AMANDO A SUA VINDA

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“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda” (2 Tm 4:8).

Quem são os que amam a Sua vinda? Estes não terão só uma “coroa da vida”, mas uma “coroa de justiça”. Que pensamento precioso! O que devemos então entender como amar Sua vinda? Observe que aqui não se trata de Sua vinda para nós, mas de Sua revelação do céu, Sua aparição em chama de fogo e Seus santos com Ele. Nos enche de gozo saber que no céu agora Ele não está somente coroado de glória e honra, mas os anjos, autoridades e potestades, estão sujeitos a Ele.

Na Terra, porém, Ele continua a ser, com os muitos que são Seus, a Pedra rejeitada, apesar da proclamação de Deus feita por Seus servos acerca do perdão dos pecados, da dádiva de vida eterna e da glória reservada a todos os que se submetem a Ele como Salvador e Senhor. Cada coração leal deve sentir profundamente a medonha indiferença que existe em quase todo lugar para com o Senhor Jesus Cristo e para com Seus interesses no presente momento. Mas nos lembramos do solene testemunho das Escrituras de que isto é o prelúdio de uma rejeição ainda maior da Sua Pessoa por parte da igreja professa como um testemunho corporativo Seu na Terra. Isto acontecerá após Ele ter removido Seus amados e amáveis santos para se encontrarem com Ele nos ares, e antes de Sua aparição juntamente com estes para julgar o mundo. Quão rapidamente estas previsões podem se tornar fato consumado!

“A pedra que os edificadores reprovaram” bem cedo virá em poder (1 Pd 2:7). A “pedra cortada, sem auxílio de mão” há muito que está para cair sobre as nações, e as esmiuçar (Dn 2:34). Oh, quão poucos parecem pensar nisto, e quantos são os que estão tentando se satisfazer com um tipo de cristianismo sem Cristo, ao que eles chamam de religião! Neste exato momento muitas almas preciosas estão sendo enganadas pelos raciocínios e pela infidelidade do homem. Consideram-se competentes para julgar as coisas de Deus por suas capacidades naturais e colocam assim de lado a divina autoridade de Sua Palavra, ao invés de permitirem que esta os julgue. Por outro lado, multidões estão sendo engodadas pela infidelidade do ritualismo, o qual se recusa a aceitar a obra do Senhor Jesus Cristo “feita uma vez” (Hb 10:10).

Podemos estar certos de que o único livramento desses enganos fatais está em se repousarem Cristo e encontrar paz e gozo naquilo que Ele fez e naquilo que Ele é. Bendito seja o nome dAquele que, com os braços abertos e um coração cheio do mais terno amor, disse: “Vinde a Mim… e Eu vos alivia rei” (Mt 11:28). Que imensa dádiva é o descanso! Principalmente o descanso de consciência quanto à nossa segurança eterna.

Ninguém mais além dEle pode nos dar isto. Ninguém nem mesmo se propôs a dar isto. Os únicos que o têm receberam dEle. Certamente Suas palavras são preciosas:” Eu vos aliviarei”. Sim, Ele o dá.

Nosso Senhor falou ainda de outro descanso relacionado ao fato de se estar, na prática e de coração, unido em um só jugo com Ele e aprendendo dEle. O tomar o Seu jugo é uma obra e experiência distintas na alma. Oh, quão doces palavras, “Tomai sobre vós o Meu jugo”, “Aprendei de Mim”, “Encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11:28-29). O único jugo suave é o dEle e dEle é também o único fardo verdadeiramente leve. Você não pode descreve-lo, mas o coração conhece. O que Ele concede é descanso de consciência. Descanso de coração o crente encontra se permanecer nEle, andando com Ele e aprendendo dEle que, quando andou aqui como homem, tinha um perfeito descanso na vontade de Seu Pai, mesmo quando rejeitado por aquelas cidades onde a maior parte das Suas obras de poder haviam sido manifestadas. Doce ternura! Isto é cristianismo, e aqueles que o conhecem por experiência sem dúvida alguma olham para o futuro, para outro descanso sem fim, eternal descanso, pois “resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4:9).

