O Advogado faz duas coisas: Suplica ao Pai por nós e aplica em nós a Palavra. Se pecamos, faz valer a súplica, assumindo, diante do Pai, a nossa causa contra o acusador. Pela aplicação da Palavra, revela nosso estado quanto à sua prática, contrastando-o com nossa posição, a qual é sempre mantida sem pecado pelo justo Advogado, O mesmo que já fez a propiciação.
O fracasso em nossa condição provém do fato de possuirmos duas naturezas habitando em nós. “Eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.” (Rm 7:25). E, embora pela fé, e em espírito, não estejamos mais na carne, ainda assim ela continua em nós (apesar de, pela fé, a considerarmos morta), e daí vem o fracasso. Não há desculpa, mas o fato é que falhamos. Nossa posição como filhos sempre permanece a mesma, ainda quando pecamos, e devemos isso ao justo Advogado que fez propiciação.
“Se alguém pecar, temos um Advogado.” (1 Jo 2:1). Mas temos falhado em nossa condição – encontramo-nos manchados. Nossos corpos estão lavados com água pura, isto é verdade (Hb 10:22); já recebemos o lavar da regeneração (Tt 3:5); somos nascidos de novo (Jo 3:3); e é por isso que não precisamos ser lavados novamente. João 13:10 diz que “aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos”.
Mas pecamos; sujamos nossos pés, por assim dizer, passando por este mundo que nos contamina pelo pecado. Não podemos ficar assim na presença do Pai. O que é que faz o Advogado, então? Ele aplica a Palavra em nós, lava nossos pés, e nos leva à confissão e ao juízo próprio. A recordação de nosso Advogado, que fez a propiciação, nos leva de joelhos de volta a nosso Pai, O qual nos perdoa e nos limpa de todas as nossas injustiças. Somos limpos em conformidade com o que Cristo é, como o Justo na presença do Pai. É este o lavar pela água da Palavra, não pelo sangue que nunca é repetido. Trata-se da aplicação da morte de Cristo, por meio da Palavra, na corrupção moral que provém da raiz de pecado. Assim a bendita obra do Advogado, por um lado para rogar pelos filhos diante o Pai no caso de pecarem, e, por outro, para lavar seus pés com a Palavra e tornar sua condição e seu andar condizentes com a posição que têm diante dEle.
Quão felizes somos por estarmos associados ao bendito Advogado – que por um lado suplica por nossos irmãos caso pequem, e por outro leva-lhes a Sua Palavra, lavando seus pés. Que o Senhor permita que os santos enxerguem o bendito privilégio que têm, de se valer do amor para cobrir pecados (Pv 10:12). Possam eles suplicar por seus irmãos, se pecarem, e agir em fidelidade a eles, levando-lhes a Palavra e lavando seus pés a fim de que possam ser lavados das contaminações. Vencerão assim o acusador por meio do sangue do Cordeiro, se for o caso de seus irmãos pecarem, e resistir-lhe-ão com desenvoltura, usando a Palavra de Seu testemunho, assim como fez o bendito Senhor.
O Senhor respondeu ao diabo, quando este O tentava procurando fazê-Lo pecar, usando sempre: “Está escrito”. Assim devemos fazer. E, se pecarmos, podemos, graças a Deus, sempre dar-lhe a resposta pelo sangue do Cordeiro, que é o bálsamo para toda ferida. O sangue do Cordeiro, e a Palavra, a espada do Espírito, são nossos instrumentos contra o diabo enquanto estamos aqui, e enquanto o Advogado defende nossa causa diante do Pai lá no céu. Somos assim sempre preservados, e somos vencedores, “mais do que vencedores, por Aquele que nos amou” (Rm 8:37).
P. Cecil