C.H.Mackintosh – God’s Way And How To Find It
(Leia Jó 28 e Lucas 11:34-36)
“Essa vereda a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha. Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela” (Jó 28:7-8)
Que indizível misericórdia, para alguém que realmente deseja andar com Deus, saber que há um caminho onde andar! Deus preparou um caminho para Seus redimidos, no qual eles podem, resolutos, andar com toda a certeza e tranquilidade possíveis. É um privilégio que pertence a todo filho de Deus, e a todo servo de Cristo, ter tanta certeza de que se encontra no caminho de Deus, quanto de que sua alma está salva.
Esta afirmação pode parecer muito forte, mas a questão é: Será ela verdadeira? Se for verdadeira, nunca será demasiado forte. Sem dúvida pode ser que, numa época como esta em que vivemos e em meio a um cenário como o que nos cerca, afirmar que temos certeza de estar no caminho de Deus tenha, para alguns, um certo cheiro de confiança própria e dogmatismo. Mas o que dizem as Escrituras? Elas declaram que existe um caminho, e também nos dizem como encontrá-lo e como andarmos nele. Sim, a mesma voz que nos fala da Salvação de Deus para nossas almas também nos fala do caminho de Deus para nossos pés – a mesma autoridade que nos assegura que “aquele que crê no Filho tem a vida eterna”, nos assegura também que há um caminho tão claro que “os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão” (Is 35:8).
Isto, repetimos, é uma prova de misericórdia – misericórdia para todas as épocas, mas principalmente para um tempo de confusão e ansiedade como este em que vivemos. É por demais comovente vermos o estado de incerteza em que muitos dentre o amado povo de Deus se encontram no presente momento. Não estamos nos referindo agora à questão da salvação, da qual já falamos largamente em outras ocasiões; mas o que temos agora diante de nós é o caminho do cristão – o que ele deve fazer, onde ele deve ser visto, como ele deve conduzir-se em meio a uma Igreja professa.
Acaso não é verdade que multidões dentre o povo do Senhor encontram-se à deriva em relação a estas coisas? E quantos há que, se fossem colocar para fora os verdadeiros sentimentos de seus corações, teriam que reconhecer que encontram-se em uma condição bastante incerta – teriam que confessar que não sabem o que fazer, para onde ir, ou em que crer. Agora, a questão é a seguinte: Será que Deus queria abandonar Seus filhos, será que Cristo desejaria deixar Seus servos, em uma tal escuridão e confusão?
“Senhor bendito, ao Te seguir,
Sei que nada devo temer,
Pois nunca em trevas vou cair
Pois Tu, meus, pés queres mover.”
Porventura não pode uma criança conhecer a vontade de seu pai? Não pode um servo conhecer a vontade de seu senhor? E se assim é em nosso relacionamento terreno, quanto mais, e com quão maior plenitude, podemos contar com isso em referência a nosso Pai e a nosso Senhor no céu! Quando, no passado, Israel saiu do Mar Vermelho e achou-se às margens daquele grande e terrível deserto que havia entre eles e a terra da promessa, como é que poderiam saber o caminho? A areia do deserto, uniforme e sem trilhas, estava em todo o redor. Seria em vão procurar por qualquer sinal de pegadas. Era uma vastidão inóspita na qual os olhos da ave de rapina eram incapazes de descobrir um caminho.
Moisés sentiu isso quando disse a Hobabe: “Ora não nos deixes: porque tu sabes que nós nos alojamos no deserto; de olhos nos servirás” (Nm 10:31). Nossos incrédulos corações podem muito bem entender esta comovente súplica! Quanto se almeja por um guia humano em meio a um cenário de perplexidade! Quão ingenuamente o coração se apega a alguém que julgamos competente para dar-nos a direção em momentos de dificuldade e escuridão!
