Muita confusão tem havido em torno da profecia, por não se discernir o lugar distinto que Israel e a Igreja ocupam nas Escrituras e nos propósitos de Deus. Temos recebido muitas cartas de leitores com dúvidas acerca do significado do capítulo 24 de Mateus e de outras passagens que falam da tribulação. De um modo geral, este capítulo trata do futuro, do tempo da tribulação e vinda de Cristo para Israel. A Igreja, que é formada por todos os salvos, será arrebatada antes da tribulação (Ap 3:10).
Mateus 24 trata do remanescente judeu que testemunhará durante a tribulação e dos eventos que ocorrerão no mundo naquela época. Ao contrário do que muitos pensam, o termo “levado” que aparece nos versículos 40 e 41 nada tem a ver com o arrebatamento. Muitos tentam aplicar estes versículos ao arrebatamento da Igreja, mas isso é tirá-los de seu contexto. O contexto é o assunto ao qual o Senhor vem Se referindo nos versículos anteriores, ou seja, o dilúvio (v.39) que “levou a todos”; um ato judicial – a morte – ceifando vidas. Da mesma forma, quando Cristo vier para reinar (no final da grande tribulação), a morte passará ceifando a muitos; “levando” a muitos. Os vivos entrarão no milênio, mas não serão cristãos como os conhecemos hoje; serão judeus (ou gentios) que se converterão durante a tribulação e que nunca escutaram o evangelho antes (ou não tinham idade para compreendê-lo).
A palavra “evangelho” que aparece no capítulo é também frequentemente mal aplicada. Mateus 24:14 fala do “evangelho do reino” e não do “evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Há muitos que pensam que é necessário que o evangelho da graça seja pregado por todo o mundo para que Cristo volte para buscar Sua Igreja. Mas não é o que diz a passagem; ali está falando do “evangelho do reino”. Cristo virá buscar Sua Igreja depois que se converter o último eleito antes da fundação do mundo para fazer parte dela. Então Ele virá buscar os que são Seus: os santos celestiais. Aí cessa a pregação do evangelho da graça, que é pregado enquanto a Igreja encontra-se na Terra. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” é o evangelho da graça que hoje pregamos. “Arrependei-vos que o reino está próximo” é o evangelho do reino, que foi pregado por João Batista e que será pregado por um remanescente fiel que se converterá após o arrebatamento, sendo por isso perseguido ferozmente.
Outra ideia errônea, de que alguns crentes menos espirituais ou menos maduros serão deixados para a tribulação, é completamente falsa e cai por terra com apenas uma passagem: “Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (1Ts 2:11-12). Aqueles que ouviram o evangelho e não creram, não terão uma segunda chance. O próprio Deus fará com que creiam na mentira do diabo. Todos os que fazem parte da Igreja têm o Espírito Santo, e, juntamente com o Espírito, serão tirados da Terra quando Cristo vier. Toda a Igreja será arrebatada; Cristo não deixará um “pedaço” da noiva aqui. Hoje, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não é dEle; nunca creu e não está salvo.
Alguns tentam usar Apocalipse 12 para dizer que a Igreja passará pela tribulação, mas aquele capítulo não fala da Igreja. Esta só aparece até o final do capítulo 3 de Apocalipse, para então só voltar a aparecer no final do livro, nas bodas do Cordeiro. Nesse meio tempo Deus estará tratando com Israel. A “mulher” é Israel e o “varão” é Cristo, Aquele que há de reger com vara de ferro e que foi arrebatado para Deus, para o Seu trono (Ap 12:5).
Mario Persona