NAQUELA MANHÃ tão fresca, ainda pouca gente se encontrava na praia. Se tivesse havido espectadores, teriam visto um forte nadador lançar-se ao mar e afastar-se da praia com movimentos desembaraçados. Não tardou a chegar a grande distância.
Como estava no maior vigor de sua saúde, nem pensou no perigo, e avançou sempre até que, já um pouco cansado, parou por uns momentos e pensou em regressar. Verificou então que tinha sido levado para muito mais longe do que havia tencionado nadar. Ao tentar voltar para a praia, descobriu que a forte correnteza lhe era contrária, e pouco adiantava nadar, apesar de empregar o máximo esforço. Ainda assim, continuou a lutar, até esgotar por completo as forças e, então, virou-se de costas, e deixou-se boiar, considerando-se perdido.
Os pais tinham-no criado religiosamente; sim, e além do mais, ele próprio tinha sido pregador e ministro de uma importante congregação. A sua vida tinha sido regrada e até aquele momento tinha se considerado uma pessoa muito boa. Agora, porém, enfrentando a morte, sua alma despertou para o fato de que não tinha nenhuma esperança no tocante à eternidade; não estava pronto para morrer! Faltava-lhe uma coisa. Entre ele e Cristo não existia ligação alguma.
O terror invadiu sua alma. As ondas pareciam rugir aos seus ouvidos com a insistente repetição: “Para que pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Coríntios 9.27).
Sentiu que tinha anunciado um Cristo que nunca conhecera, que tinha falado aos outros de uma salvação que ele próprio não possuía! Sua vida causava-lhe agora repugnância, com todos os ritos e cerimônias exteriores, mostrando ter sido tudo vaidade. Nesse momento tudo aquilo tinha para ele apenas o seu verdadeiro valor: “obras mortas” (Hebreus 9.14), e reconheceu que a obra de salvação para a sua alma teria de ser feita a seu favor, e feita por outro.
Não foi com referência ao seu corpo, mas sim à sua alma, que gritou à tona do profundo oceano — ali, a sós com Deus, boiando nas ondas — um grito angustioso: “Salva-me, Senhor, senão estou perdido!” Um vil pecador. Clamando ele assim, veio logo a resposta: “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 João 1.7). “Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Então sussurrou: “Creio, Senhor, que foi vertido aquele precioso sangue, por amor de mim”. Vida e paz se apoderaram de sua alma, mas logo em seguida perdeu os sentidos.
— Pai! Oh pai! Veja o que está ali adiante na superfície da água. O que será? Parece que é um homem — disse o filho do piloto de um barco de pesca. O pai olhou, pegou num remo e gritou aos tripulantes que remassem com toda a força. Remaram, pois, com o máximo de energia. O piloto viu afundar o corpo, voltando depois à superfície, já mais perto do barco. Novamente desapareceu, e desta vez poderia vir à tona bem perto do barco se remassem com mais força.
— Força! Mais força! — e todos remaram desesperadamente. Quando o corpo tornou a aparecer, estava bem ao seu alcance. Braços fortes se estenderam e o agarraram, tirando-o da água sem sinais de vida. Logo aplicaram todos os meios possíveis para restabelecer a respiração. Mãos carinhosas levaram-no para terra, vivo, respirando, e não um cadáver. Vivo em dois sentidos; possuindo, agora, não apenas a vida natural, mas também a vida eterna. (João 6.47; 1 João 5.13.)
Passados oito dias, embarcado no mesmo barco de pesca, ele recordou o que o Senhor tinha feito a favor da sua alma, quando a morte e o juízo eterno o ameaçavam. Falou de Jesus, o Salvador, aos que o tinham salvado da morte — da impossibilidade de fazermos o que quer que seja que contribua para a nossa própria salvação; que tal obra teve que ser feita tão somente por Ele — caso contrário ficaríamos perdidos para todo o sempre — e leu para eles a Palavra de Deus no seguinte trecho:
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)… não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.4-9).
— Quando vocês me viram na água, naquela manhã, poderia eu ter feito o que quer que fosse em meu próprio auxílio? Em nada eu ajudei; vocês fizeram tudo e eu recebi o benefício. ELE FEZ TUDO, E NÓS RECEBEMOS TODO O BEM. Ora, meus amigos, não veem como isto esclarece o que sucede com o Senhor? Ele, que nunca pecou, tomou o nosso lugar; sofreu pelos nossos pecados, e oferece-nos o lugar que é Seu. Vocês acham que com o passar do tempo deixarei de sentir sempre profunda gratidão e amor para com os que tanto fizeram por mim? E com o meu Senhor dá-se precisamente o mesmo. Sabendo que me salvou a tanto custo, não posso já viver como antes vivia, como se tudo isso não tivesse importância. Desejo que minha vida manifeste bem a minha gratidão, amor e louvor!
Mais de um daqueles pescadores converteram-se ao Senhor Jesus. Amigo leitor, não há nada que você possa fazer para ser salvo, senão só crer no Senhor Jesus Cristo.
Nada, nem pouco nem muito;
Que fazer, pecador, nada há:
Pois Cristo fez tudo completo,
Há muitos séculos já.
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Romanos 5.6).
Retirado do Livro Qual o teu destino!