O EVANGELHO EM 03 MINUTOS – JOÃO

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Prefácio

Em 2008 decidi publicar uma série de mensagens evangelísticas em formato vídeo na Internet. Usando da experiência que havia adquirido desde 2006 publicando meus vídeos profissionais no canal “TV Barbante” no Youtube, criei a série “O Evangelho em 3 Minutos”.

Durante minha leitura da Bíblia em meu notebook, eu fazia anotações à medida que lia o texto dos Evangelhos e consultava comentários de outros autores. Sempre que o assunto exigia, comentava passagens de outros livros, antes de voltar ao texto do evangelho em questão. Cada comentário tinha um número aproximado de palavras que permitisse a leitura em pouco mais de três minutos. Nos finais de semana eu gravava em vídeo as mensagens em casa, os quais eram depois publicados na Web em versão vídeo, texto e áudio. O texto deste livro é o resultado daquelas anotações.

Você irá reparar que os textos são enxutos, com frases curtas, linguagem coloquial e poucos recursos literários, foram criados na forma de script especialmente para locução. O objetivo principal das mensagens é o de evangelizar, todavia, considerando a enorme confusão de igrejas e doutrinas em que se transformou a cristandade, eventualmente falo de outros assuntos igualmente importantes para aqueles que já creem em Jesus.

Apesar de ler regularmente a Bíblia na versão Almeida Revista e Corrigida, nesta série de mensagens feitas inicialmente para serem narradas preferi utilizar as citações da Nova Versão Internacional, principalmente por usar um português mais coloquial. Sempre que necessário, seja por imprecisão da tradução da NVI, seja para tornar a passagem mais clara, faço as citações a partir da versão Almeida Corrigida ou Almeida Atualizada, além de eventualmente fazer uma tradução livre da versão J. N. Darby para a melhor compreensão da passagem. Pela própria informalidade do meio vídeo, para o qual as mensagens foram criadas, o leitor entenderá que não está diante de uma obra erudita ou de um estudo aprofundado.

Optei também por não usar caixa alta na primeira letra dos pronomes relativos à divindade. Portanto, ao me referir ao Pai, Filho ou Espírito Santo, utilizo “ele” ao invés de “Ele” e “seu” em lugar de “Seu”. De maneira nenhuma isto implica em desrespeito ou irreverência, mas é apenas para manter o texto graficamente mais leve. Esta é também a forma adotada na maioria das edições da Bíblia. Na época em que foram escritos os manuscritos não havia maiúsculas ou minúsculas, mas todos os caracteres tinham o mesmo formato.

Para que você aproveite ao máximo a leitura deste livro, tenha sua Bíblia à mão e leia antes a passagem indicada no início de cada capítulo. Sem a leitura bíblica os meus comentários não farão muito sentido para você e você perderá boa parte da compreensão do contexto. No momento em que reviso este material para o formato livro, os vídeos na Web já receberam alguns milhões de visualizações. Que Deus possa ser glorificado neste trabalho e que muitas almas sejam salvas e abençoadas por sua Palavra.

Mario Persona

www.3minutos.net

Agosto, 2013

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O Verbo

João 1:1-4

Os quatro evangelhos apresentam quatro diferentes aspectos de Cristo. Mateus mostra o perfeito Rei prometido a Israel, por isso está cheio de citações do Antigo Testamento. Ali a genealogia de Jesus começa em Abraão, o patriarca de Israel, e passa pelo Rei Davi. Marcos mostra o perfeito Servo, humilde e sem genealogia. Lucas apresenta o perfeito homem, cuja genealogia vem desde Adão, o primeiro homem.

O Evangelho de João revela Jesus como Deus e Criador, e não há uma genealogia, pois ele não tem começo e nem fim, assim como o próprio Evangelho de João. Este evangelho começa na eternidade, “no princípio”, e termina falando de infinitude ao revelar que se fosse escrito tudo o que Jesus fez o mundo inteiro não seria suficiente para conter esses livros. E como poderia este planeta conter toda informação sobre Jesus e o Universo que ele criou?

Semelhante ao livro de Gênesis, João começa com a expressão “No princípio”, que na realidade significa “antes de tudo”. “No princípio era o Verbo”, pré-existente. O Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram criadas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Jesus é o Verbo. Ele não foi criado, ele é o Criador.

É importante entender isso para entender o evangelho. Na primeira epístola ou carta do apóstolo João, ele diz que “todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus” (1 Jo 4:2-3). Não é suficiente dizer que Jesus nasceu neste mundo, é necessário confessar que ele veio em carne, o que pressupõe sua pré-existência e natureza eterna.

Cabe aqui também uma explicação para você entender a expressão “vida eterna” sempre que ela aparecer ao longo do evangelho. Vida eterna não é apenas uma vida que nunca se acaba. As pessoas que não creem em Jesus não têm vida eterna. Mesmo assim elas morrerão, ressuscitarão em um corpo tangível e viverão para sempre no lago de fogo.

Nenhum de nós é eterno, apenas Deus. Todos nós fomos criados para nunca mais deixarmos de existir, o que significa que temos, por natureza, uma vida perpétua, mas não eterna. No versículo 4 diz que nele, em Jesus, estava a vida e a vida era a luz dos homens. Além de Criador e sustentador de todas as coisas, Jesus é também a origem e o autor da vida, seja ela a vida natural, que todos os seres vivos têm, ou a eterna, um privilégio apenas dos que nascem de novo.

Se você buscar pela expressão “vida eterna” em uma Bíblia digital aprenderá que a vida eterna é uma dádiva, ou seja, você a recebe de graça, não por seus esforços; que é algo que você pode saber agora mesmo se tem ou não; que a vida eterna está em Jesus e — agora vem o mais surpreendente — Jesus “é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:20). Portanto, você não pode ter vida eterna independente de Jesus, porque a vida eterna é uma Pessoa, é Jesus. Você tem vida eterna? Você tem Jesus? Nos próximos 3 minutos a Luz vem ao mundo.

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A Luz

João 1:5-11

A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram”, não puderam resistir a ela. Deus é luz e nele não há trevas. As trevas não fazem parte da criação original de Deus; elas são uma consequência do pecado dos anjos em tempos ancestrais, e também do pecado do homem que se disseminou a partir de Adão.

Tecnicamente falando, as trevas não existem. Elas são apenas a ausência de luz, um vazio igual ao encontrado no coração humano arruinado pelo pecado original. Em Gênesis, depois que Adão pecou, Deus lhe pergunta: “Onde está você?” (Gn 3:9). Quando Deus pergunta algo a você, não é porque ele quer saber, mas para despertar sua consciência. Na prática Deus estava dizendo: “Adão, veja só onde você foi parar!”.

Mas Deus quer reverter essa condição, e para isso Jesus veio ao mundo. A verdadeira luz estava no mundo, mas o mundo, que foi feito por ele, não o conheceu. Veio para o povo que lhe pertencia, os judeus, mas esse mesmo povo não o recebeu.

Como insetos notívagos, que se escondem sob a pedra porque odeiam a luz, nós fugimos de Jesus. Essa fuga faz parte dos sintomas causados pelo pecado. Quando você me vê aqui falando de Jesus, não pense que fui sempre assim. Eu também fugia da verdadeira luz, porém fazia isso da forma mais sutil e enganosa: eu era um espiritualista.

No meu modo espiritualista de pensar, Jesus não passava de um grande mestre ou espírito iluminado. Eu o comparava a homens como Buda, Gandhi e outros. E a ideia de divindade que eu tinha de Jesus era de alguém que trazia em si algum tipo de centelha divina conquistada depois de muita evolução através de sucessivas reencarnações.

Mas não é de um Jesus assim que o evangelho fala. Ele fala de um Jesus que é o verbo ou elemento originador de toda ação e realização, o próprio Deus criador. Este Jesus um dia me incomodou como também deve incomodar você se ainda não se converteu. Sabe por quê? Porque a luz revela todas as coisas. Ela revela aquilo que as trevas tentam esconder. Sob a luz da presença de Jesus eu sou o que sou; meus pecados vêm à tona e meus defeitos são manifestos. Ninguém fica indiferente à luz.

O que fazer? Posso voltar as costas para a luz, qual uma criança que tapa os olhos com as mãos e pensa estar escondida. Mesmo assim a luz continua ali, brilhando e denunciando quem eu sou e onde estou. Um dia eu resisti, mas o amor de Jesus me constrangeu a reconhecer o meu pecado e a deixar que ele me salvasse. Então, qual um filme fotográfico que recebe uma superexposição à luz, todas as manchas desapareceram, todos os meus pecados foram perdoados. Naquele dia Deus me fez seu filho. E é de um novo nascimento que João fala nos próximos 3 minutos.

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Filhos

João 1:12-13

É um grande engano achar que somos filhos de Deus por natureza. Não somos. Se quisermos saber de que somos filhos, basta ler o que diz o apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios. Lá ele diz aos cristãos que viviam em Éfeso que antes de sua conversão, por andarem segundo o curso deste mundo, segundo o diabo, e segundo seus próprios instintos e pensamentos, eles eram “filhos da desobediência” e “filhos da ira” (Ef 2:1-2).

Portanto, se você ainda não se converteu a Jesus, os títulos “filho da desobediência” e “filho da ira” podem parecer fortes demais e nem um pouco politicamente corretos de serem mencionados aqui, mas é exatamente isso o que a Bíblia diz de você. E neste evangelho fica muito claro que não somos filhos de Deus por natureza porque João fala de um novo nascimento, um nascimento espiritual que nada tem a ver com nossa existência como seres humanos.

Após dizer que Jesus veio para o que era seu e os seus não o receberam, o texto continua dizendo que “aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1:12). Portanto, se é apenas quando as pessoas creem em Jesus que recebem esse título de “filhos de Deus”, antes disso elas não podem dizer que têm esse privilégio, não é mesmo? E tem mais.

Você não se torna filho de Deus por descendência, por vontade própria ou pela vontade de alguém. Isto é, mesmo que seus pais sejam filhos de Deus por crerem em Jesus, isso não torna você automaticamente um filho de Deus. Também não é por seu esforço ou vontade própria que você adquire esse título e posição. Tampouco pelo esforço ou vontade de outra pessoa, como se existissem pessoas com o poder de transformar os outros em filhos de Deus por meio de alguma oração, imposição de mãos ou passe de mágica.

O evangelho diz que os filhos de Deus “não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (Jo 1:13). Isso mesmo, o novo nascimento, ou nascimento do alto, ou nascimento espiritual, é algo que Deus faz. Assim como não foi pelo seu esforço que você nasceu neste mundo, não é pelo seu esforço que você nasce de novo, mas por obra e graça de Deus.

Se você ainda acha que Jesus é um ser iluminado, comparável a algum guru, anjo ou extraterrestre, você ainda não nasceu de novo. Se acha que é pelos seus esforços que chegará ao céu, você ainda precisa nascer de novo. Se você acredita que por ser humano já é automaticamente membro da família de Deus, ainda não entendeu o que diz o evangelho. Antes dos próximos 3 minutos é melhor crer em Jesus e pedir a ele que salve você, se quiser se tornar realmente um filho de Deus.

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A encarnação

João 1:14-16

Mesmo antes de nascer na forma humana neste mundo, Jesus sempre existiu como Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Não são 3 deuses, mas um só Deus em três Pessoas distintas, um mistério que vai além da nossa compreensão. Algumas pistas ajudarão você a aceitar isso.

Uma é que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, por isso somos seres tripartidos, formados por corpo, alma e espírito. Outra pista está em Gênesis capítulo 1: “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26). Percebeu o plural aí? “Façamos… à nossa…” Não se trata de apenas uma Pessoa falando, mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

João nos diz que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1:14). Ao dizer que se fez carne ele pressupõe sua pré-existência. Ao dizer que habitou entre nós, revela que não foi diferente de um homem comum. Aliás, Jesus foi tão comum em sua aparência aqui que quando os guardas foram prendê-lo à noite precisaram combinar com Judas que o beijo seria o sinal, para não prenderem a pessoa errada.

A palavra “habitou” significa literalmente ocupar uma tenda ou uma habitação, no caso o corpo de carne. Nunca antes Deus tinha assumido a forma humana e vivido como homem. Os trinta e três anos que Jesus viveu neste mundo são um evento único na história do Universo, a começar com sua geração no ventre de uma virgem.

Unigênito significa “único gerado”. Todos os que creem em Jesus são filhos de Deus, porém Jesus é “o” Filho de Deus, ocupando uma posição única, igual a Deus e um com o Pai. Em nenhum momento ele deixou de ser Deus ao assumir a forma humana. E depois de ressuscitar e subir ao céu em forma corpórea, ele nunca mais deixará de ser também Homem. Obviamente algumas características divinas ficaram parcialmente ocultas aos olhos humanos enquanto ele andou aqui, caso contrário os homens seriam consumidos se tão somente olhassem para Jesus.

Mesmo assim sua glória divina não deixou de transparecer em sua perfeição moral. No mesmo texto bíblico onde encontramos defeitos nos discípulos e apóstolos, nenhuma falha é vista em Jesus e em seu modo de proceder. João teve o privilégio de ver uma porção extra de sua glória quando Jesus se transfigurou e apareceu em fulgor ao lado de Moisés e Elias.

João batista, que era mais velho do que Jesus, dá testemunho de sua pré-existência ao dizer que Jesus existia antes dele e era superior a ele. Agora, todo aquele que recebe a Jesus recebe também toda a sua plenitude e graça sobre graça. Você vai querer perder isso? Nos próximos 3 minutos o evangelho continua falando da graça e da verdade que você só encontra em Jesus.

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Graça e verdade

João 1:17-18

Quando Deus se manifestou a Moisés no Monte Sinai para entregar a ele a Lei, os Dez Mandamentos, o cenário era aterrador. A montanha toda fumegava. Raios riscavam o céu e trovões faziam tremer as rochas. Quem ousasse tocar o monte seria imediatamente morto. Enquanto isso Deus escrevia sua Lei em tábuas duras, literalmente de pedra.

Talvez uma imagem de um Deus severo assim não agrade você, que acha que Deus deve ser todo amor. Porém a Lei de Deus, que cobrava com rigor uma vida correta, revelava a justiça de um Deus santo que não pode tolerar o pecado. E se você não gosta da ideia de um Deus irado, como você se sentiria se soubesse que sua filhinha de três anos foi molestada por um pedófilo? Se você, que é pecador e imperfeito, se sente indignado, por que acha que um Deus santo, justo e perfeito não pode sentir o mesmo?

