O EVANGELHO SEGUNDO JOÃO

 

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JOÃO 1

O evangelho de João foi claramente escrito algum tempo depois dos outros três evangelhos. Mateus, Marcos e Lucas contaram, em sua maneira divinamente inspirada, a história do nascimento, dos primeiros anos e da entrada no ministério de Jesus Cristo, e João considera esses relatos como reconhecidos, pois sem isso seus parágrafos iniciais dificilmente seriam inteligíveis. À medida que o primeiro século chegava ao fim, havia decorrido tempo suficiente para o lançamento de ataques à Pessoa de Cristo, como sendo a própria cidadela1 da fé, e havia noções filosófico-pagãs, flutuando por toda parte e se ligando à doutrina, o que teria sido desastroso se elas não tivessem sido enfrentadas na energia do Espírito de Deus. Dessa forma, essa energia foi colocada nos escritos do apóstolo João, cerca de um quarto de século, ao que parece, depois que Paulo e Pedro terminaram suas carreiras.

Os primeiros Cristãos ficaram muito perturbados com os, assim chamados, “gnósticos”, isto é, os “conhecedores”. Tornamo-nos familiarizados com os agnósticos, que são pessoas que negam que seja possível qualquer conhecimento correto de Deus e de Suas coisas. Os gnósticos estavam no polo oposto: afirmavam serem iniciados e terem o conhecimento superior, mas suas teorias negavam tanto a Divindade essencial quanto a verdadeira Humanidade de Jesus. Depois houve aqueles que separaram Jesus do Cristo. O Cristo era para eles um ideal, um estado no qual o homem poderia se tornar; enquanto Jesus era o Homem histórico que apareceu em Nazaré. O evangelho que João escreveu enfrenta esses erros e foi escrito com esse propósito.

Antes de considerar as palavras de abertura, será bom ler os dois versículos que concluem João 20, pois neles está estabelecido o motivo diante da mente do Espírito ao escrever este evangelho. Os milagres registrados são todos “sinais” que provam que Jesus é o Cristo – de modo que não há separação entre os dois. Eles provam que Ele também é o Filho de Deus; estabelecendo assim a Sua Deidade. Com fé nessas coisas a vida é encontrada; enquanto recusá-las é permanecer na morte. Este é o objetivo do Espírito de Deus neste evangelho e precisaremos mantê-lo continuamente diante de nós enquanto avançamos através dele. Perceberemos que isso é uma chave muito importante para destrancar seus tesouros.

As palavras iniciais do primeiro versículo nos levam de volta ao momento mais remoto que nossa mente é capaz de conceber: o momento em que começou a primeira coisa que jamais teve um começo; o momento do outro lado no qual havia apenas – DEUS. Naquele momento de “princípio” o Verbo “era”, isto é, existia. Ele não começou ali; Ele existia então. Seu Ser eterno é proclamado e somos levados de volta para antes das palavras iniciais de Gênesis 1. Além disso, Ele estava “com Deus”. Nossa mente ainda está de volta àquele momento remoto, e descobrimos que ali Ele possuía Personalidade distinta. O Verbo não é um título da Divindade de uma maneira geral, à parte de qualquer distinção especial, pois, o estar “com Deus”, um lugar especial e distinto, é definitivamente declarado.

Sendo assim, a mente racional estaria inclinada a argumentar: então não podemos falar do Verbo como sendo Deus em qualquer sentido completo ou apropriado; mesmo que Ele não seja exatamente uma criatura, visto que Ele existia antes da criação. Tal raciocínio é categoricamente contradito pelas palavras finais do versículo 1, “o Verbo era Deus”Deidade essencial era d’Ele. Tentativas foram feitas para enfraquecer a força desta grande declaração, e traduzi-la como “o Verbo era Divino”, ou “o Verbo era um deus”, baseada na omissão do artigo definido; isto é, não é dito: “o Verbo era o Deus”. Mas nos é dito por aqueles que conhecem o grego que não há nessa língua qualquer artigo indefinido, e a palavra traduzida por “Deus” é forte, indicando a própria e absoluta Deidade; e se tivesse afirmado que o Verbo era oDeus, teria confinado Deidade ao Verbo e excluída das outras Pessoas da Divindade. As palavras são escolhidas com precisão divina: o Verbo era propriamente e absolutamente Deus.