E, ainda assim, podemos perguntar: O que é que Moisés queria com os olhos de Hobabe? Porventura Jeová já não havia graciosamente tomado o encargo de ser seu Guia? Sim, verdadeiramente; pois nos é dito que “no dia de levantar o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do testemunho: e à tarde estava sobre o tabernáculo como uma aparência de fogo até à manhã. Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre que a nuvem se alçava sobre a tenda, os filhos de Israel após ela partiam: e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o seu arraial. Segundo o dito do Senhor, os filhos de Israel partiam, e segundo o dito do Senhor assentavam o arraial: todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo assentavam o arraial. E, quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernáculo, então os filhos de Israel tinham cuidado da guarda do Senhor, e não partiam. E era que, quando a nuvem poucos dias estava sobre o tabernáculo, segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor partiam. Porém era que, quando a nuvem desde a tarde até a manhã ficava ali, e a nuvem se alçava pela manhã, então partiam: quer de dia quer de noite, alçando-se a nuvem partiam. Ou, quando a nuvem sobre o tabernáculo se detinha dois dias, ou um mês, ou um ano, ficando sobre ele, então os filhos de Israel se alojavam, e não partiam: e alçando-se ela partiam. Segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor partiam: da guarda do Senhor tinham cuidado segundo o dito do Senhor pela mão de Moisés” (Nm 9:15-23).
Aqui estava a direção divina – a direção, podemos dizê-lo com certeza, mais que suficiente para mantê-los livres da influência de seus olhos, dos olhos de Hobabe, e dos olhos de qualquer outro mortal. É interessante notar que na abertura do livro de Números, ficou estabelecido que a arca do concerto deveria ocupar o seu lugar bem no seio da congregação; mas o capítulo 10 nos fala de quando partiram “do monte do Senhor caminho de três dias: e a arca do concerto do Senhor caminhou diante deles caminho de três dias para lhes buscar lugar de descanso” (Nm 10:33). Ao invés de Jeová encontrar um lugar de descanso no meio de Seu povo redimido, Ele passa a ser seu Guia de viagem, e vai diante deles a fim de buscar para eles um lugar de descanso.
Que comovente graça temos diante de nós! E que fidelidade! Se for para Moisés pedir a Hobabe que seja o guia deles, e isso bem diante da provisão dada por Deus – da própria nuvem e da trombeta de prata, então Jeová irá deixar o Seu lugar no centro das tribos e ir adiante deles para buscar-lhes um lugar de descanso. E porventura Ele não conhecia bem o deserto? Não seria Ele melhor para o povo do que dez mil Hobabes? Não poderiam eles confiar nEle? Sim, com toda certeza. Ele não os deixaria errar. Se a Sua graça os havia redimido da escravidão do Egito, e os tinha conduzido através do Mar Vermelho, certamente eles poderiam confiar na mesma graça para guiá-los através daquele grande e terrível deserto, e introduzi-los seguros na terra onde manava leite e mel.
Mas é bom que se tenha em mente que, para que se possa desfrutar da direção divina, deve haver o abandono de nossa própria vontade, e de toda a confiança em nossos próprios raciocínios, bem como de toda a confiança nos pensamentos e raciocínios de outros. Se tenho Jeová como meu Guia, já não necessito de meus próprios olhos ou dos olhos de algum Hobabe tampouco. Deus é suficiente: posso confiar nEle. Ele conhece todo o caminho através do deserto; e, por conseguinte, se mantenho meus olhos nEle, serei perfeitamente guiado.
Mas isto nos leva à segunda parte de nosso assunto, a saber: Como posso encontrar o caminho de Deus? Com toda certeza, uma questão da maior importância. Para onde devo me voltar para encontrar o caminho de Deus? Se os olhos da ave de rapina, tão aguçados, tão potentes, tão capazes de enxergar longe, não podem vê-lo, – se o leão, tão vigoroso em seu andar, tão majestoso em seu parecer, não pôde trilhá-lo, – se o homem não lhe conhece o valor, e se ele não se acha na terra dos viventes, – se o abismo diz: Não está comigo, e o mar diz: Não está comigo, – se não pode ser conseguido com ouro ou pedras preciosas, – se toda a riqueza do Universo não pode igualar-se a ele, e nem toda a inteligência humana pode descobri-lo, – então para onde devo voltar-me? Onde devo encontrá-lo?