Os mandamentos da Lei de Deus revelavam a justiça de Deus, mas não davam ao homem o poder de viver de acordo com eles. A Lei só tinha o poder de condenar. A Lei faz você se sentir como o motorista de um enorme caminhão entalado em uma rua estreita e olhando para a placa de contramão. Você nada pode fazer além de saber que é um transgressor da lei, e não tem o poder de manobrar seu caminhão.

No Antigo Testamento Deus se revelou em justiça. Em Cristo Deus se revelou em graça. Ao contrário do Monte Sinai fumegante, qualquer um podia tocar em Jesus sem ser consumido. Você sempre verá um contraste entre o modo de Deus tratar o homem segundo a Lei do Antigo Testamento e segundo a graça revelada em Jesus. A Lei condena; a graça perdoa. A Lei exige que o homem seja justo; a graça justifica o homem. A Lei exige boas obras; a graça exige fé. A Lei abençoa o bom; a graça salva o ímpio. A Lei espera que você receba bênçãos por mérito; a graça é um favor imerecido. Não é à toa que o Antigo Testamento termina com a palavra “maldição” e o Novo Testamento com a palavra “graça”.

Mas a graça só pôde ter efeito porque Jesus, o único que andou 100% de acordo com a Lei, quis receber em si a condenação que a Lei exigia daqueles que a transgredissem: a morte. Ao morrer na cruz como substituto do pecador recebendo o juízo de Deus, Jesus cumpriu a sentença que tinha sido determinada para o pecador. Aquele que crê em Cristo é como se já tivesse sido condenado por procuração. Agora sim a graça pode se manifestar sem atropelar a justiça. Mas não foi apenas a graça que se manifestou em Jesus. A verdade não estava apenas nele, mas ele é a própria verdade, portanto você jamais encontrará a verdade se não tiver um encontro com Jesus.

Ao crer em Jesus você é perdoado de todos os seus pecados e justificado, ou tido por justo aos olhos de Deus. Perdão é como se Deus dissesse a você: “Ok, pode ir”. Justificação é como se ele dissesse: “Ok, pode vir”. Perdão é como se o juiz abrisse a porta da cela para libertar você. Justificação é como se ele desse a você um atestado de idoneidade e virtude. Tudo isso se resume numa palavra: salvação. Nos próximos 3 minutos conheça o Cordeiro que tira o pecado do mundo.

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O cordeiro que tira o pecado

João 1:19-36

É só João, o batista, começar a dizer às pessoas para se arrependerem que o Messias tinha chegado, e uma comissão formada por sacerdotes e levitas sai de Jerusalém para saber quem é João. Quando existe um clero, este fica incomodado se descobre que Deus está agindo sem a sua autorização. João diz não ser o Messias, nem Elias ressuscitado ou reencarnado, e nem o profeta previsto por Moisés.

João não queria atrair as atenções para si. Naquele tempo o escravo tinha a incumbência de desamarrar as sandálias de seu senhor quando este chegava, e João diz não ser digno nem mesmo de desamarrar as sandálias de Jesus. Ele se considera menos que um escravo. É com Jesus que as pessoas devem se ocupar.

João é a voz que clama no deserto. Sua missão é exortar o povo a se preparar para receber o Messias. Os que se arrependem são batizados por ele como uma prova exterior de um arrependimento interior. Aqui não se trata do batismo cristão.

Hoje cada um que crê em Jesus também é uma voz. A voz é o meio que transporta a Palavra. Ao contrário de João, que pregava o arrependimento e anunciava que o Messias viria, o cristão prega a graça de Deus e anuncia que o Salvador já veio. João mandava as pessoas se arrependerem e se limparem para receber o Messias. Hoje o evangelho convida você a crer em Jesus e se deixar limpar por ele. João pregava uma condição. O evangelho da graça prega uma solução. Antes a mensagem era “Se você já estiver preparado, venha a Jesus” e agora é “Se você for pecador, venha a Jesus”.

No dia seguinte João anuncia: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). Para surpresa dos judeus, que aguardavam um Messias e Rei poderoso e conquistador, João acabava de revelar que Jesus devia morrer como um sacrifício. Os cordeiros sacrificados em Israel não eram uma solução para o pecado, apenas prefiguravam o verdadeiro Cordeiro. Entenda que “pecado” é a raiz, o princípio ativo, e “pecados” são os frutos, as consequências.

Ao morrer na cruz Jesus levou sobre si os pecados — no plural — daqueles que creram nele em todas as épocas, antes e depois de sua vinda. Os de antes creram que Deus providenciaria um cordeiro; os de hoje, que Deus já providenciou. Na cruz Jesus também tirou o pecado — no singular — do mundo, ou seja, restaurou os fundamentos da própria criação. Sua morte foi primeiramente para resolver a questão do pecado no que diz respeito a Deus e, segundo, para resolver o problema do homem. Mesmo que ninguém fosse salvo, ainda assim a obra de Cristo teria tirado o pecado do mundo. Ela é a base eterna para os novos céus e a nova terra ainda futuros. Jesus já tirou o pecado do mundo e limpou os pecados dos pecadores que creem nele como Salvador, e apenas destes. Será você um deles?

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Seguindo a Jesus

João 1:37-39

A mensagem de João, o batista, tinha sido certeira. Dois de seus próprios discípulos o deixam para seguir a Jesus. Este deveria ser o papel de todo aquele que fala de Cristo: apresentar o Salvador e sair de cena. É para Jesus que toda a Bíblia aponta, e é nele que são realizados todos os desígnios de Deus. Querer ficar entre o pecador e Jesus, como um intermediário, mediador ou sacerdote, é usurpar uma posição que não cabe ao homem.

É fácil identificar se um ministério vem de Deus ou não. Tudo o que glorifica algo ou alguém que não seja Cristo, é do mundo, do homem e da carne. É a Cristo que devem ser atraídas, e pelo Espírito Santo convencidas, como acontece com estes dois discípulos. Alguns anos depois o apóstolo Paulo iria repreender os cristãos em Corinto por estarem se tornando seguidores de homens, inclusive dele próprio. Se for em Jesus que você está interessado, a pessoa que encaminha você a ele não é importante. É apenas uma voz ou instrumento usado por Deus.

Jesus vê o dois que o seguem e pergunta: “O que vocês querem?” (Jo 1:38). É claro que aquele que conhece todas as coisas não ignora nossos desejos, mas o Senhor quer que você diga a ele exatamente o que busca. Jesus faz a mesma pergunta a você hoje, e sua resposta irá revelar se você está interessado nas bênçãos ou naquele que abençoa.

Ao contrário de muitos que seguiam a Jesus em busca de alimento, cura ou consolo para alguma tribulação, os dois estão em busca de uma comunhão íntima com aquele que chamam de Rabi ou Mestre. Eles querem saber onde Jesus está hospedado, pois desejam estar onde ele está. “Venham e verão” (Jo 1:39), é a resposta de Jesus. Que privilégio imenso escutar da boca de Jesus o convite para segui-lo e estar onde ele está! Ainda que Jesus não seja visível hoje, sua promessa de estar onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome continua válida.

O plano de Deus para você é simples: você foi criado por ele, está sendo chamado a crer em Jesus para ser salvo e transformado em um adorador, e deve partir a qualquer momento para estar com ele no céu. Do começo ao fim Deus quer que você fique com ele, que tenha comunhão com ele e desfrute de sua presença que, para o crente em Jesus, começa já nesta vida. Todo o resto perde o sentido quando nos damos conta do que deve ter significado para aqueles dois homens os momentos que passaram com Jesus, o próprio Criador do Universo.

André era o nome de um deles, que depois seria chamado apóstolo. Quase não ouvimos falar de André e provavelmente jamais iremos ouvir falar dos homens e mulheres que desfrutam dos lugares mais próximos de comunhão com Jesus. Mas André não quer desfrutar disso sozinho. Nos próximos 3 minutos ele vai levar a boa notícia para aqueles que lhe são mais próximos: os seus familiares.

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Levando a boa nova

João 1:40-45

A Bíblia não é um livro de normas de conduta ou de aconselhamento, embora nela você encontre normas de conduta e bons conselhos. A Bíblia é uma história. Ela mostra de onde viemos, o que deu errado conosco, como Deus resolveu isso e para onde vamos. Mas não se trata da nossa história e nem somos o tema central dela. A Bíblia toda existe só para falar de Jesus e é ele o tema central.

Embora você encontre regras e conselhos na Bíblia, quando chegamos aos evangelhos descobrimos que o objetivo de Deus era dar uma notícia, uma boa nova. A diferença entre um livro de regras de conduta e uma notícia é enorme. Você compra livros de receitas para saber como fazer um prato, e se seguir direitinho as instruções no final o seu paladar será premiado.

Mas você compra o jornal para saber o que aconteceu. Você não fez aquilo que está lá, tudo aconteceu em outro lugar com outros protagonistas. Mas as consequências daquela notícia podem atingir você. O evangelho é o jornal de Deus. A boa notícia é que Deus já resolveu de uma vez para sempre, a questão do pecado, ao condenar Jesus à morte em nosso lugar. O evangelho não diz o que eu devo fazer, mas conta o que Deus fez.

André sai em busca de sua família, não com uma receita ou lista de coisas que deviam fazer, mas com uma notícia que era boa demais para ficar só com ele. André encontra primeiro seu irmão, Simão, e dispara: “Achamos o Messias!” (Jo 1:41).

O que acontece em seguida serve de lição para nós. André leva Simão até Jesus e, nesse encontro, Simão ganha um novo nome. Jesus diz a ele: “Você é Simão, filho de João. Será chamado Cefas” (Jo 1:42), que significa pedra, ou Pedro, como costumamos falar. Simples assim. Sem uma lista de coisas para fazer, sem condições, sem maiores delongas. O evangelho apresenta Jesus e diz quem ele é.

No Antigo Testamento há mais de 400 profecias falando do Messias e mais tarde André e Pedro descobririam que todas elas se cumpriam em Jesus, principalmente quando o viram ressuscitado. Hoje nós temos o testemunho completo diante de nós, assim como você tem as manchetes nos jornais avisando das coisas que já aconteceram. Dependendo da notícia que sai no jornal, você pode sofrer consequências graves caso não creia no que ela diz.

Pedro crê na boa notícia e tem um encontro pessoal com Jesus. Filipe, que era da mesma cidade que André e Pedro, também é chamado por Jesus. Depois vai dar a boa notícia a Natanael, mas este duvida de Filipe. Talvez você tenha o mesmo problema de Natanael com respeito a Jesus. Que problema era esse? Você verá nos próximos 3 minutos.

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O problema de Natanael

João 1:45-51

Em sua alegria de recém-convertido, Filipe vai contar as boas novas a Natanael. Os novos convertidos são os mais apaixonados em evangelizar. Repare, porém, que a mensagem de Filipe não está totalmente correta. Ele diz ter encontrado aquele de quem escreveram Moisés e os profetas, Jesus de Nazaré, filho de José.

Jesus não era de Nazaré, era de Belém, e não era filho biológico de José, mas tinha sido gerado pelo Espírito Santo. Mesmo sem saber tudo sobre Jesus, Filipe é usado por Deus para levar as boas novas. Se você acabou de conhecer o Salvador, não se acanhe achando que só pode falar dele depois de conhecer muito bem a Bíblia. Os sacerdotes estudavam todos os dias as Escrituras e se gabavam de conhecê-las, e mesmo assim crucificaram o Messias.

Se você se orgulha de sua bagagem e despreza o novo convertido que fala de Jesus de forma capenga e pouco ortodoxa, cuidado, pois o conhecimento ensoberbece. Ajude o novo convertido a entender melhor as Escrituras, como fazem Priscila e Áquila no livro de Atos com o eloquente Apolo, um jovem com muita motivação, porém com pouco conhecimento de Jesus. Você não precisa se dar ao trabalho de desmotivar o novo convertido. Satanás já faz isso.

O problema de Natanael é justamente saber mais do que Filipe, o que o faz agir com desprezo e desdém. Natanael sabe que o Messias deve vir de Belém. “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?” (Jo 1:46), ironiza ele, constrangendo Filipe. Ironia e sarcasmo são atitudes de pessoas que se consideram superiores. Ao usar de seu conhecimento das Escrituras para ridicularizar a mensagem trazida por Filipe, Natanael está, por assim dizer, cozinhar “o cabrito no leite da própria mãe” (Êx 34:26). A expressão do Antigo Testamento indicava que aquilo que Deus fez para alimentar os pequeninos nunca deve ser usado para matá-los.

Filipe faz bem em não discutir. Ele simplesmente convida: “Venha e veja”. É por aí mesmo. “Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!”, diz o Salmo 34:8. Experimente crer em Jesus. Natanael aceita o convite e é levado a Jesus, que revela detalhes de seu caráter e diz tê-lo visto sentado sob a figueira. O Senhor sabe quem somos e onde estamos, e isso impressiona Natanael, que passa a chamar Jesus de Mestre, Filho de Deus e Rei de Israel.

Mas não se iluda pensando que um encontro pessoal com Jesus é o final da história. É apenas o começo. “Você crê porque eu disse que o vi debaixo da figueira?”, pergunta Jesus a Natanael. Jesus garante que Natanael verá coisas ainda maiores, como o próprio céu aberto (Jo 1:50-51). O céu aberto é a visão reservada a todo aquele que crê em Jesus, e será também a sua expectativa se você crer nele. Ao incrédulo, porém, só lhe resta esperar por uma cova aberta e pelo abismo aberto ao sair desta vida. Nos próximos 3 minutos os milagres de Jesus começam numa festa.

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A festa de casamento

João 2:1-11

Se os homens quisessem inventar uma história para dizer que Deus veio ao mundo na forma humana, certamente escolheriam um milagre espantoso para inaugurar sua carreira aqui. Algo como curar uma cidade inteira de uma epidemia, destruir o exército inimigo com um raio ou sair voando diante de todos.