Então o segundo versículo nos leva de volta à primeira e segunda afirmações do versículo 1. Essa Personalidade distinta que descreve o caráter do Verbo não é algo que foi assumido em algum ponto subsequente do tempo. A Personalidade Eterna era d’Ele. No princípio Ele estava assim “com Deus”, pois essa distinção de Personalidade está na própria essência da Divindade. Assim, tivemos quatro coisas declaradas do Verbo. Seu Ser eterno; Sua Personalidade distinta; Sua Deidade essencial; Sua eterna Personalidade. Qualquer outra coisa que tenhamos que aprender sobre o Verbo, aqui estão quatro coisas que deveriam nos curvar em humilde adoração.

Somos confrontados com uma quinta coisa no terceiro versículo: Ele é o Originador Criacional, e isso no mais pleno sentido. Agora chegamos às coisas que foram feitas; isto é, que vieram a existir. Nos versículos 1 e 2, uma palavra diferente é usada. O Verbo não veio a existir: Ele era, porque o Seu ser era eterno. Mas Ele originou tudo o que veio a existir, pois criou “todas as coisas”. Para não deixar a menor lacuna para um erro, isso é enfatizado na segunda parte do versículo. A linguagem é notável em vista da moderna “falsamente chamada ciência”, tão amplamente popularizada, que se empenha em explicar tudo “sem Ele”. Mentes incrédulas agarram-se à teoria da evolução, apesar de uma escassez patética de fatos para apoiá-la, e as evidências alegadas, são da descrição mais frágil, porque enquanto glorifica o homem, ela elimina o ELE. Mas na verdade Ele não pode ser eliminado. De todas as incontáveis coisas que originalmente receberam existência, nenhuma delas a recebeu à parte d’Ele.

Pondere esse fato; pois aqui temos a explicação dos céus declarando a glória de Deus, e do fato de que Deus foi feito conhecido em certa medida na criação, como é indicado em Romanos 1:19-20. O Verbo criou todas as coisas e, portanto, na criação existe uma verdadeira expressão, tão longe quanto possa chegar, do próprio Deus e de Sua mente. Damos expressão aos nossos pensamentos por meio de verbos; e a importância deste grande nome, VERBO, é que aqu’Ele que O carrega é a expressão de tudo o que Deus é; e, como os versículos 1 e 2 mostram, Ele mesmo, na Sua essência, É tudo aquilo que Ele expressa. A criação, da forma como brotou por meio do Verbo, não era algo sem sentido, desordenadamente misturado, mas uma declaração do poder e sabedoria de Deus.

Alcançamos, então, um sexto grande fato no quarto versículo. O Verbo tem vitalidade essencial. N’Ele, a vida não é derivada, mas original e essencial. Juntando isto com tudo o que foi afirmado antes, percebemos quão plenamente a inerente Deidade do Verbo é declarada e guardada. As palavras usadas são da maior brevidade e simplicidade – a maioria das palavras utilizadas nos primeiros quatro versículos é um monossílabo – mesmo assim estão carregadas com uma plenitude divina de significado, e como a espada do querubim em Gênesis 3:24, elas direcionam todos os detalhes para manter inviolada em nossa mente a verdade concernente aqu’Ele que é a Árvore da Vida para o homem. Este evangelho nos mostrará agora quão verdadeiramente a vida do crente é derivada d’Ele, mas o ponto no versículo 4 não é isso, mas que “a vida era a luz dos homens”. Este é o ponto que é retomado mais plenamente nos primeiros versículos da primeira epístola de João. A vida se manifestou e, consequentemente, o Deus que é luz veio para a luz e, sob essa luz, o crente caminha.

A luz na qual os homens devem andar não é meramente a da criação – por mais maravilhoso que seja – mas naquilo que foi exposto nas ações e palavras do Verbo. Quando o Verbo foi manifestado, a luz brilhou, mas a cena, em que a manifestação foi feita, foi de trevas. Em Gênesis 1, lemos como, pela palavra divina, a luz da criação irrompeu nas trevas; e oh! As trevas desapareceram. Aqui, temos a luz de uma ordem muito superior e aparece em meio às trevas morais e espirituais, que só poderiam ser dissipadas por uma verdadeira apreensão da luz. Mas ai! Essa apreensão estava faltando. No entanto, embora as trevas permanecessem, não havia outra luz para os homens além de “a vida”. Não há contradição nessas afirmações, pois, como tantas vezes, João está falando aqui das coisas de acordo com sua natureza abstrata, e ainda não chegou à narração histórica dos eventos.

