Este breve estudo a respeito do Espírito Santo não busca apresentar qualquer novidade, mas é fruto do desejo de colocar diante dos amados santos de Deus o ensino das Escrituras sobre este importante assunto. Que estas linhas possam levar o leitor a uma meditação cuidadosa sobre as passagens bíblicas que são constantemente citadas neste estudo. Aquele que desejarem um ministério que dê uma explanação mais ampla do assunto devem buscá-lo nos escritos de J. N Darby, W. Kelly e Dr. W. T. P. Wolston Que o Senhor possa abençoar abundantemente Sua própria Palavra para todos aqueles que venham a ler estas linhas.
H. E. Hayhoe
Uma busca cuidadosa nas Escrituras irá mostrar que toda obra de Deus tem sido, e sempre será, em Trindade. É sempre Deus o Pai, em Seu propósito; Cristo, o Filho, como Aquele que executa esses propósitos, e o Espírito, por meio de cujo poder os propósitos são executados.
O Espírito Santo é eterno. (Hebreus 9.14.) Ele é uma Pessoa e não apenas uma influência, pois o Senhor Jesus diz em João 14.16, “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”.
Ele convence o mundo do pecado e avisa do juízo prestes a vir. (João 16.8-11.) Ele guia a toda a verdade; Ele glorifica a Cristo, e cuida das coisas de Cristo, e as mostra para nós. (João 16.13,14.) Ele, o Espírito Santo, fala em João 16.13, Atos 13.2, 1 Timóteo 4.1 e Apocalipse 14.13.
Ele reparte a cada um conforme Ele quer. (1 Coríntios 12.11.) Ele nos auxilia em nossas fraquezas e intercede pelos santos. (Romanos 8.26.) Ele possui os pensamentos de Deus, por isso temos a mente do Espírito, conforme a vontade de Deus. (Romanos 8.27.) Ele é o Espírito de verdade – sendo as próprias palavras das Escrituras a expressão do Espírito. (João 16.13; 1 Coríntios 2.13) O que caracteriza esta presente dispensação (que começou no dia de Pentecostes e terminará com a vinda de Cristo como Noivo para a Sua noiva), é a presença do Espírito Santo de Deus sobre este mundo como uma Pessoa divina. Ele habita na casa professante da Cristandade. (Atos 2.2; 1 Coríntios 3.16,17; Efésios 2.22.) Ele também habita em cada crente. (1 Coríntios 6.19.) Ele é para nós a testemunha de tudo o que Cristo é e de tudo o que Ele fez para a glória de Deus. Também é pelo Espírito que somos levados à privilegiada posição de aceitação em Cristo e de glória vindoura juntamente com Ele. Ele pode ser entristecido por nossa conduta, mas nunca nos deixará. (Efésios 4.30; João 14.16.) Toda obra de Deus é, como sempre foi, pelo Espírito. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus foi o poder na criação. (Gênesis 1.2, Salmos 104.30.) O Espírito de Deus desceu sobre os santos do Antigo Testamento, mas não habitou neles. (2 Crônicas 15.1.) Algumas vezes isso aconteceu mesmo com aqueles que não pertenciam à família de fé, como Balaão e Saul, no Antigo Testamento (Números 24.2; 1 Samuel 10.10), e Caifás, no Novo Testamento. (João 11.51.) A vida eterna, agora recebida por fé, é desfrutada pelo poder de um Espírito não entristecido. (João 7.37-39; Efésios 4.30.) A compreensão das coisas de Deus é fruto de um andar na presença de um Espírito não entristecido. (1 Coríntios 2.15.) O Espírito de Deus irá sempre ocupar a mente, e encher o coração com Cristo, nunca com o próprio “eu”, salvo nos casos em que o “eu” precise ser julgado. Isto nos conserva em temor, porém alegres. Em temor por sermos tão pouco conformados a Ele, e alegres por Ele nos amar tanto.