Mas este evangelho surpreende pela forma como apresenta o início do ministério de sinais e milagres de Jesus. Quem ousaria imaginar que Deus, ao se fazer homem, inauguraria sua carreira de sinais e milagres resolvendo o problema de um serviço de bufê numa festa de casamento? Pois o capítulo 2 do Evangelho de João diz que é exatamente este o primeiro milagre de Jesus.

Ele não começa curando enfermos, alimentando famintos ou expulsando demônios, ainda que viesse a fazer isso em outras ocasiões. Jesus começa seu ministério em uma festa de casamento transformando água em vinho. O que será que Deus quer nos dizer com isso? Muitas coisas.

A primeira é que seu ministério é diferente do de Moisés, por intermédio de quem Deus havia dado a Lei aos judeus. Moisés transformou a água em sangue e morte, mas aqui Jesus transforma água em vinho. O Salmo 104:14-15 diz que Deus é quem “faz crescer o pasto para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra tirar o alimento: o vinho, que alegra o coração do homem; o azeite, que faz brilhar o rosto, e o pão que sustenta o seu vigor”. O vinho é um símbolo de alegria.

O ministério de Jesus começa em festa e alegria porque é assim também que a história termina no céu. Sabe o que acontece no capítulo 19 de Apocalipse, quando os salvos por Jesus se encontram com ele? Uma festa de casamento! “Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória!”, é o que diz lá, “pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro” (Ap 19:7-8). Em Apocalipse a noiva é a Igreja, o conjunto dos salvos por Jesus desde a descida do Espírito Santo registrada no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos.

Tudo começa com uma festa de casamento e termina com uma festa de casamento. Esta, do Evangelho de João, ainda não é a festa do casamento de Jesus, e ele diz à sua mãe que sua hora ainda chegou. Mesmo assim ele considera o evento tão importante que faz ali o seu primeiro milagre: transforma água em vinho, símbolo da alegria do homem. Quando o mestre-sala ou encarregado da festa prova a água transformada em vinho, chama o noivo e o parabeniza por ter guardado o melhor vinho para o final. Poderíamos dizer ao mestre-sala que ele deu os parabéns ao noivo errado e que, quanto à qualidade do vinho, que ele ainda não viu nada!

Nos próximos 3 minutos mais lições do primeiro milagre de Jesus.

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O pedido de Maria

João 2:1-11

Alguns leem o capítulo 2 do Evangelho de João e tiram a seguinte conclusão: Maria pediu a Jesus para resolver o problema da falta de vinho, portanto tudo o que pedirmos a Maria ela pedirá ao seu filho e ele fará a vontade de sua mãe. Mas será que ela pede alguma coisa aqui? Não.

Maria apenas observa que o vinho acabou. Embora ela pudesse desejar que Jesus tomasse alguma providência, ela não pede isso explicitamente. Jesus, por sua vez, diz a Maria: “Que temos nós em comum, mulher?” (Jo 2:4). A expressão “mulher” não é desrespeitosa, mas equivale a “senhora” ou “dona Maria”, como diríamos hoje. Já a expressão “que temos nós em comum?” deixa claro que Maria não exerce qualquer influência sobre Jesus e seu ministério.

Em outra ocasião os discípulos avisam a Jesus que sua mãe e seus irmãos o buscam. Ele responde: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. E continua dizendo que “quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12:48-50). Seu ministério não estava sujeito aos vínculos naturais de parentesco, mas exclusivamente à vontade de Deus Pai.

Dentre todas as mulheres, Maria foi a escolhida para ter o Filho de Deus gerado em seu ventre pelo Espírito Santo. Mas sua missão não vai além disso, e em momento algum você a encontra como mediadora entre os homens e Jesus. Qualquer informação sobre Maria que ultrapasse o que está escrito na Palavra de Deus é invenção humana.

No Novo Testamento há apenas umas vinte referências a Maria, enquanto o nome de Jesus aparece quase mil vezes. Este mesmo Jesus diz a você: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11:28). Como alguém pode desprezar um convite assim e ousar ir a Maria ou a qualquer outro na hora da necessidade?

Não pense que eu esteja de algum modo desrespeitando a memória de Maria. Estou apenas dizendo para você se concentrar naquele que Deus, os profetas e apóstolos concentram sua atenção: Jesus. Você não encontra qualquer referência a Maria nas cartas dos apóstolos. Se existisse alguma doutrina importante relacionada a ela, você acha que Paulo e os outros apóstolos teriam deixado isso passar em branco?

Em nosso capítulo Maria apenas diz aos servos que façam tudo o que Jesus ordenar, e este sim é um conselho sábio. Maria foi salva por Jesus, o único sem pecado, faleceu e hoje está no céu, em espírito, aguardando a ressurreição com todos os que creram em Jesus em todas as épocas. Pedir algo a ela ou a qualquer outro falecido é invocar os mortos, algo que a Bíblia condena com veemência. Você respeita e admira Maria? Então siga o conselho dela: olhe só para Jesus e faça tudo o que ele mandar. E nos próximos 3 minutos ele ordena que os vasos sejam cheios de água.

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O primeiro milagre

João 2:1-11

O primeiro milagre de Jesus, ao transformar água em vinho em uma festa de casamento, pode ser visto também como o primeiro milagre que ele faz na vida de uma pessoa. Veja quantas coisas interessantes você encontra no capítulo 2 do Evangelho de João, a começar pela expressão “no terceiro dia”, a mesma usada no capítulo que fala de sua ressurreição. Este e o próximo capítulo nos falam da água, um símbolo da Palavra de Deus, como a origem da nova vida, a vida que é compatível com a ressurreição.

Os judeus costumavam manter grandes potes ou vasos de pedra para armazenar a água usada nos rituais de purificação. Jesus diz aos servos para encherem de água os seis potes existentes no local, cada um com cerca de cem litros. Milagrosamente a água se transforma em seiscentos litros de vinho da melhor qualidade. O versículo 11 deste capítulo diz claramente que este foi o primeiro milagre feito por Jesus, portanto se você ouviu falar de algum milagre feito em sua infância ou adolescência pode ter certeza de que é pura invenção.

Somos como aqueles vasos de pedra: empedernidos e vazios da verdadeira alegria. Cedo ou tarde a alegria natural que o mundo oferece sempre chega ao fim, como o vinho da festa. Mas a alegria sobrenatural que Deus dá aos que creem em Jesus é eterna. Você já experimentou esse primeiro milagre em sua vida? Você já se deixou encher até em cima pela água, uma figura aqui da Palavra de Deus?

Se assim for, essa Palavra que você ouviu em algum lugar será transformada por Jesus em vida e alegria. Uma mudança literalmente da água para o vinho, sobrenatural, radical, completa. Mesmo que por fora você pareça ser o mesmo rude e áspero vaso de pedra, por dentro aconteceu um milagre que lhe deu vida, e vida eterna, além da alegria de saber que seus pecados foram todos pagos por Jesus na cruz.

Ninguém vê a transformação ocorrendo dentro daqueles grandes vasos. O modus operandi de Deus está além de nossa visão e compreensão. A Palavra de Deus também opera assim, em nosso interior. O livro de Hebreus diz que “a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12).

Essa Palavra se resume na seguinte declaração do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15:3-4: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Você crê nisso? Se você realmente crê, o primeiro milagre em sua vida será essa transformação realizada por Deus. Mas, se você tem ido atrás de Jesus em busca de outros milagres, talvez seja de você que ele esteja falando nos próximos 3 minutos.

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Aproveitadores

João 2:12-25

É provável que muitos daqueles que participaram da festa de casamento em Caná estivessem três anos depois no julgamento de Jesus entre os que gritavam “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Lc 23:21). Muitos foram alimentados, curados e libertados por ele, mas nem todos realmente se converteram ao Salvador. O livro de Hebreus fala algo sobre isso.

Lá diz que é impossível que aqueles que uma vez foram iluminados, provaram a dádiva do céu, desfrutaram dos benefícios do Espírito Santo, experimentaram a boa Palavra de Deus e o poder de uma era ainda futura e, mesmo assim, voltaram atrás, sejam reconduzidos ao arrependimento. Em Hebreus não diz que tenham crido, mas tão somente que desfrutaram dos privilégios da presença de Jesus como meros aproveitadores.

É o caso dos judeus daquela época. Tiveram o privilégio de ver e experimentar tudo isso, e mesmo assim se recusaram a crer no Messias que estava bem ali no meio deles. Na continuação do capítulo Jesus vai ao Templo em Jerusalém e encontra a casa de Deus transformada em um mercado. Não é de hoje que a religião atrai aproveitadores. As condições daquele povo e de sua religião não eram muito diferentes das que você encontra hoje na cristandade. Como diz o ditado, “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.

Mas eu quero chamar sua atenção para o final do capítulo 2 de João. Ali diz que Jesus fez muitos milagres em Jerusalém, e muitos daqueles que viram esses sinais creram no seu nome. E o capítulo termina assim: “Mas Jesus não se confiava a eles, pois conhecia a todos. Não precisava que ninguém lhe desse testemunho a respeito do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2:24-25).

E o que há no homem? O desejo de se aproveitar de Deus e manipulá-lo ao seu bel prazer. Se você está atrás de Jesus por interesse em algum benefício para sua saúde, finanças ou vida sentimental, ainda não entendeu quem ele é e o que veio fazer aqui. Ele veio morrer em seu lugar para que você tenha todos os seus pecados perdoados; veio resgatar você do pecado, da morte e de Satanás. Veio para transformá-lo em um adorador que adore a Deus em espírito e em verdade por toda a eternidade, pois era essa a intenção inicial de Deus para os seres humanos. A coisa toda é para Deus, não para mim ou para você, ainda que sejamos abençoados em tudo isso.

Ir a Jesus para resolver algum problema pessoal não é muito diferente do que fazem os pagãos com seus talismãs, ídolos e gurus. A verdadeira fé não busca as dádivas de Deus, mas o Deus das dádivas. A verdadeira fé enxerga em Jesus, não uma cornucópia inesgotável de saúde, riqueza e felicidade, mas o vê como o Cordeiro de Deus, aquele em quem todas as coisas irão convergir no final. Isso não está muito claro para você? Não tem problema, vá a Jesus mesmo assim, do jeito que está, com suas dúvidas e indagações, como faz Nicodemos nos próximos 3 minutos.

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Nicodemos

João 3:1-4

Se religião fosse suficiente para salvar alguém, Nicodemos não precisaria conversar com Jesus. Ele é um homem religioso, uma autoridade em judaísmo, e vai à noite se encontrar com Jesus. Numa sociedade sem eletricidade, ir à noite se encontrar com um desconhecido não é algo comum, a menos que você não queira que seus amigos o vejam. Pode ter sido o caso de Nicodemos.

Os sacerdotes, fariseus e saduceus não estão gostando nem um pouco da situação. Primeiro aparece um tal de João batizando e anunciando a chegada do Cordeiro de Deus. Depois vem Jesus, fazendo milagres e atraindo multidões. O clero odeia concorrência, mesmo que seja do próprio Deus vindo ao mundo na forma humana.

Apesar de toda a religião, Nicodemos sente que falta algo. Ele chama Jesus de Mestre, sem fazer ideia de que está diante daquele que o profeta Isaías chamou de “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6). Considerar Jesus apenas um mestre, ou espírito evoluído, como alguns hoje gostam de chamá-lo, é como parabenizar Einstein por saber somar dois mais dois. Jesus é Deus e como tal deve ser reconhecido e adorado.

A resposta de Jesus parece não ter coisa alguma com o início da conversa de Nicodemos. Mas tem. Imediatamente após ser elogiado como mestre, Jesus dispara: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (Jo 3:3). Em outras palavras, se Nicodemos quisesse conversar, teria de ser em outro nível. Antes de poder enxergar a esfera na qual Jesus atuava Nicodemos precisaria receber uma nova vida, ser transformado numa nova criatura. Ele precisava nascer de novo, nascer do alto ou nascer de Deus.

Jesus usa o exemplo do nascimento natural. Antes de nascer, você não fazia nem ideia do que havia fora daquele mundinho onde passou nove meses. Além disso, sua geração e o próprio nascimento não dependeram de você, mas de seus pais. Todas as decisões e todos os esforços foram de outros, não seus. Você foi um agente passivo em todo o processo. O que Jesus quer dizer é que, embora seja necessário a Nicodemos nascer de novo para ver o reino de Deus, é tão impossível ele próprio fazer isso quanto uma criança resolver nascer neste mundo.

Neste ponto Nicodemos entende menos ainda do que entendia quando chegou para conversar com Jesus. Ele não consegue pensar fora da caixa das coisas naturais e pergunta como é possível alguém voltar ao ventre da mãe para renascer. Mas Jesus responde que não está falando de um nascimento natural. Não se trata de voltar ao ventre da mãe ou reencarnar, como acreditam alguns. É necessário nascer da água e do Espírito Santo. Do Espírito Santo você já ouviu falar, mas de que água Jesus está falando? É o que você irá ver nos próximos 3 minutos.

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Água e Espírito

João 3:5-7

Jesus diz a Nicodemos que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Que água é essa? No capítulo 1 deste Evangelho de João você aprende que ninguém nasce de novo, e se torna filho de Deus, por consanguinidade, pela intervenção de algum homem ou pela vontade própria. Trata-se de um processo sobrenatural que transcende a vontade humana. A água aqui não deve ser o batismo, que ocorre pela vontade quem batiza ou é batizado. Mas então, que água é essa?

Vamos dar uma olhada em outras passagens que falam de purificação e também de novo nascimento, nova vida ou nova criatura, para identificarmos o que está sendo representado aqui pela palavra “água”.

Efésios 5:25-26: “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra”;

1 Pedro 1:23: “Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus”;

Tiago 1:18: “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou”.

O modo como o Senhor usa exemplos naturais para ensinar verdades espirituais é surpreendente. Duas coisas são essenciais para a existência de vida no planeta. A primeira é a água, a segunda é a intervenção divina, pois somente Deus é o autor da vida. Não é diferente no novo nascimento, e nada melhor do que a água para simbolizar a Palavra de Deus.

