AS 02 NATUREZAS NO CRENTE

 

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Este breve artigo foi escrito com o desejo de auxiliar as almas ansiosas, pois o Senhor quer que conheçamos e desfrutemos de nossa completa salvação. Romanos 8:23 nos mostra que devemos esperar pela redenção de nosso corpo que se dará por ocasião da vinda do Senhor, mas podemos nos regozijar no conhecimento, que agora temos, de que Deus removeu nossos pecados por meio do precioso sangue de Cristo, e também naquilo que Ele fez com respeito à natureza caída que trazemos em nós, também chamada de “velho homem”.

Quanto mais desejamos agradar ao Senhor, maior fica nosso conflito interno, até que obedeçamos, assim como ocorreu com Israel na antiguidade, à ordem que foi dada: “Estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará” (Êx 14:13). Toda bênção espiritual é um dom e não é recebida mediante nossos esforços. É o conhecimento do Seu amor e do que Ele fez por nós que nos constrange a viver para Ele. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16).

Em João 3:7 o Senhor Jesus Cristo afirmou que “necessário vos é nascer de novo”, e eu gostaria de tratar deste assunto tão importante, além daquilo que se refere às duas naturezas no crente e à razão pela qual o crente peca. Isto é revelado na Bíblia, e é uma grande bênção conhecermos que Deus não apenas perdoou nossos pecados mas também nos colocou em uma nova posição diante de Si. As Escrituras nos explicam o que Ele fez no que se refere à nossa velha natureza caída e pecaminosa, a qual todosrecebemos em consequência de nosso nascimento natural, e como Ele nos deu uma nova natureza, com novos desejos, a fim de sermos capazes de andar diante d’Ele em santa liberdade.

Há muito o que aprender acerca do novo nascimento no terceiro capítulo de João. Em nossos dias há muitas pessoas que se referem ao novo nascimento como uma espécie de mudança que ocorre na vida de alguém, a qual costuma ser também chamada de “experiência Cristã” naqueles que experimentam uma mudança de vida. Mas quando a Bíblia nos fala do novo nascimento é porque Deus verdadeiramente dá uma nova vida àquele que crê no Senhor Jesus. Não se trata de um aprimoramento da velha vida, mas uma vida completamente nova. Era o nascer de novo (ou nascer do alto) que o Senhor estava apresentando a Nicodemos. Nascer de novo é obter uma nova vida proveniente de Deus, e veremos também que a vida que Deus dá é a vida de Cristo. Elea dá a todo aquele que crê, e é evidente que a consequência disso será uma mudança, pois a nova vida deseja agradar a Deus.

Nicodemos veio ao Senhor com a intenção de aprender alguma coisa. Sem dúvida alguma o Senhor Jesus era e é um Mestre maravilhoso, mas o que o pecador precisa, antes de mais nada, é receber uma nova vida, e por isso o Senhor respondeu: “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. O homem havia sido ensinado sob a lei, pois “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7:12) e todos aqueles preceitos que foram dados ao homem no Antigo Testamento vieram de Deus. Mas não davam uma nova vida pois as Escrituras afirmam que “se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei” (Gl 3:21). Em outra passagem (Dt 5:29) lemos: “Quem dera que eles tivessem tal coração que Me temessem, e guardassem todos os Meus mandamentos todos os dias”. Isto significa que a lei exige do homem algo que ele não deseja e nem tem poder para dar. Ele precisa de uma nova vida.

Por que então Deus deu a lei? Bem, quando você conversa com várias pessoas acaba percebendo que elas não creem naquilo que Deus diz a respeito do homem e por isso Ele teve que nos demonstrar isso. Deus diz que “enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e perverso: quem o conhecerá?” (Jr 17:9). O apóstolo Paulo afirmou: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Em nosso estado natural não existe nada para Deus. Nossos corações estão em inimizade contra Deus pois a própria Bíblia afirma que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7).

O que provou a lei e por que foi escrita sobre tábuas de pedra? Deus sabia que o homem, por possuir um coração endurecido, não poderia viver em conformidade com os Seus mandamentos, ainda que pensasse poder fazê-lo. Se tenho um filhinho que pensa ser capaz de carregar uma pesada mala, como posso provar a ele que não é capaz? Deixo-o experimentar! Israel pensava poder cumprir os requisitos de Deus, pois assim disseram: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êx 19:8). Mas eles falharam miseravelmente assim como todos nós falhamos.