Mas como aconteceu que a vida no Verbo realmente brilhasse nas trevas e se tornasse luz para os homens? A resposta a essa pergunta está no versículo 14. Antes de chegarmos a esse versículo, temos o importante parágrafo, versículos 6-13, onde começamos a ver as coisas de um ponto de vista histórico, e João Batista é introduzido para trazer à tona a suprema importância da “verdadeira Luz”. Esse João foi apenas um homem que apareceu como enviado por Deus; Sua missão é dar testemunho da Luz. É verdade que ele é chamado de “a candeia … que alumiava” em João 5:35, mas a palavra usada ali é “lâmpada” (ARA) em vez de “luz”. João brilhou como uma lâmpada e prestou testemunho, mas a verdadeira Luz é Ele que “vindo ao mundo ilumina todo homem” (JND). Não é que todo homem seja iluminado, ou o versículo 5 seria contraditório, mas que Ele não era uma luz parcial, mas sim como o Sol que lança seus raios universalmente. Nenhuma nação poderia ter o monopólio da verdadeira Luz; assim, imediatamente, este evangelho leva nossos pensamentos para além das fronteiras estreitas de Israel.

No restante deste parágrafo (vs. 10-13), temos mais declarações de natureza histórica que ampliam e esclarecem o que nos foi dito nos versículos 4 e 5. Já aprendemos que o Verbo é uma Pessoa na Divindade, que Sua vida brilhou como luz para os homens, embora no meio das trevas; agora descobrimos que o mundo era o lugar daquelas trevas, nas quais Ele entrou e que, embora tivesse feito o mundo, ele se tornara tão alienado que não O conhecia. Neste versículo novamente não é Israel ou o judeu, mas o mundo. A luz, que foi derramada por meio dos profetas, pode ter sido confinada a Israel, mas não o brilho da verdadeira Luz.

O apóstolo João frequentemente menciona o mundo em seus escritos, e ele sempre usa uma palavra “cosmos”, ou seja, o universo como um todo ordenado, ou às vezes, em um sentido mais restrito, apenas o nosso mundo como um todo ordenado. Esse é o sentido do mundo neste versículo. Como Criador, Ele fez o universo como um todo ordenado, e um momento maravilhoso chegou quando Ele foi encontrado naquele cosmos de uma maneira especial. Ele estava lá entrando nesse cosmos mais restrito e menor, o que, infelizmente, se tornou pervertido e alienado pelo pecado – tão pervertido que nem mesmo a Ele conheceu.

Então, estreitando ainda mais o ponto, Ele chegou realmente a um canto mais obscuro daquele cosmos, onde foram encontradas Suas próprias coisas, como havia sido indicado pela profecia; mas Seu próprio povo – Israel – com quem aquelas coisas estavam conectadas, não O recebeu. Ele foi rejeitado, pois as trevas não puderam apreendê-Lo. Mas, embora fosse assim, havia exceções, como este evangelho continuará a nos mostrar. Alguns O receberam, crendo em Seu Nome. Eles não eram das trevas. Seus olhos estavam abertos e eles O apreenderam, vendo e crendo na glória de Seu Nome. Como consequência, receberam d’Ele autoridade para se tornarem filhos de Deus, e não judeus melhores e mais iluminados. A palavra “filhos (uihos)2 aqui significa especificamente “nascidos de Deus”; esta é outra palavra que João usa habitualmente, em vez da palavra “filhos (teknon), que é mais usada por Paulo. Há uma pequena diferença entre as duas. Está em vista o mesmo bendito relacionamento com Deus, mas, como “filhos (teknon), nossa maturidade e posição nessa relação estão mais em destaque; como “nascidos de Deus (uihos)”, a ênfase é colocada no fato de que nascemos verdadeira e vitalmente de Deus.

Essa é a ênfase aqui, como mostra o versículo 13. O judeu se vangloriava de ter o sangue de Abraão em suas veias, assim como hoje um homem pode gabar-se de ter nascido de sangue aristocrático ou mesmo real. Aquelas almas humildes, que, como exceções à regra, receberam a Cristo quando Ele veio, nasceram de Deus. A vontade da carne nunca teria produzido isso, pois a carne é totalmente oposta a Deus. A vontade do homem, nem mesmo dos melhores homens, poderia ter produzido isso: está totalmente além dos poderes do homem. O nascimento deles foi de Deus, como um ato divino; e aqu’Ele que eles receberam em fé deu-lhes o direito formal de tomar o lugar que essencialmente lhes pertencia.