Veja algumas características da água natural, cuja ação e poder nos fazem recordar a Palavra de Deus:

A maior parte do planeta é coberta por água, ela é acessível a todos. Apesar de ser impossível definir seu sabor, a água refresca, revigora e satisfaz. Ela é um solvente universal, que dilui, lava e purifica. Embora aparentemente frágil, suas gotas são capazes de furar a mais dura rocha, seu fluir dissolve montanhas e suas correntes moldam os continentes. É nela que se encontra a maior quantidade de vida do planeta, e essa mesma vida é formada principalmente por água. Boa parte dela corre oculta aos olhos humanos, em rios subterrâneos, na seiva que dá vida às plantas e no sangue que corre em nossas veias. Sem água não há vida; sem a Palavra de Deus não há vida nova.

O mesmo João, em sua primeira carta, diz que Jesus veio por água e por sangue, referindo-se à água e ao sangue que saíram de seu lado ferido pela lança do soldado na cruz. Aquele é o sangue que tira os nossos pecados e aquela é a água que nos purifica. Além da água, Jesus fala a Nicodemos da ação do Espírito Santo no nascimento espiritual. Como Nicodemos parece ainda não entender, vamos precisar de mais 3 minutos.

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O vento invisível

João 3:8-13

Se Jesus usou a água para simbolizar a ação da Palavra de Deus no novo nascimento, agora ele usa o vento como figura daquele que é nascido do Espírito Santo. Lembre-se de que ele está falando de um novo nascimento espiritual, gerado de cima para baixo, de Deus para o homem, e não de um renascimento da velha vida natural que trazemos em nós, nem tampouco do velho corpo de carne. “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:6), por isso nem pense nisso como uma suposta reencarnação.

O novo nascimento é um ato soberano de Deus, não uma decisão do homem, e sem ele é impossível ao homem crer em Jesus. Em Efésios Paulo explica que o homem está espiritualmente morto em seus delitos e pecados. Coloque uma tonelada de pedras sobre um morto e nada acontecerá. Ele não sentirá o peso e tampouco será capaz de movê-lo ou terá qualquer desejo de fazer isso. Ele está morto.

Olhe para o ser humano como morto espiritualmente e você entenderá por que ele não sente a tonelada de pecados que pesa sobre si e nem tem qualquer desejo de se aproximar de Deus. Não há como fazer nem uma coisa, nem outra. É preciso uma intervenção divina que injete vida nesse homem morto para ele sentir o peso de seus pecados e clamar a Deus por libertação. Como isso acontece? Ninguém sabe, ninguém viu.

O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito” (Jo 3:8). Isso é o mais longe que podemos chegar para entender o novo nascimento. Sua ação é tão invisível quanto o vento, mas podemos ver os resultados naquele que nasceu de novo. A mudança é real. Nicodemos, porém, continua achando que Jesus está falando de um acontecimento físico, que pode ser analisado pela lógica racional de uma mente natural. Não pode.

Ele continua sem entender, e ganha, por assim dizer, um puxão de orelha: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?” (Jo 3:10). A resposta mais simples é “Não”, porque Nicodemos ainda precisa nascer de novo. Ele até entende que o Messias deve vir e estabelecer seu Reino, mas não como isso acontece, ou como uma alma é transformada para poder participar desse Reino. Jesus deixa de lado o Reino e outras coisas terrenas e passa agora a falar de coisas celestiais. Mas quem teria autoridade para falar das coisas celestiais?

Somente alguém originário do céu, que tivesse livre trânsito entre o céu e a terra; que não fosse levado para o céu, mas tivesse o poder de subir de moto próprio sempre que desejasse; alguém pré-existente, que não apenas nascesse aqui, mas que tivesse descido para nascer aqui… enfim, alguém que fosse Deus onipresente, para estar no céu ao mesmo tempo em que estivesse diante de Nicodemos. Pois “ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” (Jo 3:13). Nos próximos 3 minutos vamos aprender o significado da serpente de bronze, cuja história Nicodemos já conhece do Antigo Testamento.

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A serpente de bronze

João 3:14-15

Nicodemos irá agora receber a chave que abre o entendimento das Escrituras. Sem o Espírito Santo e essa chave é impossível compreender a Bíblia, a Palavra de Deus. Essa chave está no versículo 14 do terceiro capítulo do Evangelho de João: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna”.

Jesus vai ao Antigo Testamento buscar um episódio ocorrido com os israelitas e o conecta a si mesmo e à sua morte na cruz. Esta é a chave: sem o Novo Testamento e a obra consumada de Cristo é impossível entendermos o Velho Testamento, pois o que aconteceu no passado são símbolos e figuras de Cristo. Ao ler uma passagem do Antigo Testamento você deve sempre perguntar: onde está Cristo aqui?

Nicodemos conhece bem o episódio narrado no capítulo 21 do livro de Números. Em sua peregrinação pelo deserto rumo à Terra Prometida os israelitas foram atacados por serpentes venenosas. Muitos morreram e o povo clamou por salvação. Deus ordenou a Moisés que fundisse uma serpente de bronze e a colocasse na ponta de uma haste, para que fosse levantada. Todos os que olhassem para ela eram imediatamente curados.

A figura da serpente nos remete ao jardim do Éden, ao pecado original. A serpente de bronze, traduzida às vezes como “serpente ardente” (Nm 21:8), precisou passar pelo fogo para ser moldada, e há também a haste na qual a serpente é levantada. Tudo isso aponta para Jesus na cruz. Apesar de ser sem pecado, ele foi feito pecado por nós, suportou o fogo do juízo de Deus e foi levantado numa cruz. Os israelitas olhavam para a serpente de bronze levantada na haste e eram curados. Jesus crucificado é a cura para o pecado do homem.

Você só encontrará perdão e paz olhando para o crucificado, crendo que ele tomou o seu lugar, recebeu sobre o seu corpo os seus pecados e suportou todo o castigo de Deus que era devido ao pecador. O bendito resultado daquela obra consumada na cruz é que você agora pode ser salvo; pode receber de graça uma vida inteiramente nova vinda de Deus, e ser feito apto por Ele para viver eternamente no céu.

A partir daí você passa a ter duas naturezas: a velha, que herdou de Adão e foi condenada na cruz, também chamada de carne, e a nova natureza, vinda de Deus. Nenhuma dessas duas naturezas é capaz de melhorar: a velha, por estar totalmente arruinada, e a nova, por já ser perfeita. Elas são antagônicas. A primeira porque sua condição normal é pecar e ser totalmente avessa a Deus e a tudo o que vem dele. A segunda por vir de Deus e ter aversão ao pecado. A carta de Paulo aos Romanos explica melhor isso. Por enquanto, vamos voltar a Nicodemos e ao versículo que resume tudo. Nos próximos 3 minutos.

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João 3:16

João 3:16

João 3:16 deve ser o versículo mais conhecido do mundo depois de “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará”, do Salmo 23. Por estarmos sempre mais preocupados com as nossas necessidades é que o Salmo 23 é tão popular, mas poucos percebem que para existir o Salmo 23 foi preciso existir o Salmo 22. Em algumas traduções católicas da Bíblia a numeração dos capítulos é diferente. Se for o caso, estou falando dos Salmos 21 e 22 nessas edições.

O Salmo 23 — que fala de coisas boas como abundância, verdes pastos, águas tranquilas, refrigério, amor, consolo, bondade, misericórdia e cálice transbordante — não existiria se Jesus não tivesse passado pela cruz. É no Salmo 22 que está o brado que ele daria mil anos depois na cruz: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” É nesse Salmo que vemos Jesus desamparado por Deus, massacrado pelos homens, cercado de malfeitores, e com as mãos e os pés traspassados por grandes pregos.

Antes que viesse a salvação e todos os benefícios que Deus preparou para os salvos, era preciso que o Filho de Deus morresse em lugar do pecador. E essa obra magnífica está resumida em um versículo, João 3:16, o qual apresenta não só a base para podermos nascer de novo, mas também a razão ou motivo de Deus: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Primeiro, vem a origem de tudo, que é Deus, e o seu moto que é o amor. “Deus amou”. Então vem o objeto do seu amor: “o mundo”, o que não significa o planeta Terra, e nem a sociedade que os homens criaram, mas simplesmente todas as pessoas que vivem neste mundo. Em seguida não nos é dito o quanto Deus amou, por não existir vocabulário humano para tanto, e é aí que o Espírito Santo inspirou o apóstolo João a dizer simplesmente que Deus amou “de tal maneira”.

Deus não ficou apenas amando os seres humanos perdidos em seus pecados, mas ele tomou a iniciativa de entregar o que tinha de mais precioso, Jesus, seu Filho. Se entregar um filho já é uma medida extrema, imagine entregar um filho para salvar pecadores. E foi o que Deus fez. Ele nos amou de uma maneira indizível, ao ponto de entregar o Seu Filho Jesus para morrer para tirar os nossos pecados e ressuscitar para nossa justificação.

Embora o amor de Deus seja universal e o sacrifício de Cristo suficiente para salvar todos os homens, apenas alguns serão salvos. Deus não amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todos não pereçam e tenham a vida eterna. Não. Ele deu o seu Filho para que “todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. O que você acha, Deus incluiu você nessa salvação ou não? Nos próximos 3 minutos Nicodemos descobre que não se trata de uma escolha entre duas opções. Existe apenas uma opção.

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A única escolha

João 3:17-36

Jesus diz a Nicodemos que “quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (Jo 3:18). Percebe que não é uma questão de escolha entre ser salvo e ser condenado? Condenados todos estamos por natureza. A única opção que nos resta é crer em Jesus para escapar dessa condenação.

Ao afirmar que “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele” (Jo 3:17), Jesus mostra que Deus ainda não desistiu de nós. Não é de hoje que ele vem submetendo o homem a diferentes testes para provar sua incapacidade de salvar-se a si mesmo. Por isso precisamos de um Salvador.

Primeiro o ser humano foi reprovado no teste da inocência, quando ainda morava no jardim do Éden. Tentados por Satanás, Adão e Eva se rebelaram contra o único pedido que Deus havia feito a eles, de não comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

O teste seguinte foi para ver como o ser humano se sairia com sua recém-adquirida consciência e o conhecimento do bem e do mal. Esse período começa com Caim assassinando seu irmão e termina com um dilúvio. Apenas oito pessoas foram salvas para recomeçar.

O teste seguinte foi dar ao homem autoridade para governar sobre seus semelhantes. Mas o próprio Noé, o primeiro a receber essa autoridade, prova ser incapaz de governar até a si mesmo. Em um ato de completa rebelião contra Deus os seus descendentes constroem a Torre de Babel. Deus intervém confundindo as línguas e dispersando a raça humana.

Deus tenta outra vez e chama um homem com quem faz uma aliança e lhe dá promessas de se tornar pai de uma multidão. Seu nome é Abraão e seus descendentes também descambam para a degradação. Vamos encontrá-los no final desse período como escravos no Egito. O livro de Gênesis, que começa falando da criação, termina falando de um caixão.

Deus liberta aquele povo e lhe dá uma lei para testar sua obediência aos mandamentos. Funcionou? Não. Enquanto Moisés recebia as tábuas da Lei o povo adorava um bezerro de ouro. No final desse período “os homens amaram as trevas, e não a luz” (Jo 3:19). É aí que Deus envia o seu Filho ao mundo e você sabe o que os homens fazem com ele.

A morte e ressurreição de Jesus inauguram mais um período que nem sei se posso chamar de teste, pois já vem com a resposta pronta: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3:36). É o período da graça de Deus, ainda em vigor. Será que é pedir muito que você apenas creia em Jesus? Lembre-se: condenado você já está. Sua única esperança é crer em Jesus. Caso você já tenha crido, nos próximos 3 minutos Jesus nos mostra como pregar o evangelho.

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Como pregar o evangelho

João 4:1-4

No capítulo 4 do Evangelho de João há três lições, todas relacionadas ao evangelho: “como pregar”, “o que pregar” e “para quê pregar”. A primeira mostra o espírito ou disposição na qual cristão deve levar as boas novas. A última ensina o objetivo da salvação de uma alma. Entre uma coisa e outra temos o evangelho propriamente dito, que envolve o reconhecimento de pecado e um encontro pessoal com o Salvador.

A chave para o “como pregar” está na palavra “necessário”, ou “importa”, do versículo 4 . Ali diz que era “necessário” Jesus passar por Samaria. A outra ocorrência da palavra “necessário” é no versículo 24, e é também a chave para o “para quê pregar”. Lá diz que é “necessário” que aqueles que adoram a Deus o adorem “em espírito e em verdade”.

Por que era necessário Jesus passar por Samaria? Não era por ser o caminho mais curto entre a Judeia — que era o centro do Judaísmo — e a Galileia, habitada por gentios. Os historiadores dizem que os judeus preferiam uma rota mais longa passando pela Pereia só para evitarem atravessar a Samaria. Eles odiavam os samaritanos, e nem mesmo conversavam com eles, por estes praticarem uma versão pirata do judaísmo, deturpando a religião dos judeus.

Mas era “necessário” Jesus passar por Samaria por causa da mulher samaritana deste capítulo. Ela precisava conhecê-lo, pois salvar pecadores era uma prioridade na agenda do Salvador. É neste espírito ou disposição que o cristão deve pregar. É “necessário” que ele vá ao encontro do pecador perdido, mesmo que para isso precise deixar de lado seus preconceitos e intolerância.

A intolerância é um dos efeitos colaterais de quem professa qualquer fé, e no caso do cristianismo temos dois mil anos de história e sangue derramado como prova disso. Não falo aqui da aversão ao pecado, ou às ideias e práticas contrárias à vontade de Deus. Isto deve caracterizar o cristão, pois é condizente com a santidade de Deus. Falo da intolerância e aversão à pessoa do pecador, ao ser humano. Deus abomina o pecado, porém ama o pecador. Se não amasse, como enviaria seu Filho para morrer por injustos?

Em Romanos diz que alguém pode até dar a vida por uma pessoa boa, mas Deus demonstra o seu amor no fato de Cristo ter morrido por nós enquanto estávamos na condição de pecadores. Pense no pior bandido e pergunte a si mesmo se teria coragem de dar sua vida por ele, ou de entregar seu filho para morrer por ele. É preciso entrar neste sentimento para compreender até onde chegou o amor de Deus por você. Sem não tiver essa compreensão você corre o risco de ter sua vida dirigida, não pela fé, mas pela intolerância religiosa. É o que você verá nos próximos 3 minutos.

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Intolerância religiosa

João 4:27

No final deste episódio da mulher samaritana os discípulos ficam surpresos quando encontram Jesus conversando com ela. Eles traziam em si a semente da intolerância, o que é revelado no capítulo 9 do Evangelho de Lucas quando discutem entre si qual seria o maior.

