito, não basta apenas crer na existência de Cristo para sermos salvos e sim é preciso obedecer as suas ordens e seguir os seus ensinamentos, não adianta ficar entrando pela porta larga, pois ela leva a perdição, temos que entrar pela porta estreita que é a que nos leva para morada do Senhor (Mt 7:13)”.
Será que você disse que não basta crer que “Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna”? Ou será que disse que não basta acreditar que “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”?
Sabe de uma coisa? O tempo todo você tem me convidado a “voltar para casa”, isto é, para a Igreja Católica, como se existisse nessa instituição o poder de me salvar. Eu tenho a Bíblia, sei ler, e tenho o Espírito Santo para me dar entendimento da Verdade. Para mim está muito claro que, por ter ouvido a Palavra de Jesus e ter crido nele, eu tenho a vida eterna, não entrarei em condenação, mas já passei da morte para a vida (veja o versículo acima de João 5).
O que você tem melhor do que isso para oferecer? Os atrativos que a moça mórmon apresentou tentando me cativar? Ou os templos, universidades e hospitais dos quais o pastor adventista se gabava diante de meu amigo? Ou quem sabe os Papas e suas histórias de corrupção e sangue? Quer saber de uma coisa? Ao seu convite eu digo: “Não, obrigado. Prefiro continuar só com Jesus”.
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Samuel voltou dos mortos para falar com Saul?
Não podemos contestar o que alguém viu ou experimentou, mas podemos duvidar que a interpretação estivesse correta. Eu posso ver um montão de coisas sob o efeito de um alucinógeno (ou às vezes até não) e interpretar isso de forma totalmente errada. A mulher vidente e Saul realmente passaram por uma experiência que não pode ser negada, mas a interpretação do que tenha sido a experiência pode ser questionada.
(1 Sm 28:6) “Pelo que consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Eis que em En-Dor há uma mulher que é necromante. Então Saul se disfarçou, vestindo outros trajes; e foi ele com dois homens, e chegaram de noite à casa da mulher. Disse-lhe Saul: Peço-te que me adivinhes pela necromancia, e me faças subir aquele que eu te disser…. A mulher então lhe perguntou: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que me enganaste? pois tu mesmo és Saul… Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas a mim, visto que o Senhor se tem desviado de ti, e se tem feito teu inimigo? … E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus. Amanhã tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará o arraial de Israel na mão dos filisteus. Imediatamente Saul caiu estendido por terra, tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel”.
Os mortos não voltam ao mundo, exceto nas ocasiões especiais e com um propósito definido por Deus como aconteceu com Moisés no monte da transfiguração de Jesus. Se no caso de Samuel foi ele que voltou por um propósito de Deus, pode ser que sim, porque a mulher se espanta quando o vê e ele sabia o que iria acontecer com Saul no futuro. Mas há também quem pense que não, que se tratou mesmo de uma possessão demoníaca. Por não ser este o foco da passagem, não me preocupa muito saber se era ou não Samuel que apareceu.
Em qualquer das hipóteses trata-se de um evento registrado nas Escrituras e o personagem é chamado pelas Escrituras de Samuel, portanto pode muito bem ser ele tanto quanto foi Moisés quem apareceu no monte da transfiguração. Mas o propósito ali não era falar da volta dos mortos, mas da desgraça em que caiu Saul por duvidar de Deus.
Em passagens assim, quando não nos é dito com exatidão algo, é preciso buscar saber o que está sendo dito com exatidão, e no caso é a lição da falta de fé de Saul e de sua incredulidade na fidelidade de Deus. Sempre que faltar informação para entender alguma passagem na Bíblia, é bom começar a desconfiar que estamos nos ocupando com algo que não é o tema daquela passagem, por isso Deus não deu detalhes que não seriam relevantes para a lição que ele queria nos ensinar.
Saul foi um rei rebelde que queria fazer sua própria vontade. Isto acabou fechando completamente sua comunicação com Deus. Quando não temos de Deus uma resposta clara e inequívoca (e no caso de Saul foi por sua rebeldia), certamente iremos querer buscar alternativas, como a consulta aos mortos, que foi o que Saul quis fazer. E o engano jaz à porta daqueles que foram surdos aos clamores de Deus até chegar ao ponto em que o próprio Deus deixa de responder. Foi a mesma má vontade de escutar a Palavra de Deus que levou os judeus a serem endurecidos em parte, passando a ficar incapazes de ouvir a Palavra de Deus e entendê-la:
(At 28:26-27) “Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis. Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados”.
Quando se atinge este estado, passamos a ser aqueles que o Senhor descreveu: (Mt 15:8-9) “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”.
Se você reparar, o Senhor Jesus estava citando Isaías 29:13. O que antecede este versículo em Isaías é justamente o Senhor tornando o povo incapaz de entender a sua palavra, por tê-la ouvido de mal grado. Estamos prontos a escutar a Palavra de Deus e tê-la como decisiva em toda e qualquer questão? Ou estamos nos ocupando com coisas que não são o propósito de Deus nos ensinar?
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A besta e o anticristo são pessoas diferentes?
Para você entender melhor (mesmo porque Apocalipse fala de duas bestas diferentes), decidi traduzir um texto escrito por J. A. Trench (1843 — 1925):
As dúvidas sobre quem são a Besta e o Falso Profeta podem exigir uma visão mais ampla do escopo da profecia, a fim de tornar a resposta compreensível dentro dos limites deste texto.
Repare que há duas bestas em Apocalipse 13. A primeira, identificada por suas sete cabeças relacionadas às formas passadas do Império Romano, deve sua última forma ao poder satânico (Ap 13:2). Uma das cabeças, sem dúvida a cabeça imperial, foi ferida de morte, mas ao sobreviver como forma de governo no final faz com que todo o mundo se maravilhe com a besta. Ela é, em outras palavras, o Império Romano satanicamente revivido, o qual ainda verá. Trata-se da continuidade da última metade da septuagésima semana de Daniel, descrita como “um tempo, tempo e metade de um tempo”, ou quarenta e dois meses, como aparece aqui, ou 1260 dias (Ap 11:3; Ap 12:6), ou seja, os últimos três anos e meio antes da vinda do Senhor para estabelecer o seu reino. O caráter desse poder é blasfemo e especialmente maligno em relação a Deus e aos santos celestiais. Tudo isso ocorre na terra com uma classe de pessoas que é característica do relato de Apocalipse e que, tendo um dia sido apresentada ao chamado celestial, escolheu a terra e a adoração à Besta. Uma classe de pessoas formadas por todos aqueles cujos nomes não estavam escritos desde a fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro que foi morto (que é como a expressão deve ser lida).
Em Ap 13:11 temos a segunda besta com chifres como de cordeiro, uma imitação de Cristo (como ele aparece em Ap 5:6), mas esta tem dois chifres ao invés de sete, e sua boca revela sua origem satânica. Ele engana os habitantes da terra fazendo grandes maravilhas e tem poder para fazê-las na presença da primeira besta. Este é o Homem de Pecado, o ímpio de 2 Tessalonicenses 2, que atua sob os auspícios do poder Romano no Ocidente, levando todos a adorarem sua imagem em meio à dor e morte; enquanto no Oriente ele revela o seu verdadeiro caráter como o Anticristo, se exaltando e se opondo contra tudo o que está relacionado a Deus, se colocando como objeto de adoração no Templo de Deus que terá sido reconstruído em Jerusalém.
Temos esta trindade satânica do mal em Apocalipse 16:13, onde os espíritos imundos saem da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta. Apocalipse 19:20 nos mostra o fim destes dois últimos, que lideram a última grande confederação de nações contra Cristo e contra os santos que descem com ele dos céus. A besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo.
Se a identificação da segunda besta com o homem de pecado for correta (e eu tenho certeza disso), 2 Tessalonicenses 2 demonstra que antes de sua manifestação deve ocorrer a vinda do Senhor Jesus e nossa reunião com ele. Por enquanto, os poderes que existem foram ordenados por Deus e colocam limites contra a total disseminação da iniquidade a ser encabeçada pelo iníquo. Isso será então removido. “Agora, vós sabeis o que o detém”, no versículo 6, e, além disso, “há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado”, a saber, o Espírito Santo na Igreja, antes que seja manifestado o homem de pecado.
No estudo de Apocalipse é importante atentar para a divisão do livro em três partes que nos é dada em Apocalipse 1:19: “as coisas que tens visto”, a saber, a forma como o Senhor se apresenta a João no capítulo 1; depois “as que são”, a saber, a presente época enquanto a Igreja permanecer na terra como vemos nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse e, finalmente, “as que depois destas hão de acontecer”, que vai de Apocalipse 4 em diante, quando não haverá mais a Igreja aqui. Como costuma acontecer na profecia, pode haver um cumprimento parcial do que é revelado antes que tudo se cumpra no final. Tudo o que vem depois de Apocalipse 3 aguarda para ser totalmente cumprido depois que a história da Igreja e sua existência na terra tenham terminado. [J. A. Trench – Article 54 of 55 from ‘Truth for Believers’ Volume 2]
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Qual a melhor tradução da Bíblia?
Não temos nenhum original da Bíblia, seja do Antigo, seja do Novo Testamento. Tudo o que existe são cópias de cópias, algumas com gerações de distância do texto original. Depois temos as diferentes traduções de diferentes cópias. Obviamente sempre ocorre alguma diferença aqui e ali, mas se Deus foi suficiente para cuidar que o teor da sua Palavra se mantivesse inalterado em sua essência nas muitas cópias manuscritas, ele também tem cuidado para não deixar a coisa se corromper nas traduções.
Porém, trabalhando como tradutor inglês-português há mais de 30 anos, sei que uma tradução pode ser melhor ou pior, dependendo de alguns fatores. Então é sempre bom recorrer a mais de uma tradução na hora de ler ou tentar entender uma passagem em particular. Existe também a questão da dinâmica de uma língua, cujo sentido se altera com o tempo. Hoje quando você diz “igreja”, as pessoas pensam logo em um edifício físico de pedras ou tijolos, mas isso é uma distorção da palavra original, que nunca significou um edifício, mas apenas um ajuntamento de pessoas. Outras palavras, embora sofram alterações com o tempo, são difíceis de substituir por um equivalente moderno ou no idioma destino.
Você perguntou sobre a versão Fiel da Sociedade Trinitariana. Eu não sou nenhum expert em traduções bíblicas, mas me parece ser uma boa tradução (bem literal), como também é a Revista e Corrigida da Sociedade Bíblia, embora esta esteja sendo alterada em sua última edição. Eu uso a Revista e Corrigida Almeida da Sociedade Bíblica, mas também comparo com outras versões, como versões católicas, em inglês (a de J. N. Darby é bem fiel), e algumas versões inglesas literais (ao pé da letra).
Sugiro que instale o programa e-Sword para ter várias versões e poder comparar versículos. Ultimamente tenho feito minha leitura diária no próprio notebook usando o e-Sword que permite que eu leia comentários de diversos autores e faça também minhas próprias anotações que depois são transformadas nas mensagens de “O evangelho em 3 minutos”.
Quanto à NVI eu a utilizo nos vídeos de “O evangelho em 3 minutos” por ser mais coloquial e utilizar pronomes pessoais como “você” e “vocês” ao invés de “tu” e “vós”. Eventualmente eu lanço mão dela para esclarecer alguma passagem que possa parecer confusa na linguagem mais arcaica das versões tradicionais. Mas não me fio nessa versão, pois li que há incrédulos envolvidos na tradução e mesmo quando a utilizo nos vídeos de “O evangelho em 3 minutos” eu costumo adaptar a passagem caso perceba algum desvio da são doutrina como podemos encontrar claramente nas versões Almeida Revista e Corrigida ou Almeida Revista e Atualizada.
É fácil entender a razão de ficar com um pé atrás da NVI ou Nova Versão Internacional. Eu, que trabalho com tradução, recentemente recusei traduzir um livro acadêmico sobre redes de computadores porque a tradução exigia conhecimento e vocabulário técnico de redes e informática, o que não tenho. Por esse vocabulário não fazer parte de meu vocabulário usual e de negócios, eu não seria um bom tradutor neste caso. Do mesmo modo, um incrédulo dificilmente será um bom tradutor na hora de traduzir as Escrituras ou até mesmo de livros cristãos, pois não basta trocar uma palavra por outra, é preciso entender o sentido do texto.
Mesmo usando hoje a versão Almeida Revista e Corrigida, já percebo que esta também está sendo alterada nas edições mais novas, e de uma maneira nem sempre positiva. Por exemplo, nas novas versões a palavra “caridade”, usada nas versões Almeida antigas, foi substituída por “amor”, sob a alegação de que atualmente a palavra “caridade” tem o sentido de piedade e até esmola. Na revista “A Bíblia no Brasil” publicada pela Sociedade Bíblica há até uma explicação: “Hoje há uma grande diferença entre afirmar ‘Eu me casei com você por amor’ e dizer ‘Eu me casei com você por caridade’“.
Tudo bem se fosse esse o sentido bíblico do amor de Deus, mas é preciso entender que Deus nos amou sim no sentido de caridade, de piedade e até de esmola, nos dando o que não tínhamos, não correspondíamos e nem sequer merecíamos. O amor do exemplo da revista da SBB é o amor afetivo, mas quando falamos do amor de Deus ele não é o mesmo, pois não havia nada em nós que Deus pudesse amar.
Na nova edição da Almeida Corrigida alteraram também 1 João 3 substituindo a expressão “não peca” por “não vive pecando”. A explicação da SBB é que “João não está querendo dizer que a pessoa que nasce em Cristo não peca, mas que não vive pecando. Em outras palavras, ela continua pecadora, mas não tem prazer no pecado”. Afirmar isso é não entender o novo nascimento e a nova vida que o crente recebe, uma vida que vem de Deus e é perfeita. Portanto, o que é nascido de Deus, não peca mesmo. O que peca é o que é nascido de Adão, e como conservamos em nós essa velha natureza que é capaz de pecar, então pecamos. Essa velha natureza não pode ser melhorada e tem sim prazer no pecado. Mas a nova natureza, recebida pelo novo nascimento, não peca, não tem prazer no pecado, e também não pode ser melhorada por ser isso algo impossível de ser feito com uma natureza perfeita que recebemos do próprio Deus.
Resumindo tudo, independente da tradução da Bíblia que você usa, vai precisar do Espírito Santo para entender a Palavra de Deus, porque não são coisas naturais que possam ser compreendidas com a inteligência. Um versículo apenas de uma tradução capenga pode ser uma verdadeira bomba atômica na alma quando guiado pelo Espírito Santo, enquanto o mais letrado doutor pode ler todas as traduções e os manuscritos originais de trás para frente e não entender uma vírgula por não crer no Autor da Palavra.
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Depois do arrebatamento não haverá segunda chance?
Você escreve que ficou surpreendida por eu falar tanto da graça de Deus e, no entanto, acreditar que não haverá segunda chance depois do arrebatamento para quem ouviu o evangelho e não creu. Sim, é o que entendo das escrituras, principalmente de 2 Tessalonicenses 2.
Após o arrebatamento, aqueles que já tinham ouvido o evangelho da salvação e não creram, continuarão até a ser religiosos exteriormente como talvez já o fossem antes. Eles estarão nas fileiras daquilo que Apocalipse chama de “Grande Meretriz”, a mulher que não é a noiva pura, mas a falsa igreja. O livro “Deixados para trás” criou muita confusão na cabeça das pessoas ao ensinar que há pessoas “cristãs” que se converterão depois do arrebatamento.
A verdade é que após o arrebatamento só se converterão aqueles que nunca ouviram o evangelho de forma clara o suficiente para crerem (pode apostar que tem muita gente assim, principalmente nos países do Oriente Médio e Oriente) e também crianças que não tinham idade suficiente para decidir. Portanto, muita gente, principalmente judeus, se converterá e será salva depois do arrebatamento, mas só quem não teve uma chance antes. Essas pessoas não farão parte da Igreja, que terá sido arrebatada, mas será como aqueles que seguiam a Jesus nos dias que antecederam a criação da Igreja, ou como judeus e gentios prosélitos do Antigo Testamento.
Quanto à sua surpresa por achar que isso não combina com a pregação do evangelho da graça de Deus, entenda o arrebatamento como uma “morte súbita” para quem ouviu o evangelho e não creu. Se usar o mesmo raciocínio que usou, ou seja, de que deveria haver uma segunda chance para quem ouviu e não creu, então poderia afirmar que ainda que a pessoa morra haverá outra chance para ela crer depois de morta, caso contrário não seria graça. Mas não é assim. A morte é um ponto final que Deus coloca nas chances daquela pessoa que conheceu o evangelho e não se converteu. Ela teve sua chance e não aproveitou.
O arrebatamento também é um ponto final no tempo que Deus dá aos que ouviram o evangelho e não aceitaram a Jesus. Isto não sou eu quem diz, mas é a Palavra de Deus:
(2 Ts 2:11) “E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade”.
Esta passagem diz claramente que Deus mesmo fará com que as pessoas creiam na mentira, pois ele já fez isso no passado quando endureceu o coração de Faraó depois que este teve sua chance de obedecer ao que Deus disse da primeira vez e deixar seu povo sair do Egito. Quando Deus endurece o coração de alguém é porque antes já ocorreu um endurecimento da parte da própria pessoa.
A questão é: quando é que Deus enviará a operação do erro para que creiam a mentira? O contexto diz, um pouco antes:
(2 Ts 2:7) “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem”.
Veja a ordem: (1) a operação do mistério da injustiça, (2) a retirada do que resiste, (3) a revelação do iníquo, (4) a operação do erro. Outras traduções:
“A verdade é que o mistério da iniquidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora o detém”.
“Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora”;
Eu entendo que este que detém a livre ação do mal neste mundo é o Espírito Santo, que será tirado junto com a Igreja (na qual ele veio habitar).
A graça de Deus não terminará com o arrebatamento, embora um caráter diferente do evangelho passe a ser pregado então, o mesmo evangelho que João Batista pregava: “Arrependei-vos porque é chegado o Reino”. O que pregamos agora é “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”. Os que se converterem depois do arrebatamento não estarão esperando por Cristo para tirá-los do mundo e irem morar no céu, como é o caso do cristão hoje, mas estarão esperando pelo estabelecimento do Reino de Cristo neste mundo durante mil anos.
Se Cristo viesse arrebatar sua Igreja hoje haveria muita gente que nunca ouviu o evangelho. Não sei com que idade você se converteu, mas apesar de frequentar a missa toda a infância e juventude, e ler a Bíblia durante pelo menos três anos antes de minha conversão, na minha lembrança eu só ouvi o evangelho pouco tempo antes de me converter. Para mim a Bíblia era um livro que ensinava como me tornar uma pessoa melhor para Deus me aceitar no final, e Cristo era um mártir, tipo Tiradentes, um exemplo a ser seguido.
A consciência de que eu precisava tomar uma atitude e crer no sangue derramado foi algo totalmente novo para mim, apesar de ter visto tantas vezes as imagens de Jesus crucificado no catolicismo e ter lido várias vezes o evangelho. Portanto, não se preocupe porque vai ter muita gente que conhecerá o evangelho pela primeira vez durante a tribulação e será salva pela mesma graça que nos salvou.
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Os incrédulos verão a ressurreição e o arrebatamento?
Não creio, pois deve ser um evento secreto, como foi a ressurreição do Senhor (e depois sua subida ao céu), ou seja, restrito aos salvos. Paulo fala apenas de crentes que viram o Senhor ressuscitado:
(1 Co 15:3) “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois, foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos e, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo”.
Obviamente os incrédulos perceberão depois que muita gente está faltando, e o que vão pensar do arrebatamento eu não sei. Há, porém, ideias curiosas a respeito, vindas justamente do pessoal espiritualista, nova era, etc. Quando eu era recém-convertido, saído de filosofias orientais e espiritualistas, conheci um pessoal que dizia que um planeta “inferior” iria passar um dia muito próximo da Terra e atrairia todas as pessoas “inferiores” da Terra, aquelas que não estivessem preparadas para uma “nova era”. Já ouvi também de observadores de Ufos e seguidores de ETs que quem vai fazer isso são os discos voadores, ou seja, os ETs virão para levar embora os “menos evoluídos” deste mundo.
Fui pesquisar e encontrei esta “pérola” do pensamento espiritualista referindo-se a esse evento: “Este astro, devido ao seu grande e expandido magnetismo, se aproximará da Terra e com isso causará os primeiros efeitos purificadores. O magnetismo desse astro… atrai para si apenas corpos e energias negativas, com isso o conteúdo deletério existente na Terra será atraído para este astro intruso. Portanto, este planeta tem uma importante função na purificação da Terra, pois retirará, ou “sugará” como um aspirador de pó, todas as energias negativas, primitivas e grosseiras do nosso planeta, o que tornará iminente a sutilização da Terra com o avanço dimensional”.
Pelo jeito Satanás já está preparando uma explicação para o arrebatamento que, segundo os espiritualistas, é uma passada de aspirador de pó para tirar da Terra todos os “corpos e energias negativas”. Eu alegremente me incluo entre esses “corpos e energias negativas” que serão tirados do planeta.
Quanto aos que serão arrebatados, não haverá tempo para avisar aqueles que ainda não creram, pois será tudo muito rápido. Para os que já tiverem escutado o evangelho e não creram, o arrebatamento terá o mesmo efeito de uma morte súbita: virá sem sinal e selará seus destinos. Depois do arrebatamento aqueles que antes tinham ouvido o evangelho e não creram não terão nova chance. Ao contrário, serão obrigados por Deus a crer na mentira do Anticristo. Quando a Bíblia fala em “abrir e fechar de olhos” ou “fechar e abrir de olhos” ou “piscar de olhos” em 1 Coríntios 15 a ideia é essa mesmo: algo tão repentino que leva o tempo de uma piscadela, ou seja, uma fração de tempo.
(1 Ts 4:15-17) “Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.
O que sabemos do arrebatamento é o que está nesta passagem de 1 Tessalonicenses, além de 1 Coríntios 15. O que é dito em Mateus 24 (um será levado, outro será deixado) não é o arrebatamento, mas a morte que ceifará alguns ímpios pouco antes da vinda de Cristo para reinar. Podemos aprender também sobre o arrebatamento de outros trechos que podem apresentar figuras ou símbolos disso, mas a descrição do fato é esta principalmente nas passagens de Tessalonicenses e Coríntios.
O que passar disso pode ser especulação, portanto não há como afirmar exatamente como será, pois nenhum ser humano passou por isso para poder contar o que ocorreu. Vemos alguns exemplos de arrebatamento na Bíblia, como o de Enoque e de Elias, mas eles têm seu próprio caráter e nunca foram um evento coletivo de TODOS os salvos, envolvendo a ressurreição dos mortos e o arrebatamento dos vivos como acontecerá aqui.
O “não precederemos os que dormem” e “depois, nós, os que ficarmos vivos” é apenas uma questão de ordem, não necessariamente de tempo, já que tudo acontecerá num átomo de tempo. 1 Coríntios diz:
(1 Co 15:51-52) “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”.
Uma vez ouvi alguém dizer que no original seria algo como “num fechar e abrir de olhos”, porque num momento não vemos o Senhor e no instante seguinte vemos. Então o foco todo não está em como acontece o arrebatamento, mas em quem veremos ao abrirmos os olhos. É muito fácil se deixar levar pela curiosidade nas coisas da Bíblia, mas temos que ter sempre em mente que “o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”, ou seja, a Palavra de Deus tem o objetivo de dirigir nosso foco para Jesus, não para os eventos deste mundo. Deus só fala deles na medida do necessário para ajustarmos nosso foco em Cristo.
É por isso que a Bíblia não dá detalhes sobre uma porção de coisas, simplesmente porque elas não interessam para nossa compreensão de seu tema principal que é Cristo. Quando a gente lê uma notícia no jornal sobre, por exemplo, o discurso de um presidente, a notícia não traz detalhes do microfone, da mesa, do carpete etc. Assim é a Palavra de Deus, evita detalhes em alguns casos em que esses mesmos detalhes poderiam nos distrair do tema central.
Deus, que governa as circunstâncias, poderá (digo “poderá”, porque agora estou especulando) organizar as coisas de um jeito tal que o arrebatamento aconteça de modo inesperado para nós e invisível para os incrédulos. Em minha opinião pode ser algo do tipo alguém que costuma pegar carona com um crente faltar à carona naquele dia, o pneu do carro do crente furar e ele parar no acostamento, o piloto crente pegar uma gripe e ficar em casa ao invés de voar naquele dia etc. Se o autor de “Deixados para trás” foi capaz de inventar tanta coisa sobre o arrebatamento, acho que também posso colocar minha criatividade para inventar a respeito (aproveite para ler o que escrevi aqui sobre a série de livros e filmes “Deixados para trás”).
Tudo isso é especulação minha, mas eu acredito que Deus pode dar um jeito de organizar os eventos para que a ressurreição e o arrebatamento sejam como foram a ressurreição e a ascensão do Senhor: nenhum incrédulo viu o evento acontecer, só souberam depois. As teorias de caos, de aviões caindo, carros batendo e coisas do tipo, que costumamos ver em alguns livros e vídeos evangélicos, são especulações que, a meu ver, não têm respaldo Bíblico. Muito menos um vídeo que circula na Internet que mostra o desaparecimento de muitos durante um culto religioso e os que ficaram caindo de joelhos arrependidos. Quem não for levado no arrebatamento não vai se arrepender, quanto a isto a Bíblia é clara (2 Ts 2).
Você sabe que a ressurreição do Senhor Jesus ocorreu sem que ninguém visse. Os panos de sua mortalha foram encontrados caídos ali, mas ninguém os viu cair ou como o Senhor saiu de dentro deles, já que o costume era enrolar o morto como fizeram com Lázaro. No caso de Lázaro, porém, ele não ressuscitou com um corpo glorificado, como foi o caso do Senhor e será o nosso caso, mas com seu corpo material revivido para morrer de novo mais tarde. Embora Lázaro tivesse saído do túmulo pelo poder de Deus (já que provavelmente teria sido impossível ele caminhar todo enrolado em tecido), foi preciso que outros o ajudassem a livrar-se dos panos.
(Jo 20:5-7) “E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte” (repare que o fato de o pano que cobria o rosto ser separado do que cobria o corpo elimina a ideia de um “santo sudário” inteiriço).
(Jo 11:43-44) “E, tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro, vem para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disselhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir” (olha outra vez o lenço separado que envolvia o rosto, o que deve ter sido um costume da época, ao contrário de uma mortalha inteiriça).
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Para onde vai a Igreja do Senhor?
Depende do que você chama de “Igreja do Senhor”. Se estiver se referindo a todos os salvos por Cristo, seremos todos arrebatados a qualquer momento, para nos encontrarmos com o Senhor nos ares.
Mas, se estiver se referindo à cristandade, essa mescla de joio e trigo, suas organizações e as assim chamadas “igrejas”, isso vai permanecer aqui, de certa forma desfalcada, depois do arrebatamento dos salvos. Essa que deveria ser a noiva de Cristo (como testemunho) surpreende o apóstolo João quando ele a vê como uma meretriz em Apocalipse. O que você lê da meretriz, a Grande Babilônia, em Apocalipse é o futuro da cristandade como a forma exterior do cristianismo então vazio de seus verdadeiros salvos.
Para entender melhor o processo de degradação e apostasia, leia 1 Timóteo pensando em como Deus gostaria que o testemunho da Igreja fosse, e 2 Timóteo (última carta de Paulo) pensando em como esse testemunho acabou se tornando. O capítulo 2 de 2 Timóteo é crítico nesta análise, mostrando a necessidade do cristão se apartar da má doutrina e iniquidade que leva o nome de Cristo. Aquela que na primeira epístola a Timóteo foi chamada de “casa de Deus”, aqui é chamada de “grande casa” onde há de tudo.
(2 Tm 2:19-22) “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra. Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
O capítulo 3 de 2 Timóteo fala do caráter dos homens nos últimos dias. Esses homens não são pagãos, mas “cristãos” nominais. Algumas características desses homens são o egocentrismo, a avareza (fazem comércio de seus seguidores), presunção de poder, sedutores de mulheres carregadas de desejos vários (inclusive lícitos, como dinheiro, saúde, etc.) e imitação dos milagres de Deus, como fizeram os magos de Moisés, Janes e Jambres.
(2 Tm 3:1-9) “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências, que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.
O último capítulo de 2 Timóteo é triste, pois mostra que todos acabam abandonando Paulo no final. Isso está acontecendo hoje, quando a doutrina ensinada por Paulo em suas epístolas é cada vez mais deixada de lado como “difícil de entender” para dar lugar a práticas totalmente contrárias ao que Deus nos ensina através dele. Muito do que Paulo escreveu é hoje considerado como “costumes de sua época” por não se encaixarem no modo de pensar das organizações eclesiásticas da atualidade.
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Existe consciência no pós-morte para quem não foi salvo?
Sim, há consciência no pós-morte, pois é isso que encontro na Bíblia, seja no Hades, o lugar dos mortos que não foram salvos, seja no lago de fogo, seu destino final depois de ressuscitarem para comparecerem diante do Grande Trono Branco e serem condenados para sempre.
No que diz respeito aos perdidos, temos alguns exemplos claros de consciência e sofrimento, tanto no pós-morte como no final, quando forem lançados no lago de fogo. Expressões como sede, tormento, pranto, ranger de dentes não fariam sentido caso se referissem a pessoas dormindo ou em alguma espécie de coma.
Curiosamente, é Jesus quem mais fala do inferno ou da condenação:
(Lc 16:22-24) “E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio. E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”.
(Mt 13:42) “E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes”.
(Mt 13:50) “E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes”.
(Mc 9:43-46) “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga”.
(Mt 8:12) “E os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes”.
(Mt 22:13) “Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes”.
(Mt 24:51) “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes”.
(Mt 25:30) “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes”.
(Lc 13:28) “Ali, haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no Reino de Deus e vós, lançados fora”.
(Ap 20:10) “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.
(Ap 14:10-11) “também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite, os que adoram a besta e a sua imagem e aquele que receber o sinal do seu nome”.
Soube de um ateu que recebeu em seu portão um ‘Testemunha de Jeová’, e este lhe afirmou que após a morte ele seria totalmente aniquilado, não restando qualquer memória de sua existência. O ateu quis confirmar:
— Você garante que morreu, acabou? Que não vou sofrer e simplesmente deixarei de existir?
— Sim, garanto, pode ter certeza disso — confirmou o ‘Testemunha de Jeová’ achando que estava fazendo progresso em sua tentativa de conquistar mais um membro para sua organização.
O ateu, radiante, encerrou a conversa:
— Muito obrigado mesmo! Esta foi a melhor notícia que você podia me dar. Não tenho mais motivo para me preocupar!
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Os mortos perdem a memória?
Você escreveu que conhece todas as passagens que falam de pessoas conscientes no pós-morte, referindo-se ao que escrevi em “Vamos reconhecer as pessoas no céu?” e “Existe consciência no pós-morte para os que não foram salvos?”.
Sua dúvida está em Eclesiastes 9:5 “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento”.
Todos os outros textos revelam o que acontece após a morte do ponto de vista divino, e alguns até mesmo abrem uma cortina para enxergarmos o além, como é o caso do rico e Lázaro e também das passagens de Apocalipse. Este em Eclesiastes 9 revela qual é a visão humana das coisas. Assim é todo o livro de Eclesiastes, onde o ponto de vista é “debaixo do sol”, ou seja, neste mundo. Portanto é perfeitamente normal que alguém que veja um morto sendo enterrado deduza (do ponto de vista das coisas debaixo do sol) que para aquela pessoa tudo está acabado. Ele não tem mais qualquer relação com as coisas desta vida, ele esquecerá e será esquecido.
É sempre útil entendermos o caráter de cada livro da Bíblia, quando foi escrito e para quem. Por exemplo, ao ler Hebreus, você percebe que foi escrito para os cristãos “hebreus” ou judeus. Por isso existe tanta referência aos rituais judaicos e tanta insistência para que os cristãos hebreus deixassem aquelas coisas.
Quando você lê o evangelho de Mateus percebe que é o que mais fala do Antigo Testamento, tipo “como disseram os profetas” ou coisa assim. Aí você vai pesquisar e descobre que é o único livro do Novo Testamento que foi escrito em aramaico (o judeu popular dos tempos de Jesus) e que a genealogia de Cristo ali começa em Davi (na verdade, em Abraão, mas com foco em Jesus, “Filho de Davi”), ao contrário de Lucas onde a genealogia de Jesus é traçada até Adão. Mais uma vez vemos um livro escrito com uma mensagem especial aos judeus, para provar a eles que Jesus era Messias e Rei.
Assim é com os livros da Bíblia. Atos, por exemplo, não é um livro de doutrinas, mas de atos ou práticas dos apóstolos, certas ou erradas. Não é tudo que está ali que deve ser imitado, pois os apóstolos também cometeram erros. Ao ler Jó, você precisa filtrar o que os três amigos de Jó dizem, porque eles falam de sabedoria humana e não divina. Não podemos pegar um versículo do que eles estão dizendo e afirmar que aquilo é a vontade de Deus, porque não é. São palavras de homens registradas na Palavra de Deus, do mesmo modo como a Palavra de Deus registrou palavras de homens infiéis em muitas partes. A dificuldade é que o que os amigos de Jó dizem soa muito bonito e está bem alinhado com as religiões e filosofias humanas, daí podermos ficar confundidos.
Voltando a Eclesiastes, lembre-se de que é um livro escrito do ponto de vista humano de enxergar as coisas (“debaixo do sol”). Neste ponto Eclesiastes é bem parecido com Provérbios. Este mostra um ensino que é bom para todo homem, salvo ou não, pode viver neste mundo da melhor maneira possível. Eclesiastes é como se dissesse que, mesmo vivendo do jeitinho de Provérbios, ainda assim sua vida não fará muito sentido “debaixo do sol”. Perceba que ambos servem até para um incrédulo, mas estão anos luz do que vemos revelado em outros livros, principalmente na doutrina dos apóstolos (epístolas).
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Por que você divide os 10 mandamentos em 5 e 5?
Sua dúvida está relacionada ao que leu no que escrevi a outro correspondente quando comentei a parábola das dez virgens: “São dez os mandamentos: Cinco da responsabilidade para com Deus e cinco para com o próximo”. Em sua opinião o correto devia ser dizer que os quatro primeiros mandamentos falam da responsabilidade do homem para com Deus, e os seis últimos da responsabilidade para com o próximo.
Vamos resumir os Dez Mandamentos que encontramos em Êxodo 20 para termos uma visão melhor:
1. Não ter outros deuses
2. Não fazer ou adorar ídolos
3. Não dizer o nome de Deus em vão.
4. Guardar o sétimo dia
5. Honrar pai e mãe
6. Não matar
7. Não adulterar
8. Não furtar
9. Não mentir
10. Não cobiçar*
(*No catecismo católico romano este mandamento foi dividido em dois: 9. “não cobiçar a mulher do próximo” e 10. “não cobiçar as coisas alheias”, para que a contagem continuasse sendo dez após a extração do segundo mandamento que fala de imagens. Essa versão foi aceita sem contestação pelos séculos quando o catolicismo proibia a leitura da Bíblia, impedindo as pessoas de irem conferir o que dizia o texto original).
Na verdade, para ser mais claro eu deveria ter dito que cinco são de responsabilidade vertical e cinco de responsabilidade horizontal. Os cinco primeiros são da responsabilidade do homem para com quem está acima dele, daí o verbo “honrar”, e aí você inclui toda a cadeia de comando que chega até Deus. Os outros são de relacionamentos com as pessoas, independente do grau de parentesco.
O quinto mandamento não se refere exatamente a como devemos tratar as pessoas, mas principalmente de reconhecer autoridade (alguém acima de nós, como nos quatro primeiros). É por isso que honrar pai e mãe não depende de quem seja o pai e a mãe ou de como eles se comportam.
Há quem alegue que este mandamento não deve ser obedecido quando se tratar de pais que abusaram dos filhos, mas é um engano pensar assim. Se aplicarmos o mesmo raciocínio para as autoridades, ficaria a nosso critério honrar ou não as autoridades, dependendo do juízo que faríamos delas. Mas considere o que escreveu o apóstolo Paulo:
(Rm 13:1-2) “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação”.
Quando nos lembramos de quem escreveu isso estava sob o domínio de Nero, obviamente ele não estava falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente corretas. A sujeição às autoridades, porém, não implica fazer aquilo que as autoridades exigem que seja contrário à vontade de Deus expressa em sua Palavra. Eu posso me negar a matar inocentes se a autoridade acima de mim assim requerer, mas ainda assim continuarei honrando sua autoridade.
Foi o caso de Daniel e seus amigos, sob a autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo sabendo que seria o rei sucessor de Saul, não ousou feri-lo por reconhecê-lo como rei. Foi o caso do Senhor, que se sujeitou como ovelha muda nas mãos de seus algozes.
Portanto, perceba que o quinto mandamento tem muito mais a ver com os quatro primeiros do que com os cinco últimos que condenam matar, adulterar, furtar, mentir e cobiçar, sem envolverem qualquer relação de obediência, honra ou sujeição, como acontece com os primeiros cinco mandamentos. Daí meu entendimento de suas características permitirem que sejam divididos em 5 e 5, os primeiros relacionados a Deus (fonte de toda autoridade) e os últimos relacionados ao próximo.
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Por que devo pagar pelo que deu errado no Éden?
Confesso que muitas de suas dúvidas também são minhas, mas há perguntas que você não fez e que considero mais importantes do que as que fez. Fazendo um apanhado de seus questionamentos, identifiquei pelo menos nove perguntas:
1. Por que Deus não nos informa melhor sobre as coisas?
2. Por que devo me considerar pecador?
3. Por que fui gerado em pecado?
4. Por que Deus não assumiu o erro de tudo dar errado?
5. Por que Deus castiga quem veio depois de tudo dar errado?
6. Por que Deus criou Lúcifer?
7. Por que sou pecador se o erro foi de Adão e Eva?
8. Por que Deus criou os anjos que seguiram Satanás?
9. Por que devo crer nisso tudo?
As perguntas que você devia fazer, e não fez, estão relacionadas ao “nada” que somos quando comparados com Deus, vivendo em um mundo que é uma desgraça orquestrada por nós mesmos. Vamos a elas:
1. Por que Deus ainda se importa conosco?
2. Por que, ao invés de simplesmente nos informar, ele enviou o seu Verbo (Palavra viva)?
3. Por que ele nos amou de tal maneira ao ponto de enviar o seu Filho?
4. Por que aquele que foi gerado sem pecado quis se fazer pecado em nosso lugar?
5. Por que Jesus quis sofrer tanto por uma raça desgraçada como a humana?
6. Por que quis assumir uma culpa que não era dele?
7. Por que se deixou tentar pelo mesmo Satanás que tentou Adão e Eva?
8. Por que o juízo de Deus caiu sobre ele para não cair sobre os que creem nele?
9. Por que Deus perdoa totalmente e sem reservas quem simplesmente crê em Jesus?
10. Por que Deus preparou o inferno “para o diabo e seus anjos” e não para os seres humanos? (apesar de muitos acabarem lá).
11. Por que Deus quer que a sua casa fique cheia dos que aqui foram “pobres, aleijados, mancos e cegos” e não de pessoas perfeitas?
12. Por que, apesar de dizer que a salvação não é por nossas obras, ele ainda nos dará galardões (prêmios)?
13. Por que Deus quis nos fazer coerdeiros com Cristo de todas as coisas?
14. Por que ele pretende criar novos céus e nova terra onde habitará a mesma raça torta que estragou esta terra e este céu?
E, para resumir, considerando que Jesus quisesse mesmo vir ao mundo salvar alguém, por que não veio salvar os pandas e as baleias que nunca cometeram qualquer pecado contra Deus?
Como pode ver, eu e você temos um saco de perguntas na cabeça. A diferença é que você foi criado em uma denominação evangélica e aprendeu a Bíblia com o cérebro, sem jamais ter tido um encontro pessoal com Deus. E quando digo “encontro pessoal” estou pensando na história de Jacó, que você conhece muito bem. De como aquele homem, tão racional, espertinho e cheio de esquemas, encontrou-se com Deus numa noite escura como breu e lutou com ele. Um leve toque (não foi um soco, apenas um toque) bastou para deixar Jacó manco para o resto da vida, porém o fez agarrar-se àquele que o deixara manco e não querer deixá-lo enquanto não fosse abençoado.
Agora pense nisto: uma bênção nada mais é do que algumas palavras proferidas por alguém. Porém, para aquele homem manco qualquer palavra saída da boca de Deus seria suficiente para ele seguir adiante confiante.
Acredito que o que esteja faltando a você seja esse encontro: numa noite escura, ou seja, quando você for incapaz de enxergar qualquer coisa, agarre-se a Deus ao ponto de sair manco desse encontro. Você não sairá com muita coisa tangível dessa experiência, talvez apenas com uma bênção. A bênção de ter tido todos os seus pecados perdoados e poder desfrutar das “riquezas incompreensíveis de Cristo”, “a paz, que excede todo entendimento”, “o amor de Cristo, que excede todo entendimento”, seus juízos “insondáveis”, seus caminhos “inescrutáveis”. Tudo isso vindo do Deus, que “habita na luz inacessível”.
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Como lidar com contradições na Bíblia?
O caminho mais seguro é sempre partir do princípio de que estamos diante da Palavra de Deus, portanto sem contradições. Quando elas parecem existir devo sempre perguntar se o problema não está na tradução que estou utilizando ou em minha compreensão.
É necessário também entender que quando Deus diz alguma coisa em sua Palavra, o importante é o que ele está querendo e não exatamente os detalhes. Por exemplo, Deus não diz que fruta foi aquela que Adão e Eva comeram, mas os homens acabaram inventando que tinha sido uma maçã. Se Deus não disse qual era a fruta é porque isso não tinha importância alguma na mensagem que ele queria nos passar.
No caso que citou, podemos aplicar outro princípio que é o da complementação. Às vezes uma passagem diz uma coisa e outra parece dizer outra, mas o que ocorre é uma complementação. Lendo as duas passagens (Mt 20:21 e Mc 10:35) podemos deduzir que a pergunta não era só da mãe de Tiago e João, mas dos três. Em Mateus é a mãe quem aparece perguntando e em Marcos são os dois, o que parece indicar que os três fizeram a pergunta, cada um do seu jeito.
Veja que interessantes estas passagens:
(At 9:3) “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu”.
(At 22:6) “Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu”.
(At 26:13) “ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo”.
Quando o escritor (Lucas) do livro de Atos relata o encontro de Saulo com o Senhor, ele fala de “um resplendor de luz do céu”. Quando Paulo conta a mesma história da primeira vez ele diz “uma grande luz do céu”. Na segunda vez, ele diz “uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol”. A impressão que dá é que a luz vai ficando cada vez mais brilhante à medida que Paulo ganhava uma maior percepção de quem era o Senhor e da importância do que tinha acontecido a ele no caminho para Damasco.
Portanto, ao ler a Bíblia é preciso estar em sujeição ao Espírito Santo de Deus para entender onde está o foco de uma passagem e o que Deus quer nos ensinar por intermédio dela. A Bíblia não pode ser lida como um livro de ciências, pois seu foco não está nas coisas, pessoas e eventos deste mundo, mas em Cristo. Apenas quando as coisas, pessoas e os eventos têm alguma relação com Cristo, diretamente ou em figura, é que elas são trazidas à tona. Aquilo que não tem nada a ver com Cristo ou com a mensagem que Deus quer nos passar a respeito dele não está nas páginas das Escrituras.
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Onde esta a Igreja de Cristo?
Você já deve ter visto que não pertenço a qualquer denominação religiosa, mas me congrego com outros irmãos somente ao nome do Senhor Jesus e reconhecendo o seu Corpo, a Igreja, aquela (a única) que inclui todos os salvos.
Quanto à sua pergunta, o único templo que Deus reconhece é o templo de Jerusalém (agora destruído). No início da igreja (a partir de Atos 2) os primeiros cristãos ainda não tinham entendimento de que deviam se apartar daquela forma de coisas que pertenciam ao culto judaico (isso depois seria melhor explicado na epístola aos Hebreus) e continuaram a frequentar o templo de Jerusalém.
Mais tarde nós os encontramos se reunindo em casas e assim foi durante alguns séculos, até o Império Romano adotar o cristianismo como religião oficial do império e transformar o culto cristão em uma mescla de judaísmo, cristianismo e paganismo. A partir de então começaram a surgir templos cada vez mais luxuosos e esse costume continuou mais tarde também com os protestantes, que apenas tiraram os ídolos de seu interior, mas mantiveram o conceito de “templo”.
Quando cristãos se reúnem, o lugar físico não importa muito. Pode ser numa casa, salão, escola, garagem, barco ou até debaixo de uma árvore. O “templo”, na atual dispensação, é cada cristão (individualmente) e a igreja (coletivamente). Entenda como “igreja” o corpo de Cristo, do qual fazem parte todos os salvos.
Quanto à sua outra pergunta, “Onde está a Igreja de Cristo?”, o mais correto seria perguntar onde está a igreja de Deus, já que em nenhum lugar da Bíblia você encontra a expressão “igreja de Cristo”. Respondendo, igreja está neste mundo. Se mudar sua pergunta para “onde estão as Forças Armadas” você entenderá melhor, pois dificilmente alguém poderá especificar um local físico onde estejam concentradas todas as Forças Armadas.
Se uma esquadrilha de aviões passar sobre sua cabeça você pode apontar para ela e dizer que as forças armadas estão ali. Se vir um cruzador no mar, pode fazer o mesmo. Se cruzar com uma divisão de tanques na estrada, pode dizer que aquilo são as forças armadas indo para algum exercício.
Então, quando você vir cristãos, pessoas salvas pelo sangue de Cristo, você está vendo a Igreja. Porém, assim como existe uma representação oficial local das forças armadas em várias cidades, representada pelos quartéis ou “tiros de guerra”, existe uma representação oficial local da igreja onde dois ou três estiverem reunidos em (ou para o) nome do Senhor Jesus.
Porém, eu entendo que dois ou três que estejam reunidos em nome do Senhor Jesus “e” da “igreja X” (que não inclui todos os salvos) não podem ser considerados uma representação fidedigna da Igreja em sua manifestação local, pois estão representando não todos os salvos, mas apenas o grupo dos membros da “igreja X”.
Uma vez um irmão, que se reunia ao nome do Senhor Jesus somente, ia para sua casa depois de ter se reunido com os irmãos para partir o pão e o vinho em memória do corpo e sangue do Senhor na celebração da Ceia do Senhor. No caminho ele se encontrou com outro cristão, seu irmão em Cristo e disse:
— Hoje vi você lá conosco, enquanto participava da Ceia do Senhor.
— Impossível! — respondeu o outro — Eu nunca frequentei aquele lugar.
— Mas eu vi sim, tenho certeza. Você estava no pão que partimos.
(1 Co 10:16-17) “Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão”.
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O que você acha de políticos cristãos?
Eu, como cristão, não devo me envolver em política, pois é assim que vejo que o Senhor fez, deixando bem clara a separação entre as coisas de César e as coisas de Deus.
(Fp 3:20) “Mas a nossa cidade (ou cidadania) está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.
Porém sua pergunta foi mais específica, ou seja, se um cristão pode se candidatar a algum cargo político. Entendo que não, porém ao mesmo tempo não posso julgar um cristão que esteja na política, pois não sei quais são os planos que Deus tem para ele. O político cristão não é meu servo, mas de Deus, portanto este é um assunto pessoal entre ele e Deus. Certamente Deus tem pessoas atuando em política e sendo usadas por ele. Nos evangelhos vemos o caso de José de Arimateia, que forneceu o túmulo novo para o Senhor ser sepultado.
(Mc 15:43) “…chegou José de Arimateia, senador honrado, que também esperava o Reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se admirou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José, o qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro”.
É claro que isto foi antes da formação da Igreja e nisso também é importante entender a diferença entre Israel (que tinha um lugar aqui neste mundo) e a Igreja (que não tem lugar aqui). Quando você lê o Antigo Testamento encontra política em todo lugar, pois Israel foi um povo para o qual Deus determinou um lugar neste mundo. Não era apenas uma religião, mas todo um conjunto de coisas que incluía o governo. Em Israel dos tempos bíblicos vemos religião e governo como uma coisa só por se tratar de uma teocracia, mas não é assim na Igreja. No Antigo Testamento vemos os reis e o seu papel, não só nas questões de fé do povo, mas principalmente nas questões de governo, como guerras e coisas afins. Nada disso você encontra a partir de Atos dos Apóstolos, e nas epístolas não há qualquer instrução de como um “político cristão” deveria se comportar ou cumprir algum papel nos destinos deste mundo. Ao contrário, não temos aqui cidade e nem cidadania permanente.
Portanto, no que diz respeito ao cristão se envolver diretamente na política, assumindo um cargo, fazendo campanha etc., entendo não ser esta a vontade de Deus. Deus não quer que o cristão se coloque em jugo desigual com os incrédulos ou infiéis, o que é exatamente o que um político faz ao se filiar a um partido. Ele é obrigado a acatar as decisões do partido, nem todas corretas ou segundo os pensamentos de Deus. Ele também precisará fazer alianças com incrédulos e até inimigos da cruz de Cristo se quiser se eleger. Você imaginaria um político criticando doutrinas e costumes contrários à Bíblia, como a reencarnação do espiritismo ou a idolatria do catolicismo? Ele certamente não seria eleito.
“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17:14-18).
Um cristão político está mais ou menos na mesma condição de um cristão que decida se casar com uma pessoa incrédula. Embora esteja fazendo algo lícito (casamento e política são coisas lícitas), está fazendo algo que não convém e certamente irá sofrer as consequências disso.
(2 Co 6:14-18) “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor”.
O papel do cristão é sim interferir na política, porém de joelhos, orando pelos governantes, para que Deus lhes dê sabedoria. Onde você acredita que um cristão pode ser mais influente, na presença de Deus ou num palanque? Sabemos que toda autoridade procede de Deus, portanto os governantes estão ali também pela vontade de Deus. A Palavra de Deus chega até a chamar as autoridades constituídas como “ministros de Deus”, sejam elas crentes ou não.
(Rm 13:1-6) “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo”.
Eu creio que, para um cristão, almejar um cargo político é não entender seu real papel neste mundo. O Senhor não interferiu (diretamente) na política de seu tempo, todavia sua influência foi muito além, foi universal. Muitos cristãos que passaram por este mundo atuando na posição que Deus lhes colocou (como pregadores do evangelho, por exemplo) tiveram uma influência muito maior do que muitos que tentaram fazer o mesmo atuando diretamente na política.
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Que regime político Deus aprova?
Quanto à sua pergunta sobre regimes de governo, entendo que o único regime que Deus sancionou em sua Palavra é o regime monárquico e, indo além, a monarquia de Rei de Reis. A princípio Israel não precisava de um rei, mas o povo quis ser como os outros povos e pediu um rei.
Mas o texto bíblico deixa claro que Saul foi constituído rei, não porque essa era a vontade de Deus, mas porque era a vontade do povo. Podemos até dizer que a voz do povo foi ouvida (democracia) para que tivessem um rei (monarquia). Quando quiseram ser como os outros povos, os israelitas rejeitaram o privilégio que nenhum outro povo tinha: o de serem governados pelo próprio Deus através de seus profetas, sacerdotes e juízes. Veja o texto todo:
(1 Sm 8:4-22) “Então, todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações… E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele…. Agora, pois, ouve a sua voz, porém protesta-lhe solenemente e declara-lhe qual será o costume do rei que houver de reinar sobre ele. E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei, e disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará para os seus carros e para seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros; e os porá por príncipes de milhares e por cinquentenários; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus criados. E as vossas sementes e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus eunucos e aos seus criados. Também os vossos criados, e as vossas criadas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos tomará e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de criados. Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia. Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as falou perante os ouvidos do Senhor. Então, o Senhor disse a Samuel: dá ouvidos à sua voz, constitui-lhes rei”.
Por esta razão Deus lhes deu Saul, o rei conforme o coração do povo: alto, forte e bonito.
(1 Sm 9:1-2) “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis… Este tinha um filho, cujo nome era Saul, jovem e tão belo, que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima, sobressaía a todo o povo”.
Enquanto isso Deus preparava Davi, o rei conforme o coração de Deus. Embora fosse um rapaz de boa aparência, não era tão belo quanto Saul (o mais belo dentre os filhos de Israel), e nem mesmo seu pai apostaria nele como candidato ao trono. A princípio seu pai nem sequer o chamou para ser visto por Samuel, talvez por ser jovem e inexperiente demais para qualquer outra tarefa que não fosse cuidar de ovelhas.
(1 Sm 16:11-13) “Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os jovens? E disse: Ainda falta o menor, e eis que apascenta as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Envia e manda-o chamar, porquanto não nos assentaremos em roda da mesa até que ele venha aqui. Então, mandou em busca dele e o trouxe (e era ruivo, e formoso de semblante, e de boa presença). E disse o Senhor: Levanta-te e unge-o, porque este mesmo é. Então, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos; e, desde aquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Então, Samuel se levantou e se tornou a Ramá”.
No futuro Deus estabelecerá o verdadeiro Davi, Cristo, em seu trono milenial. Enquanto isso o mundo terá experimentado diferentes formas de governo, mas no final ficará patente o governo do Rei de Reis, Jesus, como aquele autorizado por Deus. No passado Davi foi uma figura desse Rei em seu aspecto guerreiro e conquistador. Salomão também serviu de figura de Cristo como Rei em seu aspecto de um reino estabelecido em paz. Nabucodonosor é outra figura de Cristo em seu aspecto de Rei de Reis, pois seu reino foi estabelecido por Deus para reinar sobre todo o mundo, inclusive sobre os israelitas. De Nabucodonosor, Daniel profetiza:
(Dn 2:37-38) “Tu [Nabucodonosor], ó rei, és rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade. E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do céu, ele tos entregou na tua mão e fez que dominasses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro”.
Se você ler o capítulo inteiro verá que Daniel está falando da estátua do sonho de Nabucodonosor, e daquela visão aprendemos também que até esse sistema de Rei de Reis, por estar nas mãos de homens imperfeitos, também se deterioraria até o último reino prefigurado pela estátua, que são os pés de ferro misturado com barro. O ferro era o mesmo material das pernas, que representa o Império Romano, o último reino de “Rei de Reis” que tivemos na história.
Os pés de ferro misturado com barro revelam um sistema que é ao mesmo tempo universal e democrático, pois o ferro nos fala de regência forte (por isso falamos em governar com “mão de ferro”), mas o barro nos fala de humanidade (o homem foi feito do pó da terra). Um reino feroz suportado por uma democracia é o que virá antes da vinda de Cristo para reinar.
(Dn 2:43-45) “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro se não mistura com o barro”.
Embora o sonho democrático seja muito acalentado e considerado politicamente correto em nossos dias, algumas monarquias do mundo vão muito bem, obrigado, com um padrão de vida invejável. Alguns países monárquicos, como Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Japão, Noruega e Suécia, não me parecem lugares tão horríveis assim de se viver. Nesses países até quando derrubam o governo, o rei permanece, como aconteceu na Tailândia.
Embora se fale muito em democracia hoje em dia, nenhuma democracia é democrática no sentido que a maioria das pessoas pensa. Não é possível ter um governo puramente exercido pelo povo, por isso o povo escolhe um representante, o que faz com que os sistemas ditos democráticos sejam, na verdade, democracias representativas. Depois de eleito o representante pode não agir exatamente como cada eleitor seu gostaria, portanto a vontade do povo não é 100% realizada no final.
Dentro de certos limites, porém, a democracia funciona, como no caso da votação em que foi dado ao povo decidir quem deveria ser solto e quem deveria ser condenado à morte: Barrabás ou Jesus. Sabemos qual foi a escolha do povo. Ao contrário do dito popular de que “a voz do povo é a voz de Deus”, Deus abomina a voz do povo, porque ela vem de um coração que naturalmente rejeita o governo de Deus e busca pelo autogoverno e autossuficiência. A última das sete igrejas das cartas de Apocalipse, Laodiceia, aquela mais abominável de todas e da qual o Senhor diz que está a ponto de vomitá-la de sua boca, tem tudo a ver com democracia. “Laodiceia” vem de laos = leigos + dicea = vontade ou opinião. Então “Laodiceia” significa a opinião ou vontade do povo.
A profecia de Daniel mostra que esse último reino (o Império Romano revivido no formato semidemocrático, ou ferro e barro) será destroçado (assim como todos os outros) por uma pedra, e não é difícil perceber que essa “pedra” é, na verdade, a Rocha que os edificadores rejeitaram, Cristo.
(Dn 2:44) “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre. Da maneira como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem mãos, e ela esmiuçou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o ouro, o Deus grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso; e certo é o sonho, e fiel a sua interpretação”.
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Qual a idade mínima para ser batizado?
Não existe qualquer indicação de idade para alguém ser batizado. Eu batizei meus filhos, pois creio que o batismo introduz a criança na esfera cristã. Parece existir uma associação do batismo neste sentido com a saída dos hebreus do Egito, quando as crianças passaram pelas águas juntamente com os adultos, pois não iriam deixá-las no Egito (símbolo do mundo).
Quando o carcereiro foi batizado, sua família foi batizada junto e não é dito quais eram as idades. Eu batizei meus filhos quando ainda eram bebês e eles vieram a crer mais tarde, mas ainda na infância. Eu creio que os pais cristãos devem batizar seus filhos, porque o batismo os introduz na esfera da profissão cristã.
Alguns irmãos entendem que somente depois de crer é que a pessoa deva ser batizada, e às vezes a alegação é de que, no caso da criança, ela deve ter idade suficiente para tomar a decisão se seguirá ou não a Cristo. Mas mesmo os pais que acreditam assim criam seus filhos no temor do Senhor, ensinam a Palavra a eles e, de certa forma, procuram mantê-los na esfera cristã (embora tecnicamente eles seriam pagãos enquanto não fossem batizados).
O modo de batizar fica claro na Palavra de Deus que é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo que encontro na Bíblia é por imersão, mas como a forma não foi incluída na fórmula, não se pode criar uma regra a respeito disso. Se existe a possibilidade de se batizar por imersão, então é o mais adequado pelos textos que temos. Se a pessoa está doente numa UTI, obviamente ninguém irá querer que entre na água, aí se pode usar outra forma. Normalmente isso é um trabalho para um irmão fazer, mas como já disse, não existe uma regra e se a única possibilidade de alguém ser batizado for através de uma mulher, eu não acredito que Deus preferiria que a pessoa deixasse de ser batizada por isso.
Mas este é um assunto que acaba ficando para a consciência de cada pai, porque não existe uma indicação clara. Meu genro pretende batizar seu filho que nasceu, só quando ele tiver idade para decidir pelo batismo, pois é assim que enxerga. Isso não é motivo para divisão.
O batismo é sempre uma iniciativa de quem batiza (ide… e batizai) e não de quem é batizado. Mesmo assim, devido à confusão que existe hoje na cristandade, um novo convertido pode ficar em dúvida se o batismo que recebeu na “igreja A ou B” foi bíblico. Na dúvida, nada impede de ser batizado “de novo”.
Creio que o maior equívoco é que muitos cristãos consideram o batismo como uma forma de ser adicionado à igreja, o que não é o caso. Pior ainda é achar que o batismo é a porta de entrada para uma determinada denominação.
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O batismo nos torna membros da Igreja?
Você escreveu que “não se introduz uma pessoa que não se arrependeu no meio Cristão. Para participar do corpo de Cristo é necessário arrependimento (e pra isso precisa crer), e, portanto, o fato de batizar uma criança não a insere no corpo de Cristo”.
É preciso entender que o “meio cristão” não significa exatamente salvação. Uma pessoa que professe ser cristão e tenha sido batizada está no “meio cristão”, ou cristandade. Você não pode questionar isso. Ainda que seja joio no meio do trigo, não é o homem quem determina quem é joio e quem é trigo. O Senhor conhece os que são seus. Você não pode chamar alguém assim de pagão, pois é um cristão no sentido exterior da palavra.
Todavia, mesmo que uma pessoa seja cristã nominal, batizada, professante, praticante etc. ela pode nunca ter sido salva pela fé no sangue de Jesus. Não há salvação no batismo ou na mera profissão (de boca). A salvação é só pela fé no Senhor Jesus e no seu sangue derramado para expiação de nossos pecados. O batismo só salva no sentido de separação (algo parecido com a “santificação” de 1 Coríntios 7:14), mas não no sentido de salvação da alma eternamente. Assim, mesmo que alguém seja batizado, seja membro de uma “igreja” no sentido de denominação religiosa (o que não tem respaldo bíblico) e professe crer publicamente, se não creu realmente em seu coração essa pessoa não é membro do corpo de Cristo, não tem o Espírito de Cristo e não está salva.
O processo é o seguinte: considerando que somos incapazes de crer por nós mesmos (afinal, não há quem busque a Deus, não há nenhum sequer), é preciso que o Espírito de Deus faça uma obra em nós. Ele então enche essa pessoa da sua Palavra (como os servos encheram os cântaros de água), e dá vida à pessoa através do novo nascimento (pois não é possível alguém espiritualmente morto entender ou crer, e ninguém nasce de vontade própria, mas da vontade de outra pessoa). Ao receber vida essa pessoa está apta para crer. Neste processo Deus irá operar nela também o arrependimento que vem de Deus, diferente do arrependimento de Caim ou Judas, que é o arrependimento que vem do homem.
Sim, você tem razão ao dizer que ao batizar uma criança isso não faz dela parte do corpo de Cristo. Porém você já não pode dizer que se trate de uma criança pagã. Ela traz agora sobre si o nome de Jesus, o que inclusive aumenta sua responsabilidade quando passar a ter entendimento. Infelizmente o mundo religioso associa o batismo à introdução de alguém na igreja ou corpo de Cristo por considerar “igreja” uma organização religiosa tipo denominação. O problema não está na definição de batismo, mas na definição do que é a Igreja, o corpo de Cristo, uma verdade praticamente perdida entre muitos cristãos.
É importante entender ainda que o batismo é algo essencialmente relacionado ao indivíduo. É inegável que existam diferentes opiniões quanto ao modo de batizar ou à idade do batizando, e são opiniões de pessoas sinceras que, de uma parte ou de outra, apontam razões bíblicas para essa ou aquela forma. Em momento algum isso devia ser motivo de divisão entre os cristãos, algo do tipo criar uma facção dos que batizam crianças e outra dos que batizam apenas adultos.
Por esta mesma razão não pretendo continuar este assunto com você, pois você tem suas próprias convicções sobre o assunto e não é meu papel aqui mudá-las. Como meu tempo é pouco, prefiro dedicá-lo àquelas pessoas que têm dúvidas sinceras sobre a salvação e outros assuntos que as afligem, do que debater opiniões. Tenho adotado o hábito de responder a perguntas, mas não de debater meramente pelo prazer do debate, naquilo que na Bíblia aparece como “contenda de palavras”.
(Tt 3:9) “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs”.
(Fp 3:15) “Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá”.
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A Bíblia não é toda inspirada?
O que escrevi a respeito de Eclesiastes não significa que a Palavra de Deus não seja inspirada, mas apenas que é preciso entender a perspectiva das diferentes porções da Palavra. Quando um escritor qualquer conta de sua vida em uma autobiografia entendemos que aquilo é diferente de um romance que ele tenha escrito ou de um livro de negócios de sua autoria. Todos são de sua autoria, mas cada livro tem um aspecto diferente, uma aplicação diferente. Assim é a Bíblia.
O livro de Ester, por exemplo, em nenhum momento traz a palavra “Deus”, mas isso não significa que Deus não esteja nos bastidores de tudo o que acontece ali. Portanto, entender que os livros de Provérbios e Eclesiastes são escritos da perspectiva das coisas que acontecem nesta vida é importante, pois também podemos ver que o que eles dizem é plenamente aplicável a todos os homens, independente de serem crentes ou incrédulos.
Um ateu que viva segundo os preceitos de Provérbios ou Eclesiastes será relativamente feliz e evitará muitos problemas nesta vida, em seu relacionamento com a esposa, o patrão, etc., ainda que depois seja condenado ao lago de fogo. Mas, no que diz respeito a esta vida (ao que está debaixo do sol), os preceitos desses livros se aplicam perfeitamente a ele e não são impossíveis de serem cumpridos. Porém, para ele nada do que diz, por exemplo, o capítulo 1 de Efésios tem qualquer validade, pois ele não está entre os que desfrutam de uma vocação celestial. Quando ali fala de uma herança celestial, não está se referindo a ele, mas aos que creem.
Você perguntou sobre Jó 7:9 como se o que está ali fosse incompatível com passagens que falam da ressurreição de Lázaro, por exemplo. (Jó 7:9) “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir”. Este é um caso onde também precisamos entender quem disse e em que contexto. Quem disse isso, Deus ou Jó? Na verdade na maior parte do livro Deus está nos contando o que Jó disse, que pode ou não representar o pensamento de Deus. Neste caso em particular estamos vendo as palavras de Jó citadas na Palavra de Deus, como acontece quando um autor cita uma frase de outra pessoa em seu livro, sem com isso querer dizer que aprova o pensamento do outro.
Aliás, se ler com atenção o livro de Jó verá que muito do que não apenas Jó, mas também seus amigos, dizem está errado, apesar de estar na Bíblia. São os pensamentos de Jó e de seus amigos, e Deus os repreende por isso no final. O que Jó diz aqui ele está dizendo para Deus, é uma espécie de queixa por seu estado. Em outra passagem, porém, Jó declara em alto e bom som que irá ressuscitar:
(Jó 19:25-27) “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim”.
Obviamente agora Jó está falando, não como um homem se queixando contra Deus, mas inspirado o suficiente para proclamar a esperança da ressurreição (que ele negava algumas páginas antes). Agora vemos que os pensamentos de Jó estão em sintonia com os pensamentos de Deus, o autor da Bíblia.
O perigo de ler a Bíblia como um livro de regras reside aí: tomar tudo como ordenança de Deus. Toda a Bíblia é a Palavra de Deus, mas é preciso distinguir quando Deus está falando e quando o homem está falando. O fato de o Autor às vezes narrar o que alguém disse não significa que ele concorde automaticamente com aquilo, ou que seu escrito não seja genuíno ou inspirado.
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Você leu “Caçadores de Deus”?
Não li o livro “Caçadores de Deus” de Tommy Tenney, mas a simples leitura de suas primeiras páginas já fez soar o alarme. Veja o que encontrei:
“A diferença entre a verdade de Deus e a revelação de Deus é muito simples. A verdade é onde Deus esteve. A revelação é onde Deus está… A igreja, hoje, gasta incontáveis horas e muita energia debatendo sobre onde Deus esteve, quão poderosamente ele agiu quando estava lá e a natureza de sua operação. Para os verdadeiros caçadores de Deus todas estas coisas são irrelevantes… Um verdadeiro caçador de Deus não se satisfaz com a verdade passada, ele anseia pela verdade presente… Existe uma grande diferença entre a verdade presente e a passada. Temo que muito do que a igreja tenha estudado seja a verdade passada, e muito pouco do que sabemos seja a verdade presente”.
Trocando em miúdos, ele está dizendo que aquilo que Deus nos diz em sua Palavra, ao contar o que fez no passado, não é tão importante (ele chega a chamar de “irrelevante”) quando comparado com aquilo que Deus está fazendo em nossos dias. E por aquilo que Deus está fazendo em nossos dias obviamente o autor do livro está se referindo às experiências místicas e sobrenaturais que irá descrever nas páginas seguintes sem fazer a pergunta mais importante de todas: Será que essas experiências são realmente de Deus ou não passam de manifestações da carne ou, o que é pior, manifestações demoníacas?
O tema todo gira em torno da Palavra de Deus versus a experiência do cristão (emoções, êxtases, etc.) e é aí que mora o perigo. Quando damos atenção ao que os cristãos estão fazendo ou experimentando, acabamos colocando a experiência acima da Palavra de Deus, como se Deus não estivesse agindo, a menos que eu estivesse sentindo isso. Isso joga muitos cristãos sinceros em um mar de dúvidas, quando não conseguem experimentar coisa alguma e aí passam a duvidar de que sua fé seja genuína. No meio pentecostal você vai encontrar muito disso: pessoas totalmente desmotivadas porque não falam línguas estranhas ou não têm um testemunho mirabolante para contar, como se essas coisas fossem a essência da vida cristã. Olhar para nossas experiências (mesmo que sejam genuínas) é perder de vista aquilo que deve ser realmente o foco de nosso olhar: Cristo.
(Cl 3:1) “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.
O cristão que vive “turbinado” por experiências místicas é como um viciado em drogas que não consegue viver feliz se não estiver mergulhado em experiências sensoriais ou assistindo algum pregador pulando em um palco, gritando palavras de ordem ou curando uma fila de supostos enfermos. Não somos chamados a viver numa êxtase da carne, mas somos exortados a nos ocuparmos com Cristo, ainda que seja na quietude de uma experiência como a de Elias, que precisou aprender que não era nas manifestações grandiosas que iria encontrar Deus, mas em um leve sussurro.
(1 Rs 19:11) “E ele lhe disse: Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento, que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e, depois do vento, um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; e, depois do terremoto, um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?”.
Livros como “Caçadores de Deus” de Tommy Tenney podem até encher de adrenalina seus leitores e ajudarem a “turbinar” por um tempo alguns cristãos que preferem viver mais por vista que por fé; gente que não consegue se animar se não viver mergulhado em experiências místicas e sobrenaturais. Mas livros assim também costumam mergulhar muitos na decepção de não conseguirem ver em suas vidas manifestações que possam experimentar, como se a vida cristã dependesse disso. A alma que se contenta com o Senhor e nada mais vai passar ao largo desse tipo de “estimulante” religioso.
Em tempo: no site do autor ele se refere ao Pai, Filho e Espírito Santo, não como pessoas divinas, mas como diferentes “manifestações” de Deus, o que aparentemente tem o mesmo efeito de negar a Trindade, ou seja, um só Deus em três pessoas distintas. Se eu fosse você passaria longe desse e de outros livros que vivem prometendo experiências místicas como o suprassumo da vida cristã. O cerne da vida cristã é e sempre será Cristo, quer você sinta algo ou não.
