“PERIGO! ENTRADA PROIBIDA!”

Categoria:

NUMA TARDE DE VERÃO, em 1892, dois jovens, Charles e Gualter, desciam com todo o cuidado a encosta da serra perto do monte Pike, nos Estados Unidos. Tinham se conhecido casualmente havia pouco tempo, em Manitou, Colorado. Ao contornar um flanco da montanha, encontraram a entrada de uma caverna, que estava vedada, e por cima da qual havia um grande letreiro que dizia: “PERIGO! ENTRADA PROIBIDA!”. Charles espreitou pelas frestas do tapume tentando ver na escuridão do interior da caverna, e disse:

— Quero explorar esta caverna. Você vem comigo?

— Não; de jeito nenhum — respondeu Gualter, rogando-lhe ainda que desistisse de tal intento. Mas Charles estava resoluto.

Quão típica das pessoas deste mundo foi a atitude daquele jovem! “Os homens amaram mais as trevas do que a luz” (João 3.19). Contudo, Deus colocou avisos bem claros: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23); “vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27). “Tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe pois a vida” (Deuteronômio 30.19); “Oxalá fossem sábios! que isto entendessem, e atentassem para o seu fim!” (Deuteronômio 32.29).

Ao chegar ao fim da descida do monte, Charles conseguiu uma lanterna, despediu-se do amigo e regressou à caverna. Acendeu a lanterna e, arrancando algumas tábuas do tapume, penetrou com decisão na funda e escura caverna. A princípio a fraca luz da lanterna mal penetrava a intensa escuridão, mas à medida que a vista ia se acostumando ao ambiente, ia descobrindo os paredões, os rochedos escabrosos e um caminho, pelo qual seguia cautelosamente. “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos de morte” (Provérbios 14.12). Tudo parecia ir bem por algum tempo; mas, quando menos esperava, faltou-lhe o chão debaixo dos pés e caiu no fundo de um precipício, onde ficou sem sentidos. Quantos há que se guiam pela fraca luz da inteligência e, quando chega a morte, dão um salto no escuro! “Quem anda nas trevas não sabe para onde vai” (João 12.35).

Quando recuperou os sentidos, descobriu que estava ferido, com contusões por todo o corpo. A lanterna, caída ao seu lado, estava feita em pedaços, pelo que estava cercado das mais densas trevas. Encontrou num bolso alguns fósforos, que acendeu, um a um, mas depressa se acabaram. Com a luz que deram, viu o precipício onde havia caído, e verificou que seria impossível subir pelo paredão. Tremendo, com frio e medo, mal se atreveu a mexer-se, receoso de nova queda. Assim, foi se arrastando lentamente, gatinhando, até que suas calças se rasgaram e os joelhos começaram a sangrar. Sentindo-se sepultado vivo, estava convencido de que morreria!

Tomado de desespero e angústia, viu passar diante de seus olhos todos os pecados de sua vida, e pediu a Deus que tivesse misericórdia e que, se não fosse salvo o seu corpo, o que lhe parecia impossível, que ao menos lhe fosse salva a alma. Lembrou-se de passagens das Sagradas Escrituras, as quais por vezes tinha ouvido, sem que lhes tivesse dado importância, mas que agora lhe inundavam a alma com poder vivificador. “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 João 1.7). “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31). “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (João 3.36). Estas preciosas verdades lhe iluminaram o coração tenebroso e frio, qual ardente luz do sol, e aceitou o Salvador como Aquele que por ele morrera.

No entanto, o seu estado físico lastimável não mudara, e resolveu continuar a mexer-se enquanto as forças se lhe não esgotassem. Perdeu a noção do tempo enquanto se arrastava sobre os rochedos e pedregulhos, sem qualquer esperança. Lembrou-se de sua mãe e, achando papel e lápis no bolso, escreveu, o melhor que pôde, algumas linhas dirigidas a ela, exortando-a a não lamentar a sua morte, antes, que se alegrasse, uma vez que esta terrível experiência havia sido o meio de o conduzir ao bendito Salvador, que o amava e havia Se entregado por ele, pelo que se sentia feliz, na certeza de estar dentro em breve com Ele. Colocou o endereço de sua mãe, pedindo que o seu cadáver lhe fosse enviado.

Arrastando-se debilmente, deu com uma corda, e seguiu, segurando-se nela, com a esperança renovada. Dentro em pouco, maravilhado, sentiu na face o que lhe pareceu ser ar fresco. Seria verdade? Seguiu até aparecer uma tênue luz, que foi aumentando até que pôde distinguir ao longe uma abertura, à qual chegou por fim, encontrando-se então já na plena luz do dia. O sol brilhava intensamente. Havia entrado na caverna às 16 horas, e era meio-dia do dia seguinte!

Quando um grupo que o buscava o encontrou, estava em péssimo estado. Esfarrapado, ensanguentado, sujo e enfraquecido. Não tardou para se restabelecer, graças ao repouso e aos cuidados que lhe foram dispensados; porém a transformação espiritual que experimentara, essa nunca deixaria de permanecer em sua alma, pois ele havia se convertido das trevas à luz, “e do poder de Satanás a Deus” (Atos 26.18).

Escute, leitor! “Ai deles… para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas” (Judas 11,13). “Vivo eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva: convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que razão morrereis?” (Ezequiel 33.11).

Retirado do Livro Qual o teu destino?