O Senhor mostra em João 3 que deve haver uma operação de Deus na alma. Houve uma obra de Deus por nós na cruz do Calvário, mas deve haver uma obra que aconteça dentro de nós pois o coração natural do homem nunca irá atender aos clamores de Deus. O Senhor está dizendo a Nicodemos que ele deve nascer de novo – nascer do alto. Ele deve receber uma nova vida, e Deus usa Sua preciosa Palavra, aplicada pelo Espírito de Deus, para fazer isso. Tudo fica muito claro em 1 Pedro 1:22-23, onde lemos: “Purificando as vossas almas na obediência à verdade (‘por intermédio do Espírito’ – cf. algumas versões) … sendo de novo gerados… pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”. Outrora éramos pecadores e possuíamos somente uma natureza arruinada e pecaminosa, mas quando Deus introduziu a Sua Palavra em nossa alma, pelo poder do Espírito de Deus, fomos gerados ou nascidos de novo, recebendo uma nova vida proveniente de Deus. É por esta razão que passamos a desejar coisas diferentes.

Porém não se trata de um aperfeiçoamento daquela natureza caída que possuímos. Deus não a melhora; Ele a condena conforme aprendemos em Romanos 8:3 que “Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne”. Ele perdoa nossos pecados, mas não a natureza que nos leva a pecar. Ela permanecerá conosco enquanto estivermos neste corpo. Mesmo naquele que foi salvo há cinquenta anos a natureza caída não melhorou nem um pouquinho, e nunca irá melhorar. Esta é a razão pela qual os Cristãos pecam: deixam a natureza caída agir. Com o auxílio do Senhor iremos, mais adiante, buscar nas Escrituras o caminho da libertação.

Nicodemos deveria saber, como mestre em Israel, que toda a história de sua nação provou que, apesar de tudo o que Deus havia feito para eles como nação, seus corações endurecidos permaneceram inalterados. No futuro, quando Deus finalmente introduzi-los na bênção, Ele irá tirar “da sua carne o coração de pedra” e dar a eles “um coração de carne” (Ez 11:19). Então nascerá a nação “de uma só vez” (Is 66:8). Quando Nicodemos perguntou “Como pode ser isso?” (Jo 3:9), o Senhor lhe mostrou duas coisas importantes. Primeiro Ele falou da glória da Sua Pessoa pois, ao mesmo tempo em que falava com Nicodemos, Ele estava também no céu, conforme diz: “Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” (Jo 3:13). Ele é Deus tanto quanto Homem, e o valor da Sua obra está na glória da Sua Pessoa. É por Ele ser Deus que pode ser nosso Salvador (Is 43:10-11). Em seguida Ele falou da Sua obra na cruz como o Filho do Homem sendo levantado ali para os pecadores. Fora dessas duas coisas não há bênção para o homem caído, e foi por essa razão que o Senhor proferiu em seguida aquelas benditas e maravilhosas palavras: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).

Vemos então como o Senhor estava apresentando a Nicodemos a necessidade de ser nascido de novo, a necessidade de receber uma nova vida, e também mostrando a ele que a velha natureza não pode ser aperfeiçoada. Aquela velha natureza é chamada de “velho homem”. Em Efésios 4:21-24 vemos que “se é que O tendes ouvido, e n’Ele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito do vosso sentido; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”. Também em Colossenses 3:3-4 encontramos: “Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória”. E ainda em 1 João 3:9, “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a Sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus”. No capítulo 3 de João vimos a necessidade do novo nascimento, e aqui nestas passagens vemos o que Deus diz a respeito do velho homem e do novo homem.

Qual é a consequência de alguém ser nascido de Deus? Bem, após você haver colocado sua confiança no Senhor Jesus Cristo, seu corpo torna-se como uma casa com dois inquilinos. Antes disso você tinha só uma natureza, a natureza caída com a qual nascemos neste mundo. Mas o Senhor Jesus disse que a menos que venhamos a nascer de novo não poderemos entrar no reino de Deus. Portanto, quando depositamos nossa confiança n’Ele, Ele nos dá uma nova vida, e essa vida, conforme podemos aprender daqueles versículos que acabamos de citar, é criada “em verdadeira justiça e santidade.” Trata-se da vida de Cristo e essa não pode pecar. Quão maravilhoso é isto! Não significa que o velho homem foi aperfeiçoado, pois ele ainda “se corrompe pelas concupiscências do engano”, conforme acabamos de ler. O velho homem sempre age do mesmo modo pois “o que é nascido da carne é carne” (Jo 3:6), e mais uma vez o Senhor volta a dizer: “O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita” (Jo 6:63). Podemos ver que, se o velho homem (o velho inquilino) detém o domínio em nosso corpo, então pecamos. O fato de Deus prover sempre o suficiente para sermos restaurados não é desculpa para pecarmos. Deus cuida de nós em todos os aspectos, tanto no que diz respeito aos nossos pecados quanto naquilo que se refere à natureza que os produz, e Seu desejo é que conheçamos e desfrutemos de Sua graciosa provisão.