Devo eu voltar-me para aqueles grandes padrões de ortodoxia que governam o pensamento religioso e os sentimentos de milhões de pessoas espalhadas por toda a extensão da Igreja professa? Será que esse tremendo caminho de sabedoria é para ser encontrado com eles? Será que eles se constituem numa exceção para a regra ampla, geral e irrestrita de Jó 28? Certamente que não. O quê, então, devo fazer? Sei que há um caminho. Deus, que não pode mentir, declara isso, e eu creio; mas onde devo encontrá-lo? “Donde pois vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência? Porque está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu. A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.”
Parece não haver esperanças para um pobre ignorante mortal qualquer que queira buscar este caminho tão maravilhoso. Mas – bendito seja Deus – não é o que sucede; não se trata, modo algum, de algo inacessível, pois “Deus entende o seu caminho, e Ele sabe o seu lugar. Porque Ele vê as extremidades da Terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus. Quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas. Quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões; então a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou. Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência” (Jó 28:23-28).
Aqui está, portanto, o divino segredo da sabedoria: “O temor do Senhor”. Isto coloca a consciência diretamente na presença do Senhor, que é o único lugar verdadeiro. O objetivo de Satanás é manter a consciência fora desse lugar – é trazê-la sob o poder e autoridade do homem – guiá-la em sujeição a mandamentos de doutrinas de homens – fazê-la crer em algo, não importa o que seja, que possa ficar entre a consciência e a autoridade de Cristo o Senhor. Pode ser um credo ou uma confissão de fé que contenha uma boa parcela de verdade, – pode ser a opinião de um homem ou de um grupo de homens, – o modo de entender de algum mestre favorito, – em suma, qualquer coisa que possa introduzir-se no coração e usurpar o lugar que pertence somente à Palavra de Deus. Este é um engano terrível e uma pedra de tropeço – um empecilho dos mais sérios em nosso progresso nos caminhos do Senhor.
A Palavra de Deus deve governar os homens – a pura e simples Palavra de Deus, e não a interpretação que os homens fazem dela. Sem dúvida alguma, Deus pode usar um homem para abrir esta Palavra para minha alma; mas então não será a expressão dada pelo homem à Palavra de Deus que irá me governar, mas a Palavra de Deus expressa pelo homem. Isto é algo de suma importância. Devemos ser exclusivamente ensinados e exclusivamente governados pela Palavra do Deus vivo. Nada mais irá nos manter, ou dará solidez e consistência a nosso caráter e ao nosso andar como cristãos.
Existe, dentro de nós e ao nosso redor, uma forte tendência de sermos governados pelos pensamentos e opiniões de homens – por aqueles grandes padrões de doutrina que os homens estabeleceram. Tais padrões e opiniões podem levar um grande volume de verdade – podem ser todos verdadeiros naquilo que abrangem; não é este o ponto em questão aqui. O que temos o desejo de insistir com o leitor cristão é que ele não deve ser governado pelos pensamentos de seus semelhantes, mas pura e simplesmente pela Palavra de Deus. Já que não há valor algum em se receber a doutrina vinda de um homem, devo recebê-la diretamente do próprio Deus. Deus pode usar um homem para comunicar Sua verdade; mas a menos que eu a receba como vinda de Deus, ela não exercerá o divino poder sobre meu coração e minha consciência; ela não me levará a um contato vivo com Deus, mas irá até mesmo impedir tal contato, por colocar algo entre minha alma e Sua santa autoridade.
Gostaríamos imensamente de nos estender neste grande princípio e insistir nele; mas temos que nos conter por ora, a fim de expor ao leitor um ou dois pontos solenes e de natureza prática que aparecem no capítulo onze de Lucas, – pontos que, se analisados, nos capacitarão a entender um pouco melhor como encontrar o caminho de Deus. Vamos citar a passagem toda : “A candeia do corpo é o olho. Sendo pois o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê pois que a luz que em ti há não sejam trevas. Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplandor” (Lc 11:34-36).
Portanto, nos é dado aqui o verdadeiro segredo de se discernir o caminho de Deus. Pode parecer difícil, em meio ao turbulento mar da cristandade, manter o rumo certo. Há tantas vozes conflitantes entrando em nossos ouvidos. Tantos pontos de vista opostos que chamam nossa atenção, homens de Deus diferem de tal modo na interpretação, sombras de opinião multiplicam-se assim, a ponto de parecer impossível chegar-se a uma conclusão genuína. Dirigimo-nos a um homem que, pelo que podemos julgar, parece ter um “olho simples”, e ele nos diz uma coisa; vamos a outro homem que também parece ter um “olho simples” e ele diz exatamente o contrário. O que podemos pensar disso? Bem, uma coisa é certa: nosso próprio olho não é simples quando nos encontramos correndo, em incerteza e perplexidade, de um homem para outro. O olho simples está fixado em Cristo somente, e assim o corpo é cheio de luz.