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Nossos filhos devem ser educados em casa?
Eu particularmente não adotaria esse método de ensinar os filhos em casa (homeschooling) por existir no Brasil legislação que proíbe isso e não existir na Palavra de Deus qualquer exortação a não colocarmos nossos filhos nas escolas.
Sei que isso foi uma decisão pessoal de vocês, o que os levou a ter problemas com a legislação brasileira e precisarem recorrer a advogados, portanto não é algo que deveriam esperar que outros fizessem. Eu também tenho posições pessoais sobre diferentes assuntos, que não aconselharia outros cristãos a adotarem, porque são práticas que se enquadram naquela coisa da “fé que tens, tenha para ti mesmo”, de “comer legumes”, etc. Em questões assim, se não posso afirmar com base nas Escrituras que todo cristão deveria agir como eu, também não posso menosprezar os que agem diferente.
E é aí que entra a outra coisa que fez soar o alarme em seu e-mail, quando você diz que “O Senhor, como nos dias de Elias, tem chamado varões que não se inclinaram perante Baal e não entregaram seus filhos nos braços de Moloque”.
Ao fazer tal afirmação você está insinuando (ou afirmando, sei lá) que aqueles que matriculam seus filhos em escolas estão entregando seus filhos nos braços de Moloque, ou que você é um dos varões que não se inclinaram diante de Baal. Será isso? Essa afirmação tem dois problemas.
Primeiro, não há qualquer coisa na Palavra de Deus que condene estudar em escolas regulares. O próprio apóstolo Paulo estudou em escolas e “lecionou” na “escola de certo Tirano”. Deixe alguma professora saber que você a está colocando na categoria de “sacerdotisa de Moloque”!
O outro problema é aplicar a si mesmo a afirmação de que você seria um dos que Deus chamou que não se inclinaram perante Baal. O versículo que citou é o que Deus respondeu a Elias, mostrando que ele não devia se gabar do que pensava de si mesmo. Deus deu testemunho de quem ele considerava que não tinha dobrado os joelhos a Baal; não foram os próprios que deram testemunho de si mesmos.
O próprio Elias, ao fazer tal afirmação, não disse aquilo de si mesmo de um coração puro, mas por orgulho e discriminação contra Israel:
“Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal.” (Rm 11:3-4).
Sempre que nós afirmamos ser alguma coisa, Deus vai nos ensinar que não somos coisa alguma. Qualquer que seja a posição que alcancemos que agrade a Deus, ele vai nos mostrar que não existe um átomo de nós nisso e que foi tudo por graça. É o que continua dizendo em Romanos: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra”.
Das sete igrejas de Apocalipse capítulo 3, só uma se gaba de ser alguma coisa: Laodiceia. Se nós hoje sabemos que uma delas guardou a Palavra do Senhor e não negou o seu nome é porque o próprio Senhor disse isso dela, e não foi ela que falou isso de si mesma ou se considerou assim.
Se o fizesse já deixaria de guardar a Palavra do Senhor só por seu orgulho. Estaria se achando rica e abastada espiritualmente, como Laodiceia ou os Coríntios: “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? Já estais fartos! Já estais ricos! Sem nós reinais!” (1 Co 4:7-8).
O que você faz com seus filhos é algo que vem de sua fé e de seu exercício pessoal. Como não existe na Palavra algo que proíba fazer ou não isso, não há o que discutir em termos de cristianismo, embora exista a questão da ilegalidade da prática pela legislação brasileira, ao contrário de outros países. Aí há também, além do problema de vocês estarem agindo em ilegalidade, o problema do falso testemunho, por alegarem diante das autoridades que se trata de uma questão de qualidade de ensino, quando a verdade é que optaram por isso por questões de fé.
No que diz respeito às coisas de Deus, a questão é puramente de consciência, e prefiro nem discutir mais isso, porque eu mesmo tenho questões ou práticas de consciência que poderiam ser contestadas por outros irmãos. Conheço irmãos nos Estados Unidos que fazem homeschooling. Eles não podem tentar me convencer de que esta é a ordem na Palavra de Deus e nem eu posso tentar convencê-los do contrário.
Por outro lado, conheço irmãos que evitam matricular seus filhos em escolas evangélicas (ou católicas) por considerarem que, aí sim, eles acabarão recebendo um ensino religioso distorcido que poderá corromper suas almas. Faz sentido, se você observar que nos evangelhos o Senhor Jesus não criticava com tanta força os ladrões e prostitutas como ele criticava os religiosos fariseus. Para o Senhor a religião corrompida era algo muito mais grave do que uma contravenção penal.
O grande problema de se adotar uma posição sem um fundamento claro na Palavra é dar margem ao orgulho (que é a última coisa em nós que morre). Veja o caso da oração do fariseu, que é um exemplo clássico de adoção de costumes sem fundamento claro na Palavra, mas que podem se transformar em motivo de orgulho:
“O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.”
Percebe o que ele faz? Primeiro ele dá graças pelas coisas que ele próprio faz, não pelas que Deus faz por ele. Ou seja, é uma oração de auto adoração e de justiça própria. Segundo, ele coloca entre os seus feitos jejuar duas vezes por semana, algo que não existia nem mesmo na lei de Moisés. Ele inventou aquilo e agora se gloria disso. Resultado? Passa a olhar para quem não jejua duas vezes por semana como pessoas de uma classe inferior. É aí que mora o perigo.
Outro perigo que assola nosso coração é a síndrome da perseguição. Alguns cristãos acham que se não estiverem sendo perseguidos ou contestados em seu modo de crer e pensar creem que não estão sendo obedientes a Deus. Então vivem procurando práticas polêmicas para serem rejeitados pela sociedade e até mesmo por outros cristãos.
Quero pedir desculpas se interpretei mal seu primeiro e-mail. Quanto a este, não é uma questão de interpretação ou julgamento, mas apenas de alerta da viagem na qual nosso enganoso coração pode nos embarcar, quando perdemos de vista a graça de Deus e passamos a nos considerar como sendo alguma coisa. Não se engane: se existe uma coisa que destrói, essa coisa é o orgulho religioso de nos acharmos melhor do que os outros por algumas práticas que adotamos.
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Devemos isolar nossos filhos do contato com incrédulos?
É importante lembrar que a separação que o cristão deve ter do mundo não é uma separação monástica, como acontece nos mosteiros católicos ou entre algumas seitas rurais norte-americanas, como os Amish, que abominam a tecnologia.
A separação do cristão é uma separação moral. O Senhor não nos tirou do mundo, portanto não existe um lugar neste mundo onde estejamos livres de contaminação, ainda que a gente decida morar em um submarino ou numa caverna no Himalaia. É por isso que o Senhor lavou os pés dos discípulos. Os pés tinham contato com o mundo, fisicamente falando.
Deus quer que o cristão esteja envolvido no ambiente deste mundo, porque é lá que ele precisa testemunhar de Cristo e é lá que estão as pessoas que precisam ser salvas. Assim como Cristo está por nós hoje diante de Deus, nós estamos por Cristo neste mundo diante dos homens. Quando ele esteve aqui foi acessível a todos.
Se Deus quisesse nos separar fisicamente da sociedade em redor ele nos arrebataria imediatamente tão logo nos convertêssemos, pois não haveria necessidade de continuar aqui. Deus poderia enviar seus anjos para pregar o evangelho, mas ele decidiu enviar seus filhos, aqueles que um dia experimentaram o perdão de seus pecados e a salvação. Os anjos que nunca caíram não sabem o que é o perdão e os anjos caídos jamais serão perdoados.
Há pais que impedem seus filhos de irem à escola, procurando com isso mantê-los incontaminados do mundo. Eu fui alcançado pelo evangelho na faculdade através de outro aluno. Esse colega começou um estudo do evangelho de João nas horas vagas, uma vez por semana, e daquelas pessoas sei que pelo menos doze delas se converteram. Quem iria pregar se os pais desse irmão tivessem decidido impedi-lo de frequentar uma escola?
Os cristãos não são salvos para o isolamento, e a ideia de comunidades cristãs vivendo numa fazenda longínqua pode ser muito romântica, mas não encontramos isso na Palavra de Deus. O cristianismo é uma fé essencialmente urbana. Foi quando os cristãos foram dispersos de Jerusalém por causa da perseguição que o cristianismo realmente se espalhou, começando por Antioquia. É quando o cristão está no mundo (sem fazer parte dele) que pode efetivamente interferir na vida das pessoas que o cercam.
O barco navega em pleno oceano e seu dono toma o cuidado de mantê-lo hermético à entrada de água, mas não é mantendo o barco em terra firme que ele evita isso. Se o fizesse, não haveria qualquer utilidade para a existência do barco. O problema não é o barco estar no mar, o problema começa quando ele deixa o mar entrar no barco. Portanto, o cristão está no mundo, mas deve manter-se hermético para que o mundo não entre no cristão.
Se você ler o último capítulo de Romanos verá que Paulo saúda irmãos até na casa de César, ou seja, na família real. E há outros ocupando cargos públicos. O próprio apóstolo tinha suas atividades normais neste mundo, fabricando e vendendo tendas, e estava constantemente se envolvendo em encrenca por estar onde, racionalmente falando, não deveria estar. Uma hora nós o encontramos nas sinagogas dos judeus (e podemos perguntar o que ele estava fazendo lá), outra entre os ídolos gregos falando do “Deus desconhecido”. O próprio Senhor tinha o seu ministério nas cidades e entre o povo, não ficando confinado e inacessível. Anote bem: você não encontra na Bíblia um cristão rural, mas um cristão urbano.
Meus filhos são adultos e foram criados no evangelho. Exceto o que é portador de deficiência e não tem entendimento suficiente para crer de forma racional, os outros dois se converteram quando ainda eram pequenos e sempre frequentaram escolas normalmente.
É claro que tomamos alguns cuidados na época, e hoje reconheço que seria até mais difícil fazer isso nos tempos atuais, porém eles aprenderam a fazer as escolhas corretas sempre que podiam. Nós também compensávamos. Se não achávamos correto eles irem numa excursão da escola, por exemplo, a algum ambiente que não considerássemos adequado, nós inventávamos um passeio na mesma data para um lugar ainda mais interessante.
Em todas as escolas por onde passaram eles testemunharam de Cristo aos colegas. Na faculdade participavam de orações com outros cristãos nos intervalos, falavam abertamente de sua fé para professores e alunos e tinham uma vida normal de estudantes. Conheço um irmão que foi muito severo com seus filhos neste sentido (ele reconhece isso hoje) e seus 11 filhos hoje não querem nem ter contato com ele. Há netos que ele só conhece por fotos tiradas por terceiros. Será que o resultado disso é um bom testemunho de Cristo para os incrédulos?
(Mt 5:13-16) “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.
Estamos neste mundo para dar testemunho da verdade, mas se nosso testemunho se transformar em um empecilho e fizer com que outros passem ao largo da Palavra de Deus, para quê estamos aqui afinal?
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Deus aprova a escravidão?
Fazer afirmações do tipo “Deus aprova a escravidão”, sem detalhar o que era escravidão há quatro mil anos ou mesmo nos tempos de Jesus, é distorcer os fatos. O problema é que quando pensamos em escravos pensamos no Brasil colônia, no navio negreiro, etc. Todavia, o eunuco que se converte no caminho de volta de Jerusalém era um escravo da rainha da Etiópia. O centurião que procura Jesus em busca de cura para seu escravo (ou servo) não parecia alguém cruel como os que escravizavam negros há 500 anos. Abraão chamava a si mesmo de servo (escravo) de Deus, Maria se denomina serva (escrava) do Senhor.
Uma leitura do Antigo e Novo Testamento irá mostrar que escravos estavam mais para empregados em um regime diferente do atual do que para os escravos das colônias nos séculos recentes. Escravo nos tempos bíblicos era uma classe social e provavelmente um escravo egípcio que passasse o dia abanando o Faraó em seu palácio não trocaria de lugar com um operário trabalhando numa fundição atual dessas de fundo de quintal ou pendurado em um andaime capenga de uma construção qualquer. Hoje a arqueologia já admite que as pirâmides não foram construídas por escravos (no sentido que conhecemos dos tempos coloniais), mas por uma classe de servos que trabalhava por sustento e por acreditar no que estava fazendo (era um sentimento religioso).
No Antigo Testamento um homem livre podia vender a si mesmo como escravo (veja em Deuteronômio 15). Agora eu pergunto: Quem seria louco de querer vender a si mesmo como escravo se a escravidão naquela época fosse a mesma coisa dos tempos dos navios negreiros? Vamos ver o que diz a passagem:
(Dt 15:12-18) “Quando teu irmão hebreu ou irmã hebreia se vender a ti, seis anos te servirá, mas, no sétimo ano, o despedirás forro de ti. E, quando o despedires de ti forro, não o despedirás vazio. Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar; daquilo com que o Senhor, teu Deus, te tiver abençoado lhe darás. E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito e de que o Senhor, teu Deus, te resgatou; pelo que te ordeno hoje esta coisa. Porém será que, dizendo-te ele: Não sairei de ti, porquanto te ama a ti e a tua casa, por estar bem contigo, então, tomarás uma sovela e lhe furarás a orelha, à porta, e teu servo será para sempre; e também assim farás à tua serva. Não seja aos teus olhos coisa dura, quando o despedires forro de ti; pois seis anos te serviu por metade do salário do jornaleiro; assim, o Senhor, teu Deus, te abençoará em tudo o que fizeres”.
Aqui diz:
1. Que um homem ou mulher livre pode se vender a si mesmo como “escravo”;
2. Que esse “contrato” pode ser no máximo de seis anos;
3. Que no final do período de “escravidão” o “escravo” deve sair abastecido de um rebanho, cereais e vinho;
4. Que é possível o “escravo” gostar tanto do que faz que não vá querer ser “livre”;
5. Que nos seis anos que ele trabalhou custou ao senhor a metade do que custaria um diarista (porque ao diarista, além da comida e abrigo era preciso pagar o salário).
Pergunto: Você já viu escravidão assim? E lembre-se de que tal escravidão nada tem a ver com cor de pele, já que está falando de uma relação dentro do próprio povo hebreu. Já quando se tratava de escravidão baseada em raça, Deus deixou bem claro sua opinião ao castigar o Egito que se negou a libertar o seu povo da escravidão que era baseada na diferença racial. A escravidão nos moldes dos tempos coloniais é claramente condenada por Deus também na sua forma de conseguir escravos, que era através do sequestro: (Êx 21:16) “E quem furtar algum homem e o vender, ou for achado na sua mão, certamente morrerá”. E em 1 Timóteo 1:8-10 a Palavra de Deus coloca os “traficantes de homens” na mesma classe daqueles que matam o pai ou a mãe.
Um escravo dos tempos bíblicos tinha até condições de subir na vida, como é o caso do eunuco de Atos 8, convertido pela pregação de Filipe. Aquele homem era escravo (servo) eunuco de Candace, Rainha dos Etíopes, e era responsável pela guarda de todos os tesouros da rainha. Que escravo é esse que tem o posto de Secretário do Tesouro?! Escravos na Antiguidade tinham regalias, podiam ocupar até mesmo postos de responsabilidade. Talvez daqui a dois mil anos as pessoas olhem para nós e achem que é um absurdo pessoas trabalharem 8 horas por dia ganhando salário mínimo, porque daqui a dois mil anos as pessoas podem achar que isso é um tipo de escravidão, como nós avaliamos os escravos de dois mil anos atrás, que chegavam a ser tão bem tratados que o centurião não mede esforços para curar um escravo seu.
Veja que você citou Tito 2:9, como “prova” de que Deus aceita a escravidão, mas não mencionou o que diz sobre os senhores: (Cl 4:1) “Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus”.
Se pesquisar mais, verá quais as obrigações de senhores e servos em Efésios 6:5-9:
“Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre. E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas”.
Leia a carta de Paulo a Filemon e diga-me se você vê ali uma posição indigna. Veja que é uma carta na qual Paulo exorta Filemon a receber de volta seu “escravo” Onésimo. Quase posso apostar que Onésimo era mais bem tratado do que muitos trabalhadores com carteira assinada de nossos dias.
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O jovem que fugiu nu era Marcos ou João?
(Mc 14:50:52) “Então todos o abandonaram e fugiram. Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo a Jesus. Quando tentaram prendê-lo, ele fugiu nu, deixando o lençol para trás”.
A Bíblia não diz quem era o jovem, portanto é especulação dizer que era Marcos ou João. Mas a boa lição que aprendemos deste episódio é que aqueles que querem seguir a Jesus na energia da carne ou das aparências só trarão vergonha sobre si mesmos.
Foi o que fez Pedro (João 18:10), ao tentar defender seu Mestre usando uma espada para cortar a orelha do servo do sumo sacerdote. No fim ele só deu trabalho para o Senhor, que precisou curar a orelha do homem, e ainda ouviu uma repreensão na frente de todo mundo o que deve ter deixado Pedro profundamente envergonhado:
(Mt 26:52) “Então, Jesus disse-lhe: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?” .
Enquanto Pedro nos fala da energia da carne, o jovem, que seguia a Jesus envolto em um lençol, que algumas traduções indicam ser de linho, nos fala da justiça exterior, “porque o linho fino são as justiças dos santos” (Ap 19:8). Como diz o ditado, por fora o jovem era “bela viola”, mas por dentro devia ser “pão bolorento”. O resultado é que na hora “H” a mera aparência não é suficiente para seguir a Jesus. Então, só resta fugir e isso da forma mais vergonhosa, ou seja, nu.
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Como interpretar o Apocalipse?
No mês passado joguei fora alguns livros que tinha em minha estante. Eram livros escritos na década de 70 e 80 que falavam de profecias, mas tentando interpretá-las por meio das coisas visíveis e boa parte das interpretações agora já caducaram. Livros assim fazem parecer que a Bíblia está errada, pois quando as interpretações do autor não se cumprem, as pessoas pensam que o problema está na Bíblia.
Esses livros se concentravam nas coisas que víamos em redor nos tempos da Guerra Fria, quando a União Soviética existia e era aquele suspense contínuo. Lembro-me de que quando morei nos Estados Unidos em 1972 via casas que tinham abrigos antiatômicos subterrâneos no quintal. Visitei uma antiga mina de mármore desativada que você podia entrar de carro, de tão imensa que era, onde estavam empilhadas toneladas e toneladas de alimentos, camas e equipamentos para a população da cidade viver lá em caso de guerra nuclear.
Os autores que interpretavam as profecias com base no que estava ocorrendo no mundo naquele momento cometeram muitos erros, simplesmente porque os eventos ao nosso redor mudam todos os dias. Desde o princípio do cristianismo existe algum líder mundial que é a bola da vez como candidato a anticristo. Muitos papas já ocuparam essa vaga e Hitler foi o candidato mais forte do século 20. Mas também vi Mikhail Gorbachev ser identificado como o anticristo porque tinha uma marca na testa.
Outra “profetada”, que são essas interpretações proféticas equivocadas, foi o código de barra. Cheguei a conhecer cristãos que se negavam a comprar qualquer produto que tivesse um código de barra na embalagem, pois o código de barra, segundo alguns autores da época, era a marca da besta.
Existe um risco muito grande em tentar interpretar a profecia por meio do que vemos no mundo neste momento, porque amanhã tudo pode ser diferente. É preciso entender que a profecia não se refere à Igreja, mas a Israel. Ela é encontrada no Antigo Testamento, nos Evangelhos (porque o Senhor Jesus primeiramente tratou com seus discípulos como judeus) e em Apocalipse. Alguma coisa concernente à Igreja nós encontramos nas epístolas, principalmente em 1 Tessalonicenses, mas tudo o que vem a partir do capítulo 4 de Apocalipse diz respeito a Israel (exceto, obviamente, quando fala claramente da noiva do Cordeiro, que é a Igreja).
Por isso nem tudo nós, cristãos, iremos entender, porque não temos elemento para tanto. Por exemplo, o anticristo só será revelado depois da retirada da Igreja e do Espírito Santo da terra no arrebatamento (2 Tessalonicenses 2), portanto qualquer exercício de “adivinhação” agora é improdutiva. Tentar interpretar a profecia com elementos atuais é o mesmo que tentar interpretar a Bíblia usando a ciência. Todos os dias a ciência faz novas descobertas e muitas afirmações de cientistas renomados são sepultadas para dar lugar a novas afirmações.
Assim é com a profecia. Tem autores que tentam interpretar os juízos de Apocalipse fazendo referência à bomba atômica, mas isso é porque bomba atômica é o máximo de destruição que conhecemos hoje. Há 500 anos alguém poderia ter interpretado usando explosões de pólvora, porque era tudo o que conheciam na época. Em um daqueles livros que joguei fora o autor dizia que os gafanhotos de Apocalipse 9:6-7 serão helicópteros com metralhadoras na cauda, mas isso é porque a coisa mais parecida que existe hoje é o helicóptero com metralhadora na cauda. E amanhã?
O Apocalipse é um livro de símbolos e o terreno mais seguro para entendermos a profecia é buscarmos na própria Bíblia os significados e paralelos para o que lemos lá. Por exemplo, quando lemos “a antiga serpente”, vamos para Gênesis. É assim que se interpreta profecia.
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Foi errada a escolha de Matias para apostolo?
Sua dúvida é se a escolha de Matias não teria sido uma iniciativa de homens apenas, e não de Deus. Segundo você, Pedro teria se apressado ao decidir que alguém deveria tomar o lugar de Judas, sem esperar para saber qual era a intenção do Senhor. Além disso, a escolha feita lançando sortes não seria, no seu entender, correta para um cristão. No meu entender, a escolha de Matias foi correta por algumas razões.
1. Os doze apóstolos originais não foram escolhidos como apóstolos para a Igreja, mas para Israel, já que a Igreja só viria a existir a partir de Atos 2. A missão dos apóstolos era primeiramente pregar o evangelho do Reino a Israel.
2. Todo o relacionamento do Senhor com seus apóstolos nos evangelhos é um relacionamento judaico, onde coisas como o Templo, sacrifícios, ofertas, sacerdotes etc. continuam em vigor. Os apóstolos não tinham o Espírito Santo habitando neles, o que só ocorreu após Pentecostes, mas tinham o Espírito atuando por intermédio deles.
3. Embora não tivessem ainda o Espírito habitando em si, os apóstolos tinham a autoridade apostólica que o Senhor delegou a eles, e isso inclui Judas. Autoridade delegada não significa infalibilidade.
4. É com base nessa autoridade que eles procedem à escolha do décimo segundo, mas mesmo assim não decidem de si mesmos, mas colocam diante do Senhor. Primeiro eles fazem uma seleção com base nas características e pré-requisitos que aprenderam do próprio Senhor: ter convivido com o Senhor Jesus desde o batismo de João até o dia da ascensão, e ter testemunhado a ressurreição. Isso restringia as possibilidades a apenas dois candidatos.
(At 1:21-26) “É necessário, pois, que, dos varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que dentre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição. E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor do coração de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar. E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E, por voto comum, foi contado com os onze apóstolos”.
5. O fato de terem lançado sortes para que o Senhor indicasse através das sortes não era antibíblico se considerarmos que eles ainda não tinham o Espírito Santo neles dando discernimento. O Antigo Testamento autorizava essa prática, e reconhecia-se que a decisão viria do Senhor.
(Pv 16:33) “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição”.
Hoje o crente pode receber a direção do Senhor pela Palavra de Deus e também pelo Espírito Santo que habita em si. Não é aconselhável tomar decisões hoje se lançando sortes como faziam aqueles que não tinham o Espírito Santo. Quem abre a Bíblia a esmo esperando tomar uma decisão baseada num versículo qualquer apontado de olhos fechados corre o risco de encontrar sob seu dedo o trecho: “E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” (Mt 27:5).
6. A escolha de Matias não é negada ou repreendida por Deus em lugar algum do Novo Testamento, pelo contrário, ele passa a ser reconhecido como um dos “doze” antes mesmo do surgimento de Paulo.
(At 6:2) “E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas”.
7. O próprio apóstolo Paulo reconhece que Matias é um dos doze ao mencionar que o Senhor foi visto “pelos doze”, o que se refere ao número completo incluindo Matias, já que então Judas estava morto. Paulo também faz distinção entre a experiência dos apóstolos e a sua própria, bem posterior, como de um nascido fora de tempo.
(1 Co 15:5-8) “e que foi visto por Cefas e depois pelos doze [deve estar agora se referindo a Cefas + os 11]. Depois, foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois, foi visto por Tiago [talvez individualmente] , depois, por todos os apóstolos [outra vez “os doze”] e, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo”.
8. O apóstolo Paulo foi o apóstolo escolhido do Senhor para ser o apóstolo dos gentios. A ele foi feita uma revelação que não tinha sido feita aos outros: a Igreja. Nenhum dos doze apóstolos sabia da Igreja antes de Paulo explicar a eles. Os doze tinham sido comissionados pelo Senhor para anunciar o Cristo, que estava aqui no mundo, aos judeus. Paulo foi comissionado para anunciar Jesus, no céu em glória, aos gentios.
Finalmente, quanto à sua última dúvida, se é Matias ou Paulo que terá seu nome em um dos doze fundamentos da Santa Jerusalém que desce do céu em Apocalipse 21:
(Ap 21:14) “E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
A resposta é Matias. Considere que:
— Matias foi o apóstolo escolhido em Atos 1 para ser o décimo-segundo e completar “os doze”,
— Ele foi reconhecido como “os doze” em Atos 6,
— Efésios 2:20 diz que a Igreja (e é a Igreja essa Santa Jerusalém que desce do céu em Apocalipse) foi edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” e,
— A fundação (a inauguração ou o lançamento dos fundamentos) da Igreja ocorreu em Atos 2, antes de Paulo se converter. Embora Paulo fale do fundamento em 1 Coríntios 3:10, ali ele está se referindo a Cristo.
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O inferno é eterno?
Não é a minha ou sua opinião que importa, mas o que Deus diz em sua Palavra. O céu é um lugar de eterna ocupação com Cristo, e se você acha tedioso isso provavelmente não o conheceu ainda. Já o lago de fogo é um lugar de eterna separação de Deus e sofrimentos indizíveis. Não fui eu quem inventou isso, mas é o que a Bíblia diz. Você diz que um castigo assim contraria a própria lei de Deus, mas se Deus levasse para o céu quem não quer morar lá, o céu seria um inferno para alguém assim. Curiosamente o maior número de citações do inferno encontradas na Bíblia são da boca do Senhor Jesus nos evangelhos.
Ele chama essa condenação de “fogo eterno”, não fogo fátuo, passageiro ou temporário, embora deixe claro que não é um lugar originalmente preparado para os homens, mas para os anjos. Os homens irão para lá por vontade própria:
(Mt 25:41) “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.
Jesus também não estipula uma data para esse fogo terminar, ao contrário ele diz que NUNCA apagará:
(Mt 3:12) “Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará”.
(Mc 9:43) “… para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga”.
Jesus deixa claro que o tormento nesse fogo que nunca se apaga é igualmente eterno:
(Mt 25:46) “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna”.
Daniel mostra que o que espera os salvos é tão eterno quanto o que espera os perdidos. Negar a eternidade de uma realidade é negar a eternidade de ambas:
(Dn 12:2) “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno”.
Apocalipse confirma a eternidade dessa perdição:
(Ap 14:10) “também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite”.
Portanto, você pode ter até sua opinião, mas não pode dizer que ela seja baseada na Palavra de Deus, a qual é categórica a respeito da eternidade, tanto da salvação quanto da perdição.
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A relação bíblica homem-mulher está fora de moda?
Após ter lido algum texto que escrevi sobre o namoro ou casamento você escreveu perguntando se a relação homem-mulher da Bíblia não deveria passar por uma atualização para seguir os padrões modernos. Segundo você, a maneira de um homem e uma mulher se relacionarem na Bíblia estaria muito longe do que é a prática considerada normal nos dias de hoje.
É importante entender que mesmo lendo a Bíblia podemos ficar confusos sobre a interpretação do relacionamento entre o homem e a mulher, já que em Gênesis encontramos um casal e não muito tempo depois já vemos a poligamia praticada até mesmo entre o povo de Deus. Davi e Salomão, por exemplo, tiveram dezenas de mulheres.
Quando chegamos ao Novo Testamento as coisas pareciam mais comedidas, o que mostra que os costumes realmente mudam com os tempos, indo e voltando conforme o caso. Então o que fazer? Quando queremos descobrir como era uma construção que passou por muitas reformas o jeito é ir ver o projeto original. É o que Jesus aconselha aqui:
(Mt 19:4-6) “Ele, porém, respondendo, disselhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne”.
Um homem, uma mulher, uma união. Este é o plano original de Deus e ratificado por Jesus nos Evangelhos. O modelo marido-mulher é a representação de algo muito maior: a relação entre Jesus e sua Igreja, formada por todos os salvos:
(Ef 5:31-32) “Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja”.
Mais uma vez vemos um homem e uma mulher em uma união oficial. Para que exista isso e seja uma figura de Cristo e a Igreja é preciso que seja algo realmente decidido, não um “ficar”. Deus nos livre de pensar que Cristo poderia apenas “ficar” com a Igreja por algum tempo e depois partir para outra experiência.
O matrimônio que a Palavra de Deus prevê para o casal é algo oficial. As leis da maioria dos povos prevê uma união civil entre um homem e uma mulher oficializada com testemunhas, portanto é assim que deve ocorrer.
No evangelho de João, capítulo 2, o primeiro milagre de Jesus acontece em uma festa de casamento. Veja que seu primeiro milagre não foi levantar um morto ou curar um leproso, mas providenciar vinho para o bufê da festa, aparentemente algo sem importância diante da grandeza de Jesus. Mas creio que ele quis mostrar o quão importante é a união entre o homem e a mulher no casamento, pois afinal de contas a história toda termina em Apocalipse com um casamento: Cristo e sua Igreja.
Espero ter respondido sua pergunta. Os detalhes, isto é, se pode beijar na boca, se pode fazer carícias, se pode isso ou aquilo, creio que o Espírito Santo lhe ajudará a ter discernimento quando for o caso.
(Jo 2:1-11) “E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia; e estava ali a mãe de Jesus. E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas. E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disselhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos empregados: Fazei tudo quanto ele vos disser. E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas. Disselhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disselhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. E disselhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele”.
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Se Deus quer que todos sejam salvos, por que não salva todos?
Sua dúvida é em 1 Timóteo 2:4 “Paulo estaria falando de todos os homens (seres humanos)? ou estará falando apenas nos homens que podem receber a verdade ou chegar ao conhecimento desta?”
O desejo de Deus é esse para TODOS os homens. Não podemos isolar este versículo de seu contexto que fala do modo como devemos agir para com todos os homens (versículos 1 ao 3):
(1 Tm 2:1-4) “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”.
Algumas versões dizem “todos os homens se salvem”, mas a correta é esta forma, “sejam salvos”, porque sabemos que ninguém se salva a si mesmo.
Considerando os versículos anteriores fica claro que aqui Paulo está falando da disposição que devemos ter para com todos os homens, que é também a disposição de Deus. Mas sabemos que nem todos serão salvos e este conhecimento pode nos levar a tratar alguns com menor atenção do que outros, ou limitar a pregação do evangelho apenas àqueles que “achamos” que serão salvos, o que é um erro grave.
Deus não limitou seu evangelho: ele é proclamado em todos os lugares, apesar de nem sempre encontrar ouvidos receptivos. Então Deus realmente está colocando a salvação à disposição de todos e essa também deve ser a disposição do coração de todo aquele que crê: interceder por todos os homens.
O assunto aqui não são os conselhos eternos de Deus, a eleição ou predestinação, ou aqueles que o Pai dá ao Filho para que sejam salvos. O assunto é a disposição para com todos os homens em graça, algo que é compatível com o amor de Deus (que não precisava salvar ninguém, mas quis fazê-lo) e deve ser também com o amor que devemos demonstrar para com todos os homens.
Deus fez a obra, enviou seu Filho para morrer, ressuscitou-O de entre os mortos e abriu, por assim dizer, as inscrições para o céu. É pegar ou largar, e ninguém saberá se pegou por ter sido escolhido antes da fundação do mundo antes de pegar, ou seja, crer no Salvador. No que diz respeito ao evangelho, a porta está aberta para todos porque Cristo morreu por todos, mas “apenas” muitos serão salvos, aqueles cujas iniquidades Cristo levou sobre si.
(2 Co 5:15) “E ele morreu por todos”.
(Is 53:11) “O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Pelo que lhe darei a parte de muitos e, com os poderosos, repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”.
(Hb 9:28) “assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.
Todavia, no que diz respeito aos desígnios eternos de Deus, “os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”. (Rm 8:29).
Uma coisa não é incompatível com a outra simplesmente porque quando olhamos a figura mais ampla aprendemos que é assim que é, porque é assim que Deus fez. Não há o que discutir com ele. Quando olhamos com desconfiança os desígnios de Deus acabamos duvidando do seu amor, mas isso é só porque somos humanos, imperfeitos e incapazes de compreender o quadro todo. Uma criança não compreende muitas coisas que só poderá compreender quando chegar à fase adulta. Qualquer conclusão que uma criança venha a tirar enquanto é criança estará baseada em seu conhecimento parcial da vida. Em que fase está o nosso entendimento das coisas de Deus? Para certas coisas não podemos tirar conclusões, apenas crer que são assim porque Deus as revelou dessa maneira.
Eu sei que às vezes certas coisas parecem injustiça quando julgadas por nossa mente carnal e com as limitações que temos. Assim muitos erroneamente consideram uma injustiça Deus salvar apenas alguns enquanto os outros continuarão em sua condição de condenados. Mas se usássemos o mesmo tipo de julgamento poderíamos muito bem considerar que é uma injustiça Deus salvar quem quer que seja! A explicação é simples: pela Bíblia sabemos que “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3:11). Oras, falando humanamente, um salvo poderia muito bem reclamar: “Por que fui salvo se não era isso que eu queria?”.
Como nossa passagem de Timóteo está falando da disposição de Deus para com todos os homens no que diz respeito ao evangelho, ela não nos fala de eleição ou predestinação, mas de responsabilidade também, e é por isso que o versículo continua falando do conhecimento da Verdade e de que há um só Mediador. No final descobriremos que aqueles que foram salvos não o foram por sua própria vontade, mas pelos desígnios de Deus e por graça somente. Aqueles que não foram salvos não o foram simplesmente porque não queriam ser, uma condição que é comum a todos os seres humanos antes de nascerem de novo e receberam vida vinda de Deus, para que possam sentir o peso de seus pecados e crerem no Salvador.
(Rm 11:33-34) “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?”.
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O que acha do livro “Por que você não quer mais ir à Igreja”?
Não conheço o livro “Por que você não quer mais ir à Igreja?”, por Jake Colsen, portanto posso errar na precisão de meu julgamento. Na verdade, o autor que aparece na capa, “Jake Colsen”, não existe. Os autores do livro são Dave Coleman e Wayne Jacobsen, este último fundador da Windblown Media, a editora que foi criada especialmente para publicar o livro “A Cabana” quando não foi encontrada uma editora cristã que quisesse correr o risco de fazê-lo. Repare que o sobrenome “Colsen” é construído com “COLeman” e “JacobSEN”.
Saber da conexão de um dos autores com o livro “A Cabana” me preocupa. O livro “A Cabana” foi um dos livros que arquivei no “cesto arquivo”, tamanhas as heresias que contém. Não se espante, eu realmente jogo fora os livros nos quais detecto erros graves quando comparados ao ensino da Palavra de Deus.
Como já disse, não li o livro e ele pode conter ideias interessantes e até motivadoras no sentido de denunciar o erro de se transformar a Igreja em uma organização denominacional composta por um clero e tudo o que estamos acostumados a ver por aí, porém não na Bíblia.
Mas, do mesmo modo como o livro “A Cabana” mostra um deus que está anos-luz do Deus que encontramos na Bíblia, aparentemente o livro em questão faz o mesmo em relação à Igreja, o Corpo de Cristo, que é apresentada na Palavra de Deus. A ideia romântica de “igrejas nos lares” ou “igreja em casa” não é bíblica. Mesmo que encontremos a igreja ou assembleia reunida em lares, tanto nos tempos do Novo Testamento como nos tempos modernos, “reunir-se nos lares” não é a base ou fundamento sobre o qual os cristãos devem estar congregados. O lugar físico onde estão reunidos não é o que importa, mas o fundamento.
Fiz algumas buscas de trechos do livro “Por que você não quer mais ir à Igreja?” em inglês (“So You Don’t Want to Go to Church Anymore?”) e pelo pouco que li os autores não entendem o que é a igreja, dirigindo todo o discurso do livro para o sentido de uma comunidade de relacionamentos. Nesse sentido, uma comunidade onde os relacionamentos são magníficos seria uma igreja boa, e uma comunidade que fica a dever neste sentido seria uma igreja ruim. A “igreja” apresentada no início do livro é, obviamente, a “igreja ruim”.
Sei que o livro é uma história fictícia que apresenta uma caricatura de uma “igreja” no sentido denominacional e institucional (algo que também não é bíblico) e não tem a intenção de ser um tratado doutrinário com citações de versículos etc. Mas, considerando que sou escritor e meu estilo literário são crônicas ou histórias (reais ou não), também sei que a melhor maneira de você ensinar algo a alguém não é escrevendo um tratado científico, mas contando uma boa história. Por esta razão um pseudo-romance pode fazer mais estrago na mente das pessoas, afastando-as da Verdade, do que um livro de estudo cheio de heresias. O sucesso de “O Código Da Vinci” é prova disso.
Obviamente os autores de “Por que você não quer mais ir à Igreja?” procuram “ambientar” suas conclusões na Bíblia, sem citá-la formalmente. Mas até mesmo citações parafraseadas da Bíblia estão erradas, como esta:
“Jesus indicated that whenever two or three people get together focused on him, they would experience the vitality of church life.” (Trad. “Jesus indicou que onde duas ou três pessoas se reúnem focadas nele, elas irão experimentar a vitalidade da vida da igreja”).
Segundo os autores, Jesus teria dito que onde dois ou três “se reúnem” com foco nele, experimentarão a vitalidade da vida da igreja. Isso não tem nada a ver com “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu, no meio deles” (Mt 18:20). O sentido original do versículo bíblico deixa claro que as pessoas não se reúnem, mas “são reunidas” por uma ação externa (no caso, o Espírito Santo). Pense na figura de um cesto de frutas: os crentes são as frutas e o Espírito Santo é o cesto que as mantém assim reunidas.
O “em meu nome” do versículo também tem o sentido original de “para o meu nome” e o contexto todo fala de se ter Jesus como o centro da reunião e de reconhecer sua autoridade que é delegada aos que foram assim reunidos. O que estes fazem, eles o fazem no sentido que tem fazer algo em nome de Jesus ou com a autoridade que Jesus lhes delegou. É este o peso e autoridade que nome de Jesus tem na questão. Finalmente, o resultado dessa reunião não é “uma experiência de vitalidade da vida da igreja”, como aparece na paráfrase dos autores do livro, mas a presença real e pessoal do Senhor Jesus: “Aí estou eu, no meio deles”.
Neste caso, tal presença não é no sentido do Espírito Santo que habita em cada crente, mas sim da presença Pessoal de Jesus ali mesmo, tão real quanto ele esteve com seus discípulos após sua ressurreição. Ainda que tal presença nos seja invisível agora aos olhos da carne, é na promessa dele que nos agarramos, sabendo que ele é fiel e cumpre o que prometeu.
O cerne da questão não está no que NÓS conseguimos realizar quando agimos de uma determinada maneira, mas naquilo que o Senhor promete fazer quando o Espírito Santo reúne dois ou três para o seu nome.
Mais algumas citações tiradas do livro em inglês:
“My favorite expression of body life is where a local group of people chooses to walk together for a bit of the journey by cultivating close friendships and learning how to listen to God together.”
(Tradução: “Minha expressão favorita da vida como um corpo é quando um grupo de pessoas em um determinado lugar decidem andar juntas por um período de suas jornadas por meio do cultivo de íntimas amizades enquanto aprendem a escutar juntas o que Deus diz”).
Os autores não compreendem as implicações da expressão “corpo de Cristo”, um organismo real e não uma experiência resultante do relacionamento entre pessoas. Os crentes são corpo de Cristo porque o próprio Senhor os fez membros e os acrescentou ao seu corpo, e não porque essas pessoas decidiram passar a ter algum tipo de relacionamento. Ainda que não exista qualquer amizade ou relacionamento entre dois crentes, mesmo assim eles são membros do mesmo corpo e indissoluvelmente ligados por Deus.
“[God’s wrath at the cross] wasn’t an expression of the punishment sin deserves; it was the antidote for sin and shame.”
(Trad.: “A ira de Deus na cruz não foi uma expressão do castigo que o pecado merece; foi o antídoto para o pecado e a vergonha”).
Este é um erro grave, pois transforma o sacrifício de Cristo em remédio. Seu sangue, sim, tem o poder de nos purificar de todos os pecados, mas a ira de Deus que caiu sobre Jesus é sim a expressão (e a realidade) do castigo que não apenas o pecado, como o próprio pecador, merece. Não precisamos sair de Isaías 53 para ter isso muito claro diante de nossos olhos:
“… ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados…. o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos… e pela transgressão do meu povo foi ele atingido… ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar… porque as iniquidades deles levará sobre si… ele levou sobre si o pecado de muitos”.
Agora compare isso com o que os autores do livro dizem: “A ira de Deus na cruz não foi uma expressão do castigo que o pecado merece”. Você concorda com os autores?
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Devemos restaurar a igreja?
O que ele diz sobre o evangelho nos vídeos que enviou está correto. Ele era pastor de uma denominação e aparentemente tem seu próprio trabalho que, queira ou não, é também uma denominação apenas com um nome e uma estrutura diferente. Mas dá para entender que ele é o líder. O fato de ter empunhado a bandeira do “contra as denominações tradicionais” ou fale de regeneração ou restauração da igreja não muda muita coisa.
Tem bastante gente empunhando essa bandeira e saindo das denominações para se reunirem em grupos familiares ou mesmo criarem uma denominação sem denominação. Mas não é essa a vontade de Deus: sair para criar mais grupos independentes. Quando percebemos a confusão existente na cristandade devemos sair a Cristo, e não a nós mesmos, a um líder ou a alguma nova forma de reunir.
(Hb 13:13) “Portanto, saiamos até ele [Cristo], fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou”.
A pergunta que devemos fazer não é tanto “como devo me reunir”, mas “onde devo me reunir”, e a resposta é onde Cristo está no meio (e esse no meio significa o centro da reunião, o imã, o elemento aglutinador).
Quando escrevo sobre “a forma” das reuniões muitos chegam até a se interessar, mas quando falo do fundamento sobre o qual o cristão deve se reunir, isso já elimina alguns candidatos. Um irmão entrou em contato para dizer que concordava com “a forma” de reunir que eu explicava e era isso que ele procurava fazer com as pessoas com as quais se reunia. Entrei no blog dele e lá estava uma foto dele com colarinho eclesiástico e o título “Reverendo” antes do nome. Obviamente ele não entendeu que estar congregado ao nome do Senhor somente é tirar de cena o homem, o clero, e até o “Reverendo”.
Voltando aos vídeos que você enviou, embora às vezes seja necessário apontar os descalabros que vemos ao redor como o autor dos vídeos faz, a bandeira do cristão não é denunciar os erros da cristandade, mas promover o conhecimento da pessoa de Cristo.
O que chama a atenção no segundo vídeo é que o discurso fica muito centrado nele. Tem muito “eu”, “eu”, “eu”; você não achou que ele fala muito de si mesmo, como se dissesse “eu vou fazer assim, quem quiser que venha comigo”? Tenho aprendido que algo difícil é um clérigo perder a pose de clérigo. Ele foi criado assim e as pessoas o tratam assim. Uma vez clérigo, custa para tirar aquele colarinho duro, seja ele católico ou protestante. Obviamente para Deus nada é impossível.
Não existe na Palavra de Deus nenhuma indicação de que devamos restaurar a Igreja, porque ela é perfeita aos olhos de Deus. Quanto ao testemunho deixado aos homens, esse irá de mal a pior até depois do arrebatamento, quando ficarão na terra apenas os cristãos da boca para fora que seguirão o anticristo. Essa cristandade que fica para a tribulação é a prostituta de Apocalipse, a mulher que aparece montada sobre a besta (e depois é derrubada por ela).
Ainda sobre o que ele diz no vídeo, existe uma diferença entre a Igreja, que é o corpo de Cristo, e a cristandade, que é o testemunho que os homens dão desse corpo. A igreja, o corpo de Cristo, é e sempre será perfeita e sem mácula, porque Deus a fez assim. O testemunho dos homens é que está arruinado e não tem conserto. Não somos exortados a consertar coisa alguma, mas a guardar “a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito” (Ef 4:3-4). Essa unidade é indestrutível e é obra de Deus, não de homens.
Muitos hoje pregam a regeneração ou restauração da igreja (falando da cristandade ou do testemunho), mas essa regeneração não ocorrerá. Como aconteceu em todas as eras e dispensações (maneiras de Deus tratar os homens), tudo começa bem e acaba mal, porque os homens sempre destroem o que é de Deus.
Vivemos hoje o momento Laodiceia (entenda as 7 igrejas de Apocalipse também como 7 épocas da igreja no mundo), quando o valor é dado ao que é exterior (rica e abastada), mas Cristo está do lado de fora, batendo e buscando a comunhão individual. Não haverá restauração.
São poucos os que saem dos sistemas para voltar ao centro, que é Jesus. Isso sem alarde ou sem sentimentos revolucionários de quem está tentando consertar a cristandade. É importante fazer uma distinção clara disso para não cair no erro de criar mais uma denominação sem nome, que se propõe tão somente a reparar alguns erros do modus operandi das denominações, quando o grande erro está no fundamento que adotam.
Uma boa coisa a fazer quando escutar irmãos pregando contra denominações ou convidando as pessoas a saírem do sistema é perguntar: Acaso ele é um líder procurando por seguidores? A pergunta é muito importante, pois antes mesmo de existirem denominações o apóstolo Paulo alertou os anciãos de Éfeso dos perigos que viriam após sua partida: homens procurando atrair discípulos após si.
(At 20:29-30) “Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis [vindos de fora, incrédulos], que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos [crentes], se levantarão homens que falarão coisas perversas [ou pervertidas, distorcidas], para atraírem os discípulos após si”.
Portanto, quando escutar alguém falando mal do atual estado da cristandade, das denominações, da maneira como os cristãos se afastaram da verdade, etc. e tal, veja se não é alguém querendo começar algo novo em torno de sua própria pessoa, ou seja, um ex-líder ou neo líder em busca de seguidores.
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Seria o Genesis historinha de criança?
Vou transcrever aqui parte de um comentário de alguém que viu meu vídeo sobre Jesus no Antigo Testamento (Evangelho em 3 minutos #164) para contextualizar a minha resposta:
“Já ouvi várias crianças perguntarem a seus pais como nascem os bebes. Como você responderia esta pergunta para uma criança de 5 anos? Você falaria que “papai plantou uma sementinha na barriga da mamãe” ou você responderia que houve uma relação sexual e um processo chamado espermiogênese no qual uma célula normalmente diploide, através de um processo chamado meiose dá origem às células haploides onde não existem pares de cromossomos e que estas células se fundirão perfeitamente a outro tipo de célula, os óvulos, e que estas passariam por processos de divisão celular, (mórula, blástula…) seriam formados folhetos embrionário e assim vai… O que ocorreria se Deus contasse isto a Moises. Será que o povo na época estaria pronto para ouvir isto? O que Deus, nosso Pai usaria para explicar? Não seria mais fácil falar que fez o Bonequinho de Barro e soprou o espírito de vida?”.
Prezado, acredito que você não tenha percebido o quão orgulhosa e soberba é sua afirmação. O que o faz pensar que é “mais evoluído” que Moisés? Em que “plano evolutivo” você acredita estar, ao afirmar que para falar com Moisés Deus precisava reduzir seu discurso ao diálogo com uma criança de 5 anos, enquanto com você Deus falaria como adulto?
É bem provável que Moisés soubesse como foram construídas as pirâmides, coisa que nem você nem a ciência atual ainda tem certeza. Moisés ouviu a voz de Deus em alto e bom som. Você ouviu? Ele esteve tão perto de Deus ao ponto de sua face brilhar. Você? Deus revelou a Moisés a respeito de Cristo que só viria mil e quinhentos anos depois. Pergunto: Você acaso sabe de alguma coisa que vai acontecer daqui a 1.500 anos?
A grande falácia da ciência e dos que se arvoram conhecê-la é acharem que o estágio atual do conhecimento humano é a última bolacha do pacote. Não é. A ciência continuará descobrindo novas coisas e enterrando as velhas. Nassim Nicholas Taleb disse que “a ciência progride de funeral em funeral”. Enquanto isso a Palavra de Deus continuará incólume a esses ataques temporários de quem acredita ter a última peça do quebra-cabeça. Ninguém tem. Daqui a mil anos a ciência terá abandonado muitas de suas afirmações atuais, porém o Gênesis continuará lá, do jeito que Moisés escreveu.
Deus não nos deixou detalhes da Criação porque não viu necessidade ou utilidade para nós do ponto de vista da eternidade. Saber que do nada ele fez tudo simplesmente falando é a mensagem principal do Gênesis, repetida depois em Hebreus 11:3: “Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê”. A fé é a base para se aceitar a Palavra de Deus, caso contrário iríamos depender de um conhecimento que privilegiaria alguns mais cultos e versados nas Escrituras, em detrimento de outros menos conhecedores ou até mesmo analfabetos. Considerando que a fé também é uma dádiva gratuita recebida de Deus nada sobra para o homem se gloriar.
Você pode especular o quanto quiser e talvez até acerte em algum detalhe, mas não se considere numa posição mais privilegiada do que Moisés para entender essas coisas. Você não esteve no Monte Horebe, não viu o Mar Vermelho se abrir e nem a rocha verter água no deserto. Pode ser até que a você e a mim Deus precisasse falar como a crianças de 5 anos, tamanho o ceticismo com que fomos bombardeados em nosso ensino formal, mas não a Moisés. Antes de revelar essas coisas a ele, Deus o deixou literalmente de quarentena no deserto (entre seus 40 anos na corte egípcia e os 40 anos finais no êxodo) para descontaminá-lo de tudo o que aprendeu.
Nos 40 anos em que viveu na corte egípcia “Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios” (At 7:22). Depois de outros 40 anos no deserto pastoreando ovelhas e aprendendo a não confiar em si mesmo e na ciência que os egípcios lhe ensinaram, Deus revelou a Moisés coisas como a Criação, que não tem nada a ver com os mitos correntes na “ciência dos egípcios” da época. Daqui a 4 mil anos alguém poderá olhar para nós e para nossa época, como olhamos para o Egito do passado e seus mitos, e rir de muitos mitos de nossa ciência atual.
Portanto, lembre-se de que nem eu nem você somos mais inteligentes ou capazes que Moisés, e aceite a Palavra de Deus como ela é. Desfrute daquilo que Deus queria nos ensinar ao revelar o Gênesis e pode ter certeza de que, se ler em submissão e reverência, vai descobrir ali coisas mais sublimes e elevadas do que o processo da espermiogênese da diploide através da meiose que resulta em haploides desprovidas de pares de cromossomos. Esse vocabulário todo não lhe dará qualquer vantagem em relação a Moisés na eternidade.
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Você segue os ensinos de Frank Viola e Wolfgang Simson?
Obrigado por escrever e fico contente por estar interessada nas mensagens que tenho colocado no Youtube. Não faço parte de nenhuma denominação religiosa. Sou convertido desde 1978 e há mais de 30 anos me congrego com outros irmãos somente ao nome do Senhor Jesus. Fui pesquisar sobre os autores que mencionou e devo concluir que o modo de eu estar congregado somente ao nome do Senhor fora do sistema denominacional não tem quase nada a ver com o que pregam Frank Viola ou Wolfgang Simson.
Pesquisando na Internet encontrei o site de Wolfgang Simson que publicou 15 teses sobre o que ele pensa que o Espírito de Deus esteja dizendo à Igreja hoje, mas muitas de suas ideias não têm base bíblica e apenas tentam embasar uma nova maneira de cristãos se congregarem, como se já não tivéssemos um número suficiente de fórmulas para isso. A verdade é que a questão toda envolvendo o assunto “igreja” não está na forma, mas no conteúdo.
Wolfgang Simson diz que “Igreja é um modo de vida, não uma série de reuniões religiosas”. Este é um engano cometido por muitos cristãos quando pensam na Igreja como algo para si mesmos. Basta lembrarmos que o Senhor Jesus chamou sua Igreja de seu corpo para vermos que não é algo para nós, mas para ele. Acrescente a isso o que Jesus diz sobre a Igreja ser sua noiva, e mais uma vez descobrimos que a Igreja não é um modo de vida, mas um organismo vivo que tem por objetivo a glória de Cristo. A razão da existência da Igreja é Cristo, não a própria.
Ele ainda afirma, em seu site, que “é hora de mudar o sistema”, mas não é o primeiro e nem o único a propor mudança no sistema, mas a verdade é que Deus nunca nos manda mudar um sistema errado. Deus nos manda sair dele: (2 Tm 2:19) “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”.
Quando entendemos que o sistema denominacional é iniquidade por dividir os cristãos por diferentes nomes e não reconhecer o senhorio de Cristo como a cabeça da Igreja (elegendo em lugar dele homens como “cabeças”), nossa obrigação é sairmos, não a uma nova forma de reunir, mas sairmos a Cristo. Em razão de o “arraial” judaico ter se corrompido, o Espírito Santo admoestou os judeus convertidos a saírem dele, mas saírem a Cristo, fora do “arraial” ou sistema organizado dos judeus. A cristandade organizada tomou o mesmo rumo de corrupção do sistema religioso que expulsou a Cristo, por isso a exortação também nos serve hoje.
(Êx 33:7) “E tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-lhe a tenda da congregação; e aconteceu que todo aquele que buscava o Senhor saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial”.
(Hb 13:13) “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério”.
Simson chama seu movimento de “Terceira Reforma”, uma afirmação que, além de pretensiosa, ignora o fato de que não há o que reformar e nem a Palavra de Deus nos fala de que algo será reformado. Quando entendemos que, na história do homem em relação a Deus, tudo o que começa bem acaba mal, ficamos cientes que assim será também com o testemunho da igreja neste mundo. Foi assim com as diferentes dispensações (ou maneiras de Deus tratar com o homem), como o Éden, Noé no mundo pós-diluviano, os israelitas e a Lei e a primeira vinda de Cristo. Do mesmo modo, a Igreja, que começou de forma gloriosa, está hoje, no que se refere ao seu testemunho neste mundo, em seus últimos estertores. Nosso estágio atual é Laodiceia, algo que Cristo está a ponto de vomitar de sua boca. O arrebatamento dos crentes não virá com um certificado de “Missão Cumprida”, infelizmente.
O autor diz que desde os tempos do Novo Testamento não existe uma “casa de Deus”. Ele segue dizendo que a Igreja é o povo de Deus e que a Igreja “se sente em casa” onde as pessoas “estão em casas”. Então termina dizendo que, ao se reunirem em casas, os cristãos “ganham uma nova identidade corporativa ao experimentarem amor, aceitação e perdão”. Mais uma vez a ideia de “Igreja” como algo voltado para o umbigo, para o bem estar dos cristãos, como se fosse um clube. O foco está errado.
Ao escrever que “a igreja precisa ficar pequena para crescer e ficar grande” ele parece não entender que a Igreja já é grande: ela engloba TODOS os salvos por Cristo, e cresce quando mais pessoas são salvas. Como o autor parece propor apenas uma nova forma de cristãos se reunirem para o próprio bem estar, daí a ideia de que se reunindo em casas eles terão maior intimidade e consideração uns para com os outros. Nada disso tem base bíblica. Reunir em casas podia até ocorrer nos tempos neo testamentários, mas era apenas uma questão circunstancial, não uma doutrina deixada pelos apóstolos. A obrigação dos cristãos é seguir a doutrina dos apóstolos, não criar novos modelos de reunião.
Quando afirma que “nenhuma igreja é guiada por um único pastor”, o autor está parcialmente correto em sua afirmação, mas parece sair dos trilhos quando continua explicando que as “casas-igrejas” estão ligadas em um movimento que combina anciãos e membros (clero e leigos?!) divididos em apóstolos, profetas, pastores, evangelistas e mestres que vão de casa em casa para exercer ministérios apostólicos e proféticos.
O problema é que a Palavra é clara ao apontar que apóstolos só existiram os 12 mais Paulo, os quais, juntamente com os profetas do Novo Testamento, formavam um grupo que não teve sucessão por terem servido como alicerce da casa de Deus, da qual Cristo é a Pedra angular. O que vem depois são pedras de paredes, não de alicerce, restando hoje apenas evangelistas, pastores e mestres. (Ef 2:20) “…edificados sobre o fundamento (alicerce) dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Já temos o alicerce, não é preciso lançar outro. Em 1 Coríntios 3:10 em diante mostra como se construir sobre o fundamento, não como lançar outro.
Como pode ver, o movimento divulgado pelos autores que mencionou simplesmente propõe um novo “modus operandi” para os cristãos, sem chegar ao cerne da questão.
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Por que só Paulo manda as mulheres ficarem caladas?
Não se trata de um capricho de Paulo, e entendemos isso quando cremos que toda a Palavra de Deus é inspirada. É preciso entender em que situação o Espírito Santo, através de Paulo, ordenou que as mulheres permaneçam caladas.
Em muitas partes da Bíblia Deus usou mulheres de maneiras extraordinárias. No livro de Juízes nos as vemos assumindo um papel no qual os homens vergonhosamente falharam. Nós ainda as vemos corajosamente aos pés da cruz e indo cedo ao sepulcro de Jesus, enquanto outros discípulos não tinham coragem de fazer o mesmo (exceto José de Arimateia e Nicodemos). Foram elas também que testemunharam da ressurreição de Jesus aos discípulos.
Mas encontramos ordens claras quanto ao ministério das mulheres na Palavra de Deus. A restrição colocada por Paulo, inspirado pelo Espírito Santo e não por sentimentos machistas como acreditam alguns, é bem específica para quando a igreja está reunida. O contexto de 1 Coríntios 14 refere-se a uma situação específica, que é quando a igreja ou assembleia está reunida:
(1 Co 14:26-35) “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais… como em todas as igrejas dos santos. As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja”.
Qualquer coisa menos que isso é pura desobediência à Palavra de Deus. Alguns alegam que tal restrição era apenas para a igreja em Corinto, uma ideia que cai por terra quando lemos o contexto. Há ainda quem afirme que se trata de uma questão cultural e de época, mas se assim for teremos que considerar que as passagens das cartas aos Coríntios que falam de fornicação, ou da carta de Paulo aos Romanos que trata do homossexualismo, também seriam ordenanças apenas para aquela época. Como em nossa época e cultura essas coisas são consideradas normais, então essas ordenanças poderiam ser consideradas caducas.
A Palavra de Deus coloca também restrições quando se trata de uma mulher ensinar doutrina:
(1 Tm 2:11-14) “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Resumindo: nas reuniões da igreja ou assembleia as mulheres devem permanecer caladas, e em outras ocasiões não deve ensinar doutrina, pois ela é mais sujeita a cair no engano. Eva foi enganada pela serpente, mas Adão não. Ele sabia que estava cometendo um erro.
Mesmo assim ainda existem muitas situações em que as mulheres podem testemunhar de sua fé e há um ministério no qual elas são particularmente especiais, que é no consolo aos enfermos e no ensino das crianças. No céu ficaremos surpresos quando descobrirmos quantos foram salvos ainda em sua infância por meio do cuidadoso ensino das Escrituras por sua mãe, avó, irmã ou outra mulher.
(2 Tm 1:5; 3:14-15) “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus… trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”.
Existe também o ministério das mulheres que ensinam as mais jovens:
(Tt 2:3-5) “As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem, para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada”.
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Um crente que se suicida perde a salvação?
Você disse que sua amiga era crente e se suicidou, daí a dúvida do que pode ter acontecido com ela após a morte.
Antes de mais nada é importante lembrar que uma pessoa que tem a vida eterna nunca a perderá, ou não seria eterna. É uma dádiva de Deus, não uma conquista nossa. E as dádivas e a vocação de Deus são irrevogáveis (ele não tira). E nós não conseguimos perde-la, caso contrário seriamos mais fortes que Deus, de cuja mão ninguém consegue arrebatar uma ovelha.
Todavia o conceito do que é “um crente” ou uma pessoa que crê no Senhor Jesus está alterado. Hoje qualquer um que se filia a uma igreja é considerado crente. Basta levantar a mão ou ir à frente, dar o nome, fazer uma profissão de fé ou ser batizado, dependendo do lugar. Mas o conceito bíblico continua inalterado: Se alguém não nascer da água (a Palavra de Deus) e do Espírito (Santo) não terá vida eterna.
Não sei se sua amiga creu realmente ou se era apenas membro de alguma denominação evangélica, e não sei quanto tempo levou para ela morrer e nem o que se passou entre ela e Deus nesse momento. A Bíblia não fala de suicídio, mas fala de homicídio, o que é a mesma coisa.
Lembro-me do caso de um irmão jovem que foi procurar um idoso e perguntou se um crente que se suicidasse perderia a salvação. A resposta do idoso foi 1 João 3:15: “Nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” Por três vezes o jovem perguntou e o idoso não disse nada além do versículo, deixando o jovem até irritado. Não usou de argumentos, de lógica, de raciocínio, apenas da Palavra de Deus.
Anos depois o jovem encontrou o ancião e confessou: “Lembra-se daquela ocasião quando perguntei isso e aquilo? Eu ia me suicidar. Qualquer explicação sua eu teria discordado, mas não conseguia deixar de ter o versículo ecoando em minha consciência”.
Portanto, o melhor mesmo é você deixar o caso de sua amiga com Deus. Ele sabe onde ela está; nem eu nem você sabemos o que aconteceu nos seus últimos segundos de vida. Mas tenhamos firmes para nós mesmos “que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele”.
Quando o assunto é suicídio, é sempre bom lembrar o exemplo de Jó. Ele perdeu tudo o que tinha e, como se isso não bastasse, foi acometido de uma terrível enfermidade que o fazia sofrer terrivelmente, enquanto raspava as feridas de sua pele com um caco de cerâmica.
(Jó 2:8-10) “E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza. Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre. Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”.
A princípio sua mulher sugere que ele morra, provavelmente pensando que ele devia tirar a própria vida, mas ele refuta tal ideia. Mesmo assim, será que em algum momento Jó desejou morrer? Sim.
(Jó 14:13) “Tomara que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!”.
Muitos profetas e santos do Antigo e Novo Testamento desejaram a morte e alguns chegam a pedir isso a Deus. Mas a grande diferença é que nenhum deles falou em se matar, pois sabiam que só Deus tem direito sobre a vida.
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Deus aboliu a diferença homem-mulher?
Sua dúvida tem a ver com o versículo (Gl 3:28) “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Com base nele você rejeita o que Paulo diz a respeito de como as mulheres devem proceder na reunião da igreja descrita em 1 Coríntios 14, alegando que tal passagem teria sido acrescentada depois da morte de Paulo por pessoas machistas.
É importante sempre buscarmos na Bíblia a resposta para nossas questões, e não o contrário. Digo isto porque muitos buscam na Bíblia uma comprovação daquilo que algum arqueólogo ou religioso declarou. Aí o resultado é confusão mesmo. A afirmação (feita no outro e-mail) de que “estudos de especialistas afirmam que os textos negativos à presença das mulheres nos púlpitos foram acrescidos depois da morte de Paulo, alterando o conteúdo da Bíblia” não tem fundamento.
Qualquer afirmação desse tipo deve vir acompanhada do nome dos especialistas, da referência aos estudos e dos fundamentos para tal afirmação. Esse tipo de afirmação é refutada por bons jornalistas quando escrevem matérias baseadas em fatos, mas é comum ser usada por pessoas que desejam plantar uma ideia sem precisar apresentar as provas. Por isso usam expressões como “sabe-se que…”, “estudos comprovaram…”, “cientistas afirmam…”, etc.
Mas vamos à Palavra de Deus. Toda discussão do tipo “este trecho foi alterado” só teria fundamento se fosse mostrado o trecho original em um manuscrito mais antigo do que o utilizado na confecção do cânon. Há passagens em que isso pode ser visto comparando-se manuscritos, como é o caso de Atos 8:37, que não consta em algumas traduções da Bíblia, ou é colocado entre chaves para indicar que falta em alguns manuscritos.
Você escreveu: “comparando 1 Cor 11.2-16 e 1 Cor 14.34,35: creio ainda que o segundo versículo não foi escrito por Paulo, pois, não é plausível que o 1 Cor 11:5, se refira somente a atividades fora da igreja”.
Essa é uma suposição sua por ter uma opinião formada (não pela Palavra de Deus, mas pelos ditos “especialistas”). Como já expliquei, as passagens não são conflitantes. 1 Co 11 é a regra. 1 Co 14 é a exceção. Se eu disser a você que nas estradas brasileiras a velocidade máxima é de 120 km por hora você certamente entenderá que estou falando da regra geral, pois na situação particular encontrará placas com diferentes limites de velocidade em diferentes ruas e estradas. Dizer que a passagem de 1 Co 14 é espúria porque em 1 Co 11 diz que a mulher que ora ou profetiza deve cobrir a cabeça é o mesmo que desrespeitar todas as placas de velocidade inferiores a 120 km. Uma coisa é a regra, outra a exceção.
Você escreveu: “não é plausível que o 1 Cor 11:5, se refira somente a atividades fora da igreja. A menos que o senhor creia que igreja é uma construção de pedra ou tijolos para as reuniões oficiais da cristandade. Como já o ouvi dizer o contrário, creio que o senhor acredite que quando dois ou mais pessoas se reunirem em nome de Jesus, ele estará no meio dessas pessoas e assim formada esta oficialmente uma Igreja de Cristo. Por tanto a mulher que ora ou profetiza para o número mínimo de 1 pessoa, o faz oficialmente na igreja do Senhor Jesus. E como o senhor mesmo diz, de maneira sábia, não dá para discutir com Jesus não é mesmo?”.
Não é assim. O fato de dois ou três cristãos se encontrarem em um vagão do metrô não significa que esteja ocorrendo ali uma “assembleia” ou reunião da Igreja ao nome do Senhor, para o que Jesus prometeu se colocar no meio. A reunião (ou assembleia) de dois ou três é um momento solene com o objetivo de resolver questões referentes à casa de Deus (como é o caso previsto em Mateus 18:20) ou de fazer as atividades previstas em Atos 2:42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.
Em 1 Coríntios 14 temos instruções específicas para a reunião de ministério (doutrina e comunhão dos apóstolos) e em 1 Coríntios 11:20 em diante temos instruções para a reunião da ceia do Senhor. Em 1 Coríntios 5 temos instruções quanto à tomada de decisão referente a conservar a mesa do Senhor livre de contaminação. Você há de concordar que nenhum destes casos poderia acontecer em um vagão do metrô. A passagem que fala da mulher cobrir a cabeça quando ora ou profetiza é no sentido geral do comportamento da mulher cristã, não no particular de uma reunião da assembleia.
Quanto à sua última citação:
(Gl 3:26-28) “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
O contexto (veja os versículos anteriores) nos fala da Lei e de como ela fazia distinção entre pessoas, por exemplo, judeus e gentios. Uma oração comum entre os judeus era mais ou menos assim: “Obrigado, Deus, por eu não ter nascido gentio, escravo ou mulher”. Agora o apóstolo explica que, em Cristo, temos todos os mesmos direitos, a mesma posição. Ele está falando da posição em que o crente é visto por Deus, não da condição em que se encontra. No que diz respeito à condição do crente ainda neste mundo, Deus a Palavra de Deus dá instruções claras para os diferentes sexos e até mesmo para o comportamento distinto entre senhores e servos, respeitando assim essas diferenças na prática.
Usando seu argumento (de que agora não há mais homem nem mulher, portanto não se aplica a passagem de 1 Coríntios 14 de que a mulher deve ficar calada nas igrejas) alguém poderia afirmar que já não é filho de seus pais naturais, já que aqui diz que ele é filho de Deus. Um judeu convertido a Cristo poderia contestar sua nacionalidade e querer viajar sem passaporte, um empregado (servo) estaria à vontade para desrespeitar seu patrão (senhor) e estaríamos livres para casar com pessoas do mesmo sexo, já que Deus não reconheceria quaisquer diferenças entre homem e mulher. Mas sabemos que não é assim.
Por esta razão 1 Coríntios 11 deixa clara a ordem existente enquanto estamos neste mundo. Há homens e mulheres, e ali diz que as mulheres devem se submeter aos homens cabeça, do mesmo modo como ali também diz que Deus é a cabeça de Cristo, e da mesma forma como há senhores e servos e essa relação não deve ser desprezada. Portanto, o versículo em Gálatas que afirma não existir mais homem nem mulher está falando de nossa posição diante de Deus, do lugar que já temos por direito no céu, onde seremos como os anjos. Mas enquanto estamos na terra (nossa condição), essa distinção é mantida.
Para entender posição x condição, pense em um rei no exílio. Quando seus súditos vencem o usurpador e recuperam para o rei o seu trono, sua posição já é de rei, mas sua condição não. Ele precisará voltar ao seu país para começar a reinar.
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Satanás pode ler nossos pensamentos?
A dúvida de um leitor estava relacionada a um determinado “pastor” que era capaz de fazer revelações incríveis sobre a vida das pessoas, além de fazer previsões de coisas que só aconteciam algum tempo depois.
No entanto, o leitor sabia que a vida do suposto “profeta” estava totalmente contrária à vontade de Deus, por isso queria saber se suas “profecias” e “revelações” tinham origem satânica. Daí sua preocupação se Satanás era capaz de ler pensamentos, pois o tal “profeta” havia revelado coisas da vida e dos pensamentos do leitor que não seria possível outro conhecer.
Satanás não é onisciente, mas ele tem a seu serviço milhares e milhares de anjos que formam uma verdadeira rede de informantes. Por isso, embora não possa estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ele pode ter espiões espalhados por aí. Satanás também é especialista em psicologia humana, e qualquer um de nós também seria se tivéssemos a oportunidade de observar os seres humanos durante milhares de anos.
