NOTAS SOBRE O SALMO 22

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O Salmo 22 nos foi dado por Deus para nossa devoção e adoração. O capítulo 53 de Isaías é um diálogo sobre os sofrimentos de Cristo entre Jeová, o profeta e o remanescente judeu fiel. O capítulo 2 de Jonas trata dos sofrimentos do Senhor descritos por Ele após ter passado por eles ou prevendo a libertação quando em meio a eles.

Mas este Salmo é mais tocante – trata-se do próprio Senhor Jesus expressando Seus próprios sofrimentos ao mesmo tempo em que os experimenta. Portanto, nele o Senhor expressa Suas percepções, sentimentos e emoções do sofrimento, tanto exterior como moral, durante aquelas seis horas, em seu caráter expiatório, governamental e moral tendo em vista sua justiça pessoal.

São registrados para nós sete aspectos de Seus sofrimentos neste belíssimo Salmo. A palavra “Amor” não é mencionada nele. Não é necessário fazê-lo quando lemos de sofrimentos tão profundos. Esses sofrimentos não estão registrados aqui em ordem cronológica, mas o primeiro lugar em importância é dado à expiação.

A expiação é a primeira coisa que é colocada diante de nós e de forma detalhada nos versículos 1 a 5. “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” O Senhor justifica a Deus nisso. Deus é santo. Em cada provação Ele nos apresenta os sentimentos mais profundos. Este é o registro do segundo período de três horas – trevas e um silêncio quase total.
“Opróbrio dos homens” (vers. 6). Refere-se à rejeição perpetrada pelos gentios.
“E desprezado do povo” (vers. 6). A nação recusou seu Rei, e declarou “Não queremos que este reine sobre nós” Lc 19:14.
Em seguida temos os líderes de Israel (vers. 11-15). São dados alguns detalhes aqui, e repare que Ele entra em seu profundo sofrimento ao se voltar a Deus em oração (vers. 11) – “Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem ajude. Muitos touros me cercaram; fortes touros de Basã me rodearam”, refere-se a esses líderes.

Os soldados romanos (vers. 16-19) são agora colocados diante de nós. Os sofrimentos do Senhor nas mãos desses soldados cruéis e brutais ganhou o seu lugar nos escritos sagrados. É algo digno de nota. Mais uma vez o Senhor ora e repete “não te alongues de mim”, mas acrescenta, de forma significativa, um “Força minha”. “Pois me rodearam cães” e as palavra proféticas do Senhor a respeito desses homens trazem uma riqueza de detalhes e precisão que confirma a autoridade divina e indestrutível delas, apesar de se tratar de um assunto tão triste.

(vers. 20) “Livra a minha alma da espada, e a minha predileta da força do cão”. Temos aqui o poder imperial romano. Deus inicialmente estabeleceu o governo neste mundo por meio de Noé para conter o mal, e mais tarde tirou de Israel o governo em virtude de seu fracasso. O governo foi entregue aos gentios, os quais, de forma fatal e cabal, revelaram o que realmente eram na forma do poder imperial romano representado por Poncius Pilatos lavando suas mãos na presença de um condenado, uma vítima inocente, e entregando o Filho de Deus nas mãos de seus assassinos.

Finalmente, “Salva-me da boca do leão” (vers. 21). Isto é sua morte. Três coisas eram essenciais para a expiação – que Ele fosse abandonado, que morresse e que Seu sangue fosse derramado. Trata-se de uma completa obra divina determinada por uma Pessoa divina, e não algo que tenha ficado sujeito a arrogantes desígnios. Ele lidou ali, diante de Deus, com a culpa e a degradação, em princípio e na sua totalidade. Mas seguiram-se ainda outras consequências do pecado do homem, como sofrimento, miséria, doença, dor e lágrimas. Ele “moveu-se muito em espírito, e perturbou-se” João 11:33. Trata-se do Senhor entrando em todo aquele pecado e em tudo o que significavam suas consequências, e talvez tenha sido isso que levou o autor de Hebreus, quando citou o Salmo 40, a omitir as palavras “Deleito-me”.

Bem podia o bendito Senhor dizer “Salva-me da boca do leão”, e também “se é possível, passe de mim este cálice. Todavia, Ele cumpriu a vontade de Deus e foi até a morte. E então, com um tom triunfante, as últimas palavras do Salmo são “porquanto Ele o fez”.

[autor desconhecido]