Como foi que as almas piedosas, de quem temos um vislumbre em Lucas 1 e 2, receberam o Cristo no instante em que Ele apareceu? Não porque tivessem o sangue de Abraão: não porque a carne neles era de um tipo tão superior que os impelia a fazê-lo: não porque fossem influenciados pela poderosa vontade de algum

Mas como aconteceu que a vida no Verbo realmente brilhasse nas trevas e se tornasse luz para os homens? A resposta a essa pergunta está no versículo 14. Antes de chegarmos a esse versículo, temos o importante parágrafo, versículos 6-13, onde começamos a ver as coisas de um ponto de vista histórico, e João Batista é introduzido para trazer à tona a suprema importância da “verdadeira Luz”. Esse João foi apenas um homem que apareceu como enviado por Deus; Sua missão é dar testemunho da Luz. É verdade que ele é chamado de “a candeia … que alumiava” em João 5:35, mas a palavra usada ali é “lâmpada” (ARA) em vez de “luz”. João brilhou como uma lâmpada e prestou testemunho, mas a verdadeira Luz é Ele que “vindo ao mundo ilumina todo homem” (JND). Não é que todo homem seja iluminado, ou o versículo 5 seria contraditório, mas que Ele não era uma luz parcial, mas sim como o Sol que lança seus raios universalmente. Nenhuma nação poderia ter o monopólio da verdadeira Luz; assim, imediatamente, este evangelho leva nossos pensamentos para além das fronteiras estreitas de Israel.

No restante deste parágrafo (vs. 10-13), temos mais declarações de natureza histórica que ampliam e esclarecem o que nos foi dito nos versículos 4 e 5. Já aprendemos que o Verbo é uma Pessoa na Divindade, que Sua vida brilhou como luz para os homens, embora no meio das trevas; agora descobrimos que o mundo era o lugar daquelas trevas, nas quais Ele entrou e que, embora tivesse feito o mundo, ele se tornara tão alienado que não O conhecia. Neste versículo novamente não é Israel ou o judeu, mas o mundo. A luz, que foi derramada por meio dos profetas, pode ter sido confinada a Israel, mas não o brilho da verdadeira Luz.

O apóstolo João frequentemente menciona o mundo em seus escritos, e ele sempre usa uma palavra “cosmos”, ou seja, o universo como um todo ordenado, ou às vezes, em um sentido mais restrito, apenas o nosso mundo como um todo ordenado. Esse é o sentido do mundo neste versículo. Como Criador, Ele fez o universo como um todo ordenado, e um momento maravilhoso chegou quando Ele foi encontrado naquele cosmos de uma maneira especial. Ele estava lá entrando nesse cosmos mais restrito e menor, o que, infelizmente, se tornou pervertido e alienado pelo pecado – tão pervertido que nem mesmo a Ele conheceu.

Então, estreitando ainda mais o ponto, Ele chegou realmente a um canto mais obscuro daquele cosmos, onde foram encontradas Suas próprias coisas, como havia sido indicado pela profecia; mas Seu próprio povo – Israel – com quem aquelas coisas estavam conectadas, não O recebeu. Ele foi rejeitado, pois as trevas não puderam apreendê-Lo. Mas, embora fosse assim, havia exceções, como este evangelho continuará a nos mostrar. Alguns O receberam, crendo em Seu Nome. Eles não eram das trevas. Seus olhos estavam abertos e eles O apreenderam, vendo e crendo na glória de Seu Nome. Como consequência, receberam d’Ele autoridade para se tornarem filhos de Deus, e não judeus melhores e mais iluminados. A palavra “filhos (uihos)2 aqui significa especificamente “nascidos de Deus”; esta é outra palavra que João usa habitualmente, em vez da palavra “filhos (teknon), que é mais usada por Paulo. Há uma pequena diferença entre as duas. Está em vista o mesmo bendito relacionamento com Deus, mas, como “filhos (teknon), nossa maturidade e posição nessa relação estão mais em destaque; como “nascidos de Deus (uihos)”, a ênfase é colocada no fato de que nascemos verdadeira e vitalmente de Deus.

Essa é a ênfase aqui, como mostra o versículo 13. O judeu se vangloriava de ter o sangue de Abraão em suas veias, assim como hoje um homem pode gabar-se de ter nascido de sangue aristocrático ou mesmo real. Aquelas almas humildes, que, como exceções à regra, receberam a Cristo quando Ele veio, nasceram de Deus. A vontade da carne nunca teria produzido isso, pois a carne é totalmente oposta a Deus. A vontade do homem, nem mesmo dos melhores homens, poderia ter produzido isso: está totalmente além dos poderes do homem. O nascimento deles foi de Deus, como um ato divino; e aqu’Ele que eles receberam em fé deu-lhes o direito formal de tomar o lugar que essencialmente lhes pertencia.