O primeiro efeito colateral da fé cristã é sentir-se superior às outras pessoas. Isto até que faria sentido em crenças que pregam a salvação dos melhores por seus próprios méritos e esforços. Mas o que dizer do evangelho que anuncia a salvação, não aos melhores, mas aos piores pecadores? Se você é salvo por graça, por meio da fé, e isto não vem de você ou de seus méritos, vai se gabar de quê?

A intolerância o leva a se separar daqueles que não pensam como você. Não falo aqui da separação dos pecados dessas pessoas ou de seus costumes contrários à vontade de Deus, mas de isolar-se e tornar-se inacessível a elas. Já imaginou se Jesus se isolasse dos pecadores e nem conversasse com eles? O que teria sido da mulher samaritana?

Outra característica da intolerância religiosa é a opressão passiva, que é o espírito de crítica e zombaria. Por se achar superior, você passa a zombar de todos os que não pensam como você. Faríamos melhor se, ao invés de zombarmos, gastássemos o mesmo tempo levando o evangelho aos incrédulos ou instruindo os fracos na fé. O problema é que, nesse espírito de intolerância, a existência de incrédulos nos faz sentir superiores e não nos animamos muito a mudar isso.

O último nível da intolerância é a opressão ativa, que pode ir da simples ingerência na política para dificultar a vida daqueles que não têm a mesma fé, até a perseguição e morte, como aconteceu nos tempos da Inquisição e ainda acontece em algumas partes do mundo. Lá no Evangelho de Lucas diz que os discípulos encontraram alguém que expulsava demônios em nome de Jesus, e o proibiram de fazê-lo por não fazer parte do grupo de discípulos. Jesus os repreende por isso.

Lá também diz que quando chegaram a uma aldeia de samaritanos, e estes não recebem a Jesus, Tiago e João perguntaram ao Senhor se deviam fazer cair fogo do céu para queimar aquele povo. Mais uma vez são repreendidos por Jesus, que diz: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los” (Lc 9:55).

Jesus não evita a mulher samaritana, não zomba de sua vida devassa, e nem a ameaça com fogo e enxofre. Isto ele faz com pessoas religiosas, como os fariseus. Ele começa a conversa se interessando por sua busca por água, e também mostra que conhece suas necessidades e tem algo a oferecer. Pouco a pouco ele ajuda a mulher a reconhecer seus pecados e a desejar a água viva que ele oferece. Que água viva é essa? Você vai saber nos próximos 3 minutos.

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Água viva

João 4:5-13

Encontramos agora Jesus à beira de um poço, cansado e com sede. Apesar de ser Deus, em sua condição humana ele experimentava as mesmas sensações e necessidades que nós experimentamos, exceto tentações internas, já que era sem pecado. Aquele que era capaz de multiplicar os pães e transformar a água em vinho, porém nunca usava seus poderes em benefício próprio, é visto aqui cansado e com sede.

Uma mulher samaritana se aproxima carregando um cântaro vazio, e ele pede água a ela. A mulher fica surpresa, pois um judeu jamais conversaria com uma mulher samaritana. O que ela não sabe é que não está diante de um mero judeu, mas do próprio Criador na forma humana. Para Jesus não existe discriminação. Aquela mulher tem sede? Ele também, portanto sabe como ela está se sentindo. Mas ele sabe muito mais sobre ela, por isso diz: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva” (Jo 4:10).

Pensando que Jesus estivesse falando de água natural, a mulher argumenta que o poço é fundo e ele não tem como tirar água dali. Onde ele conseguiria essa tal de água viva? Mas Jesus não está falando da água do poço e nem de qualquer água obtida por esforço humano. “Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:13-14).

O que você vê aqui é o contraste entre a autoajuda e a ajuda do alto. A mulher está preocupada com necessidades momentâneas; Jesus está falando da eternidade. Ela avalia as dificuldades, a profundidade do poço, o esforço e as técnicas necessárias para obter água. Jesus fala da dádiva de Deus, que se recebe pedindo à pessoa certa. A mulher pensa em soluções pontuais e passageiras. Jesus está falando de algo definitivo.

A ideia da autoajuda, com seus gurus, livros e palestras, pode ser muito atraente, mas é míope. Ela oferece soluções momentâneas para necessidades passageiras. Não é capaz de ver a perspectiva eterna e definitiva que Deus oferece em Jesus. Não tem solução para a morte, mas fica repetindo que você precisa se feliz, ser próspero, ser uma pessoa melhor, pensar positivamente, seguir seu coração… e voltar no dia seguinte para uma nova revelação do guru, comprar outro livro ou ver outra palestra.

Quem beber dessa água das fontes humanas do esforço próprio só pode voltar a ter sede, mas quem beber da água que Jesus oferece, esta se transforma numa fonte que jorra para a vida eterna. Ao saber disso, nos próximos 3 minutos a mulher samaritana faz o pedido que você já deveria ter feito, se ainda não fez.

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O pedido

João 4:14-18

Ao conversar com a mulher samaritana à beira do poço Jesus deixa claro que a água natural obtida com esforço humano para satisfazer as necessidades humanas é efêmera. Seus benefícios duram pouco tempo, não são permanentes. Por outro lado, a água viva que ele oferece se transforma, naquele que a recebe, em uma fonte que jorra para a vida eterna, não apenas para esta vida e suas breves necessidades.

A questão é que a água viva não se obtém por esforço humano, técnicas de meditação ou mudança de atitude. É um dom ou dádiva de Deus e requer, primeiro, que a pessoa reconheça sua incapacidade de obtê-la por si própria e, segundo, que a pessoa não apenas a peça, mas que peça à pessoa certa: Jesus.

E é o que a mulher samaritana faz: “Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água” (Jo 4:15). Apesar de reconhecer sua necessidade e pedir à pessoa certa, ela ainda continua misturando coisas naturais com espirituais. Ao crer em Jesus você não recebe um poço ou oceano, mas uma fonte de água viva que jorra continuamente. O Espírito Santo de Deus vem habitar em você, algo que só é possível porque Jesus morreu na cruz levando o juízo que você merecia por causa dos seus pecados.

Quando a mulher pede dessa água viva, Jesus revela algo mais. Até aqui você aprendeu que a salvação e as verdadeiras bênçãos espirituais não são obtidas por esforço próprio. Aprendeu também que seus benefícios são eternos e não estão limitados às nossas necessidades temporárias, que a fonte legítima dessa salvação e das bênçãos que a acompanham é Jesus, e que você deve pedir a coisa certa à pessoa certa. Embora a mulher tenha consciência de sua necessidade e incapacidade de ajudar-se a si mesma, ainda falta algo: a consciência de pecado.

Por isso Jesus diz a ela para ir chamar o marido, e a mulher responde que não tem marido. Aquele que conhece todas as coisas revela aquilo que ela já sabia: ela teve cinco homens e o atual não é seu marido. Somos todos como mulheres com cântaros vazios, mergulhadas no pecado e tentando de tudo para ser feliz. Porém, a cada tentativa só afundamos mais e saímos da experiência com um vazio ainda maior. Ali está ela, tão envergonhada de seu estado que o evangelho diz que são seis horas da tarde quando ela vai ao poço. Que importância tem a hora para ter sido registrada aqui?

Buscar água era uma atividade das mulheres, que costumavam ir ao poço cedo de manhã. Mas às seis da tarde não há ninguém ali. Será que ela escolhia aquele horário, quando o lugar estava vazio, por ter vergonha de sua condição? Seja o que for, ela agora está sozinha com Jesus, e é assim que recebemos a salvação, em um encontro pessoal com ele, sem intermediários e distrações. Mas, quando o pecado da mulher vem à tona, ela usa o mesmo argumento que usamos quando confrontados com nosso pecado. Que argumento é este? Você verá nos próximos 3 minutos.

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O ópio do povo

João 4:18-20

O ateu Karl Marx estava certo ao dizer que a religião é o ópio do povo. O ópio é um potente narcótico que anestesia a dor e impede que a gente perceba que existe um problema em nós. O diálogo de Jesus com a mulher samaritana à beira do poço passou por alguns estágios e ela vinha respondendo bem, até ele levantar a questão de sua vida devassa. Quando colocados diante de nosso pecado, imediatamente apelamos para o ópio da religião na tentativa de anestesiar nossa consciência.

Senhor, vejo que é profeta” (Jo 4:19), começa ela, numa tentativa de ganhar a simpatia daquele que tudo vê. Ela logo se esquece de seu interesse pela água viva, e se coloca na defensiva. Muda de assunto e passa a falar de religião para desviar o foco de seus pecados. É como se dissesse, “eu tenho uma religião… porque nossos pais adoraram neste monte”.

Defender-se é uma característica humana. Adão alegou que a culpa de sua desobediência era da mulher que Deus tinha lhe dado. Eva culpou a serpente. Desde então, quando não estamos culpando alguém por nosso pecado, estamos tentando esconde-lo com a precária tanga feita com as folhas das boas obras do esforço próprio, como fizeram Adão e Eva. Mas Deus precisou matar um animal inocente para com sua pele fazer uma roupa que cobrisse e forma adequada Adão e Eva.

Tentamos fazer o mesmo com a religião, e entenda por “religião” qualquer boa ação ou atividade mística que fazemos na tentativa de sermos aceitos por Deus. O religioso gosta de falar de suas boas ações para se justificar e aplacar a aversão que Deus tem ao pecado. Ele não percebe que isso só pode ser resolvido com o sangue de uma vítima inocente, Jesus, que veio como propiciação por nossos pecados.

Propiciatório” era o nome da tampa de ouro que cobria a Arca da Aliança do Antigo Testamento. O sacerdote de então precisava sacrificar um animal inocente e entrar no Santo Lugar, o aposento mais interior do Templo, levando uma bacia com o sangue do animal sacrificado. Uma vez lá dentro, ele borrifava o sangue sobre aquela tampa ou propiciatório.

Dentro da Arca havia as tábuas de pedra da lei dadas a Moisés, a mesma lei que nos condena, pois diz para não fazermos aquilo que somos incapazes de evitar, como a cobiça, que é pecar por pensamento. O fato de existir uma tampa de ouro coberta do sangue de uma vítima inocente vedando a arca onde estava essa lei mostra que Deus podia ser propício para com o pecador. Pois agora o sangue de Jesus está colocado entre Deus e as nossas culpas, e é só com base nesse sangue que você pode ser salvo de seus pecados e do juízo divino. Religião nenhuma pode fazer isso.

Do contato de Jesus com a mulher samaritana vimos até aqui como pregar o evangelho e o que é o evangelho. Nos próximos 3 minutos vamos aprender o objetivo de uma alma ser salva por Jesus.

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Salvos pra quê?

João 4:21-26

Agora Jesus vai mostrar à mulher samaritana “para quê” uma alma é salva. Há basicamente três maneiras de se encarar a salvação: do homem para o homem, de Deus para o homem e de Deus para Deus. A primeira envolve acreditar que somos salvos por nossos méritos e esforços e para o nosso benefício. Começa no homem e termina no homem. Deus serve apenas para dar sorte ou para não dar azar, se for devidamente agradado.

A segunda é quando você realmente crê em Jesus, mas visando a sua felicidade. Você crê que a salvação vem de Deus, pela fé somente, mas que Deus existe para fazer você feliz, lhe dar uma vida próspera e sem doenças. Tudo começa em Deus, mas termina no homem. Deus é visto como seu servo e tem por obrigação de agradá-lo.

A terceira abordagem é a correta. A salvação vem exclusivamente de Deus, porém não é para nós mesmos que somos salvos, mas para sermos adoradores. É claro que somos beneficiados em tudo isso, mas o objetivo é Deus e seu Filho Jesus, em quem todas as coisas irão convergir no final. Portanto, para a pergunta “Para quê somos salvos?”, a resposta é “Para adorarmos a Deus”.

Os samaritanos adoravam a quem não conheciam, no lugar errado e da maneira errada. Jesus diz que os judeus adoravam quem conheciam e que a salvação vem dos judeus. Entenda que a salvação não são os judeus, mas foi de uma mulher judia que veio o Cristo, o Messias, o enviado de Deus. Deus quis que fosse assim, portanto não há o que discutir. Ao se revelar à mulher samaritana, quando ela pergunta sobre o Messias, Jesus diz: “Eu sou; eu, que estou falando com você” (Jo 4:26). “Eu sou” é a mesma expressão usada por Jeová para se revelar a Moisés.

E ele diz a ela que Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Até aquele momento, adorar em verdade significava adorar no Templo de Jerusalém e da forma como Deus ordenara, e não no monte Gerizim como faziam os samaritanos. Mas, apesar de adorarem em verdade, os judeus não adoravam em espírito. Sua adoração era da boca para fora e seu coração estava longe de Deus. Eles rejeitaram o Messias.

Hoje todo salvo pela fé em Jesus tem o Espírito Santo e pode adorar a Deus em espírito em qualquer momento e lugar, sem intermediários. Porém, no que diz respeito à adoração coletiva, se você estiver adorando em um templo e com rituais copiados do Antigo Testamento, não está adorando em verdade. Se a sua adoração adicionou elementos culturais, como dança, teatro e shows, então você inventou a sua forma de adorar, como fizeram os samaritanos.

Adorar coletivamente em verdade é adorar onde estiverem dois ou três reunidos para o nome de Jesus, reconhecendo o seu senhorio, e da maneira encontrada nas cartas dos apóstolos, o único guia que temos, além do Espírito Santo, para a adoração pós-judaísmo em espírito e em verdade. O ponto alto dessa adoração é a ceia do Senhor, e não um show de celebridades. Nos próximos 3 minutos vemos o que caracteriza uma conversão real.

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A comida

João 4:28-42

A mulher samaritana passa por uma transformação, depois que Jesus se revela a ela como o “Eu sou”, a mesma expressão usada por Jeová para se revelar a Moisés no Antigo Testamento. Duas coisas caracterizam essa transformação, e a primeira é largar seu cântaro.

O cântaro era sua forma de obter e garantir o suprimento da água que Jesus revelou ser efêmera. “Quem beber desta água terá sede outra vez” (Jo 4:13), disse ele à mulher. Todas as coisas que parecem nos satisfazer perdem o seu significado quando conhecemos o Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.