O israelita do passado não precisava ficar correndo de um lado para outro para consultar seus semelhantes quanto ao caminho certo. Cada um tinha a mesma direção divina, a saber, a coluna de nuvem de dia, e a coluna de fogo à noite. Em suma, o próprio Jeová era o Guia infalível de cada membro da congregação. Eles não eram colocados sob a direção do homem mais inteligente, mais sagaz ou experiente da assembléia; tampouco eram deixados para que seguissem seus próprios caminhos, – cada um devia seguir o Senhor. A trombeta de prata anunciava a todos, igualmente, qual a vontade de Deus; e ninguém que tivesse os ouvidos atentos ficava em desvantagem. Os olhos e ouvidos de cada um deviam estar dirigidos para Deus somente, e não para algum mortal seu semelhante. Foi este o segredo de terem sido guiados no passado naquele deserto sem trilhas ou caminhos, e é este o segredo para sermos guiados no vasto deserto moral pelo qual os redimidos de Deus estão passando agora. Alguém pode dizer: Escute a mim; e outro pode dizer: Escute a mim; e um terceiro pode dizer: Deixe que cada um escolha o seu caminho. Mas o coração obediente diz, em oposição a todos eles: Devo seguir a meu Senhor.
Isto torna tudo tão simples. Não irá, de modo algum, incitar alguém a cair em um arrogante espírito de independência; muito pelo contrário. Quanto mais eu for ensinado a depender somente de Deus para direção, mais irei deixar de confiar em mim e de olhar para mim; e isto certamente não é independência. Na realidade, ao fazer com que eu sinta minha responsabilidade para com Cristo somente, isto irá me livrar de seguir servilmente qualquer homem; e é isto o que é tão necessário no momento presente. Quanto mais de perto examinarmos os elementos que imperam na Igreja professa, mais ficaremos convencidos de nossa necessidade pessoal desta completa sujeição à autoridade divina, o que é apenas outro nome para o “temor do Senhor”, ou para o “olho simples”.
Existe uma breve sentença no princípio de Atos dos Apóstolos, que fornece um perfeito antídoto tanto para a vontade própria, quanto para o medo servil do homem, que é o que tanto vemos hoje ao redor. O antídoto é: “Importa obedecer a Deus” (At 5:29). Que tremenda afirmação! “Importa obedecer.” Esta é a cura para a vontade própria. “Importa obedecer a Deus”. É esta a cura para a sujeição servil aos mandamentos e doutrinas de homens. Deve haver obediência; mas obediência a quê? À autoridade de Deus, e só a ela. Assim a alma é guardada, por um lado, da influência da infidelidade, e por outro, da superstição. A infidelidade diz: Faça como você quiser. A superstição diz: Faça como o homem ordena. A fé diz: “Importa obedecer a Deus”.
Aqui está o santo equilíbrio da alma em meio às influências confusas e antagônicas ao nosso redor nestes dias. Como um servo, devo obedecer a meu Senhor; como um filho, devo escutar com atenção os mandamentos de meu Pai.
E não devo ser negligente nisto, apesar de correr o risco de não ser compreendido por meus irmãos e companheiros. Devo lembrar que o primeiro compromisso de minha alma é com o próprio Deus.
Aquele, diante de Quem se prostram os anciãos,
É com Quem devo tratar, agora e então.
Trata-se de meu privilégio estar tão seguro de conhecer a vontade de meu Mestre acerca do caminho a seguir, como de possuir a Sua Palavra para a segurança de minha alma. Se não for assim, onde encontro-me, então? Acaso não é meu privilégio ter um olho simples? Sim, com certeza. E o que vem depois? Um “corpo luminoso”. Agora, se meu corpo está cheio de luz, como pode minha mente estar cheia de perplexidade? Impossível. As duas coisas são totalmente incompatíveis; e por conseguinte, quando alguém encontra-se imerso nas trevas da incerteza, está bem claro que seu olho não é simples. Ele pode parecer bem sincero, pode estar bem ansioso de ser guiado pelo caminho certo; mas pode ficar ciente de que existe a falta de um olho simples – este pré-requisito indispensável para a direção divina.