Portanto as “revelações” mencionadas poderiam ser de origem satânica, mas também poderiam ser um exemplo de charlatanismo. Há situações em que pessoas se dizem incorporadas por espíritos de mortos e dão prova disso contando detalhes que apenas o cônjuge ou alguém muito próximo do falecido poderia saber. Antes de acreditar no suposto “médium”, a pessoa devia lembrar que demônios são anjos e invisíveis. O “espírito” incorporado no médium pode ser, na realidade, um demônio com informação suficiente sobre alguém que morreu que o torna capaz de se fazer passar pelo falecido.
Mas no caso de meu leitor, creio ser mais um caso de charlatanismo, algo que acontece todos os dias em milhares de púlpitos de igrejas ditas evangélicas em todo o mundo. Um exemplo muito bom de como é possível ter “revelações” acerca de pessoas em um auditório foi a experiência feita na TV pelo Fantástico usando um falso vidente com treinamento em psicologia e leitura fria, além do suporte de especialistas que lhe davam dicas por um fone de ouvido oculto.
A ideia da TV Globo não é nova. Há muitos anos o programa Flávio Cavalcante colocou no palco um ator no papel de um falso curandeiro e plantou entre a audiência falsos cegos, aleijados, mudos, etc. Todos foram “curados” durante o programa e o público queria invadir o palco para também receber a cura de suas doenças, tamanha a influência que aquela armação teve na crença das pessoas.
Uma vez peguei um táxi em Fortaleza para me levar ao aeroporto e, quando dei ao motorista um folheto evangelístico, este contou que um dia pegou um passageiro no aeroporto e o levou para o hotel. O passageiro pediu que o motorista fosse pegá-lo no hotel à noite e o taxista voltou lá no horário combinado. O homem saiu do hotel com um par de muletas na mão e entrou no táxi.
Quando chegaram ao endereço que o passageiro deu, o taxista viu que era uma igreja evangélica. Qual não foi sua surpresa quando viu o passageiro, que até ali não demonstrou qualquer dificuldade para caminhar, abrir a porta e sair de muletas, fingindo-se aleijado e arrastando os pés na calçada.
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Um profeta pode descobrir senhas bancárias?
Você contou de um suposto profeta que revelou a uma pessoa a senha bancária dela e a pessoa se converteu diante dessa revelação. Não creio que seja o Espírito Santo que revele a um suposto “profeta” a senha do cartão do banco de alguém, pois isso é crime e o Espírito Santo não vai agir de um modo contrário à lei, revelando a senha de alguém para uma terceira pessoa. Uma senha é um bem privativo e secreto (por isso se chama “senha”), portanto alguém que faz qualquer tipo de manobra para tentar apoderar-se dela está agindo de forma criminosa.
Essas coisas de descobrir CPF, descobrir a cor da camisa, falar detalhes da vida de alguém ou até mesmo ler os pensamentos que você teve no chuveiro é tudo contrário ao que encontro nas Escrituras, quando os milagres feitos por Jesus e pelos apóstolos não eram shows de adivinhação. Eles tinham um objetivo muito claro de benefício para a pessoa, como a cura de uma enfermidade, a alimentação de uma multidão ou o livramento de alguém injustamente colocado na prisão, além de sempre glorificarem a Deus e confirmarem o ministério de Jesus e suas credenciais de Messias para Israel, e não serem simplesmente um entretenimento.
Agora você me fala de alguém que está levando uma vida moralmente contrária à Palavra de Deus, que já está na terceira mulher, e faz essas profecias? O mesmo sentimento que você tem de que tal pessoa não pode estar fazendo a obra de Deus por não estar andando segundo a vontade de Deus é o sentimento que o Espírito Santo está lhe dando para não ir atrás da conversa dessa pessoa.
A cristandade hoje está tão ocupada em ver coisas que ainda não percebeu que os milagres que vemos nos evangelhos e também no início da Igreja tinham um objetivo claro: convencer os judeus de que Deus estava fazendo aquela obra, pois os judeus precisavam de sinais. Enquanto os gregos (gentios) buscavam sabedoria, os judeus buscavam sinais. Pelo menos é o que a Palavra diz:
(1 Co 1:22) “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;”.
(1 Co 14:21) “Está escrito na lei: Por gente doutras línguas e por outros lábios, falarei a este povo [os judeus]; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis;”.
Quando ficamos ávidos por novidades como profecias, línguas, milagres, etc. baixamos a guarda e ficamos vulneráveis ao engano de Satanás.
(1 Tm 4:1) “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência”.
(2 Tm 4:3) “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
Lembre-se de que o próprio Senhor não confiava naqueles que iam atrás dele só por terem visto milagres ou por comerem do pão multiplicado.
(Jo 2:23) “E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia”.
E Jesus também chamou de “bem aventurados” aqueles que creem sem precisar ver qualquer coisa, mas apenas confiam em Deus e em sua Palavra.
(Jo 20:29) “Disselhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!”.
Eu não entendo essa preocupação toda em precisar ver alguma coisa, escutar alguma profecia misteriosa, ou assistir shows de videntes que ficam adivinhando CPF das pessoas. Quando Cristo não é suficiente para nosso coração, e a sua Palavra já não nos satisfaz, então passamos a correr atrás dessas coisas para sentir alguma emoção. Não creio ser isto o que Deus deseja para os seus, pois só acaba desviando a atenção da verdadeira ocupação que deveríamos ter, que é a comunhão com Deus e a contemplação de Cristo, como ele nos é apresentado na Palavra de Deus.
Você já reparou que uma das características dos apóstatas da cristandade que são apresentados em 2 Timóteo 3 é justamente fazerem milagres imitando o poder de Deus? É por isso que são comparados a Janes e Jambres, os magos de Faraó que se opuseram a Moisés.
(2 Tm 3:5) “tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências, que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”.
Veja que interessantes essas três características: têm aparência de piedade, atraem mulheres levadas por vários desejos (e inclua aí saúde, sorte no amor, dinheiro, carro importado…) e imitam os milagres de Deus como Janes e Jambres imitaram. É desses que Jesus fala em Mateus 7:
(Mt 7:22) “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
Os muitos milagreiros existentes hoje na cristandade estão atraindo atenção para si, não para Cristo. Basta ver como as pessoas ficam dependentes dessas pessoas e seguem cegamente o que elas dizem, sem nem mesmo contestar. Quer meu conselho? Você não precisa de pessoas que adivinham o seu CPF, sua senha ou até mesmo o que você está pensando neste momento, simplesmente porque todas essas coisas não terão qualquer valor prático para você. Por acaso você não sabe seu CPF, sua senha e seus pensamentos? Então que utilidade existe em alguém lhe dizer tudo isso?
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Você acredita no nigeriano que ressuscitou?
Antes de qualquer coisa, quero que você tenha a certeza de que creio que, para Deus, todas as coisas são possíveis, e ele deu prova disso em sua Palavra e em especial por meio dos milagres feitos por Jesus e também por seus apóstolos. Cada milagre tinha um objetivo muito claro e podemos aprender muito deles hoje, simplesmente crendo na Palavra de Deus.
Os milagres eram as virtudes ou poderes do mundo futuro, como diz Hebreus 6:5, que fala também daqueles que, ainda que tenham experimentado esses poderes, não creram e foram condenados por sua incredulidade. Os milagres de Jesus eram como frestas abertas em um mundo arruinado para que pudéssemos ter um vislumbre de como seria a humanidade sem fome, dor, doenças ou morte. Mas o próprio Jesus não confiava naqueles que o seguiam só por terem visto milagres ou comido o pão que ele multiplicou.
“…muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o próprio Jesus não confiava a eles” (Jo 2:23-24).
Mas vamos ao caso do vídeo que assistiu, mostrando o caso de um pastor nigeriano que teria morrido em um acidente e ressuscitado três dias depois. Assisti ao vídeo e, ao contrário do que ocorre com os milagres que vemos na Bíblia, minha opinião é que o vídeo e a história do homem nigeriano em nada contribuem para o evangelho. Se o nigeriano estiver dizendo a verdade, a Palavra de Deus está errada. Mas basta conferirmos o que ele diz com a Palavra de Deus para vermos que seu relato não é verdadeiro e que ele próprio pode ter sido enganado por suas alucinações.
Somos crédulos por natureza, e isso pode se tornar um problema, pois acabamos crendo também na mentira do diabo, o “pai da mentira”. Ele é responsável por disseminar um “outro evangelho”, como Paulo fala em Gálatas, o qual geralmente vem acompanhado de prodígios, anjos e visões. Devemos julgar o que vemos e sentimos pela Palavra de Deus, pois podemos ser enganados por nossos olhos e sentidos. Se não fosse tão fácil nos enganar, os mágicos estariam desempregados há muito tempo.
Lembre-se de que nossos sentidos são reações químicas e elétricas geradas em nosso cérebro por substâncias que nosso próprio corpo cria. Há quem use drogas para criar sensações artificiais, porque o processo é muito parecido. Não se esqueça de que muitas religiões usam alucinógenos para suas “visões” e experiências “espirituais”. Um trauma profundo, físico ou emocional, pode também liberar substâncias e criar sensações que nem sempre são reais. É preciso você entender isso para entender o que vou dizer mais adiante.
Primeiro, vamos analisar as circunstâncias. Um homem sofre um acidente na Nigéria e é dado como morto pelo atendimento médico que recebeu. Aqui não estamos falando de um grande hospital de primeiro mundo, mas de um ambulatório em um lugar qualquer da Nigéria. Se você estivesse doente, confiaria em um diagnóstico feito por um médico em um lugar sem recursos? Se tivesse condições, você certamente procuraria por uma segunda opinião em um grande centro. Em todo o mundo muitas pessoas são enterradas vivas por falta de condições técnicas para se determinar a morte real, como acontece em casos de catalepsia. Se fizer buscas na Internet sobre o assunto vai encontrar muitos casos de erros de diagnóstico de óbito.
Portanto, considerando os poucos recursos envolvendo o atendimento do suposto morto, este pode ser muito bem um caso de erro de diagnóstico. Os programas dos curandeiros evangélicos na TV estão cheios de pessoas curadas disso e daquilo que não apresentam qualquer prova de diagnóstico real. Conheço uma mulher que jura ter sido curada de câncer só porque um dia uma enfermeira disse a ela que sua magreza e palidez podiam ser causadas por um câncer. Como ela continua viva até hoje, acredita que Deus a curou daquele câncer diagnosticado pela enfermeira.
Voltando ao caso do nigeriano, além de ter seus sinais vitais reduzidos a níveis difíceis de detectar sem os recursos necessários, uma pessoa acidentada pode também pode sofrer de alucinações. São os casos de “quase morte” que a medicina conhece e estuda. Assim como acontece com os sonhos, as alucinações costumam seguir um padrão baseado nas crenças ou influências que a pessoa teve em sua vida. Quem se interessa por discos voadores vai dizer que teve um contato com extraterrenos e viajou numa nave espacial; quem é espírita vai dizer que encontrou seus parentes mortos; quem é católico vai ser recebido por Nossa Senhora, e quem é evangélico vai dizer que se encontrou com anjos. Pelo que entendi, o nigeriano dizia ser pastor evangélico.
Eu não posso contestar as visões e alucinações de uma pessoa. Se ela diz que viu, não posso dizer que não viu, pois essa foi sua percepção. Mas sei também que muita gente que toma LSD e outras drogas veem coisas incríveis, e isso não significa que elas sejam reais. O nigeriano diz que foi ao céu e depois ao inferno, e é aí que está o problema, pois nem tudo o que ele vê lá tem fundamento na Palavra de Deus.
Por exemplo, no inferno ele vê um pastor arrependido por ter roubado dinheiro da igreja e diz estar disposto a devolvê-lo para ser perdoado. A Palavra de Deus é clara: o arrependimento genuíno é obra do Espírito Santo e no hades não existe ninguém arrependido. Uma pessoa que morreu sem a salvação, morreu do jeito que quis morrer, em inimizade contra Deus. E assim será por toda a eternidade, ela jamais terá sentimentos de arrependimento e nem vai querer sair dali se a opção for ir para o céu. O perdido não quer o céu porque isso significaria estar na presença do Deus que ele sempre odiou.
Se prestar atenção na história do rico e de Lázaro, verá que o rico em nenhum momento quer sair do hades. Ele quer que Lázaro vá para lá, mas ele não pede para ser tirado dali (o que seria o pedido mais racional que alguém poderia fazer). Ele pede que seus irmãos sejam avisados para não irem parar ali, mas não diz isso esperando que eles sejam salvos, mas que não sofram as consequências que ele está sofrendo. Ele não está arrependido de seus pecados, mas das consequências, assim como o ladrão não se arrepende de ter roubado, mas por ter sido preso. Não é um arrependimento da causa (pecado), mas da consequência (condenação). É o mesmo arrependimento de Caim e Judas.
A visão de um pastor arrependido no inferno tem muito a ver com o contexto cultural do suposto morto, que é evangélico. E outra afirmação segue o mesmo modelo do modo como ele foi influenciado pela cultura do país onde vive: no suposto inferno ele vê pessoas comendo a própria carne, e explica que elas teriam sido aquelas que em vida se envolviam com bruxaria e sacrifícios humanos, algo ainda comum em muitos lugares da África e encontrado às vezes até no Brasil. Mais uma vez o contexto cultural tem influência nas alucinações.
Mas a parte mais perniciosa do relato todo é quando ele ouve o anjo (ou Deus, não me lembro bem) dizer a ele que se a sua vida terminasse naquele instante ele também seria lançado no inferno. Isso porque uns dias antes ele tinha tido uma discussão com sua esposa e ainda não a tinha perdoado, portanto não podia contar com o perdão de Deus enquanto não perdoasse sua esposa.
Este é o falso evangelho, que lança qualquer um em um mar de dúvidas. O falso evangelho diz que se existir alguma pendência não resolvida você irá para o inferno. Pergunto: quem é que não tem alguma mágoa não resolvida? Quem é que não pecou em pensamento na última meia hora? O falso evangelho coloca a salvação baseadas em obras e na conduta do ser humano, não na obra perfeita de Cristo feita na cruz uma vez para sempre. O valor do sangue de Jesus para expiar (tirar) TODOS os pecados é deixado de lado no falso evangelho, e a salvação volta a ser aquela historinha que todos já ouviram: meninos bons vão para o céu e meninos maus para o inferno.
O falso evangelho nunca dá certeza alguma e a salvação acaba virando uma loteria: se eu morrer no minuto seguinte a um pensamento pecaminoso, estarei perdido para sempre. O falso evangelho é aquele que Paulo menciona em Gálatas, e devemos rechaçá-lo mesmo que seja pregado por um anjo do céu.
(Gl 1:6-9) “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema [maldito]. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema”.
Nunca me esqueço de que, quando frequentava a Seicho-no-iê, lia em um dos principais livros de seu “mestre” Masaharu Taniguchi o texto: “Enquanto assim fala o Anjo, ouve-se ecoar no céu uma sublime música angelical, caem pétalas, não se sabe de onde, como que glorificando as Verdades pregadas pelo Anjo”. Esse mesmo anjo revelou a Masaharu Taniguchi que o pecado não existe. Devo acreditar nesse anjo? Mas vamos voltar ao que o nigeriano diz ter visto.
O suposto anjo da alucinação do nigeriano diz a ele que ele precisa perdoar sua esposa para ser perdoado por Deus, mesmo que o homem admita já crer em Jesus e ter nascido de novo. Pelo jeito o tal “anjo” despreza o fato de que Cristo já morreu na cruz e que todo aquele que crê já tem o perdão garantido. A Palavra de Deus, nossa única baliza para julgarmos todas as coisas, diz que o perdão de Deus é um fato e o perdoar os outros uma consequência:
“Assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também” (Cl 3:13).
Você viu a ordem das coisas? Nós devemos perdoar porque fomos perdoados, e não o inverso. O verdadeiro evangelho da graça de Deus anuncia o perdão completo, não para as pessoas boas e corretas, mas para os pecadores perdidos. O falso evangelho diz que se você andar direito, Deus lhe perdoará. Em quê você deve crer? No que o nigeriano diz que viu ou na Palavra de Deus?
Não acredite nesses “testemunhos” que desprezam o valor da obra de Jesus na cruz e dão mais importância a visões e milagres. Isso é puro misticismo. É com visões e milagres que o anticristo irá enganar os incautos no final. Quem se maravilha com essas coisas é porque não se satisfaz com a obra de Jesus e com os efeitos eternos de seu sangue derramado, não por justos, mas por pecadores.
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Você crê na unção financeira?
Você encaminhou o link para um vídeo de um programa evangélico onde um homem cita o versículo de 2 Cr 20:20: “Crede nos seus profetas e prosperareis”. Ele deixa de fora o que vem antes, a parte mais importante do versículo, que diz: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros”. Então o apresentador do programa convida sua audiência para prestar atenção ao que seu convidado, um norte-americano, vai profetizar.
Em seguida, o americano começa dizendo que Deus lhe deu uma mensagem para transmitir ao povo de Deus, e prossegue falando de uma unção especial para os últimos dias — uma unção tal que nunca Deus havia dado antes — uma unção financeira. Para receber a tal unção basta o espectador enviar 900 reais para o programa.
Sempre que alguém começa dizendo que Deus lhe disse algo eu já fico com um pé atrás. Essa técnica é usada para impedir qualquer julgamento e contestação, pois se Deus falou, quem irá contradizer? Porém, julgar aqueles que se dizem profetas é obrigação de todo cristão (1 Coríntios 14:29), justamente para nos precavermos de tipos assim . A cara lavada que o sujeito demonstra enquanto pede dinheiro logo me faz concluir tratar-se de um homem ungido. Ungido com azeite de peroba.
Todavia quem envia o dinheiro e não recebe a tal unção financeira não pode reclamar, pois quem dá dinheiro para um golpista tem a mesma motivação: ganho fácil. O estelionatário vende o bilhete premiado por mil reais com a promessa de um milhão. A vítima compra porque acredita estar levando vantagem sobre o golpista, e o considera bobo de vender um milhão por mil reais.
Portanto, não vejo crime quando um fiel dá 900 reais para um mercador da fé, pois o fiel também está de olho no dinheiro fácil, no investimento milionário. Ele não quer trabalhar para ficar próspero; quer levar vantagem sobre Deus. Portanto, ele não está sendo enganado; simplesmente existe um consenso entre o que dá e o que recebe. Como dizem os ditados, são farinha de um mesmo saco e aves de igual plumagem que voam juntas.
Se tipos assim conseguem escapar da justiça humana, não se pode dizer o mesmo da instância superior: a justiça divina. Quando um homem como esse diz que Deus ordenou que ele transmitisse tal profecia ao povo de Deus, ele incorre no crime dos falsos profetas de Israel, que deviam ser apedrejados caso suas profecias não se cumprissem. Como já não estamos nos tempos da Lei, mas da graça, as pedras podem ser poupadas dessa missão inglória.
A eles se aplicam as terríveis palavras de Jesus em Mateus 7: “Apartai-vos de mim”. Já pensou o que significará escutar “apartai-vos de mim” daquele que disse a todos “vinde a mim”?
(Mt 7:21-23) “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
Você já reparou que esta passagem não fala de pagãos, idólatras, infiéis, incrédulos, feiticeiros, etc.? Fala de pessoas que profetizam, fazem maravilhas e expulsam demônios em nome do Senhor. Se estiver na dúvida de onde encontrar gente assim nos dias de hoje, ligue a TV.
Mas se você perguntar a um homem desses se ele acha que está agindo errado, ele dirá que não, e sua resposta estará perfeitamente de acordo com a Palavra de Deus. Além disso, ele próprio está prosperando tremendamente, o que faz com que acredite estar no caminho certo e seja considerado um ponto de referência para os que o seguem, que querem vestir o terno que ele veste, ter o carro que ele tem e viajar no mesmo avião em que viaja.
O capítulo 3 de 2 Timóteo descreve esses homens. Ali não está falando de incrédulos ou pagãos, mas de cristãos nominais, já que o texto é continuação do assunto que Paulo tratava no capítulo 2. Lendo a partir do versículo 1 você verá que o apóstolo fala de homens que atuariam na cristandade nos “últimos dias”, que seriam amantes de si mesmos e avarentos. O dicionário Houaiss diz que “avarento” é “aquele que é obcecado por adquirir e acumular dinheiro”.
A passagem continua falando que eles seriam presunçosos, soberbos, blasfemos e desprovidos de amor, mas tudo isso com aparência de piedade. Diz ainda que atrairiam principalmente mulheres levadas por muitas concupiscências (desejos). Depois Paulo os compara a Janes e Jambres, os magos de Faraó que imitavam os milagres de Deus. Soa familiar?
Mas eu disse que eles mesmos fazem isso e acreditam estar fazendo o bem. Por quê? O segredo para entender o que passa pela cabeça desses pregadores que pedem dinheiro está em 2 Tm 3:13: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados”.
Quando um homem assim deliberadamente engana os outros, ele acaba provando de seu próprio veneno: ele próprio acaba sendo enganado.
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Devo denunciar os erros da cristandade?
Sei de sua preocupação em denunciar todos esses erros da cristandade e os mercenários da fé, mas fazendo assim corremos o perigo de ficar o tempo todo ocupados com o mal. A Palavra nos diz que devemos pensar nas coisas que são do alto, onde Cristo vive, e não nas que são da terra. Além disso, o que acontece na cristandade hoje é motivo de vergonha e temos uma indicação clara de Deus quanto ao que fazer em tempos assim. Em um tempo de vergonha e derrota para Israel, Davi, inspirado por Deus lamentou assim:
(2 Sm 1:20) “Não o noticieis em Gate, não o publiqueis nas ruas de Asquelom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos”.
Existe no jornalismo uma frase conhecida: “Se não sangrar, não dá audiência”. O ser humano é ávido por sangue, por notícias ruins e por sensacionalismo, daí a grande audiência de rádio e telejornais especializados em crimes e acidentes. Também estão ganhando espaço os programas de TV realistas mostrando os bastidores dos prontos-socorros onde não falta sangue e sofrimento.
Percebo essa tendência também nas coisas relacionadas ao cristianismo, pois um de meus vídeos mais vistos é justamente aquele em que aponto alguns erros da cristandade professa. Mas, comparado com as dezenas de outros vídeos que falam exclusivamente de Cristo, este devia ser apenas uma gota no oceano, porém as pessoas parecem preferir se ocupar mais com ele. Existe em nossa carne um secreto prazer de nos deliciarmos com os erros alheios, pois isso nos faz sentir mais justos do que os outros.
Se, por um lado, o erro precisa ser apontado, não deve ser ele o foco de nosso ministério, mas sim a Verdade. Em seu e-mail não encontro a Verdade, apenas o erro. É com a verdade que devemos nos ocupar, e quando o erro surge, ela é trazida para ocupar as mentes e corações, e não o contrário.
É importante sempre saber o nosso objetivo neste mundo, e eu creio que nossa missão é de testemunhar de Cristo. É evidente que devemos nos precaver contra o mal, mas quando denunciar o mal se torna nosso foco acabamos não percebendo que ficamos tão ocupados com os erros que nos sobra pouco tempo para nos ocuparmos com Cristo.
Alguns pregadores costumam falar só de idolatria, de discos da Xuxa tocados ao contrário, de desenhos da Disney, etc., e eu me pergunto se é isso o que Deus quer de nós no tempo em que estamos aqui. Existe uma corrente dentro das igrejas evangélicas que adora se ocupar do mal. São pastores que ganham a vida pregando contra o He Man, os desenhos da Disney, as músicas da Xuxa e coisas do tipo. Aí eles vêm dizer que você deve pegar uma lente e examinar a embalagem de um desenho da Disney para ver que o detalhe se assemelha a um órgão sexual, ou deve tocar a música da Xuxa ao contrário para descobrir mensagens demoníacas.
Oras, se vivermos neste mundo de lente em punho, vamos descobrir aquilo que a Bíblia já ensina, que o mundo jaz no maligno, e que tudo o que há no mundo não procede de Deus, mas do mundo (entenda “mundo” não como o planeta, mas como o sistema humano de coisas, a civilização). Não vai demorar a surgirem pregadores empenhados em também ganhar seu dinheirinho denunciando outros pregadores.
Devemos ser símplices como a pomba, que não anda de lupa na mão, e astutos como a serpente, que sabe muito bem identificar algo como perigoso. É assim que deve ser. Se você enxergar que isso é uma ameaça para sua fé, fuja. Mas, volto a dizer, não fique por aí preocupado em divulgar o mal, pois é isso que muitos cristãos hoje estão fazendo, até mesmo entrevistando pessoas possessas para conhecer o que o diabo tem a dizer.
Existe uma linha muito tênue em denunciar o erro e promover o erro. Quando você fica enviando sistematicamente vídeos, cartazes e “campanhas” desses pregadores da prosperidade, acaso não está também fazendo um favor a eles? Eu nunca teria conhecido os cartazes de campanhas e os vídeos dos programas desses falsos cristãos se você não estivesse diligentemente divulgando isso para sua lista de e-mails. Pare de fazer um favor a eles. Quando eles publicam vídeos e cartazes o objetivo é tornar públicos os seus atos. Se você faz o mesmo, não está fazendo nada além de um favor a eles, não é mesmo?
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Jesus diz que somos deuses?
Sobre sua dúvida em João 10:34-36 vou traduzir um comentário que achei bem completo:
“Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?”
Aqui o Senhor Jesus citou o Salmo 82:6 para aqueles judeus. Ele chamou isso parte da Lei. Em outras palavras, foi tirado do AT que eles reconheciam como sendo a Palavra de Deus inspirada. O versículo completo diz assim: “Eu disse: vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo”. O Salmo era dirigido aos juízes de Israel. Eles eram chamados “deuses” não por serem divinos, mas por representarem a Deus quando julgavam o povo. A palavra hebraica para “deuses” (elohim) significa literalmente “poderosos” e pode ser aplicada para personalidades importantes como os juízes. (Fica claro pelo restante do Salmo que eles não passavam de homens e não deidades, pois julgavam injustamente, faziam acepção de pessoas e pervertiam a justiça).
O Senhor usou este versículo dos Salmos para mostrar que Deus usava a palavra “deuses” para descrever homens aos quais foi dada a Palavra de Deus. Em outras palavras, esses homens eram porta-vozes de Deus. Deus falava à nação de Israel através deles. Eles eram uma manifestação de Deus em seu lugar de autoridade e juízo, e eram os poderes ordenados por Deus. “E a Escritura não pode ser anulada”, disse o Senhor, expressando sua crença na inspiração nas escrituras do Antigo Testamento. Ele fala delas como escrituras infalíveis que devem se cumprir, e que não podem ser negadas. Na verdade, as próprias palavras das Escrituras são inspiradas, não apenas seus pensamentos ou ideias. Todo o argumento do Senhor está baseado numa única palavra, “deuses”.
O argumento do Senhor vai do menor para o maior. Se juízes injustos eram chamados “deuses” no Antigo Testamento, quanto mais direito tinha ele (Jesus) de dizer que era o Filho de Deus. A Palavra de Deus veio a eles; ele era e é a Palavra de Deus. Eles eram chamados “deuses”; ele era e é Deus. Jamais poderia ser dito deles que o Pai os houvesse santificado e enviado ao mundo. Eles nasceram no mundo como quaisquer outros filhos do caído Adão. Mas Jesus foi santificado (separado) pro Deus Pai desde a eternidade para ser o Salvador do mundo, e foi enviado ao mundo do céu onde sempre habitou com seu Pai. Assim Jesus tinha todo o direito de reivindicar igualdade com Deus. Ele não estava blasfemando quando clamava ser o Filho de Deus, igual com o Pai. Os próprios judeus usavam o termo “deuses” para homens corruptos que eram meros porta-vozes ou juízes designados por Deus. Quanto mais podia ele (Jesus) reivindicar o título, já que ele realmente era e é Deus.
Traduzido de “Believer’s Bible Commentary”, por William MacDonald.
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Posso ser cortado depois de crer?
Você escreveu que em Romanos 11:22 Paulo fala que podemos ser cortados. É importante ler todo o contexto e ver que ele está tratando do contraste entre Israel e gentios como testemunho na terra. Israel foi “cortado” dos privilégios que tinha (ao menos por algum tempo) e os gentios não devem achar que isso não possa acontecer também com eles.
Veja que o assunto é o testemunho coletivo, não a salvação individual. Em certo sentido, o arrebatamento da Igreja, apesar de representar uma bênção para cada crente individualmente, é também um “corte” no sentido que o testemunho como um todo falhou. Basta vermos o estado da última igreja (Laodiceia) em Apocalipse para entendermos isso. Depois de falar de Laodiceia o apóstolo João ouve um chamado “sobe até aqui” (cap. 4).
A outra passagem que citou é o exemplo que o Senhor dá das varas em João 15, mas o assunto ali é dar fruto, não salvação eterna. Primeiramente a aplicação deve ser para Israel, já que ele disse isso inicialmente aos seus discípulos que eram judeus, viviam antes da formação da Igreja e estavam inseridos no contexto de Israel, com seu templo, sacrifícios, ordenanças, etc. Este é um aspecto importante quando lemos qualquer um dos quatro evangelhos e o primeiro capítulo de Atos.
Voltando ao exemplo das varas, logicamente não damos fruto a não ser quando estamos “ligados” à fonte da seiva, que é Cristo. O próprio “fogo” de que fala a passagem não é um juízo de Deus, mas circunstancial: “tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas”. Isso mostra que não têm utilidade e são recolhidas (por terceiros) para serem queimadas. Um cristão sem comunhão com Cristo é uma vida desperdiçada.
1 Coríntios também fala em fogo e mesmo assim refere-se a pessoas salvas: (1 Co 3:15) “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo”. Nos dois casos o que está sendo tratado são as obras ou o fruto do crente, não sua salvação. Caso contrário, na figura das varas acabaríamos concluindo que a salvação é por esforço humano (permanecer em Cristo) e não por obra de Deus.
Você diz que não acredita que pessoas que aceitaram a Jesus e agora vivem totalmente no pecado sejam salvas, pois a Bíblia fala que nem adúlteros, nem efeminados herdarão o reino de Deus. É correta a ideia de achar que alguém não pode estar salvo porque suas obras negam a realidade de sua fé. A carta de Tiago fala disso, pois está tratando das evidências da fé, e não do coração. A única forma de nós, seres humanos, sabermos se alguém é salvo ou não é observando seu andar. Mas mesmo assim isso não nos dá certeza absoluta. Você encontra muitos ateus ou pessoas que adoram demônios vivendo vidas exemplares. Como saber?
Não dá para saber, pois não somos Deus, o único capaz de sondar os corações. O único coração que consigo sondar, e ainda assim de forma completamente imperfeita, é o meu próprio coração, e pode ter certeza de que não gosto nem um pouco do que vejo lá.
Você diria que um homem que adulterou e mandou matar o marido da adúltera para encobrir seu pecado seria salvo? E alguém que tivesse negado Jesus para salvar a pele? Davi e Pedro foram assim, portanto nunca é prudente tirarmos conclusões precipitadas sobre a salvação de outras pessoas. Além do mais, quando entendemos realmente o quanto somos pecadores e a profundidade do mal interior que existe em nosso coração, não olhamos mais com um sentimento superioridade para aqueles que exteriorizam isso em suas práticas.
O Senhor ensinou que não é apenas o adultério exterior que conta, mas também o dos pensamentos. E a violência contra o próximo que é colocada em prática nada mais é do que a violência que maquinamos em nossos corações. Quem pode dizer que não peca? E, se pecamos como podemos considerar que nosso pecado em oculto é menos grave do que o pecado de outro que é feito às claras?
(Mt 5:21-28) “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo… e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno… Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”.
Se você for feito do mesmo material que eu, então irá concordar que pecamos o tempo todo, mesmo que ninguém veja qualquer evidência e exteriormente sejamos sepulcros perfeitamente caiados. Pode ter certeza de uma coisa: se não for por graça, ninguém é salvo. E se não for por graça, ninguém será capaz de permanecer salvo. Dependemos da graça e da misericórdia de Deus para nos salvar e para nos manter até que Cristo venha nos buscar.
(Rm 3:9-10) “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem sequer um”.
Entenda que esse “não há um justo, nem sequer um” continua valendo para nós em nosso estado natural, mesmo depois de salvos, pois, de nós mesmos, não temos justiça que garanta nossa idoneidade diante de Deus. Dependemos de Cristo para Deus poder olhar para nós com outros olhos e nos considerar justos e idôneos, não pelo que somos ou fazemos, mas por aquilo que Cristo é e fez para Deus. Somos perdoados por Deus (nossa dívida é saldada) e justificados (ganhamos a reputação de justos) também por Deus.
Em suma, se tivéssemos apenas um vislumbre de como Deus vê o pecado, aí sim desistiríamos de qualquer tentativa de nos salvarmos a nós mesmos ou de nos mantermos salvos por nossos próprios esforços. Se dissermos que não pecamos, enquanto acusamos outros de serem mais pecadores do que nós, estamos incorrendo no pecado da mentira. O versículo a seguir não foi escrito para incrédulos, mas para crentes:
(1 Jo 1:8) “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”.
Quanto ao que você disse de pessoas que aceitaram a Jesus e agora vivem totalmente no pecado, sempre cabe perguntar: Aceitaram mesmo ou apenas levantaram a mão em um culto evangélico ou se filiaram a uma religião?
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Para ser salvo preciso ir a frente orar com o pastor?
O ladrão na cruz nunca frequentou uma igreja e nem repetiu alguma oração pré-fabricada, no entanto foi salvo ao reconhecer-se pecador e pedir que Jesus se lembrasse dele. Se ler o livro de Atos você encontra muitas histórias de conversões, e cada uma é diferente da outra. Portanto não existe uma fórmula ou um ritual para ser salvo. A questão é entre você e Deus somente. A Palavra de Deus diz:
(Rm 10:8-11) “Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido”.
Você crê em seu coração que Jesus morreu para levar os seus pecados e ressuscitou para sua justificação (para você ser considerado justo e idôneo aos olhos de Deus)? É isso que importa. A realidade da sua fé interna você mostrará externamente confessando a Jesus como seu Senhor (seu dono) com sua boca.
Mas mesmo esse confessar com a boca pode variar de pessoa para pessoa, considerando que um mudo jamais será capaz de fazer isso e uma pessoa se afogando, que creia em Jesus enquanto se encontra debaixo d’água, não será capaz de dizer coisa alguma. Você acha que Deus iria condenar a pessoa porque nessa hora ela não conseguiu falar ou repetir uma oração tim-tim por tim-tim?
Transformar a salvação de uma alma em um gesto como ir à frente em uma igreja, repetir uma oração inventada por alguém ou até mesmo se fazer membro de uma religião é uma afronta a Cristo, que derramou seu sangue precioso para nos purificar de nossos pecados. Nossa salvação não está numa religião, numa oração ou em algum tipo de gesto, como ir à frente.
Também não depende de outra pessoa nos dizer se estamos salvos ou não. A salvação é uma questão pessoal entre você e Deus que é resolvida no momento em que crê em Jesus. Depois que você crê, é o próprio Senhor que dá a você a certeza de que está salvo. Se você acredita nas palavras de Jesus, irá acreditar nisto que ele diz sobre aquele que que ouve, crê, tem, não entrará e passou:
(Jo 5:24) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.
Se prestar atenção nos verbos verá que ouvir e crer são ações imediatas e presentes. Uma vez tendo ouvido e crido no evangelho, o que acontece? Jesus diz que você tem (veja que o verbo está também no presente, valendo para o momento em que a pessoa crê). Não se trata de “terá” a vida eterna no futuro, mas de algo que já se tem aqui e agora. O próximo verbo diz que você “não entrará” em condenação ou juízo no futuro, e o verbo seguinte deixa claro que ao crer aconteceu algo que mudou tudo: Você “passou da morte para a vida”.
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O evangelho já foi pregado a toda criatura?
Sua dúvida está no tempo do verbo do versículo em Colossenses:
(Cl 1:23) “… do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro”.
Um dia o evangelho terá alcançado toda criatura, mas antes disso a igreja vai ser arrebatada. Quem irá continuar essa tarefa serão os que se converterem depois do arrebatamento, aqueles que antes não escutaram o evangelho, principalmente judeus no período da tribulação.
Sua dúvida aqui é em relação ao tempo do verbo, já que diz que o evangelho “foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu”, e isto Paulo escreveu quando pouquíssima gente tinha tido acesso às boas novas.
Neste caso o evangelho foi pregado a toda criatura no sentido de que ele foi feito acessível a toda criatura, embora ainda nem toda criatura tenha tido acesso a ele. Quando o presidente anuncia o valor do novo salário mínimo para todos os trabalhadores, aquilo já está valendo, mesmo que nem todos os trabalhadores tenham ficado sabendo disso. O valor do salário mínimo já foi anunciado a todo trabalhador.
O governo pode dizer que o novo salário mínimo já foi “pregado” a toda criatura do país. A proclamação já foi feita, agora é apenas uma questão de tempo até que mensagem seja ouvida nos confins da terra. Quando alguém bate o martelo numa tábua numa construção ao longe, vemos o martelo bater, mas só depois ouvimos a batida. Outro exemplo é a proclama de casamento que é obrigatório publicar no jornal quando alguém pretende se casar, para o caso de outra pessoa saber que um dos noivos já era casado anteriormente. Uma vez publicado (tornado público) ninguém poderá dizer que aquilo era desconhecido do público.
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Você se acha o dono da verdade?
Sua pergunta é importante, porque expressa o que muitas pessoas pensam, mas não têm coragem de perguntar. Depois de visitar este blog você escreveu que “O próprio papel de ser o que tem as respostas para as dúvidas sobre o assunto, ao ponto de criar um blog para tal, evidencia a pretensão”.
Sinto que meu blog tenha causado uma má impressão em você. Ele não foi criado para me apresentar como dono da verdade ou aquele que tem todas as respostas, mas apenas para ser depositário de um arquivo enorme de correspondências pessoais que achei que poderiam ajudar algumas pessoas que tivessem as mesmas dúvidas daquelas que um dia me procuraram.
Eu explico isso no próprio blog (coluna da direita)…
“O conteúdo deste blog é formado por respostas a cartas, e-mails e perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem ou não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas não são de alguma correspondência em particular, mas foram construídas a partir da reunião de muitas dúvidas que o autor recebeu ou detectou entre seus correspondentes… O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende que as pessoas devem ser respeitadas, independente de suas crenças, ideias ou preferências”.
Portanto, entenda que este livro traz o conteúdo do blog “O que respondi”, uma coleção de centenas de cartas e e-mails enviados a correspondentes desde 1988 (sou convertido a Cristo desde 1978). Eu podia simplesmente largar tudo numa pasta ou em disquetes perdidos numa gaveta (como efetivamente ficou por anos na era pré-Internet), ou podia compartilhar com o mundo na tentativa de algumas respostas serem úteis a alguém. Decidi fazer isso, mesmo correndo o risco de receber críticas como a sua.
No momento em que a primeira edição deste livro era publicada o blog de mesmo nome recebia em média 120 mil consultas por mês ou cerca de quatro mil por dia, e as cinco perguntas mais acessadas até então eram, nesta ordem:
1. Quais foram os pecados de Sodoma e Gomorra?
2. O que a Bíblia diz sobre o homossexualismo e o homossexual?
3. A Bíblia proíbe a mulher de cortar o cabelo?
4. Como é o jejum que a Bíblia ensina?
5. A Bíblia condena o sexo antes do casamento?
Ao verificar o que as pessoas estavam lendo naquele momento vi que alguém estava na página “Cometer suicídio não seria uma solução?”. Curiosamente esta página recebe um grande número de visitas. Essa pessoa deve ter chegado ali via busca, por curiosidade ou necessidade real. Como pode ver, o blog não tem por objetivo criticar essa ou aquela denominação religiosa, mas esclarecer dúvidas (às vezes vitais) das pessoas.
Você escreve que eu me comporto “como uma espécie de dono da verdade, de oráculo, apesar de escrever o contrário, inclusive ao dizer para a pessoa que perguntou que ela não deve se deixar guiar como se você fosse a única luz. Não creio que isso o isente da prepotência após um longo e excelente texto argumentativo onde você defende o que “você” acha que é certo, que é melhor, que é verdade”.
Isso é inevitável. Sempre que alguém adota uma posição, torna-se excludente. Se você é cristã, o simples fato de professar sua fé já exclui todos aqueles que pensam de modo diferente. E mesmo que você seja daquelas pessoas que querem passar uma imagem de neutralidade, de politicamente correta, que acreditam que todas as crenças são válidas, isso também é uma posição que exclui aqueles que acreditam que apenas uma crença pode ser a verdadeira. E esta é uma posição ainda pior e mais orgulhosa, por arvorar conhecer todas as crenças a ponto de poder fazer tal afirmação.
Ao dizer que não ia ler minhas outras respostas, com base na ideia que você concebeu a meu respeito (preconceito?), você adotou uma posição que exclui centenas de pessoas que consideram meu blog uma opção viável para suas dúvidas, quer elas concordem ou não com as respostas. Recebo mensagens de pessoas que afirmam discordar de várias opiniões que viram ali, mas que acham ótimo existir o blog para pesquisa.
Não há como fugir do fato de sermos excludentes ao adotarmos uma opinião. Acho até melhor você ter uma posição assim do que não ter nenhuma. Pessoas mornas, que não dizem sim, nem não, muito pelo contrário, são aquelas que Deus abomina. Portanto, saiba que adoro quando alguém me contesta, pois me faz repensar tudo e às vezes sou obrigado a mudar de ideia. Felizmente o que escrevemos na Web pode ser editado e corrigido sempre que aprendemos algo novo.
Não entendi quando disse que suspeitou de mim quando viu a palavra “marketing” em meu currículo profissional. Você considera errado eu ser um “fabricante de tendas” que fala de Jesus e não um teólogo ou clérigo? Você teria dado maior credibilidade ao blog se ele fosse assinado por alguém com o título de Reverendo, Pastor, Missionário, Apóstolo, Profeta…? Na atual confusão em que mergulhou a cristandade, com tantos mercadores da fé dominando a rádio e TV, saiba que são esses que me causam arrepios.
Quanto à minha atuação profissional, talvez você tenha uma ideia equivocada do que seja marketing. Será que pensa que marketing é sinônimo de propaganda? Ou pior, de picaretagem? Saiba que o carro que você dirige começou em um projeto de marketing para detectar, analisar e definir as necessidades e desejos de um determinado público, e produzir algo à altura disso, gerando valor para o comprador e lucro para a empresa.
Foram as pesquisas do departamento de marketing que passaram para o design as informações de preferências de cores e estilos, e para a engenharia as principais exigências de segurança buscadas pelos clientes. Foi o marketing que analisou tudo o que a concorrência fazia para fazer melhor, e foi o marketing que determinou o melhor preço, a melhor forma de distribuição, os melhores canais de comunicação, as melhores formas de pagamento etc. Sugiro fazer uma busca pela palavra “marketing” na Wikipedia para conhecer um pouco mais sobre o assunto.
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A Bíblia errou na semente de mostarda?
Você comentou meu vídeo do “Evangelho em 3 minutos” dizendo que a Bíblia teria errado em Mateus 13:31 ao se referir à mostarda como a menor de todas as sementes. Segundo você a menor de todas as sementes é a de morango.
“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos”.
Ler a Bíblia buscando precisão científica é perder de vista seu objetivo e passar ao largo das coisas que a Palavra de Deus quer ensinar. O ponto que o Senhor levanta na parábola do grão de mostarda não tem nada a ver com a semente propriamente dita, mas com os significados envolvidos no exemplo.
Para entender a Bíblia é preciso antes fazer algumas perguntas. Primeiro, o que a Palavra de Deus está querendo nos ensinar? Depois, a quem aquilo foi dito? Quando foi dito e em que contexto? Sem ter essas coisas em mente fica impossível desfrutar daquilo que o texto tem para você.
Por exemplo, já vi pessoas tentando desacreditar a Bíblia por encontrarem no Antigo Testamento o morcego sendo classificado como ave, e não como mamífero. Quem diz isso não faz nem ideia do que seja uma classificação e de seus objetivos.
As coisas na ciência moderna são classificadas apenas para organizar melhor os pensamentos, mas a verdade é que um morcego tem muito pouca semelhança com uma vaca. No Antigo Testamento, qualquer animal que voasse era chamado de ave por voar. Na classificação moderna, adotamos outro critério. Só isso.
Até o século 19 o tomate era considerado uma fruta, passando depois a ser legume. Mas em Portugal voltou a ser classificado como fruta porque os portugueses fabricam geleia de tomate e a Comunidade Europeia aplica uma tributação maior para legumes e menor para frutas. Pelo mesmo motivo, hoje a cenoura é classificada como fruta em Portugal, para reduzir a carga tributária sobre sua geleia de cenoura.
Mas voltando à sua afirmação, de que a Bíblia errou ao não dizer que a menor semente é a do morango (que acho que também não é), Jesus estava ensinando uma lição por meio da parábola e a semente de mostarda era a que melhor servia para falar de algo pequeno que se torna uma grande árvore.
Usar a semente de morango não iria funcionar, e nem estava errado ele dizer que a mostarda era a menor semente, porque efetivamente era a menor semente cultivada na Palestina de há dois mil anos. O morango nem existia na época.
A planta que hoje produz morango só foi criada por meio de cruzamentos e enxertos em 1740 na França, a partir de plantas silvestres trazidas da América do Norte. Como Jesus poderia falar de uma semente que só viria a ser conhecida 1740 anos depois a milhares de quilômetros dali?
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Você não crê na cura divina?
A passagem que mencionou em Marcos 16 faz parte da comissão que o Senhor deu aos apóstolos, e aqueles sinais efetivamente acompanharam seu ministério, como pode ser encontrado em Atos (apenas não temos registro do beber veneno).
Ainda hoje Deus é capaz de curar, caso contrário eu não oraria por um filho doente. A questão é que as curas e sinais do início da Igreja tinham um objetivo muito claro, que era de comprovar que Deus estava começando algo novo e os sinais eram uma espécie de selo e comprovação. Mas quem já crê e é salvo não precisa de comprovação, portanto a cura passa a ser uma misericórdia de Deus se ele achar que a pessoa deve ser curada. Não é uma regra, como acontecia quando o Senhor curava através dos apóstolos e eram todos curados.
(At 5:16) “E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados”.
Quando diz todos significa todos, ou seja, dos que sofriam de unha encravada aos que nasceram cegos nenhum voltava para casa dizendo que em seu caso não funcionou. Todos eram curados. Obviamente você não vê isso hoje e nem é para ver, porque até entre os próprios discípulos havia doentes que os apóstolos não curaram provavelmente porque tais curas não serviriam como um sinal para os incrédulos. É o caso de Trófimo, que Paulo deixou doente em Mileto (2 Tm 4:20).
Deus fazia os milagres tendo em vista o povo judeu em sua incredulidade. Não sou eu quem diz isso, mas a Palavra de Deus:
“Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1:22).
“De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis”. (1 Co 14:22).
Até mesmo o apóstolo Paulo tinha uma enfermidade, que chamava de espinho na carne, deixou “Trófimo doente em Mileto” (2 Timóteo 4:20) e sugeriu a Timóteo: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades”. (1 Timóteo 5:23)
Por que Paulo não curou Trófimo ao invés de deixá-lo doente, ou Timóteo, a quem preferiu receitar um remédio caseiro? Porque curá-los não estava nos planos de Deus provavelmente por não trazer qualquer consequência favorável à obra de Deus. Ou também porque curá-los poderia impedi-los de aprender alguma lição que Deus estava tentando lhes ensinar.
Você diz que foi “a diversas “igrejas” as quais não acreditam na cura, que o Senhor Jesus não nos cura hoje, então me senti um peixe fora d’agua”. Será que quis dizer que em determinadas igrejas Deus cura e em outras não? Você vê curas acontecendo em igrejas na Bíblia ou vê esses sinais acontecendo para os incrédulos quando os apóstolos pregavam? Hoje existe uma tendência em associar curas e milagres a esta ou aquela denominação, ou a este ou aquele pregador, mas isso não tem fundamento bíblico.
Não sei por que alguns crentes em Cristo têm essa fixação em curas e sinais. Acaso Cristo não é suficiente para eles? Lembre-se de que o Senhor não confiava naqueles que o seguiam porque tinham visto sinais. E a Tomé ele disse que mais bem aventurados seriam aqueles que creriam sem ver.
(Jo 2:23-24) “E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia”.
(Jo 20:29) “Disselhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!”
Essa fixação que muitos cristãos têm por curas só levam à decepção, pois, afinal, se Cristo não vier no tempo de nossa vida aqui, todos nós morreremos. Exceto os que morrerão por acidentes ou incidentes criminosos, todos os outros cristãos morrerão doentes, porque a doença é consequência do pecado que arruinou nosso corpo. Até mesmo aquele que morre com mais de cem anos morre porque algum órgão deixou de funcionar direito, ou seja, uma enfermidade.
Quando você escreve que “a palavra salvação quer dizer, além de vida eterna, também cura e perdão”, será que está achando que vai viver eternamente nesse corpo que só fica cada vez pior com os efeitos daninhos do pecado? A salvação envolve o perdão de pecados, a justificação e a ressurreição, não da velha carne, mas do corpo em sua forma incorruptível. Aí sim teremos saúde eterna por estarmos em um corpo incorruptível, mas enquanto ainda estamos em nosso velho corpo de carne, não espere grandes coisas ou você vai viver sempre uma vida de decepção e miséria.
Se ficar doente, ore. Se for da vontade de Deus ele irá curá-la. Se isso não acontecer, louve a Deus do mesmo modo, porque ele certamente tem um propósito naquela enfermidade, para você e para quem estiver por perto. A diferença entre um pagão idólatra e um cristão verdadeiramente nascido de novo é que o primeiro só acredita que Deus está ao seu lado quando tudo vai bem. O verdadeiro crente, porém, se regozija também na falta de saúde, dinheiro, prosperidade, liberdade, etc.
(Fp 4:12-13) “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.
Apesar de alguns usarem esse “posso todas as coisas” no sentido de o cristão ser uma espécie de todo-poderoso, eu creio que Paulo fala do contexto, que é estar fortalecido em Cristo para enfrentar o que quer que lhe aconteça. O exemplo de Habacuque é ótimo também: ele se alegra e exulta independente das condições materiais.
(Hc 3:17-19) “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. JEOVÁ, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas”.
É também por isso que o evangelho é considerado uma loucura pelos que perecem, porque apenas um louco cantaria louvores com os pés nos troncos em uma masmorra, como fizeram Paulo e Silas na prisão. Lembre-se de que quando eles faziam isso ainda não sabiam que iam ser libertos.
(At 16:23-25) “E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança, o qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou os pés no tronco. Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”.
Se as pessoas que enchem as igrejas desses pregadores de saúde física e financeira soubessem que crer em Cristo inclui a possibilidade de passar o resto da vida preso, pobre e doente, uma situação que não raro muitos cristãos verdadeiros experimentam, certamente elas não se animariam nem um pouco a crer em Cristo.
Lembre-se: quanto mais você esperar por curas e sinais, como se Deus tivesse obrigação de lhe dar uma vida tranquila aqui, mais irá se decepcionar quando isso não acontecer. Olhe para Cristo. Acaso ele teve uma vida fácil e livre de sofrimentos neste mundo? E os apóstolos? E os cristãos perseguidos e martirizados ao longo de dois mil anos de história da Igreja? Então não espere grandes coisas, porque somos estrangeiros, não apenas numa terra estranha, mas em um corpo completamente arruinado pelo pecado.
Mais feliz é o cristão pobre e preso a uma cama e que verdadeiramente conhece o Senhor, do que o incrédulo rico e saudável vivendo segundo os seus próprios pensamentos e concupiscências. A diferença entre o incrédulo e o cristão não está no resultado dos exames médicos ou na conta bancária, mas no sangue que lhe deu acesso aos lugares celestiais em Cristo Jesus. Quem tem isso pode querer mais o quê?
(Ef 1:3-7) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”.
Será que precisamos mais, ou nos contentamos com isso?
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Como desenvolver o fruto do Espirito?
(Gl 5:22) “Mas o fruto do espírito é: caridade, (Gr. ágapéi: amor divino em ação) gozo (alegria, satisfação), paz, longanimidade (paciência, tolerância), benignidade (gentileza, consideração), bondade (desejo de ajudar), fé (fidelidade), mansidão (brandura), temperança (domínio próprio)”. Os acréscimos entre parêntese são de termos encontrados em diferentes traduções da Bíblia.
O fruto do espírito é o caráter do cristão revelado em suas múltiplas facetas. Não se trata de “frutos do Espírito”, no plural, mas do “fruto do Espírito”, no singular. Esse singular pode tanto dar a ideia de totalidade, como usamos em expressões como “o fruto do meu trabalho”, e também de algo coeso e integral, como uma fruta que é formada por casca, polpa, sementes, fibras, vitaminas, etc. Mesmo assim é uma fruta que tem todas essas coisas se desenvolvendo de forma harmoniosa e simultânea.
Quando um cristão é paciente, mas que não demonstra amor ou temperança, essa paciência pode não ser fruto do Espírito, mas apenas um traço natural de sua personalidade. Você encontra incrédulos ou ateus que podem possuir essas qualidades individuais muito mais acentuadas do que muitos cristãos, mesmo assim são apenas qualidades naturais de caráter, e não o fruto do Espírito.
Um exemplo da multiplicidade de característica de um fruto é o vinho e a descrição que um degustador especializado é capaz de fazer de suas múltiplas qualidades, apesar de ter sido produzido de uma fruta comum, a uva. Se olharmos deste ponto de vista, o fruto do Espírito é o sabor e a fragrância que os outros podem notar no crente.
Para que seja o fruto do Espírito, todas essas características precisam se desenvolver simultaneamente e em conjunto, e não individualmente. Uma fruta, cuja semente ou casca se desenvolvesse mais do que as outras partes, seria uma aberração e acabaria não passando em um teste de qualidade. Quem diz que ama a Deus e odeia a seu irmão não está falando do amor que é fruto do Espírito.
O Senhor Jesus é o exemplo perfeito de um Homem no qual podiam ser encontradas essas múltiplas facetas do fruto do Espírito:
1. Amor: Ninguém teve maior amor do que o demonstrado na cruz.
2. Gozo: Ninguém jamais teve maior gozo ou alegria em fazer a vontade do Pai.
3. Paz: Você se lembra de como ele dormia no barco enquanto a tempestade rugia?
4. Longanimidade: Lembra quem disse “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”?
5. Benignidade: Quem foi que pediu que deixassem as criancinhas irem a ele, e que disse a todos “Vinde a mim”?
6. Bondade: Jesus é o próprio samaritano da parábola que ele mesmo contou.
7. Fé, no sentido de fidelidade: Jesus jamais falhou em atender as expectativas, tanto do Pai como dos que vão a ele.
8. Mansidão: Ninguém é mais manso e humilde do que aquele que lavou os pés de seus discípulos.
9. Temperança: O Senhor manteve total controle de si mesmo e submissão ao Pai diante das tentações no deserto. Procure enxergar o fruto do Espírito como os atributos de Cristo em nós que são produzidos pelo Espírito de Deus. Outro exercício interessante é tentar associar essas qualidades com as que encontramos relacionadas ao amor em 1 Coríntios 13:4-8.
As obras da carne, que afetam diretamente sua manifestação, são relacionadas nos versículos anteriores, como “adultério, prostituição (fornicação, imoralidade), impureza, lascívia (luxúria, libertinagem, indecência), idolatria, feitiçarias (bruxaria, superstição), inimizades (ódio), porfias (pleitos, litígios, brigas, rivalidades), emulações (ciúmes), iras (acessos de raiva), pelejas (rivalidades), dissensões (disputas, discórdias, sedições, divisões), heresias (facções, partidos), invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes” (Gl 5:19-21).
Antes que você considere isso uma lista fechada, não se esqueça das “coisas semelhantes”.
Na passagem “o fruto do Espírito” é apresentado em contraste com as “obras da carne”. Obras são coisas produzidas pela energia humana e pela vontade própria, enquanto um fruto é produzido pelo ramo que recebe sua seiva do tronco. A diferença entre uma obra e um fruto é tão grande quanto a diferença entre uma fruta de plástico produzida em uma fábrica e uma fruta cultivada em um pomar. Por maior que seja a semelhança exterior de uma fruta artificial com a verdadeira, ela continua sendo uma obra morta, como são as tentativas do homem religioso de transformar seu caráter pela obediência à Lei de Moisés, que é o contraste que o contexto apresenta aqui.
Neste sentido podemos entender que as obras da carne podem tanto ser as coisas daninhas, que impedem que o fruto do Espírito se manifeste, como também nossos esforços em criarmos um fruto artificial, uma mera aparência da obra do Espírito em nossa vida. Ódio, mau humor, inquietude, intolerância, rejeição, indiferença para com os que sofrem, infidelidade, falta de humildade e de controle próprio são apenas alguns dos traços que se contrapõem ao fruto do Espírito.
(Gl 5:16) “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”.
O fruto do Espírito é cultivado por meio de uma atitude, ou “andar em Espírito”, enquanto as obras da carne vêm por meio de uma concessão: dar lugar à carne para que ela se manifeste. É por isso que precisamos beber constantemente da água pura da Palavra de Deus, para que esse fruto do Espírito seja cada vez mais manifesto em nós. Lembre-se de que a fruta artificial precisa de trabalho para ser produzido, mas a verdadeira cresce em função de sua ligação com a fonte da seiva que a alimenta. Quanto maior essa ligação, maior e mais saudável a fruta. Quanto mais essa conexão com o tronco estiver estrangulada por outras coisas, menor e menos evidente é a fruta.
Se o fruto estiver incerto quanto à sua conexão com o tronco, ele não crescerá. A certeza da salvação eterna e da fidelidade de Deus nos salvando em graça é essencial para que a seiva corra livremente. O fruto do Espírito não pode ser fabricado com nossos esforços. É só a vida de Cristo que pode produzir este fruto.
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Por que Êxodo não diz o nome do Faraó?
Não sei a razão de a Bíblia usar apenas Faraó sem identificar seu nome. “Faraó” era o título da época e assim ele era conhecido no período em que vivia. Ao contrário de um presidente, que tem um mandato limitado, um Faraó tinha mandato vitalício. Se ele fosse entronizado ainda criança e vivesse, digamos, 90 anos, por que alguém iria identificá-lo pelo nome? Bastaria dizer “Faraó” que todos os seus contemporâneos saberiam de quem se tratava. Outros, como “César” e “Amaleque”, também podiam ser identificados apenas por estes títulos, que não eram seus nomes.
O uso de nomes na Bíblia traz aspectos diferentes do que fazemos na cultura atual. Li que Tomé pode não ter sido um nome, mas um apelido tipo “gêmeo”. As pessoas não tinham sobrenomes, mas eram identificadas pelo nome do pai, da cidade onde morava, da profissão (Alexandre latoeiro), etc., como ainda é feito informalmente no interior do Brasil. É interessante conhecer a história dos sobrenomes na Wikipedia.
Voltando à sua pergunta, se Deus não achou necessário citar o nome do Faraó do Êxodo é porque queria que prestássemos atenção naquilo que é realmente importante no contexto da história contada por Deus na Bíblia. Aliás, esta é uma das regras na leitura do texto bíblico: não perder tempo tentando descobrir o que não foi revelado.
Por exemplo, que proveito há em saber a composição dos pães que Jesus multiplicou, ou o tamanho da cruz? Porém, quando lemos as instruções para a construção do tabernáculo no deserto, ou do templo de Jerusalém, ficamos espantados com os detalhes de medidas e materiais. Tudo aquilo tinha uma razão de ser, pois eram figuras de Cristo.
A leitura das Escrituras sempre deve nos levar a olhar para Cristo. Se nos leva a olhar para outras coisas — por exemplo, para fantasias como a ideia da Arca da Aliança ser uma potente bateria — então estamos olhando para o lado errado. Hoje é comum as pessoas correrem atrás de qualquer novidade que não tem utilidade.
Mesmo que história e arqueologia possam trazer elementos interessantes ao conhecimento bíblico, precisamos apenas do Espírito Santo para compreender os pensamentos de Deus. Pelo menos é o que aprendemos de 1 Coríntios:
“Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”. (1 Co 2:9-11).
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Jesus elogiou a infidelidade do mordomo infiel?
A passagem de Lucas 16 que fala do mordomo infiel não é uma autorização para agirmos injustamente. Não é o modo injusto de agir do mordomo ou sua infidelidade que é o ensinamento do Senhor aqui, mas o que ele faz com aquilo que obteve durante seu tempo de mordomo vivendo em infidelidade: ele faz provisão para o futuro. Trata-se de um elogio à prudência, não à desonestidade. Esta é a lição.
J. N. Darby faz o seguinte comentário da passagem:
“O homem de um modo geral é mordomo de Deus; e em outro sentido Israel foi mordomo de Deus, introduzido na vinha de Deus e recebendo a responsabilidade da lei, das promessas, das alianças, da adoração. Mas em tudo isso Israel desperdiçou aquilo que pertencia a Deus. O homem foi visto como um mordomo completamente infiel. Agora, o que fazer? Deus aparece e na soberania de sua graça transforma aquilo que o homem utilizou mal na terra em um meio de se obter fruto celestial.
As coisas deste mundo que foram confiadas ao homem não devem ser usadas para desfrutar agora deste mundo, o qual está totalmente separado de Deus, mas tendo em vista o futuro. Não devemos buscar possuir as coisas agora, mas usá-las corretamente para fazer uma provisão para outro tempo. É melhor transformar tudo em um amigo que servirá em outra ocasião do que juntar dinheiro para o agora. O homem que aparece aqui está destinado à destruição. Portanto, no presente o homem é um mordomo fora do lugar que lhe foi confiado.”
Generalizando, podemos dizer que todas as atividades profissionais, industriais e comerciais trazem em si a marca do pecado, por serem concebidas e realizadas por homens caídos em um mundo arruinado. O próprio dinheiro que ganhamos com nosso trabalho é “riqueza da injustiça”, já que não precisamos rastrear muito o dinheiro que temos no bolso para descobrir que passou por lugares e atividades pouco recomendáveis. “Porque tudo o que há no mundo (o sistema e as concupiscências humanas)… não é do Pai, mas do mundo”.
Granjeamos, negociamos e obtemos as “riquezas da injustiça” enquanto no mundo, mas se formos sábios como o mordomo da parábola, daremos a essas riquezas um destino que garanta resultados eternos. Evidentemente o assunto da parábola não é salvação, mas provisão, portanto isso não invalida o fato de que coisa alguma, incluindo riquezas, caridade, trabalho para Deus etc. pode nos dar a salvação, a qual só recebemos pela graça de Deus e pela fé em Cristo e em sua obra substitutiva e expiatória na cruz.
Depois de salvos (e não como meio de salvação), passamos a conquistar novos “amigos” eternos e a “fornecer material de construção”, por assim dizer, que resultará, não em salvação, mas em galardão (recompensa ou prêmio). (1 Co 3:12-15) “E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo”.
Uma historinha que li certa vez ilustra bem isso. Conta que um homem chegou no céu e viu muitas mansões construídas para habitação dos salvos. No final da rua havia um casebre e o anjo indicou que ali seria sua morada. O homem reclamou, mas o anjo explicou: “Foi o melhor que pudemos fazer com o material que você mandou”.
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De onde vim, o que sou, para onde vou?
Você pergunta como posso saber de onde vim, o que sou ou estou fazendo aqui, e para onde vou. Bem, do mesmo modo como você lê em sua certidão de nascimento e acredita no que foi escrito lá por homens, eu também tenho a minha certidão de nascimento e sei que nasci de meus pais. Porém tenho outra certidão na qual acredito que também foi escrita por homens, porém inspirados por Deus. É a “certidão” ou Palavra de Deus. Aliás, eu confio mais nesta do que naquela que está no cartório.
Vim de Deus, estou aqui para testemunhar dele e adorá-lo, e vou para o céu viver eternamente com meu Salvador. Isso a Bíblia afirma em muitas partes.
A resposta para a pergunta “De onde eu vim?” pode ser encontrada aqui:
(Jo 1:1-3) “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
O Verbo aqui é Jesus, que é Deus e estava com Deus, por meio de quem todas as coisas foram feitas e sem ele nada do que foi feito se fez. Portanto, vim de Deus, que me criou por intermédio do Verbo que é Jesus.
No sentido material da coisa, nasci de meus pais, nascido “do sangue”, da “vontade da carne” e “do varão”, como o mesmo evangelho de João esclarece no versículo abaixo. Porém nasci de novo, nasci de Deus, como o mesmo versículo indica falando daqueles que receberam a Jesus como Salvador e Senhor. Você lê mais sobre isso no capítulo 3 do mesmo evangelho de João.
(Jo 1:12-13) “Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.
Sua segunda pergunta, “o que estou fazendo aqui?”, também é respondida pela Bíblia. Deus tem o desejo de que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, e isto acontece ainda aqui nesta vida.
(1 Tm 2:3-5) “…Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”.
Se observar bem, verá que Deus deseja isso, porém também só existe uma forma de alcançar a salvação e o conhecimento da verdade, que é através do um só ou único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, aquele que é, ao mesmo tempo, Deus e Homem.
Além desse desejo de Deus para com os homens, existe o seu propósito para nós, que é fazer de nós adoradores:
(Jo 4:23) “No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura”.
Ao crer em Jesus como meu Salvador e Senhor, fui feito apto para ser um adorador de Deus, que é o propósito para o qual fui criado. Portanto, estou neste mundo hoje nesta função de adorador, uma função que se estenderá por toda a eternidade. Enquanto esta razão de minha existência é permanente e começa aqui nesta vida, outras razões pelas quais estou aqui neste mundo são transitórias.
(1 Pe 1:6-8) “…na qual [salvação] exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória”.
Ao crer em Cristo, Deus perdoou TODOS os meus pecados, me santificou (separou), me justificou e já me colocou, posicionalmente, nos lugares celestiais como coerdeiro com Cristo. Porém, condicionalmente ou circunstancialmente, Deus me deixa ainda um tempo aqui para eu conhecer coisas de meu Salvador que não seria possível conhecer no céu. Uma delas é exercitar a fé e a confiança em Quem não posso ver. Outra é reconhecer que até mesmo as provações são para meu benefício no longo prazo, resultando em louvor, glória e honra quando Cristo voltar.
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Cristãos podem construir altares?
Assim que li seu e-mail, fiquei preocupado e fui procurar qual seria o artigo que você teria lido, pensando ter me equivocado na tradução do texto. Encontrei a palavra “ridículo”, que você achou inadequada, no texto “Por que nos reunimos assim”. O artigo não foi escrito por mim (eu nem era nascido) e apenas o traduzi. O texto é uma transcrição do que disse J. R. Gill em 1926 em uma conferência em Chicago. Como ele já não está aqui para responder, vou tentar fazê-lo.
Você escreveu: “O articulista usou a palavra ‘ridículo’ em determinado ponto do artigo e a imagem que logo me veio foi de alguém bradando do alto de um pedestal contra a plebe ignorante.”
A imagem que você teve certamente não foi a que o autor queria passar. O termo “ridículo” do texto foi escolha minha para a tradução que fiz há alguns anos e talvez, por às vezes significar em português “digno de zombaria”, você tenha tido essa impressão de todo o texto. Pensando em facilitar a leitura para o maior número possível de leitores, acabei traduzindo a palavra “travesty” do original em inglês para “ridículo”. No original está assim:
“There is no other altar today. To set up an altar in a church is a travesty! It is an abomination!”.
Em minha tradução ficou assim:
“Não existe hoje nenhum outro altar. Estabelecer um altar em uma igreja é ridículo! É uma abominação!”.
A tradução não está errada. Além de “ridículo”, são muitas as traduções possíveis para “travesty”:
“paródia”, “caricatura”, “farsa”, “distorção”, “disfarce”, “dissimulação”, “fingimento”, “tragédia”, “imitação ruim”, “imitação burlesca”, “imitação exagerada”.
O dicionário explica que travestir significa vestir alguém ou a si próprio de modo a aparentar ser do outro sexo ou de outra condição ou de outra idade. Também pode ser entendido como alterar a própria aparência, caráter ou natureza, ou tornar-se irreconhecível. Também tem o sentido de falsificar.
Os significados das palavras mudam ao longo do tempo e nem sempre é fácil entender o real sentido que alguém quis dar a uma palavra em 1926. Por exemplo, naquela época dizer “that man is gay” queria dizer simplesmente “aquele homem é alegre”.
Do mesmo modo a palavra “igreja” nos tempos do Novo Testamento queria dizer simplesmente “reunião” ou “ajuntamento” de pessoas, jamais um edifício de pedras ou tijolos. A palavra “igreja” foi tão distorcida que até mesmo perdeu seu significado original para a maioria das pessoas. Se nos tempos dos apóstolos você dissesse que a igreja em Corinto estava precisando de uma pintura, os cristãos daquela cidade iriam pensar que você ficou louco. Que ideia é essa de pintar um grupo de pessoas?
A mesma distorção ocorreu com a palavra “altar”. Na Bíblia “altar” significa uma plataforma onde são oferecidos sacrifícios cruentos ou não. A palavra original para altar em hebreu é mizbe’ah, que significa “lugar de matança ou sacrifício”, e aparece pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 8, quando Noé matou e queimou animais sobre um altar.
Em Êxodo 20:24, 25 o altar podia ser feito de um monte de terra ou uma pilha de pedras, contanto que as pedras não fossem lavradas e que o altar ficasse no nível do chão, ou seja, quem fosse sacrificar sobre ele não poderia subir degraus. O altar podia tanto ser para oferendas como para queimar incenso, e em Isaías 65:3 Deus abomina o altar construído de tijolos, costume que os israelitas provavelmente tomaram dos babilônios.
A palavra “ridículo” no texto em maneira alguma foi aplicada às pessoas que se congregam em lugares onde existe um altar, mas sim ao ato de colocar algo assim em um lugar de adoração cristã.