É isso que Jesus tenta mostrar aos discípulos, que acabam de chegar à beira do poço e insistem para que ele coma a comida que trouxeram. Depois de falar à mulher da água viva, que sacia a sede que a água natural não consegue saciar, Jesus revela aos discípulos o que satisfaz mais do que qualquer alimento natural: fazer a vontade do Pai e realizar sua obra.

E é esta a segunda característica da transformação da mulher samaritana. Ela revela estar em total sintonia com esse pensamento ao correr para a cidade para fazer a vontade do Pai e realizar sua obra. Saciada sua sede espiritual, ela corre para a comida que verdadeiramente satisfaz. Afinal, segundo Jesus, os campos já estão prontos para a ceifa, e a vontade do Pai é que seja iniciada a colheita.

Comparados à mulher samaritana, que literalmente põe mãos à obra, os discípulos são lentos em compreender isso. Eles voltam da cidade trazendo comida para o corpo. Ela corre à cidade levando comida para a alma de seus habitantes. Hudson Taylor, um dos primeiros missionários britânicos na China, escreveu o seguinte:

Alguns se orgulham de serem sucessores dos apóstolos; eu prefiro ser sucessor da mulher de Samaria, pois, enquanto os apóstolos estavam preocupados em buscar comida, ela largou o seu cântaro por causa de seu zelo em buscar almas”.

A mesma mulher, que tinha vergonha de ir ao poço numa hora em que outras mulheres estivessem lá, agora fala de Jesus com ousadia. Ela diz aos outros que encontrou alguém que revelou tudo o que ela tinha feito e os convida a também se encontrarem com ele. Encontrar-se com Jesus é deixar que ele escancare a sua vida; é perder o medo de que que cada mancha de pecado seja revelada. Aqueles que amam mais as trevas do que a luz são como insetos escondidos sob uma pedra e não querem nem pensar em ter seus pecados escancarados diante de Jesus.

Mas — eu pergunto — como alguém poderá limpar perfeitamente algo se não tiver luz suficiente para enxergar toda a sujeira? Aqueles que vão agora mesmo e sem reservas a Jesus têm seus pecados totalmente expostos e lavados por seu precioso sangue. Não, você não verá isso acontecer, do mesmo modo como o homem dos próximos 3 minutos não vê o que acontece com seu filho. Mesmo assim acontece.

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Espaço e tempo

João 4:46-54

Jesus volta a Caná, o lugar onde tinha transformado água em vinho, mas desta vez o clima ali não é de festa. Ele encontra um pai aflito, cujo filho está à beira da morte na cidade de Cafarnaum, a 38 quilômetros dali. O homem, um oficial do rei, insiste com Jesus para que ele vá a Cafarnaum antes que o menino morra.

Jesus comenta que se as pessoas não virem o milagre realmente acontecer, não crerão. A princípio é com uma fé de segunda categoria que esse homem vai a Jesus, a mesma fé de Tomé, que precisa ver para crer. Jesus cura tanto o filho do homem como sua fé. “Pode ir. O seu filho vive”(Jo 4:50), diz ele ao homem, e este crê na palavra de Jesus.

No dia seguinte, chegando a Cafarnaum, os servos vêm ao encontro do homem para avisar que seu filho está curado. Ele descobre que isso ocorreu exatamente à uma da tarde do dia anterior, o mesmo horário em que Jesus lhe dissera que seu filho estava curado. Mas o que ele ficou fazendo da uma da tarde do dia anterior até o dia seguinte, que foi quando voltou a Cafarnaum?

Se tivesse ido à pé, teria chegado em casa antes das nove da noite do mesmo dia. Como era um nobre, podia conseguir uma montaria ou carruagem, e chegaria em casa antes da noite. Já que ele não tinha um celular para ligar e saber se o garoto tinha sido mesmo curado, só pode existir uma explicação para a sua falta de pressa: sua fé.

Ao transferir o problema de seu filho para Jesus, já não havia razão para se preocupar. Pela fé ele sabia que Jesus não precisava estar ao lado do menino para curá-lo, já que espaço e tempo não são um problema para Deus. Jesus não precisa se sujeitar às leis da física que regem o Universo que ele mesmo criou, o qual sustenta com a palavra do seu poder. Alguns dias antes, um homem, Nicodemos, tinha aprendido que Jesus não apenas tinha livre trânsito entre o céu e a terra, mas que estava no céu ao mesmo tempo em que falava com Nicodemos na terra.

A verdadeira fé não é limitada pelos sentidos. Ela penetra na esfera onde Deus age, uma dimensão muito além desta que conseguimos detectar. O que você vê, ouve ou sente pode nem existir mais, já que seu cérebro precisou de uma fração de segundo para receber e processar essas informações.

Em termos cósmicos isso fica mais claro. O sol que você vê pode ter deixado de existir oito minutos e dezoito segundos atrás, que é o tempo necessário para sua luz viajar os 150 milhões de quilômetros que o separam da Terra. Se olhar para a estrela mais próxima depois do Sol, verá como ela era há quatro anos, e não como ela é agora. Neste exato momento ela nem mesmo está mais no lugar do céu para onde você apontou seu telescópio. Você ainda acha que faz sentido acreditar no que vê? Nos próximos três minutos vamos conhecer um homem que podia ver milagres, mas não ganhava nada com isso.

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Olhando para o lado errado

João 5:1-9

Jesus vai a Jerusalém e visita um tanque chamado de Betesda, ao redor do qual há uma multidão de enfermos. Essa multidão está ali esperando ver um movimento na água feito por um anjo. O primeiro que entrar no tanque assim que a água se mover é curado.

Ainda que alguns manuscritos não tragam o versículo 4, que fala desse anjo, o relato está bem de acordo com a dispensação que vigorou para Israel, quando os anjos faziam a intermediação entre Deus e os homens. Foi por intermédio deles que a Lei foi dada a Moisés, e esta exigia que o homem fizesse algo de si mesmo se quisesse ser abençoado, como por exemplo, ser capaz de ver a água se mover e mergulhar no tanque.

Com tantos cegos, coxos e aleijados jazendo ali, fica difícil imaginar como alguém conseguia entrar a tempo de aproveitar o efeito curativo do movimento da água. Os cegos nem podiam ver a água se mover, e os coxos e aleijados não tinham a agilidade suficiente para cumprir a tarefa. Do ponto de vista espiritual, todas aquelas pessoas estavam numa mesma condição: incapazes de fazer qualquer coisa para se salvarem.

É este também o cenário atual: um monte de gente esperando por um sinal visível para executar algum tipo de ação e se livrar de seus problemas. O que as pessoas não percebem é que os problemas são consequência de um problema maior: a condição de pecadores perdidos. Alguns ali talvez preferissem tentar ver o anjo antes do movimento da água, e gente ocupada com anjos é o que não falta em nossos dias.

O problema dos doentes no tanque de Betesda é que estão olhando na direção errada, esperando a salvação de algum anjo, sinal visível ou esforço próprio. Mas o único que pode salvá-los está bem ali no meio deles, mas ninguém está olhando para ele. Assim é todo ser humano. A carta aos Romanos diz que não há quem busque a Deus, nem um sequer.

Por isso a iniciativa parte de Jesus, que não apenas vê o homem enfermo, mas sabe perfeitamente que ele está assim há trinta e oito anos. Ele pergunta ao homem se quer ser curado, mas o pobre enfermo está tão preocupado com suas próprias limitações, que explica que não tem ninguém para colocá-lo no tanque quando a água se move. Mas quem falou em tanque?

“Levante-se! Pegue a sua maca e ande” (Jo 5:8), diz Jesus. O resultado é o mesmo de todas as outras vezes em que bastou uma palavra do Senhor para cegos enxergarem, mudos falarem e mortos ressuscitarem.

Se você deseja ser curado de seus pecados e ter vida eterna, por que continua olhando para si mesmo ou para qualquer outro que não seja Jesus? Não estou falando de uma religião, mas de uma pessoa. A religião quer que você continue preso ao leito das incertezas, pois ela vive disso. Aliás, sabe de onde vem a primeira bronca que aquele homem recebe ao ser curado? Da religião. É o que veremos nos próximos 3 minutos.

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Depois da cura

João 5:10-16

Depois de curar o homem que jazia enfermo por trinta e oito anos, Jesus diz para ele pegar a maca onde jazia e sair dali caminhando. Quando os judeus religiosos veem aquele homem carregando sua maca, dão a maior bronca. Querem saber por que ele transgredia o mandamento do Sábado, que proibia carregar algo ou fazer algum trabalho neste dia.

Ele responde que um homem, o mesmo que o havia curado, disse que ele podia ir embora carregando sua maca. Ele não sabe quem é aquele homem, mas acaba reencontrando Jesus no templo. Isso faz sentido. Se nos lembrarmos de que o objetivo de Deus ao salvar alguém é transformá-lo em um adorador, a ida daquele homem ao templo era um testemunho de sua real transformação.

No capítulo 9 do livro de Atos, o Senhor manda Ananias ir se encontrar com Saulo, o ferrenho perseguidor dos cristãos que tinha acabado de se converter a Cristo. Para identificá-lo, o Senhor diz a Ananias: “Vá à casa de Judas, na rua chamada Direita, e pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando” (At 9:11). A oração era uma característica de sua conversão.

A primeira reação de quem se converte a Cristo é buscar a Deus, em oração, ações de graças e adoração, pois foi para termos comunhão com ele que Deus nos criou. Amar a sua Palavra, fazer a sua obra e ter aversão ao pecado são outros resultados de uma conversão real. Todas essas coisas, porém, são os vagões que acompanham a locomotiva de uma salvação já consumada. Aquele homem não foi ao templo para ser curado. Ele foi porque tinha sido curado.

É claro que junto com os benefícios vêm as responsabilidades, por isso Jesus diz ao homem: “Olhe, você está curado. Não volte a pecar, para que algo pior não lhe aconteça” (Jo 5:14). Ele não diz o que seria esse “algo pior”, mas deixou evidentes duas coisas. Primeiro, que o padrão de santidade estabelecido por Deus é sempre absoluto. Ele não diz “procure não pecar” ou “não peque muito”, mas simplesmente “não volte a pecar”. Segundo, que o pecado sempre traz consequências ruins.

Embora um verdadeiro crente não possa perder a salvação, ele pode perder a comunhão, a alegria, a saúde e até a própria vida como consequência do pecado. Deus é um Pai que disciplina cada filho desobediente. Embora uma disciplina assim pareça severa, se avaliada numa perspectiva eterna ela dói menos do que uma chinelada tomada na infância. Mas, na hora, pode apostar que a chinelada de Deus também dói.

Mais tarde, o homem que fora curado conta aos religiosos judeus que o nome daquele que o curou é Jesus. Os judeus vão reclamar com Jesus por ele curar no sábado, e o que Jesus diz a eles está além da imaginação de qualquer judeu. Você vai saber o que é nos próximos 3 minutos.

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O autor do sábado

João 5:17-18

Ao curar um homem no sábado Jesus desperta a ira dos religiosos judeus. A lei dada por Deus a Moisés ordenava que nenhum trabalho fosse feito no sábado e os transgressores deviam ser castigados com a morte por apedrejamento. Estes judeus, que agora desejam matar Jesus, não percebem duas coisas.

Primeiro, que a lei do sábado havia sido dada para benefício do homem. Deus queria que o seu povo descansasse, por isso qualquer tipo de trabalho era proibido, mas atividades que tivessem por objetivo salvar uma vida ou curar um enfermo não eram consideradas trabalho, mas atos de misericórdia.

Em uma ocasião Jesus usa o exemplo da ovelha, que qualquer judeu estava pronto a socorrer caso caísse em uma cova no sábado. Aqueles mesmos judeus, que tinham tanto cuidado com suas ovelhas, não ligam nem um pouco para a cura que Jesus opera em um homem que está há trinta e oito anos preso na cova de sua enfermidade.

A segunda coisa que os judeus não percebem é que aquele que curou o homem no sábado é o mesmo Deus que, no passado, deu a Lei a Israel. Foi por meio dele que todas as coisas foram criadas, e foi ele quem descansou no sétimo dia de sua criação. Porém aquele seria o último descanso para Deus, já que logo depois Adão e Eva cairiam em pecado e, desde então, a humanidade só deu trabalho ao seu Criador.

Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando” (Jo 5:17), é o que Jesus responde aos religiosos judeus que o criticam por ter curado o homem no sábado. O detalhe é que, ao dizer isso, Jesus se torna culpado, aos olhos dos judeus, de algo ainda mais grave do que transgredir o sábado. Ele precisa ser eterno, para também trabalhar até agora como faz o Pai, e ao chamar a Deus de Pai está dizendo ser igual a Deus.

Para um judeu, chamar a Deus de Pai era impensável. Há, no Antigo Testamento, meia dúzia de passagens que chamam Deus de Pai dos seres humanos, mas nenhuma delas no sentido de filiação. Ou elas são no sentido de Criador ou de quem cuida de sua criação, nunca no sentido de alguém que transmite seu DNA ou sua própria natureza a um filho gerado por ele.

A revelação que Jesus faz aos judeus mostra que existe uma ligação íntima e indissolúvel entre ele e o Pai, e “por essa razão, os judeus mais ainda queriam matá-lo, pois não somente estava violando o sábado, mas também estava até mesmo dizendo que Deus era seu próprio Pai, igualando-se a Deus” (Jo 5:18).

Nos próximos 3 minutos Jesus dá mais detalhes dessa ligação e de sua divindade.

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Igual a Deus

João 5:18-23

Ao afirmar que Deus é seu próprio Pai, Jesus deixa claro para os judeus que ele é igual a Deus. Mas suas afirmações não param aí. Ele continua dizendo: “Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz” (Jo 5:19-20).

Como podia Jesus ver o que o Pai fazia se não tivesse um acesso contínuo e direto à presença do Pai? O que ele acaba de dizer aos judeus revela que, mesmo estando na terra, ele está ciente de tudo o que acontece no céu. E como ele não apenas conhece todas as coisas que o Pai faz, mas pode também fazer essas mesmas coisas, Jesus está afirmando ser onisciente e onipotente, duas características exclusivas de Deus.