A Palavra é clara – “Sendo pois o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso” (Lc 11:34). Deus irá sempre guiar a alma humilde e obediente; mas, por outro lado, se não andamos em conformidade com a luz que nos é comunicada, então ficaremos em trevas. A luz pela qual não se atua transforma-se em trevas, e oh, “quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6:23). Nada é mais perigoso do que interferir com a luz que Deus concede. Acabará, cedo ou tarde, levando às piores consequências. “Vê pois que a luz que em ti há não sejam trevas” (Lc 11:35). “Escutai, e inclinai os ouvidos: não vos ensoberbeçais; porque o Senhor falou. Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando luz ele a mude em sombra de morte, e a reduza à escuridão” (Jr 13:15-16).
Isto é algo profundamente solene. Que contraste existe entre um homem com olho simples e um homem que não age na luz que Deus lhe deu! O primeiro tem seu corpo cheio de luz; o outro tem seu corpo cheio de trevas; um não tem nenhuma parte escura; o outro está mergulhado em horrível escuridão; um leva a luz a outros; o outro é uma pedra de tropeço no caminho. Não conhecemos nada mais solene que o ato judicial de Deus, em deveras transformar luz em trevas, por nos recusarmos a atuar na luz que Ele quis nos conceder.
Leitor cristão: Você está atuando em conformidade com a luz que tem? Acaso Deus enviou um raio de luz à sua alma? Será que Ele já mostrou que há algo errado em seu andar e naquilo com que você está associado? Você continua persistindo em alguma linha de ação que sua consciência lhe diz não estar totalmente de acordo com a vontade de seu Senhor? Procure para ver. “Dê glória ao Senhor teu Deus”. Atue na luz. Não hesite. Não meça as consequências. Obedeça a Palavra de seu Senhor, é o que suplicamos. Neste exato momento em que seus olhos percorrem estas linhas, deixe que a intenção de sua alma seja a de separar-se da iniquidade, onde quer que a encontre. Não diga: Aonde devo ir? O que devo fazer a seguir? O mal está em todo lugar. É escapar de um mal para mergulhar noutro. Não diga tais coisas; não argumente ou discuta; não busque resultados; não pense no que o mundo ou a igreja-mundo irá dizer de você; levante-se acima dessas coisas, e trilhe a senda da luz – esse caminho que brilha mais e mais até ser o dia perfeito de glória.
Lembre-se de que Deus nunca dá luz para dois passos de uma vez. Se Ele deu a você luz para um passo, então, no temor e amor do Seu Nome, dê aquele passo, e você irá, com certeza, conseguir mais luz – sim, cada vez mais. Mas se houver uma recusa para agir, a luz que há em você se transformará em rude escuridão, seu pé tropeçará nas montanhas de erro que estão em ambos os lados do caminho reto e estreito da obediência; e você acabará se tornando uma pedra de tropeço no caminho de outros. Algumas das mais opressivas pedras de tropeço existentes hoje no caminho daqueles que buscam ansiosamente, podem ser achadas em pessoas que um dia pareciam possuir a verdade, mas se desviaram dela. A luz que havia neles transformou-se em trevas, e oh, quão grandes e pavorosas trevas! Como é triste vermos aqueles que deveriam ser carregadores de luz, agindo como verdadeiros obstáculos para cristãos novos e sinceros! Mas, jovem cristão, não se deixe impedir por eles. O caminho é claro. “O temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência”. Que cada um escute e obedeça por si mesmo a voz do Senhor. “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas Me seguem” (Jo 10:27). Que o Senhor seja louvado por esta preciosa palavra! Ela põe cada um no lugar de responsabilidade direta para com o próprio Cristo; diz-nos claramente o que é o caminho de Deus, e, de modo igualmente claro, como encontrá-lo.
God’s Way And How To Find It
C.H.Mackintosh