Nos dias dos apóstolos, os crentes sabiam que haviam sido chamados não apenas a crer, mas também a sofrer por Ele, e mesmo se não sofressem sempre por Ele, estariam sofrendo com Ele. Eles conheciam também a preciosidade de Cristo como o jubiloso e agradável objeto de seus corações. Dele verdadeiramente podia ser dito: “Ao qual, não O havendo visto, amais; No qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1 Pd 1:8 – veja também Rm 8:17; Fp 1:29). Tal era o frescor e o fervor dos crentes nos primeiros dias do cristianismo. Seus corações estavam tomados da Pessoa que os amou, morreu por eles e os redimiu de toda iniqüidade. Ele também lhes assegurava que uma herança incorruptível estava “guardada nos céus” para eles, e que eles eram, “mediante a fé…guardados na virtude de Deus” para isso, até o dia da Sua revelação vindo do céu com eles. Que maravilhosas palavras de conforto!

Com certeza este é o tempo da rejeição do Senhor. O mundo não O aceitará, e a cristandade em sua maior parte, como foi no caso de Laodicéia, O mantém do lado de fora da porta. Mas mesmo assim Ele está batendo. Pode ser, talvez, que alguma alma fiel venha a escutar Sua voz e abra a porta para desfrutar de comunhão pessoal com Ele. Para corações sinceros isto é algo comovente. Aqueles que mais O amam são os que sentem mais. Ele não está aqui, mas Sua vinda está próxima. “Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4).

Em Sua morte na cruz, ao invés da vitória de Satanás sobre Ele, por sua morte Ele anulou o poder de Satanás. Ao invés dos judeus e gentios terem se livrado de Cristo por meio de seus brados de “Tira, tira, crucifica-O”, Ele foi justamente exaltado à destra de Deus e investido, como o Homem glorificado, de toda a autoridade e poder. E logo Ele estará vindo para sujeitar todas as coisas a Si mesmo conforme a vontade de Deus. Embora Ele Se manifeste espiritualmente à nossa alma e esteja sempre no meio de dois ou três reunidos ao Seu nome, pessoalmente Ele encontra-Se ausente. Nós não o vemos. Alguns sentem a Sua falta aqui. A fé O vê coroado de glória e honra.

Sentimos Sua rejeição? Estamos atribulados por causa da Sua ausência? Estas são perguntas que sondam nosso coração e provam qual é verdadeiramente a nossa condição. Se pudermos responder que lamentamos profundamente a Sua ausência, então estamos necessariamente desapegados, em nosso coração e em nosso andar, não apenas do mundo que está caminhando tão rapidamente para seu justo juízo, mas de tudo o que nos diz respeito, em relação à igreja professa, que seja contrário à Sua Palavra. Como pode ser possível estarmos amando a Sua vinda se não estivermos procurando agradá-Lo e, como conseqüência, não estivermos sentindo a tristeza de Sua presente rejeição? Acaso as duas coisas não andam juntas? Aqueles que realmente lamentam Sua ausência irão sentir, por causa desta, o quão desolado e solitário é o caminho. Estes não podem senão se apegara Ele com propósito de coração, enquanto sentem no íntimo a insensatez e incredulidade daqueles que se empolgam com os prazeres do mundo, em uma época em que a revelação de nosso Senhor vindo do céu em chama de fogo está tão próxima.