Aqueles judeus já tinham visto Jesus fazer milagres, como curar o homem à beira do poço de Betesda, mas ele promete fazer coisas ainda maiores. O Pai podia ressuscitar os mortos? Jesus podia igualmente vivificar quem ele quisesse. Ele diz ter recebido do Pai o encargo de julgar todos os homens, algo que apenas Deus pode fazer, pois é o único que conhece os pensamentos e motivos do coração. Todavia, aqui são os judeus religiosos que pensam ter o poder de julgar o Juiz de todas as coisas!

Jesus agora revela que a razão do Pai ter dado a ele o poder de julgar todas as coisas foi “para que todos honrem o Filho como honram o Pai” (Jo 5:23). A ideia de honrar alguém com a mesma honra devida a Deus é absurda para os judeus, pois equivale reconhecer esse alguém como divino. Porém Jesus continua dizendo que “aquele que não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou” (Jo 5:23), o que deixa os judeus em um terrível impasse. Se ele é quem diz ser, então os judeus devem se prostrar aos seus pés e adorá-lo.

Você dá a Jesus a mesma honra devida ao Deus Criador? É bom se acostumar com a ideia de que Jesus é Deus. Se você diz que ama e honra a Deus, mas considera Jesus um mero homem ou algum tipo de mestre iluminado, está negando sua divindade. Não existe cristianismo sem o reconhecimento de que Jesus é Deus encarnado. Considerá-lo menos que isso é enquadrar-se no alerta dado por João em sua primeira epístola: “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo” (1 Jo 4:2-3).

Confessar que Jesus veio em carne é diferente de confessar que Jesus nasceu. Vir em carne implica sua pré-existência e divindade como o Filho eterno de Deus. Você crê nisto?

Nos próximos 3 minutos vamos aprender a conjugar seis verbos: ouvir, crer, enviar, ter, ser e passar.

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Os verbos e seus tempos

João 5:24

Você certamente se lembra das aulas de português, quando aprendeu a conjugar os verbos. Vamos ver se você sabe identificar os tempos dos verbos do versículo 24 do capítulo 5 do Evangelho de João: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida” (Jo 5:24).

Há seis verbos nesta passagem, mas nem todos prestam atenção nos tempos. Os verbos “ouvir” e “crer” estão no presente. Isto significa que ouvir a Palavra de Deus e crer são coisas que você pode e deve fazer imediatamente. Ouvir hoje para crer amanhã, nem pensar. A hora é agora. Mas crer em quê?

Jesus diz que é crer naquele que o “enviou”, um verbo que está no passado, pois fala da vinda de Cristo há dois mil anos. Inclui crer em Deus, em Jesus, que Deus enviou, e obviamente nos dois principais momentos de sua vinda: sua morte e ressurreição. Muito bem, agora você não pode alegar não ter ouvido. Mas será que pode afirmar que crê em Deus e em Jesus na cruz substituindo você no juízo de Deus e derramando seu sangue para limpar todos os pecados que você cometeu e irá cometer?

Como assim irá cometer? Até mesmo os pecados futuros? Bem, se você levar em consideração que o sangue de Jesus foi derramado há dois mil anos, é claro que naquele momento todos os seus pecados ainda eram futuros, pois você nem existia. Então, quando ele morreu para limpar os seus pecados, foi para limpar todos eles, caso contrário, quem iria limpar os pecados cometidos após sua conversão?

Se você ouviu a Palavra de Deus e creu, o que pode esperar? Repare no tempo do verbo seguinte: “tem a vida eterna”. Está no presente. Se você realmente crê, neste exato momento você é um feliz proprietário da vida eterna. Acaso uma vida eterna tem data de vencimento? Não, portanto a vida eterna que você recebe no momento em que crê é sua para sempre.

Vamos ao verbo seguinte: “não será condenado”. Ouviu isso? Não será condenado. Quando? No futuro, como o tempo do verbo, quando Jesus julgar todos os seres humanos. E quer saber mais? A tradução literal é “não participará do julgamento”. E como poderia, se você acaba de ser perdoado de todos os seus pecados? Nenhum juiz perderia tempo julgando alguém que já teve sua dívida paga e seu crime perdoado. Deus seria injusto se condenasse alguém que teve todos os seus pecados pagos por Jesus.

A confirmação disso está no tempo do último verbo: “passou da morte para a vida”. A morte ficou para trás, o juízo deixou de existir para aquele que realmente crê, e a única perspectiva futura é viver com Cristo no céu. Mas para Jesus dizer que a pessoa passa “da morte para a vida”, isso quer dizer que ela está morta? Sim, como vamos ver nos próximos 3 minutos.

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Da morte para a vida

João 5:25

Se Jesus diz que aquele que ouve a Palavra de Deus e crê, tem a vida eterna, não entrará em julgamento, mas passou da morte para a vida, isso significa que essa pessoa deve estar morta. E está, caso contrário não faria sentido passar da morte para a vida. Ele fala da morte espiritual.

No versículo 25 ele diz que “está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão”. Portanto esse tempo é agora, e aqui ele fala da condição espiritual de todo ser humano: morto em seus delitos e pecados, como Paulo explica muito bem no capítulo 2 da carta aos Efésios.

Quando Deus ordenou a Adão que não comesse do fruto de uma determinada árvore no Jardim do Éden, a questão não estava no fruto ou na árvore, mas em quem tinha dado a ordem. A desobediência levaria à morte, que é a separação da vida e de sua fonte, que é Deus. Como Adão e Eva comeram do fruto, a morte entrou na Criação. Eles e todos os seus descendentes morreram.

Num primeiro sentido essa morte foi a separação de Deus, e ocorreu imediatamente após eles desobedecerem. Depois viria a morte física, outra separação, desta vez do corpo com sua consequente degradação por lhe faltar vida. Todos os seres humanos nascem separados de Deus, em quem está a vida, e também sujeitos à morte física.

Você já parou para pensar que, para Adão, não fazia qualquer sentido dizer que ele morreria se comesse do fruto? A morte era desconhecida no Jardim do Éden e Adão nunca tinha visto uma criatura morta. Portanto, Deus não esperava que Adão obedecesse por medo da possibilidade de morrer. Deus esperava que Adão obedecesse por Deus ser quem ele é.

Do mesmo modo, não é pelo pavor do inferno que você deve crer em Jesus. Também não é pela perspectiva de ser abençoado e morar no céu que você deve crer nele. Ambas os motivos são egocêntricos. Se você crer para escapar da dor do inferno ou para obter o prazer do céu, está pensando em si mesmo e perdendo de vista que deve crer em Jesus por causa de quem ele é: Deus.

Escapar do inferno e ganhar o céu são consequências da conversão, mas não devem ser o motivo dela. Seu motivo, ou o que move você nessa direção, deve ser o próprio Jesus. Se o seu motivo for evitar o sofrimento do inferno e conquistar as bênçãos do céu, Jesus acabará sendo apenas o seu meio, mas não o seu objetivo e fim. No fundo, você não está de olho em Jesus, mas fugindo do inferno e de olho na vida eterna. O problema é que não há vida fora de Jesus, e é isso o que vamos ver nos próximos 3 minutos.

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A fonte da juventude

João 5:26

Conta a lenda que, no século 16, o navegador espanhol Juan Ponce de León viajou ao Novo Mundo em busca da Fonte da Juventude. Ele acreditava que se bebesse de sua água ganharia a imortalidade. Se você fosse Ponce de León, iria querer beber daquela água? Eu não.

No Jardim do Éden, Adão e Eva desobedeceram a uma ordem de Deus e comeram do fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2:16-17; 3:1-7). Por duvidarem da bondade e fidelidade de Deus, eles caíram na conversa de Satanás e se deixaram enganar pelos desejos da carne, dos olhos e da soberba. Deixaram de fazer a vontade de Deus para fazerem sua própria vontade, e isso fez deles pecadores, mortais e separados de Deus.

Depois de anunciar as consequências do pecado, que além da morte incluíam todas as dificuldades e sofrimentos da humanidade, Deus prometeu enviar alguém para morrer e vencer Satanás. Depois vestiu o casal com uma roupa feita com a pele de um animal, um ser vivo inocente morto para cobrir seres humanos culpados. Um prenúncio de que um dia um inocente morreria para salvar o pecador.

Deus expulsou os dois do Jardim do Éden antes que comessem do fruto de outra árvore, a “árvore da vida” (Gn 3:22-24), e vivessem para sempre na condição de pecadores. Você iria querer viver para sempre com o mesmo corpo e no mesmo mundo em vive hoje? A imortalidade em um corpo sujeito à dor, doenças e mutilações, não é bênção, é maldição. Por um ato de misericórdia Deus não permitiu que Adão e Eva ficassem no Jardim do Éden. A volta só seria possível passando por um querubim empunhando uma espada inflamada, o qual Deus colocou para guardar a entrada do Jardim. Mas passar por aquela espada era morte certa.

A boa notícia é que Jesus passou pela espada inflamada do juízo de Deus, morreu, ressuscitou, e agora quer dar a você vida eterna. A árvore da vida no Éden era uma figura de Cristo, o único que tem vida em si mesmo, um atributo divino. É disso que fala o versículo 26 do capítulo 5 do Evangelho de João. Quando você nasceu, recebeu de Deus uma vida com data de vencimento, por você ser descendente de Adão e pecador. Ao crer em Jesus você recebe vida eterna e o direito a um corpo transformado ou ressuscitado quando ele voltar. Morrer, nunca mais!

Que tipo de vida você gostaria de ter? Uma vida sem Deus, preso a um corpo imperfeito e arruinado, ou a vida eterna que está em Jesus, em um corpo ressuscitado e perfeito como o dele? O apóstolo João escreve em sua primeira carta: “Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida”. (1 Jo 5:11-12) É simples assim. Se você tem Jesus, tem vida eterna. Se você não tem Jesus, não tem vida eterna. E se você morrer? Falaremos disso nos próximos 3 minutos.

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Duas ressurreições

João 5:27-29

Muita gente rejeita a ideia de um julgamento final. É estranho isso, já que todos nós passamos a vida julgando os outros. Julgamos criminosos, julgamos o governo, julgamos os parentes, os amigos… a lista é interminável. Somos juízes por natureza, mas não admitimos que Deus possa nos julgar, como se ele não tivesse direito ou capacidade para tanto. Veja você, julgamos até o próprio Criador!

Jesus é chamado de Filho de Deus por ser igual a Deus, e Filho do Homem por ser igual aos homens, porém sem pecado. Ele é, ao mesmo tempo, Deus e Homem. Eu e você somos apenas humanos e, apesar de conhecermos a natureza humana, não somos oniscientes ao ponto de conhecer os pensamentos e motivos das pessoas e podermos julgar perfeitamente. Por ser Deus e Homem, Jesus está apto a julgar os seres humanos, e é o que fará quando voltar.

Então, todos os que estiverem nos sepulcros ouvirão a voz de Jesus e sairão: os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Esta passagem parece indicar que a salvação seja recebida como uma recompensa por praticarmos o bem. Se fosse assim, estaria contradizendo a afirmação feita há pouco por Jesus, de que quem ouve a sua palavra, e crê naquele que o enviou, tem a vida eterna, não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida. O que crê passa longe do juízo final.

Considerando que somos salvos pela fé, e não pelo bem que praticamos, os que fizeram o bem que são mencionados nesta passagem são os que foram salvos pela fé em Jesus e passaram a praticar o bem como consequência dessa salvação. Uma vez salvos eles se tornaram instrumentos de Deus. Não foram salvos pelo bem que fizeram, mas fizeram o bem por causa da salvação que receberam. É por isso que há duas ressurreições: uma da vida e outra da condenação.

Os que não aceitarem o perdão que Deus oferece de graça serão julgados e condenados, pois o mal que praticam os condena. E antes que você diga que só pratica o bem, lembre-se de que Jesus irá julgar também os pensamentos. E se ainda assim achar que ele não pode julgar você pelo padrão moral dele, por você não aceitar esse padrão, sua situação continua péssima. Você será julgado também pelo juízo que fez dos outros. Acaso você sempre agiu do modo que exigiu que os outros agissem?

Se você considera injusto Jesus julgar e condenar os pecadores, lembre-se de que ele oferece uma saída, uma salvação que não depende de seu modo de agir, mas unicamente de crer. Você só se encontrará com o Juiz Jesus se não tiver um encontro agora com o Salvador Jesus. Se não existisse esta alternativa você poderia até reclamar, mas ela existe.

Nos próximos 3 minutos Jesus diz que ele, de si mesmo, não pode fazer coisa alguma. Como assim?

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O gabarito de Deus

João 5:30

Jesus diz: “Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo apenas conforme ouço, e o meu julgamento é justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou” (Jo 5:30). Não poder fazer coisa alguma de si mesmo pode parecer incapacidade. Mas lembre-se de que um pouco antes Jesus revela que tudo quanto o Pai faz, o Filho também faz, portanto aqui se trata de onipotência aliada a dependência.

O ser humano pecou quando decidiu ser independente de Deus, e isso foi sua ruína. Temos agora diante de nós um Homem perfeito, Jesus. Tão perfeito e dependente do Pai, que não existe entre ele e o Pai uma fresta sequer de separação. Se Deus quisesse nos mostrar como deve ser o homem perfeito, quem você acha que ele usaria como protótipo?

Infelizmente não somos assim. Por natureza nascemos separados e independentes de Deus. Por mais que a palavra “independência” tenha uma conotação positiva na sociedade atual, ser independente de Deus é a pior desgraça que podia nos acontecer. Se você nunca entendeu exatamente o significado da palavra “pecado”, aqui vai: pecado é independência de Deus; é fazer a própria vontade.

Com base na afirmação de Jesus já deu para perceber que ele não tinha pecado e nem podia pecar. Para pecar ele precisaria ser independente do Pai, o que era tão moralmente impossível quanto é fisicamente impossível que gêmeos siameses caminhem em direções opostas.

Agora pense nisto: o gabarito ou padrão para Deus aceitar alguém no céu é Jesus, o Homem perfeito. A menos que você seja 100% como Jesus, não há chances de entrar lá. É por isso que na carta de Paulo aos Romanos ele fala de sermos justificados gratuitamente pela graça de Deus e pela redenção que há em Cristo Jesus. Para ser justificado é preciso que você tenha algo ou alguém que o justifique.