Com base na impressão equivocada que a palavra “ridículo” causou em você ao referir-se ao altar que os cristãos hoje constroem em seus templos ou “igrejas”, você inferiu que o autor seria “alguém bradando do alto de um pedestal contra a plebe ignorante”. Será que você se congrega em um local de reuniões cristãs ao qual dá o nome de “templo” ou “igreja”? Será que nesse local tem um altar construído de tijolos que fica acima do nível do piso e é acessado por degraus? Será que esse altar foi construído para outro propósito que não seja o de sacrificar animais ou oferecer incenso sobre ele?
Se todas as respostas forem sim, e é o que normalmente ocorre na maioria dos lugares aonde os cristãos se dirigem para adorar a Deus, talvez seja esta a razão de sua indignação. Pode ter certeza de que eu me indignei muito mais e por vários outros motivos da primeira vez em que tive contato com irmãos que me mostraram os erros que eu estava cometendo na denominação onde frequentava.
Se for o caso de você ter um altar no lugar onde frequenta, eu pergunto: qual é a razão da existência desse altar ou o que ele significa? Será que é apenas um mobiliário que o catolicismo emprestou do judaísmo, ou o protestantismo emprestou do catolicismo, sem nem mesmo perguntarem o por quê?
No texto que leu o autor chegou ao comentário que mencionou depois de explicar bem que a adoração cristã não tem nada a ver com a adoração judaica, daí a colocação de um altar para cristãos ser o mesmo que travestir o cristianismo de judaísmo. Um “altar cristão” é uma imitação ridícula, distorcida e ruim, palavras que ainda não são fortes o suficiente para o significado que um altar assim expressa: trata-se de um abominável desprezo ao que a Palavra de Deus claramente nos diz em Hebreus, quando convidava os cristãos a se desvencilharem de tudo aquilo que representava o culto judaico:
(Hb 13:10-14) “Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo. Porque os corpos dos animais, cujo sangue é trazido para dentro do santo lugar pelo sumo sacerdote como oferta pelo pecado, são queimados fora do arraial. Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a vindoura”.
Em que pese a boa intenção de cristãos que constroem e enfeitam seus altares, nosso guia não são as boas intenções, mas a Palavra de Deus, e devemos julgar todas as coisas somente por ela. Não nego que existam boas intenções em um cristão evangélico que constrói um templo com um altar em seu interior, ou em um cristão católico que enche seu templo de imagens de cristãos veneráveis, mas enquanto cabe somente a Deus julgar o intento dos corações, a nós cabe julgar a prática visível. Pessoas que se amam praticam sexo fora do casamento com a melhor das intenções, mas isso não torna a prática certa, por mais que Deus ame essas pessoas.
Mas fica evidente, ao ler a continuação de seu e-mail, que o cerne da questão não está no altar ou no templo, coisas “travestidas” do judaísmo, mas no fato de o autor dizer que a maneira bíblica para os cristãos se congregarem é somente ao nome de Jesus, e não agregando outros nomes que dividam os mesmos filhos de Deus em diferentes “tribos”.
Você escreveu: “Então porque esta celeuma toda em cima de algo que já existe e vai continuar até a volta de Cristo? Aliás, a celeuma pode existir, o que não pode é a arrogância. Melhor ainda, pode até a arrogância, pode tudo. Só precisa saber que existem pessoas que pensam diferente e estas pessoas vão continuar existindo até a volta daquele que sabe todas as coisas”.
Você pode justificar suas posições pela Palavra de Deus? Estaríamos nós obrigados a simplesmente aceitar as coisas do jeito que elas são porque os homens as fizeram assim e esperar a volta de Cristo sentados confortavelmente no banco de uma “igreja” com práticas antibíblicas? Ou será que nos é dito para “julgarmos todas as coisas” e retermos o bem?
Um cristianismo cuja “Bíblia” seja formada pelos costumes dos cristãos, e não seja propriamente Palavra de Deus, é um cristianismo apóstata, simplesmente porque o caminho da cristandade como um todo é o da apostasia, como bem descreve Paulo em 2 Timóteo 3. O que é a Babilônia de Apocalipse senão a prostituta, a falsa noiva, a cristandade apóstata que abandonou a verdade? E o que são as pessoas descritas em 2 Tessalonicenses, “que não receberam o amor da verdade”, senão os mesmos apóstatas que preferem seguir o “status quo” ou a prática corrente da religião ao invés de fazerem como os varões de Bereia e conferir nas Escrituras para ver se as coisas são de fato assim?
Ao sentir-se ofendido pelo texto, cujo único objetivo é apontar para aqueles que desejam conhecer o que Deus diz na Palavra de Deus em contraste com os costumes do mundo cristianizado, você levou a coisa para o lado pessoal, achando que o autor estava criticando a fé de pessoas que com uma vida de devoção a Deus, ainda que dentro de uma denominação. É preciso ir muito além do texto para pensar assim e tirar as conclusões que tirou.
Em nenhum momento é colocada em dúvida a fidelidade das pessoas, mas sim algumas de suas práticas que são contrárias à doutrina dos apóstolos. Na maioria das vezes, não por deliberada desobediência, mas por simples desconhecimento. Eu prefiro que alguém aponte algo que esteja fazendo de errado por desconhecer, do que continuar ignorando. Posso não gostar no início, mas depois vejo que a correção foi proveitosa.
(Hb 12:11) “Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados”.
A única Pessoa para a qual os cristãos devem estar congregados é a Pessoa de Jesus. E o único nome bíblico para os cristãos estarem congregados é o nome de Jesus. Mostre-me na Bíblia algum outro nome e eu irei prontamente concordar que você está com a razão. Deus, em sua graça, é capaz de relevar muitos de nossos erros e equívocos, por mais devotos e piedosos que sejamos, mas você sabe que com o conhecimento vem a responsabilidade. E agora você conhece. O fato de sua avó e tantos outros servos de Deus que tanto contribuíram para a disseminação do evangelho no Brasil desconhecerem isso não altera o fato de que temos princípios claros na Palavra de Deus a respeito.
Espero que estes textos possam esclarecer melhor o assunto, e tenha por certo que o que você chamou de “celeuma” nada tem a ver com a fé e devoção individual de milhões de cristãos em todo o mundo que ignoram que Deus é honrado quando representarmos que há um só corpo na prática na forma como nos reunimos. O desejo expresso pelo Senhor é muito claro:
(Jo 17:20-24) “E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim. Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo”.
Pode o mundo enxergar unidade em um testemunho picado nessa colcha de retalhos formada por milhares de denominações?
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Não devemos julgar nossos irmãos?
Este correspondente achou que, ao escrever sobre os erros cometidos por muitos na cristandade, eu estaria incorrendo no erro de julgar meus irmãos em Cristo. Com base no “não julgueis” e no “obedecei a vossos guias” muitos hoje conseguem cegar multidões de cristãos ao tirarem deles a liberdade de conferir todas as coisas com a Palavra de Deus. Por isso acho importante publicar o que respondi a este irmão, mostrando a diferença entre julgar os motivos do coração (o que cabe a Deus) e julgar as práticas dos homens religiosos.
Meu objetivo não é debater (e sei que o seu também não é) e tampouco olho para você de cima para baixo com sentimento de desprezo por você pertencer a uma denominação e eu não. Se fizer assim não estarei agindo com o amor que deve nortear todos os atos de um salvo por Jesus. Entenda que o que quero é apontar para você é apenas o que a Bíblia diz sobre determinados assuntos que são importantes aos olhos de Deus, embora aos nossos olhos possam parecer banais.
Nosso Deus é também um Deus de detalhes, que deixou instruções muito claras tanto para seu povo da antiguidade (Israel) como para o seu povo atual (Igreja). Pequenas coisas podem fazer grande diferença. Quando um navio desvia um grau que seja de seu rumo, lá na frente o ângulo que se formará o levará a um ponto a quilômetros de distância do destino pretendido.
Você alega que, ao escrever sobre o que a Palavra fala do modo como os cristãos devem estar congregados, eu estou aproveitando mal a oportunidade de edificar os irmãos. Mas se visitar www.stories.org.br verá mais de mil páginas de diversos assuntos. Uma parte é evangelística (Histórias de Verdade), outra é de comentários bíblicos (Chapter-A-Day) escritos por um irmão canadense que já está com o Senhor (stories.org.br/chaday) e uma pequena seção é a dos textos que você acessou (stories.org.br/library). Em um universo de mais de mil páginas daquele site, meia dúzia (ou menos) tratam da questão de como os crentes devem se reunir.
Meu outro site “O que respondi” (respondi.com.br) tem mais de mil respostas a e-mails, a maioria de dúvidas diversas. Neste site há um número maior de respostas abrangendo o assunto “igreja” porque é isso o que está trazendo desgostos e dúvidas à maioria dos cristãos que estão sendo vítimas dos mercadores da fé, que enchem as estações de rádio e TV ávidos por dinheiro (se ler 2 Timóteo 3 verá que uma das características desses homens é a avareza, que é o amor ao dinheiro). Não posso evitar que existam tantas respostas sobre o assunto quando existem tantas perguntas.
Meu outro site “O evangelho em 3 minutos” (3minutos.net) tem quase 200 páginas de vídeo, texto e áudio e é evangelístico em sua essência, mas também ajuda os que já creem a entenderem melhor o evangelho. Infelizmente, ao analisar “uma gota” deste ministério você tirou suas conclusões equivocadas a respeito de “um oceano”.
Ao comentar esta ou aquela prática dos cristãos nos sistemas religiosos não estou fazendo um julgamento de corações, mas de ações realizadas fora das instruções dadas por Deus em sua palavra. Deus mandou Moisés falar à rocha, mas Moisés feriu a rocha duas vezes por conta própria. Só por ter desobedecido essa simples ordem Moisés foi impedido de entrar na terra prometida. Deus mandou os israelitas fazerem uma serpente de bronze e olharem para ela para serem curados das picadas das serpentes quando estavam no deserto. Anos depois, já na terra prometida, a mesma serpente de bronze precisou ser destruída porque virou objeto de idolatria.
Como aconteceu com as boas intenções de Moisés ou dos israelitas, somos propensos a sair do rumo quando olhamos para nossas boas intenções. Graças a Deus temos a Palavra de Deus para nos guiar. Se não podemos justificar algo pela Palavra, ou se ela condena abertamente algo que fazemos, o melhor é mudarmos nossa maneira de proceder e nos submetermos à Palavra de Deus em humilde obediência.
Se eu vir um cristão sincero construindo um altar de tijolos ou se inclinando diante de um ídolo devo simplesmente deixar que ele siga adiante porque está com boa intenção? Não fazemos isso com um filho que está em um caminho errado. Assim como qualquer crente em Cristo eu tenho o respaldo das Escrituras para avisar aquelas pessoa que não temos hoje um altar como antigamente, ou que deve tirar o ídolo dali. Creio que você já fez isso muitas vezes, ou seja, exortar pessoas a deixarem certas coisas porque poderiam servir de tropeço ou eram contrárias às instruções da Palavra de Deus.
Talvez sua principal dúvida seja esta: Com que autoridade um cristão pode julgar as práticas de outro cristão que age com boas intenções? A resposta direta é com a autoridade que Deus nos dá por sua Palavra, mas é bom lembrar que não podemos misturar duas coisas que são diferentes:
1. Julgar as pessoas, seu coração, intenções, etc. (o que cabe a Deus)
2. Julgar as ações e práticas, pecados, erros, etc.
Para o primeiro caso temos passagens como (Mt 7:1) “Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Para o segundo caso temos o verbo “julgar” em várias situações que envolvem ações:
(Jo 7:24) “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”.
1 Co 6:2-5 “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Para vos envergonhar o digo: Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?”
(1 Co 5:12-13) “Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.
(1 Co 14:29) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (o que foi falado).
Você escreveu: “Se você considera as práticas antibíblicas, então são heréticas. Se são heréticas, quem as pratica está servindo a outro senhor. Conclui-se então que não são irmãos em Cristo. Se não são irmãos em Cristo seus nomes não estão no livro da vida. É isto?”
De maneira nenhuma. Todo aquele que crê em Cristo como Salvador e Senhor é salvo, independente de onde está congregado e da quantidade de erros de seu modo de adorar a Deus. Mas cabe àqueles que se importam com esses irmãos ajudá-los a entender as Escrituras, não é assim? Veja o que dizem os apóstolos inspirados pelo Espírito Santo:
(Rm 12:8) “o que exorta, use esse dom em exortar”.
(Tt 2:6-15) “Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados… Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze”.
(2 Tm 4:2-3) “… que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão [suportarão] a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”.
Ao contrário do que você pensou, ao achar que eu estivesse dizendo que “somente quem frequenta uma reunião num local que não tem nome será salvo”, a salvação é por graça somente e fundamentada na obra de Cristo, não no que fazemos ou deixamos de fazer, onde reunimos ou não reunimos.
Quanto à apostasia à qual me referi, é o abandono da verdade. Existe uma diferença, porém, entre aquele que deliberadamente abandona a verdade e aquele que ignora que esteja na prática errada. A cristandade como um todo vive hoje no estado de Laodiceia, a última carta de Apocalipse. Rica e abastada, etc., mas o Senhor está à porta, do lado de fora, esperando alguém abrir. Quando digo a cristandade, isso é geral, inclui você e eu.
A qualquer momento Cristo virá para arrebatar sua Igreja, isto é, todos os salvos, não importa onde estejam reunidos. A sorte estará selada para aqueles que ouviram o evangelho e não creram e aí sim a Babilônia irá se manifestar com todo o seu engano. Veja que após o arrebatamento continuarão a existir “cristãos” e “igrejas” neste mundo, mas só poderão ser salvos os que nunca ouviram o evangelho (leia 2 Tessalonicenses 2:11 para entender). Para ver que Deus pode ter o seu povo até dentro do sistema mais errado, veja o que é dito acerca da Babilônia em Apocalipse 18:4: “Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas”.
Apesar de muitos protestantes acharem que a Babilônia de Apocalipse é a igreja católica, a verdade é que se trata de todo o sistema da cristandade, envolvendo católicos e protestantes.
Segundo você, não importa como os cristãos decidam se reunir, o importante apenas é que no final cada um dará conta de si diante do Senhor. Bem, mas se temos indicações claras para essas coisas nas Escrituras, por que agir segundo os próprios pensamentos a este respeito seria menos errado do que agir segundo os próprios pensamentos nas outras coisas desta vida?
Em Lucas 12:47 diz que “o servo que soube a vontade do seu Senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites”. Embora sabendo que os cristãos não receberão açoites (a passagem fala da obediência e do que perdemos ou ganhamos), aqui mostra como é importante andarmos conforme aquilo que o Senhor nos tem mostrado. Será que você acha mesmo que cada um deve agir de acordo com o que achar melhor? Não, você sabe que Deus não quer assim, apesar de hoje os cristãos estarem assim, no mesmo estado em que estava Israel em uma época de ruína, conforme atesta o triste lamento com que termina o livro de Juízes:
(Jz 21:25) “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”.
Não quero mais aborrecer você. Você considerou falta de amor eu julgar o modo de proceder das denominações onde existem tantos irmãos sinceros e piedosos, por isso deixo para sua meditação um versículo que fala de duas coisas que precisam andar sempre juntas: verdade e amor.
(2 Jo 1:3) “Graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor”.
(3 Jo 1:1) “O ancião ao amado Gaio, a quem eu amo em verdade”.
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Devo guardar o sábado?
Fico contente por saber que meus textos e vídeos têm sido de ajuda. Quanto à sua discordância a respeito do que tenho escrito sobre a guarda do sábado, não me lembro de ter dito em algum lugar que a lei foi abolida. A lei continua tendo o seu papel e o Senhor mesmo disse que não veio abolir a lei, mas veio cumpri-la. Aliás, ele foi o único capaz de cumpri-la.
Porém é preciso entender que temos duas coisas muito distintas na Palavra de Deus: o que era antes da igreja e o que é para a igreja. Até a morte e ressurreição de Cristo você vê Deus tratando com o seu povo terreno, os judeus. A partir daí temos a igreja, um novo povo, escolhido até mesmo antes dos judeus nos desígnios de Deus, antes mesmo da fundação do mundo. É na doutrina dos apóstolos (as epístolas) que vemos encontrar aquilo que é para esse povo.
Vi que sua dificuldade está com o sábado ou o Sabbath judeu, por acreditar que o cristão deva guardar o sábado assim como faziam os israelitas. Você disse pertencer a uma denominação que guarda o sábado, mas não disse qual. Antes de continuar, quero alertá-lo de que, se você pertence à religião adventista, está colocando sua confiança em algo cujas bases não são dignas de crédito por terem sido estabelecidas em desobediência à Palavra de Deus.
O Adventismo tem suas bases no movimento criado por William Miller, que tinha o péssimo hábito de marcar a data da volta de Cristo. Mais tarde o movimento adotou uma profetisa, Ellen White, que alegava ter visões e receber revelações. O Adventismo atual é baseado nos ensinos e visões de Ellen White e a Palavra de Deus nos dá razões suficientes para não darmos crédito a esses ensinos.
“Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. Porventura foi de vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”. (1 Co 14:33-37).
Se Ellen White se considerasse realmente espiritual, ela teria reconhecido este mandamento do Senhor: que as mulheres não devem ensinar e devem permanecer caladas nas reuniões da igreja. Não se trata de considerar a mulher inferior ao homem ou de um capricho cultural da época neotestamentária, mas é apenas uma questão de ordem que o próprio Deus estabeleceu. “Reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”. A razão é explicada aqui:
“A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. (1 Tm 2:11-14).
Adão não foi enganado, mas simplesmente decidiu seguir sua mulher na decisão que ela já tinha tomado. Eva foi na conversa da serpente e acabou enganada. Por esta razão Deus não permite que a mulher ensine ou fale nas reuniões da igreja: a mulher é mais suscetível de ser enganada nas coisas referentes à doutrina (mais uma vez, não sou eu quem diz isso, mas a doutrina dos apóstolos). Ela tem a sua própria esfera de atuação, mas esta não inclui ensinar doutrinas aos homens.
Por não saber se você segue ou não os ensinos de Ellen White, vou interromper minha resposta por aqui até ter ciência disso. Se você realmente pertencer à religião adventista não haverá qualquer proveito em eu tentar lhe mostrar pela Bíblia a razão de não guardar o sábado. Você continuará tirando suas conclusões das doutrinas ensinadas por uma mulher, algo claramente desautorizado por Deus. De nada adiantará eu tentar curar o ferimento no pé de alguém que pretende continuar usando sapato com prego.
Quando o alicerce de uma casa está fora do projeto original, todas as suas paredes, por mais belas e firmes que sejam, estarão igualmente fora do projeto original. É uma questão de fundamento. Você segue as doutrinas ensinadas por essa mulher? Então precisa resolver isso antes de querer entender outras coisas.
Mas, se não for este o caso, por favor, volte a escrever e terei prazer em esclarecer este ponto segundo o que encontro na Palavra de Deus.
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A igreja não evangeliza?
Sua dúvida tem a ver com a comissão dada aos apóstolos em Marcos 16:15-16: “E disselhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.
Esta ordem foi primeiramente dada aos apóstolos ainda em seu caráter de judeus pregando as boas novas do Reino e deve ser lida no contexto de Mateus 24:14 “E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”
O evangelho do Reino tinha o caráter do anúncio feito por João Batista: “Arrependei-vos que é chegado o reino de Deus” e voltará a ser pregado após o arrebatamento da igreja, quando um remanescente judeu fiel se converter nos sete anos que precederão a volta de Cristo para reinar.
Neste sentido, os apóstolos tiveram pouco tempo para obedecer àquele “Ide por todo o mundo”, considerando que após a morte e ressurreição de Jesus eles passaram a pregar o evangelho da graça, cuja mensagem é: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”. O remanescente judeu fiel, este sim, irá pregar o evangelho do reino por todo o mundo para todas as nações antes do fim.
O evangelho da graça, por sua vez, não será pregado em todo o mundo como é o caso da ordem dada quanto ao evangelho do Reino. A igreja será arrebatada antes que o mundo todo escute o “crê no Senhor Jesus e serás salvo”, ficando a cargo dos judeus convertidos dar continuidade ao trabalho de anunciarem a Jesus a todo o mundo, porém num caráter muito mais associado ao trabalho dos apóstolos judeus de antes da fundação da igreja em Atos 2.
Tudo isso leva ao cerne de sua dúvida: Qual é o papel da Igreja no evangelismo? Na verdade estamos tão acostumados a ver as denominações como “obras evangelísticas” que nem nos damos conta de que os primeiros cristãos, quando se reuniam como assembleia ou igreja, não se reuniam para pregar o evangelho aos incrédulos, mas “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. Outra tradução diz: “E perseveravam no ensino e comunhão dos apóstolos, no partir do pão e nas orações” (J.N.D.) (At 2:42).
Portanto, a atividade de pregar o evangelho não é da assembleia ou igreja, mas do evangelista, muito embora todas as coisas estejam conectadas. Não haveria igreja se não existissem aqueles que saem para pregar aos incrédulos. E estes não sairiam se o próprio Jesus não tivesse distribuído os dons visando a edificação da igreja:
(Ef 4:11) “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.
Primeiro vêm os apóstolos e profetas (do Novo Testamento) que tiveram a missão de lançar os alicerces ou fundamentos da Igreja, sendo Cristo a pedra angular. Estes já não existem em nossos dias, pois o alicerce já foi lançado.
Então vemos os outros três dons, dentre eles o de evangelista. Deu para perceber que o evangelismo não é um trabalho corporativo, ou seja, da igreja ou assembleia como se fosse uma organização evangelística? O evangelismo é uma tarefa do dom de evangelista, algo que Cristo dá a indivíduos, não a uma coletividade ou corporação. Veja a ordem das coisas e o exercício desses dons nesta passagem:
(At 11:19-21) “Aqueles, pois, que foram dispersos pela tribulação suscitada por causa de Estêvão, passaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. Havia, porém, entre eles alguns cíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu ao Senhor”.
Aqui você vê o trabalho dos evangelistas, que é ir anunciar o evangelho para as pessoas se converterem ao Senhor, não a alguma religião, denominação ou mesmo a um grupo de irmãos. A área de atuação do evangelista é o mundo, não os irmãos em Cristo.
(At 11:22-24) “Chegou a notícia destas coisas aos ouvidos da igreja em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia; o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração; porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor”.
Agora é a vez do pastor. Cabe a ele cuidar e pastorear as ovelhas, alimentá-las de leite, exortá-las a perseverar no Senhor, ajudá-las a se unirem ao Senhor. O pastor ajuda a manter as ovelhas juntas em torno de Cristo, o verdadeiro Pastor. Agora sim vemos uma assembleia se formando em Antioquia.
(At 11:25-26) “Partiu, pois, Barnabé para Tarso, em busca de Saulo; e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos”.
Vem agora o trabalho do mestre ou doutor, exercido aqui por Paulo, que é o de ensinar e edificar os irmãos. Barnabé reconhece a limitação de seu dom (pastor) e sai em busca da ajuda de outro dom (Paulo, mestre ou doutor), embora o plural indique que Barnabé também participa do ensino naquela assembleia.
Lembre-se de que quando falo pastor aqui não estou me referindo ao cargo ou profissão que a cristandade inventou com esse nome, geralmente um homem colocado à frente de uma congregação para pregar o evangelho, pastorear e cuidar das ovelhas, e ensinar doutrina, como se tivesse ele próprio todos os dons de evangelista, pastor e mestre.
No trecho acima de Atos 11 vimos uma iniciativa individual dos evangelistas em levar as boas novas, o reconhecimento de uma assembleia (Jerusalém) de que havia irmãos necessitados de um pastor em Antioquia (daí Barnabé é enviado com esta missão) e finalmente os próprios irmãos em Antioquia revelando sua necessidade de conhecer mais e outro irmão, Paulo, indo em seu socorro.
É assim que as coisas funcionam. Aqueles que pregam o evangelho saem pregando sem consultarem ou serem enviados por alguma junta de homens, organização ou “igreja”. Muito embora eles possam receber o apoio, encorajamento e até auxílio material dos irmãos, é do próprio Senhor, que lhes deu o dom de evangelista, que recebem sua comissão. Na volta eles trazem as alegres novas dos que se converteram e que agora serão congregados pelo Espírito ao nome de Jesus. Veja o que escreveu J. N. Darby a respeito:
“Um evangelista é servo de Cristo, não da assembleia; mas onde quer que ele esteja, ele pertence à igreja. Se não existir uma assembleia reunida onde ele está, então ele está ali só, mas se existir uma assembleia ele faz parte dela. E a primeira coisa que ele deve considerar é estar congregado para Cristo. Digamos que eu vá para a Galácia e o Senhor converta cinquenta pessoas. Eles estão congregados a Cristo, não à assembleia da qual eu vim. Um evangelista serve para a edificação do corpo de Cristo, no sentido de que ele traz as almas e as adiciona. Como você poderia formar uma igreja sem pessoas, sem tijolos (ou, devo dizer no sentido das escrituras, sem “pedras”?). Todavia, a este respeito devo tomar o máximo cuidado com duas coisas: de uma pessoa se separar em espírito dos santos, ou de uma assembleia pensar que a obra dessa pessoa é da assembleia. Creio ser de grande importância que o obreiro deva ser claramente servo de Cristo; mas se o seu trabalho for feito no espírito de separação dos santos, não posso estar de acordo. Um evangelista não necessariamente congrega pessoas a alguma coisa além de Cristo; pessoas com um pleno conhecimento de sua redenção. Se não tiverem a Cristo e um pleno conhecimento da redenção, elas não poderiam progredir de outra maneira”. J. N. D.
Outro comentário que encontrei é de outro irmão também do século 19 congregado ao nome do Senhor (só encontrei suas as iniciais H. P. B.), dando sua opinião sobre uma assembleia que estava querendo promover uma reunião regular com um dos que pregava o evangelho para que ele apresentasse de antemão seus planos e depois os resultados de seu trabalho:
“Isso deixaria de considerar muito daquilo que o evangelista é chamado a fazer. Será que Filipe, por exemplo, teria informado de antemão os irmãos de Samaria de que iria fazer sua jornada em um lugar deserto? Todavia, uma objeção ainda mais séria a uma ideia assim está no fato de que, se um evangelista criar o hábito de apresentar de antemão sua obra aos seus irmãos, é certo que haverá diversidade de opiniões e um zelo vindo de uma variedade de sugestões. Acaso, quando isto acontece, não são justamente aqueles com a menor experiência no trabalho de ganhar almas os que mais impõem o modo como eles acham que as coisas devem ser feitas? Dificilmente o evangelista deixaria de ser influenciado e talvez até mesmo limitado por essas opiniões e conselhos, e não é difícil enxergar os tristes resultados de um plano como esse” H. P. B. – 1898.
Dentro das denominações a obra do evangelho é vista como uma atividade da “igreja” como um todo, não apenas do evangelista, e daí a confusão. Então surgem aqueles apelos de que a igreja precisa ganhar almas para Cristo, no qual está subentendido que não é apenas um trabalho da denominação, como também tem o objetivo de angariar mais membros para a denominação.
Na verdade, a grande maioria dos chamados “cultos” cristãos (tirando os mercadores da fé e fazedores de milagres da TV) é na realidade pregações do evangelho. Dia após dia os que frequentam aquela “igreja” são convidados a vir à frente aceitar a Cristo. Depois são enviados relatórios à sede dando conta de quantos novos “membros” foram acrescentados.
Eu mesmo já vi um evangelista fazer um convite para uma população carente com as palavras: “Quem quiser aceitar a Cristo venha à frente para sair na fotografia”. Obviamente todo mundo queria sair na foto e o relatório que o “evangelista” enviou à sede teve números bastante expressivos de “conversões”. Como em algumas denominações esses obreiros ganham pontos ou prestígio pelo número de novos membros que conquistam, não é difícil imaginar que alguém vá inventar conversões para obter benefícios.
Eu me lembro de quando me congregava com os irmãos de uma pequena congregação denominacional no início de minha vida de convertido. Éramos menos de dez pessoas e não havia um “pastor” da denominação, mas as pregações eram feitas por um irmão “leigo”. Quando cheguei passei a ajudá-lo. Nosso objetivo era sempre o de trazer pessoas para os “cultos” e a mensagem era sempre evangelística.
Lembro-me de uma noite quando não apareceu nenhum incrédulo e ficamos sem saber o que fazer. Não tínhamos ideia de que o evangelismo não é uma atividade da igreja como um todo, mas dos evangelistas, e muito menos de que os cristãos se congregam para Cristo, não para os incrédulos. A atividade normal da assembleia é a adoração na ceia do Senhor, a oração e a ocupação com a doutrina dos apóstolos, conforme vimos em Atos 2.
Creio que sua dificuldade está nas ideias que você trouxe das denominações e que criam essa confusão toda. Portanto, se você sente de Deus o chamado para pregar o evangelho, vá em frente e pregue. As pessoas que se converterem serão exortadas a se congregarem para o Senhor e ao seu nome somente, e farão isso na assembleia mais próxima.
Mas tenha sempre em mente que a pregação do evangelho não é o anúncio de um lugar para as pessoas se reunirem; não é uma pregação de uma comunidade de irmãos, ou de um grupo no qual elas se sentirão incluídas. Pregar o evangelho é anunciar a Cristo e sua obra na cruz. Não é anunciar a cura do corpo ou a libertação das dívidas, mas é mostrar o poder do sangue derramado na cruz para nos purificar de todos os nossos pecados. Um evangelho sem sangue não é o puro evangelho da graça de Deus, pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). No momento em que uma pessoa crê no Salvador ela já passa a fazer parte do Corpo de Cristo que é a igreja, independente se irá se congregar ou não em algum lugar.
Ela não precisará ser batizada por um determinado grupo para fazer parte do corpo de Cristo. Ela também não precisará ser “rebatizada” se já tiver sido batizada em nome de Jesus (isto é, com a delegação que veio dele ou “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”), e nem precisará começar a se congregar ou a participar da ceia do Senhor para ser um membro do corpo. É por ser membro do corpo de Cristo que ela pode desfrutar desse privilégio.
Lembre-se: cada pessoa salva por Cristo é acrescentada por ele à Igreja, que é o seu corpo, não por um “pastor”, um ritual ou uma carteirinha de membro. E ela não é acrescentada a “uma igreja” ou à “igreja do pastor fulano”, mas à “igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue” (At 20:28). “E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos”, ou em outra tradução, “e todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.
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Moisés inventou Deus?
Você argumenta que os judeus eram selvagens e, por este motivo, acreditavam que havia um Deus que controlava os trovões, chuvas, etc. Esse Deus, que você diz ter sido inventado por um povo atrasado e selvagem, é o mesmo no qual os cristãos, judeus e muitos outros hoje acreditam.
Você segue dizendo que Moisés errou ao escrever o capítulo 1 de Gênesis, que diz:
(Gn 1:16-18) “Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom”.
Segundo você o que Moisés ensinou estava errado, pois “hoje sabemos, conforme os ensinamentos da astronomia, que é a própria Terra com seus movimentos rotatórios que nos dá as noites”.
Não sei onde você mora, mas acredito que aí também o sol se põe no horizonte quando chega a noite, encerrando assim seu “governo” do dia. Acredito também que no calendário na parede de sua cozinha existam pequenos desenhos da Lua em suas diferentes fases, pois elas têm uma grande importância e utilidade para nós, influenciando as marés, o plantio, a colheita e até o dia em que nascem mais bebês. No gibi que você lia quando criança, você sabia se era dia ou noite na historinha porque havia um Sol ou uma Lua no quadrinho.
Pois bem, se você é capaz de ver o Sol nascer e ir subindo no horizonte, ou a Lua aparecer à noite, não será preciso muito esforço para entender o que Moisés quis dizer. A astronomia descreve as coisas usando um referencial. As pessoas há milênios usam o referencial de quem está na Terra. Por isso dizem que o Sol nasce, sobe, desce, se põe etc. porque adotam o referencial visual de quem está na Terra.
Se você estudou física saberá que tudo é relativo. A mosca pousada em meu braço durante uma viagem de avião está voando a 900 km por hora, mas ela não sabe disso porque seu referencial é o interior do avião.
Mas vamos ao seu primeiro comentário, dos “selvagens” judeus que inventaram um Deus que, segundo você, não existe. Você escreveu: “A verdade é que o Deus dos judeus não existe. O que existe é a inteligência universal que é tudo e está em tudo. Está em nós. Somos parte da inteligência universal. Por isso somos inteligentes”.
Seguindo seu raciocínio, Moisés era menos inteligente do que você (você o chamou de “selvagem”), por isso entendeu tudo errado e inventou um Deus que, segundo você, não existe. Mas você, por ser mais evoluído e inteligente do que Moisés, já superou essa fase de acreditar num Deus que controla “os trovões, relâmpagos, chuvas, etc.” Posso saber em que estágio dessa “inteligência” você se encontra?
Pergunto isso porque geralmente os ateus se consideram a última bolacha do pacote, pois se situam no tempo como se ninguém mais viesse depois deles e não existisse nada mais para descobrir. Mas o que seus descendentes pensarão de suas ideias daqui a alguns milhares de anos? Será que não dirão que você era um selvagem que viveu no século 21 e acreditava numa certa “inteligência universal”?
Geralmente os ateus acreditam na evolução, não só dos seres vivos, mas também da inteligência humana. O ponto é que aí está justamente o calcanhar de Aquiles de sua crença: se você acredita que a inteligência é algo em processo de evolução, você jamais poderá chegar a conclusão alguma, pois sua conclusão estará sendo tirada com uma inteligência incompleta e baseada apenas numa gama de fatos que seus parcos cinco sentidos foram capazes de perceber.
O conhecimento bíblico não é fruto da inteligência humana, mas provém da revelação divina. Deus revelou porque nós seríamos incapazes de “inventar” ou concluir as coisas que estão além de nossa percepção sensorial. Deus dá, não apenas a revelação, mas o seu Espírito para que o homem que crê entenda as coisas que não são do homem, mas de Deus.
Somos seres tridimensionais vivendo em uma esfera que inclui o tempo como quarta dimensão. Porém Deus, que “habita na luz inacessível” (1 Tm 6:16), ou seja, numa faixa do espectro à qual não temos acesso, quer nos falar de outra dimensão. Isso só pode ser dado por revelação e recebido pela fé, duas coisas que você aparentemente não conhece.
Sem revelação você fica num beco escuro de sua existência. Sem fé é impossível você entender as coisas reveladas, pois elas estão além da dimensão que seus meros sentidos e neurônios são capazes de detectar e entender. Para quem nunca comeu omelete, um ovo não passa de um pedregulho oval.
Deixo você com Paulo e as palavras que Deus lhe inspirou para mostrar que “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
“A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus. Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus; as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1 Co 2:4-14).
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Quantos apóstolos existem?
Com tanta gente hoje adotando o título “apóstolo” antes do nome, como se fosse “doutor”, não é de admirar que muitos fiquem sem saber se devem ou não acreditar nesses “apóstolos”.
Sua dúvida é sobre Andrônico, Júnias e Barnabé, que também seriam chamados de apóstolos. Quanto aos dois primeiros, a passagem diz: “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em Cristo.” (Rm 16:7).
Júnias pode ser uma forma reduzida de Junianus. Se for o caso, trata-se de nome de homem. Mas, como é mais provável, se for Júnia como nome feminino do jeito que aparece em algumas versões, pode ser esposa ou irmã de Andrônico. Quanto à opinião de alguns de que eram apóstolos, vamos analisar mais de perto.
“Os quais [Júnias e Andrônico] se distinguiram entre os apóstolos”. Creio que o sentido seja o mesmo de “os quais ganharam a admiração dos apóstolos”. Como provavelmente tenham se convertido antes de Paulo, “que foram antes de mim em Cristo”, devem ter sido frutos da obra de Pedro e dos outros nos primeiros dias da igreja, atraindo sobre si mesmos uma estima especial dos apóstolos.
Como a Bíblia não se interpreta com versículos isolados, basta darmos uma olhada nas prerrogativas para ser um apóstolo e qual a posição ocupada pela mulher na igreja para ficar claro que não se tratava de “uma apóstola” como alguns querem crer.
A mesma conclusão acima pode ser aplicada a Andrônico. Quanto aos outros apóstolos que aparecem na Bíblia, segundo as notas de Scofield, a palavra ‘apóstolo’, com o significado de ‘enviado’, é usada sempre para os doze que foram chamados para aquele ofício pelo Senhor durante seu ministério terreno, exceto em Hebreus 3:1, onde é usada para o próprio Senhor.
“Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus”.
Em outros sentidos ela é usada para Paulo, chamado para o apostolado pelo próprio Senhor ressuscitado e ascendido ao céu; para Barnabé (Atos 14:14) especialmente designado pelo Espírito Santo (Atos 13:2); para Matias, escolhido por sorte pelos onze para tomar o lugar de Judas Iscariotes (At 1:16-26), do qual é dito que “foi ele contado com os onze apóstolos”. (At 1:26).
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O que acha da Bíblia na Linguagem de Hoje?
Sua dúvida surgiu ao ler a versão da Bíblia na Linguagem de Hoje, por sinal uma péssima versão. Compare 1 Coríntios 11:5:
“E, se uma mulher não cobre a cabeça quando ora ou anuncia a mensagem de Deus nas reuniões de adoração, ela está ofendendo a honra do seu marido. Nesse caso, não há nenhuma diferença entre ela e a mulher que tem a cabeça rapada”. Bíblia na Linguagem de Hoje
“Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada”. Almeida Revista e Corrigida
Acredito que você não encontrará em nenhuma outra versão a expressão “nas reuniões de adoração” e muito menos essa quantidade de texto que foi inserida no versículo com a clara intenção, não de traduzir, mas de explicar segundo o entendimento do tradutor.
Não existe discrepância entre 1 Coríntios 11 e 1 Coríntios 14 quando você lê em uma versão confiável. Embora no capítulo 11 fale da mulher orar e profetizar (o versículo original não fala que é na igreja ou assembleia), e no capítulo 14 proíba a mulher de falar ou profetizar nas reuniões da assembleia, o sentido é aquele mesmo que o Bruce Anstey colocou no livro “A Ordem de Deus”.
Ou seja, 1 Coríntios 11 fala do geral e 1 Coríntios 14 fala do particular. Por exemplo, a velocidade máxima nas estradas brasileiras é 120 km/h, a menos que existam placas com limites menores. Podemos estacionar em qualquer lugar da cidade, menos nas ruas onde há sinalização proibindo estacionar. Assim é em relação a estas passagens.
Quanto à Bíblia na Linguagem de Hoje (ou Novo Testamento na Linguagem de Hoje), não é uma tradução da Bíblia, mas uma paráfrase para leitores com vocabulário limitado. A ideia por trás desse projeto (que começou em inglês) era publicar uma Bíblia acessível a quem tivesse um vocabulário bem pobre. Então eles limitaram o número de palavras a um determinado número e reduziram o texto. Ou seja, se existir algum termo na Bíblia que seja de difícil compreensão ele acabará sendo traduzido por algum mais popular, ainda que perca seu significado original. É como se você decidisse usar sempre “estrada” para todas as vezes que aparecesse no original as palavras caminho, rota, via, rua, avenida, calçada etc..
Na hora de escolher uma tradução é preciso cuidado. Hoje muitos dos tradutores que trabalham nos projetos de Bíblias nem sequer creem em Deus, mas são apenas linguistas profissionais. Não creio ser possível uma boa tradução feita por quem não sabe nada sobre o Autor.
Outro dia estava comparando a NVI (Nova Versão Internacional) com as traduções mais tradicionais e deu para ver o quanto o tradutor da NVI não fazia ideia do que estava traduzindo. Compare:
Nova Versão Internacional:
“A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e duzentos quilômetros de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento. Ele mediu a muralha, e deu sessenta e cinco metros de espessura, segundo a medida humana que o anjo estava usando”.
Revista e Corrigida – João Ferreira de Almeida:
“E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais. E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, conforme a medida de homem, que é a de um anjo”.
Em Apocalipse 21:16-17 o tradutor da NVI converteu as medidas para o sistema métrico, mas no original não são as medidas que importam tanto, e sim os números que elas representam (12 e 144). Estes números devem seguir o padrão de todo o capítulo e de todo o ensino da Bíblia, onde 12 é o número do governo perfeito e bem estabelecido e 144 um múltiplo de 12.
Cada número tem seu significado e importância e não pode ser substituído por equivalentes modernos, sob o risco de se perder o sentido do texto (algumas traduções colocam uma nota no rodapé com a conversão, o que é melhor). Por exemplo, multiplicando-se o 3, que é o número da perfeição de Deus (Trindade), e 4, que é o número da Terra (“quatro cantos da Terra”), se obtém o 12, que é o número do governo estabelecido por Deus sobre a Terra (12 patriarcas, 12 tribos, 12 apóstolos, 12 portões, 12 pérolas, 12 anjos).
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Barnabé era apóstolo?
Sua dúvida foi a respeito de Barnabé: se ele não preenchia os requisitos dos doze apóstolos, como pode ser chamado de apóstolo? E se ele pode ser chamado assim, por que alguém hoje não poderia trazer o mesmo título?
Se considerarmos que Barnabé e Paulo foram comissionados pelos doze apóstolos em Jerusalém para irem aos gentios (Atos 15), e que em Atos 14:14 estavam sendo chamados “apóstolos” no contexto da mesma missão à qual tinham sido enviados pelo Espírito Santo em At 13:2 e em conexão com a designação dada a eles pelos 12 apóstolos, devemos entender que se trata de um caso muito particular. Basta lermos a continuação de Atos para vermos o peso e a importância que teve essa missão dos dois no mundo gentio, cujos frutos colhemos até hoje.
Em Atos 15 nós vemos os apóstolos e anciãos de Jerusalém, em conjunto com toda a assembleia ali, enviando Paulo e Barnabé a Antioquia em uma missão especial aos gentios, juntamente com Judas e Silas. Na carta que os apóstolos enviam eles descrevem Paulo e Barnabé como “homens que já expulsaram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. A respeito desta passagem J. N. Darby comenta em sua “Synopsis”:
“Além do mais, Paulo é encomendado pelos irmãos à graça de Deus em seu trabalho. O título dado a Paulo e Barnabé pelos apóstolos mostra a diferença entre a autoridade apostólica, estabelecida por Cristo em pessoa, e aquela que foi assim constituída pelo poder do Espírito Santo — enviados pelo próprio Cristo, sem dúvida alguma, mas neste caso saindo na obra particularmente pela direção do Espírito Santo, sendo essa missão deles garantida pelo seu poder. Para os apóstolos, Paulo e Barnabé não possuem outra designação além do seu trabalho — ‘homens que já expuseram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo’. Eles são aquilo que o Espírito Santo fez deles. Apóstolos são os doze.”
Recapitulando: Dois homens, Barnabé e Paulo, estavam sendo “enviados” aos gentios num caráter semelhante ao dos doze apóstolos enviados a Israel, e ganham por isso o título de “apóstolos”, mas em caráter muito particular e associado à sua missão. O que hoje conhecemos por cristianismo é fruto do trabalho desses homens, já que somos gentios vivendo fora da esfera inicial de atuação dos doze.
O peso disso é inegável, e nenhum pregador de televisão hoje poderia apresentar as credenciais que tinham Barnabé e Paulo para serem chamados de apóstolos. Mais uma vez lembro que o título ali estava diretamente conectado àquela missão, não à autoridade apostólica, a qual já comentei em outro texto ter sido delegada por Cristo e ratificada pelo Espírito Santo no texto inspirado no que diz respeito a Matias.
Poderíamos considerar as prerrogativas do apostolado às quais os doze se encaixam como a regra, e o caso de Barnabé e Paulo nesta missão como a exceção. Mesmo assim, uma exceção devidamente autorizada pela Palavra de Deus, algo que nenhum “apóstolo” atual conseguirá demonstrar.
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Você pertence à “igreja local”?
Muitas pessoas perguntam isso quando digo que estou congregado com irmãos que não têm uma denominação. Do pouco que conheço do grupo que você chama de “igreja local”, sei que foi criado por Watchman Nee, continuado sob a liderança de Witness Lee, e mais recentemente liderado por Dong Yu Lan. Porém sei também que há algumas divisões e ramificações do grupo original.
Esse é o tipo de grupo que eu chamaria de uma “denominação sem nome”, pois ele existe no sentido institucional, isto é, seguem a um líder máximo, possuem uma sede central e sedes regionais, e produzem o material que é lido e estudado em todas as reuniões em todo o mundo criando uma espécie de uniformidade. Só não tem o nome de “igreja isso” ou “igreja aquilo”.
Acredito ser apenas mais uma organização eclesiástica, um pouco diferente das denominações tradicionais, mas mesmo assim uma organização em muitos sentidos. Em alguns aspectos é até mais limitante do que algumas denominações, considerando a centralização do poder e da doutrina. Alguém me disse que seus adeptos se reúnem para estudar o que é determinado por uma publicação regular.
Portanto, a organização que você mencionou não tem nada a ver com os princípios que costumo expor em meus textos que falam da igreja e de como o crente deve estar congregado somente ao nome de Jesus, fora do sistema denominacional, sem ter uma “sede” na terra e tampouco um líder máximo humano.
Há mais de 30 anos estou congregado somente ao nome do Senhor em comunhão com irmãos em todo o mundo que testemunham que a igreja (corpo de Cristo) é uma e dela fazem parte TODOS os salvos, mesmo os que estão congregados em outros lugares.
As assembleias (ou igrejas) estão em comunhão entre si, embora não exista um líder central, uma sede central ou uma editora central que determine o que vamos ler em cada reunião. Em cada assembleia os irmãos têm a direção do Espírito para lerem aquilo que o Espírito Santo achar que é necessário e proveitoso para aquela assembleia, que tem necessidades diferentes de outras.
Aqueles que sentem no coração visitar outras assembleias ou mesmo se dedicar em tempo integral à obra do Senhor recebem do Senhor essa orientação, e não de alguma junta de homens, e dependem dele somente, e não de pedirem ajuda aos irmãos ou receberem algum salário. Quando suas necessidades não são supridas por irmãos que voluntariamente ajudam, eles simplesmente entendem que é essa a vontade do Senhor e procuram “trabalhar com as próprias mãos”.
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Que coisas os discípulos não podiam suportar em João 16:12?
(Jo 16:12) “Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora”.
Creio que é no sentido de Marcos 4:33 “E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender”. Ou seja, o conhecimento das coisas de Deus não é despejado em nós de uma vez, mas o Senhor vai dando conforme a nossa capacidade e necessidade. Eu não aprendo por aprender ou para ter uma “bagagem espiritual” da qual possa me gabar. Por isso para mim não faz o mínimo sentido alguém carregar títulos como “D.D.” ou “Doutor em Divindade”. Você teria coragem de dizer que, em termos de divindade, você é doutor?
Lembra-se do maná no Deserto? Quem colhesse pouco ainda assim era suficiente para se alimentar, e quem colhia muito, dava na mesma pois não sobrava. E quem quisesse guardar para o dia seguinte (exceto da sexta para o sábado) o maná estragava.
(Êx 16:17-20) “E os filhos de Israel fizeram assim; e colheram, uns, mais, e outros, menos. Porém, medindo-o com o gômer, não sobejava ao que colhera muito, nem faltava ao que colhera pouco; cada um colheu tanto quanto podia comer. E disselhes Moisés: Ninguém deixe dele para amanhã. Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés; antes, alguns deles deixaram dele para o dia seguinte; e aquele criou bichos e cheirava mal; por isso, indignou-se Moisés contra eles”.
É bom lembrar que “ciência incha, mas o amor edifica” (1 Co 8:1). O conhecimento apenas por conhecer pode criar bicho, como o maná quando era colhido para guardar e não para usar.
Quando leio ou escuto a Palavra devo entender que é Deus falando comigo. É comum escutarmos ou lermos algo e pensarmos “fulano precisava escutar isso”. Porém Deus fala primeiramente com aquele que tem contato com a sua Palavra.
Você perguntou se as coisas que os discípulos não podiam suportar seriam sobre a igreja, sobre as mudanças na ordem sacerdotal, sobre o sistema religioso judaico ou sobre os gentios que viriam a fazer parte da igreja. Eu creio que eram coisas em geral, que o Senhor iria ainda lhes ensinar.
Muitas coisas que eles aprenderam durante o tempo em que andaram com o Senhor só depois fariam sentido, como foi o caso da ressurreição. Outras coisas só fizeram sentido depois da revelação feita a Paulo do que era a igreja, e também aos outros apóstolos e profetas.
(Gl 1:15-17) “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para estar com os que já antes de mim”.
(Ef 3:4-5) “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;”.
(Ef 3:8) “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, no qual temos ousadia e acesso em confiança, pela nossa fé nele”.
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Você é convidado para falar em igrejas e programas de TV?
Sou, mas não vou. É comum eu receber pedidos de “orçamento” para pregar em “igrejas” (os que me consultam acham isso normal, pois muitos pregadores por aí cobram cachê). Procuro sempre explicar que não falo em instituições religiosas ou em eventos organizados por elas.
A mesma coisa vale para a mídia religiosa. Não dou entrevistas para sites, jornais, revistas, rádios e TVs de organizações religiosas. Às vezes algum site religioso pega alguma frase minha em meu site e introduz em suas matérias como se tivesse me entrevistado. Uma revista fez isso em uma matéria sobre “dança na igreja” e me colocou como “pastor Mario Persona”.
Algumas igrejas querem me contratar para dar palestras de carreira profissional a jovens ou de marketing a grupos de empresários, e recuso também. O único caso foi quando uma agência de palestrantes fechou uma palestra sobre um tema profissional com uma organização e só depois vim a saber que a organização (que se apresentou com uma sigla) pertencia a uma denominação religiosa. Aí eu não podia voltar atrás porque a agência já tinha fechado o evento.
Há ainda empresas seculares que querem me contratar para fazer palestras de “espiritualidade na empresa”, um tema da moda, mas também recuso. Obviamente eu perco dinheiro em tudo isso, mas dinheiro não é tudo.
Quanto ao programa de TV que você mencionou, eu precisaria orar a respeito caso fosse convidado para falar sobre algum tema profissional, mas certamente não iria se fosse para falar de minha fé, porque não é o lugar adequado para isso. Em programas assim o que dá audiência é o inusitado, e particularmente no programa que você mencionou o apresentador costuma explorar o lado cômico de tudo. Eu me sentiria mal se ele desviasse o assunto dos temas profissionais para brincar com as coisas relacionadas à minha fé.
Já participei de programas de TV cujos apresentadores são sérios e um canal esteve na minha casa gravando cenas para uma matéria sobre adoção de portadores de deficiência (infelizmente não foi ao ar porque naquela semana estourou o caso do mensalão e todos os canais só se ocuparam com isso). Também participei de outro programa voltado para mulheres para falar de adoção. Costumo dar regularmente entrevistas de temas relacionados a carreira e negócios em sites, jornais, revistas e emissoras de rádio e TV. Mas em nenhum destes casos o assunto é o evangelho.
Posso dizer que é maior o número de convites de programas de TV que recusei do que os que efetivamente aceitei participar. As razões foram várias: ou o programa era religioso, ou pertencia a uma organização religiosa, ou tinha um cunho sensacionalista ou simplesmente porque precisaria viajar a São Paulo para gravar e o programa não iria trazer qualquer benefício ao meu trabalho.
Participar de programas de rádio ou TV para falar da fé é complicado, pois na maioria das vezes esses programas buscam criar sensacionalismo. Pode acontecer de o convite vir dizendo que você vai participar de uma entrevista e você chega lá e descobre que vai ser um debate entre você, um padre, um parapsicólogo, um pai de santo e um ateu. Dependendo do programa o apresentador pode armar um barraco entre os participantes (sabe aquela do “se não sangrar não dá audiência”?), ou tentar nivelar por baixo para mostrar que é tudo a mesma coisa. Já pensou que furada?
Uma coisa é certa: quando você participa de algo que não está sob o seu controle pode ser um desastre. Então o melhor mesmo é ficar longe disso tudo quando o assunto é fé. Felizmente a Internet permitiu que qualquer um fosse sua própria emissora.
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O templo de Jerusalém era a Casa de Deus?
Sim, no Antigo Testamento a expressão “casa de Deus” referia-se ao Templo em Jerusalém. O templo era, ao mesmo tempo, um marco da presença de Deus entre o seu povo (como foi o tabernáculo no deserto) e um lugar de adoração onde o povo de Deus podia entrar respeitando certos limites.
No Novo Testamento temos uma amplitude maior do que significa a casa de Deus. Primeiro, o Templo de Jerusalém já não existe como casa de Deus. O lugar de habitação de Deus é agora identificado de três formas diferentes: como o próprio corpo do crente, a assembleia ou igreja local, e a igreja como um todo. A casa de Deus também aparece como templo de Deus e os verdadeiros crentes em Cristo como pedras dessa construção que é edificada por Deus. Em nenhuma circunstância na atual ordem de coisas a Bíblia identifica a casa de Deus como um edifício físico como era o templo de Jerusalém.
Creio que o aspecto mais importante que temos hoje da casa de Deus (e a razão de sua dúvida) é o revelado em 1 Timóteo 3:15: “…para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade”.
Aqui a casa de Deus é identificada também como a igreja do Deus vivo em seu aspecto temporal e visível, e não em seu aspecto perfeito e eterno. Não se trata da igreja sem mancha e sem mácula que Cristo veio preparar (e efetivamente preparou por sua obra), mas do aspecto comportamental e governamental dessa mesma igreja. Um pouco antes, em 1 Timóteo 3:4-5 vemos uma relação daqueles que cuidam da casa de Deus com pessoas que cuidam da própria casa, o que mostra o aspecto material e temporal do que é mostrado aqui. É responsabilidade dos cristãos manterem essa casa limpa de todo mal. Não se trata, porém, de limpar o pecado das pessoas, mas de evitar a contaminação da comunhão na casa de Deus, a esfera em que nós cristãos atuamos nas coisas de Deus, o que pode ser visto também como a assembleia.
Em 2 Timóteo 2 essa mesma casa de Deus é vista como uma “grande casa”, na qual se introduziram todo tipo de vasos e materiais. À semelhança do templo de Jerusalém, onde era possível (apesar de não permitido) entrarem coisas impuras, na casa de Deus, que é o aspecto exterior da igreja de Deus, é possível também encontrar impurezas. Daí a necessidade de governo, julgamento e disciplina na assembleia.
Nos evangelhos (um tempo ainda dentro da dispensação da lei e do judaísmo) o Senhor Jesus chamou o templo de “casa de Deus” (Mt 12:4) e rechaçou os mercadores da casa de Deus, que ele chamou de “casa de meu Pai”. Em Mateus 11 ele expulsou os vendedores do templo e disse que a casa de Deus devia ser chamada de casa de oração. O fato de estarem usando a casa de Deus como lugar de comércio mostra como era possível o mal entrar nela e, ainda assim, continuar sendo a casa de Deus.
Quando lemos 1 Coríntios 5 vemos os procedimentos que tomam lugar na casa de Deus, agora no sentido da assembleia local. Uma pessoa que esteja em pecado deve ser julgada pela assembleia local e colocada fora da comunhão à mesa do Senhor. Trata-se de uma disciplina exercida com a autoridade que o Senhor deu à assembleia (o que ligarem na terra será ligado no céu). Não se trata de tirar de alguém sua salvação, mas simplesmente de limpar a casa de Deus do mal.
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Você segue a doutrina de Juan Carlos Ortiz?
Fico contente por saber de seu desejo de adorar o Senhor livre dos sistemas criados por homens e fora da confusão em que se transformou a cristandade. Infelizmente você não encontrará multidões de irmãos congregados ao nome do Senhor somente, valorizando o nome do Senhor e a verdade de que há um só corpo.
No início do século 19 houve um movimento muito forte neste sentido, mas como acontece com tudo o que se refere ao testemunho do Senhor neste mundo (foi assim com Israel e é assim com a Igreja), logo as divisões e a fraqueza generalizada deixaram sua marca. Hoje há assembleias em praticamente todo o mundo, porém em sua maioria são pequenos grupos de irmãos congregados em salões, casas, garagens etc.
Como expliquei na mensagem anterior, no Brasil há poucas assembleias que se mantêm em comunhão entre si e com outras assembleias espalhadas pelo mundo apenas pela graça de Deus e pela ação do Espírito Santo, já que não existe nenhum poder central humano ou “sede” regendo isso. Por iniciativa própria, os irmãos se visitam e se comunicam regularmente. Tenho filhos morando nos Estados Unidos e se congregando em uma assembleia lá.
Quanto ao que perguntou sobre Juan Carlos Ortiz (eu li “O Discípulo” há muitos anos, mas não me lembro mais do conteúdo), e ao grupo que se originou através dele, quero esclarecer que não existe qualquer ligação entre os grupos que seguem os ensinamentos daquele autor e os irmãos com os quais tenho comunhão, exceto pelo fato de também serem crentes em Jesus.
Não sei muito sobre esses grupos, mas acho que têm a ver com a ideia de “igrejas em células”, “G-12”, “igreja em casa” e outros nomes dados a movimentos assim. Uma vez conheci um irmão de Belo Horizonte que participava de um movimento desse tipo e dizia se reunir em casas. Ele contou que funcionava numa espécie de pirâmide, com cada discípulo ficando sujeita a um discipulador e assim por diante. Ele me contou de algumas coisas que achei absurdas, como o discípulo fazer uma lista de seus pecados e fraquezas e entregar para o discipulador, que passaria a cobrá-lo quanto à erradicação dessas falhas. Quem tem a lista do outro obviamente tem poder sobre ele, para bem e para mal.
De qualquer modo estou apenas especulando, pois não sei as pessoas que você mencionou seguem algum desses grupos (apesar de se reunirem em casas, eles geralmente estão ligados de algum modo a alguma denominação ou líder).
Quando falo sobre estar congregado ao nome do Senhor isso implica em algumas premissas, e a primeira delas é a separação.
Primeiro é preciso reconhecer que o Senhor conhece os seus, mas que minha responsabilidade é identificar a iniquidade e separar-me dela. Se entendo como iniquidade dividir o testemunho do “um só corpo” e negar a suficiência do nome de Jesus como identificação, adotando diferentes nomes, então minha responsabilidade é separar-me disso.
(2 Tm 2:19) Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.
Em seguida é preciso identificar os vasos (pessoas) de honra e desonra e separar-me da comunhão com aqueles vasos que, dizendo-se irmãos, não agem assim (veja 1 Coríntios 5:11).
(2 Tm 2:20-21) “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar (separar) destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.
Finalmente, não devemos nos separar para ficarmos sozinhos, mas para nos congregarmos segundo os ensinamentos da Palavra de Deus e com aqueles que reconhecem a autoridade do Senhor de boa consciência. “Segue… com” significa congregar com aqueles que seguem a justiça, a fé, o amor e a paz com um coração puro (creio que puro aqui é no sentido de simples).
(2 Tm 2:22) Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.
Resumindo, a ideia não é de apenas estar congregado pelo Espírito Santo para o nome de Jesus, mas também distinguir o estado arruinado da cristandade e apartar-se do erro.
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O que fazer para me congregar ao nome do Senhor?
O primeiro passo é pedir o seu lugar à comunhão à mesa do Senhor numa assembleia mais próxima de onde você vive. Já escrevi alguma coisa sobre a mesa do Senhor.
Provavelmente você visitará os irmãos nessa assembleia ou eles visitarão você para conversarem mais e se conhecerem melhor. Não se espante se parecer que existe um zelo excessivo, mas isso não significa que você não seja bem vindo ou amado, mas apenas que no atual estado de ruína e confusão da cristandade é importante que aqueles que são responsáveis por manter a santidade da casa de Deus sejam criteriosos quanto ao recebimento à comunhão.
Cabe à assembleia local receber alguém à mesa do Senhor, e isso é feito com base na análise dessa pessoa para saber se está contaminada moral ou doutrinariamente. Da mesma forma, alguém que já está em comunhão pode ser excluído da comunhão caso caia em pecado ou contaminação (as instruções para isso você encontra em 1 Coríntios 5). Mesmo uma exclusão tem o caráter de disciplina e restauração, não de rejeição ou ódio. Um pai não ama menos um filho de põe de castigo, apesar de deixar de conversar com ele e impor certas restrições quanto ao convívio com os outros membros da família.
Normalmente as denominações enxergam apenas a ceia, não a mesa, e utilizam o batismo como forma de ingresso à comunhão daquela denominação em particular, o que não tem base nas escrituras.
No princípio da igreja a coisa era mais simples, pois não havia heresias ou divisões. Então quando alguém se convertia era logo recebido à comunhão, desde que mostrasse estar limpo das práticas que tinha em sua incredulidade (idolatria, por exemplo). Hoje, com a confusão que há na cristandade, é preciso ser mais cauteloso, pois não sabemos quem é a pessoa que pretende participar da ceia. Há hoje pessoas que se dizem cristãs e negam a divindade de Cristo. Outras afirmam que Jesus poderia ter pecado. Há ainda quem acredite que a salvação seja pelas obras. É preciso ter essas questões claramente resolvidas antes da pessoa estar em comunhão, pois a mesa é o lugar de comunhão e ao comer assim com alguém estou me associando a essa pessoa.
Além desses erros doutrinários, o fato de uma pessoa partir o pão em uma denominação e ao mesmo tempo querer partir o pão com irmãos reunidos ao nome do Senhor cria uma incoerência. Ela não pode, ao mesmo tempo, dar um testemunho prático de que os cristãos fazem parte de um só corpo, enquanto comunga com as ideias e princípios de uma denominação, que divide os crentes por um nome que não é o de Jesus e não é inclusivo o suficiente para ser compartilhado por TODOS os salvos.
Algumas coisas são essenciais que você reconheça, quando falamos do lugar de reunião que Deus institui na sua Palavra: a base ou fundamento é reconhecer o corpo de Cristo como um só e que todos os salvos são membros desse mesmo corpo, e reconhecer a autoridade do Senhor delegada à assembleia quando esta está reunida ao seu nome. Outra coisa essencial é o julgamento de pecado (com a autoridade do Senhor conforme vemos em 1 Coríntios 5). Um grupo de cristãos que não reconheça o princípio da unidade do corpo (isto é, que não reconheça TODOS os salvos como membros da única Igreja) e que deixe o pecado passar sem julgamento não pode ter a mesa do Senhor.
Outro ponto importante a ser reconhecido é que não pode existir independência num corpo que é todo interligado. Eu entendo que o recebimento de alguém à mesa do Senhor é feito através da autoridade do Senhor dada à assembleia local. Uma vez tomada uma decisão de receber (ligar) alguém, essa decisão deve ser respeitada por todas as assembleias em comunhão, o mesmo acontecendo com a decisão de “desligar”, que é excluir (ou “excomungar” = excluir da comunhão, como se dizia no passado) alguém por algum pecado. Não pode existir independência quando a decisão é tomada com a autoridade do Senhor. Um criminoso em uma cidade é criminoso na outra, segundo a lei de nosso país. Não fica a cargo de cada prefeito em cada cidade decidir.
Assim, uma pessoa recebida à comunhão à mesa do Senhor estará em comunhão à mesa do Senhor onde quer que essa mesa esteja estabelecida. Se ela viajar a uma localidade onde não é conhecida deve levar consigo uma carta de recomendação da assembleia onde costuma se reunir. Cartas de recomendação podem ser encontradas na Palavra de Deus. Uma pessoa excluída da comunhão à mesa do Senhor estará excluída em qualquer lugar onde a mesa do Senhor estiver estabelecida, e as assembleias que aquela pessoa eventualmente frequentasse são avisadas também.
Antes que me pergunte, assim como acontece com toda autoridade delegada, as decisões tomadas em nome do Senhor têm o respaldo do Senhor (“será ligado no céu”), porém não são infalíveis como não é infalível a decisão de qualquer juiz humano. Pode ocorrer de uma assembleia se equivocar e precisar depois voltar atrás. Quando isso acontece, a “vítima” do equívoco deve simplesmente aguardar que o Senhor esclareça as coisas. Neste caso enxergue o próprio Senhor como a “instância superior” à qual podemos apelar.
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Vocês se congregam como na igreja primitiva?
Depende de que aspecto você fala. As reuniões da assembleia (ou igreja) em uma localidade seguem a mesma ordem ou atividades das reuniões dos primeiros cristãos em Atos: “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Entendo, portanto, que há três tipos básicos de reuniões que podem ou não acontecerem num mesmo dia: doutrina e comunhão dos apóstolos (ministério da Palavra), partir do pão (ceia do Senhor, aos domingos) e orações.
Mas é sempre bom lembrar que já não estamos nos dias de Atos, portanto não espere grandes coisas, como o chão tremer quando se reunirem para orar. E nem acredite ser hoje possível dividir suas posses com os irmãos como faziam os primeiros cristãos, pois hoje você precisaria dividi-las com todos os irmãos da igreja que está em sua cidade, e a igreja que está em sua cidade é, biblicamente falando, composta por todos os crentes que vivem aí.
Quando você lê os livros de Esdras e Neemias percebe que as coisas são muito pequenas em relação ao que tinham sido no passado. Até mesmo o templo reconstruído era uma triste maquete se comparado ao original, por isso enquanto os jovens se alegravam os velhos choravam (tinham conhecido o anterior). Não espere grandes coisas neste tempo igualmente de ruína.
Às vezes você percebe longos períodos de silêncio dos irmãos durante uma reunião, mas creio que existe no silêncio uma expressão de dependência, de esperar que o Senhor indique quem deve falar e o que falar, ou quem deve orar ou sugerir um hino. Mas não espere alguém afirmar que escutou Deus trovejando do céu ou o Espírito Santo sussurrando em seu ouvido para escolher o hino tal ou ler a passagem tal. Quando falamos da direção do Espírito na reunião da assembleia não estamos falando de alguma espécie de experiência mística.
Quando buscamos na Palavra encontramos que os discípulos do Senhor também cantavam hinos (os próprios Salmos eram hinos) e na época deviam ler do Antigo Testamento ou falar passagens de memória, além de lerem as cartas dos apóstolos (como vemos o próprio Paulo estimular tal prática em Colossenses 4:16). Havia também profetas no início, pois não tinham ainda o Novo Testamento, e esses falavam da parte de Deus. Hoje não temos esse tipo de revelação espontânea, por isso dependemos da Palavra escrita de Deus, e mesmo quando a lemos ou comentamos é bom que isso seja feito em reverência. Se minha forma de expressar reverência for esperar alguns minutos antes de abrir a boca, não creio que seja algo ruim.
O fato de se usar um hinário específico é uma decisão da assembleia local. Nos países de língua inglesa usam um hinário chamado “Hymns for the Little Flock”, nos de língua espanhola “Mensajes del amor de Dios” e em outros países outros hinários ou compilações próprias de hinos selecionados como apropriados. Não existe uma “sede central”, “ministério” ou “casa publicadora oficial” que publique o hinário que todos devem usar. Se os irmãos de uma assembleia em uma localidade decidirem cantar outros hinos, é uma decisão deles, embora isso possa dificultar para visitantes de outras assembleias.
No que diz respeito ao ministério da Palavra, mais uma vez lembre-se de que estamos em tempos de ruína. Há muitos dons em cada cidade onde há cristãos, mas o problema é que estão espalhados nas diferentes denominações. Por isso em qualquer assembleia reunida somente ao nome do Senhor você encontrará essa carência, porque Deus não distribui os dons de acordo com cada grupo de cristãos, mas a todos sem distinção. Às vezes somos obrigados a fazer o trabalho de um dom que nem é o nosso em razão dessa deficiência, como parece ser o caso quando Paulo diz a Timóteo para fazer o trabalho de um evangelista. Mesmo assim é prudente ter a direção do Espírito em tudo.
Na última carta de Paulo, que é a que escreve a Timóteo e é também aquela em que diz que todos o abandonaram (e onde fala também da grande casa onde há vasos de honra e desonra), ele diz a Timóteo: (2 Tm 4:5) “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”. Provavelmente Timóteo não tivesse o dom de evangelista, daí Paulo precisar admoestá-lo a fazer a obra de um evangelista.
Veja que o reconhecimento dessa fraqueza na cristandade como um todo é também característico daqueles congregados ao nome do Senhor. O contrário seria acreditar que estamos falando de um grupo que é suficiente em si mesmo, com todos os dons necessários etc. Acaso não é esse o espírito das denominações com seus próprios pastores, evangelistas e mestres? Todavia o Senhor distribuiu esses dons à igreja como um todo, e não a uma organização ou reunião local.
Por mais que nos alegremos de poder estar congregados somente ao nome do Senhor, dando testemunho do “um só corpo” na prática, mesmo assim devemos nos humilhar sabendo que estamos na mesma condição de Laodicéia (Ap 3): consideramo-nos ricos e abastados e sem necessidade de coisa alguma.
Outra coisa que quero lembrar é que o evangelismo é um dom e atividade individual. Você não encontra o evangelismo entre os tipos de reuniões que mencionei: comunhão e doutrina dos apóstolos, ceia do Senhor e orações. Do mesmo modo como a Igreja não ensina doutrina (são os dons individualmente que o fazem quando a assembleia está reunida), a Igreja não prega o evangelho. Esse é um erro comum na cristandade que os protestantes adotaram dos católicos, que até hoje falam coisas do tipo “a Santa Igreja ensina tal e tal”. A Igreja dá testemunho a homens e anjos por ser o corpo de Cristo, mas ensinar e evangelizar são atividades dos diferentes dons.
Por isso, quando a igreja ou assembleia está reunida, ela está reunida para o Senhor, não para o mundo ou os incrédulos. Podem existir iniciativas dos que evangelizam e estas serem endossadas por todos os irmãos de uma assembleia, como é o caso da pregação do evangelho que temos aos domingos à noite no salão de reuniões onde me congrego. A cada domingo um irmão (de um grupo de 5 ou 6 que têm esse exercício no coração) se reveza para pregar o evangelho a pessoas que são convidadas para este fim. Mas não é uma reunião da assembleia, e sim uma pregação das boas novas de salvação feita por um irmão à frente de uma audiência convidada para este fim.
Há também iniciativas individuais de irmãos voltadas para o evangelho, como é o caso do trabalho que tenho feito na Internet, ou de uma editora que existe no Brasil chamada Verdades Vivas, de responsabilidade de 3 irmãos, que publica folhetos evangelísticos, livretos e calendários. E há também a iniciativa individual de cada um que fala a seus amigos, vizinhos e parentes. Mais uma vez é bom frisar isto porque dentro das denominações é comum não existir uma definição clara do que seja uma reunião dos santos para adorar a Deus ou para a edificação, exortação e consolação dos santos, e uma pregação do evangelho para incrédulos. É comum nesses lugares todas as reuniões indistintamente terminarem com algum tipo de apelo para as pessoas se converterem.