Voltamos a insistir na pergunta: Acaso a presente rejeição de nosso Senhor deixa uma marca clara em nosso caminho através deste cenário? Se assim for, certamente o prospecto de Sua breve vinda para tomar Seu lugar de direito na Terra deve fazer vibrar nosso coração com um deleite inexprimível. Quando pensamos em Sua vinda do céu em Sua própria glória, na glória de Seu Pai, na glória dos santos anjos acompanhados de Seus santos glorificados e usando Suas muitas coroas, bem podemos exclamar: Que fulgor de infinita e eterna glória! Então nossos corações estarão aptos a cantar:

A Cristo coroai, divino Salvador,

Sentado em alto glória já, é digno de louvor;

Ao “Rei da Glória” e paz, louvores tributai,

Cantando alegres, sem cessar, mil cantos entoai.

É o próprio Senhor que assim virá. Ele vem com as nuvens e todo olho O verá. Ele morreu por todos, enviou o evangelho a todos, esperou pacientemente por todos, e agora a divina paciência chegou ao seu ápice, e os homens “se lamentarão sobre Ele (Ap 1:7). E que lamento será. Pior do que inútil será então clamar às rochas para que caiam sobre eles, ou aos montes para que os cubram, ou ir às covas nas rochas e cavernas da Terra fugindo de pavor de Jeová e da glória da Sua majestade. Pois Ele deve reinar até que Seus inimigos sejam postos por estrado de Seus pés. Tudo deverá ser posto em sujeição a Ele, em conformidade com a vontade de Deus.

Sim, Ele julgará os vivos e os mortos. Primeiro serão os vivos em diversas formas e ocasiões de juízo, conforme assinalam as Escritura, pois Ele destituirá todo juízo, autoridade e poder. O ultimo inimigo a ser destruído é a morte. A ultima parte de Seu reino será tomada pelo juízo dos mortos, de cada homem conforme as suas obras, após a ressurreição destes; por esta razão o Senhor chamou a isto de ressurreição para condenação”, ou juízo (Jo 5:29). Quão indescritivelmente solene! E quão bendito é para nossas almas o pensamento da exaltação de nosso Senhor ao Seu lugar de direito e da Igreja, Sua noiva, reinando e usufruindo da herança juntamente com Ele.

Cada tribo de Israel terá a sua porção na terra, em conformidade com a palavra profética (Ez 47 e 48). Eles saberão que Jeová foi misericordioso para com sua injustiça. Ele não irá mais se lembrar de seus pecados e iniqüidades, e já os terá livrado de suas enfermidades do corpo. Ele lhes dará abundância de paz e fartura sob o glorioso reino de seu verdadeiro Messias, o Filho de Davi.

Que ocasião essa, quando os gentios subirem a Jerusalém para adorar e para estar na casa de oração para todas as nações. Nosso Senhor Jesus será então revelado como o único Potentado Rei de reis e Senhor de senhores, Governador dentre as nações e Rei sobre toda a Terra. Podemos pensar nEle como o Filho do Homem, em conformidade com o Salmo 8, tendo domínio sobre Sua criação, a qual é por Ele libertada e levada à liberdade da glória dos filhos de Deus. Acaso não é isto algo de profundo gozo para aqueles que se apegam a Ele, e que estão sempre propensos a chorar quando os outros fazem dEle o “o cântico dos bebedores de bebida forte” e por tantos é rejeitado, ao desfrutarem da certeza de que muito em breve nesta mesma Terra, assim como no céu e nas regiões infernais, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é o Senhor para glória do Pai?

Em que medida a contemplação da gloriosa aparição do Senhor e do Seu Reino afeta nossos corações? Estamos amando a Sua vinda? Vamos parar e pensar bem que, se amamos Sua vinda, Ele estará sendo para nós não apenas o alvo a comandar nosso lugar onde Ele não está, e onde a sentença que predomina é: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14). Quão breve Ele virá e nos receberá para Si mesmo par aparecermos em glória com Ele! “Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestarei com Ele em glória” (Cl 3:4). Possamos estar assim ocupados com nosso Senhor onde ele está; possamos aprender dEle e viver para Sua honra a fim de podermos cada vez mais amar a Sua vinda!

H. H. Snell