Como foi que as almas piedosas, de quem temos um vislumbre em Lucas 1 e 2, receberam o Cristo no instante em que Ele apareceu? Não porque tivessem o sangue de Abraão: não porque a carne neles era de um tipo tão superior que os impelia a fazê-lo: não porque fossem influenciados pela poderosa vontade de algum

homem bom. Simplesmente porque eles nasceram de Deus. Foi um ato divino. Quando chegarmos a João 10, encontraremos o mesmo fato básico declarado de outra maneira. Quando o Pastor chegou ao rebanho, encontrou alguns que eram “suas próprias ovelhas”, que ouviram Sua voz e foram conduzidas por Ele. Havia muitos que eram Suas ovelhas num aspecto nacional, mas que não eram Suas próprias ovelhas no sentido em que Maria Madalena e os discípulos e a família de Betânia e Simeão e Ana estavam. Essas pessoas nascidas de Deus foram as que O receberam.

Agora, no versículo 14, retornamos ao tema do versículo 5, e encontramos um sétimo grande fato quanto ao Verbo. Ele Se fez carne e habitou entre nós. Os versículos 1 e 2 nos dizem o que Ele era essencialmente e eternamente. O versículo 14 nos diz em que Ele Se tornou. Ele Se tornou carne; isto é, Ele assumiu a Humanidade perfeita; e assim todos os outros seis grandes fatos nos são revelados e se tornam disponíveis para nós. Somente quando Ele Se colocou em relação com a criatura dessa maneira, é que este Ser absoluto e com existência própria pôde ser corretamente conhecido pelos homens.

O fato de que o Verbo Se fez carne garante não apenas que Ele possuía um corpo humano real (que foi negado por alguns dos primeiros hereges), mas também que passou por anjos e “tomou a semente de Abraão” (Hb 2:16), Ele havia Se tornado, em todo o sentido, um homem. É significativo que é neste evangelho, que começa com uma afirmação tão completa de Sua divindade, que Ele fala de Si mesmo como um “Homem” (8:40). Por fim, tudo o que Deus é, foi revelado a homens em um Homem. Ele habitou entre nós “cheio de graça e verdade”. A base de toda verdade está no conhecimento de Deus. Se esse conhecimento chegasse a nós apartado da graça, teria nos destruído; mas aqui estava Um cheio de graça e verdade, e habitando entre nós.

No versículo 14, há um parêntese colocado entre colchetes em nossas bíblias3, mas o versículo 15 também é um parêntese, embora não colocado entre colchetes. O primeiro nos diz que os apóstolos, e tantos outros “quantos O receberam” (v. 12), viram Sua glória, e foi “como de um unigênito com um pai” (JND), e não como a glória do Sinai. Essa era a glória atribuída à Majestade e à justa exigência; esta era a glória conectada com um relacionamento íntimo e afetuoso.

O segundo parêntese traz brevemente o testemunho de João, que é referido mais detalhadamente em alguns versículos depois, para mostrar que ele discerniu a pré-existência e, portanto, a glória divina daqu’Ele de Quem ele deu testemunho. Historicamente Ele veio depois dele, tanto em Seu nascimento como em Sua entrada no ministério, mas Ele existiu antes dele, e assim tomou o primeiro e supremo lugar.

Eliminando em nossa mente os dois parênteses, teremos, “o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e verdade; e todos nós recebemos também da Sua plenitude”Novamente aqui é afirmado o resultado para “nós” que cremos. Somente “todos quantos O receberam” podem verdadeiramente dizer “nós recebemos” da Sua plenitude; mas estes tais podem dizê-lo, e todos esses “quantos” podem em sua totalidade, graças a Deus! A plenitude da graça e a plenitude da verdade são a porção de cada um, até mesmo do mais fraco, embora eles nunca conseguirão explorar toda a plenitude dela. Graça é especialmente enfatizada. Precisamos dela, empilhadas às alturas das montanhas – “graça sobre graça”. Por meio de Moisés a lei foi dada, formulando as exigências de Deus, mas não estabelecendo nada. A graça e a verdade surgiram aqui e foram estabelecidas pelo advento de Jesus Cristo.

Finalmente, João claramente identificou a Pessoa, conhecida entre os homens que é o Verbo. O Verbo Se fez carne, habitando entre nós, cheio de graça e verdade. E a maravilha é que essa plenitude está em Jesus Cristo. Este magnífico prefácio ao evangelho levou-nos diretamente a JESUS.