ESPERE!

 

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Gostaria de falar a respeito de algo que, creio eu, se puder ser aprendido enquanto somos jovens, será para nós de grande auxílio. Sei, porém, que esta característica é também muito necessária para os anos mais avançados de nossa vida. Vamos ler 1 Samuel, capítulo 10, versículos 6 ao 8, que é onde o povo escolhe um rei. Tendo Saul sido escolhido para ser o rei, Samuel se dirige a ele e diz: “E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e te mudarás em outro homem. E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo. Tu porém descerás diante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocaustos, e para oferecer ofertas pacíficas: ali sete dias esperarás, até que eu venha a ti, e te declare o que hás de fazer”.

Foi dito a Saul que ele seria um outro homem. E foram dadas a ele instruções específicas (preste atenção ao versículo 8): “ali sete dias esperarás, até que eu venha a ti, e te declare o que hás de fazer”. Foi dada a ele uma ordem bem específica. No versículo 7 diz, “E há de ser que, quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão”. Mas no versículo 8, não é assim; trata-se de uma instrução específica: “sete dias esperarás, até que eu venha para sacrificar holocaustos, oferecer ofertas pacíficas e te declarar o que hás de fazer”.

Passemos, agora, ao capítulo 13 para ver o que fez Saul. A situação em que se encontravam é mostrada do versículo 5 ao 7: “E os filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel: trinta mil carros, e seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que está à borda do mar; e subiram, e se acamparam em Micmas, ao oriente de Bete-Áven. Vendo pois os homens de Israel que estavam em angústia (porque o povo estava apertado), o povo se escondeu pelas cavernas, e pelos espinhais, e pelos penhascos, e pelas fortificações e pelas covas, e os hebreus passaram o Jordão para a terra de Gade e Gileade: e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo veio atrás dele tremendo”. Agora Saul encontra-se em dificuldade. Ele está no lugar certo – Gilgal; é o lugar para onde recebeu ordens de se dirigir. Mas, agora ele se encontra em aperto, pois os inimigos se ajuntaram para lutar contra ele.

Versículo 8: “E esperou sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se espalhava dele”. A situação está ficando cada vez pior; o povo começa a se dispersar, abandonando-o. A pressão vai ficando cada vez maior. Versículo 9: “Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar”.

O peso que trago agora em meu coração está expresso em uma só palavra: Espere! Saul achou que não podia esperar. Ele se encontrava sob tensão – sob verdadeira pressão; sob uma real responsabilidade para com o povo de Deus, pois eles estavam se dispersando. Ele achou que não poderia esperar por Samuel, conforme ele lhe havia dito que fizesse (Samuel havia dito, “Espere sete dias até que eu venha”), por isso ele ofereceu o holocausto. E vemos nos versículos 11 e 12 qual foi a reação de Samuel: “Então disse Samuel a Saul: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmas, eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei: e violentei-me, e ofereci holocausto. Então disse Samuel a Saul: Obraste nesciamente”.

Querido jovem, espere pelo Senhor! Sinto que isto é muito necessário nestes últimos dias de fraqueza, quando tudo parece estar saindo errado. Olhe para Saul; pense nele: Ele tinha todos os motivos para não esperar. Ele apresenta a Samuel todos os seus motivos – motivos válidos; eles pareciam razoáveis; mas estavam em direta desobediência àquilo que Samuel, o profeta do Senhor, lhe havia sido dito que fizesse. Assim, ele diz (e tenho pena de Saul), “violentei-me”. Porém Samuel o interrompe bruscamente, dizendo: “Obraste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou”. Vivemos numa época de terrível pressão. Eu sei disso. Em Hong Kong, há apenas uma semana, um jovem me disse o mesmo: “A vida nos pressiona tanto que não me sobra tempo”. Precisamos separar um tempo para permanecermos quietos diante do Senhor, para buscarmos conhecer a Sua vontade.

Um irmão de Hong Kong disse, “Não se engane; Deus não é um advogado. Algumas pessoas tratam Deus como se fosse um advogado, para o qual correm quando se encontram envolvidos em algum problema; e quando não têm problemas, simplesmente não vão visitá-Lo”. Você não pode tratar Deus desta maneira; você tem que separar um tempo para permanecer quieto. Você já teve uma experiência como a que eu tive? Sentado, pela manhã, com sua Bíblia aberta; você lê as palavras, mas não há nada ali – não parecem trazer-lhe nenhuma mensagem. Você já passou pela experiência de ter que agir, encontrando-se sob pressão? Você sente que deve agir; você vê a situação ao seu redor se desintegrando, e diz, “Se não agir agora, vai ficar pior”. Mas, será que você esperou pelo Senhor? Quando, então, você age, poderá dizer, “Eu o fiz com uma ordem recebida diretamente do Senhor”? Você age em uma tranquila dependência do Senhor? Ao tomar sua decisão, você ora acerca dela? Samuel disse a Saul, “você agiu tolamente – você não esperou”. Eu sei que podemos ser preguiçosos, como Saul, em 1 Samuel 14:2, sentado sob a romeira (enquanto Jônatas combatia). Mas, com frequência é tão mais fácil nos anteciparmos, sem que estejamos conscientes de qual seja a vontade do Senhor. Querido jovem, eu rogo a você: assegure-se de antemão.