Deve existir também uma distinção clara entre uma reunião da assembleia, que tem um caráter solene, e uma reunião mais informal, quando uma família ou um grupo de irmãos se reúne para ler a Palavra, orar, cantar hinos, conversar, etc. Uma reunião da igreja é o momento solene onde dois ou três são reunidos pelo Espírito para o Nome do Senhor Jesus. Não se trata de um encontro casual entre irmãos, como um bate papo ou uma festa de aniversário. Nem é uma reunião de negócios, mas uma reunião que tem por objetivo partir o pão, aprender a doutrina e a comunhão dos apóstolos e orar, reconhecendo a presença real do Senhor no meio.
É neste caráter de reunião que se aplicam algumas ordens, como por exemplo a de que “falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem. Mas se a outro, que estiver sentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, cada um por sua vez; para que todos aprendam e todos sejam consolados; pois os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas; porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar” (1 Co 14).
No atual estado de ruína e degradação em que está a cristandade, é provável que a maioria das assembleias que você encontrar estejam reunidas literalmente com 2 ou 3 apenas. E há casos em que uma assembleia se congregue com apenas um irmão varão (por morte ou abandono de outros). Aí as reuniões de assembleia não incluirão o ministério da Palavra e tampouco aquela assembleia terá poder de deliberar ou julgar. Quando o assunto é o julgamento, o “dois ou três” de Mateus 18:20 nos fala de dois ou três varões, uma vez que a passagem está falando da tomada de decisões, de ligar e desligar, o que deve ser feito por varões (que são cabeças). Assim, uma assembleia “normal”, isto é, funcional em todos os seus aspectos, precisa ter 2 ou 3 irmãos (homens) reunidos, pois caberá a eles julgarem as questões de doutrina durante o ministério nas reuniões, e o recebimento (ligar) e exclusão (desligar) pessoas da comunhão à mesa do Senhor.
Digamos que os irmãos de uma assembleia morram ou se afastem, ficando apenas irmãs. Elas poderão continuar se reunindo para partir o pão quando visitadas por outros irmãos, se o Senhor as dirigir a isso (o correto é que busquem o auxílio dos irmãos de uma assembleia próxima), mas não poderão se reunir como assembleia naquilo que envolver julgamento e ministério. Ou seja, não poderão receber pessoas à comunhão à mesa do Senhor ou colocar em disciplina alguma irmã em pecado. Para isso devem buscar o auxílio de varões de outra assembleia.
O mesmo se aplica ao ministério da Palavra. Em 1 Coríntios 14 diz “falem dois ou três e os outros julguem” quando se refere a irmãos que ministram. Uma assembleia formada apenas por irmãs não poderá exercer esse tipo de ministério, pois estariam desobedecendo a ordem das mulheres ficarem caladas nas assembleias ou reuniões da igreja. Além disso, não haveria um irmão para julgar o que falassem. Então elas podem se reunir, não no caráter de uma assembleia, mas no caráter de uma reunião informal de irmãs que têm o desejo de orar e estudar a Palavra.
Uma assembleia onde tenha restado apenas um irmão varão também não poderá adotar ações que envolvam julgamento (pois é preciso de dois ou três para julgarem as coisas), portanto não poderá receber ou excluir pessoas da comunhão. Para isso o único irmão do local deverá buscar auxílio de irmãos de outra assembleia próxima. Não me lembro se existe alguma coisa no Novo Testamento sobre essa questão da proximidade, mas em Números 35 existe um princípio que pode ser aplicado, que é o das seis cidades de refúgio. Alguém que pudesse ser alcançado pelo vingador do sangue (por ter morto alguém por acidente) podia correr para a cidade de refúgio mais próximo e não ser morto. A divisão das cidades era de tal modo que qualquer pessoa em qualquer lugar de Israel poderia alcançar uma cidade de refúgio no mesmo dia.
Pela mesma razão, as reuniões de leitura, estudo ou ministério de uma assembleia assim não podem ser consideradas reuniões no caráter formal de uma assembleia, uma vez que não há quem julgue o que aquele irmão falar. Ele e as irmãs que participarem estarão reunidos em um caráter informal, como acontece, por exemplo, quando uma família se reúne para ler a Bíblia, ou em uma reunião da escola dominical, quando um irmão ensina aos jovens a Palavra de Deus, podendo ele inclusive responder perguntas de irmãs nessa ocasião. Por não estarem reunidas em assembleia, as irmãs não estarão impedidas de falar.
Portanto, quando você perguntou como seriam as reuniões que fazem em sua casa antes de vocês serem recebidos à mesa do Senhor e começarem a partir o pão como uma assembleia local, é este o caráter, isto é, o mesmo de uma reunião informal de uma família para ler a Palavra, cantar hinos e orar. Neste caso não existe a necessidade de se aguardar pela direção do Espírito para trazer uma palavra, sugerir um hino ou uma oração, como se costuma fazer em uma reunião de assembleia. Numa reunião assim também não há nenhum problema se os irmãos desejarem fazer leituras de livros e comentários ou até acessar a Internet para pesquisar alguma coisa, coisas que não caberiam quando a assembleia estivesse reunida ao nome do Senhor tendo apenas a Palavra de Deus e a direção do Espírito como recursos.
Vejo que às vezes erramos quando queremos dar a uma reunião informal entre irmãos um caráter de solenidade que a torna “parecida” com uma reunião de assembleia, causando confusão na cabeça de alguns. Existe sempre o perigo de se adotar um ritual. É bom que qualquer reunião de cristãos em torno da Palavra seja feita com reverência, mas pode causar confusão tentar “imitar” uma reunião de assembleia, pois esta tem um caráter diferente e solene.
Além disso é comum em reuniões informais termos amigos e parentes incrédulos que às vezes querem até fazer perguntas, comentar ou dar palpites. Embora isso seja perfeitamente normal numa reunião informal, não deve ser o caso quando a assembleia está reunida. Às vezes o fato de uma assembleia se reunir em uma casa pode dar a um visitante desavisado a ideia de que se trata de um bate-papo (por causa do ambiente onde a reunião é realizada). Em casos assim é importante avisar de antemão e com muito amor e cuidado as pessoas que não estão em comunhão à mesa do Senhor para que deixem qualquer comentário ou pergunta para depois que terminar a reunião.
Quando eu morava em São Paulo a assembleia naquela cidade começou em meu apartamento e este era um problema que costumava ocorrer. Às vezes nos esquecíamos de explicar a um visitante a dinâmica da reunião e éramos surpreendidos no meio da reunião por um visitante dando uma opinião do tipo “Eu não acho que seja assim, porque bla, bla, bla…” Aí era preciso manter a calma e pedir educadamente ao visitante que assim que terminássemos aquela reunião teríamos o prazer de responder a todas as perguntas e a considerar todos os seus comentários e opiniões.
Apenas para que entenda a distinção, imagine uma empresa. Quando os funcionários se encontram nos corredores ou mesmo em suas salas para discutir assuntos da empresa ou conversar informalmente, isso não tem o mesmo peso de uma reunião anual de assembleia da empresa, quando o presidente toma o seu lugar à mesa, uma secretária lavra uma ata, são apresentados os resultados e os planos para a empresa etc. Neste caso existe uma abertura solene, é o presidente quem decide a quem será dada a palavra, ninguém se sente na liberdade de dizer “eu acho isso e aquilo” ou de discutir assuntos externos, e a reunião se encerra também de modo solene. Até o tratamento entre os participantes muda durante a reunião, voltando para o informal assim que o presidente dá por encerrada a reunião.
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Jesus morreu na cruz ou na estaca?
A técnica das Testemunhas de Jeová é a técnica dos mágicos. O mágico faz seus truques de modo a chamar a atenção do público para os movimentos da mão cujo movimento não tem qualquer importância, enquanto ele trabalha com a outra mão. Os TJ fazem isso com questões como a da cruz (que interpretam como estaca) e de alimentar-se com sangue (que interpretam como transfusão).
Na verdade até meados da década de 30, a própria logomarca das TJ era uma cruz dentro de uma coroa, como aparece na capa de sua revista “Torre de Vigia” de 1931. Outras publicações também traziam figuras de Jesus numa cruz. Joseph Franklin Rutherford (o líder dessa religião na época e sucessor do fundador Charles Taze Russell) decidiu mudar a logomarca por considerar errado que alguns cristãos transformassem a figura da cruz em objeto de culto. Muitos erros e heresias da cristandade têm sua origem em uma verdade, neste caso a idolatria de um objeto, Mas isso acaba se transformando num erro maior ainda e a religião precisa então inventar um modo de dar a isso uma sustentação bíblica ou histórica.
No caso da cruz é importante lembrar duas coisas. Primeiro, que a crucificação não era uma pena capital dos judeus, que apedrejavam os condenados, mas dos romanos. Há muitas referências históricas e arqueológicas que comprovam isso, inclusive ossos de condenados com escoriações ou perfurações de pregos e pernas quebradas.
Por levar alguns dias para um crucificado morrer, pois nenhum órgão vital era atingido, a condenação à morte por crucificação era, tecnicamente falando, uma condenação à morte por asfixia. As pernas do condenado eram quebradas para ele perder o apoio e ficar pendurado. Devido à exaustão, o diafragma era incapaz de funcionar para executar o movimento da respiração.
O que pode não ser exato é a ideia que temos de Jesus carregando a cruz inteira nos ombros pelas ruas da cidade de Jerusalém o tempo todo. Embora João 19:17 fale que ele carregou sua própria cruz, os outros evangelhos complementam a cena com Simão, um homem de Cirene e pai de Alexandre e Rufus, como sendo a pessoa que os romanos obrigaram a carregar o madeiro.
Embora os céticos queiram enxergar aqui uma discordância entre os evangelhos, é comum vermos um evangelho complementar o outro, acrescentando fatos para termos uma imagem mais completa. Além disso, a fidedignidade do relato está na menção feita por Marcos do nome do homem que carregou a cruz, sua cidade de origem e quem eram seus filhos.
O moderno jornalismo exige que se mencionem os nomes das pessoas relacionadas ao fato para comprovar sua veracidade. Como o evangelho foi escrito no tempo de vida das pessoas que testemunharam a cena, quem lesse na ocasião não poderia contestar por saber que os personagens citados podiam muito bem confirmar a história.
De qualquer modo, Cireneu e Jesus não devem ter carregado a cruz inteira, mas apenas a travessa superior. O condenado tinha suas mãos ou os pulsos pregados nessa travessa que era depois içada e presa a uma estaca fincada no solo. Dizer que alguém morreu “levantado”, “na cruz”, “no madeiro” ou “na estaca” pode estar igualmente correto neste sentido.
A questão se os pregos foram cravados nos pulsos, para o corpo poder ser sustentado pelos ossos carpais, ou se foram cravados nas mãos, cujos tecidos são incapazes de sustentar um corpo, não é importante. Os romanos podiam sim cravar as mãos e amarrar os braços, resolvendo o problema da sustentação.
A mão de mágico dos Testemunhas de Jeová tenta esconder o fato principal, que é a cruz, não a de madeira, mas o significado do sacrifício de Jesus para nos purificar de todos os nossos pecados. É essa a verdadeira “cruz” que os Testemunhas de Jeová negam quando pregam uma salvação baseada em obras e na filiação à sua sociedade e observância de suas regras.
Todavia, a cruz de Cristo, à qual Paulo e os outros apóstolos iriam se referir depois em Atos e nas epístolas era a obra de Jesus, mesmo porque o pedaço de madeira não teria em si mesmo qualquer poder mágico e nem deveria ser cultuado.
A “mão de mágico” daquela organização procura esconder, não só o valor eterno e suficiente do sacrifício de Cristo para o pecador, mas esconde também o fato de Jesus ser Deus, o mesmo único Salvador do qual Jeová fala em Isaías 45:18-23.
Aqui vai, portanto, o que “a mão de mágico das Testemunhas de Jeová” quer realmente esconder quando chama a atenção dos incautos para questões como a da estaca X cruz. Compare o que o Antigo Testamento diz de Jeová com o que o Novo Testamento diz acerca de Jesus:
(Is 45:18) “Porque assim diz o Senhor (JEOVÁ) que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor (JEOVÁ) e não há outro”.
(Jo 1:1-3) “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
(Is 45:21) “Quem desde então o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim”.
(Lc 2:11) “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje O Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
(Is 45:22) “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro”.
(1 Jo 5:20) “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.
(Is 45:23) “Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo joelho, e por mim jurará toda a língua”.
(Rm 14:10-11) “Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo joelho se dobrará a mim, e toda a língua confessará a Deus”. (Paulo falando de Jesus e citando Isaías)
(Fp 2:10) “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.
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O que você diz ser? Cristão? Protestante? Evangélico?
Sua dúvida às vezes também é a minha: O que dizer às pessoas quando perguntam qual é “minha religião”? Obviamente não posso dizer que sou batista, presbiteriano ou católico, já que não pertenço a qualquer denominação. Também não tem nada a ver eu me identificar como “calvinista” ou “arminianista”, pois não sou nem de Calvino, nem de Armínio, nem “…de Paulo… de Apolo… de Cefas”. Então o que eu digo que sou quando alguém me pergunta?
Isso depende muito. Um irmão que viajava visitando algumas assembleias de irmãos, distribuindo literatura e pregando o evangelho teve um problemão ao atravessar a fronteira do Canadá para entrar nos Estados Unidos (ele é naturalizado Canadense). Quando perguntado o que iria fazer nos Estados Unidos, ele ficou tentando explicar para o guarda que iria fazer uma espécie de trabalho missionário, mas não era missionário no sentido profissional da coisa e nem tinha um visto profissional, mas de turista, e que reunia numa igreja que não era igreja no sentido que o guarda entendia…
Ora, se até cristãos dificilmente conseguem enxergar além dos costumes que a cristandade impôs durante dois mil anos, o que dizer de um desconfiado guarda de fronteira? Por pouco ele não foi preso (um irmão brasileiro estava com ele e me contou) porque parecia mais que estava tentando enrolar o guarda e escondendo o real objetivo de sua viagem.
Então o jeito é sermos simples como as pombas e astutos como a serpente. Se estou no elevador domingo de manhã e alguém me pergunta aonde vou, eu respondo que vou à igreja. Não tenho a pretensão de achar que uma viagem de elevador seja tempo suficiente para explicar que vou a uma reunião de irmãos congregados ao nome do Senhor, que é uma assembleia ou igreja, em um salão que não é uma igreja e nem um templo, mas cujas pessoas estão ali congregadas ao nome de Jesus expressando a verdade de que há um só corpo, etc… Se tentar fazer isso as pessoas dos outros andares vão começar a bater na porta do elevador.
Se vou preencher algum formulário, posso tanto assinalar “evangélico” como “outros” no item “religião”. Em algumas situações é melhor se identificar como “evangélico” ou “protestante” para se distinguir de “católico”, embora tecnicamente eu não me considere evangélico ou protestante, pois evangélico pressupõe pertencer a uma denominação protestante. Além disso, dependendo da situação, quando você diz ser “evangélico” o outro imediatamente o associa àqueles vendedores de cura e prosperidade da TV.
Na maioria das vezes, quando a pessoa pergunta o que sou, digo que sou cristão convertido a Jesus em 1978 ou há trinta e poucos anos. Isso mostra que, seja lá o que o outro vai pensar, é Jesus meu foco. Levar a conversa para o nome de Jesus pode ajudar também a pegar o gancho do evangelho ou de outras verdades relacionadas à Pessoa do Salvador.
Em alguns momentos posso dizer que sou convertido a Jesus de uma maneira que deixe bem claro que não tenho quase nada a ver com meu interlocutor e suas ideias, em outros momentos posso até fazer o contrário, se o que desejo é encontrar algo em comum para podermos entabular uma conversa.
Neste sentido eu me lembro do Senhor à beira do poço em João 4, quando traz o assunto “água” à tona, pois era essa a preocupação da mulher. Ou do apóstolo Paulo em Atos 17:23, quando dentre dezenas de ídolos gregos consegue encontrar algo de positivo (o “Deus desconhecido”) e a partir daí começar a pregar.
Por exemplo, se encontro um católico que se apresenta com um brilho no olhar como alguém que verdadeiramente crê em Jesus, posso dizer que “eu também me converti a Cristo há uns 30 anos”. Isso permite que eu continue a conversa e tenha a oportunidade de trazer alguma informação nova a ele sobre a segurança da salvação, por exemplo. A grande maioria dos católicos e também dos protestantes acredita que pode perder a salvação. Quando não acham que o recebimento seja por mérito, ao menos consideram que o mérito seja a causa de sua conservação.
Daí ser importante detectar o que realmente quero com aquela conversa. Se vejo uma alma aflita em busca de salvação, não vou ficar falando do corpo de Cristo, de como se congregar etc. Se vejo que a pessoa já é convertida, porém não tem a certeza ou a segurança de sua salvação eterna, também não há por que falar de outra coisa que não seja a eficácia eterna do sangue de Jesus.
Devo sempre perguntar a mim mesmo como posso ajudar aquela pessoa naquele momento, seja ela incrédula ou irmã na fé, e não adotar uma posição de fariseu que olha para todo mundo como se fossem publicanos. Devo sempre lembrar que não é o quanto uma pessoa conhece da Bíblia que importa, mas o quanto de comunhão ela tem com o Senhor. Pode ter certeza de que encontro muita gente que conhece menos da Bíblia e mais do Autor do que eu.
Existe uma linha tênue nisso tudo, pois, ao mesmo tempo em que devemos estar solícitos e abertos às pessoas para atraí-las a Cristo ou ajudá-las a entender melhor a Palavra de Deus, por outro, pode ser preciso levantar um muro alto para ela perceber que estamos em terrenos completamente diferentes, ou a pessoa pode achar que estamos falando da mesma coisa.
Lembro-me de ter visto um irmão em Cristo conversando com um rapaz desconhecido sobre a igreja, o lugar de adoração, etc. e tal. Os dois pareciam estar concordes e conversando em terreno comum, pois o outro também dizia concordar com tudo aquilo.
Alguma coisa fez soar um alarme em mim e me intrometi na conversa. Interrompi os dois e perguntei à queima-roupa: “Você crê que Jesus é Deus vindo em carne?”. Sua resposta foi não. O irmão que conversava com ele estava perdendo tempo falando de um assunto que não tinha qualquer significado ou importância para alguém que negava uma verdade fundamental: a divindade de Cristo (não me lembro se o rapaz era Mórmon ou Testemunha de Jeová).
Para resumir: Não existe uma regra de como o cristão deve se identificar. O importante é estar aberto à direção do Senhor em cada caso e principalmente evitar qualquer tipo de identificação que o coloque em posição de vanglória ou soberba em relação ao outro.
Lembre-se de que vivemos tempos difíceis e não falta muito para o próprio Deus chamar de “meretriz” aquela que deveria ter sido conhecida neste mundo como “noiva”. O modo como me apresento e as pessoas com as quais me associam poderá criar a impressão nos outros, se eu sou realmente alguém que crê em Jesus como Salvador, ou apenas mais um levado pela corrente da religião cristã institucionalizada que se prostitui com os reis deste mundo.
“… a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, e abrigo de todo espírito imundo, e refúgio de toda ave imunda e aborrecível! Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição. Os reis da terra se prostituíram com ela. E os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu” (Ap 18:2-4).
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O cristão deve dar dízimo ou ofertas?
No Antigo Testamento os israelitas faziam ofertas e davam o dízimo (em dinheiro ou em bens). Os recursos eram utilizados para os serviços do Templo de Jerusalém, manutenção da classe sacerdotal e também para socorrer os pobres. Na atual dispensação não encontramos o dízimo, mas encontramos as ofertas, e o destino não mudou muito: os recursos continuam sendo usados para a manutenção da obra de Deus e para socorrer os irmãos necessitados.
O que muda na atual dispensação (modo como Deus se relaciona com seu povo) é que não temos um Templo de Jerusalém para manter, e nem uma classe sacerdotal. Mas temos necessidades na obra do evangelho, nas reuniões, no auxílio àqueles que saem para a obra e também, obviamente, nas necessidades pessoais dos irmãos mais pobres. A maneira como isso é feito está descrita aqui:
(1 Co 16:1-3) “Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar. E, quando tiver chegado, mandarei os que, por cartas, aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém”.
Obviamente naquela época só existia um testemunho da Igreja ou corpo de Cristo no mundo, representado pela presença de igrejas ou assembleias locais onde essa coleta era feita entre os que estavam em comunhão. Porém, considerando a confusão em que se transformou a cristandade hoje, principalmente porque no mundo ocidental qualquer pessoa para quem você perguntar dirá que é cristã, no lugar onde estou congregado a coleta é feita apenas entre aqueles que estão reconhecidamente reunidos. Isto é, se algum visitante quiser contribuir sua oferta não será aceita por não sabermos ainda quem é aquela pessoa.
Existe um princípio bíblico para não aceitar aquilo que tenha uma origem questionável, que foi o caso de Abraão, quando o rei de Sodoma ofereceu a ele os bens resultantes da batalha e Abraão negou-se a receber qualquer coisa vinda do rei de Sodoma:
(Gn 14:21) “Então o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas; e os bens toma-os para ti. Abrão, porém, respondeu ao rei de Sodoma: Levanto minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra, jurando que não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, nem um fio, nem uma correia de sapato, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão”.
O contrário disso foi quando Saul venceu Agague e, ao invés de matá-lo como Deus tinha ordenado, preservou sua vida e tomou para si todos os bens e rebanhos. Foi aí que começou a ruína de Saul:
(1 Sm 15:9) “Mas Saul e o povo pouparam a Agague, como também ao melhor das ovelhas, dos bois, e dos animais engordados, e aos cordeiros, e a tudo o que era bom, e não os quiseram destruir totalmente; porém a tudo o que era vil e desprezível destruíram totalmente”.
No entanto, um belo exemplo de obediência nós encontramos no povo judeu no livro de Ester. Quando o rei Assuero deu liberdade ao povo judeu de revidar contra seus atacantes e também tomar todos os seus bens, inclusive os de Hamã, o agagita (descendente de Agague) em Ester 8:11 “Nestas cartas o rei concedia aos judeus que havia em cada cidade que se reunissem e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem, matarem e exterminarem todas as forças do povo e da província que os quisessem assaltar, juntamente com os seus pequeninos e as suas mulheres, e que saqueassem os seus bens”.
Todavia os judeus apenas atacam seus inimigos, mas não tomam nada de seus bens, obedecendo ao mesmo princípio que Saul havia desobedecido:
“…porém ao despojo não estenderam a mão”. (Et 9:10,15-16).
A coleta entre os cristãos não deve ser a única maneira de alguém contribuir com seus bens para a obra de Deus e necessidade dos santos. Existe também o exercício individual, por exemplo, ao colaborar com algum trabalho evangelístico que consideramos idôneo, ao colaborar com as necessidades de um irmão ou irmã que tenha deixado seu trabalho regular para dedicar-se exclusivamente à obra do Senhor, ou mesmo ao colaborar com algum irmão ou irmã que esteja passando por necessidades. Portanto, a coleta feita no primeiro dia da semana não é a única forma de expressarmos nossa preocupação com as necessidades do povo de Deus.
Vamos colocar as coisas de forma prática: quando vocês estiverem em comunhão à mesa do Senhor poderão ofertar durante a coleta nos lugares onde participarem da ceia do Senhor. Mas, enquanto não participam da ceia, creio que o Senhor dará a vocês discernimento de como devem agir nas muitas outras maneiras que podem ofertar. Espero que entendam que esse cuidado todo é para ficar bem longe do que a cristandade faz hoje, não só aceitando contribuições de quem quer que seja, mas principalmente pedindo por elas. Quando Abraão se encontrou com o Rei de Sodoma, disse que não queria nem mesmo uma correia de sandália vinda dele. Muitas “igrejas” hoje seriam capazes de pedir, não só a correia, mas Sodoma inteira.
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Um crente pode perder sua salvação?
Você escreveu: “Lendo Romanos 9,10 e 11 onde Paulo trata também esse assunto da eleição, Romanos 11:22 fala que podemos ser cortados”.
O contexto de Rm 11:22 é o contraste entre Israel e gentios como testemunho na terra. Israel foi “cortado” dos privilégios que tinha (ao menos por algum tempo) e os gentios não devem achar que isso não possa acontecer também com eles. Veja que o assunto é o testemunho coletivo, não a salvação individual. Em certo sentido, o arrebatamento da Igreja, apesar de representar uma bênção para cada crente individualmente, é também um “corte” no sentido que o testemunho como um todo falhou. Basta vermos o estado da última igreja (Laodiceia) em Apocalipse para entendermos isso. Depois de falar de Laodiceia o apóstolo João ouve um chamado “sobe até aqui” (cap. 4).
Você escreveu: “Jesus também falou em João 15 que quem não dá fruto é cortado”.
João 15 fala de dar fruto, não de salvação eterna (primeiramente a aplicação deve ser para Israel, já que ele disse isso inicialmente aos seus discípulos judeus antes da formação da Igreja). Logicamente não damos fruto a não ser quando estamos “ligados” à fonte, que é Cristo. O próprio “fogo” de que fala a passagem não é o juízo de Deus, mas circunstancial: “tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas”.
Veja que 1 Coríntios também fala em fogo e mesmo assim refere-se a pessoas salvas: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.” (1 Co 3:15). Nos dois casos o que está sendo tratado são as obras ou o fruto do crente, não sua salvação. Caso contrário, no caso da figura das varas acabaríamos concluindo que a salvação é por esforço humano (permanecer em Cristo) e não por obra de Deus.
Você escreveu: “Tem muitas pessoas que aceitaram Jesus e agora vivem totalmente no pecado. Eu não acredito que eles são salvos! A bíblia fala que nem adúlteros, nem efeminados, etc. herdarão o Reino de Deus”.
É correta a ideia de achar que alguém não pode estar salvo porque suas obras negam a realidade de sua fé. A carta de Tiago fala disso pois está tratando das evidências da fé, e não do coração. A única forma de sabermos se alguém é salvo ou não é observando seu andar, mas mesmo assim isso não nos dá certeza absoluta. Você encontra muitos ateus e pessoas que adoram demônios vivendo vidas exemplares. Como saber?
Não dá para saber, pois não somos Deus, o único que sonda os corações. Você diria que um homem que adulterou e mandou matar o marido da adúltera para encobrir seu pecado seria salvo? E alguém que tivesse negado Jesus para salvar a pele? Davi e Pedro foram esses homens e foram salvos, portanto nunca é prudente tirarmos conclusões sobre as outras pessoas.
Além do mais, quando entendemos realmente o quanto somos pecadores e a profundidade do mal interior que existe em nosso coração, não olhamos mais com um sentimento superioridade para aqueles que exteriorizam isso em suas práticas. O Senhor ensinou que não é apenas o adultério exterior que conta, mas também o dos pensamentos. E a violência contra o próximo que é colocada em prática nada mais é do que a violência que maquinamos em nossos corações. Quem pode dizer que não peca? E, se pecamos, como podemos considerar que nosso pecado em oculto é menos grave do que o pecado de outro que é feito às claras?
Pode ter certeza de uma coisa: se não for por graça, ninguém é salvo. E se não for por graça, ninguém será capaz de permanecer salvo. Dependemos da graça e da misericórdia de Deus para nos salvar e para nos manter até que Cristo venha nos buscar.
(Rm 3:9-10) “Pois quê? Somos melhores do que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem sequer um”.
Entenda que esse “não há um justo, nem sequer um” continua valendo para nós mesmo depois de salvos, pois não temos justiça própria que garanta nossa idoneidade diante de Deus. Dependemos da Cristo para Deus poder olhar para nós com outros olhos e nos considerar idôneos, não pelo que somos ou fazemos, mas por aquilo que Cristo é e fez para Deus.
Em suma, se tivéssemos apenas um vislumbre de como Deus vê o pecado, aí sim desistiríamos de qualquer tentativa de nos salvarmos a nós mesmos ou de nos mantermos salvos por nossos próprios esforços. Se dissermos que não pecamos, enquanto acusamos outros de serem mais pecadores do que nós, estamos incorrendo no pecado da mentira. O versículo a seguir não foi escrito para incrédulos, mas para crentes:
(1 Jo 1:8) “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”.
Quanto ao que você disse, de pessoas que aceitaram a Jesus e agora vivem totalmente no pecado, sempre cabe perguntar: Aceitaram mesmo ou apenas levantaram a mão em um culto evangélico ou se filiaram a uma religião?
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O cristão deve permanecer no anonimato?
O anonimato em si não é necessariamente uma coisa boa. Pessoas escrevem cartas anônimas para não serem responsabilizados por suas palavras ou suas consequências. Quando encontramos o anonimato na Palavra de Deus, o objetivo é evitar que o cristão sucumba à vanglória.
Como a própria palavra parece dizer, vanglória pode ser entendida como vã-glória, ou a glória que não serve para nada, que não passa de vaidade. Em Romanos 3:23 vemos que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Ao ser separado de Deus pelo pecado, o ser humano ficou também destituído da glória daquele que o criou.
Restou ao homem sua própria glória, mas que glória é essa e de quê serve tal glória? A glória do homem é tudo aquilo que buscamos para preencher esse vazio de glória que existe em nós. Procuramos nos gloriar em nossos feitos, em nossa saúde, em nosso carro, em nossa casa, em nossa aparência etc. Porém 1 Pedro 1:24 diz que “toda a glória do homem é como a flor da erva” que se seca e cai. Tiago 4:16 diz que o homem se gloria em suas presunções e “toda glória tal como esta é maligna”.
Portanto, quando vemos a orientação para fazermos as coisas anonimamente como cristãos é no sentido de evitarmos a vanglória, ou nos gloriarmos em nós mesmos, e não em Deus. É evidente que somente com a ajuda de Deus somos capazes de não nos gloriarmos naquilo que fazemos, ou de não nos sentirmos orgulhosos. Isso está de tal forma entretecido em nossa natureza que se qualquer um de nós disser que não se gloria em si mesmo está mentindo.
Neste sentido não temos um exemplo mais perfeito do que Jesus, que nunca quis atrair a atenção para si, que nunca quis ocupar lugares elevados e queria que apenas o Pai fosse glorificado em tudo o que fazia aqui. Ele não se gloriava em si mesmo, mas em Deus. Este deve ser também o “gloriar-se” do cristão também:
(1 Co 1:30) “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.
O apóstolo Paulo repete a mesma exortação ao falar da obra do evangelho em 2 Co 10:16. Ele não pretendia se gloriar no trabalho que outros tinham feito antes dele, e conclui que “não é aprovado aquele que se recomenda a si mesmo, mas sim aquele a quem o Senhor recomenda. Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna”.
O Senhor Jesus criticou os fariseus em Mateus 23:5 por fazerem “todas as obras a fim de serem vistos pelos homens… e o serem chamados pelos homens: — Rabi, Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos”.
Nesta passagem ele mostra também o erro de um cristão adotar títulos que o distinga de seus irmãos, como “Rabi”, “Mestre”, “Doutor”, “Reverendo”, “Pastor”, “Padre”, “Missionário” etc. Dons como pastores, evangelistas e mestres, ou ofícios como anciãos e diáconos, jamais deveriam ser usados como títulos honoríficos, como os homens costumam fazer com “Doutor Fulano” ou “Presidente Sicrano”.
Nas coisas do homem está bem chamar alguém de “Doutor”, “Presidente”, “Mestre”, porque são títulos humanos que distinguem os homens por suas posições na sociedade, mas na “sociedade” de Deus não há posições humanas.
Ainda falando dos fariseus o Senhor Jesus ensinou em Mt 6:5 que “quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa”.
O erro não estava em orar publicamente, já que existem orações públicas, como as que fazemos quando reunidos ou mesmo à mesa antes das refeições. O problema estava no objetivo da oração, que era a autopromoção. O Senhor conclui que, por ser esse o objetivo deles, já tinham sido atendidos. Se eu orar com o objetivo de ser visto, e não de me dirigir a Deus para expor minhas necessidades, terei sido atendido no objetivo (ser visto), mas não o serei nas necessidades, pois não foram elas o motivo de minha oração.
Quando ele fala da ajuda ao próximo, também exorta ao anonimato: Mt 6:3 “quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”. Creio que aqui vale também o mesmo raciocínio: se ajudo alguém com o objetivo de receber glória dos homens, é só isso que vou receber em troca.
No caso da coleta que é feita na reunião da assembleia, em 1 Co 16:2 diz que “no primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar” e em 2 Co 9:7 que “cada um contribua segundo propôs no seu coração”. Embora a expressão “segundo propôs no seu coração” possa indicar um ato feito no anonimato, não se trata de uma lei ou regra. Mas faremos bem se seguirmos o princípio do evangelho: “para que fique em secreto”.
Em qualquer situação, seja ao contribuir ou fazer o bem a alguém, o que o Senhor abomina é a vanglória, e não o ato em si. O melhor é fazermos essas coisas no anonimato, pois “muitos há que proclamam a sua própria bondade; mas o homem fiel, quem o achará?” (Pv 20:6). Em Provérbios 16:5 diz que o Senhor detesta os orgulhosos de coração e em Tiago 4:6 Deus se opõe a eles.
Mas o que fazer quando se trata de escrever um comentário bíblico ou pregar o evangelho? Devo fazer isso no anonimato para evitar a vanglória? Evidentemente é difícil pregar publicamente mantendo-se no anonimato. Não consigo imaginar um pregador atrás de uma cortina ou falando pelo sistema de som ambiente para não se identificar.
No meu entendimento anonimato na pregação do evangelho e principalmente no ensino e comentário das Escrituras traz um sério perigo. Pessoas que falam ou escrevem anonimamente geralmente não querem ser responsabilizadas pelo que estão fazendo. Se leio um texto anônimo que contém erros graves contra a Pessoa de Jesus, a quem devo responsabilizar por isso?
Existe também o perigo da falsa humildade escondida na decisão não assinar um livro ou um texto. O argumento mais frequente é que o autor não deseja ser louvado pelo que fez, mas quer que todo louvor seja dado a Deus.
Pode parecer uma decisão muito bonita, mas eu pergunto: Quem foi que disse que aquilo seria digno de alguma admiração ou louvor? Não seria presunção do autor achar que seu trabalho viria a merecer algum louvor ao decidir que ele deveria ser dirigido a Deus?
(2 Tm 3:2) “Porque haverá homens amantes de si mesmos, presunçosos…”
(Tg 4:16) “Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna”.
O melhor mesmo é também nisto buscar a direção do Senhor, pois nem todos os que assinam seu trabalho podem estar buscando sua própria glória, e nem todos os que não assinam seu trabalho fazem isso para fugir de serem responsabilizados por algum erro. Digno de nota é o caso de Fanny Crosby, que escreveu mais de 9 mil letras hinos, muitos deles cantados regularmente por muitos cristãos, como é o caso de “A Deus demos glória”, “Junto a Ti”, “Quero estar ao pé da cruz” e outros.
Sua produção de hinos era tão grande, que para evitar que alguns hinários ficassem só com o seu nome em todos os hinos os editores sugeriam que ela usasse pseudônimos. Assim muitos de seus hinos foram publicados com pseudônimos com Ella Dale; Jenny V., Mrs. Jenie Glenn, Mrs. Kate Grinley, Viola, Grace J. Francis, Mrs. C. M. Wilson, Lizzie Edwards, Henrietta E. Blair, Rose Atherton, Maud Marion, Leah Carlton e outros.
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Com que frequência vocês se reúnem?
Isso varia muito de assembleia para assembleia. Onde estou congregado temos às quartas feiras à noite uma reunião que começa com uma leitura de um capítulo do Antigo Testamento que é depois comentado pelos irmãos que ministram. Poderíamos classificá-la como uma reunião de ministério da Palavra. Em seguida fazemos uma reunião de oração, que começa com os irmãos trazendo motivos de oração (algum irmão doente, alguma necessidade de alguém, alguma viagem na obra etc.). Não se trata de trazermos orações muito pessoais, mas aqueles motivos que envolvam a assembleia e a obra do Senhor. Eu não preciso, por exemplo, pedir orações para meu filho ir bem na prova da escola, ou para decidir que carro comprar, porque este tipo de oração eu devo fazer em casa com minha família.
Aos sábados à noite temos uma reunião de ministério da Palavra, que pode ser aberta a qualquer irmão que tenha um tema específico para ministrar, ou pode ser um estudo como o que fazemos na quarta feira, neste caso do Novo Testamento. Mesmo o “modelo” de reunião aberta de ministério pode variar de um lugar para outro. Quando é o caso de um irmão trazer um tema para ministrar, ele poderá ministrar sobre o tema boa parte do tempo da reunião, mas é conveniente sempre que ele deixe espaço para “falem dois ou três” como vemos em 1 Coríntios, e não monopolize o tempo (aqui uma reunião costuma durar de uma hora a uma hora e meia, embora em outros lugares esse tempo também varie bastante).
Geralmente aqui quando um irmão termina de falar sobre o tema que trouxe, outro poderá dar continuidade falando do mesmo tema ou capítulo, mas já estive em uma assembleia nos Estados Unidos onde vi três irmãos falarem uns quinze minutos cada um de temas e passagens completamente diferentes, cada dando o começo, meio e fim de sua mensagem. Já estive em assembleias onde as reuniões de ministério parecem mais um pingue-pongue, com um irmão fazendo um comentário rápido de uma passagem, outro continuando logo a seguir, outro concatenando o seu comentário, etc. E também já vi lugares onde há um longo período de silêncio entre um e outro. Isso deve variar também em outros lugares, como na Índia, Japão, Nigéria, Malavi, etc. Basta pensar na diversidade de costumes e de povos que temos no mundo para entendermos que poderão existir diferenças também em alguns detalhes das reuniões.
Geralmente começamos com irmãos sugerindo um ou mais hinos, algum irmão abrindo a reunião dando graças e pedindo a direção do Senhor e, no final também terminando com hinos e oração. Como devemos nos colocar sob a direção do Espírito, não podemos estabelecer regras, embora tudo deva ser feito com decência e ordem, como ensina 1 Coríntios 14:40.
Aos domingos na parte da manhã temos uma escola dominical para crianças (em uma sala) e jovens e adultos (em outra). Não se trata de uma reunião da assembleia e nem tem tal caráter. São cantados hinos infantis, as crianças repetem o versículo que decoraram durante a semana. Enquanto um irmão traz algum assunto para os jovens e adultos, um irmão ou irmã cuida das crianças pequenas em outra sala ensinando a elas o evangelho e dando alguma atividade lúdica. São iniciativas dos que fazem tal trabalho, portanto é bem no estilo de um que ensina e os outros aprendem, podendo ocorrer perguntas, comentários, etc.
Em seguida temos uma reunião em caráter de assembleia, que é a Ceia do Senhor. Essa não é uma reunião para orarmos por necessidades, e também não é para se ministrar a Palavra. É uma reunião de louvor e adoração, portanto as orações ao longo da reunião tem esse caráter de gratidão e louvor. Também cantamos muitos hinos, geralmente aqueles que falam da morte do Senhor. É importante também ter sabedoria na escolha de hinos, pois há hinos que se adequam mais ao louvor e adoração, outros que falam de nossas dificuldades no mundo, melhores para oração, e há também hinos evangelísticos. Não caberia ver uma assembleia de salvos reunidos para adorar o Senhor cantando “Pecador vem a Cristo Jesus…”
Na ceia do Senhor, depois de um tempo de louvor um irmão vai até a mesa onde estão os símbolos (o pão e o vinho), dá graças pelo pão, o parte e passa para os irmãos. Aqui onde estou congregado a travessa ou cesta com o pão passa de mão em mão com cada um pegando um pedaço e comendo. O mesmo é feito com o cálice de vinho. Embora possam ter visitantes numa reunião da ceia do Senhor, é importante lembrar que só participam do pão e do vinho aqueles que foram regularmente recebidos à mesa do Senhor. Os demais (e também as crianças) podem assistir, porém não participam do pão e do vinho. Em seguida é passada uma sacola também apenas aos que estão em comunhão para que coloquem nela suas ofertas que serão posteriormente utilizadas em despesas (salão, energia elétrica etc.), necessidades de irmãos enfermos ou desempregados, viagens de irmãos na obra do Senhor etc.
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Pedofilia deve ser julgada na igreja?
Sua dúvida é se a igreja católica estaria procedendo corretamente ao decidir julgar os casos de pedofilia envolvendo sacerdotes dentro da própria igreja, evitando expô-los ao público ou entregá-los à justiça comum. A dúvida, segundo você, surgiu depois de ler a passagem abaixo:
(1 Co 6:1-6) “Ousa algum de vós, tendo uma queixa contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo há de ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, constituís como juízes deles os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos? Mas vai um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?”
A resposta vai ser um pouco mais longa do que deveria, em razão da grande confusão que armaram com termos tirados da Bíblia, como “igreja” e “sacerdote”. Primeiro é preciso entender qual o significado bíblico destes termos, para depois entendermos a que julgamento o apóstolo Paulo se refere.
A palavra “igreja” nas epístolas tem dois significados. Ou é o corpo de Cristo, formado por todos os salvos, do qual o próprio Cristo é a cabeça, ou é a expressão local desse corpo, geralmente identificada nas epístolas com o nome de uma cidade ou região. Esta mesma carta do apóstolo é endereçada “à igreja de Deus que está em Corinto” (1 Co 1:2). Em Colossenses 1:24 o corpo de Cristo é chamado de igreja.
A igreja católica não é a igreja em nenhum desses dois sentidos, pois se trata de uma organização com sede em Roma que pretende ser universal. Além de não ser universal por não incluir todos os salvos, ela também não é a igreja que romana, ou seja, local, por também deixar de incluir todos os salvos que estão em Roma.
“Igreja Católica”, “Igreja Batista”, “Igreja Presbiteriana”, “Igreja Assembleia de Deus”, etc. são diferentes “corpos” ou corporações criadas e dirigidas por homens, que fazem o desfavor de dividir os cristãos por diferentes denominações, impedindo que sejam reconhecidos no mundo como membros do “um só corpo” de Cristo.
(Rm 12:5) “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo”.
(1 Co 10:17) “Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão”.
(1 Co 12:12-13) “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”.
(Ef 4:3-5) “…procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo”.
Além do termo “igreja” ter sido adulterado, ao ponto de significar corporações humanas, a palavra acabou também transformada em edifício de pedras ou tijolos. Daí ouvirmos expressões como “a igreja antiga foi demolida para ser construída uma nova”. Algo assim jamais teria passado pela cabeça dos primeiros cristãos, tampouco pela mente do Senhor, que prometeu: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. A verdadeira igreja foi Jesus quem edificou, a igreja é de Deus (não do pastor fulano ou padre sicrano) e nada a pode demolir.
Outro termo que também foi adulterado é “sacerdote”. Embora no judaísmo do Antigo Testamento existissem sacerdotes que exerciam seus ofícios em um templo de pedras (que jamais foi chamado de igreja ou confundido com a congregação de Israel), intermediando o acesso do povo a Deus, isso não tem lugar no cristianismo.
Uma pessoa paramentada com vestes em estilo greco-romano (que é a origem do estilo das vestes litúrgicas dos sacerdotes católicos) e arvorando-se “sacerdote” é tanto uma caricatura como uma usurpação. Caricatura, por tentar imitar algo que sequer existe mais, que era o sacerdócio levítico do Antigo Testamento, usando vestes greco-romanas mais apropriadas ao culto dos deuses pagãos dos povos que as desenharam.
Na atual dispensação aprendemos que todos os crentes são sacerdotes e que não existe uma classe de homens mediadores entre Deus e os homens, como eram os sacerdotes hebreus. Hoje há um só homem mediador. Alguns versículos bastam para confirmar isto:
(1 Tm 2:5) “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”. (Paulo diz isso eliminando qualquer outra mediação).
(At 4:11) “Ele [Jesus] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos”. (Pedro esclarece quem é a pedra angular sobre a qual Jesus prometeu edificar sua igreja).
(1 Pe 2:5) “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo”. (Além da pedra angular, Jesus, todos os outros crentes são igualmente pedras e formam um sacerdócio santo, diz Pedro aqui).
(1 Pe 2:9) “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. (Mais uma vez Pedro explica que todos são um “sacerdócio real”).
(Ap 1:5-6) “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos”. (O apóstolo João chama a todos os salvos de sacerdotes).
(Ap 5:9-10) “Porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes”. (Mais uma vez os redimidos pelo sangue de Jesus são chamados de sacerdotes pelo apóstolo João).
Tendo esclarecido que a igreja católica não é a igreja da Bíblia, e nem tem sua amplitude e universalidade ao ponto de incluir todos os membros do Corpo de Cristo, e também que os sacerdotes católicos não são sacerdotes (exceto aqueles que individualmente tenham sido salvos pela fé em Jesus), resta esclarecer sua pergunta sobre os casos de pedofilia.
Não é preciso ser muito observador para concluir que esse aspecto endêmico que a pedofilia possui entre os membros do clero católico é uma consequência da proibição do matrimônio. Paulo era celibatário por vontade própria, mas ele mesmo sabia que era melhor casar-se do que abrasar-se (1 Co 7:9), o que ele teria feito se assim desejasse. Não haveria impedimento algum para continuar exercendo seu trabalho missionário. Afinal, o próprio apóstolo Pedro era casado e nos evangelhos vemos sua sogra sendo curada por Jesus.
Uma das características dos apóstatas descritos por Paulo em 1 Timóteo é a proibição do casamento: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência, proibindo o casamento”. (1 Tm 4:1).
Voltando à sua dúvida, a passagem que fala de julgar as questões internamente entre os irmãos em uma assembleia local se refere a demandas entre irmãos, não a crimes. Veja que o texto fala de “uma queixa contra outro”, não de um crime previsto pelas leis do país. Por isso refere-se a “julgar as coisas mínimas… as coisas pertencentes a esta vida… negócios…”, etc.
Embora na época a pedofilia não fosse crime, pois era aceitável na sociedade greco-romana que homens casados mantivessem crianças como escravas sexuais, qualquer imoralidade era abominável entre os cristãos. Aqueles que estudaram história sabem que as leis que existem hoje condenando a pedofilia são uma consequência direta da influência cristã no mundo, inclusive entre os povos de religiões orientais ou mesmo no mundo islâmico, onde a pedofilia era tolerada até o início do século 20.
Ao contrário dos povos do passado no ocidente e oriente, em nossa sociedade moderna pedofilia é crime, portanto seus praticantes devem ser julgados pela justiça comum, e a doutrina dos apóstolos dada à igreja é clara também neste sentido.
A primeira providência de uma igreja ou assembleia local que descobrisse algum pecado grave entre os que estavam em comunhão seria excluí-lo da comunhão (excomungá-lo). Isso é tratado em 1 Coríntios 5 para um caso de imoralidade envolvendo relações sexuais entre um homem e sua madrasta. Esse julgamento, que visa a exclusão de assembleia local, não tem valor legal.
Uma vez expulso o culpado, ele nada mais tem a ver com a assembleia ou igreja em seu aspecto governamental de “casa de Deus” (ele é expulso da comunhão, não do corpo de Cristo, pois ninguém tem poder seja para fazer alguém membro da Igreja ou excluí-lo dela). Daí em diante ele não tem mais qualquer ligação com os irmãos e nem os irmãos com ele. Se ler o texto verá que ele fica numa situação pior do que um mero incrédulo, pois o apóstolo exorta os irmãos a nem se sentarem à mesa de refeições com tal pessoa. Com incrédulos a restrição não existe.
Se Deus manda tratar com tal rigor um caso de imoralidade entre adultos responsáveis e concordes, imagine com que rigor deveria ser tratada a imoralidade envolvendo um adulto e uma criança inocente, indefesa e coagida.
(1 Co 5:9-13) “Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem; isso não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas, agora, escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.
Se a igreja católica fosse realmente uma igreja no sentido bíblico, não só expulsaria o pedófilo, como o entregaria às autoridades. Mas, como já demonstrei pela própria Bíblia, ela não é.
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O cristão deve ser sem igreja?
A ideia de um “cristão sem igreja” é absurda e não tem fundamento nas Escrituras. Atos 2:47 diz que “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. Se o próprio Senhor acrescenta à Igreja todos os dias os que “haviam de se salvar” ou, como diz em outra tradução, “os que iam sendo salvos”, como pode existir um salvo “sem igreja”? A igreja é o corpo de Cristo, ao qual cada salvo é adicionado como membro, e desse corpo ele jamais será subtraído, e nem conseguirá se desligar por si próprio, pois esse corpo é controlado pela cabeça, que é Cristo.
Resumindo: é impossível a qualquer ser humano se tornar membro da igreja por decisão sua, e é impossível também que ele se desligue ou seja desligado da igreja que é o corpo de Cristo. E quando cristãos estão congregados sobre o fundamento bíblico do “um só corpo” não estão considerando “seu grupo” a igreja, mas apenas o testemunho ou expressão local desta. Um exemplo prático e interessante foi o diálogo de um irmão congregado ao nome do Senhor somente, com outro irmão em Cristo membro de uma denominação, quando se encontraram no ponto de ônibus:
O primeiro: “Vi você hoje lá na reunião quando celebramos a ceia do Senhor”
O segundo: “Impossível, eu não vou lá e nunca fui”
O primeiro: “Mas eu vi você sim. Você estava lá no pão”.
(1 Co 10:16) “Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Pois nós, embora muitos, somos um só pão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão”.
A grande confusão é que a maioria dos cristãos considera “igreja” como uma organização ou o conjunto de organizações religiosas existentes no mundo. E aí alguns saem proclamando os cristãos a se tornarem “sem igreja”.
Ontem recebi uma mensagem de uma irmã que criou o “Movimento dos Sem-Igreja”, seja lá o que isso signifique. Obviamente as razões para o seu movimento é a decepção com o sistema tradicional. O problema é que para embasar o seu “movimento” ela começa a ensinar (contrariando o que diz em 1 Tm 2:12 sobre a mulher ensinar) que a ceia do Senhor a que Paulo se refere não é com pão e vinho tangíveis, mas espirituais. Ou seja, diante da questão de onde iriam participar da ceia os que seguissem seu movimento “sem igreja”, ela resolveu o problema eliminando a própria ceia, isto porque continua considerando “igreja” uma instituição organizada.
Pode esperar que essa decepção com a cristandade institucional só levará a mais erros, pois a discussão toda perde de vista o ponto principal. O que está errado não é só a maneira como os cristãos estão congregados ou organizados, mas o fundamento de tudo isso. A grande maioria dos livros e movimentos conclamando as pessoas a saírem de suas denominações e buscarem alternativas no modo de congregar-se simplesmente se propõe a buscar uma melhoria do sistema, e não abandonar de vez os fundamentos do mesmo sistema, e tampouco voltar aos fundamentos da Palavra, em especial à Pedra fundamental.
Um texto muito bom para ler é Hebreus 13. Havia todo um sistema de coisas do judaísmo às quais os cristãos-hebreus teimavam permanecer apegados. Mas o Espírito Santo diz simplesmente que Cristo não estava nesse sistema de coisas, por mais pessoas piedosas e verdades que ele pudesse incluir. Jesus tinha sido excluído dali e estava agora “fora do arraial” (o sistema organizado judaico). Hebreus 13:13 ordena: “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério”.
A questão não está em reformar o arraial, e também não se limita a sair do arraial. O ponto focal da mensagem de Hebreus está na expressão “a ele”. Trata-se de sair a Cristo. Não se trata nem de reformar, e nem de apenas sair, mas de sair a Cristo, de ter a ele como o centro como era no princípio, quando dois ou três estavam congregados em seu nome, para ele, e reconhecendo a ele somente como centro das atenções.
No monte da transfiguração os discípulos ainda tinham sua atenção dividida entre Jesus, Moisés e Elias, tanto é que se propõem a construir três tendas, uma para cada um deles. Eles colocam Jesus no mesmo plano daqueles homens e Deus precisa intervir para tirar de vez o foco deles de outros e concentrá-lo em Jesus.
(Mc 9:7-8) “E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. E, tendo olhado ao redor, ninguém mais viram, senão Jesus com eles”.
Não se trata de “sair da igreja” porque isso que existe por aí não é igreja. Igreja foi, é, e continuará sendo o Corpo de Cristo, o conjunto indivisível e indenominado de todos os salvos por Cristo. E a expressão local e visível dessa igreja (é um equívoco pensar numa “igreja invisível”, mesmo porque os salvos são perfeitamente visíveis neste mundo) é formada por dois ou três reunidos em nome de Jesus, nos moldes que ele determinou em Mateus 18. Qualquer leitor atento verá que o texto ali não está tratando de dois ou três cristãos batendo papo durante o cafezinho, mas de algo solene que até mesmo envolve a ação de ligar e desligar, ou seja, inclui responsabilidades, governo e juízo.
Resumindo, existe hoje um sistema, que se denomina “igreja” e não é, e um movimento de repúdio a essa “igreja” visando reformar tudo isso para criar algo alternativo e melhor que também não será “igreja”. Eu estou fora de um e de outro, porque nada disso é o que encontro em Hebreus: sair a Jesus.
Qualquer denominacional protestante se sente ofendido quando dizemos que sua igreja não é a igreja da Bíblia, como também fica ofendido o católico se negarmos à igreja católica o status de “igreja”. O que não percebem é que, ainda que seus respectivos sistemas e organizações não sejam a igreja e nem a representem, eles próprios, os indivíduos que crerem, são membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. Negar às organizações o status de igreja não é negar aos seus membros o status de membros do corpo de Cristo. Se todas as organizações humanas chamadas igrejas desaparecessem neste exato momento, a Igreja continuaria existindo de forma visível no conjunto de membros do corpo de Cristo e onde dois ou três estivessem congregados em nome de (e para) Jesus.
De um lado temos homens historicamente organizados, e de outro temos homens tentando se reorganizar. Mas a pergunta é: Onde está Jesus para eu sair a ele? O cristão sincero encontrará a resposta se fizer a pergunta ao próprio Senhor, como os discípulos fizeram, e depois seguir “o homem carregando um cântaro de água” até o cenáculo.
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Tendência suicida é maldição familiar?
Você diz que sofre de um mal desde a infância e que alguns dizem que isso é decorrente de uma maldição de família. Esqueça essa história de maldição de família. É mais uma invenção para encher os bolsos de alguns pregadores. Você escreve também que seu sofrimento o leva a pensar constantemente em suicidar-se.
Se você leu o testemunho de minha conversão em www.stories.org.br/angels.html terá visto que essas ideias também já passaram por minha cabeça um dia. A questão é: Se você já tivesse morrido, onde estaria agora? A vida não termina quando seu corpo morre. A Bíblia diz que o homem morre uma vez, mas então vem o juízo, o que não é uma perspectiva agradável.
Mas a mesma Palavra de Deus diz que se você crer no Senhor como seu Salvador, estará livre de qualquer julgamento. Isto porque seus pecados foram pagos na cruz, deixando você sem um pecado sequer para pagar. Mas a fé nele é o passo que vacilamos tanto dar, e você sabe disto.
O Senhor Jesus é a Pessoa mais fácil de ser encontrada. Ele é Deus e ele é homem. Lembre-se de que ele veio a este mundo como um Homem e compreende muito bem o que você sente. Veja que naquilo em que ele sofreu pode socorrer os que são tentados (Hebreus 2:18). Em outra passagem diz que não temos um sumo sacerdote que não possa se compadecer de nossas fraquezas, mas um que em tudo foi tentado como somos, porém sem pecado. Diz que devemos ir ao trono da graça para obtermos graça e misericórdia em tempo oportuno. Hebreus 4:15-16.
Não é maravilhoso? Ele deixou a porta aberta para os pecadores como você e eu nos aproximarmos dele e encontrarmos ajuda sempre que precisarmos! E ele chama você de uma maneira que ninguém mais poderia fazer: Vinde a mim (diz ele) todos vós (inclusive você) que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28-30.
Então, o que fazer? O que você ganhou depois de todos estes anos que viveu aqui nesta vida — sozinho e sem aquele a quem pudesse correr na hora da dificuldade? E mais do que isto, o que ganhará se terminar sua jornada aqui? Veja que Deus oferece, através do Senhor Jesus, tudo o que só Deus pode oferecer!
Procure ser a Bíblia. É melhor começar pelo evangelho de João, no Novo Testamento. Dê a Deus uma chance de falar com você, em seu coração. Ele o fará, como fez comigo há muitos anos e continua fazendo com qualquer um que for a Jesus e se render em seus bondosos braços.
Existe um vazio no coração do homem que só Deus pode preencher, mas ele não preenche até que você dê a ele esta chance. Não há nada que ele queira pedir de você além de seu coração. E ele irá curar seu coração de uma forma que ninguém mais poderia. Deus quer dar; ele não quer tirar nada de você além de seus pecados e sua tristeza. Render-se a ele é a palavra exata aqui. Pare de lutar contra aquele que ama você de tal modo que entregou seu Filho amado para morrer por você na cruz.
O que mais posso dizer? A vida é muito curta para gastá-la vivendo na dúvida e no medo. Principalmente quando você sabe que existe uma alternativa e que esta é aceitar a Cristo como seu Salvador. Não, não, não, o coração não o deseja, seu coração o odeia por natureza. Por isso usei a palavra “render-se”. Que alívio você encontraria quando, depois de lutar contra alguém que achou ser seu inimigo, você se rendesse a ele e descobrisse que se enganou em lutar. Ele nunca teve o desejo de amaldiçoar ou machucar você, mas sempre quis lhe abençoar.
Pense nisto como se você estivesse tentando dar um doce a uma criança. Você vai atrás dela, mas ela está sempre fugindo de você. Você tenta segui-la, mas ela escapa. Não há como ajudar a menos que a criança pare e diga, “Está bem, vou escutar o que você está querendo me dizer, vou aceitar o que quer me dar”.
É exatamente isto que você deve fazer agora com o Senhor. Fale com ele, conte a ele todos os seus temores, toda a sua dor, todas as suas tristezas. Ele irá escutar. Diga a ele que você não pode continuar sozinho. Diga a ele que você quer recebê-lo em seu coração; peça a ele que salve você de seus pecados, da vida miserável que está vivendo.
Eu sei que é desanimador o que você está sentindo, porque também já passei por isso. Não passei por tudo o que você está passando, pois nunca sofri de uma enfermidade ou tive dores constantes como você diz que tem. Mas Jesus sabe o que é passar por sofrimento e dor, e ele é o seu recurso. Mas você não descobrirá isso até que se renda e deixe que seus braços de amor envolvam você e que sua mão carinhosa o guie.
Mais uma palavrinha sobre o suicídio. Acredito que não exista alguém que tenha sofrido tanto quanto Jó, tanto é que o próprio nome de Jó acabou virando um sinônimo de sofrimento. Ele diz:
(Jó 7:14) “Então, me espantas com sonhos e com visões me assombras; pelo que a minha alma escolheria, antes, a estrangulação; e, antes, a morte do que estes meus ossos. A minha vida abomino, pois não viverei para sempre; retira-te de mim, pois vaidade são os meus dias”.
O profeta Jeremias também foi um que não via qualquer graça na vida:
(Jr 20:14-18) “Maldito o dia em que nasci; o dia em que minha mãe me deu à luz não seja bendito. Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho; alegrando-o com isso grandemente. E seja esse homem como as cidades que o Senhor destruiu sem que se arrependesse; e ouça ele clamor pela manhã e, ao tempo do meio-dia, um alarido. Por que não me matou desde a madre? Ou minha mãe não foi minha sepultura? Ou não ficou grávida perpetuamente? Por que saí da madre para ver trabalho e tristeza e para que se consumam os meus dias na confusão?”.
Mesmo assim, apesar de todo o sofrimento, decepção e angústia desses homens, eles não tentaram tirar a própria vida, pois sabiam que suas vidas não pertenciam a eles, mas a Deus. Veja o que acontece quando a própria mulher de Jó sugere que a melhor saída para ele seria suicidar-se:
(Jó 2:8) “E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza. Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre. Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”.
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A Bíblia fala algo sobre psicopatas?
Não sei se a Bíblia fala alguma coisa específica para o caso. Provavelmente não, porque não existe esse detalhamento. Algumas enfermidades específicas são citadas, mas você não encontrará nada sobre a gripe, o câncer ou o derrame cerebral, por exemplo.
É preciso sempre ter em mente que tudo o que a Bíblia fala tem alguma relação com Jesus, que é seu foco, e sua relação com o ser humano. É por isso que não encontramos muitas coisas na Bíblia, como detalhes científicos, artísticos ou culturais. As enfermidades citadas têm algo a ver com o contexto e, mesmo assim, não são necessariamente o foco do contexto.
Você encontra na Bíblia enfermidades do corpo de uma maneira geral, às vezes identificadas, enfermidades da mente, e também enfermidades ou quadros causados disfunções espirituais como possessões demoníacas que causam a perda do controle do próprio corpo pelo possesso.
Eu não entendo o suficiente para poder afirmar se um psicopata é ou não consciente de seus atos, mas se em algum lugar de sua consciência existe a noção de razão e responsabilidade, então ele é responsável e não poderá alegar, diante de Deus, que cometeu seus atos por causa de sua enfermidade.
Há pessoas que têm, por natureza, um temperamento mais violento do que outras, e há homens cujo corpo produz uma quantidade tal de hormônios que o faz enlouquecer de desejo. Nem um, nem outro, poderá alegar diante de Deus que não é culpado de matar ou estuprar. Se existe a consciência, existe a responsabilidade.
De qualquer modo, toda e qualquer enfermidade, seja ela física ou mental, é consequência da queda do ser humano e continuará a nos afligir neste mundo. Mesmo que uma pessoa se converta, isso não é garantia de que será curada de todas as suas enfermidades físicas. Este corpo foi arruinado pelo pecado e continuará assim até o final, caso contrário não precisaríamos de ressurreição, não é mesmo?
Particularmente entendo que um louco de nascença, alguém que realmente não tenha consciência de seus atos, seja o equivalente ao “pobre de espírito” que Jesus mencionou, categoria que pode incluir também muitas formas de demência ou retardo mental.
Porém, alguém que teve um período de sanidade antes de se tornar insano, teve tempo suficiente para crer no evangelho e não o fez. Se mais tarde ele passar a sofrer de alguma forma de doença mental que o impeça de ser responsável por seus atos ou de entender o evangelho o suficiente para crer, acredito que ele teve a mesma chance de qualquer outra pessoa. A diferença é que para qualquer outra pessoa a morte seria o fim do “prazo” para crer, enquanto para ele esse prazo terminou quando se tornou insano.
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O que a Bíblia diz dos dinossauros?
O manual de meu celular não diz como ele funciona, mas apenas ensina o que eu posso fazer com ele. Os processos eletrônicos, o modo como se comunica com as torres ou até o número de componentes e sua composição química são coisas que não estão no manual, pois são coisas não me trariam qualquer proveito.
A Bíblia é o manual de Deus para o homem. Tudo o que precisamos saber está ali, e seu tema principal é Deus e Jesus, nosso Senhor. Nela temos “tudo o que diz respeito à vida e piedade”. Por ela aprendemos quem é aquele “que nos chamou por sua glória e virtude”, e em suas páginas descobrimos as “grandíssimas e preciosas promessas” que Deus nos deu “para que fiqueis participantes da natureza divina”.
A “ciência” ou conhecimento que ela nos traz tem uma função: escapar da “corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”, acrescentar “à vossa fé, a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, a ciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade”. Finalmente, ela nos mostra que, tendo tudo isso, não ficaremos “ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”. (2 Pe 1:2-8).
Já deu para ver que não vamos encontrar tudo nas páginas da Bíblia, e inclua aí os dinossauros ou como funciona um celular. Vamos aos fatos: as várias camadas geológicas revelam que este mundo foi habitado por criaturas estranhas e também por imensas florestas que se transformaram no petróleo e carvão, que hoje são queimados e devolvem à atmosfera o dióxido de carbono coletado e armazenado ao longo de incontáveis eras.
Embora Deus pudesse ter criado o petróleo, o carvão e os fósseis de animais do jeito como os encontramos hoje, não faria sentido Deus fazer algo que viesse a nos confundir.
Agora vamos aos fatos que encontramos na Palavra de Deus. Primeiro, existiu um princípio, quando tudo o que existe foi criado por Deus, que sempre existiu. O tempo depende de matéria e movimento para existir, portanto o tempo existe desde o princípio da criação e deve terminar na nova criação.
(Gn 1:1) “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.
(Jo 1:1-3) “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
Esse “Deus” de Gênesis 1:1 é “Elohim” no original, um nome plural. No Novo Testamento aprendemos que todas as coisas foram criadas pela vontade do Pai por intermédio de Jesus, o Verbo de Deus e também o Filho Eterno de Deus, sendo o Espírito Santo o princípio ativo da Criação. O Elohim de Gênesis 1:1 é o Deus triúno que conhecemos.
(Gn) 1:1 “No princípio, criou Deus os céus e a terra” é, ao mesmo tempo, um dos menores versículos da Bíblia, mas um dos maiores em conteúdo. Ele não fala das intenções que Deus tinha aí, mas do que ele fez. Ele não fala da criação dos anjos, mas pelo livro de Jó sabemos que os anjos já existiam quando a Terra, na sua atual configuração, foi formada.
(Jó 38:4-7) “Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva [anjos] juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?”
O objetivo de Gênesis não é revelar os conselhos de Deus e nem a existência de Deus. Estas coisas são reveladas em detalhes no Novo Testamento. A Criação é uma das coisas que só podem ser entendidas pela fé, não pela razão. Hebreus 11:3 diz que “pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra [pelo verbo] de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.
Outro detalhe importante de Gênesis são as palavras originais usadas para o verbo “criar” de nossas traduções. Em alguns lugares diz que Deus “criou” (Gn 1:1), em outros diz que Deus “fez” (Gn 1:16), e em outros Deus apenas ordena que certas coisas apareçam, como em “haja luz” (Gn 1:3). A Bíblia afirma que “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 Jo 1:5), e que “que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível”. Portanto o mais provável é que a luz já existisse independente da criação, por ser uma qualidade de Deus.
Quando Gênesis diz “criar”, é no sentido de trazer à existência a partir do nada. Quando diz “fazer” é preparar algo a partir do que já existe. No princípio Deus criou todas as coisas. Então Deus prepara a Terra para o homem e “faz” muitas coisas ali. O verbo “criar”, no mesmo sentido do versículo 1, só torna a aparecer no versículo 21, quando fala dos grandes animais marinhos. Nos versículos 20 e 21 esse “criar” parece estar relacionado à vida autônoma, que possui pensamento e movimento. Ao contrário das plantas, esse tipo de vida nestes versículos é chamada de “alma vivente”.
Esta distinção é importante, pois mais tarde vemos que os animais terrestres não são “criados”, mas “feitos”, uma vez que a forma primordial de vida autônoma (“alma vivente”) já havia sido criada nas águas. O verbo “criar”, do versículo 1 e 21, irá aparecer pela terceira vez no versículo 27 relacionado ao homem. Portanto temos 3 coisas distintas: A criação da matéria, a criação das almas viventes que irão habitar a Terra em sua relação com o homem, e a criação do homem, o único que recebe o sopro divino. Por isso o homem é espírito, é alma vivente e tem um corpo de matéria terrena.
O homem tem uma posição distinta em tudo isso. Ele também foi criado para dominar sobre a Criação, uma responsabilidade e privilégio que nem mesmo os anjos receberam. Os anjos foram criados para servir. Obviamente com a queda, embora o homem ainda tenha o domínio, ele perdeu a capacidade de fazer isso de acordo com o plano e a vontade de Deus e passou a destruir a Criação ao invés de apenas exercer o domínio sobre ela. O Homem perfeito, o Segundo Homem, que terá todo o domínio dentro das expectativas de Deus, é Jesus. Veja o Salmo 8.
Em outros casos vemos Deus apenas colocando as coisas em ordem, como separando terra firme e água., luz e trevas, etc. Por exemplo, o Sol, a Lua e as estrelas já existiam quando em Gênesis 1:16 Deus os “fez” para governar o dia e a noite. Mesmo assim não diz explicitamente “Sol” e “Lua” como corpos celestes, porque não é o assunto que importa ali. O assunto da passagem é mostrar que as coisas na Terra seriam governadas a partir do céu.
Considerando que “o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada” (Is 45:18), tem alguma coisa entre o versículo 1 e o 2 de Gênesis que não faz sentido. O versículo 2 diz que “a terra era [estava] sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, algo que não condiz com uma terra que não foi criada vazia e sem forma. Algo deve ter acontecido que deixou a Terra nessa condição, mesmo porque “trevas” é algo estranho a Deus.
Se eu fosse colocar as coisas em ordem cronológica, diria que primeiro foram criados os anjos e em seguida as coisas materiais (o universo, incluindo a Terra, o Sol, a Lua e as estrelas). Nessa Terra habitaram animais e cresceram plantas, cujos fósseis encontramos hoje. Tudo isso morreu porque Deus criou assim, o que não é de estranhar quando lemos que só ele tem em si mesmo a imortalidade. Todo o resto é mortal ou destrutível, seja a matéria ou a vida animal.
Então deve ter ocorrido um cataclismo universal (a rebelião dos anjos talvez) que deixou toda a criação em um estado de caos e destruição. É nessa condição que encontramos o planeta Terra no versículo 2, o qual precisará ser “equipado” para ser a morada do homem, a coroa da Criação. A luz, que por alguma razão judicial estava ausente da Terra nesse período, entra em cena. Ela deve ter banhado a Terra antes, já que os fósseis que encontramos tinham olhos e as plantas deviam fazer a fotossíntese.
Creio que nisso tudo se encaixam muito bem os dinossauros. O assunto de Gênesis não são os dinossauros, mas a criação do homem responsável. Aqui é o homem, e não os animais, o personagem principal. Todo o resto é cenário e figuração. Como acontece nos filmes, o resto só existe para dar sustentação à história e aos seus personagens.
Mas isto só é compreendido por aqueles que conhecem a verdade e são capazes de valorizar ainda mais a Cristo. Mais tarde na Bíblia vamos encontrar Cristo na cruz feito pecado por nós, o que nos faz entender o fracasso do primeiro homem, Adão, e o que significa o último Adão, pois Cristo lança as bases para o segundo Homem.