NASCIDO DO ESPÍRITO
Foi sempre pelo Espírito que a vida foi dada a todo aquele que pertence à família de fé. (Ezequiel 11.19; 36.26,27; João 3.5; 6.63.) Agora todo crente tem “vida em abundância”. (João 10.10.) Trata-se de vida em Cristo ressuscitado (João 20.22), de forma que possuímos uma vida sobre a qual o pecado não tem domínio (Romanos 6.14), sobre a qual a morte não tem nenhum direito (1 Coríntios 3.22), e sobre a qual Satanás não tem qualquer poder (1 João 5.18). Essa vida será manifestada na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme 1 Tessalonicenses 4.15-17.
Os santos do Antigo Testamento possuíam vida pelo Espírito, mas não aquela vida à qual as Escrituras se referem como “vida abundante”. A vinda do Espírito Santo e Sua habitação em nós deram-nos o conhecimento de filiação, que significa um parentesco consciente que nos capacita a dizer: “Aba, Pai”. (Gálatas 4.6.) Uma vez de posse desta vida, temos comunhão de pensamento em unidade de vida, por termos vida no Filho que nos revelou o Pai. O Espírito testifica d’Ele e da Sua obra a fim de que, por meio da fé, tomemos posse do gozoso conhecimento do parentesco que hoje temos.
Somos nascidos de Deus (1 João 5.1), participantes da natureza divina (2 Pedro 1.4; Efésios 4.24), e habitados pelo Espírito Santo. (1 Coríntios 6.19.)
O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O batismo com o Espírito Santo aconteceu no dia de Pentecostes quando todo aquele grupo reunido no andar superior da casa recebeu o Espírito Santo. Naquela ocasião o Espírito Santo “encheu toda a casa” (Atos 2.2), e encheu também cada um dos que estavam na casa. (vers. 4.) As “línguas repartidas” demonstravam o propósito de Deus em fazer tanto judeus como gentios um em Cristo, enquanto que o fato de serem “como que de fogo” (figura de um juízo), nos faz lembrar que “a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre”. (Salmo 93.5.) Isto se tornou evidente no julgamento de Ananias e Safira. (Atos 5.) Algo similar ao batismo com o Espírito aconteceu quando os gentios foram publicamente recebidos, em Atos 10.44 e 11.15. É a isso que se refere 1 Coríntios 12.13, quando foi dada a Paulo a revelação da verdade da igreja como sendo o Corpo de Cristo.
Uma vez que a igreja já foi formada, o batismo com o Espírito não se repete em nossos dias. Hoje os crentes são acrescentados, à medida que cada um recebe o Espírito Santo individualmente, como consequência de sua fé em Cristo e na Sua obra. (Efésios 1.13.) É bom frisar que em nossos dias o Espírito não é dado pela imposição de mãos. Além disso, mesmo na igreja primitiva, o Espírito nem sempre foi recebido desta maneira (veja Atos 10.44), mas Deus usou este meio em ocasiões especiais para preservar a igreja dos grupos nacionais independentes entre si. Foi o cumprimento de João 11.52. Podemos ver isto quando os samaritanos foram recebidos. (Atos 8.17.) Também quando foi recebido Saulo de Tarso, para que a ele pudesse ser dada a verdade de que os crentes em Cristo são um com Ele e para que Saulo pudesse se identificar com eles. (Atos 9.4,28.) Vemos isto novamente quando alguns gentios, que conheciam apenas o batismo de João, foram recebidos. (Atos 19.6.) “Há um só corpo e um só Espírito.” (Efésios 4.4.)
A UNÇÃO DO ESPÍRITO
A unção do Espírito é dada para o serviço. (Lucas 4.18.) O sacerdote em Israel era ungido para o serviço (Êxodo 29). A unção era para separar pessoas para o Senhor, ou, no caso da adoração de Israel, coisas usadas na adoração. Hoje, nós que somos salvos, somos ungidos pelo Espírito. (2 Coríntios 1.21; 1 João 2.27.)