Há também o outro lado. Não quero distorcer toda a cena enfatizando apenas um lado. Houve ocasiões, em minha experiência pessoal, em que ficaria temeroso em afirmar que Deus havia me falado para fazer algo em particular – assim como dizer, “Esta é a vontade do Senhor; tenho certeza disto”. A razão pela qual o Senhor permite certa incerteza é que se eu soubesse vinte e quatro horas por dia qual é a vontade do Senhor, seria a pessoa mais orgulhosa na face da Terra. Porém, de vez em quando eu não tenho tanta certeza. Em tais situações, antes de agir, gosto de, serenamente, dizer ao Senhor, “Chegou a hora de agir; não estou querendo forçar a Tua mão; acho que isto é o que Tu desejas que eu faça. Agora, Senhor Jesus, vou dar um passo; por favor, esteja à vontade para interferir em minha vida e me impedir se não for esta a Tua vontade”. Então, se encontro um obstáculo, tenho que ficar bem atento para ver se é Satanás que está querendo me impedir, ou se é o próprio Senhor, tentando fazer-me parar de fazer algo que não é de Sua vontade.

Assim, começamos com esta pequena história acerca de Saul – ele não conseguia esperar! Isto é algo que me toca muito. Estou sempre tão ocupado, e tão enrolado – como disse um irmão certa vez, “Somos como carrinhos de brinquedo; você dá corda neles, até fazer com que a mola do mecanismo fique bem enrolada, coloca-os no chão e lá se vão. Você não pode pará-los; se param, ao bater numa cadeira, suas rodinhas continuam girando”. É fácil ficarmos assim em nossos dias, pois hoje se vive sob pressão. Nossa vida é muito ocupada, não somente profissionalmente, mas também socialmente. Você tem reservado um tempo para permanecer quieto com o Senhor? Talvez você diga, “Não posso; vivo muito ocupado; parece haver sempre alguma coisa para fazer a cada noite da semana”. Por que você não assume um compromisso com o Senhor por uma noite? E, se alguém lhe fizer um convite, “Venha à minha casa para fazermos algo”, você dirá, “Desculpe-me, mas já tenho um compromisso”. Onde? Na quietude da presença do Senhor. Fique a sós com Ele e, nessa quietude, ore e leia.

Tenho experimentado ser isto tão útil em minha vida que, quando me encontro em Hong Kong sob verdadeira pressão, saio para as montanhas – para a Estrada do Reservatório; longe, onde ninguém possa me encontrar. Gosto de caminhar por aquelas trilhas silenciosas; às vezes me ajoelho no caminho e oro; às vezes caminho em silêncio, orando ao Senhor e dizendo, “Estou sendo pressionado; não entendo a situação; parece estar ficando cada vez pior, Senhor. Será que Tu podias falar comigo, e me ajudar?” Eu não exijo que o Senhor me responda em cinco minutos. Ele não recebe ordens. Mas após haver rogado a Ele, procuro estar certo de me colocar na escuta. Quando algum irmão ou irmã fala comigo, ou quando estou sentado durante a reunião, e um versículo vem à minha mente, procuro me certificar do que se trata aquela passagem. E não apenas isto, mas recorro à Palavra de Deus para procurá-la, e ver o que vem antes e o que está depois daquele versículo. Às vezes descubro que o assunto da passagem se encaixa perfeitamente em minha necessidade. Então posso dizer com toda a certeza: “Sinto que esta é a voz do Senhor para mim”.

Separe um tempo para permanecer quieto junto ao Senhor – para esperar por Ele na situação em que se encontra. Saul aqui não podia esperar, e por isso Samuel disse, “Obraste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou”. Qual foi o resultado? Ele diz no final do versículo 13: “porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Porém agora não subsistirá o teu reino: já tem buscado o Senhor para Si um homem segundo o Seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja chefe sobre o Seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou”. Às vezes não se trata tanto de termos feito a coisa errada, mas por tê-la feito muito depressa; não esperamos pelo tempo do Senhor. Assim, meu desejo é o de encorajar a cada um de nós, principalmente aos jovens, para que aprendam, enquanto são jovens, a separar um tempo para permanecer quietos diante do Senhor. Você pode encontrar o seu próprio canto. Para mim é a encosta de uma montanha; para você poderá ser em sua casa ou apartamento; pode ser o seu quarto – qualquer lugar onde o seu coração possa se sentir à vontade e em quietude. Por exemplo, eu não poderia usar meu escritório, pois está com pilhas de coisas esperando ser resolvidas. Provavelmente eu me sentaria ali e diria, “Muito bem, eu já gastei meus cinco minutos, agora tenho que voltar ao trabalho”. Devemos sair de perto de tudo o que nos pressiona, e estar em condições de gastar um tempo com o Senhor. Portanto, o juízo veio rápido sobre Saul, porque ele não podia esperar!