Se o homem (e o segundo Homem) é o tema da Criação descrita em Gênesis, não era de se esperar que encontrássemos ali a resposta para a existência dos anjos ou dos dinossauros. Os anjos só aparecem na Bíblia quando têm alguma coisa a ver com o homem. Os dinossauros nunca aparecem, pois nada têm a ver com o homem, com este mundo ou o mundo vindouro. O conhecimento deles seria inútil no que diz respeito “à vida e piedade”, que é o propósito de Deus em sua Palavra.
Na sua totalidade, o tema principal que temos diante de nós na Bíblia é Deus tomando o homem na criação, revelando o quanto ele despencou, por causa do pecado, ao ponto de ficar até mesmo abaixo de qualquer outra criatura, para depois Deus o exaltar, em Jesus, acima de todas as criaturas e criar nele alto totalmente novo. É possível até traçar um paralelo entre o Gênesis e Romanos para entender a velha e a nova Criação. A Bíblia continuará desvendando os planos e propósitos que têm sua origem no céu, enquanto cientistas e estudiosos continuarão tentando desvendar o que acontece na Terra.
(Jo 3:31) “Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos. E aquilo que ele viu e ouviu, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro. Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois não lhe dá Deus o Espírito por medida. O Pai ama o Filho e todas as coisas entregou nas suas mãos. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”.
Quando aceitamos o testemunho de Deus, ou seja, de que ele não deixou de nos revelar coisa alguma que não fosse importante para nós, descansamos mesmo quando não encontramos os detalhes que gostaríamos de ver em Gênesis sobre dinossauros e outros assuntos. “Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro”.
Se desconfiarmos de Deus, achando que ele escondeu de nós alguma informação importante, estaremos adotando a mesma posição de Eva, ao ir na conversa de Satanás, de que Deus estaria privando ela e seu marido de se tornarem como Deus, conhecedores do bem e do mal.
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Existia morte antes da queda do homem?
Você perguntou: Como esclarecer a entrada da morte no mundo pelo pecado original visto que os dinossauros morreram antes do homem?
Obs. Este texto é uma continuação de O que a Bíblia diz dos dinossauros?
Até receber seu e-mail eu nunca tinha me preocupado muito com a questão dos dinossauros ou da morte antes da queda do homem. Eu simplesmente afirmava, baseado em Romanos 5:12, que “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”. Eu também associava Romanos 8 à morte dos animais:
(Rm 8:20-22) “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”.
O problema é que Romanos 5:12 não fala que a morte passou a toda a criação, mas “a todos os homens” por causa do pecado, e Romanos 8:20-22 não fala de morte relacionada à Criação, mas de vaidade, servidão, corrupção e sofrimento (gemido, dores). Além disso, nenhum crente iria imaginar que, uma vez completada a obra da redenção dos humanos, os animais viriam a ressuscitar. Creio que a “liberdade da glória dos filhos de Deus” venha a trazer alívio par ao sofrimento animal, não o fim de sua morte. Mesmo durante o reino milenial de Cristo continuará existindo a morte de animais que serão sacrificados.
Entenda que muito do que escrevo ali é apenas especulação, já que Deus não nos revelou os detalhes destes assuntos. Quando não temos algo revelado na Palavra de Deus é porque isso não é importante para nós, e devemos descansar no fato de que Deus quis revelar apenas aquilo que seria útil para nossa salvação e para o conhecimento de Jesus, o Salvador.
Não temos também uma revelação clara da morte de animais e humanos existir ou não antes da queda do homem. O que temos é:
— Animais podem ter morrido antes, se os fósseis e plantas forem mesmo de uma criação original referida no versículo 1 de Gênesis, antes do cataclismo que transformou a Terra em sem forma, vazia e coberta de trevas no versículo 2. Carvão mineral e petróleo são formados a partir de plantas mortas.
— Nada é dito sobre a alimentação da vida marinha que Deus criou em Gn 1:21. Como a quase totalidade da vida marinha hoje é carnívora, e essa vida não tinha acesso à terra cujas plantas foram dadas como alimento aos animais terrestres, é provável que os animais marinhos já fossem carnívoros em sua criação.
— As plantas morriam quando eram comidas pelos animais terrestres. Estes podiam ou não ser carnívoros e nada é dito sobre serem imortais, portanto eles também deviam ter um ciclo de vida como tinham as plantas. Crescer, reproduzir-se e morrer é o ciclo da vida no planeta.
— Somente depois do dilúvio Deus deu os animais aos homens como alimento, mas nada é dito que então isso tenha sido feito também com os animais. Portanto eles podiam já se alimentar de outros animais antes. A passagem em Isaías 65:25, na qual o leão comerá palha como o cordeiro, não é conclusiva para as condições primordiais da Criação, pois fala de um acontecimento futuro.
— A ameaça de Deus feita a Adão, ao dizer que ele morreria se comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, não faria sentido se “morte” fosse uma palavra que não existisse no vocabulário de Adão (eu mesmo devo ter dito em algum lugar que Adão não entendeu quando Deus lhe falou de morte, o que pode ter sido um equívoco meu).
Portanto, é bem provável que a morte já existisse para plantas e animais mesmo antes da queda do homem. A morte poderia até existir no ciclo de existência do homem original, já que Deus colocou no Éden uma árvore da vida, cujo acesso é vedado ao homem depois da queda, para ele não comer e viver eternamente na condição de pecador. Gênesis 3:22.
Aparentemente Deus colocou a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal, proibindo esta, mas não aquela, para que o homem escolhesse a vida. Adão escolheu a desobediência e morte. Creio que até mesmo o intercurso sexual com Eva, que foi abençoado por Deus para que o casal procriasse, não foi algo que Adão e Eva buscassem de início. Tudo indica que a prioridade para eles foi desejarem ser como Deus comendo do fruto proibido.
Em Provérbios 3:18 diz que os caminhos de Deus são árvore da vida para aqueles que retêm a sabedoria de Deus. Isto indica que essa vida relacionada àquela árvore original não se limitava à vida animal do corpo. A árvore da vida volta a aparecer com frequência em Apocalipse como promessa de vida.
Deduzo disso tudo que temos tipos distintos de “vida” na Palavra de Deus. Uma é a vida das plantas, que nascem, crescem, se multiplicam e morrem. Outra é a vida dos animais ou “almas viventes”, que além de nascerem, crescerem, se multiplicarem e morrerem, também têm inteligência e sentimentos, pois têm alma além de corpo.
Finalmente há a vida humana, que teria dois aspectos. Além de ser alma vivente como os animais, ou seja, com um corpo que nasce, cresce, se multiplica e morre, e uma alma com inteligência e sentimentos, o ser humano foi o único que recebeu o sopro de Deus, uma ligação com o Criador que nenhum outro ser vivo possui. Se assim for, a morte para o ser humano possui um significado muito mais amplo do que a morte do vegetal ou animal.
O homem tem algo que nenhum animal ou planta tem: o homem tem o espírito imortal que foi dado a ele por Deus. Plantas e animais são finitos, isto é, sua existência cessa na morte. O homem não. O rico e Lázaro estão ambos vivos e conscientes após a morte do corpo, embora em condições extremamente diferentes. O espírito humano é imortal, a alma humana (sentimentos, emoções, inteligência) é imortal, e o corpo humano é imortal em certo sentido, já que tanto salvos como perdidos irão ressuscitar no final, uns para o céu, outros para o lago de fogo.
A distinção no final é que alguns terão vida eterna, uma vida que vem de Deus e que nem mesmo Adão possuía. Veja que, com tudo isso, não é tão simples distinguir a que “morte” e “vida” a Bíblia está se referindo em algumas passagens.
(Jo 3:16) “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Quando vemos tudo isso neste contexto, até mesmo João 3:16 ganha um sentido novo: aquele que crê ganha um “tipo” de vida que não é apenas infinita, mas eterna, por ter vindo do próprio Deus, mesmo que seu corpo venha a morrer no processo natural da vida animal. Aquele que não crê morre (perece), mas não apenas no sentido de morte do corpo, e sim de um juízo eterno. Portanto a noção de vida e morte tem um aspecto muito mais amplo do que as limitações que temos no vocabulário.
Então se você me perguntar se existia morte antes da queda do homem eu posso dizer que não existia, se estivermos falando de uma vida que é distinta da vida de plantas, animais e da que foi dada inicialmente ao homem. Mas estaria igualmente correto responder que existia morte antes da queda, tanto dos dinossauros em tempos imemoráveis, como de outros seres vivos (plantas e animais) na Terra feita para habitação do homem.
Se quiser ampliar ainda mais essas elucubrações, pense no fato de Deus ter criado um jardim, o Éden, para colocar o homem. Nada é dito de como eram as condições fora do jardim, o que amplia ainda mais o leque das possibilidades.
Felizmente Deus não revelou nenhum detalhe acerca dessas coisas por achar que não traria qualquer proveito a nós, e devemos deixar assim. Ficamos, portanto, no campo das suposições e jamais devemos usar estas coisas como forma de estabelecer crenças ou doutrinas que dividam os cristãos. O maior número de divisões ocorre com base naquilo que Deus não disse em sua Palavra, e não no que ele efetivamente disse.
Você irá encontrar textos e pregações que fiz afirmando coisas diferentes do que acaba de ler aqui porque na ocasião eu não tinha pensado no assunto como tenho feito agora. Mas, repito, espero que isto não venha a tirar seus olhos do assunto principal da Bíblia, que é CRISTO, e não dinossauros, animais, vida vegetal e coisas do tipo.
Para aquele que confia que Deus é justo em todos os seus caminhos e propósitos, existir ou não a morte animal antes da queda do homem não vai fazer qualquer diferença. Apegar-se a pontos obscuros só serve para dar munição aos ímpios, ateus e incrédulos, portanto espero que tenha lido isto dentro do propósito com o qual eu mesmo escrevi, que é o de dar uma mera opinião pessoal, evitando de todas as formas que isto se torne em pedra de tropeço para a sua fé ou de qualquer outro que creia em Jesus.
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O cristão pode louvar com instrumentos musicais?
Existe uma diferença entre o que o cristão faz quando está só, com incrédulos, ou com os irmãos, e seu modo de proceder quando congregado em nome do Senhor. Os instrumentos musicais e a música são coisas presentes em todas as culturas e não existe na Bíblia qualquer proibição quanto ao uso disso em nossa vida diária. Eu mesmo arranho um violão em casa e às vezes canto e toco com os irmãos quando almoçamos juntos ou participamos de algum encontro informal. Aí é comum haver violão, guitarra, piano, teclado etc.
Quando os irmãos estão congregados em nome do Senhor, a coisa toda muda, pois precisamos fazer as coisas conforme encontramos na Palavra de Deus. A reunião da assembleia para o nome de JESUS é um momento solene no qual, em espírito, tiramos as sandálias dos pés por estarmos em terreno santo. É Jesus o centro de todas as atenções. Fica um pouco difícil entender isso se você não tiver uma ideia clara da distinção que é uma reunião informal de irmãos e uma reunião da igreja ou assembleia. Quando congregados ao nome do Senhor, para adorar, louvar, orar ou aprender dele, aí nós somos os instrumentos que Deus gosta de ouvir.
Vamos à Palavra:
(1 Co 14:15) “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”.
(1 Co 14:26) “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo [cântico], tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”.
(Ef 5:19) “falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,”.
(Cl 3:16) “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.
Se a sua Bíblia for igual à minha, você não conseguirá ver o verbo tocar nas passagens. Ali não diz “tocarei com o espírito, mas também tocarei com o entendimento…”, “cada um de vós tem melodia…”, “tocando e salmodiando…”, “tocando ao Senhor…”. A ação é sempre de cantar, e isso com palavras poéticas (salmos e hinos).
Alguém poderia considerar muito “pobre” um cântico de louvor entoado apenas com a voz, quando comparado à riqueza de sons dos instrumentos usados no louvor do Antigo Testamento. Porém basta entender a diferença entre as duas dispensações e o relacionamento de Deus com os adoradores para ver que estamos em um patamar muito mais elevado.
O israelita não tinha o Espírito Santo habitando em si, precisava de um templo de pedras para adorar, não tinha uma obra redentora já consumada para lhe dar a certeza da vida eterna, precisava de homens (sacerdotes) para aproximar-se de Deus indiretamente (porque o véu do Santo dos Santos não tinha sido rasgado). Toda a sua adoração era exterior.
O salvo por Cristo tem o Espírito Santo de Deus habitando em si, ele próprio é templo do Senhor, tem a certeza da obra consumada em seu favor e de seu lugar já reservado na casa do Pai e é ele próprio sacerdote com livre acesso a Deus. A melhor resposta seria: Alguém com um acesso tão pronto e direto a Deus precisa de instrumentos musicais para quê?
Se resumirmos o que as passagens dizem, aprendemos que hoje temos o privilégio de cantar com o espírito, com o entendimento, com graça e com o coração. Além disso, podemos cantar um louvor ao Pai e ao Filho, o Cordeiro de Deus (na Bíblia, nunca se canta, ora ou fala ao Espírito). Os israelitas não conheciam a Deus como Pai e não podiam ter essa familiaridade de acesso. O fato de Jesus chamar a Deus de Pai os escandalizava.
Tenho em casa um CD que gravei a partir de fitas K7 que meus filhos gravaram quando eram bem pequenos. A gravação é apenas de suas vozes infantis, desafinadas, sem acompanhamento, e talvez sejam terríveis se apresentadas a outros ouvidos. Mas para os meus ouvidos não há música mais bela e emocionante. O que você acha que Deus leva em conta quando os seus filhos cantam louvores a ele? Os instrumentos que acompanham ou os corações que cantam.
Há também um detalhe importante: nosso cântico de louvor, quando estamos congregados para o nome de Jesus, tem também um diferencial que o distingue de qualquer outro louvor que entoamos quando estamos sozinhos, em família ou mesmo com os irmãos em uma reunião informal. Para entender isso leia o que diz o Senhor no Salmo 22, falando de algo que ainda era futuro (lembre-se de que é Jesus quem fala neste salmo):
(Sl 22:22) “Então, declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação”.
Quando estamos congregados para o Senhor Jesus, em seu nome, ele não só cumpre a promessa de estar no meio dos dois ou três assim reunidos, mas também participa do louvor. Alguém ousaria pensar que pode melhorar isso acrescentando uma guitarra ou bateria?
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O que acha do discipulado e igrejas em células?
Você perguntou se Jesus manteve vínculos de discipulado e se desde o início havia hierarquia para coordenação das tarefas em geral.
Uma coisa é o ministério de Jesus enquanto estava no mundo, outra bem diferente é a época da Igreja, que começa em Atos 2. A relação de Jesus com seus discípulos não era a mesma que ele tem com a Igreja hoje. Nos evangelhos nós o vemos na condição do Messias esperado tendo um relacionamento com o remanescente judeu que o aguardava.
Por isso encontramos nos evangelhos coisas como adoração no templo de Jerusalém, oferendas que os curados por Jesus deviam fazer, obediência ao clero judeu, dízimo, e até mesmo a limitação do ministério que era voltado apenas aos judeus (a mulher gentia não se importou de ficar com as migalhas do que era exclusivo dos filhos).
Nos evangelhos, a Igreja ainda é uma promessa futura (“Edificarei minha igreja…”), portanto não espere achar ali a doutrina dos apóstolos dirigida à Igreja, que é o povo de Deus escolhido antes da fundação do mundo. O mistério (segredo) que esteve oculto por séculos só seria revelado a Paulo, portanto, apesar da Igreja ter sido fundada no dia de Pentecostes em Atos 2, nem mesmo os apóstolos e outros convertidos sabiam exatamente o que era aquilo que Deus estava fazendo. Ignorando que a Igreja não tinha nada a ver com Israel eles continuaram se reunindo no Templo de Jerusalém por algum tempo.
Após ser rejeitado pelos judeus, não apenas em vida, mas depois de sua morte e ressurreição, o Senhor passa a ter um relacionamento diferente com seu povo agora que é a Igreja. Aquilo que é específico para nós hoje você encontra nas epístolas, não nos evangelhos ou nos primeiros capítulos de Atos.
Segundo você, havia uma hierarquia porque “Felipe comandava Jerusalém, Paulo outras regiões…”
Nosso Deus é um Deus de ordem, por isso encontramos nas epístolas bispos (anciãos) e diáconos. Os primeiros incumbidos de supervisionar o rebanho de Deus e os outros de cuidar das tarefas mais mundanas, como a distribuição da provisão para os irmãos necessitados. Não se trata de dons, mas de ofícios.
Quanto à sua pergunta sobre supostos vínculos de discipulado entre Paulo, Timóteo e Barnabé, e se este tinha sido instruído a fazer discípulos também, acredito que se aplica aí o velho ditado: “Para o martelo tudo tem cara de prego”. Por você seguir uma doutrina de igrejas em células que coloca uma grande ênfase no discipulado, existe o risco de querer enxergar tudo através dessa lente e acabar perdendo de vista o que é realmente importante. Por exemplo, veja sua pergunta que, sem querer, você faz usando as mesmas lentes: “Como fazer discípulos sem uma estrutura denominacional como base de fidelidade, cobertura e prestação de contas?”
Se formos para a Palavra de Deus, vamos encontrar que “discípulo” significa simplesmente aprendiz, e que o discípulo perfeito é o próprio Jesus: Is 50:4 “O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo”.
Nos evangelhos encontro que os fariseus tinham discípulos (Mt 22:16; Mc 2:18), João Batista tinha discípulos (Mt 9:14; Lc 5:33; Jo 3:25) e Jesus tinha discípulos, alguns deles chamados de apóstolos. Outros também eram chamados de discípulos de Jesus (Jo 6:66), apesar de podermos colocar em dúvida se eram reais ou não. Portanto, além de “aprendiz” discípulo também tem o significado de “seguidor”.
Aos judeus que ouviam a palavra de Jesus, ele exortava:
(Jo 8:31) “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Tentei encontrar algum outro tipo de discípulo além dos discípulos dos fariseus, de João Batista e de Jesus, e só encontrei discípulos de homens em Atos 20:30, mas neste caso discípulos de hereges: (At 20:30) “E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”.
Posso estar enganado, mas em todas as outras passagens me pareceu que a palavra “discípulos” tem sempre o significado de “discípulos do Senhor” como em Atos 9:1, e não de discípulos de outros discípulos, como se existisse uma pirâmide ou cadeia de comando na Igreja. Você pode me indicar alguma passagem que fale de alguém sendo formalmente chamado de discípulo de Paulo ou de Pedro? Eu não achei.
Eu sei que há alguns grupos de cristãos hoje que colocam ênfase no discipulado, criando uma espécie de pirâmide à semelhança de organizações de marketing multinível. Nessas pirâmides há discípulos de discípulos numa cadeia de submissão do aprendiz para com seu mestre, mas será que o Senhor ensinou isso? Veja esta passagem:
(Mt 10:24) “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem é o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu senhor”.
Aparentemente o Senhor está mostrando que o exemplo para o discípulo é seu mestre, e isso podia valer no caso dos fariseus e seus discípulos, e de João Batista e seus discípulos. Mas será que algum cristão quer ser menos do que discípulo de Cristo? Quero dizer, será que somos exortados a sermos discípulos de homens?
É certo que encontramos a exortação para ensinarmos pessoas que possam ensinar outras pessoas, como Paulo diz a Timóteo em 2 Tm 2:2, mas não encontro esse tipo de vínculo que costumamos ver em alguns grupos de cristãos que adotam um tipo de discipulado sistemático nas chamadas “igrejas em células”. “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” refere-se tão somente ao ensino, não a um vínculo no qual o discipulador detém algum tipo de controle sobre seu aprendiz, ou este tenha algum tipo de obrigação de seguir o outro.
Embora possamos usar aí a designação de “aprendiz” para aquele que é objeto do ensino, não há qualquer admoestação no sentido de criar seguidores da pessoa que ensina (ao qual algumas denominações costumam dar o nome de “discipulador”), como é o caso dos hereges de Atos 20:30. Ensinamos pessoas a serem seguidoras (discípulos) de Jesus, não de nós mesmos ou de outros homens.
Alguns usam Atos 9:26-27 como argumento a favor do discipulado de homens, como se ali Saulo estivesse provando ser discípulo de Barnabé, mas na verdade a palavra “discípulo” ali se refere a Cristo. Barnabé simplesmente o ajuda a entender certas coisas como fizeram Priscila e Áquila com Apolo em Atos 18:26.
Já vi também alguns se referindo ao fato de Barnabé buscar Paulo em At 11:25-26 como se fosse prova de algum tipo de vínculo de sujeição de Paulo para com Barnabé, mas tudo indica que é o contrário: Barnabé simplesmente reconhece as limitações do dom que Deus lhe deu, que é o de pastor conforme vemos no versículo 24, e vai em busca de alguém com o dom de mestre, o próprio Paulo, para ajudá-lo no trabalho de ensinar a recém-formada assembleia de Antioquia.
Não devemos nos esquecer de que muito do que Paulo aprendeu ele recebeu do próprio Senhor, e não de outros discípulos do Senhor, em especial a revelação do que era a Igreja.
Portanto, sua pergunta “como fazer discípulos sem uma estrutura denominacional” tem um problema já no conceito do que é um discípulo, visto que em nenhum lugar você encontrará a palavra atribuída a um relacionamento entre um cristão e o que lhe ensina, exceto no caso dos hereges de Atos 20. Mas certamente aquilo não é o exemplo que queremos seguir. Ou será que você pode me apontar um versículo que confirme a ideia de uma pirâmide de discipulado?
Quando encontramos pessoas que ensinam querendo exercer algum tipo de senhorio sobre os que aprendem temos um problema sério. A Palavra diz, a respeito dos anciãos ou bispos, e não de “discipuladores”:
(1 Pe 5:2) “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”.
Veja que é uma função de apascentar, cuidar e servir de exemplo, não de dominar.
É bom sempre lembrar que cada cristão está diretamente ligado à cabeça do corpo, que é Cristo, e não a algum outro membro do corpo que esteja em uma posição intermediária. Essa história de “igrejas em células” e “discipulado” me parece mais uma forma velada de clericalismo, algo como os Nicolaítas de Ap 2, algo que o Senhor diz odiar. Em grego, “nico” significa “conquistar” ou “dominar sobre”, e “laitan” refere-se ao povo ou leigos. Juntando tudo temos “nicolaítas” ou “conquistadores do povo ou dos leigos”.
Quer um conselho? Fuja de qualquer doutrina ou sistema clerical ou de pirâmide de comando. O que é bom para a Amway não é bom para a Igreja de Deus.
“…porque sois discípulos de Cristo” (Mc 9:41).
Nota: Um leitor chamou minha atenção para Atos 9:25 que, em algumas versões traz “seus discípulos”, como se referindo a discípulos de Paulo, não apenas do Senhor.
Almeida Corrigida: (At 9:25) “tomando-o de noite os discípulos, o desceram, dentro de um cesto, pelo muro”.
Nova Versão Internacional: (At 9:25) “Mas os seus discípulos o levaram de noite e o fizeram descer num cesto, através de uma abertura na muralha”.
As versões que tenho aqui, inclusive duas literais em inglês (traduzidas do grego palavra por palavra), não fazem referência a serem discípulos de Paulo, mas falam simplesmente “discípulos”. O capítulo desde o começo parece indicar que sejam discípulos do Senhor:
(At 9:1) “E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor…”.
(At 9:10) “E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias”.
(At 9:19) “E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco”.
(At 9:25) “tomando-o de noite os discípulos, o desceram…”
(At 9:26) “…procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo”.
(At 9:36) “E havia em Jope uma discípula chamada Tabita…”.
É muito improvável que no versículo 25 esteja falando de discípulos de Paulo, mas há discussões em torno do versículo porque uns manuscritos dizem uma coisa e outros dizem outra. A diferença no grego parece ser bem sutil (não sei grego) e não existe um consenso quanto a qual manuscrito possa ter sido alterado.
Diante das dúvidas até entre os que entendem grego, seria temerário alguém fundamentar toda a doutrina do discipulado encontrada nas “igrejas em células” nesta passagem de tradução dúbia. A melhor coisa diante de tal impasse é perguntar: Uma doutrina assim traz glória para quem, para o Senhor ou para o homem? Se você ouvir pessoas dizendo “meu discípulo” isto e “meu discípulo” aquilo é melhor se perguntar se isso não representa um risco para a carne desse “discipulador”.
*
Por que o Deus onisciente permitiu nascer quem vai para o inferno?
É um engano pensar que a Bíblia tenha resposta para tudo. Não tem, e nós mesmos ficaremos sem saber muitas coisas. Deus Se revelou a nós em Cristo, e isso é algo tremendo. Porém Deus não nos revelou todos os seus planos e pensamentos, portanto não espere entender ou encontrar as respostas a essas perguntas.
Nossa maneira de pensar, raciocinar e analisar as coisas também está muito condicionada à esfera material na qual vivemos confinados. Como seria nossa forma de pensar se fossemos como os anjos? Será que teríamos um pensamento linear e racional? Percebe que nem mesmo somos capazes de imaginar como funciona o pensamento de alguém que não vive limitado a este cenário? O que pensar, então, dos pensamentos de Deus?
Você disse que essas dúvidas são para saber responder a um ateu quando perguntar. Nem se preocupe com os ateus, porque o problema deles é de querer, não de saber. É preciso querer crer para depois saber, o que nos leva à fé: (Hb 11:6) “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam”.
Não se preocupe se não encontrar todas as respostas na Bíblia. Você não espera que um livro limitado a mil e poucas páginas tenha em detalhes cada pensamento e os planos de um Deus que não tem limites, não é mesmo? Nem mesmo o conhecimento ou pensamento humano caberia em um só livro, o que pensar de tudo o que pensa, sabe e quer o Criador do Universo!
Mas a Bíblia tem tudo o que precisamos para conhecer a Deus, sermos salvos, vivermos uma vida agradável a ele, etc. Ela tem tudo o que precisamos para conhecer a Jesus, e nele enxergarmos a Deus. E o Espírito Santo que habita no crente lhe dá a capacidade de aceitar e entender o que Deus quer que ele entenda.
(2 Pe 1:3) “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude”
Deus não deixou faltar a você o conhecimento de tudo o que diz respeito à vida e piedade, ou seja, não há desculpa para deixar de aceitar o que vem dele sob a alegação de que falta informação. Além disso, em Deuteronômio 29:29 vemos que “as coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre”.
A própria ciência, que vive tentando descobrir a origem das coisas, não será capaz de entender a Criação, pois é preciso fé para entender e aceitar isso como um fato. (Hb 11:3) “Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.
Se você tiver um filho, ele saberá muitas coisas a seu respeito, mas jamais será capaz de ler seus pensamentos ou conhecer todos os seus motivos. Há coisas que não revelamos aos outros porque simplesmente são coisas particulares. Com Deus acontece o mesmo, além de existirem coisas que, mesmo se reveladas, jamais entenderíamos por serem muito elevadas para nossos pensamentos.
(Jo 20:29) “Disselhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!”
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Continuamos pecadores depois de salvos?
Sim, somos pecadores, salvos, mas pecadores. Se dissermos o contrário, então estaremos pecando, conforme ensina 1 João:
(1 Jo 1:8-10) “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.
Lembre-se de que João está escrevendo a crentes, não a incrédulos. Para entender isso, pense em um exilado brasileiro vivendo no exterior por causa de um crime político. Com a anistia ele recebe a notícia de que já não existe qualquer acusação contra ele, e que pode voltar a qualquer momento ao Brasil. Sua posição é de alguém totalmente perdoado, mas sua condição é a de alguém vivendo ainda no exílio. Posição e condição são coisas diferentes.
Ao crer em Jesus como seu Salvador você é totalmente perdoado de todos os seus pecados, pois todos eles foram lançados sobre Jesus lá na cruz. Antes que me pergunte se isto inclui também os pecados futuros, devo lembrá-lo de que quando Jesus morreu, todos os seus pecados eram futuros, pois você nem sequer existia.
(1 Pe 2:24) “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.
Uma vez salvo, Deus coloca você em uma nova posição, ressuscitado com Cristo nos lugares celestiais e coerdeiro com ele de todas as bênçãos celestiais. Veja o que você e eu já somos e temos em Cristo neste exato momento:
(Ef 1:3) “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,”.
(Ef 1:5) “e nos predestinou para filhos de adoção.”
(Ef 1:7) “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas.”
(Ef 2:1) “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,”.
(Ef 2:6) “e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;”.
Todavia, enquanto aqui ainda estamos em um corpo de carne sujeito a todas as imperfeições causadas pelo pecado. É como se fossemos ex-alcoólatras vivendo com um fígado destruído pela bebida. Aguardamos apenas o momento quando deixaremos esta condição precária e passageira para assumirmos de vez a posição que Cristo já tornou nossa graças ao seu sacrifício.
O que nos garante que entraremos no desfrutar de nossa POSIÇÃO é o Espírito Santo que recebemos quando cremos. Quando você coloca um selo numa carta, este é a garantia de que ela chegará ao destino. O selo já foi pago, comprovando que a questão foi resolvida, e ele é colado no envelope de modo a não sair mais. Ele viajará junto com a carta.
Assim somos nós. (Ef 1:13) “em quem também vós estais, depois que (1) ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, (2) tendo nele também crido, fostes (3) selados com o Espírito Santo da promessa;”.
Uma boa figura de nossa atual condição, apesar de escolhidos por Deus para testemunhar dele neste mundo que perece, é o que acontece com Moisés em seu encontro com Deus. Ele enfia a mão no peito sob suas vestes e quando a tira ela está leprosa. Deus estava lhe ensinando que, apesar de todos os privilégios que estava recebendo, ele continuava pecador. O pecado (simbolizado pela lepra) continuava ali em seu peito, latente e pronto para se manifestar.
(Êx 4:6) “E disselhe mais o Senhor: Mete agora a mão no peito. E, tirando-a, eis que sua mão estava leprosa, branca como a neve”.
Naquele momento Deus deu a Moisés três sinais para serem usados para convencer faraó: a vara que se transformava em serpente, a mão no peito que saía leprosa e a água do Nilo que se transformava em sangue. Moisés, porém, não utiliza o segundo sinal — a mão leprosa — e somos bem assim: não queremos que os outros saibam o que realmente existe em nosso coração.
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Como Jesus reagia às tentações?
(Hb 4:15) “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.
Esse “sem pecado” não é meramente “sem pecar”, mas literalmente “pecado à parte”. Jesus não tinha em si o princípio ativo do pecado. Para entender, imagine um cego de nascença que é completamente indiferente aos estímulos de luz. Nada no corpo do cego de nascença responde às “tentações luminosas”, por assim dizer. Quando tentado de fora, não havia em Jesus qualquer resposta vinda de dentro, como acontece conosco, portanto não há como sabermos o que sentiu o Senhor, o único homem perfeito que já pisou este mundo.
“Portanto, por existir em Cristo a completa ausência interna de vontade própria, considerando que em todos os sentidos ele odiava e rejeitava o pecado, não resta nada nessa tentação além do sofrimento. O efeito da tentação na humanidade caída não é sofrimento, mas prazer, isto se chamarmos de prazer aquilo que gratifica nossa natureza maligna. Cristo não tinha disso, seja em sua pessoa ou em sua experiência. No que diz respeito às reações da carne, às inclinações internas para pecar, ele não tinha nada disso. Ele “não conheceu pecado” (2 Co 5:21). Portanto, para nos precavermos do erro em um assunto tão santo e delicado, é preciso nos apropriarmos da verdade da pessoa de Cristo do modo como Deus no-la revelou”. (W. Kelly em “Christ Tempted and Sympathising”).
Além de tudo isso, existe uma barreira intransponível quando tentamos entender a natureza do Filho de Deus encarnado: mesmo enquanto andava aqui como Homem ele continuava sendo Deus. Deus e Homem é algo que jamais fomos ou iremos ser. Mesmo quando ressuscitarmos ou formos transformados em um corpo perfeito e sem qualquer resquício de pecado, nós continuaremos sem saber o que é ser Deus e Homem ao mesmo tempo.
(Mt 11:27) “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
Ninguém conhece o Pai e o Filho, mas a diferença é que, enquanto podemos conhecer o Pai quando o Filho nos revela, não diz aí que o Pai irá revelar o Filho a nós. Eu acredito que a encarnação — Deus feito Homem — é e continuará sendo um mistério no qual não nos é lícito entrar.
O que temos de Jesus é o que está revelado, como o fato de sentir fome, sede e se indignar com os mercadores do Templo. Porém, embora nós também sintamos fome, sede e indignação, não fazemos a mínima ideia do que seriam esses sentidos no Senhor.
Ao contrário de Jesus, por termos em nós a natureza pecaminosa, nunca sabemos ao certo onde acaba nossa fome e sede naturais e começa nossa gula. E não sabemos também onde para nossa indignação santa e começamos a pecar como homicidas mentais.
(Mt 5:21-22) “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo”.
Portanto, nossos desejos, atrações e reações naturais nada têm a ver com o que ocorria no íntimo de Jesus. Eu e você vemos uma mulher bonita e não dá para traçar a linha divisória onde termina a simples apreciação do belo e começa a lascívia.
(Mt 5:28) “Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”.
Quando Jesus era tentado é bom entender que muitas vezes isso tinha o sentido de prova e não de tentação como a conhecemos, com uma possibilidade de resposta em nós. Por exemplo, quando o diabo o tentou no deserto, aquilo não foi para ver se ele seria capaz de resistir, mas simplesmente para revelar que ele era aquele que Deus tinha acabado de afirmar que era: “Este é o meu Filho amado em quem me comprazo”.
É impossível entender o que uma pessoa que não herdou a natureza pecaminosa de Adão sente. Portanto, Jesus, o Homem perfeito vai continuar sendo um mistério para nós na sua encarnação. Uma boa forma de contemplarmos Jesus em seu caráter como homem é olharmos os cinco aspectos desse caráter em Isaías 9:6. Lembre-se de que 5 na Bíblia costuma nos falar de humanidade e que a referência aqui está sendo feita àquele Ser nascido da virgem Maria:
(Is 7:14; 9:6) “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel… Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
1. Maravilhoso — algo que nos surpreende por ser mais do que esperamos.
2. Conselheiro — alguém que sabe todas as coisas.
3. Deus Forte — o próprio Deus; em hebraico “El” (singular) e não “Elohim” (plural).
4. Pai da Eternidade — Aquele de quem emana a eternidade.
5. Príncipe da Paz — que governará sobre todas as coisas.
Quando nos vêm dúvidas o perguntas a respeito da natureza do Senhor em sua humanidade, o melhor mesmo é nos lembrarmos do encontro de Moisés com o “EU SOU O QUE SOU” em Êxodo 3:
(Êx 3:4) “E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”.
Sempre que tratarmos das coisas do Senhor devemos fazê-lo com reverência, e mais ainda quando falamos da própria Pessoa do Senhor de toda a glória! Afinal, se nos portamos com reverência diante de um juiz humano durante uma audiência, quando nem mesmo devemos cruzar as pernas ou falar sem a sua licença, quanto maior devemos ser cuidadosos quando falamos daquele que é “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe de Paz”.
*
Estou errando por permanecer solteiro?
Você diz que escutou um pregador dizer que Deus abençoa muito os casados, daí sua dúvida se estaria errando por ter o desejo de permanecer solteiro. Certamente Deus instituiu o matrimônio e o abençoou. Em Gn 2:18 ele disse que “não é bom que o homem esteja só”. Em Hebreus 13:4 também diz que o matrimônio deve ser venerado e em 1 Tm 4:1-3 aqueles que proíbem o casamento devem ser vistos como apóstatas que dão ouvidos a espíritos enganadores.
Por outro lado, não existe nada na Bíblia que diga que um solteiro esteja em situação menos privilegiada, muito pelo contrário. Em 1 Co 7:26 diz que, por causa das dificuldades do tempo presente, é bom que o homem permaneça na condição em que está: se estiver casado não deve procurar separar-se e se estiver solteiro não deve buscar casar-se. Mas ainda que o solteiro venha a se casar, isto não quer dizer que esteja pecando.
Leia 1 Coríntios 7 e você verá que há pessoas que permanecem solteiras e outras que se casam. Não vejo ali essa ideia de que apenas os casados são abençoados, como você disse que escutou o pregador ensinar no lugar onde você se congrega, mesmo porque Paulo permaneceu solteiro.
Obviamente se você quiser ficar solteiro por não querer dividir seu tempo e espaço com alguém e poder viver só para si, aí sim é uma decisão egoísta. Mas se você deseja permanecer solteiro porque não encontrou alguém que seja o seu par, não há problema algum nisso. Se permanecer solteiro para ter mais tempo para dedicar-se ao Senhor e aos irmãos, aí sim é uma situação até muito melhor do que estar casado.
(1 Co 7:26-33) “Tenho, pois, por bom, por causa da instante necessidade, que é bom para o homem o estar assim. Estás ligado à mulher? Não busques separar-te. Estás livre de mulher? Não busques mulher. Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia, os tais terão tribulações na carne, e eu quereria poupar-vos. Isto, porém, vos digo, irmãos: que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se as não tivessem; e os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; e os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa. E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher”.
Paulo diz isso porque o solteiro cuida das coisas do Senhor e em como agradá-lo, enquanto o casado precisa cuidar da esposa e agradá-la. Mas veja bem que ele diz isso do solteiro que cuida das coisas do Senhor, não do solteiro que fica assim para ter mais tempo para se divertir ou evitar os aborrecimentos da vida de casado (porque eles certamente existem).
Em nossa época muitos preferem ficar solteiros ou até mesmo entrar em relacionamentos casuais e sem compromisso por puro egoísmo, e não por causa dos interesses do Senhor. Tudo o que Paulo está dizendo em 1 Coríntios 7 é em relação à proximidade da vinda do Senhor e à urgência em servi-lo da maneira como estamos, solteiros ou casados.
Resumindo, qualquer que sejam os planos para sua vida, o Senhor deve estar em primeiro lugar e a vontade dele deve ser soberana. Se ele quiser que você se case por achar que poderá servir melhor a ele nessa condição, então ele colocará isso em seu coração e dará a você essa opção, isto é, dará tanto o desejo quanto os meios para isso.
Caso contrário, também mostrará a você que assim é do desejo dele, embora muitos desejam ardentemente casar-se, porém quando não encontram sua alma gêmea acham que Deus está sendo injusto. Aqueles que se encontram nessa condição deveriam antes pensar que Deus pode querer poupá-lo de problemas, daí não colocar em seu caminho um cônjuge. Basta ver que cerca de 50% dos casamentos acabam em lares destruídos (e lares cristãos também estão sujeitos a isso) para entender que essa possibilidade é muito real.
Todavia, casar-se apenas por querer ter uma esposa e uma família para si ou atender ao que a sociedade exige de você, ou então ficar solteiro para não precisar dividir seu tempo e suas coisas com alguém, são posições igualmente egoístas e devemos sempre investigar nosso coração para ver o que realmente queremos.
Se desejar casar-se para o Senhor, ou ficar solteiro para o Senhor, então será a vontade dele, e não a sua própria vontade, que estará colocada no centro de sua vida, e assim deve ser.
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A Bíblia fala em reencarnação?
Se ler ou assistir meu testemunho de conversão verá que há uns 30 anos eu acreditava em reencarnação e tudo mais. Eu era um espiritualista envolvido em esoterismo. Ao contrário do que você e o espiritismo afirmam, não há na Bíblia entrelinhas com ideias de reencarnação. Aliás, existe até uma afirmação categórica da vida única que temos neste mundo:
(Hb 9:27-28) “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.
Você escreveu: “Sempre tive interesse na Bíblia, mas estudo com a mente livre de qualquer dogma religioso”.
Isso é ótimo. Livre-se também dos dogmas espíritas.
Você escreveu: “Há dois mil anos as pessoas estavam muito imaturas para compreender essa mensagem, então o Mestre falava em parábolas, lançando a verdade adornada de contos”.
Dizer que há dois mil anos as pessoas eram imaturas para compreender a reencarnação não procede. Muitos povos da época já acreditavam em reencarnação, como é o caso das religiões da Índia e do oriente. A questão é que Jesus nunca ensinou coisa alguma sobre reencarnação por esta não existir.
Alegar imaturidade de uma população por ter vivido há dois mil anos é chamar de imaturos os gregos que nos legaram seus ensinamentos de como organizar uma sociedade, ou desprezar o fato de que hoje somos uma república por causa deles (primeiro por Platão, depois pelos romanos). Temos um sistema legal baseado no direito romano, do mesmo império de há dois mil anos. Até hoje nossos “sábios modernos” se veem em papos de aranha para descobrir como os egípcios de há quatro mil anos fizeram o que fizeram.
Enfim, considerar os povos antigos imaturos é uma atitude no mínimo pretensiosa e que revela falta de humildade. Eu não me acho nem um pouco mais inteligente ou maduro do que qualquer personagem que encontramos na história antiga. Muito pelo contrário, sinto-me pequeno diante da capacidade intelectual deles.
Você usa a passagem da transfiguração para embasar suas ideias sobre reencarnação, mas a transfiguração não é uma reencarnação: Elias e Moisés estavam ali, eles mesmos, glorificados como estarão os salvos por toda a eternidade, e não espíritos reencarnados em outros corpos nascidos nos tempos de Jesus.
Se pudermos usar uma concepção moderna para o que aconteceu ali, está mais para uma brecha aberta no tempo do que para qualquer ideia de reencarnação. Os três discípulos (Pedro, Tiago e João) contemplaram uma cena atemporal (o tempo deixará de existir na eternidade) e viram Cristo glorificado junto aos que são dele. É por isso que um pouco antes Jesus disse que alguns dentre os discípulos não passariam pela morte antes que vissem o reino:
(Mc 9:1-2) “Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder. E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles”.
Você escreveu: “Elias estava morto há séculos quando o Mestre fala isso. É claro como o sol!”
Não tão claro assim. A ideia do espiritismo de que João Batista fosse Elias reencarnado tem alguns furos. O primeiro é o fato de Elias não ter morrido, mas subido ao céu com corpo e tudo.
(2 Rs 2:11) “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.
A insistência em criar uma teoria assim tropeça até na própria declaração de João Batista, quando lhe perguntaram se era Elias:
(Jo 1:21) “E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não”.
Cabe aqui sua própria expressão: “Com o perdão da palavra, só um fanático não enxerga o óbvio nesta passagem”.
Você fez um comentário no Youtube: “Como pode Deus permitir que uma criança que nunca fez o mal, com idade insuficiente para conhecer os ensinamentos de Jesus, pode ser sequestrada, estuprada e morta?”.
Porque Deus existe é que essas coisas acontecem. Explico: o que a Bíblia diz? Que Deus criou o homem e quis dar a ele tudo o que havia de bom e de melhor. Pergunto: o homem quis? Não, o ser humano quis ser dono de seu destino, quis ser conhecedor do bem e do mal, quis mandar no próprio nariz.
Tudo o que vemos ao redor nada mais é do que a confirmação de que Deus estava certo e o homem estava errado quando Deus disse “se dela (do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) comerdes, morrereis”. Toda a maldade do mundo é prova de que Deus existe e estava certo e o homem errado.
O resto da história você conhece, ou seja, de como Deus providenciou uma saída para aquele que crê poder ser salvo e ter seu lugar garantido no céu. Enquanto isso o mundo continuará jazendo no maligno, sob o domínio de seu príncipe que é o diabo, e toda sorte de atrocidades continuará a ser cometida.
O que se poderia esperar de um mundo que, quando o Filho de Deus desceu aqui na forma humana, o pregou numa cruz?
A pergunta não deve ser “Por que Deus permite tanta atrocidade no mundo?”, mas “Por que Deus ainda não desistiu de salvar o ser humano?”.
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Posso causar contendas por ensinar a verdade?
Você está em dúvida se deve ou não ensinar o que tem aprendido da Palavra de Deus a irmãos da denominação da qual você saiu, que o procuram pedindo esclarecimentos. Seu receio é ser um instrumento do diabo ao causar contendas entre irmãos, algo que Deus abomina.
(Pv 6:16-10) “Estas SEIS coisas aborrecem o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: (1) olhos altivos, e (2) língua mentirosa, e (3) mãos que derramam sangue inocente, e (4) coração que maquina pensamentos viciosos, e (5) pés que se apressam a correr para o mal, e (6) testemunha falsa que profere mentiras, e (7) o que semeia contendas entre irmãos”.
Sua preocupação procede, principalmente quando entendemos que muita gente que pertence a uma denominação religiosa não está ali no caráter de lobo, mas de ovelha. São irmãos amados em Cristo e você deve ter todo o cuidado para não escandalizá-los ou ser uma pedra de tropeço para eles.
Inclusive existe o risco de você agora ser procurado por lobos que buscam apenas um argumento válido para destruir o rebanho. Neste caso você ingenuamente se tornaria mentor de um que pode estar buscando fazer exatamente aquilo que você quer a todo custo evitar: semear contenda entre irmãos. Em meu canal no Youtube “O evangelho em 3 minutos”, um dos vídeos mais acessados é o que falo dos falsos profetas e dos pregadores que vivem pedindo dinheiro na TV. Dentre centenas de vídeos falando do Senhor este atrai mais a atenção do que muitos outros pois você encontra sempre mais pessoas interessadas em ouvir falar do erro do que do acerto. No jornalismo existe uma máxima: “Se não sangrar, não dá audiência”. Neste sentido devemos também ser “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”, para não darmos “aos cães as coisas santas, nem aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem”; “e não deem ocasião ao adversário de maldizer”. (Mt 10:16; 7:6; 1 Tm 5:14).
Dia desses precisei escrever ao autor de um blog para tirar esse mesmo vídeo No. 18 de seu blog. O rapaz é testemunha de Jeová e estava usando meu vídeo como munição contra o povo de Deus.
É sempre uma tentação muito grande eu usar os vídeos do “Evangelho em 3 minutos” para descer a lenha na cristandade, por duas razões: dá muito IBOPE e me faz sentir muito bem. Primeiro, porque todos nós seres humanos gostamos mesmo é de ver o pau comer. Segundo, porque sempre que detectamos um erro nos outros, batemos no peito e sentimos certo prazer por estarmos livres daquilo.
“Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo” (Lc 18:11).
Então o jeito é eu me policiar para me concentrar mais no evangelho das boas novas do que nas más notícias; mais na Verdade do que na mentira; mais em Jesus do que nas obras dos homens. A técnica é: quando você vir um cachorro agarrado a um osso, não tente tirar o osso da boca dele. Mostre um filé mignon e ele largará o osso.
A passagem de Hebreus 13 nos fala de sairmos a Cristo fora do arraial, nesta ordem. Não basta ser repelido pelo erro; é preciso ser atraído a Jesus. Portanto, minha sugestão é que não deixe de ensinar toda a verdade àqueles que procurarem por você, mas se policie para sempre procurar levar os pensamentos cativos à obediência de Cristo.
(At 20:20) “como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas,”.
Se simplesmente fizer as pessoas entenderem o erro e se afastarem dele, isso não irá automaticamente levá-las à Verdade. Enquanto muitos pregavam a verdade da salvação pela fé em Cristo Jesus, durante séculos existiu um “evangelho protestante” que nada mais era do que denunciar a idolatria católica. Mas ainda que alguém abandone a idolatria, isso não o salva.
O mesmo raciocínio vale aqui. Ainda que alguém abandone os erros da cristandade institucional, isso não o coloca no terreno divino de reunião, não o leva a ocupar-se com Cristo.
Este versículo poderá ajudar:
(2 Co 10:3-5) “Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo”.
Lembre-se sempre de que muitos que estão nas denominações (inclusive pastores e líderes) estão sinceramente buscando servir a Deus e simplesmente não entendem que existe uma alternativa. É preciso ter em mente que um dia nós também fomos sinceros dentro dos limites de nosso entendimento, para com isso evitar a soberba.
Portanto, o perigo não está apenas em se criar confusão na mente de irmãos mais jovens e gerar brigas com os que permanecem na denominação. O perigo está também em nossos corações, quando começamos a nos achar alguma coisa por termos recebido entendimento em algumas verdades que antes estavam igualmente embaçadas para nós.
(1 Co 4:6-7) “E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro. Porque quem te diferença [ou faz diferente]? E que tens tu que não tenhas recebido [por graça]? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido [por graça e não por mérito*]?” (*acréscimos meus).
Lembre-se sempre de que antes de Deus enviou Moisés para libertar seu povo da tirania de Faraó, ele precisou ensinar a Moisés uma lição. Ordenou que Moisés enfiasse a mão no próprio peito, a qual saiu dali leprosa. O servo de Deus devia entender que, ainda que estivesse na missão de libertar seu povo, ele próprio tinha pecado em seu interior (a lepra é uma figura do pecado).
*
Cada Pessoa da Trindade é Deus?
Sim, embora não exista a palavra “Trindade” na Bíblia, temos indícios claros de UM SÓ DEUS, porém em três Pessoas. Essa pluralidade é expressa pelo próprio nome usado no Gênesis para a criação do homem: ELOHIM, que é plural.
(Gn 1:26) “E disse Deus (Elohim): façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.
O Pai é Deus:
(Fp 2:11) “e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”.
(1 Ts 1:1) “Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: graça e paz tenhais de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”.
Jesus é Deus:
(Is 9:6) “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
(Mt 1:23) “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus Conosco”.
(Jo 1:1) “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
(Jo 1:3) “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
(Rm 9:5) “de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente”.
(Fp 2:6) “que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”.
(Cl 1:15) “O qual é a imagem do Deus invisível”.
(Cl 1:16-17) “porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis… Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.
(Cl 2:9) “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
(1 Tm 3:16) “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória”.
(Hb 1:8) “Mas do Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos, e cetro de equidade é o cetro do teu reino”.
O Espírito Santo é Deus:
(Gn 1:2) “A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.
(At 5:3, 4, 9) “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo…? Não mentiste aos homens, mas a Deus… Então, Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor?”.
(1 Co 2:11) “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
(1 Co 3:16) “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”
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Os jogadores do Santos foram intolerantes?
(Resposta a um leitor que me enviou um texto de autoria de um pastor evangélico que critica os jogadores do Santos que não quiseram entrar em uma instituição espírita para distribuir ovos de páscoa em uma ação promovida por seu time, o Santos).
O texto que enviou, assinado por um pastor evangélico, é ingênuo. Primeiro, porque em nenhum momento ele deve ter perguntado a razão de uma instituição que tem o objetivo cuidar de deficientes precisar ser religiosa e proselitista em sua origem, práticas e objetivos.
Segundo, porque ao tecer suas afirmações o autor não percebe que também adota uma posição, no caso contrária aos que pensam diferente dele. Não há como escapar disso. Quando alguém diz que devemos relevar as diferenças religiosas, isso também é uma posição religiosa.
A diferença é que aquele que adota essa posição é ingênuo o suficiente para se esquecer de que essas diferenças são, na maioria das vezes, inegociáveis para uma consciência sincera. Além disso, colocar-se nessa posição de pacificador de crianças briguentas pode parecer humildade, mas não é. Quem é que pode se considerar conhecedor o suficiente de todas as religiões para alegar que elas possuem elementos comuns que podem ser pasteurizados num ecumenismo pacificador?
O que muitas pessoas (e o autor do texto) acabam fazendo é justamente aquilo que criticam nos jogadores: discriminam pessoas pelo seu modo de pensar. É uma violência contra a consciência daqueles jogadores tentar criar uma obrigação de participarem de algo que viola seus princípios.
Perceba que a questão não foi de alguma participação ativa ou violência dos jogadores contra a instituição mantida por espíritas. Trata-se apenas de um ato e escolha pela não participação ativa em algo. Violar esse direito daqueles jogadores, aí sim, é uma violência religiosa.
Será que o autor do texto não leu a Bíblia? Será que não viu o zelo de Deus contra as práticas religiosas dos povos pagãos? O Senhor Jesus é visto nos evangelhos comendo com publicanos e prostitutas, mas não com pessoas que invocavam espíritos. Os possessos de espíritos, ele libertava.
Veja o caso do apóstolo Paulo, quando se deparou com uma jovem aparentemente médium “do bem”, já que o espírito que ela incorporava só falava de coisas positivas e parecia até promover o trabalho dos discípulos:
(At 16:16-18) “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu”.
Mas eu não quero aqui tecer considerações sobre as crenças do espiritismo, algo que faço em outros textos sempre deixando claro que não são os espíritas (pessoas) que o Deus da Bíblia abomina, mas o espiritismo (a doutrina). Por mais valores morais que possa ter uma religião como o espiritismo, não podemos deixar de levar em conta que o mesmo Deus que ensinou esses valores também abominou as práticas “espirituais” dos povos pagãos, hoje largamente aceitas pelas crenças espiritualistas.
Em uma resposta a um leitor, escrevi:
“Sempre que alguém adota uma posição, torna-se excludente. Se você é cristã, o simples fato de professar sua fé já exclui todos aqueles que pensam diferente. E, mesmo que você seja daquelas pessoas que querem passar uma imagem de neutralidade, de politicamente correta, que acreditam que todas as crenças sejam válidas, isso também é uma posição que exclui aqueles que acreditam que apenas uma crença pode ser a verdadeira. E esta é uma posição ainda pior e mais orgulhosa, por arvorar conhecer todas as crenças a ponto de poder fazer tal afirmação”.
Seria interessante você ler também a resposta que dei a um amigo quando me convidou para ajudá-lo em um trabalho administrativo que estava prestando a uma instituição espírita de caridade. Meu amigo não perdeu a amizade comigo e compreendeu perfeitamente minha posição, algo que infelizmente a maioria das pessoas não compreenderia (como não compreenderam a posição dos jogadores).
E se quer saber, se eu estivesse naquele ônibus, não teria descido, assim como Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa. Há muitas oportunidades de se fazer caridade e ajudar crianças portadoras de paralisia cerebral sem violentar seus princípios. Será que todos os que criticaram os jogadores são tão preocupados assim com os portadores de deficiência? Sou humano o suficiente para entender que a crítica contra a omissão alheia é um excelente bálsamo para a consciência dos omissos. Creio que a recusa dos jogadores não foi em auxiliar as crianças mantidas pela entidade, embora alguns deles tenham mais tarde visitado as mesmas crianças sem alarde, mas sem participar de uma ação pública que promovia a instituição, como era a intenção da visita organizada pelo Santos.
As pessoas precisam deixar de confundir liberdade de opinião com intolerância. Liberdade de opinião é eu não concordar com a opinião, crença ou modo de vida do outro. Intolerância é eu fazer algo para impedir que o outro tenha sua liberdade de opinar, professe sua crença ou viva do modo como achar melhor.
Em uma época quando alguns grupos tentam garantir seus direitos, é cada vez mais comum ocorrer a discriminação reversa, ou seja, o que se sentia perseguido (às vezes injusta e covardemente) passa a perseguir (também de modo injusto e covarde). A melhor maneira de se entender isso é o Millôr Fernandes parafraseando Karl Marx: “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O socialismo é o contrário”.
Lembre-se: criticar a posição dos jogadores é igualmente desrespeitar a fé de alguém que está, em sua sinceridade, buscando ser coerente com sua crença sem levar a efeito qualquer ação que cause dano ao outro. Se os jogadores tivessem descido do ônibus para depredarem a instituição ou agredirem seus colaboradores, aí sim estariam violentando o direito alheio. Aqueles que os criticam é que estão perpetrando um ato de agressão. Estão agredindo sua liberdade de consciência.
Agora, indo um pouco mais fundo na questão, eu aprendi que quando o mágico faz a mágica, não se deve olhar para a mão que ele quer mostrar, mas para a outra, a qual ele usa para esconder o truque.
Pensando nisso, eu pergunto: Por que uma instituição que se diz interessada em promover o bem estar de deficientes precisa ser religiosa? Qual é o seu real objetivo: a promoção do ser humano ou a divulgação de uma doutrina pegando carona no portador de deficiência?
Há muitas e excelentes instituições de ajuda humanitária sem qualquer vínculo religioso que fazem um trabalho notável. Porém, o site da instituição, que os jogadores preferiram não visitar oficialmente naquele evento, é claramente uma instituição religiosa, com objetivos religiosos e de propagação da doutrina espírita acima de tudo. Caso contrário poderia ter sido constituída simplesmente como uma ONG regular. Veja o que diz em uma das páginas do site da instituição:
“…é oferecida orientação e assistência espiritual a quem solicita, através de orientadores e três câmaras de passe, no mesmo horário. Nessas câmaras são ministrados passes simples, Pasteur 1 e Pasteur 2 recebendo cada pessoa o seu tratamento após orientação…. Reuniões privativas de adestramento mediúnico — às quintas feiras… Assistência espiritual aos internos: Passes de vibrações amorosas — às segundas e quartas-feiras; Vibrações e preces — às sextas-feiras”.
Como eu disse, pelo sim, pelo não, preste antes bastante atenção na outra mão do mágico.
(Pv 20:25) “Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então refletir”.
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Onde na Bíblia diz que reencarnação não existe?
Há muitos anos vi um filme de pessoas que vivem no futuro, depois da destruição da civilização por uma guerra nuclear. Lá esse grupo encontra uma aldeia onde viviam pessoas dominadas por uma religião rigorosa baseada em um livro. Quando veem o “livro sagrado” daquela civilização, descobrem que é o manual de procedimentos encontrado nas ruínas de um zoológico. Os descendentes dos sobreviventes da guerra nuclear tinham criado uma religião acreditando que os “animais” do “livro sagrado” eram uma figura de linguagem para os seres humanos.
Assim eles seguiam à risca tudo o que dizia ali sobre como deviam viver, se alimentar, reproduzir e até serem castigados por mau comportamento ou sacrificados quando quebravam uma perna. A história não é muito diferente quando o assunto é a Bíblia.
O espiritismo lê a Bíblia, e os evangelhos em particular, como se fosse um conjunto de regras que devemos seguir para nos tornarmos pessoas melhores. O fato de os espíritas acreditarem piamente nisso não muda nada. Se você comprar um mapa de Minas Gerais para guiá-lo em sua viagem de férias no Paraná, por mais que acredite que aquele mapa serve para lá, isso não muda o fato de que você está enganado.
A palavra “evangelho” significa “boas novas” ou “boa notícia”. Que boa notícia? Que eu devo seguir uma lista de regras para me tornar uma pessoa melhor e reencarnar “n” vezes para eliminar meu carma? Bem, isso não é uma boa notícia. Então qual é a boa notícia afinal? Qual é o assunto da Bíblia?
Você encontra uma lista de regras no Antigo Testamento, a LEI, dada por Deus para provar que o homem é incapaz de ser salvo de seus pecados seguindo uma lista de regras. Você aprende isso quando lê o apóstolo Paulo explicando para que serviam aquelas regras. Então o Novo Testamento começa com a tal “boa notícia”:
“Mas o anjo lhes disse: ‘Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor’. … e lhe chamarão Emanuel, que significa ‘Deus conosco’”. (Lc 2:10; Mt 1:23).
A boa notícia é esta: (1) Podemos deixar de ter medo; (2) a boa notícia é de grande alegria; (3) nasceu o Salvador, Cristo e Senhor, isto é, um que nos salva de nossos pecados, é o mesmo que foi anunciado pelos profetas para Israel, e é Senhor ou dono absoluto de tudo; (4) é o próprio Deus vindo habitar conosco.
Isto sim é uma boa notícia para pessoas apavoradas com o juízo eterno, que não têm alegria nesta vida cheia de desgraças, doenças e morte, e acreditam que terão de evoluir ou reencarnar para salvarem a si próprias.
Repetindo: A Bíblia toda não é um manual de como devemos viver, mas é uma “boa notícia”, algo como um fato estampado na página de um jornal. O famoso livro Sun Tzu é um manual de estratégias para quem vai à guerra. O evangelho não é um Sun Tzu. O evangelho é a notícia que o mensageiro traz do campo de batalha dizendo: “A guerra foi vencida!”.
A Bíblia, antes de Cristo, é o relato de como os homens caíram na armadilha do pecado e ficaram aprisionados por Satanás, o inimigo de nossas almas. É também o anúncio do que Deus pretendia fazer para livrá-los. A Bíblia, depois de Cristo, é a notícia de Jesus resolveu o problema de uma vez para sempre. “Está consumado”, está pronto, está resolvido.
Ao morrer na cruz como substituto do pecador, levando sobre si as culpas que não eram suas e sendo castigado ali no lugar dos donos daquelas dívidas, Jesus livrou de todos os pecados aqueles que nele creem. Daí ele ser chamado de Salvador. Um salva-vidas é chamado assim porque pula na água para tirar do mar o afogado, cujo coração pode até já ter parado de bater. Ele não é chamado de salva-vidas porque fica da praia gritando o que o afogado deve fazer para sair de lá.
Tendo isso tudo em vista, não há como conciliar a Bíblia com o espiritismo, por mais que os espíritas tentem encontrar nela preceitos morais semelhantes aos ensinados por Kardec. Se Deus deu, no Antigo Testamento, uma Lei cheia de preceitos para provar que o homem era incapaz de segui-los (porque caindo apenas na cobiça mental já era culpado de transgredir toda a Lei), então não há como ser salvo dos pecados seguindo preceitos para uma vida melhor. “Se a justiça vem pela lei, Cristo morreu inutilmente”. (Gl 2:21).
Se Jesus é chamado de “Salvador”, de “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, de um que “levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro”, descrito como um que “foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados”, não faz sentido pensar em reencarnação para salvar-se a si mesmo por meio de um processo evolutivo e de auto eliminação do carma.
Percebe que a Bíblia nem precisa dizer “a reencarnação não existe”, simplesmente porque o que ela declara a respeito de Jesus já elimina a possibilidade de ela existir? Deixe de ler a Bíblia como um manual de como deve viver, e passe a lê-la como quem lê a carta que o mensageiro trouxe do campo de batalha e você verá que não há como tentar conciliar sua doutrina com o espiritismo.
(Rm 5:12) “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram;”.
(Rm 5:18) “Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens”.
(Rm 5:19) “Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos”.
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O que significa Gálatas 2:16-21?
Sua dúvida está no significado da passagem em Gálatas 2:16-21. Para entendê-la é preciso ler o contexto, que é basicamente todo o livro de Gálatas, onde por 5 vezes fala da crucificação e seu efeito no crente, colocando-o na posição de morto no que diz respeito à sua velha vida:
1. Jesus foi crucificado diante de mim Gl 3:1.
2. Eu fui crucificado em Cristo Gl 2:20.
3. Os que são de Cristo crucificaram a carne, as paixões e as concupiscências Gl 5:24.
4. O mundo foi crucificado para mim Gl 6:14.
5. Eu fui crucificado para o mundo Gl 6:14.
No capítulo 2 que está sua dúvida, Paulo comenta o episódio ocorrido com Pedro, que parecia querer voltar às práticas da lei dada a Moisés, como se sofresse de um retrocesso na fé. William MacDonald explica tão bem a passagem em seu livro “Believer’s Bible Commentary” que prefiro traduzir e reproduzir logo abaixo:
2:16 Os judeus que tinham sido salvos sabiam que não havia salvação na lei. A lei condenava à morte aqueles que fracassavam em obedecê-la perfeitamente. Isso trouxe maldição sobre todos, porque todos romperam seus sagrados preceitos. O Salvador é aqui apresentado como o único objeto da fé. Paulo recorda Pedro de que “até mesmo nós judeus” chegamos à conclusão de que a salvação é pela fé em Cristo, não pela guarda da lei. Como podia agora Pedro colocar gentios sob a lei? A lei dizia ás pessoas o que deviam fazer mas não lhes dava o poder para fazer. A lei foi dada para revelar o pecado, não para ser uma salvadora.
2:17 Paulo e Pedro e outros tinham buscado a justificação em Cristo e somente nele. As ações de Pedro em Antioquia, porém, pareciam indicar que ele não estava completamente justificado, mas que precisava voltar à lei para completar sua salvação. Se assim for, Cristo não é um Salvador perfeito e suficiente. Se vamos a ele para ter nossos pecados perdoados, porém depois precisamos ir a algo mais, acaso Cristo não se torna um ministro do pecado ao falhar cumprir suas promessas? Se por um lado professamos depender de Cristo para a justificação, e por outro voltamos à lei (que só pode nos condenar como pecadores), será que estamos agindo como cristãos? Podemos esperar a aprovação de Cristo com uma conduta assim que, na prática, faz dele um ministro de pecado? A resposta de Paulo é um indignado “De modo algum!”.
2:18 Pedro havia abandonado todo o sistema legal pela fé em Cristo. Ele tinha repudiado quaisquer diferenças entre judeus e gentios quando se tratava de encontrar o favor de Deus. Agora, ao recusar comer com os gentios, ele está reconstruindo o que havia destruído. Fazendo assim, ele se revela como um transgressor. Ou ele estava errado por trocar a lei por Cristo, ou está errado agora por trocar Cristo pela lei!
2:19 A pena pela transgressão da lei é a morte. Como pecador, transgredi a lei. Portanto, ela me condenou a morrer. Mas Cristo pagou por mim a pena da lei transgredida ao morrer em meu lugar. Assim, quando Cristo morreu, eu morri. Ele morreu para a lei no sentido que atendeu a todas as suas justas demandas; portanto, em Cristo, eu também morri para a lei. O cristão morreu para a lei; ele já não tem mais nada a ver com ela. Será que isso significa que o crente está livre para transgredir os Dez Mandamentos como bem entender? Não, ele vive uma vida santa, não por medo da lei, mas por amor daquele que morreu por ele. Os cristãos que desejam se colocar sob a lei como um padrão de comportamento não entendem que isso os coloca sob a maldição da lei. Além do mais, eles não podem tocar a lei em um ponto sem que sejam responsáveis por cumpri-la integralmente. A única maneira de podermos viver para Deus é estando mortos para a lei. A lei jamais poderia produzir uma vida santa; Deus nunca teve a intenção de que ela fizesse isso. O caminho de santidade que ele determinou é explicado no versículo 20.
2:20 O crente está identificado com Cristo em sua morte. Cristo não só foi crucificado no Calvário, mas eu fui crucificado ali também — em Cristo. Isto significa o meu fim como pecador aos olhos de Deus. Isto significa o meu fim como alguém que busca merecer a salvação ou consegui-la por meus esforços. Isto significa o meu fim como filho de Adão, como um homem sob a condenação da lei; um fim de meu velho e irremediável eu. O velho e mau “eu” foi crucificado; ele já não pode reivindicar um lugar em minha vida diária. Isto é verdadeiro no que diz respeito à posição que ocupo diante de Deus; deveria ser verdadeiro no que diz respeito ao meu comportamento.
O crente não deixa de viver como uma personalidade ou como um indivíduo. Mas aquele que é visto por Deus como tendo morrido não é o mesmo que vive. Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim. O Salvador não morreu por mim para que eu siga vivendo minha vida como bem entender. Ele morreu por mim para que de agora em diante ele possa viver sua vida em mim. A vida que agora vivo neste corpo humano, eu vivo na fé do Filho de Deus. Fé significa dependência. O cristão vive em contínua dependência em Cristo, ligado a ele, permitindo que Cristo viva sua vida em si.
Assim a regra de vida do crente é Cristo, não a lei. Não é uma questão de se esforçar, mas de confiar. Ele vive uma vida santa, não por medo do castigo, mas por amor ao Filho de Deus, que o amou e a si mesmo se entregou por ele.
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Por que Deus permitiu minha doença?
Deus trabalha de estranhas maneiras, não é mesmo? Primeiro ele coloca você num beco sem saída, e esta é uma das maneiras de ele agir. Sua enfermidade parece ter tirado você de circulação, considerando que sua vida era bem agitada com “baladas, noitadas, mulheres e bebedeiras”, conforme você escreveu.
Você contou que tinha certa curiosidade por assuntos espirituais desde a adolescência, e falou que seu amigo Testemunha de Jeová o convidou para fazer alguns estudos bíblicos, mas que você deixou de lado por falta de tempo.
A doença, aos vinte e poucos anos, foi o motivo de voltar a questionar a razão de sua existência, por isso tem frequentado uma igreja evangélica que, embora seja das que coloque ênfase nas curas, não foi a razão principal de você frequentá-la. Agora se mostra decepcionado com a obsessão dos pregadores por dinheiro, dízimos e ofertas. Quando não estão pedindo diretamente, estão ministrando passagens e mensagens que induzem as pessoas a contribuírem.
No capítulo 12 de Êxodo Deus avisa os israelitas que iria livrá-los das mãos de faraó, rei do Egito. Naquela noite Deus passaria sobre o Egito e todos os primogênitos de todas as famílias seriam mortos. Haveria luto em todas as casas, menos nas dos israelitas que matassem um cordeiro ou cabrito e passassem o sangue no batente da porta da casa. Quando Deus visse o sangue, passaria por cima daquela casa sem ferir seu primogênito. Aquele sangue significava que uma vítima inocente já tinha morrido no lugar do primogênito. Depois disso, eles estariam livres para viajar para fora da terra da escravidão.
Mas se você ler o capítulo 14 de Êxodo, verá que Deus tirou os israelitas da escravidão do Egito apenas para colocá-los em um beco sem saída.
(Êx 14:1-2) “Disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel que se voltem e se acampem diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele assentareis o acampamento junto ao mar”.
Quando diz “voltem” quer dizer que eles já tinham passado pelo beco e estavam rumando a algum lugar que permitisse fugir de Faraó. Mas Deus os faz voltar para acamparem entre duas montanhas (Pi-Hairote e Migdol) e o mar vermelho. Agora só havia uma saída, mas por ela vinha o exército de faraó para matá-los.
(Êx 14:10) “Quando Faraó se aproximava, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios marchavam atrás deles; pelo que tiveram muito medo os filhos de Israel e clamaram ao Senhor”.
Um beco sem saída mesmo, não? Creio que Deus fez isso porque era a única maneira de realmente salvá-los. É ali naquele beco que eles devem ficar quietos para poderem ver a mão de Deus agir. Não é muito diferente da situação em que Deus colocou você, pois parece que com toda a agitação de sua vida você não teria parado para escutar o que ele estava querendo lhe dizer.
(Êx 14:13-14) “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca mais tornareis a ver; o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis”.
