AS ESCRITURAS

No reino de Ezequias houve um marcante retorno à autoridade dos escritos sagrados. Cedo eles vieram a descobrir que não haviam guardado a páscoa, “porque muitos a não tinham celebrado como estava escrito” (2 Cr 30.5). Vemos, portanto, que os homens de Judá receberam de Deus um só coração para cumprir o mandamento do rei, e dos príncipes, pela Palavra do Senhor (2 Cr 30.12). Além disso, Ezequias estabeleceu holocaustos da manhã e da tarde, e holocaustos dos sábados e das luas novas e das solenidades, como está escrito na Lei de Moisés (2 Cr 31.3).

Nos dias de Josias, rei de Judá, o maravilhoso reavivamento teve origem em um reconhecimento prático da divina autoridade das Escrituras. Elas foram trazidas por Hilquias, o sacerdote, que encontrou na casa do Senhor “o livro da Lei do Senhor, dada pela mão de Moisés (2 Cr 34.14). “E Hilquias respondeu, e disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da Lei na casa do Senhor… E Safã leu nele perante o rei. Sucedeu pois que, ouvindo o rei as palavras da Lei, rasgou os seus vestidos” (2 Cr 34.15,18,19).

A razão disso foi que ele compreendeu, por meio daqueles escritos, que se encontravam, com justiça, expostos à ira divina e às maldições descritas no livro, por causa dos seus pecados, por desprezarem o Senhor Deus, e por haverem queimado incenso a outros deuses (2 Cr 34.21,24). Então eles se submeteram à autoridade dos escritos sagrados, e celebraram a páscoa em conformidade com a ordenança “como está escrito no livro de Moisés” (2 Cr 35.12), o que foi acompanhado de abundantes bênçãos dadas por Deus.

Eles foram tão exercitados pela autoridade das Escrituras acerca disso, que lemos que o mandamento do rei foi: “imolai a páscoa: e santificai-vos, e preparai-a para vossos irmãos, fazendo conforme a Palavra do Senhor, dada pela mão de Moisés” (2 Cr 35.6). Nos é dito ainda que o mal “e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da Lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor. E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a Lei de Moisés: e depois dele nunca se levantou outro tal” (2 Rs 23.24,25).

O retorno dos judeus do cativeiro na Babilônia foi também marcado de forma extraordinária por seu reconhecimento da autoridade da Lei escrita do Senhor. Sabemos que Esdras era “escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo Senhor Deus de Israel” (Ed 7.6). Tal foi o seu reconhecimento da autenticidade divina dos escritos sagrados que nos é dito que “Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (Ed 7.10).

Lemos também que quando eles foram reunidos como um só homem em Jerusalém, “edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na Lei de Moisés, o homem de Deus… E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito” (Ed 3.2,4). E então, quando o templo estava terminado, eles consagraram a casa de Deus com gozo; ofereceram um sacrifício pelo pecado, de acordo com as doze tribos de Israel. “E puseram os sacerdotes nas suas turmas e os levitas nas suas divisões, para o ministério de Deus, que está em Jerusalém; conforme ao escrito do livro de Moisés” (Ed 6.15-18).

Quando Neemias era o copeiro do rei, lemos que ele jejuou, chorou e orou a Deus, e reconheceu a Palavra que Ele havia dado por Seu servo Moisés, a qual é encontrada em Levítico e Deuteronômio (Ne 1.8,9). Quando o muro estava completo, o povo se reuniu na rua como um só homem, e pediram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés que o Senhor dera a Israel. Assim ele fez, e leu-o, e todo o povo estava atento ao livro da Lei. E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, e outros fizeram com que o povo compreendesse a Lei. Assim eles leram o livro da Lei de Deus distintamente, mostrando o significado, e os levaram a compreender a leitura.

Eles acharam escrito na Lei, que o Senhor havia dado por Moisés, que os filhos de Israel deveriam habitar em cabanas; “porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria. E de dia em dia ele lia no livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro” (Ne 8.1-18). Mais adiante nos é mostrado que depois disso “leu-se no livro de Moisés, aos ouvidos do povo; e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus. Sucedeu pois que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel, toda a mistura” (Ne 13.1,3).

É muito interessante observar aqui que os fiéis que retornaram do cativeiro voltaram-se à autoridade divina, àquilo que Deus havia ordenado desde o princípio. Eles não se basearam em nenhum período ou reavivamento em particular, mas permaneceram naquilo que tinha sido escrito, separados de todas as tradições dos homens. Acaso não é este, sempre, o caminho daquele que é fiel em tempos maus?

Charles Henry Mackintosh (1820-1896)