Como você deve saber, Deus realmente os livrou, abrindo o mar e permitindo que atravessassem antes que os exércitos de faraó perecessem sob as águas. Então, depois de salvos, eles se viram em um deserto. Ali, enquanto Moisés recebia de Deus a Lei sobre uma montanha que tremia e fumegava, o povo se dedicava a construir ídolos de ouro, mostrando que o homem é religioso por natureza, mas nem sempre do jeito que Deus quer.
Sua experiência tem algo disso também. Se na adolescência você quase foi vítima de uma falsa religião cristã.
Agora tem ficado com a pulga atrás da orelha diante do discurso de pastores ávidos por dinheiro. Você já deve ter percebido que nesse terreno das coisas espirituais existe uma competição acirrada. Quando o inimigo de nossas almas não consegue nos enganar com as baladas deste mundo, ele envia seus obreiros travestido de “ministros da justiça”.
(2 Co 11:13-15) “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.
Você só encontrará segurança, seja para escapar das artimanhas deste mundo, seja para não ser pego pelas artimanhas do mundo espiritual, se buscar a Jesus, e só a ele, como Salvador e Senhor de sua vida.
(Rm 10:11) “Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido”.
Você disse que já está meio desconfiado com os pastores que vivem pedindo dinheiro, e faz bem de desconfiar. Aliás, desconfie de todo homem, inclusive de mim, e coloque sua confiança apenas naquele que morreu por você numa cruz. Ninguém mais fez isso por você. Se você seguir um sistema religioso (como os Testemunhas de Jeová, que negam a divindade de Jesus), ou seguir pregadores (como os que pedem dinheiro), você corre o risco de ser enganado. Até mesmo se colocar sua confiança em mim e no que eu escrevo (pois posso enlouquecer ou me desviar dos caminhos do Senhor) você corre esse risco.
Portanto, concentre-se agora em sua necessidade de salvação, e ela só será possível se crer em Jesus como seu Salvador. Na cruz ele morreu para salvá-lo e essa salvação ele oferece de graça (inclusive sem o pagamento de dízimos, ofertas ou contribuições). A mensagem do evangelho é resumida assim:
(1 Co 15:1-4) “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Isto é tudo o que você precisa saber para ser salvo. É claro que aos poucos irá querer conhecer mais, não de uma religião, mas da Pessoa bendita daquele que morreu por você, e para isso você tem sua Bíblia.
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Com quem está a razão — judeus ou palestinos?
Para responder é preciso ter um padrão de referência. Se quiser medir algo você precisa de um metro; se quiser pesar precisa de uma balança. Nos dois casos você utilizará um padrão de referência, o metro ou o quilo. Tudo funciona assim, até cores. Quem trabalha com artes gráficas tem seu próprio sistema para comparar cores (geralmente se usa o Pantone), pois não basta dizer que determinada cor é branca se eu não tiver um padrão uniforme de branco para comparar.
Como julgar a questão entre judeus e palestinos? Se formos pela regra de quem chegou primeiro à terra, então os palestinos (antigos filisteus) estão com a razão, pois estavam lá muito antes de Israel. Neste caso Israel deveria abandonar a Palestina e voltar a ser um povo errante, como era Jacó e seus filhos, ou então seus cidadãos deveriam pedir cidadania iraquiana e se mudarem para o Iraque, que é onde ficava a cidade de Ur de onde saiu Abraão.
O problema de usar o critério de quem chegou primeiro na terra também pode gerar dúvidas, pois apesar de os filisteus, antepassados dos atuais palestinos, habitarem naquela terra muito antes dos israelitas, é provável que outros povos tenham sido desalojados para os filisteus tomarem o seu lugar.
Se assim for, então os palestinos estão se baseando no argumento, não de quem estava primeiro na terra, mas de quem a conquistou. O problema é que, neste caso, o direito passou para os judeus atuais, que conquistaram a terra dos povos que os antecederam.
Se achar injusto, então terá de colocar em dúvida sua atual presença no Brasil, terra que pertencia originalmente aos índios. Se você for branco caucasiano, deve voltar para a Europa. Se for oriental, para o Oriente. Se for negro, descendente de um escravo trazido à força, deve voltar à África. Se os palestinos podem reivindicar que os judeus deixem a Palestina, os índios podem reivindicar que ingleses, espanhóis e portugueses (e os povos que vieram depois) deixem as Américas e voltem a seus lugares de origem.
Voltando ao caso dos judeus e palestinos, quem deve dar o “voto de Minerva”? Em minha opinião deve ser a Bíblia, e pela Bíblia ambos os povos estão errados em suas reivindicações. Os palestinos por exigirem uma terra que Deus claramente deu a Israel no passado. Os judeus por terem ocupado a terra em um espírito de rebelião e ainda culpados pela rejeição do Messias.
Mas obviamente nem judeus, nem palestinos, irão aceitar argumentos bíblicos neste caso. Por que não? Os judeus se baseiam no Antigo Testamento para fundamentarem seu direito à terra. Afinal, Deus a entregou a eles. Sim, mas se esquecem de que Deus ordenou que os povos que habitavam lá fossem todos expulsos, algo que os israelitas não fizeram com os filisteus.
(Êx 23:31-33) “E porei os teus termos desde o mar Vermelho até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até ao rio; porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances fora de diante de ti. Não farás concerto algum com eles ou com os seus deuses. Na tua terra não habitarão, para que não te façam pecar contra mim; se servires aos seus deuses, certamente será um laço para ti”.
Ao invés de os israelitas obedecerem a Deus e expulsarem os filisteus da terra, na Bíblia e na história nós ora os vemos lutando contra os filisteus, ora fazendo acordos com eles. Os israelitas inclusive gostaram de suas mulheres e muitos se casaram com elas. Dalila provavelmente era do povo filisteu, pois era originária de suas terras (Vale de Soreque) e trabalhou a serviço dos filisteus para derrotar Sansão. Portanto, nenhum judeu contemporâneo pode reclamar da pedra no sapato que são os palestinos hoje.
Considerando que os palestinos de hoje são em sua maioria muçulmanos, e que os muçulmanos fundamentam boa parte de suas crenças no que Maomé extraiu do Antigo Testamento, eles ficam em uma situação semelhante à dos judeus. Se realmente acreditam no que está no Antigo Testamento, devem acreditar que Deus entregou a terra aos que são da linhagem de Abraão. Mas, assim como fazem os judeus, os palestinos fazem uma leitura seletiva adotando apenas aquilo que lhes interessar. A solução seria ambos os povos aceitarem o Antigo Testamento na sua totalidade.
E quem disse que os judeus não aceitam? Se aceitassem veriam que em Daniel 9 estava profetizado que 69 (7+62) semanas (de anos) depois da ordem para a reconstrução da cidade de Jerusalém, o Messias viria e seria tirado do mundo, vindo em seguida a destruição da cidade e do Templo.
(Dn 9:26) “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações”.
Qualquer estudante sincero das Escrituras saberá que em 445 A.C. Artaxerxes deu a ordem para reedificar a cidade (leia o livro de Neemias). A cidade e o templo foram reedificados naquela época, tendo sido destruídos no ano 70 D.C. Entre uma coisa e outra o Messias de Israel devia ter vindo ao mundo e sido tirado do mundo. A pergunta que um judeu sincero devia fazer é: Onde está o Messias? Quem será que veio aqui e foi embora na década de 30 do primeiro século e que poderia ser identificado como o Messias?
Os judeus não creem que Jesus foi o Messias que veio, mas também não conseguem fechar sua conta profética, pois entre a reconstrução e destruição de Jerusalém falta o Messias da profecia. Os palestinos, por sua vez, por crerem no Alcorão que não é nada original se comparado ao Antigo Testamento, também esperam por um Messias: o Mahdi. Então temos dois povos que creem numa mesma essência: a de que há um só Deus e que no final haverá um juízo, mas antes disso virá um Messias.
Voltando à Bíblia, e resumindo tudo, encontramos que os palestinos (filisteus) habitavam a terra da Palestina, Deus decidiu dá-la aos israelitas (é melhor não discutir com Deus), estes não foram fiéis em cumprir as ordens que Deus lhes havia dado em relação aos povos originais da terra, e atingiram o ápice de sua rebeldia ao condenarem à morte o Messias prometido. A Bíblia continua ensinando que no futuro a terra será efetivamente de Israel, quando Deus reunir o seu povo na terra para Cristo reinar.
A questão é que Israel está na terra hoje de vontade própria, na sua incredulidade e rejeição contra o Messias. Por isso aquilo ali vai virar um banho de sangue e boa parte dos judeus que estão lá vai morrer antes que Deus efetivamente traga o seu povo dos quatro cantos para habitar na terra prometida a Israel. Mas aí terá sido uma obra de Deus, e não uma decisão da ONU ou resultado dos esforços bélicos de uma nação rebelde e contumaz que teima em não reconhecer seu Messias.
(Zc 13:8-9) “E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar essa terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus”.
Enquanto isso, qualquer judeu ou palestino que crê em Jesus como seu Salvador, tem seus pecados perdoados, é salvo eternamente e passa a fazer parte da Igreja, que é o corpo de Cristo e reúne salvos de todas as tribos, povos e nações. Neste corpo todas as diferenças nacionais caem por terra, por tratar-se de cidadãos do céu, não da terra. Então, para alguém assim, seja judeu ou palestino, fica claro que toda a questão relacionada à terra perde o sentido.
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Os atuais Palestinos são os Filisteus da Bíblia?
Depois que publiquei “Com quem está a razão — judeus ou palestinos?”, recebi um comentário de um leitor que conhece bem a história dos povos do Oriente Médio. Ele corrige minhas afirmações de que os atuais palestinos seriam descendentes dos filisteus dos tempos bíblicos e, portanto, antigos habitantes da atual Palestina. O comentário diz:
“Achei bastante interessante sua resposta sobre o assunto, porém há um erro fatal, um engano histórico típico, os palestinos nunca foram descendentes dos filisteus, na realidade, se você ler qualquer livro de história do oriente médio (não palestino) você vai descobrir que na realidade os palestinos são em sua grande maioria, descendentes de árabes que chegaram aqui após a invasão muçulmana no ano de 665 EC. Entre eles também há um grande número de descendentes de egípcios (principalmente em Gaza), outros são descendentes de turcos e outros até mesmo judeus que foram obrigados a se converter durante a dominação muçulmana. Os filisteus citados por você na realidade foram um povo oriundo dos cretenses (Ilha de Creta) que foram exterminados pelos romanos e nabateus, principalmente porque Roma conquistou a região a fim de controlar a rota do incenso”.
Minha resposta: Prezado…. Creio que suas observações estejam corretas, mas isso não tira a validade do que escrevi (que os Palestinos hoje em Gaza são os descendentes dos antigos Filisteus).
Hoje há poucos povos que podemos rastrear até os tempos do Antigo Testamento, como os Egípcios, Judeus, Árabes, Persas, Sírios e Jordanianos. Nem mesmo os atuais Gregos e Romanos podem ser rastreados com tanta certeza, já que a Grécia ficou muito tempo sob o domínio dos Turcos e os romanos atuais não são os de antigamente, mas formam uma mescla de povos que inclui germânicos e povos do norte da África.
Mesmo assim, hoje consideramos a Itália como a versão moderna da Roma antiga e os Judeus (na verdade apenas Judá e Benjamin) como representantes de Israel da antiguidade.
Neste caso, do ponto de vista da profecia bíblica (talvez não do ponto de vista histórico ou baseado em DNA), acredito que o povo que veste atualmente a camisa dos antigos Filisteus será efetivamente considerado pela profecia bíblica como seus descendentes. Eles se encaixam como uma luva se fizermos um exercício de “engenharia reversa da profecia”, pois a profecia para os tempos que imediatamente precedem o reino milenial do Messias apontam que os Filisteus serão desarraigados de suas terras em Gaza.
Se os atuais Palestinos não forem o objeto dessas profecias, então será preciso esperar para que surjam os reais descendentes do povo de Abimeleque e Golias. Enquanto isso não acontece, são os Palestinos o “alvo”, por assim dizer, dos juízos proféticos.
Portanto, não tome o que escrevi como um tratado científico e histórico, pois até hoje há dúvidas, tanto sobre o destino dos Filisteus como sobre a origem dos Palestinos, como acontece com muitos outros povos. Do ponto de vista da responsabilidade legal, quem assume uma identidade corre o risco de ser tratado conforme a identidade que assumiu. Se a mescla de povos à qual você se referiu (com talvez menos de 1% de sangue filisteu original) se considera hoje descendentes legais dos Filisteus, então assim deve ser. As profecias apontam para um povo Filisteu habitando na faixa de Gaza nos últimos dias. Alguém mais se candidata a assumir esse papel? Eu, nem pensar. Estar na faixa de Gaza nos dias atuais é aguardar pela tempestade sentado num para-raios.
(Am 1:7-8) “Por isso porei fogo ao muro de Gaza, e ele consumirá os seus palácios. E exterminarei o morador de Asdode e o que tem o cetro de Asquelom e tornarei a minha mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor JEOVÁ”.
(Zc 9:5-6) “Asquelom o verá e temerá, também Gaza e terá grande dor, igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida; e o rei de Gaza perecerá, e Asquelom não será habitada. E um bastardo habitará em Asdode, e exterminarei a soberba dos filisteus”.
(Sf 2:4) “Porque Gaza será desamparada, e Asquelom, assolada; Asdode ao meio-dia será expelida, e Ecrom, desarraigada. Ai dos habitantes da borda do mar, do povo dos quereteus! A palavra do Senhor será contra vós, ó Canaã, terra dos filisteus, e eu vos farei destruir, até que não haja morador”.
Apesar de alguns povos serem destruídos num futuro para o qual apontam as profecias bíblicas, outros serão abençoados (Egípcios, Árabes, etc.). Assim como os Palestinos de hoje podem ser os Filisteus da profecia, os antigos Moabitas e Amonitas podem ser os Jordanianos atuais que habitam no lugar daqueles. Na profecia a atual Jordânia será destruída.
Talvez o artigo “The way the Philistines”, por Joseph Farah em sua coluna no “World Net Daily”, explique melhor o que estou querendo dizer:
“Deixe-me dizer como tudo acabará em Gaza. Não acabará com um cessar-fogo. Não acabará com extenuantes rodadas de diplomacia. Não acabará com novas eleições e novos planos de paz ou com tropas de paz instaladas ali. Não acabará de nenhuma dessas formas. Eis como acabará em Gaza”.
O autor então cita os versículos de Zacarias 9:5-6, Sofonias 2:4 e Amós 1:8 que já mencionei acima.
Depois faz um comentário de como Israel tomou a faixa de Gaza do Egito, não dos Palestinos ou Filisteus ou Hamas ou Fatah, e que Israel não fez qualquer esforço em devolver o território aos egípcios. Os colonos judeus que se instalaram lá transformaram o lugar em terras produtivas, mas acabaram sendo desarraigados pelo próprio governo israelense para entregar a terra aos Palestinos.
O autor do artigo termina com as seguintes palavras (referindo-se às profecias bíblicas que mencionou e ao fato dos Palestinos não admitirem que judeus morem em suas terras atuais):
“Eles [Palestinos] não entendem como essas palavras proféticas escritas há milhares de anos se aplicam ao povo que habita agora em Gaza, não na época dos extintos Filisteus, mas hoje — neste exato momento. O tempo está se esgotando para os assim chamados ‘palestinos’. Eles estão prestes a ter o mesmo destino dos Filisteus”.
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O arrebatamento será audível e visível ao mundo?
O autor do artigo que você me enviou mistura passagens dirigidas apenas à Igreja com aquelas dirigidas ao remanescente judeu que se converterá depois do arrebatamento. Ele também utiliza de um artifício muito comum, que é fazer uma suposição e depois construir seu argumento sobre uma suposição que pode não ser verdade. Seu objetivo é tentar provar que o arrebatamento não seria um evento secreto, como creio que é, mas algo público, visível a todos os habitantes da Terra.
É este o caso quando diz que “a sua vinda não é silenciosa como eles alegam, mas é audível”, ao se referir à voz do arcanjo e à trombeta de Deus no arrebatamento. Porém a própria continuação de seu argumento desfaz sua suposição de que a vinda do Senhor no arrebatamento será ouvida por todo o mundo. Ele cita João 5:28 que diz que “vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão”. Aqui diz que os que estão nos túmulos ouvirão.
Acaso o autor do artigo se considera capaz de ouvir o que Deus está dizendo neste exato momento aos mortos? Se não fosse pela revelação de Jesus feita nos Evangelhos, quem mais teria tido conhecimento do diálogo que ocorreu entre o rico e Abraão (figura de Deus) a respeito de Lázaro? Embora alguns chamem a passagem de “Parábola do Rico e Lázaro”, o texto bíblico não diz que seja uma parábola. O fato de Lázaro ser chamado por nome indica ter sido uma pessoa real.
Afirmar que, por existir no arrebatamento uma trombeta isto significa que será um evento público, é desconhecer os princípios mais elementares até da física que rege o mundo material: os sons só são audíveis para quem eles forem audíveis. Um dilema clássico: Existe som na floresta quando uma folha cai e nenhum ser com aparelho auditivo está lá para ouvir? Ou existe cor quando não há olhos para identificá-la? O que conhecemos por som e cor nada mais é do que uma interpretação gerada por nossos sentidos de vibrações em diferentes escalas do espectro. Se eu soar um apito para chamar cães, só os cães virão.
O autor do artigo continua dizendo que “a segunda vinda não será apenas audível e, por isso, contraditória à teoria do arrebatamento silencioso; também não será em segredo mas visível e público. Em Apocalipse 1:7 a Bíblia diz “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram”. Alguns ensinam que apenas aqueles que estão preparados o verão. Ele será invisível para outros. No entanto, esse texto diz que aqueles que o traspassaram o verão. Esses certamente não eram seu discípulos”.
Mais uma vez o autor faz a afirmação equivocada e ele mesmo dá a resposta que desmonta sua afirmação, ao usar uma passagem que se refere à volta de Cristo no final da grande tribulação, quando vem para reinar.
Os judeus foram os que o traspassaram, e isso faz parte do discurso de Pedro em Atos 2:36: “Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Também em Atos 4:10 “seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós”.
Os judeus no final efetivamente verão aqueles que eles (judeus) traspassaram. Não serão as mesmas pessoas que o traspassaram, mas as que assumirão a identidade daquele povo naquele momento.
O autor do artigo continua dizendo que “uma pergunta importante é ‘Onde está a passagem que diz que o chamado arrebatamento acontecerá sete anos antes da segunda vinda?’ O resto da doutrina pré-milenarista do arrebatamento é tão cheia de enigmas com erros como esse”.
Não há na Bíblia alguma frase exatamente do tipo “o arrebatamento acontecerá sete anos antes da segunda vinda”. Mas um cristão desejoso de saber a vontade de Deus saberá buscar por indícios que falem da ordem desses acontecimentos. Por exemplo, “Eu te guardarei da hora da tentação (tribulação) que há de vir sobre todo o mundo” (Ap 3:10). O Senhor faz esta promessa à igreja, referindo-se à tribulação. O capítulo 4 de Apocalipse começa assim:
(Ap 4:1-2) “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvira, voz como de trombeta, falando comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. Imediatamente fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”.
Depois de que coisas? O que pode indicar essa “voz de trombeta”? O que pode significar esse “Sobe aqui”? Por que esse linguajar logo antes de começar a descrição dos eventos que são particulares da grande tribulação?
A conta dos “sete anos” é possível deduzir de Daniel 9, que indica que o templo seria reconstruído, o Messias seria tirado e a cidade e o templo seriam destruídos dentro de um período de 69 semanas (de anos), restando uma semana de anos para os acontecimentos finais antes da vinda definitiva do Messias para reinar. Na metade dessa última semana seria revelado o anticristo. Sabemos que o equivalente às 69 semanas já se passaram até a retirada do Messias e a destruição do templo e da cidade. Resta portanto uma semana de anos para se cumprir na profecia.
O autor do artigo confunde o arrebatamento com a segunda vinda de Cristo, portanto vou colar aqui um texto que traduzi do livro “Acontecimentos Proféticos” de Bruce Anstey que ajuda a mostrar a diferença entre os dois eventos:
É de extrema importância entender a distinção que existe nas Escrituras entre o arrebatamento e a vinda de Cristo. O arrebatamento não deve ser confundido com a vinda de Cristo. Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, o arrebatamento e a vinda de Cristo são eventos que claramente diferem um do outro.
— Arrebatamento é quando o Senhor vem para os seus santos (Jo 14:2-3); Vinda de Cristo é quando ele vem com os seus santos (que foram levados à glória no arrebatamento) (Jd 14; Zc 14:5).
— O arrebatamento pode acontecer a qualquer momento; a vinda de Cristo não acontecerá até cerca de 7 anos após o arrebatamento.
— No arrebatamento o Senhor vem secretamente, num piscar de olhos (1 Co 15:52); em sua vinda ele vem publicamente e todo olho o verá (Ap 1:7).
— No arrebatamento ele vem para libertar a Igreja (1 Ts 1:10); em sua vinda ele vem para libertar Israel (Sl 6:1-4).
— No arrebatamento ele vem nos ares para a sua Igreja, pois é o seu povo celestial (1 Ts 4.15-18); em sua vinda ele volta à terra (no local chamado Monte das Oliveiras) para Israel que é o seu povo terrenal (Zc 14:4-5).
— No arrebatamento é o próprio Senhor quem reúne os seus santos (1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1); em sua vinda ele envia os seus anjos para reunir os eleitos de Israel (Mt 24:30-31).
— No arrebatamento ele leva os crentes para fora deste mundo, deixando para trás os ímpios (Jo 14:2-3); em sua vinda os ímpios são tirados do mundo para julgamento e os crentes (aqueles que tiverem se convertido por meio do evangelho do Reino que será pregado durante a tribulação) são deixados para desfrutar de bênçãos na terra (Mt 13:41-43; 25:41).
— No arrebatamento ele vem para libertar os seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1 Ts 1:10); em sua vinda ele vem para derramar a sua ira (Ap 19:15).
— No arrebatamento ele vem como o Noivo, para receber sua noiva, a Igreja (Mt 25:6-10); em sua vinda ele vem como o Filho do Homem em juízo sobre aqueles que o rejeitaram (Mt 24:27-28).
— No arrebatamento ele vem como a ‘Estrela da Manhã’ que desponta pouco antes de raiar o dia (Ap 22:16); em sua vinda ele vem como o ‘Sol de Justiça’, que é o próprio raiar do dia (Ml 4:2).
— No arrebatamento ele vem sem quaisquer sinais, pois o cristão anda por fé e não por vista (2 Co 5:7); já a sua vinda será cercada de sinais pois os judeus pedem sinais (Lc 21:11,25-27; 1 Co 1:22).
Nas Escrituras nunca é feita referência ao arrebatamento como um ‘ladrão de noite’. Este termo refere-se à vinda do Senhor (1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10; Mt 24:43; Ap 16:15; 3:3).
Em certo sentido há três vindas. Sua vinda para o que era seu (Primeira Vinda Jo 1:10-11; Hb 10:7), sua vinda PARA os que lhe pertencem (Arrebatamento Jo 14:2-3; 1 Ts 4:15-18; ou ‘Pelos que lhe pertencem’), e sua vinda com os que lhe pertencem (A Vinda de Cristo Jd 14).
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O pastor deve receber salário?
Sua dúvida está relacionada ao versículo em 1 Tm 5:17-18: “Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino. Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário”.
Algumas traduções trazem “dupla honra” ou “duplicada honra”, não “dobrados honorários” ou “salário dobrado” como outras colocam no versículo 17. O sentido aí é tanto de serem duplamente honrados como duplamente recompensados, em especial os que trabalham na obra do Senhor, pois a continuação fala de sustento material. Mas não tem nada a ver com salário de pastor como vemos nas denominações. Nas coisas de Deus não há “empregados”, mas pessoas que servem a Deus e que dependem de Deus.
Resumindo, uma assembleia deve reconhecer aqueles que foram chamados para a obra do Senhor e que deixaram oportunidades de ganho para se dedicarem a isso. Mas veja que não é um emprego, mas um reconhecimento. Uma pessoa que se diga na obra do evangelho pode nem mesmo ser reconhecida por uma assembleia, e a pessoa não poderá cobrar esse reconhecimento.
A partir do momento que alguém decidiu trabalhar exclusivamente para Deus, é de Deus que deve esperar seus recursos. Se eles não vierem (através da assembleia, de irmãos individualmente ou de outra forma), então seu chamado não foi real, já que Deus não está suprindo assim. Ou então Deus pode estar querendo que ele trabalhe na obra, porém também faça algo para se sustentar, como Paulo fazia de vontade própria ao abraçar a profissão de fabricante de tendas.
Conheço irmãos que trabalham na obra do Senhor a maior parte do tempo e algumas assembleias e irmãos individualmente os ajudam nisso. Mas há casos também de irmãos que eventualmente precisam voltar a trabalhar em uma ocupação secular durante um tempo quando suas necessidades materiais aumentam, mas eles não podem requerer que os irmãos garantam seu sustento.
Isso é muito diferente daquele esquema faculdade de teologia = cargo de pastor + salário + benefícios. Portanto, creio que a pergunta que vem antes dessa é “o pastor que hoje é chamado de pastor é o mesmo pastor que encontramos na Palavra de Deus?”
Não é uma pergunta fácil de ser respondida quando você está dentro do sistema religioso. Primeiro é preciso você se livrar da cultura religiosa que faz você pensar que existe alguma base bíblica para a função de “pastor” que você encontra nos sistemas ou “igrejas” que foram criados ao longo dos séculos. Não é possível pensar biblicamente se você pensar denominacionalmente, porque são coisas que não casam.
Por exemplo, quando a Bíblia falar pastor, você imediatamente poderá ter a tendência de pensar em um homem que estudou teologia e foi eleito ou comissionado para liderar uma congregação de cristãos recebendo ou não um salário para isso. Tal modelo é posterior ao cristianismo bíblico e, no caso do protestantismo, foi copiado do padre católico.
O pastor, biblicamente falando, é um dom como é também o evangelista e o mestre. Os três são dons dados à Igreja, no sentido universal, e não local. Portanto, um pastor é pastor em todos os lugares onde existirem ovelhas, e não pastor de uma denominação (o mesmo para o evangelista e o mestre que ensina).
O pastor (dom) não está limitado a uma congregação e se fôssemos pensar em algo parecido com o “pastor” dos dias atuais, poderíamos encontrar maior similaridade com o mestre (dom) e não com o pastor (dom), já que o mestre, este sim, pode atuar mais no ensino de um grupo de cristãos, enquanto o pastor tem um trabalho mais pessoal, mais individual de tratar das ovelhas, mantê-las unidas etc.
Alguém poderia apelar para os primeiros “pais” da igreja, aqueles que podiam ter alguma atuação parecida com a do “pastor” das denominações de hoje, mas se quisermos nos manter longe do erro precisamos buscar o que Deus ensina por meio de sua Palavra, e não o que os cristãos ensinaram ao longo desses dois mil anos da vergonha que tem sido o testemunho da igreja neste mundo.
Tendo eliminado o pastor, o evangelista e o mestre como líderes de congregações locais (porque isso não tem sustentação bíblica), como se tenta fazer no sistema denominacional, só nos resta outros dois, ou seja, apóstolo e profeta. Estes foram dados como pedras do alicerce da Igreja, da qual Cristo é a pedra angular. Os apóstolos tinham certas prerrogativas para isso, bem como os profetas, e nenhum deles existe em nossos dias. Ninguém pensaria em continuar colocando pedras de alicerce nas paredes. Os alicerces já foram lançados com a doutrina recebida dos apóstolos.
Então, se você tinha apenas uma dúvida, agora deve ter várias. Se continuar pensando como um cristão dentro do sistema religioso que os homens criaram, aí terá de perguntar aos líderes de sua denominação se o pastor deve ou não ganhar salário, porque estará falando “pastor” no sentido do líder religioso que estamos acostumados a ver nos sistemas eclesiásticos.
Mas se quiser realmente saber a vontade de Deus conforme ela é mostrada na doutrina dos apóstolos, então não irá encontrar esse cargo ou posição, porque simplesmente não existe nada semelhante ao que você encontra hoje nas denominações. O que você vê ao seu redor nada mais é do que um clero copiado do catolicismo que, por sua vez, copiou do judaísmo.
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Deus faz acepção de pessoas?
A Bíblia ensina claramente que Deus escolheu alguns para a salvação, mas não indica que escolha alguém para a condenação. Todos estão condenados por natureza e teriam preferido continuar assim se Deus não decidisse escolher alguns para a salvação.
Sua dúvida é que o fato de Deus ter escolhido alguns parece acepção de pessoas, mas a mesma bíblia diz que Deus não faz diferença entre pessoas e até condena isso.
A verdade é que Deus deseja que todos sejam salvos (1 Tm 2:4; 2 Pe 3:9) e Cristo morreu por “todos” (2 Co 5:14), mas levou sobre si apenas o pecado de “muitos”, não de todos (Is 53:12; Hb 9:28).
Fazer diferença entre pessoas, ou fazer acepção de pessoas que é a expressão normalmente usada na Bíblia, é considerar um melhor do que outro. Na hora de salvar Deus não faz acepção de pessoas por uma razão muito simples: todos são igualmente pecadores, maus, perdidos e merecedores do juízo eterno. Todos são iguais e estão igualmente perdidos.
Então, sem dar a este ou àquele a preferência baseada em mérito, Deus simplesmente escolheu aqueles que ele quis. Diante de dois objetos exatamente iguais, por que você escolhe um e não o outro? Porque você quer, simplesmente por isso. Ninguém poderá dizer que foi injustiça, pois você podia muito bem não escolher nenhum.
A escolha não depende do escolhido, mas de Deus, que quer escolher. Portanto não há acepção de pessoas. Os dois estavam igualmente qualificados para irem para o inferno, mas Deus decidiu que um não iria e o salvou. O erro das pessoas é acharem que salvação e perdição são dois caminhos e o homem está entre um e outro. Não é assim. Romanos 3 deixa bem claro que todos os homens são igualmente pecadores e estão longe de Deus. E Jesus, em João 3, diz que o homem no seu estado natural já está julgado e condenado.
As passagens abaixo podem ajudar a entender melhor isso. Repare como Paulo diz que Deus preparou os vasos para honra, mas não diz o mesmo dos vasos de desonra. Ali diz que eles foram preparados, mas não diz que foram preparados por Deus.
(Rm 9:10-26) “E não somente isso, mas também a Rebeca, que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai (pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Pois diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.
Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso? E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? Como diz ele também em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo”.
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Como se chama a pessoa que dirige a congregação?
Depois de ler aqui que o modelo “pastor” que encontramos hoje na cristandade não tem respaldo bíblico, sua dúvida foi como devemos chamar a pessoa que fica à frente de uma congregação dirigindo as reuniões.
Não devemos, pois não existe no Novo Testamento uma pessoa à frente da congregação. Ficamos tão acostumados a encontrar isso, primeiro no catolicismo, depois no protestantismo, que nem paramos para olhar se tem fundamento. Porém você escreveu que “em todas as igrejas abertas pelos apóstolos, para cada uma delas, eles elegiam alguém para ficar à frente”.
Não elegiam “alguém”. O que havia eram os presbíteros (sempre no plural) que zelavam pelo rebanho. Não eram necessariamente os mesmos que pregavam ou ensinavam, pois neste caso temos os dons de pastores e mestres (naquele tempo havia ainda apóstolos e profetas, pois eles não tinham a Palavra escrita).
Quanto ao que escreveu, que “na carta de Paulo a Tito, ele ordena a Tito que escolha um presbítero para cada cidade”, mais uma vez não se trata de “presbítero” no singular, mas do plural “presbíteros”. Veja o texto:
(Tt 1:5) “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei”.
Mesmo assim, ao anunciar a ruína que iria se abater sobre a casa de Deus depois de sua partida, Paulo se dirige aos presbíteros (ou bispos) de Éfeso não mais como homens escolhidos por indicação direta dos apóstolos (como foi o caso da ordem dada a Tito), mas como escolhidos pelo Espírito Santo.
(At 20:28) “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”.
Considerando a ruína em que hoje se encontra o testemunho, quem seriam os “presbíteros” de Éfeso? Veja que ele está falando daqueles que apascentam a igreja de Deus — não a igreja “A”, “B” ou “C” — em uma determinada cidade.
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O cristão deve buscar a justiça dos homens?
Sua dúvida está relacionada a como um cristão deve proceder quando for injustiçado, como em casos de cobrança indevida de uma conta, mover uma ação contra alguém que o feriu ou lhe causou prejuízo e coisas semelhantes. Como o cristão deveria agir em situações assim?
Minha opinião é que, se existe uma justiça humana que foi instituída por Deus, o cristão não peca se buscar o reparo ou compensação. Deus deu ao homem o governo para julgar e condenar quando fosse o caso, e isso nunca foi revogado. No início Deus já havia dado a Adão o privilégio de nomear os animais e administrar a Criação de Deus. Depois do dilúvio Deus deu a Noé a autoridade de administrar, julgar e punir seus semelhantes.
(Gn 9:6) “Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua imagem”.
Essa autoridade delegada ao homem, que inclui a pena capital, nunca foi revogada. Em Romanos 13 (veja mais abaixo) diz que a autoridade humana é ministro de Deus para o nosso bem, e que não é em vão que traz a espada. Ou seja, a autoridade tem o poder de punir, inclusive com pena de morte quando necessário. Em que pese toda a celeuma em torno da pena de morte, não devemos nos esquecer de que foi Deus quem a decretou e esse decreto nunca foi revogado. (Rm 13:1-7) “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”.
“Mas a nossa pátria está nos céus”, diz em Filipenses 3:20. Será que isto quer dizer que devo me separar totalmente deste mundo como fazem os monges católicos ou algumas comunidades rurais protestantes? O cristão deve sim viver separado do mundo no sentido moral, pois lhe é impossível sair do mundo. Como disse alguém, “o problema não é o barco estar no mar, o problema é o mar estar no barco”.
Se prestar atenção, verá que todas as atividades dos cristãos no Novo Testamento acontecem em cidades, não na zona rural. Até mesmo as diferentes assembleias eram identificadas pelo nome das cidades onde estavam.
A posição do cristão no mundo pode ser entendida quando vemos o que Deus ordenou aos judeus que foram exilados na Babilônia, um terreno inimigo. Eles deviam viver normalmente ali e inclusive orar pela paz da cidade de Babilônia, e não criar algum tipo de movimento terrorista ou de desobediência civil.
(Jr 29:4-7) “Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, que eu fiz levar cativos de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas e habitai-as; plantai jardins, e comei o seu fruto… E procurai a paz da cidade, para a qual fiz que fôsseis levados”.
Mas, voltando à questão do crente, se deve ou não buscar reparação na justiça humana, creio que se o fizer não estará pecando. Por exemplo, se o governo hoje convida os que tinham dinheiro na poupança em um dos planos passados para entrarem com uma ação contra o governo para receber a diferença, é porque não existe nada de errado contra isso. Então um cristão poderá também buscar seus direitos.
Porém, apelar para a justiça dos homens é facultativo ao cristão. Ou seja, se tenho algo contra alguém e até o direito de receber uma indenização, mas sei que isso irá prejudicar essa pessoa, eu posso perdoá-la e abrir mão de meus direitos. Resumindo, se você apelar para a justiça dos homens, você não peca e estará agindo amparado pelas próprias autoridades que Deus instituiu para que existisse ordem neste mundo. Mas perdoar e deixar pra lá é também uma opção que o cristão tem, por saber que Deus está no controle de tudo.
Sempre me lembro de um caso que li, de uma enfermeira que trabalhava em um hospital muitas horas a mais do que deveria e sem receber por essas horas extras. Alguém que viu a injustiça que a empresa estava cometendo contra ela, comentou indignado: “Você não pode deixar isso acontecer! Até Deus está vendo que é uma injustiça o que estão fazendo”. A enfermeira respondeu: “Pois é, Deus está vendo”.
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Satanás, Lúcifer, rei de Tiro ou de Babilônia?
O autor do texto que você indicou usa uma técnica comum, que é fazer uma afirmação equivocada e depois construir sua tese em cima do equívoco que ele próprio criou. Veja aqui:
“Também ensinam que ele estava no Éden e era perfeito, até que nele se achou iniquidade. Ora, se sua queda só se deu no Éden, como é que ensinam que a grande catástrofe que destruiu a forma da terra se deu lá no princípio, quando ele caiu? E se ele caiu lá no princípio da criação, como é que no Éden ele ainda era perfeito?”
O equívoco de sua afirmação está em afirmar que a expressão “estiveste no Éden” ocorre simultânea à descrição “tu eras o selo da perfeição”. Se eu disser que estive em São Paulo e usava camisa vermelha não significa necessariamente que estive em São Paulo de camisa vermelha. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O texto a que ele se refere está em Ezequiel 28:11-19:
“Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem. Pela multidão das tuas iniquidades, na injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre”.
Temos aí uma mescla de informações, tanto de antes da queda de Satanás, como depois da queda, e tudo isso ainda mesclado com recados dados ao “príncipe de Tiro” que era um ser humano, não angelical. E essas informações são de diferentes momentos e lugares, não necessariamente apresentadas de forma linear como a mente lógica e racional gostaria de pensar.
É preciso entender que, ao mesmo tempo em que vivemos no tempo que foi criado junto com a matéria, Deus é extra tempo e tem uma visão eterna das coisas. Caso contrário, o sacrifício de Cristo não teria valor para quem morreu antes de seu sangue ter sido derramado na cruz. Não podemos ler a Bíblia com o pensamento linear de quem lê um livro de matemática ou de ciência. Ela é repleta de símbolos, de linguagem figurada, de poesia, etc. O próprio Senhor falou de si mesmo como sendo a porta, a videira, o grão de trigo, etc.
Se ler a passagem em Isaías 14 verá que ali está falando do Rei de Babilônia, porém ao mesmo tempo está revelando quem está realmente por detrás desse rei: Lúcifer ou “Portador de Luz”, como seria a tradução do original “heylel”. Compare várias traduções para ver que o nome varia:
(ARC) Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva!
(Bíblia) Então! Caíste dos céus, astro brilhante, filho da aurora!
(Darby) How art thou fallen from heaven, Lucifer, son of the morning!
(LITV) Oh shining star, son of the morning, how you have fallen from the heavens!
(NVI) Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada!
(YLT) How hast thou fallen from the heavens, O shining one, son of the dawn!
Mais algumas dicas para interpretar este texto:
1. Em 1 Timóteo 3:6 aprendemos que o pecado de Satanás foi a soberba: “para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo”.
2. Em Lucas 10:18 nos é dito que Satanás caiu do céu como raio, o que bate com a expressão “como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva (Lúcifer)” (Is 14:12).
3. Este que é chamado em Isaías 14 de “estrela da manhã”, “filha da alva”, “astro brilhante”, “filho da aurora”, “filho da alvorada”, “brilhante”, “Lúcifer” ou qualquer sinônimo usado em diferentes traduções pretensiosamente afirma que subirá acima de Deus: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus (anjos) exaltarei o meu trono”.
4. O texto o sentencia “ao mais profundo do abismo” (Is 14:15), o que confere com o destino dado a Satanás.
Nesse “tecido” que é a mensagem dita ao rei de Babilônia aqui em Isaías, e ao rei de Tiro em Ezequiel, você encontra fios que estão falando exclusivamente dos respectivos reis, e fios que falam do próprio Satanás como aquele que engana todo o mundo. (Ap 12:9) “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo”.
Uma situação semelhante à dos textos que lemos em Isaías e Ezequiel é quando o Senhor Jesus diz a Pedro: “Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens”. (Mt 8:33).
Jesus falava ali ao mesmo tempo para Pedro, que estava na sua frente, e para Satanás, que era quem estava influenciando Pedro e colocando em sua boca palavras enganosas.
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Existe uma conspiração para dominar o mundo?
De vez em quando recebo e-mails e vídeos alarmantes de cristãos preocupadíssimos com a possibilidade de um complô de pessoas mal intencionadas que pretendem dominar o mundo. O que não falta é teoria conspiratória e na Internet você encontra até canais 24 horas só com filmes de diferentes conspirações (vai faltar lugar para tantos dominadores).
A verdade é que desde que fui comprado pelo sangue de Jesus derramado na cruz recebi uma nova cidadania, que não é do mundo. O próprio Senhor Jesus, quando esteve aqui, recebeu a proposta de dominar todos os reinos do mundo e não aceitou, porque ele bem sabia que não era a sua hora. Além disso, quem oferecia os reinos deste mundo era Satanás, que usurpou temporariamente o direito sobre esse domínio e pode dá-lo a quem quer.
(Lc 4:5-6) “E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os reinos do mundo. E disselhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero”.
O diabo dá o poder e a glória dos reinos a quem ele quiser, portanto se existir por aí uma quadrilha de conspiradores desejando ter o poder e o controle sobre os reinos deste mundo, eles já sabem a quem pedir. A própria profecia mostra que isso acabará acontecendo, quando na metade dos sete anos que precedem a vinda de Cristo para reinar será manifestado o anticristo, que seduzirá os habitantes da terra e assumirá o poder em parceria com a besta.
Quanto ao cristão hoje, ele deve viver como alguém que está na sala de embarque do aeroporto para voltar para o seu lar. As coisas que estão acontecendo ao seu redor não têm tanta importância assim, porque o seu voo é certo e seguro e sairá no horário. Para ele não tem qualquer importância saber que existe uma gangue querendo tomar o aeroporto, porque ele sabe que com gangue ou sem gangue seu voo não vai falhar.
(Jo 15:19) “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece”.
(Jo 17:16) “Não são do mundo, como eu do mundo não sou”.
(1 Jo 2:15-17) “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.
A preocupação com o mundo, mesmo que seja com os conspiradores que queiram dominar o mundo, não é para o cristão. Tudo o que há no mundo (entenda aqui como o sistema organizado, não necessariamente o planeta) não é do Pai, portanto nada temos a ver com isso. Seja lá quem for que esteja conspirando para conseguir o controle do mundo, que faça bom proveito. Mas é bom não se acostumar, pois muito em breve virá aquele que irá reinar por direito, e aí não vai sobrar para nenhum conspirador.
Portanto, da próxima vez que alguém vier a você fazendo alarde sobre alguma conspiração de governantes, banqueiros, judeus, muçulmanos, pagodeiros ou quem quer que seja para dominar o mundo, a melhor resposta que um cristão tem a dar é: “E daí?”
Uma vez me contaram uma piada que cabe como uma luva aqui.
Um sujeito estava na barca, no meio do canal, atravessando de Niterói para o Rio de Janeiro, quando alguém chegou no maior alarde, gritando:
— Antônio, sua mulher está passando mal em Niterói por complicação no parto!!!
Desesperado, o sujeito não pensou duas vezes. Pulou na água e saiu nadando em direção a Niterói. Depois de algumas braçadas, parou no meio do canal e disse consigo mesmo: “Péra aí! Eu não me chamo Antônio, não sou casado e não moro em Niterói… O que estou fazendo aqui?!!”
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Como um cristão pode viver solteiro?
Você falou da sua dificuldade diante das tentações por ter ficado viúvo há 3 anos. Acredite, você não está sozinho. Eu diria até que devem existir mais cristãos solteiros, separados e viúvos do que casados neste mundo. Portanto não assuma a posição de vítima ou mártir pensando que o problema é só seu.
(1 Pe 5:8-9) “Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo”.
Quando perguntou se, antes de casar-se novamente, Deus o condenaria por ter relações sexuais com cristãs que estão na mesma situação que você, fiquei na dúvida se estava falando sério ou brincando. É que se mudarmos um pouco sua pergunta, ela serviria também para quem está temporariamente desempregado: “Até eu conseguir um novo emprego, posso sair por aí roubando?”.
Para entender a questão das tentações e desejos sexuais, primeiro é preciso entender por que Deus criou o sexo. O desejo sexual não é, como muitos pensam, como o apetite ou a sede. Um ser humano não pode viver sem comer, beber ou respirar, mas pode viver sem ter relações sexuais. Ninguém morreu por ser celibatário ou por praticar a abstenção, mas é comum você ouvir de pessoas que morreram no ato sexual e por causa dele.
Deus deu aos seres humanos a atividade sexual, que inclui o prazer sexual, depois de criar o homem e a mulher para formarem um casal, dizendo que crescessem e se multiplicassem. Então o sexo foi dado como algo complementar à união entre um homem e uma mulher, uma espécie de união de fato ou consumação do compromisso assumido, e nesta ordem: primeiro Deus os fez um casal para viver o compromisso do matrimônio, e depois deu a eles a ordem da multiplicação que envolve o ato sexual.
Não creio, porém, que o ato sexual entre um casal esteja restrito à procriação, pois vemos Isaque e Rebeca brincando, provavelmente com carícias sexuais que não são feitas entre irmãos e caracterizam uma relação entre um casal:
(Gn 26:8-9) “Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã?”
Encontramos também referências em Coríntios para que o casal não se abstenha de ter relações sexuais, salvo por mútuo consentimento, e ali certamente não está restringindo à questão da procriação:
(1 Co 7:3-5) “O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência”.
Repare que nesta segunda passagem, trata-se de uma relação de dar, e não de receber. O marido deve dar à mulher o que deve ser dela e vice-versa. Aqui significa que se o marido tiver desejo de sexo, a mulher deve satisfazê-lo, e se a mulher tiver desejo de sexo, o marido deve satisfazê-la. Equivale dizer que cada cônjuge não pratica a relação para a satisfação própria, mas para a satisfação do outro.
Como em todas as outras coisas, o cristão deve buscar fazer as coisas para o Senhor e para o próximo, não para si mesmo. Esta é uma das razões pelas quais a masturbação não é uma prática saudável para o cristão, pois é egocêntrica. Trata-se de buscar prazer para si mesmo, e não raro termina em frustração pelo fato de se sentir solitário. Toda a imaginação e fantasia de uma segunda pessoa desaparece tão logo acaba o prazer físico.
Quando conhecemos o Novo Testamento entendemos que a união de um casal no matrimônio é figura de algo ainda mais elevado, que é união entre Cristo e sua noiva, a Igreja. A cada ato sexual o casal está confirmando ser “uma só carne”, daí a exortação em 1 Coríntios para o cristão não se unir sexualmente com uma prostituta, pois isso caracterizaria o “uma só carne”, porém sem o compromisso do matrimônio e nem sequer a amizade que deve existir entre duas pessoas que se desnudam revelando assim não estarem escondendo coisa alguma uma da outra.
(1 Co 6:15-20) “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele. Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo”.
Agora pense no relacionamento entre Cristo e sua Igreja, ou particularmente entre ele e cada cristão. Você imaginaria alguém se converter a Cristo sem um compromisso, mas apenas para receber certas vantagens? Algo do tipo, “quero que o Senhor me salve, me abençoe, me faça sentir bem, ser feliz, etc., mas não quero um comprometimento”.
Quando um homem chega a uma mulher, ou uma mulher a um homem, em busca de sexo fora do casamento, é como se estivesse dizendo: “Quero me desnudar na sua presença, ter todo o prazer e benefícios do ato sexual, mas sem nenhum compromisso”. Imagine o Senhor dando a você o que pede e depois dizendo: “Muito bem, você precisava de um emprego e eu lhe dei um. Agora não me procure mais que não temos nada juntos”.
A união entre um homem e uma mulher é uma figura da relação entre Cristo e sua Igreja, e essa relação é de união mesmo. Tanto é que somos chamados de corpo, do qual ele é a cabeça. Agora Cristo é meu e eu sou dele. Esta expressão é usada pela noiva de Cantares em relação ao seu Noivo, ali uma figura de Israel e do Messias que é Jesus: (Ct 2:16) “O meu amado é meu, e eu sou dele”.
Mas como lidar com a condição de viúvo ou solteiro? Na verdade a Palavra de Deus diz que é uma condição até melhor do que a de casado.
(1 Co 7:1-35) “Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido…. Acho, pois, que é bom, por causa da instante necessidade, que a pessoa fique como está. Estás ligado a mulher? não procures separação. Estás livre de mulher? não procures casamento. Mas, se te casares, não pecaste; e, se a virgem se casar, não pecou. Todavia estes padecerão tribulação na carne e eu quisera poupar-vos. Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; pelo que, doravante, os que têm mulher sejam como se não a tivessem… Pois quero que estejais livres de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar a sua mulher, e está dividido. A mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor para serem santas, tanto no corpo como no espírito; a casada, porém, cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido. E digo isto para proveito vosso; não para vos enredar, mas para o que é decente, e a fim de poderdes dedicar-vos ao Senhor sem distração alguma”.
Pode parecer estranho encontrarmos isso no Novo Testamento, uma vez que no Éden Deus decidiu que não era bom o homem estar só, por isso lhe deu a mulher. Em Gênesis 2:18 “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea”. Então em 1 Coríntios 7 diz que “é bom… que a pessoa fique como está”, ou seja, solteira.
Mesmo que pareça uma incoerência, as duas coisas estão corretas e vou explicar a razão. Deus continua abençoando a união estável entre um homem e uma mulher no matrimônio, e ao mesmo tempo nos diz que é melhor ficarmos solteiros, ou literalmente, “bom seria que o homem não tocasse em mulher”.
A razão disso é o que depois que Deus instituiu o matrimônio, o pecado entrou na Criação e arruinou tudo. A partir de então, até as coisas que Deus estabeleceu como boas, como o matrimônio, estão sujeitas a fracassar e a trazer dores e sofrimentos. Deus ordenou que eles se multiplicassem, porém depois da queda as dores de parto entraram em cena para estragar a alegria da mulher e às vezes até levá-la à morte. Deus ordenou que Adão lavrasse o jardim, mas depois da queda a terra passou a dar espinhos e pragas, e hoje é com suor que o homem ganha o pão.
Portanto, não se iluda: o matrimônio traz muitas alegrias, mas pode também trazer muitas tristezas, e é disto que o apóstolo está falando em 1 Coríntios. O próprio Senhor aconselha o celibato ao tratar do divórcio, esse fracasso no matrimônio. A “Escala de Holmes-Rahe para Avaliação do Estresse” coloca o “divórcio” como segunda maior causa de estresse, só perdendo para o primeiro da lista que é “a morte do cônjuge”. Em terceiro vem “ser preso” e em quarto “a morte de pessoa da família”. É por esta razão que o divórcio, que é um efeito colateral dos danos causados pelo pecado na instituição do matrimônio, foi comentado pelo Senhor Jesus seguido de um conselho para que o homem permanecesse solteiro:
(Mt 19:10-12) “Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado. Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o”.
Não devemos nos esquecer também que Jesus, o homem perfeito, e que é nosso exemplo a ser seguido, era solteiro.
Eu sei que não dei a você o remédio para a aflição de suas tentações sexuais, mas quis mostrar dois pontos importantíssimos: primeiro, que o ato sexual é um complemento do casamento, o qual é em si um compromisso assumido com tanta seriedade quanto quando nos convertemos a Cristo. Não existe um desnudamento de nosso ser diante de Deus e a aceitação dos benefícios da salvação sem um comprometimento. E não deve existir um desnudamento de um casal e uma união pelo ato sexual sem que antes exista um compromisso matrimonial.
A outra coisa que tentei mostrar a você é que ser solteiro não é uma desgraça ou o fim do mundo. Mesmo num casamento perfeito o romance tem seus altos e baixos, e o sexo um dia termina, mas a relação de amizade, comunhão, compromisso, intimidade e respeito podem continuar muito bem, pois são as bases que sustentam a união homem-mulher.
Hoje somos bombardeados por uma cultura que, ao mesmo tempo em que tenta nos convencer que somos perdedores e fracassados se não estivermos em algum tipo de relacionamento, insiste que devemos viver livres de um compromisso sério, buscando apenas a proximidade necessária para satisfazer o apetite sexual, como se fosse algo tão vital quanto comer, beber e respirar.
Lembrei-me de que o livro “Vida com propósitos” de Rick Warren traz dois capítulos bem pertinentes sobre como lidar com as tentações sexuais. Eu particularmente não gosto do livro por ser do tipo motivacional, mas estes capítulos particularmente têm instruções bem práticas para o assunto tratado aqui.
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O vinho na Bíblia não tinha álcool?
Obrigado pela coleção de artigos que enviou, nos quais os autores tentam provar que a palavra “vinho” na Bíblia teria duplo sentido: em alguns casos significaria “suco de uva” e em outros “vinho alcoólico”. Ao contrário de um bom vinho, os argumentos ali são difíceis de engolir.
Hoje só conseguimos beber suco de uva em qualquer época do ano porque é pasteurizado, um processo inventado por Louis Pasteur. Portanto, pode até ser que os judeus bebessem suco de uva, mas isso só aconteceria em um breve período após a colheita, já que não tinham refrigeradores e nem conheciam a pasteurização. Qualquer suco de uva guardado por uma semana irá fermentar e acabar virando um tipo de vinho, ou criar mofo e ficar impróprio para o consumo.
A questão do vinho alcoólico que geralmente é levantada por autores norte-americanos é uma consequência da cultura daquele país. Quando adolescente morei por um período na casa de uma família norte-americana e frequentei a high-school, equivalente ao colegial daqui.
Os garotos e garotas costumavam me convidar para sair à noite de carro para ir até o estado vizinho, onde a lei era mais branda e bebidas alcoólicas eram vendidas a maiores de 18 (no estado onde eu morava a idade mínima era 21). Lá um dos garotos, que tinha 18 anos, comprava garrafas de vinho e depois eles estacionavam em algum matagal para se embriagarem dentro do carro.
Eu nunca aceitava o convite pois, além de ilegal e passível de prisão, achava aquilo uma verdadeira idiotice. A questão é que, aquilo que para eles tinha a emoção de assaltar um banco, pois a cultura americana da época não deixava nem as crianças beberem café por ser estimulante, para mim era uma banalidade.
Eu fora criado num lar onde meu pai, como bom filho de italianos, mantinha um garrafão de vinho “Sangue de Boi” ao pé da mesa e sangria de vinho era refresco de criança. Mesmo assim nunca vi meu pai embriagado, e eu mesmo só me embriaguei uma vez nos tempos de faculdade para ver como era a sensação. Horrível.
O próprio Jesus se refere a si mesmo como alguém que comia e bebia, e a crítica que faziam dele só pode indicar que ele estivesse se referindo a beber vinho:
(Mt 11:19) “Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores”.
Veja que quando o salmista fala das coisas que Deus faz, o vinho está incluído como algo que o próprio Deus faz para alegrar o coração do homem, ao lado do azeite e do pão:
(Sl 104:13-15) “Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras. Ele faz crescer a erva para os animais e a verdura, para o serviço do homem, para que tire da terra o alimento e o vinho que alegra o seu coração; ele faz reluzir o seu rosto com o azeite e o pão, que fortalece o seu coração”.
Será que alguém é ingênuo o suficiente para ler “…e o suco de uva que alegra o seu coração”?
A exortação para a celebração da ceia do Senhor era que se controlassem para não ficarem embriagados, uma admoestação que não faria qualquer sentido se a ceia fosse celebrada com suco de uva:
(1 Co 11:21) “Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se”.
Quando a Bíblia fala da embriaguez causada pelo vinho, ela o faz em referência ao Espírito Santo, que deve ser, este sim, a fonte de alegria do cristão e seu “estimulante”: (Ef 5:18) “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”.
Se tentar trocar isso tudo por suco de uva, não vai funcionar. As passagens perderão completamente o sentido. Além disso, o próprio primeiro milagre de Jesus se tornaria em motivo de gozação. Quem iria celebrar uma festa de casamento servindo suco de uva? E qual mestre-sala iria elogiar o segundo suco de uva como sendo melhor que o primeiro refresco?
Naquele tempo, aquele que é chamado de “mestre-sala” de nossa versão era uma pessoa que reunia as características de mestre de cerimônia + maître + principal convidado. Enfim, não era apenas alguém capaz de organizar uma festa, mas também um connoisseur em matéria de comidas e bebidas, como um chefe de buffet de nossos dias. Você conhece algum connoisseur de suco de uva?
Tente trocar “vinho” por “suco de uva” no relato da festa de Caná e vai ficar algo absurdo assim:
(Jo 2:9-10) “E, logo que o mestre-sala provou a água feita suco de uva (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. E disselhe: Todo homem põe primeiro o suco de uva bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom suco de uva”.
O álcool certamente causa muitas tragédias quando tomado em excesso, mas os textos são tão tendenciosos e têm tantos erros que não consegui continuar. Eles são um caso típico de pessoas que tentam interpretar a Bíblia com base em suas opiniões, quando deveriam fazer justamente o contrário. Os textos distorcem as escrituras para fazerem valer a opinião dos autores. São casos típicos de farisaísmo que levam as pessoas a coarem o mosquito e engolirem o camelo. Apenas um exemplo tirado do primeiro texto, quando o autor dá uma razão pela qual Jesus não poderia ter bebido vinho:
“Porque em Lv 10:9-11, há o mandamento de que o sacerdote de Deus não podia beber vinho nem bebida forte: ‘Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais… para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo. E para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem falado…”.
Se você encontrar um cartaz dizendo “Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando estiveres dirigindo seu automóvel, para que não morrais”, será que você entenderia o texto como uma proibição generalizada ao consumo de bebida alcoólica?
A ordem semelhante aparece aqui: (Ez 44:21) “Nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior”.
É claro que quando o autor parte do princípio de que tudo o que fala de positivo sobre a palavra “vinho” está se referindo ao suco de uva, e tudo o que fala de negativo, à bebida alcoólica, fica impossível contra argumentar com versículos como aquele em que Melquisedeque traz pão e vinho para Abraão (Gn 14:18). Melquisedeque teria trazido pão e suco de uva. Mas essa ideia causa mais problemas do que os que tenta resolver. Veja esta passagem:
(Nm 6:2-4) “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguém, seja homem, seja mulher, fizer voto especial de nazireu, a fim de se separar para o Senhor, abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá, vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem bebida alguma feita de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas. Por todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma que se faz da uva, desde os caroços até as cascas”.
Quando a Bíblia quer explicar o tipo de bebida feita com uva, ela o faz em detalhes. A ideia de deixar à nossa vontade interpretarmos quando a palavra “vinho” significa vinho alcoólico ou suco de uva gera problemas na interpretação desta passagem quando Jotão fala por parábolas:
(Jz 9:13) “Mas a videira lhes respondeu: deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as árvores?”.
Acaso o suco de uva poderia alegrar a Deus e aos homens? E se aqui for vinho alcoólico mesmo, como poderia estar associado a alegria em relação a Deus? Lembre-se do Salmo que diz que “o vinho alegra o coração do homem”.
Para mim, a questão é muito simples: beber vinho não é pecado, embriagar-se é. Alimentar-se não é pecado, glutonaria é. Sexo não são pecado, fornicação e sexo fora do casamento é.
Bruce Lackey, autor do primeiro texto que você enviou e que aparece em inglês em vários lugares na Internet, foi pastor batista e não tinha apenas essa opinião equivocada sobre o vinho. Ele estava também entre os que acreditam que a tradução inglesa “King James” da Bíblia foi inspirada por Deus. Isso mesmo, a tradução em si, não apenas a Palavra de Deus em termos genéricos.
Dentro dessa visão, a King James não estaria no mesmo nível da tradução Almeida, por exemplo, já que a Almeida não tem o status de “tradução inspirada”. Precisaríamos todos aprender as línguas originais (hebraico, aramaico e grego), para ler a pura Palavra nos manuscritos, ou aprender inglês e usar a King James. É meio estranho pensar que a Bíblia Almeida que sempre usei não tem o mesmo status divino da King James.
Mais um ponto importante que põe por terra o artigo sobre suco de uva x vinho. A Festa da Páscoa ocorria na Primavera (entre Março e Abril, durava 7 dias) e a Festa dos Tabernáculos (ou colheita dos frutos) no outono (entre Setembro e Outubro, também durando 7 dias).
Ou seja, Quando o Senhor participou da última ceia com seus discípulos, era a Páscoa, portanto 6 ou 7 meses após a colheita das uvas. O cálice que eles beberam certamente não podia ser de suco de uva. Basta guardar suco de uva não pasteurizado e fora de uma embalagem Tetra-Pack para ver que se transforma em um caldo embolorado ou, na melhor das hipóteses, em vinagre.
(Dt 16:13-15) “A festa dos tabernáculos celebrarás por sete dias, quando tiveres colhido da tua eira e do teu lagar. E na tua festa te regozijarás, tu, teu filho e tua filha, teu servo e tua serva, e o levita, o peregrino, o órfão e a viúva que estão dentro das tuas portas. Sete dias celebrarás a festa ao Senhor teu Deus, no lugar que o senhor escolher; porque o Senhor teu Deus te há de abençoar em toda a tua colheita, e em todo trabalho das tuas mãos; pelo que estarás de todo alegre”.
(Lc 22:13-18) “Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos. E disselhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus”.
É, eu sei que neste ponto o autor do texto diria que aí não diz vinho, mas “fruto da videira”. Neste caso eu perguntaria: então por que razão em todas as outras passagens, como nas bodas de Caná, a bebida não foi chamada de “fruto da videira”?
Resumindo, algumas razões pelas quais Deus não proíbe o uso moderado do vinho:
1. A transformação de água em vinho foi o primeiro milagre do Senhor.
2. O uso do vinho é parte essencial do testemunho cristão, principalmente na Ceia do Senhor.
3. O Senhor era chamado de “glutão e beberrão” simplesmente porque comia e bebia como qualquer ser humano, em contraste com João Batista que se abstinha de certas coisas.
4. O vinho foi usado na última ceia com a aprovação do Senhor, que disse a todos os apóstolos que bebessem do cálice.
5. Colossenses 2 condena a proibição de alimentos criados por Deus (veja também 1 Timóteo 4:3-7).
6. O uso do vinho é recomendado pelo apóstolo Paulo em 1 Timóteo 5:23 como medicamento.
7. Em nenhum lugar da Bíblia Deus proíbe beber vinho. A proibição é para o excesso (embriaguez), tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, em especial nos abusos cometidos na Ceia do Senhor em 1 Coríntios 11.
Finalmente, creio que a posição de qualquer cristão não só em relação ao vinho, mas a qualquer fonte de alegria e prazer nesta vida, deve ser sempre a da noiva em Cantares 1:1-4:
“…melhor é o teu amor do que o vinho… em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho.”
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Devemos convidar apenas pobres e aleijados?
(Lc 14:12-14) “Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído. Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos”.
Sua dúvida é se Jesus fala aqui por parábolas ou literalmente. Penso que nem uma coisa, nem outra. Jesus falava em parábolas quando fazia um “paralelo” entre uma coisa e outra. Era o caso quando usava uma semente para falar da Palavra de Deus, ou o fermento que a mulher coloca na massa para falar da má doutrina que se introduziu no reino dos céus e o tornou algo grande (como aconteceu com a árvore de mostarda), porém contaminado como uma grande massa fermentada (ou como a grande árvore com seus pássaros malignos aninhados).
Por outro lado também não creio que estivesse falando literalmente, já que isso nos impediria até de comer com a própria família. Veja que ele está dizendo para não chamar nem amigos, nem irmãos, nem parentes ricos. Certamente o Senhor não iria querer que perdêssemos a amizade com as pessoas ou familiares só pelo fato de serem ricas.
Se assim fosse, Nicodemos e José de Arimateia estariam excluídos do convívio dos outros discípulos. E o próprio Senhor estaria impedido de fazer qualquer gentileza ou benefício àquelas mulheres ricas que sustentavam a ele e a seus discípulos com seus bens, porque poderia ser que qualquer coisa que ele fizesse, estaria fazendo por interesse.
(Lc 8:1-3) “Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze, bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens”.
O cristianismo revolucionou o relacionamento entre as pessoas por não levar em consideração as diferentes classes sociais. Pessoas extremamente pobres podiam conviver com pessoas extremamente ricas em um mesmo terreno como irmãos em Cristo, sabendo que as coisas que os separavam socialmente aqui neste mundo eram desprezíveis e passageiras. É por isso que Paulo envia saudações aos irmãos de Filipos de ninguém menos do que os parentes do imperador que haviam se convertido a Cristo: (Fp 4:22) “Todos os santos vos saúdam, especialmente os que são da casa (família) de César (imperador)”.
Então o que temos aqui é o Senhor falando em princípios de conduta e, particularmente, deixando uma mensagem para o fariseu e os outros que o haviam convidado. Tudo indica que Jesus tinha sido convidado ali por mera curiosidade do fariseu, que também deve ter convidado seus amigos nobres para verem se Jesus diria ou faria alguma coisa interessante. Todos acabam tomando um “puxão de orelha”.
O princípio aqui, e que se aplica a tudo o que o cristão faz, é no sentido de não fazermos as coisas por interesse, visando a recompensa. Não é uma proibição de convidarmos ricos, e nem uma obrigação para convidarmos pobres, mas de fazermos tudo desinteressadamente. Convidar alguém para comer tinha um sentido muito mais forte nos Evangelhos do que ocorre hoje num almoço de negócios. Trazer uma pessoa para sentar-se à mesa de sua casa era, para um judeu, uma forma de mostrar apreciação pela pessoa e introduzi-la na sua comunhão. Os judeus nunca faziam isso com um gentio, apenas com judeus.
O modo de conduta no Reino, que é o que o Senhor está ensinando aqui, seria diferente de tudo o que as pessoas já tinham visto. Nem mesmo entre os judeus existia o costume de amar os inimigos com um amor incondicional e sem buscar reciprocidade, como o Senhor ensinou. Para aqueles que aprenderam na lei que as coisas deviam ser na base do “olho por olho, dente por dente” (Êx 21:24; Lv 24:20; Dt 19:21), o Senhor introduz algo que ia contra a própria natureza humana da autopreservação e sobrevivência do mais forte.
Dentro da nova ordem de princípios que Jesus trazia para o seu Reino estava a atitude desinteressada. É sempre bom lembrar que as obras de misericórdia, como escolas e hospitais para pobres e doentes, que temos hoje em todo o mundo, foram uma novidade introduzida pelos cristãos. No mundo pagão o costume era livrar-se de bebês deficientes e deixar que os velhos e doentes morressem (como ainda ocorre hoje entre algumas tribos indígenas no Brasil).
O senso de misericórdia ficou tão profundamente arraigado na população ocidental que é difícil acreditar que só no último século essas práticas se tornaram ilegais mesmo em países não cristãos, por pressão de países cristãos. É o caso das viúvas na Índia, que eram cremadas vivas ao lado do marido defunto, dos primogênitos do sexo feminino, afogados ao nascer na China.
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Devo sair de casa para servir ao Senhor?
Você diz que tem 17 anos e está disposto a sair de casa para servir ao Senhor levando apenas sua Bíblia, sem se preocupar com dinheiro ou como vai sobreviver. Enquanto isso, sua mãe discorda de você e acha que fazer isso seria loucura.
Seu sentimento é muito nobre, principalmente numa época em que tanta gente usa o nome de Deus para ganhar dinheiro. Pode ter a certeza de que muitos jovens são assim, cheios de planos idealistas. Muitas pessoas deram um passo de fé neste sentido quando tiveram a certeza de que era isso que o Senhor desejava delas, mas será que é realmente o seu caso?
Não existe nada de errado em ter uma profissão e ganhar dinheiro, se você souber usá-lo para a glória de Deus. O apóstolo Paulo, que foi tão usado por Deus, tinha uma profissão, que era fabricar e vender tendas. Os apóstolos que foram diretamente chamados pelo Senhor, para que deixassem suas redes e seus postos de trabalho para segui-lo, receberam um chamado muito nítido e pessoal.
Mesmo assim, lembre-se de que na hora em que aqueles discípulos fugiram de perto de Jesus para não serem associados a ele em sua morte, foram dois homens ricos que tiraram o corpo do Senhor da cruz e o sepultaram: Nicodemos e José de Arimateia.
Quando ler a Bíblia, preste atenção para ver para quem o Senhor está dizendo cada coisa, e também em quais circunstâncias e lugar. Já ouvi casos de pessoas que cortaram as mãos, arrancaram os olhos e já teve até homens que cortaram o pênis com base na passagem:
(Mt 5:29-30) “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno”.
Amar o Senhor mais do que o pai e a mãe nem sempre significa deixar o pai e a mãe literalmente, mas sim ter o Senhor como o primeiro da lista. Lembre-se de que Deus ordenou honrar pai e mãe e prometeu bênção com isso. O Senhor Jesus repreendeu os fariseus porque eles usavam de um argumento para não honrarem pai e mãe, dizendo que aquilo que seus pais poderiam aproveitar deles tinha sido dedicado ao Senhor:
(Mc 7:9-13) “E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe e: Quem maldisser ou o pai ou a mãe deve ser punido com a morte. Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor, nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes”.
Se sair de casa, isto não significará que você está amando mais o Senhor, mas estará apenas amando mais a sua própria interpretação da Bíblia, enquanto seu pai e sua mãe (e muitos outros) ficarão com uma péssima impressão de você. Tente ir falar de Cristo a essas pessoas depois de fazer isso e você verá a reação delas.
Quando o Senhor enviou os seus discípulos dizendo que não levassem bolsa, mas vivessem do que as pessoas lhes dessem, aquilo foi uma ordem específica para aqueles homens, não para todos os cristãos.
(Mc 6:7-10) “E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos; ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto; mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas. Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar”.
Se continuar lendo verá que depois ele dá uma ordem diferente. Os tempos haviam mudado e a ordem que antes valia para um momento em que o Messias tinha chegado e estava sendo apresentado aos judeus, agora já não servia para um momento quando o Messias tinha sido rejeitado e estava a ponto de ser morto. Aqueles discípulos que teriam reinado com Cristo se os judeus o recebessem, daquela hora em diante seriam mortos por amor a Cristo, vivendo em um mundo que pregou o Filho de Deus numa cruz:
(Lc 22:35-36) “E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada. Disselhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a”.
Sua ideia de receber o Espírito Santo como uma sensação ou experiência mística não é bíblica. O Espírito Santo é dado a todo aquele que crê em Jesus, todo aquele que verdadeiramente nasceu de novo. Mesmo porque, “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm 8:9).
Portanto, antes de tomar qualquer atitude, procure conhecer mais a Palavra de Deus e tê-la aplicada em sua própria vida. Quando João, em Apocalipse 10, recebe um livrinho, primeiro ele acha gostoso, depois ele acha amargo:
(Ap 10:9-11) “E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disseme: Toma-o e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disseme: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas, e reis”.
Antes que João pudesse profetizar, isto é, falar a muitos povos, nações e línguas, não bastava ele receber a mensagem e passar adiante. Isso é tão fácil e doce quanto o mel. Ao contrário, era preciso que ele a engolisse, que aplicasse em sua própria vida, que sentisse o quanto a verdade era amarga de se experimentar na prática, antes de sair pregando a outras pessoas. Pense nisto.
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Existem crentes sem o Espírito Santo?
Sua dúvida é se todos os que creem em Cristo recebem o Espírito Santo quando creem, pois em Atos você encontra pessoas crendo em Jesus, mas que ainda não tinham o Espírito Santo habitando nelas. Entenda que na atual dispensação uma pessoa que não tenha o Espírito Santo habitando em si não é de Jesus.
Atos é um período de transição. No começo você ainda vê os crentes se reunindo no templo de Jerusalém, algo que só iriam deixar de fazer mais tarde. Ali você também encontra as três classes de pessoas recebendo o Espírito Santo:
Os judeus em Atos 2.
Os samaritanos em Atos 8.
Os gentios em Atos 10.
Nas três ocasiões você encontra Pedro, cumprindo assim a promessa de Jesus:
(Mt 16:18-19) “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Pedro abriu, por assim dizer, a porta para essas 3 classes de pessoas: judeus, samaritanos (que eram gentios convertidos ao judaísmo) e gentios entrarem no Reino dos céus, o reino que é do céu, mas que agora está na terra. A partir de então, o Espírito Santo habita em todo aquele que crê em Jesus a partir do momento em que crê. A ordem das coisas aparece clara aqui:
(Ef 1:13-14) “em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória”.
Não há como especificar exatamente o minuto e segundo, mas dá para ver que quem ouve o evangelho e crê é selado com o Espírito Santo, pois é o penhor (garantia) da sua salvação. No Antigo Testamento os crentes tinham o Espírito sobre si, ou os influenciando, mas nunca habitando neles como acontece na Igreja. Não se pode chamar de crente alguém a menos que tenha o Espírito Santo:
(Rm 8:9) “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
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Por quem você foi batizado?
Diferentes irmãos pensam diferentes coisas sobre o batismo. Fui batizado por um irmão com o qual congrego hoje uns 2 anos após minha conversão. Na época eu não entendia direito o batismo e pedi para ele me batizar. Hoje eu não pediria, considerando que já tinha sido batizado na igreja católica quando criança. A Bíblia diz que há um só batismo: (Ef 4:5) “um só Senhor, uma só fé, um só batismo”.
Portanto alguém que seja batizado em nome de Jesus ou “do Pai do Filho e do Espírito Santo” está batizado. O que importa é o nome no qual somos batizados, não a pessoa que nos batiza, pois nunca sabemos com certeza (só Deus sabe) se aquela pessoa é realmente convertida. Não são poucos os cristãos professos, que até mesmo batizaram pessoas, que mais tarde acabam negando a fé. Portanto não há justificativa bíblica para batizar de novo, considerando que “há um batismo” cristão.
Meus pais eram católicos, se converteram ao Senhor e passaram a se reunir em Limeira, SP, o que fizeram até o Senhor chamá-los (meu pai em 1998 e minha mãe em 2005). Eles consideraram que já eram batizados antes de se converterem, portanto continuaram assim. O entendimento do batismo pode variar de lugar para lugar. O batismo nos coloca agora sob uma nova responsabilidade, pois estamos sob o nome de Jesus (convertido ou não). Se você achar que o batismo católico ou protestante não vale, irá precisar também afirmar que todo o mundo ocidental é habitado por pagãos, e não por cristãos nominais.
Não considero um batismo feito dentro de uma doutrina espírita, mórmon ou das testemunhas de Jeová como um batismo cristão, pois essas religiões negam a verdade fundamental do cristianismo (compartilhada tanto por católicos como protestantes) de que Jesus é Deus.
(Ef 4:3-6) “procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos”.
Quanto à polêmica existente entre os que acreditam que devem batizar seus filhos e os que pensam o contrário, quero dizer que batizei meus filhos pois creio que o batismo introduz a criança na esfera cristã (você entenderá melhor lendo os textos dos links abaixo). Parece existir, em figura, uma associação do batismo neste sentido com a saída dos hebreus do Egito, quando as crianças passaram pelas águas juntamente com os adultos, pois não iriam deixá-las no Egito (símbolo do mundo).
(1 Co 10:1-2) “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar”.
Alguns irmãos entendem que somente depois de crer é que a pessoa deva ser batizada, e às vezes a alegação é de que, no caso da criança, ela deve ter idade suficiente para tomar a decisão se seguirá ou não a Cristo. Mas mesmo os pais que acreditam assim criam seus filhos no temor do Senhor, ensinam a Palavra a eles e, de certa forma, procuram mantê-los na esfera cristã (embora tecnicamente eles sejam pagãos enquanto não forem batizados).
Um ponto importante: o batismo não é uma ordenança para quem é batizado, mas para quem batiza. Se fosse uma ordenança para o batizando obedecer, isso seria cruel, pois ele jamais poderia batizar a si próprio. Desde a primeira vez em que o batismo foi instituído aos apóstolos, foi no sentido de “Ide, batizai…”, isto é, eles foram mandados a batizar.
A única coisa que um batizando pode fazer é o que fez o eunuco em Atos 8:36 (lembre-se de que o versículo 37 é espúrio): “Eis aqui água, que impede que eu seja batizado?”. É como se ele dissesse a Filipe: “O que impede que eu participe do privilégio de expressar publicamente minha posição de morto com Cristo?”. Veja que também em Atos 10:47 o batismo é visto como um privilégio adicional por Pedro, que pergunta: “Pode alguém porventura recusar a água?”.
Se o batismo é um ato de quem batiza, e não de quem é batizado, eu desejei que meus filhos fossem trazidos para a esfera da profissão cristã, algo que está relacionado a este mundo, não ao céu. A conversão pela fé em Jesus é algo que estabelece de uma vez para sempre a questão do lugar que o crente tem garantido no céu. Já o batismo, tem sua validade apenas para esta vida e este mundo, já que não tem o poder de salvar eternamente. Se tivesse, imagine a cena: alguém perdido em um deserto, que finalmente decide aceitar a Cristo e não tem ninguém para batizá-lo e nem sequer água para ser imerso nela. Seria cruel pensar assim.
O batismo que encontro na Bíblia é por imersão, mas como a forma não foi incluída na fórmula, não se pode criar uma regra a respeito disso. Se existe a possibilidade de se batizar por imersão, então é o mais adequado pelos textos que temos. Se a pessoa está doente numa UTI, obviamente ninguém irá querer que entre na água, aí se pode usar outra forma. Normalmente o batismo é trabalho de um irmão varão, mas não existe uma regra e se alguém tiver sido batizado for por uma mulher, está batizado mesmo assim. Porém não há na Bíblia nenhum caso de batismo feito por mulher.
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Por que Deus deixa uma criança morrer?
Jesus sabe o que vocês estão sentindo, pois também viu pessoas amadas adoecerem e morrerem enquanto andou aqui. Apenas o tempo poderá amenizar sua dor, mas jamais eliminá-la totalmente.
No último domingo falei da morte de minha mãe na pregação do evangelho, e de como era estranha aquela experiência: ver uma pessoa querida viva e, logo depois, ver seu corpo inerte ali. Apesar de seu corpo estar no mesmo lugar onde estava há alguns segundos, quando ainda respirava, ou há algumas horas, quando ainda era possível ouvir sua voz, era impossível fazer qualquer coisa para a morte voltar atrás. Como cristãos, o que podemos ter a certeza é que Deus é justo em todos os seus desígnios.
Jesus chorou diante do túmulo de seu bom amigo Lázaro, mesmo sabendo que iria ressuscitá-lo minutos depois. Ele fez isso para mostrar o quanto se importa conosco e o quão terrível é a morte, introduzida na Criação de Deus pelo pecado. Portanto, chore à vontade porque chorar e se indignar com a doença e a morte é algo com que Jesus se identifica conosco.
Jesus quis de tal modo se identificar conosco que até quis ser batizado por João Batista com um batismo que era para o arrependimento. Veja que Jesus não tinha de que se arrepender, por ser sem pecado, mas mesmo assim quis estar lado a lado com o seu povo que estava sendo batizado por João.
É um Senhor assim que temos, portanto a primeira coisa que devemos fazer é reconhecer que ele se importa conosco e se algo acontece que não seja da nossa vontade é porque não estamos vendo a cena toda, como só ele é capaz de ver.
Pode não ser o seu caso, mas muitos cristãos se decepcionam com Deus diante da doença e morte por estarem mergulhados em alguma corrente do pentecostalismo que acredita que Deus obrigatoriamente cura toda enfermidade. Se não cura, é porque a pessoa não teve fé suficiente. Trata-se de um triste engano acreditar que o crente não esteja mais sujeito aos efeitos do pecado que arruinou a Criação, como é o caso da doença e da morte. Baseados em versículos tirados do contexto, muitos se entregam a vãs esperanças e acabam desapontados no final.
O cristão deve ser realista e entender que ainda vive em um corpo igual ao do incrédulo, sujeito aos mesmos problemas. Todos os crentes dos quais lemos no Novo Testamento, que foram curados ou ressuscitaram, acabaram envelhecendo, adoecendo e morrendo no final. Nenhum deles está por aí dois mil anos depois, o que mostra que as curas que encontramos nos evangelhos e em Atos tinham um objetivo muito particular para aquele momento e lugar.
Não há como entender a razão de Deus permitir que uma criança adoeça sem esperança de cura, definhando dia a dia diante dos olhos de seus pais e amigos. Só dá para aceitarmos que, no final, a razão estará com Deus.
No final do livro de Jó vemos que Deus não explicou a Jó a razão de seu sofrimento. Mesmo assim no final Jó entendeu que Deus estava com a razão e que não cabia a Jó discutir com Deus ou questionar seus motivos. É sempre bom lembrar que Jó chega no final do livro e continua sem saber a razão do sofrimento, ou como aquilo começou. Nós sabemos de onde vinha o sofrimento de Jó porque lemos os dois primeiros capítulos do livro que leva o seu nome, mas ele próprio não leu aqueles capítulos, portanto até o final ignorou o que aconteceu nos bastidores.
Um grande consolo do próprio livro de Jó para aqueles que perdem seus filhos está na forma como Deus recompensa Jó no final:
(Jó 42:12-13) “E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois Jó chegou a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Também teve sete filhos e três filhas”.
Compare com a condição inicial de Jó no começo do livro:
(Jó 1:1-3) “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó… Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía ele sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas”.
Ele recebe tudo em dobro, menos os filhos. Os filhos que recebe são em mesmo número dos filhos que perdeu, porque filhos não são como camelos ou casas.
Deus tinha permitido que os primeiros filhos de Jó morressem, mas isso não significava que Jó os tivesse perdido, quando tudo aquilo fosse enxergado do ponto de vista eterno. No final, Jó terminou mesmo com o dobro de filhos: aqueles que ele possuía no início e morreram, mais os que ganhou depois. Isso porque os primeiros ele nunca perdeu, apenas separou-se deles pelo breve período de sua vida.
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Quem são as grávidas e as que amamentam de Mateus 24?
Sua dúvida é quem seriam as grávidas e as que amamentam em Mateus 24:19, e se essas mulheres e seus filhos sofrerão danos diretos em si mesmos no tempo da grande tribulação. Infelizmente, a resposta é que a expressão “Ai…” usada pelo Senhor significa mesmo dor física, sofrimento e morte.
(Mt 24:15-22) “Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa, e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado; porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias”.
Desde a queda do homem Deus tem trabalhado no sentido de ser misericordioso, porém o homem sempre rejeita a Deus. No Antigo Testamento dizia que Deus visitaria a maldade dos pais nos filhos por gerações, e isso nos mostra como são graves as consequências de nossas escolhas erradas.
Mateus 24 é dirigido ao povo judeu, o mesmo que rejeitou o Messias e irá sofrer por isso. Hoje os judeus estão de volta à terra, mas em incredulidade, isto é, não como o cumprimento da profecia que diz que o próprio Deus os levará para lá. Por terem voltado por iniciativa própria, eles nada mais do que agravaram sua própria situação, pois é ali mesmo que cairão os juízos descritos em Mateus 24. Do povo judeu, que estiver na terra de Israel por ocasião da grande tribulação, apenas um terço sobreviverá.
(Zc 13:8-9) “Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus”.
Portanto, quando você lê “ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias” está lendo sobre as mulheres judias e seus filhos, que sofrerão o dano das escolhas erradas daquele povo, ou da rejeição de seu Messias.
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Por que Deus não fala mais por Urim?
Você encontra Urim e Tumim como algo que era colocado no peitoral de Aarão em Êxodo 28:30 e depois em Levítico 8:8. De alguma maneira Deus respondia as dúvidas do sacerdote através do Urim e Tumim (Nm 27:21; Dt 33:8; 1 Sm 28:6). Não nos é dito como eram o Urim e Tumim, só que eles existiam.
Quando os judeus voltaram do exílio na Babilônia, aqueles que se diziam sacerdotes e não podiam provar sua genealogia precisavam esperar até que surgisse um sacerdote com Urim e Tumim para dar uma resposta definitiva se eram ou não sacerdotes genuínos (Ed 2:63; Ne 7:65). Nunca mais se ouviu falar de Urim e Tumim e a forma como Deus se comunica com seu povo celestial (a Igreja) é diferente daquela usada com seu povo terreno (Israel).
Por isso nós não precisamos saber como isso era feito, porque hoje temos acesso direto a Deus em oração (para falar com ele) e ele fala conosco através da sua Palavra, nos dando entendimento dela por meio do Espírito Santo que habita em nós. Lembre-se de que naquele tempo o povo não tinha duas coisas que temos hoje: O Espírito Santo habitando neles e a completa Palavra de Deus, a Bíblia.
Trocando em miúdos, o próprio Deus se fez homem e veio aqui falar conosco, deixando depois a sua Palavra aos cuidados dos apóstolos e profetas do Novo Testamento.
(Hb 1:1-2) “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo;”.
(Ef 3:4-5) “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos”.
(Ef 2:20-22) “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito”. (Isto significa que, por meio da Palavra inspirada a eles, os apóstolos e profetas do Novo Testamento construíram o alicerce sobre o qual a Igreja hoje é construída)
Muita gente não se contenta com uma resposta assim por achar que a Bíblia deveria nos dar todas as respostas. Mas esta também é uma resposta que ela nos dá, ou seja, ao deixar de falar sobre um assunto, Deus está mandando a mensagem de que não precisamos saber disso. Eu nunca expliquei tudo que sabia aos meus filhos, porque ou não era necessário para eles, ou eles não entenderiam. Assim o Pai também trata conosco.
(2 Pe 1:2-8) “Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência o domínio próprio, e ao domínio próprio a perseverança, e à perseverança a piedade, e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Veja que Deus já nos deu tudo o que necessitamos para participar da natureza divina, isto é, sermos cada vez mais semelhantes a Cristo em nossa vida aqui neste mundo. Se Deus deixou alguma informação de fora é porque de nada serviria para esse propósito. O conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo é o objetivo da Palavra de Deus. É por isso que aquilo que um homem simples que crê em Jesus é capaz de entender, os maiores cientistas do mundo acharão uma bobagem.
(Mt 11:25-27) “Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
(1 Co 1:26-29) “Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus”.
Por esta razão você não encontrará muitas informações na Bíblia sobre assuntos como os dinossauros ou o que está acontecendo neste momento em uma galáxia distante. Deus nos deu a sua Palavra para o que era importante para nós, não para satisfazer nossa curiosidade. Para satisfazer a curiosidade, que é uma característica natural do ser humano, temos o Discovery Channel.
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O cristão pode jogar na loteria?
É errado pensar na vida cristã como uma lista de coisas permitidas e coisas proibidas. O cristão tem o Espírito Santo para ajudá-lo a discernir se algo é ou não do agrado do Senhor. Com respeito à loteria, não me lembro de alguma passagem que diga ser pecado apostar na loteria ou em qualquer forma de jogo de azar, porém há muitas passagens que condenam o amor ao dinheiro, que é uma das características dos apóstatas dos últimos dias, os “avarentos” de 2 Timóteo 3.
O mesmo Paulo escreve a Timóteo em 1 Tm 6:10 que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Também em Hebreus 13:5 diz: “Sejam vossos costumes sem avareza (amor ao dinheiro), contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei”.
Provérbios 13:11 também adverte contra o enriquecimento fácil: “A riqueza adquirida às pressas diminuirá; mas quem a ajunta pouco a pouco terá aumento”, e Eclesiastes 5:11 diz que “quando se multiplicam os bens, multiplicam-se também os que comem”, ou seja, nem sempre o mais significará mais no final.
Há ainda aqueles que jogam com a falsa desculpa de fazerem isso para ajudar na obra de Deus. Ouvi de pregadores (ou devo dizer “lobos”?) que estimulam a congregação a levar seus bilhetes de loteria para serem abençoados por eles. Obviamente, no caso de ganharem, uma parte vai obrigatoriamente para o “Leão”, mas a outra vai para o “lobo”.
Mas o que dizer dos cristãos que passam por necessidades e ficam em dúvida se a loteria não seria uma solução, não para ficarem milionários, mas apenas para ajudar a pagar as contas? Geralmente os cristãos que jogam na loteria não estão passando fome, mas vamos supor que a necessidade seja real ao ponto de alguém precisar apelar para isso. O problema aí é de fé, pois o cristão deve viver na certeza de que tem um Pastor que nada lhe deixa faltar.
Ficaria estranho eu ler o Salmo 23 assim: “O Senhor é o meu pastor, por isso tenho passado por necessidades”. Antes de duvidar da benignidade de Deus precisamos verificar se o Pastor não está usando seu cajado e sua vara — para evitar que desviemos por um caminho no qual a riqueza fácil nos levaria a andar, ou para nos disciplinar por termos sido levianos na administração das coisas que ele colocou em nossas mãos.
Quando vêm as necessidades, elas podem também ser lições preciosas de Deus para aprendermos a depender dele. Não podemos descartar a possibilidade de que elas venham também para estimular o exercício de outros irmãos, pois sabemos que uma das razões das coletas feitas numa assembleia é socorrer os irmãos necessitados. Todo cristão deve ter em mente que o que acontece consigo pode ser uma lição para si mesmo, uma lição para outros, ou ambas as coisas. Muito do que os santos do Antigo Testamento passaram faziam parte de um plano maior de Deus para nos ensinar lições preciosas:
(Rm 15:4) “Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança”.
Uma passagem que me vem à mente é a de Esdras, quando ele parte para Jerusalém com uma caravana transportando um tesouro de dar água na boca em qualquer assaltante. Veja o texto em Esdras 8:21-32:
“Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens. Porque tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho; porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações. Então separei doze dos chefes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos. E pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos; que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o Israel que ali se achou…”.
Na continuação ele diz o que levava de riquezas na caravana: 750 talentos de prata e 100 talentos de ouro. Considerando que um talento era o equivalente a 34 quilos já dá para imaginar o valor do que transportavam sem proteção militar. Mesmo assim Deus honrou sua fé e protegeu aquele tesouro que era destinado ao Templo em Jerusalém:
“E partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, para irmos a Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho”.
Deus nos ensina na sua Palavra que a fonte de nosso sustento deve ser o trabalho. No mundo moderno existem também os investimentos, que podem ser considerados como uma forma de trabalho, algo como comprar algo por um preço e vender por outro (é o caso de ações, fundos de investimentos, caderneta de poupança, etc.).
Mas, embora alguns investimentos envolvam risco, não creio que o jogo puro e simples da loteria possa ser considerado um investimento, já que as chances de alguém ter retorno são infinitamente pequenas. Jogar na loteria é arriscar tudo.
Creio que o maior problema da loteria para o cristão esteja na incoerência de professar uma fé através da qual Deus o sustenta (por meio do trabalho e do exercício dos irmãos na hora da necessidade), enquanto busca “atalhos” para enriquecer. Repito: a maioria dos cristãos que joga na loteria não está em extrema necessidade, mas fazem isso por mera ganância.
O sentimento de Esdras é bem apropriado aqui: ele sentiu vergonha de buscar um recurso que não estaria alinhado com a fé que professou diante do rei. Se um cristão precisar jogar na loteria para resolver seus problemas financeiros, então alguma coisa está muito errada com sua fé, seu modo de vida, ou com a forma como está usando os meios que o Senhor proveu.
É oportuno acrescentar que isto não inclui sorteios dos quais participamos involuntariamente. Ao comprar algo em uma loja e depois de alguns dias ganhar um prêmio graças àquela compra, isso não tem o mesmo caráter de uma aposta. Trata-se apenas de um presente que a loja decidiu dar a um cliente. Ainda que a empresa possa utilizar o sorteio da loteria para decidir para quem vai o prêmio, este decorre de uma compra de um produto necessário, e não do gasto em uma aposta.
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Para que viver se Deus não se importa comigo?
Havia um homem que perdeu tudo — filhos, dinheiro, bens, etc. — e cuja mulher insistia para que amaldiçoasse a Deus e morresse. Porém esse homem jamais cogitou atentar contra a própria vida, desejando morrer, mas apenas se Deus tirasse sua vida.
O nome dele era Jó e é até hoje um exemplo de sofrimento e paciência para nós. O livro que conta sua história teve um papel fundamental em minha conversão (veja em www.stories.org.br/angels.html).
Portanto, se você for realmente um salvo por Cristo, seu caminho é o de Jó, que reclamou, bateu o pé, murmurou, mas sempre para Deus. A diferença entre um ímpio e um crente é que o ímpio reclama de Deus e o crente reclama para Deus.
Deus não está alheio aos nossos problemas (e pode acreditar que eu também os tenho). A diferença é que Ele enxerga de cima e sabe a razão de todas as coisas e como elas irão terminar. Nossa miopia só nos faz ver um palmo além e isso não é o bastante para entender a razão das coisas. Mas também não é motivo para acharmos que não exista nada no outro palmo que não conseguimos enxergar.
Não sei se é o seu caso, mas hoje existe um exército de desapontados com Deus, não porque Deus os desapontou, mas porque ouviram um evangelho falso. Aprenderam nas igrejas dos mercadores de almas que a salvação é sinônimo de libertação de problemas, dívidas, doenças, etc. Então quando essas coisas não acontecem, se desesperam achando que não acertaram o pé na verdadeira fé, ou então que Deus estava de brincadeira com eles.
A verdade é que basta uma breve olhada na vida daqueles que foram discípulos do Senhor no princípio para entender o quão falso é o evangelho da prosperidade e de uma vida sem problemas. As promessas feitas por Deus no Antigo Testamento foram feitas para outro povo (não para a Igreja) em outras condições e com outros propósitos. A eles eram prometidos saúde, abundância de bens, muitos filhos, terras, etc.
Jesus veio primeiramente para o que era seu (os judeus), mas os seus não o receberam. O primeiro caráter de sua vinda é de Rei dos Judeus, portanto ao curar TODOS os enfermos, ressuscitar mortos, tirar dinheiro até da boca do peixe e multiplicar pães ele estava mostrando como seria o seu Reino. Porém tudo parou aí quando foi rejeitado e passou a buscar outro povo, a Igreja, cuja fundação acontece em Atos 2.
Para o povo do reino dos céus ele prometeu nada mais, nada menos do que tribulação neste mundo. Então, quando estamos atribulados, estamos simplesmente vendo que a promessa de Cristo para nós não falhou.
(Jo 16:32-33) “Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.
Se você estava procurando paz neste mundo, perdeu seu tempo olhando para o lugar errado. A paz está em Jesus. Se procurava por bênçãos neste mundo, também estava olhando para o lugar errado. As bênçãos prometidas ao crente estão nos céus.
(Ef 1:3) “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo;”.
Se buscava poder e prosperidade aqui, então não foi a promessa de Jesus que ouviu, mas a do diabo na tentação do deserto.
(Lc 4:5-7) “Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E disselhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser; se tu me adorares, será toda tua”.
Mas você fala de vitória, caso contrário ameaça encerrar seus dias nesta vida, o que o levaria imediatamente diante daquele do qual não podemos fugir. Jó, no final, depois de levar uma bronca de Deus (como eu levei quando desafiei a Deus pouco antes de minha conversão), só foi capaz de dizer:
(Jó 42:5-6) “Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza”.
Este é o lugar onde realmente começamos nosso relacionamento com Deus: arrependidos no pó e na cinza. Como eu já disse, a visão distorcida do que é a vitória (que suponho tenha recebido nessas igrejas de tele pregadores) fez com que você perdesse de vista como foi a vida “vitoriosa” dos discípulos do Senhor. Paulo dá uma relação das “vitórias” que teve por crer em Cristo:
(2 Co 11:23-33) “são ministros de Cristo? Falo como fora de mim, eu ainda mais; em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas guardava a cidade dos damascenos, para me prender; mas por uma janela desceram-me num cesto, muralha abaixo; e assim escapei das suas mãos”.
Apesar das dificuldades que já enfrentei na vida, tanto antes como depois de minha conversão, posso garantir que nunca fui preso ou açoitado com varas e chicotes. Também nunca vi a morte de perto, nunca fui apedrejado, nunca naufraguei, nunca passei a noite em meio às ondas do mar na escuridão, nunca sofri ameaças em viagens, rios, assaltos, no deserto, no mar e entre falsos irmãos. Também nenhum rei mandou me prender e, portanto nunca precisei escapar escondido em um cesto baixado de uma muralha.
Certamente Paulo não se enquadra na imagem que os falsos pregadores querem vender, de um cristão bem sucedido com três BMW na garagem de sua mansão. Depois de tantos “sucessos” em sua vida como os que descreveu, Paulo foi tirado de sua masmorra para ser decapitado.
Portanto, sugiro duas coisas: primeira, que procure esquecer tudo o que ouviu por aí em termos de “evangelho”. Deus não oferece uma salvação de problemas, ele oferece uma salvação dos pecados, a libertação do juízo eterno que Deus fatalmente irá determinar sobre os que morrerem na incredulidade.
Em segundo lugar, volte-se para Cristo apenas. Fale com ele (eu sei, você já falou), coloque-se diante dele não como alguém que tem demandas e exigências. Não temos qualquer direito de tê-las diante de Deus. Deus não abandonou você, como não abandonou Jó. Ele tem algo para você no final de tudo que não poderá entender por enquanto. O próprio Jó no fim aceitou que Deus tinha razão sem nem mesmo entender de onde veio o caminhão que o atropelou. Geralmente não percebemos, quando lemos o livro de Jó, que ele nunca leu os primeiros dois capítulos, que explicam a origem de seu sofrimento e suas provas.
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O Brasil ainda precisa ser evangelizado?
Você menciona que o Brasil, assim como outros países ocidentais, é predominantemente cristão (católicos, evangélicos, etc.) e sua dúvida é se um país assim deve ser evangelizado, já que todos conhecem o evangelho.
É claro que o Brasil precisa ser evangelizado, porém de um modo diferente daquele utilizado para evangelizar uma tribo de índios ou um país muçulmano. É um engano achar que a população de um país cristianizado como o Brasil já conheça o evangelho. As pessoas conhecem a religião, mas não o evangelho da graça de Deus.
No fundo, pagãos, muçulmanos, espíritas, católicos, evangélicos etc. acreditam mesmo numa salvação por obras, e não pela simples fé no Salvador Jesus. Pergunte a qualquer pessoa na rua o que é preciso para ser salvo e ela responderá que é preciso ser bom. Poucos percebem que o padrão é Deus (ou Jesus, o Homem perfeito) e que jamais alcançarão tal padrão.
A Lei dada a Moisés (os 10 mandamentos e as três centenas de preceitos que os acompanhavam) veio justamente para provar a incapacidade do homem de andar segundo o padrão divino.
Você deve estar surpreso por eu ter incluído “evangélicos” como pessoas que acreditam numa salvação por obras, mas a realidade é essa. Os evangélicos costumam ter uma mensagem pronta na ponta da língua que diz “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”, porém depois vêm os “anexos” a este contrato: batismo, ser membro de uma denominação, dar o dízimo, vestir-se de maneira tal, etc.
Pergunte a um evangélico pentecostal se é possível ele perder a salvação e ele provavelmente responderá que sim, se deixar de obedecer a Deus. Considerando que desobedecemos a Deus o tempo todo até por pensamento, uma salvação assim seria impossível a qualquer ser humano.
A grande maioria deles professa crer na salvação pela fé, mas creem mesmo é na manutenção dessa salvação pelas obras, o que não é diferente da fé católica, espírita ou muçulmana, por exemplo. Ou seja, se eu me comportar bem, vou para o céu. Se me comportar mal, vou para o inferno. Não é isso o que você encontra na doutrina dos apóstolos.
Portanto, se você crê realmente em Jesus como seu Salvador, vá adiante e evangelize as pessoas, anunciando um evangelho sem mistura e baseado na graça de Deus e no sacrifício já consumado de Jesus na cruz. Ali ele pagou por TODOS os nossos pecados para não precisarmos pagar eternamente por eles.
Mas se você não tem certeza de sua própria salvação ou acredita que pode perdê-la por algum motivo, então ainda não creu no evangelho de Cristo, mas numa mescla de evangelho de Cristo e dos homens. Além disso, não está considerando seu velho homem mortificado, mas está confiando que ainda pode tirar algo de bom desse que foi considerado por Deus um cadáver putrefato e que Paulo chamou de “corpo dessa morte” em Romanos. Sugiro que leia atentamente a carta de Paulo aos Gálatas.
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O que fazer agora que enxerguei o erro?
Que bom saber que o Senhor abriu seus olhos para a confusão existente hoje na cristandade. Estamos vivendo a época de Laodiceia, quando a cristandade se diz “rica e abastada”, porém o Senhor está batendo à porta e querendo entrar para ter comunhão com cada um individualmente.
Mas ainda hoje é possível experimentar um pouco de Filadélfia quando procuramos guardar a Palavra do Senhor e não negar o Nome que é acima de todo nome. Porém, é preciso admitir que vivemos em um tempo de “pouca força” e de coisas pequenas, pois a verdade não é popular. Por esta razão você não encontrará muitos interessados em congregar para Jesus e em seu nome apenas.
Há uns 30 anos Deus também começou a me mostrar isso e então me separei dos sistemas religiosos para estar congregado somente ao nome do Senhor em comunhão com irmãos em todo o mundo que também estão congregados assim. Nas reuniões aprendemos da Palavra de Deus, apresentamos nossas necessidades em oração e lembramos a morte do Senhor em sua ceia a cada dia do Senhor. O motivo das reuniões é o Senhor, a liderança é do Espírito Santo, e não de algum homem à frente, e a Igreja, o corpo de Cristo, é reconhecida como aquela que inclui todos os salvos por Cristo, independente de onde estejam congregados.
No mundo todo há poucas assembleias de irmãos que se separaram dos sistemas religiosos para se congregarem assim, e não são muitas no Brasil. A maioria é formada quase que literalmente “dois ou três”, reunindo-se em casas, escritórios, garagens ou pequenos salões. Há ainda irmãos sozinhos em localidades onde não existe uma assembleia de “dois ou três” que costumam se reunir quando visitam alguma localidade onde há uma assembleia ou são visitados.
Não são muitos os que se dispõem a sair do sistema religioso para se reunirem somente ao nome de Jesus, pois não há muitos atrativos para a carne. Sem grandes oradores, corais, bandas, festas e tantas outras coisas que o mundo religioso oferece, ficamos “só” com Jesus, o que obviamente é tudo, mas não para os desejos humanos.
Você perguntou se os pastores por aí que pregam um evangelho distorcido têm noção do que estão fazendo ou são ingênuos e fazem isso sem querer. Quando Paulo se despediu dos anciãos de Éfeso, ele avisou que depois de sua partida aconteceriam duas coisas: de fora viriam lobos e de dentro se levantariam alguns falando coisas distorcidas.
(At 20:29-31) “Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho, e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas [distorcidas, pervertidas] para atrair os discípulos após si. Portanto vigiai, lembrando-vos de que por três anos não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós”.
Os lobos são claramente agentes de Satanás, aqueles que Paulo chama de ministros de Satanás disfarçados de “ministros de justiça” em 2 Coríntios 11:14-15. Seu objetivo é destruir o rebanho ou levar as ovelhas à morte espiritual, ainda que eles mesmos tenham o maior interesse em manter o rebanho unido sob o seu comando e jugo. Os homens que falam coisas distorcidas podem ser crentes que estão sendo enganados por suas concupiscências, como desejo de dinheiro e poder, principalmente este último.
Portanto, respondendo diretamente sua pergunta, creio que existem 3 tipos de pessoas. Existem os ingênuos, que aprenderam de um jeito e simplesmente repetem o que aprenderam e nem sequer percebem que aprenderam coisas distorcidas. Talvez os desse tipo você não encontre na TV ou nos programas de rádio atuais. Eles são mais comedidos e costumam pregar um evangelho mais puro em sua essência. Mas neste caso eu não incluiria os que manipulam suas ovelhas ou pedem dinheiro descaradamente, porque aí já não é uma questão de desconhecimento, mas de “sem-vergonhice”.
O segundo tipo é o que sabe que está manipulando, mas não está nem aí. Seu objetivo é o lucro puro e simples. Este é o descrito em 2 Timóteo 3. A estes se aplica muito bem o que diz em Jd 1:16-19:
“Estes são murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências; e a sua boca diz coisas muito arrogantes, adulando pessoas por causa do interesse. Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam: Nos últimos tempos haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões; são sensuais, e não têm o Espírito”.
O terceiro tipo pode ser este do segundo grupo, que chega a tal grau de perversidade que acaba acreditando em suas próprias mentiras. Em qualquer situação, devemos nos lembrar da admoestação de Paulo na continuação do que disse aos anciãos em Éfeso:
(At 20:32) “Agora pois, vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados”.
Para uma época quando não temos mais os apóstolos e profetas dados à Igreja, continuamos a ter um recurso em Deus e na sua Palavra. É a isso que devemos nos apegar. Se os que seguem lobos e hereges simplesmente apelassem para o bom senso, veriam que o exemplo de Paulo é muito claro quando o assunto é dinheiro. Na continuação do que ele disse sobre lobos e hereges, não é coincidência o fato de falar de dinheiro e de como ele próprio tomava o cuidado para não ser pesado aos irmãos:
(At 20:33) “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes. Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as minhas necessidades e as dos que estavam comigo. Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber”.
Você pergunta ainda se deve divulgar como é o Jesus que acabou de conhecer assistindo os vídeos de “O Evangelho em 3 Minutos”. Depende do que quis dizer por “divulgar”. Se for tentar fazer a cabeça dos irmãos com os quais está congregado, então não deve fazer isso, pois causaria divisão entre os irmãos. Estou me referindo a fazer como algumas pessoas que circulam entre as denominações e até aproveitam seus púlpitos com o claro objetivo de denunciar seus erros.
Também não deve querer ser um propagandista do erro, divulgando os podres da cristandade naquele espírito de denúncia que é muito comum em política, pois poderá estar municiando os ímpios para criticarem mais ainda a Palavra de Deus. Davi ensinou este princípio em 2 Samuel, quando Israel sofreu uma derrota com a morte de Saul. Ainda que Saul fosse inimigo de Davi e procurasse sua morte, sua derrota não devia ser motivo de prazer para Israel:
(2 Sm 1:19-20) “Tua glória, ó Israel, foi morta sobre os teus altos! Como caíram os valorosos! Não o noticieis em Gate, nem o publiqueis nas ruas de Asquelom; para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não exultem as filhas dos incircuncisos”.
Então, diante do conhecimento do erro, o que fazer? Um princípio que encontramos sempre na Palavra de Deus é o da separação do mal. Sempre que você vê o mal nas coisas espirituais, não deve tentar consertá-lo, mas deve se afastar dele. Tentar lutar contra o mal estando dentro do mesmo ambiente de erro só deixará você mais contaminado. Veja a exortação na Palavra de Deus:
(2 Co 6:17) “Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei”.
(Ap 18:4) “Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas”.
Você deve seguir a exortação de 2 Timóteo 2, que é um caso claro de como proceder em caso de se encontrar em uma associação com pessoas que permitem o pecado e o erro.
(2 Tm 2:19-26) “Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor. Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para uso desonroso. Se, pois, alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e útil ao Senhor, preparado para toda boa obra. Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor. E rejeita as questões tolas e desassisadas, sabendo que geram contendas; e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, e que se desprendam dos laços do Diabo (por quem haviam sido presos), para cumprirem a vontade de Deus”.
Desta passagem aprendemos:
1. Não se preocupe em determinar quem é ou não do Senhor. Ele conhece os seus.
2. Aparte-se da iniquidade, tanto do sistema quanto dos vasos (pessoas) que professam má doutrina.
3. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro (ou purificados desses erros) invocam o Senhor.
4. Não perca tempo com questões que não edificam.
5. Fuja da contenda, mas corrija com mansidão os que resistem.
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A ceia do Senhor seria apenas simbólica?
Depois de ler o que escrevi sobre o lava-pés como uma lição que o Senhor deu aos discípulos, e não efetivamente uma ordenança para ser repetida pelos cristãos, você colocou uma pergunta interessante: Se o lava-pés é apenas simbólico, por que a ceia também não é? Por que precisamos repetir o ato de comer o pão e beber o vinho? Não seria apenas uma lição para nos ensinar algo?
Sua pergunta procede. Na verdade, o lava-pés foi claramente dado com um segundo significado, pois o Senhor mesmo explica isso na passagem. Porém a ceia foi dada como um memorial, algo para ser repetido até ele voltar, e isso inclui o pão e o vinho. São estes os símbolos, e não o ato de celebrar a ceia, que é um memorial. No lava-pés o símbolo ou ensino implicado ali estava no ato de lavar os pés. Na ceia os símbolos são o pão e o vinho, são coisas físicas.
Mas a ceia instituída por Jesus não é a mesma que os cristãos celebram. Aquela estava conectada à páscoa dos judeus e foi dada aos apóstolos, que naquele momento eram judeus, não igreja, ligados às ordenanças dadas a Israel e não possuíam o Espírito Santo habitando em si, algo que só receberiam no dia de Pentecostes em Atos 2.
A ceia que foi dada aos cristãos celebrarem foi a que Paulo recebeu por revelação direta de Cristo e passou em 1 Coríntios 11. Ali estão instruções claras, inclusive para não confundirmos achando que seria apenas uma lição, pois em Corinto estavam cometendo exageros no sentido de comer e beber demais, o que implica que a celebração é uma ação real de comer do pão e beber do vinho.
Mas, ao mesmo tempo em que insisto que o ato de celebrar a ceia deve ser uma prática real e não apenas um símbolo ou um ensino conceitual, insisto também que o pão e o vinho são apenas símbolos, e não sofrem qualquer alteração física na celebração da ceia, como acreditam alguns que professam a transubstanciação.
O pão e o vinho estão para o corpo e o sangue de Jesus na cruz como o pedaço de papel que chamamos de fotografia está para a pessoa real representada ali. É apenas um papel com uma imagem que representa a pessoa real, não a pessoa real. A reverência é dada à Pessoa de Jesus e ao que ele fez na cruz, e não ao pão e o vinho, pois reverenciar esses objetos como tendo algo de divino seria idolatria.
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Por que a mulher de Ló virou coluna de sal?
A Bíblia não diz como a mulher de Ló virou uma estátua de sal, mas diz por que isso aconteceu: ela desobedeceu a uma ordem dada por Deus e olhou saudosa para a Sodoma que tanto amou. Obviamente não havia lugar para ela nos planos de Deus, porque seu coração estava naquilo que Deus havia condenado ao fogo.
Algumas traduções trazem “coluna de sal”, e mesmo a palavra “sal” pode ser traduzida como outra substância em pó. Uma coluna geralmente é um marco (como fazemos com colunas, obeliscos, bustos e estátuas hoje) para lembrar alguém ou alguma façanha histórica. Acredito até que Deus tenha feito isso com a mulher de Ló para que ficasse como testemunho para muitas gerações do que acontece com quem olha para trás ao invés de obedecer a um simples comando de Deus. Alguns escritores antigos dão conta de uma coluna que seria a mulher de Ló e que permaneceu por muitos séculos visível aos viajantes da região.
O Senhor Jesus faz referência ao que aconteceu com ela quando fala da grande tribulação que irá ocorrer. Os judeus nessa época deverão fugir sem olhar para trás, pois o juízo que cairá sobre a terra de Israel será grande (isso acontecerá antes do início do reino milenial de Cristo).
(Lc 17:31-33) “Naquele dia, quem estiver no telhado de sua casa, não deve desça para apanhar os seus bens dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve voltar atrás por coisa alguma. Lembrem-se da mulher de Ló! Quem tentar conservar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida a preservará”.
Resumindo, creio que o que Deus fez com a mulher de Ló foi erigir um “monumento à desobediência” para que outros vissem e não caíssem no mesmo erro. Rejeitar a salvação de Deus é algo sério.
(Rm 11:22) “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade”.
(Fp 3:13-14) “mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.
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O cristão não deve comer sangue?
Obviamente o que vou dizer não tem nada a ver com a proibição de transfusão de sangue feita pela religião denominada “Testemunhas de Jeová”, que é uma interpretação equivocada das passagens bíblicas. Sua dúvida é simplesmente a respeito de se alimentar de sangue de animais em nossas refeições.
Você escreveu: “não há impedimento bíblico [para comer sangue], pois Jesus deixou bem claro que não devemos viver mais pela lei e sim pela sua graça, a única coisa que nos salva é ele e nada nos afasta dele”.
Embora não exista uma lei que o cristão deva seguir, a proibição de comer sangue é anterior à lei dada a Moisés, portanto dirigida a todos os seres humanos e não apenas aos israelitas.
Mais tarde, em Atos, encontramos as instruções dadas pelos apóstolos aos gentios convertidos (no caso nós também o somos) para que não praticássemos idolatria e prostituição, e também que não comêssemos sangue e carne sacrificada aos ídolos. Evidentemente nada disso fará um crente perder a salvação, mas se ele ama seu Senhor irá querer agradá-lo nisto também.
(At 15:19-20; 29) “Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue… Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes”.
Basicamente as coisas que a Palavra diz para não fazermos são:
— Comer coisas sacrificadas aos ídolos: alimentos usados nos sacrifícios ou até mesmo a carne desses sacrifícios. Para nós gentios tal “proibição” (entre aspas mesmo) é mais para não sermos causa de tropeço a outros, como Paulo explica em 1 Coríntios 8 (e também em Romanos 14).
(1 Co 8:4-13) “Quanto, pois, ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só…. Entretanto, nem em todos há esse conhecimento; pois alguns há que, acostumados até agora com o ídolo, comem como de coisas sacrificadas a um ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, contamina-se. Não é, porém, a comida que nos há de recomendar a Deus; pois não somos piores se não comermos, nem melhores se comermos. Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos. Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, reclinado à mesa em templo de ídolos, não será induzido, sendo a sua consciência fraca, a comer das coisas sacrificadas aos ídolos? Pela tua ciência, pois, perece aquele que é fraco, o teu irmão por quem Cristo morreu. Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo-lhes a consciência quando fraca, pecais contra Cristo. Pelo que, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para não servir de tropeço a meu irmão”.
— Prostituição ou impureza sexual: este problema, que era generalizado entre os gentios daquela época, volta a ter a mesma dimensão hoje em um mundo cada vez menos interessados nos valores cristãos. Quem estuda os costumes no império romano descobre que algumas coisas eram bem aceitas na sociedade da época: sexo fora do casamento, adultério, prostituição, pornografia (inclusive decorando as paredes das casas de família), homossexualismo, pedofilia (permitia-se aos homens casados terem meninos escravos para este fim), aborto e infanticídio (bebês indesejados eram simplesmente abandonados à beira das estradas para morrerem e serem comidos por cães). Lembre-se de que a sociedade que aceitava essas coisas não era nenhum grupo de bárbaros, mas o império mais desenvolvido que existiu até então, e que nos legou coisas como o direito romano e a privada com água encanada e descarga, esta só tendo sido “redescoberta” há 200 ou 300 anos.
(1 Ts 4:3-5) “Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus”.
(Ef4:17-20) “Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza. Mas vós não aprendestes assim a Cristo”.
— Comer animais sufocados ou estrangulados: isto se refere a animais mortos e não sangrados. Quem já viu um frango cozido ou assado depois de morto com o pescoço quebrado ou por asfixia e sem ser sangrado sabe que a carne tem a cor bem escura, por causa do sangue que permanece nela. Esta proibição é anterior à lei dada a Moisés, pois aparece em Gênesis 9:4 para o mundo pós-dilúvio. Portanto não é uma proibição que se limite a Israel, como são muitas que você encontra na lei mosaica.
— Comer sangue: pelas mesmas razões acima, trata-se de uma ordem dada antes da Lei, portanto valendo para todos os habitantes do planeta depois do dilúvio. Naquela ocasião Deus deu aos homens, até então vegetarianos, os animais como alimento, colocou nos animais o medo dos homens, proibiu comer carne com sangue (animais sufocados, chouriço, frango ao molho pardo feito com sangue etc.), instituiu o governo humano e a pena de morte. Estas coisas nunca foram revogadas por Deus, embora os homens tenham feito algumas delas de modo contrário ao que Ele ordenou.
(Gn 9:2-6) “Terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues. Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado. A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de todo animal o requererei; como também do homem, sim, da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar sangue de homem, pelo homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua imagem”.
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Como assim “salvar-se-á dando à luz filhos”?
Sua dúvida está em 1 Timóteo 2:15: “Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação”. Para entender a passagem é preciso ler o contexto e muito mais, pois tudo começou no Gênesis.
Vamos ao contexto de 1 Timóteo 2:11-15 “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação”.
A história toda começa em Gênesis, com a queda do homem:
(Gn 3:1-6) “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela”.
Juntando tudo descobrimos que Adão não foi enganado pela serpente (Satanás — Ap 12:9), mas Eva sim. Adão talvez não tenha desejado que a mulher fosse adiante sozinha em seu erro, por isso permaneceu ao lado dela. Neste sentido Adão é um tipo de Cristo, o noivo que toma sobre si a culpa da noiva, a Igreja, e é castigado por isso.
Por ter sido enganada, Deus quer preservar a mulher de outros enganos mantendo-a em submissão ao marido e evitando que ela ensine doutrina, seja ao marido, seja na reunião da assembleia (ou igreja) como aprendemos de 1 Coríntios 14:34-37:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja. Porventura, saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”.
Para entendermos essa proibição é preciso ler Efésios 3:10: “para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus”. Quando a igreja está congregada, os anjos (principados e potestades nos céus) são assíduos espectadores, pois desejam conhecer a multiforme sabedoria de Deus que o Espírito revela pela Palavra de Deus que é ministrada pelos irmãos. Lembre-se de que os anjos que não caíram em pecado não sabem o que é ser redimido como os seres humanos são quando creem em Jesus, e os anjos que caíram jamais terão chance de receberem perdão.
Os anjos que hoje assistem os crentes congregados em um corpo provavelmente estiveram no Éden e viram a mulher sendo enganada por Satanás. Talvez esta seja outra razão da proibição para que a mulher ensine na assembleia, além do fato de ela estar mais vulnerável ao erro. Lembre-se de que a ordem em 1 Coríntios 11 para que a mulher cubra a cabeça em sinal de submissão ao homem foi dada “por causa dos anjos”.
Depois da queda, Deus declara algumas coisas que são importantes a este respeito:
(Gn 3:14:17) “Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida”.
Resumindo o que diz a passagem:
1. A serpente (Satanás) foi amaldiçoada por Deus.
2. A serpente passaria a ser inimiga da mulher.
3. A serpente feriria o calcanhar da semente da mulher (Jesus).
4. A semente da mulher (Jesus) feriria a cabeça da serpente (na cruz).
5. Por ter ganho um inimigo de peso (a Serpente) Deus ordena que a mulher mantenha-se submissa ao marido.
6. Por ter dado ouvidos à mulher em seu engano, o homem é sentenciado a sofrer para ganhar seu sustento.
Agora podemos entender melhor o que diz em 1 Timóteo. A única maneira de Deus trazer ao mundo o Salvador, aquele que esmagaria a cabeça da serpente, seria através de uma mulher que quisesse ter filhos. Antes que alguma mulher pense que a maternidade seja uma posição inferior à do homem, leia com atenção o que vou repetir: O Salvador só poderia vir ao mundo por meio de uma mulher. Jesus não teve pai humano, mas teve mãe humana. O homem era, por assim dizer, dispensável no processo da vinda do Salvador ao mundo. A mulher não.
Dada a imensa importância da mulher na obra da salvação do mundo, Deus quis “salvá-la” da influência de seu arqui-inimigo, o Diabo. A verdade de que a serpente passaria a ser inimiga da mulher persiste até hoje, daí Deus preferir não expor a mulher para que ela não volte a ser enganada pelo Diabo. Mas essa salvaguarda a mulher só tem enquanto permanece na posição que Deus reservou para ela, que é a descrita em 1 Timóteo. Este “salvar-se-á” não se refere à salvação de sua alma, mas a mantê-la a salvo do ataque da serpente.
Sabendo que Deus quis dar à mulher um lugar de proteção contra a influência do Diabo, não é de admirar que esta doutrina do lugar da mulher tenha sofrido tantos ataques e esteja hoje tão desacreditada. E não poderia ser diferente. Vivemos em tempos de apostasia (abandono da verdade), em um estado de ruína muito parecido com o que é descrito pelo último versículo do livro de Juízes, que relata um dos períodos mais tristes da história de Israel. Naquele livro você encontra mulheres no papel de juízas porque os homens tinham falhado em manter sua posição.
“Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. (Jz 21:25).
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Partir o pão na ceia significa repartir os bens?
Você viu alguém ensinando que a ceia não se trata do memorial de comer pão e beber vinho como recordação da morte do Senhor, mas seria uma forma de demonstrar consideração para com nossos irmãos e para com os pobres. Seria algo como uma prova de fé e caridade cristã.
A pessoa que ensina essa ideia coloca sua ênfase em 1 Coríntios 11 e interpreta o verbo “partir” (de “partir o pão”) com o sentido de “repartir”, ou seja, de dividir o que temos com os menos favorecidos. Basta ler outras traduções ou recorrer ao grego para essa ideia cair por terra. Volta e meia surge alguém tentando fazer implante de pelo em ovo para tentar desvirtuar a Palavra de Deus.
Uma vez vi um sujeito na TV “explicando” a multiplicação dos pães. Segundo ele, os pães não teriam sido multiplicados coisa nenhuma. O que teria acontecido foi que, ao verem os discípulos envergonhados de seu egoísmo tirando os pães que tinham nas sacolas e compartilhando por ordem de Jesus, todos na multidão decidiram fazer o mesmo com os pães que tinham escondido, e assim a multiplicação dos pães teria sido apenas uma manifestação de altruísmo. Já pensou? Pois é, com amigos assim o cristianismo não precisa de inimigos.
O perigo dessas ideias como a que você mencionou relacionada à ceia do Senhor está em apelarem para sentimentos nobres, como ajudar as pessoas, e acabamos achando que quando uma coisa é boa ela não pode ser má. Ouvi dizer que veneno de rato é 99% milho e 1% estricnina. Não basta ter 99% de verdade quando 1% de mentira é suficiente para matar.
Vamos à passagem de 1 Coríntios 11:
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.
Em que pese o autor da ideia tentar convencer que o “isto” de “fazei isto em memória de mim” seria “repartir” o pão, ou seja, dividir o que temos com nossos semelhantes, o texto é muito claro: (1 Co 11:28) “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”. O ato da celebração e “partir” ou “quebrar” o pão e então comer.
Talvez a confusão toda esteja por aquele pregador ter selecionado a passagem de 1 Coríntios 11 onde Paulo aproveita para corrigir um erro dos coríntios. Eles tinham transformado a ceia do Senhor numa comilança, perdendo totalmente o sentido da celebração da morte do Senhor representada no pão (partido ou quebrado) e no vinho (separado do pão, isto é, do corpo, como símbolo de morte). Paulo aproveita para trazer a revelação que recebeu do Senhor de como deviam lembrar sua morte. A proposta do pregador que você mencionou é transformar a ceia do Senhor, não numa comilança como faziam os coríntios, mas numa obra de caridade, o que é igualmente um erro.
Não existe outra maneira de interpretar as instruções que Paulo dá para a celebração da ceia, a menos que você não queira ver o que está escrito no texto:
“Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (1 Co 11:26).
Se a Palavra de Deus não é suficiente para você, então só lhe resta crer naquilo que desejar crer.
(2 Tm 4:3-4) “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas”.
A cristandade hoje está cheia de gente pregando suas próprias ideias com o fim de atraírem discípulos. Paulo advertiu sobre isso em Atos 20.
(At 20:29-32) “Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas (pervertidas), para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”.
Cabe ao crente que se sujeita à Palavra manter-se afastado dos tais.
(Tt 3:10-11) “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado”.
Sinto desapontá-lo e até deixá-lo irritado, mas aquele pregador — e sua ideia estranha sobre a ceia — está querendo polemizar em cima de algo que só pode criar um sentido dúbio para quem lê a Bíblia apenas em português. Se você ler qualquer outro idioma verá claramente que o que ele diz não faz sentido.
Em todas as passagens que falam de partir o pão em outras línguas o verbo sempre significa quebrar em pedaços (como quebrar um prato, um osso, etc.). Além disso, um professor de português saberá explicar a que se refere o “isto” de “fazei isto”.
Inglês:
(1 Co 11:24) “and having given thanks broke it , and said, This is my body, which is for you: this do in remembrance of me”.
Francês:
(1 Co 11:24) “et après avoir rendu grâces, il le rompit et dit: “Ceci est mon corps, qui est pour vous; faites ceci en mémoire de moi”.
Italiano:
(1 Co 11:24) “e dopo aver rese grazie, lo ruppe e disse: Questo è il mio corpo che è dato per voi; fate questo in memoria di me”.
Espanhol:
(1 Co 11:24) “Y habiendo dado gracias, lo partió, y dijo: Tomad, comed: esto es mi cuerpo que por vosotros es partido: haced esto en memoria de mí”.
Se verificar no grego (eu não sei grego, mas dá para perceber isso), encontrará uma diferença também nos termos usados para “repartir” e “partir”:
Repartir (no sentido de distribuir): MERIZO (como em 1 Co 7:17 na distribuição dos dons), DIADIDOMI (como em João 6:11).
Partir (no sentido de quebrar): KATAKLAO ou KLAO (1 Co 11:24).
(Mc 6:41) “E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu (KATAKLAO) os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu (DIADIDOMI) os dois peixes por todos”.
(1 Co 11:24) “E, tendo dado graças, o partiu (KLAO) e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido (KLAO) por vós; fazei isto em memória de mim”.
(At 20:7) “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir [KLAO] o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite”.
(At 20:11) “E subindo, e partindo [KLAO] o pão, e comendo, ainda lhes falou largamente até à alvorada; e assim partiu”.
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O que fazer agora que sei que minha filha é lésbica?
Você contou que descobriu que sua filha, que foi criada em um lar cristão, tem um relacionamento com outra garota e que agora não aceita conselhos e exortações vindas de você, e muito menos da Bíblia.
Demorei em responder pois não sabia por onde começar. Não sei o que você e seu marido estão passando. Tenho filhos, mas nunca passei por isso, portanto não tome o que eu disser aqui como minha experiência. Pretendo apenas buscar na Palavra o que acredito ser a melhor resposta.
Não há dúvida de que na Bíblia o homossexualismo é considerado pecado por Deus. Ainda que toda a população do planeta decidisse chegar a um consenso “politicamente correto” sobre o assunto, a Palavra de Deus continuaria a acusar tal prática. Proibir as pessoas de expressarem sua opinião, como alguns países tentam fazer por meio de legislação, só criaria uma espécie de “ditadura gay” e criaria uma perseguição reversa: aqueles que eram injustamente perseguidos no passado passariam a exercer o papel de perseguidores.
Também seria censura impedir as pessoas de lerem a Bíblia e pregarem a Palavra de Deus na sua forma original. Se o fato de o texto sagrado denunciar uma determinada classe de pessoas fosse pretexto para isso, os judeus há séculos teriam deixado de ler o Antigo Testamento em suas sinagogas. Suas páginas não poupam críticas ao povo que Deus escolheu e caiu tantas vezes em idolatria.
Permitir apenas a publicação de uma Bíblia “saneada” de ofensas contra esta ou aquela classe de pessoas também não iria funcionar. Mesmo que alguém arrancasse suas páginas, isso não seria suficiente para mudar a opinião que Deus tem do homossexualismo. Aliás, arrancar páginas é o que faz o ator Ian McKellen (o mago Gandalf de “O Senhor dos Anéis”), que é gay e revelou seu lado censor em entrevista à revista “Details”:
Details: É verdade que quando você fica em hotéis você arranca a página da Bíblia que condena o homossexualismo?
Ian McKellen: Sim, eu arranco. Não me orgulho de estragar o livro, mas prefiro arrancar aquela página a jogar a Bíblia inteira no lixo. E não fui o primeiro a fazer isso: recebi de um casal de amigos um pacote contendo 40 páginas arrancadas por eles com o texto de Levítico 18:22, que diz, “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher: abominação é”. Eles as amarraram juntas com um barbante para que eu pudesse pendurá-las no banheiro.
Details: Você pendurou?
Ian McKellen: Sim, estão em meu banheiro, mas é mais por curiosidade do que por ter a intenção de usá-las.
Voltando à sua pergunta, se a sua filha foi criada no evangelho, ela deve saber que Deus condena o homossexualismo em sua Palavra. Mas como Jesus trataria um homossexual? Não existe um relato de qualquer conversa que ele tenha tido com homossexuais, mas nós o encontramos conversando com pessoas que praticavam outros tipos de pecado moral. Em todas essas situações ele tratou muito bem as pessoas, sem, contudo diminuir a gravidade de seus pecados ou compactuar com eles.
Esta é uma distinção muito importante que o Senhor fazia e o cristão deve saber fazer: separar a pessoa de seu pecado. Jesus sempre amou o ser humano, ao mesmo tempo em que abominava a prática pecaminosa. Eu acredito que se o Senhor tivesse conversado com um homossexual ele agiria assim: demonstraria o seu amor pela pessoa e ao mesmo tempo diria como disse à mulher pega em adultério: “Vai-te e não peques mais” (Jo 8:11).
As únicas pessoas nos evangelhos que você encontra sendo tratadas com rigor pelo Senhor foram justamente aquelas que nossa sociedade trataria com todas as honras: o clero. A razão é que, para Deus, nada é mais grave do que brincar com as coisas espirituais, e aqueles homens brincavam com fogo ao ensinarem doutrinas erradas ao povo e também ao explorarem sua fé visando o lucro. Ao clero Jesus chamava de “raça de víboras”, “sepulcros caiados”, etc., e colocou os comerciantes do templo para correr na base do chicote.
No entanto, por quase dois mil anos vimos ladrões, adúlteros, prostitutas e homossexuais serem tratados no chicote, enquanto os clérigos tinham seus anéis de ouro e calçados de cromo beijados pela sociedade. Parece existir hoje uma clara inversão do modo como Jesus trataria essas pessoas.
Porém, não me entenda mal: o fato de o Senhor tratar ladrões, adúlteros e prostitutas com amor não denotava qualquer tipo de aprovação por suas práticas. Ao contrário, hoje ele continuaria dizendo a elas: “Vai-te e não peques mais”.
O primeiro passo em relação à sua filha é saber se ela realmente crê no Senhor Jesus como seu Salvador. Se ela crê, então o Espírito Santo que habita nela não a deixará sossegada enquanto estiver andando em pecado. Se a sua filha estivesse dormindo com o namorado eu estaria escrevendo basicamente as mesmas coisas, porque Deus abomina a imoralidade, seja ela homo ou heterossexual.
Alguns alegam que a homo afetividade é algo que não podem evitar, mas o cristão pode evitar qualquer coisa que seja contrária à Palavra de Deus se tiver seu olhar colocado na glória e estiver disposto a fazer a vontade do Pai. O capítulo 11 de Hebreus nos fala de homens e mulheres de fé que abriram mão da própria vida tendo em vista a glória que viria. O Senhor Jesus suportou as maiores privações e provações porque olhava para o futuro. Jesus, que abriu mão de tudo por amor de nós e para a glória de Deus, é o melhor exemplo que um crente pode ter. Nossa vida aqui não passa de um átomo de tempo comparado à eternidade, portanto trocar as coisas eternas por prazeres temporais simplesmente não vale a pena.
Mas quando um crente em Jesus, que sabe o certo e o errado, decide deliberadamente andar fora dos caminhos de Deus, ele pode se enquadrar naquilo que a Bíblia chama de “pecado para a morte” (1 João 5:16), que é quando um crente decide teimosamente desobedecer a Deus, e Deus prefere tirá-lo do mundo por não servir mais como um testemunho aqui.
Nos tempos dos apóstolos, estes tinham autoridade para entregar uma pessoa a Satanás para a destruição do corpo, como vemos Paulo dizer em 1 Coríntios 5, um poder que ninguém hoje tem. Provavelmente foi com essa autoridade, exercida pelo apóstolo Pedro, que Ananias e Safira caíram mortos após mentirem ao Espírito Santo em Atos 5. Eu creio que eles tenham sido salvos, porém “como que pelo fogo”, como diz em 1 Co 3:15.
1 Coríntios 11:30 nos fala de crentes fracos, doentes e que “dormem” (morreram) por tratarem levianamente as coisas de Deus. Estavam salvos, porém colhiam no corpo as consequências de um andar desordenado. Quando alguém decide fazer uma “opção” deve entender que com ela virão consequências nem sempre agradáveis. Para um crente não faz sentido fazer uma “opção” por algo que não irá durar muito tempo. O que é qualquer “opção” feita nesta vida se compararmos com a eternidade?
Às vezes é preciso questionar a realidade da fé de alguns que professam crer em Jesus, mas teimam em fazer a própria vontade. Muita gente acredita numa salvação do tipo ir à frente orar com o pastor de alguma religião, mas crer em Jesus é algo que vem de cima, é nascer do alto. É também algo que nos coloca numa dupla relação com Jesus: Salvador e Senhor. A maioria das pessoas é bastante atraída pela ideia de ter um Salvador, mas nem todo mundo gosta de ter um Senhor a quem prestar contas e que determina a morte da vontade própria. Aqueles que se sujeitam a tudo para o que o Senhor os destinou, sabem que “ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará”, e então ele recompensará aqueles que lhe foram fiel, “homens dos quais o mundo não era digno” (Hb 10:37-11:38).
Se a sua filha não crê em Jesus, mas apenas professa uma religião sem ter passado pela realidade do novo nascimento, então sua inclinação homossexual é o menor dos problemas: ela continua na condição de perdida e a prática que decidiu adotar tem tudo a ver com este mundo, seu príncipe e os pensamentos humanos. A voz do povo não É a voz de Deus, portanto a opinião pública sempre acabará aceitando com naturalidade práticas contrárias à Palavra de Deus. Assim Paulo descreve os efésios antes de sua conversão:
(Ef 2:1-3) “…estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.
Se for este o caso, vocês deveriam estar mais preocupados com sua alma perdida do que com sua moral distorcida. No primeiro caso (crente) ela deve ser amada e ficar bem ciente de que está andando de uma forma avessa à vontade de Deus. Neste caso (incrédula) ela deve ser tratada como qualquer pessoa que precisa do evangelho, das boas novas da salvação. Não por ser homossexual, mas simplesmente por pertencer à raça humana caída e descendente de Adão.
Do ponto de vista da vida diária, vocês devem deixar claro a ela que não poderão tratá-la como se nada estivesse acontecendo, pois vemos que o tratamento de alguém que, dizendo-se irmão, anda deliberadamente em pecado, deve ser um tratamento disciplinar (1 Coríntios 5). Não no sentido de castigo, mas de traçar uma clara linha divisória entre o que é da vontade de Deus e o que não é, e tentar de todos os meios ganhá-la para Cristo.
Embora vocês não possam romper os laços naturais de afeição e filiação, devem estabelecer alguns limites, como por exemplo, não receber a companheira dela na casa de vocês (estou supondo que sua filha ainda mora com vocês, apesar de ser emancipada). Uma pessoa que vive na casa de seus pais deve se sujeitar às regras daquele que é cabeça da família.
É preciso sempre adotar o olhar de Deus sobre o assunto. Quando qualquer um dos seus filhos cai em pecado, ele nos disciplina, nos coloca “no gelo”, mas em momento algum rompe a relação de Pai e filhos e nem nos ama menos por isso. O Pai da parábola do filho pródigo fez das tripas coração para trazer seu filho de volta. A mesma parábola mostra que provavelmente o filho que continuou perdido foi o “bom”, aquele que ficou em casa, porque não se sentia pecador.
Outro ponto importante que vocês devem ter em mente é que boa parte da indignação dos pais em uma situação assim não é exatamente uma ira santa. Somos zelosos de nossa imagem e reputação, e quando um filho ou uma filha decide viver de um modo que nos envergonha, parte de nossa indignação vem do ego ferido. “O que os meus amigos vão pensar?”, “Como ela pode fazer isso depois de tudo o que eu fiz por ela?”, “Quanta falta de consideração para com minha dedicação!”.
Sim, nosso coração é assim mesmo e não nos conformamos quando vemos nossos filhos não desejando viver à nossa imagem e semelhança. É claro que esse é também o desapontamento de Deus em relação aos humanos, mas não somos Deus para conseguirmos ter o mesmo “desapontamento santo”. Tem sempre uma ponta de egoísmo em nossos sentimentos.
Não sei se tudo o que escrevi aqui servirá de ajuda. Caso sua filha venha a ler este e-mail, é bom que ela entenda minha posição a respeito do homossexualismo. Primeiro, prefiro conversar com um homossexual a um clérigo todo paramentado e falando com voz sussurrante. Pelo menos o primeiro assumiu sua condição de pecador. O segundo a esconde sob o manto da dignidade religiosa. Acredito que este seria também o sentimento de Jesus pela distinção que ele fazia ao tratar com a classe sacerdotal.
Segundo, você jamais me verá fazendo lobby contra direitos dos gays. Essas discussões que ocorrem na “casa de César” não me interessam, porque estou de passagem por um mundo cujo príncipe não é o meu Senhor, mas Satanás. Nossa sociedade não é nem metade promíscua como era o Império Romano nos tempos de Jesus, e mesmo assim ele não se deu ao trabalho de alterar o status quo daquela sociedade. A sua Pessoa e obra fizeram isso por influência, não por ingerência.
Talvez você ouça a sua filha alegar que quer ser feliz, que não quer se colocar sob o jugo de um Deus arcaico, ou desperdiçar os melhores anos de sua vida vivendo sem prazer. Por isso termino deixando a passagem em que muitos discípulos do Senhor decidiram abandoná-lo por achar dura demais a vida que ele propunha a eles:
(Jo 6:63-69) “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem… E dizia: Por isso, eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido. Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele. Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus”.
Sua filha está trocando Jesus e a comunhão com ele por uma namorada. Uma troca nada sábia, como vocês já sabem. Por que isso foi acontecer justamente com vocês eu não sei, mas sei que Deus tem uma medida de consolo para o seu caso também.
(2 Co 1:3-4) “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus”.
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Por que Paulo reduz seu corpo à escravidão?
Sua dúvida está nas palavras de Paulo em 1 Coríntios, quando ele diz que subjuga seu corpo ou o reduz à escravidão para não ser desclassificado ou reprovado. Para entender a passagem é preciso ler todo o contexto que começa em 1 Coríntios 9:23:-27.
“Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me coparticipante. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como indeciso; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado”.
A figura do atleta cabe bem aqui, porque depois que cremos estamos a serviço de Deus e Ele nos promete uma coroa, um prêmio. Um corredor que queira participar das Olimpíadas jamais irá perguntar a seu treinador se ele pode comer e beber tudo o que tiver vontade. Ele sabe que pode, afinal não está preso, mas ele sabe também que se fizer isso não ganhará o prêmio.
Vamos por partes: “Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me coparticipante.” O salvo por Cristo aprendeu que deve agora fazer tudo tendo o Evangelho como seu moto e objetivo de vida, se quiser ser participante de seus privilégios que vão além da salvação. Se ingressar na escola, entende que ali será seu púlpito para pregar com sua vida e atitudes, mais até do que com palavras. Se Deus lhe dá um emprego, ele percebe que Deus pode querer que ele dê um bom testemunho ali. Se Deus lhe dá uma família e filhos é porque deseja que você os encaminhe a Cristo. Ele está inscrito, por assim dizer, em uma Olimpíada para Deus.
Não que vá ganhar a salvação no final, porque esta o crente já recebe no momento de sua conversão. Nada poderá tirar sua salvação, mas muitas coisas podem fazê-lo perder seu galardão ou prêmio. Você entenderá melhor lendo 1 Co 3:12-15: “E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo”.
Esse é o Tribunal de Cristo (também em 2 Co 5:10), uma espécie de julgamento das obras, não do crente, algo que acontecerá no céu. Alguns receberão prêmio pelo que fizeram da vida aqui, outros verão seus esforços desaparecerem como cinza, porque não foram obras dignas de Deus.
Voltando ao nosso texto, vemos que Paulo, como um atleta tendo em vista o prêmio, não corre indeciso, mas corre com determinação; não luta dando socos no ar, mas combate como deve combater um lutador. Ele não pode desperdiçar nem tempo nem energia com coisas vãs. Ele faz tudo visando o prêmio e isso inclui subjugar seu corpo, isto é, discipliná-lo, estar no pleno controle de sua mente e corpo. O sinônimo para isso é autocontrole, temperança, disciplina, juízo-próprio, etc.
Ele termina dizendo que seria péssimo se ele, que pregou a outros, acabasse sendo desclassificado ou reprovado no final. Não que isto significasse perder a salvação, que é eterna, mas ficar “de lanterna”, por assim dizer. Por isso ele precisa subjugar ou manter seu corpo sob controle. Isto inclui desejos, pensamentos, ações etc. Na versão em francês diz algo como “mortifico meu corpo”, ou seja, o coloco numa posição em que ele não pode dar opinião porque está engajado em algo muito maior do que simplesmente ter seus desejos atendidos.