Quando você presta vestibular, sua nota é o que irá justificar ou não seu ingresso na faculdade. A escola estipula um gabarito que você precisa atingir como justificativa de que sabe o suficiente para estudar ali. No vestibular do céu você não passa se não atingir o gabarito de Deus que é Jesus, o Homem perfeito. Isso reduz suas chances de admissão para zero.

Mas você há de concordar que se o histórico ou currículo de Jesus valer para você será imediatamente aceito na presença de Deus. E assim é. Ao crer nele você é purificado de seus pecados e, como diz em Romanos, é gratuitamente justificado. Deus irá enxergar você através de Jesus, o Homem perfeito. As notas que ele tirou passam a fazer parte de seu histórico e você é aprovado.

Mas quem diz isso tudo de Jesus além dele mesmo? É o que veremos nos próximos 3 minutos.

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Quatro testemunhos

João 5:31-44

O Antigo Testamento diz que para um testemunho ser válido é necessário ter no mínimo duas testemunhas. Por isso Jesus diz que se ele der testemunho de si mesmo o seu testemunho não é válido. Então ele aponta para pelo menos quatro testemunhos de sua divindade: João Batista, suas próprias obras, o Pai e as Escrituras.

João Batista deu testemunho da divindade de Jesus ao dizer que “aquele que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim” (Jo 1:15). Ele se referia, não apenas à primazia de Jesus, mas também à sua precedência no tempo. Apesar de ele ser seis meses mais novo do que João, Jesus já existia antes dele. João Batista também disse que “ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (Jo 1:18). E o próprio Jesus afirmou: “Quem me vê, vê aquele que me enviou” (Jo 12:45), e “quem me vê, vê o Pai” (Jo 14:9).

O próximo testemunho que Jesus apresenta de sua divindade são suas obras, as mesmas obras do Pai. Em 1 Coríntios Paulo diz que os judeus pedem sinais visíveis do poder de Deus, enquanto os gregos, ou gentios, buscam sabedoria. Por esta razão a vinda de Jesus para os judeus foi acompanhada de obras miraculosas do poder de Deus, mas Jesus foi rejeitado mesmo assim, provando que não basta ver para crer.

Em seguida Jesus fala do testemunho do próprio Pai: “O Pai que me enviou, ele mesmo testemunhou a meu respeito. Vocês nunca ouviram a sua voz, nem viram a sua forma” (Jo 5:37). Isto coincide com o testemunho de João Batista, de que “ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (Jo 1:18).

Finalmente vem o testemunho das Escrituras, que nos tempos de Jesus se limitavam ao Antigo Testamento. Aqueles fariseus e escribas estudavam cuidadosamente as Escrituras por acreditarem encontrar nelas a vida eterna, sem perceber que elas testificavam de Jesus.

Agora Jesus revela o real motivo de não ser recebido pelos judeus: “Vocês não querem vir a mim para terem vida” (Jo 5:40). Era tudo uma questão de vontade, de querer, o mesmo obstáculo para todo ser humano. Nós, por natureza, não queremos ir a Jesus para termos vida eterna, e foi por isso que ele explicou a Nicodemos um pouco antes que era necessário nascer de novo, nascer do alto, tornar-se nova criatura.

Por não terem o amor de Deus, os judeus receberiam qualquer um que viesse em seu próprio nome. Eles amavam a si mesmos e gostavam de bajular outros homens e serem bajulados por eles. Todos nós somos assim. Mas Jesus, que não veio buscar glória ou aplausos, como se fosse uma celebridade qualquer, não interessava àqueles fariseus, incapazes de enxergar Jesus nos escritos de Moisés.

Mas o que Moisés teria escrito de Jesus? Veja nos próximos 3 minutos.

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Jesus no Antigo Testamento

João 5:45-47

Jesus não acusa os fariseus, que o interrogam e querem matá-lo por ter curado um homem no sábado. E nem precisa acusá-los, já que há outro que os acusa: Moisés. Os judeus dizem seguir os escritos de Moisés, os cinco primeiros livros da Bíblia conhecidos como Torá, e são esses mesmos escritos que apontam contra eles o dedo acusador.

Jesus diz a eles: “Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito” (Jo 5:46). Mas o que Moisés teria escrito a respeito de Jesus? Muita coisa. O livro de Gênesis começa falando de Jesus: “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gn1:1). Onde está Jesus ai? Na palavra “Deus”, tradução usada para o original hebraico “Elohim”.

A questão é que “Elohim” é plural do singular “Eloha”, que significa Deus ou divindade. Por que Moisés escreveu “Elohim”, plural, e não “Eloha”, singular? Uma tradução ao pé da letra ficaria mais ou menos assim: “No princípio as divindades criou os céus e a terra”. Eu sei, é errado dizer “as divindades criou”, mas é isto que o texto original diz. É como se uma pluralidade de Pessoas executasse uma única ação de criar. Você já ouviu falar em Pai, Filho e Espírito Santo?

Moisés, inspirado por Deus, continuou falando de Jesus de diversas formas nos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Muitas coisas e personagens descritas por Moisés são também tipos ou figuras de Jesus, começando por Adão, o homem que Deus coloca sobre toda a sua Criação, e também o animal morto por Deus no Éden para confeccionar vestimentas de peles para os caídos Adão e Eva. Um inocente morria assim para cobrir a culpa dos pecadores.

Outros tipos de Cristo são os animais e oferendas que você encontra na Lei dada por intermédio de Moisés que, por sua vez, é também uma figura de Jesus como libertador. Antes dele, José, que foi vendido por seus irmãos e acabou se tornando vice-rei de todo o Egito é um exemplo magnífico de Cristo. O tabernáculo ou tenda que os israelitas usavam para adorar a Deus em sua peregrinação no deserto é outro tipo, bem como a arca da aliança em seu interior. Ok, sua lição de casa agora é ler o Antigo Testamento procurando descobrir Jesus em suas páginas.

Existem também mensagens diretas saídas da pena de Moisés anunciando a vinda de Jesus, como as que aparecem nos capítulos 15 e 18 de Deuteronômio. O ponto principal, porém, é que Jesus exige coerência da parte daqueles judeus, ao dizer: “Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Visto, porém, que não creem no que ele escreveu, como crerão no que eu digo?” (Jo 5:46-47).

A mesma pergunta pode ser feita aos que se dizem cristãos e não creem nos escritos de Moisés. Se você acredita na teoria da evolução e não na criação que Moisés descreveu, como pode crer no que Jesus diz? Se você não crê no que Moisés escreveu sobre adorar imagens, como pode crer em Jesus? Se você não aceita o que Moisés disse sobre não invocar os espíritos dos mortos, como pode crer nas palavras de Jesus?

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Satisfação é ter a Cristo

João 6:25-26

Depois de fazer muitos milagres, Jesus é seguido por uma multidão mais interessada em comida do que em Deus. Ele diz àquelas pessoas que elas o procuravam, não porque viram os milagres, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitas. Era evidente que se outro oferecesse um pão mais gostoso elas não iriam atrás de Jesus.

O objetivo dos sinais e milagres não era dar uma vida confortável àquelas pessoas, com saúde permanente, pão de graça e alguns sermões da montanha cheios de palavras bonitas para entreter o intelecto. O objetivo dos milagres era demonstrar que o Messias, o Criador e Mantenedor de todas as coisas, estava bem ali no meio deles.

Você já parou para pensar nos motivos que levam você a buscar por Jesus? Você decidiu ir a ele para ter uma mesa farta e saúde permanente para aproveitar esta vida? Ou quem sabe seu interesse está em poder comprar tudo que atrair seus olhos? Ou será você o tipo intelectual, que lê a Bíblia para aumentar seus conhecimentos e ser admirado por isso.

Quando Eva olhou para a árvore do conhecimento do bem e do mal no Jardim do Éden, seu fruto lhe pareceu agradável ao paladar, atraente aos olhos e desejável para se obter discernimento. A primeira carta de João chama isso de cobiça da carne, cobiça dos olhos e soberba da vida.

Quando Jesus foi tentado, Satanás o desafiou a transformar pedras em pães para saciar sua fome. Também procurou encher seus olhos com a visão da glória e riqueza dos reinos deste mundo. O desafio para que Jesus se jogasse do alto do templo lhe daria a oportunidade de provar que era o tal, pois os anjos voariam para socorrê-lo.

Em tudo isso existe sempre a mesma promessa do diabo de satisfazer as necessidades da carne, dos olhos e de fazer a pessoa sentir-se importante. Acaso não é a mesma ladainha que você escuta no rádio e na TV? Muitos fingem pregar o evangelho, quando na verdade simplesmente repetem as tentações do Jardim do Éden. E muitos fingem escutar o evangelho, quando na verdade estão dando ouvidos às suas próprias cobiças.

É claro que Deus atende as orações feitas segundo a vontade dele, mas o foco não deve estar na resposta a essas orações ou em nossa pessoa, mas na Pessoa de Jesus. Tiago escreveu: “Vocês cobiçam coisas, e não as têm… porque não pedem, e quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres” (Tg 4:2-3). A cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida nos atraem quando Jesus não é suficiente para o nosso coração.

Paulo escreveu aos Filipenses: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas riquezas em glória em Cristo Jesus” (Fp 4:19). Quem suprirá? Deus. Quantas necessidades? Todas. Com quê? Com suas riquezas em glória. Em quem você encontra isso? Em Jesus. Se ele não for suficiente para você, nada mais será.

Nos próximos 3 minutos Jesus nos ensina com que devemos nos ocupar.

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A obra de Deus

João 6:27-29

O que você pretende da vida? Se você for jovem, é provável que pretenda estudar ou terminar o curso que está fazendo. E depois? Ter uma profissão e ser bem-sucedido nela, penso eu. E depois? Talvez encontrar seu par perfeito. E depois? Constituir família e ver seus filhos crescerem e também se realizarem. E depois? Se aposentar, talvez, viajar, ver seus netos. E depois?

Depois a morte. Se você acha que o ser humano não passa de uma feliz combinação de moléculas, deve ser frustrante viver assim. Afinal, todas as coisas que você planejou — como estudar, trabalhar e constituir família — pareciam ter um propósito, mas sua vida, como um todo, não! Ela não será mais que um tique no relógio do tempo universal. Você e todos os seus esforços, planos e aspirações irão virar literalmente pó.

Mas digamos que você seja daqueles que acreditam sim que existe algo depois da morte, porém prefere não pensar nisso. Será que você é igualmente relapso quando o assunto é investir seu dinheiro? Não, você procura no mínimo saber se está investindo num negócio seguro para não jogar fora alguns anos de trabalho suado. E o que dizer do investimento de toda a sua vida?

Jesus diz: “Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará. Deus, o Pai, colocou nele o seu selo de aprovação”(Jo 6:27). Três pontos importantes aí: Primeiro, tudo o que você faz nesta vida é passageiro; segundo, existe uma vida eterna e, terceiro, ela é recebida do Filho de Deus, Jesus, o qual Deus aprovou.

Preocupado com isso, é provável que neste ponto você faça a mesma pergunta que é feita a Jesus no capítulo 6 do Evangelho de João: “O que precisamos fazer para realizar as obras de Deus?”. Jesus responde: “A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou” (Jo 6:28-29). Sabe o que chama minha atenção nesta passagem? Que eles perguntam de “obras”, no plural, e Jesus responde de uma “obra”, no singular.

Se você for do tipo que se preocupa com a eternidade e está disposto a fazer um milhão de coisas para Deus, esta é a boa notícia: Deus não requer de você coisa alguma além de crer em Jesus, que morreu na cruz em seu lugar para pagar pelos pecados que você cometeu. Após crer nele Deus usará você como instrumento para as obras que ele preparou de antemão. Você não receberá a vida eterna por tê-las praticado, mas irá praticá-las por ter recebido, de graça, a vida eterna.

Trabalhar a vida inteira sem se preocupar com o que vem depois é tão inútil quanto trabalhar a vida inteira achando que isso lhe dará o direito de merecer a vida eterna. Já ouviu falar em graça? Pois é, desde quando algo recebido de graça é pago por algum tipo de esforço?

Nos próximos 3 minutos os incrédulos judeus voltam a bater na tecla dos sinais e milagres.

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O pão do céu

João 6:30-36

Normalmente o ser humano é crédulo ao extremo, daí existirem tantas religiões e superstições. Mas quando o assunto é a pessoa de Cristo, poucos querem crer. No dia anterior Jesus havia alimentado cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixes. Não satisfeitos, agora aquelas pessoas querem saber que sinal ou milagre ele fará para que vejam e creiam nele. Elas ainda querem ver para crer!

Alegam que seus antepassados comeram o maná, o pão que caiu do céu, durante os quarenta anos de sua peregrinação no deserto. Na verdade o pão que Moisés lhes havia dado era fugaz, passageiro. O verdadeiro pão do céu é aquele que o Pai está oferecendo a eles naquele exato momento, o próprio Jesus. Ao contrário do maná, que satisfazia por algumas horas, o verdadeiro pão do céu dá vida ao mundo e satisfaz eternamente. “Eu sou o pão da vida”, diz Jesus, “aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede” (Jo 6:35).

Pare um pouco para pensar no que Jesus está dizendo. Pediram a ele um sinal, mas ele afirma que o sinal é ele próprio. A satisfação está na sua pessoa, não nas coisas que ele possa fazer. Mas eles não querem Jesus, não querem aquele em quem “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:3), aquele por meio de quem todas as coisas foram criadas, aquele que é o esplendor da glória de Deus, que é mais excelente do que os anjos, aquele que é Deus vindo em carne, na forma humana. Não. Eles preferem o pão que deixa migalhas.

Scrat, o esquilo personagem do filme de animação “A era do gelo 2”, passa por uma experiência de quase morte e tem um vislumbre de um céu dos esquilos: um lugar repleto de avelãs, iguais àquela que ele luta o tempo todo para conseguir aqui na terra. No centro do céu dos esquilos há uma avelã gigante. Esta caricatura de céu é a que muitos buscam, um lugar de abundância dos mesmos prazeres terrenos, uma espécie de atacadista da prosperidade. A pessoa de Jesus não lhes interessa. Aquele que os céus dos céus não podem conter é pouco para o apetite dessas pessoas.

No entanto o salmista diz: “A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti” (Sl 73:25). Se você busca por prosperidade, pelo pão que não pode satisfazer eternamente, não é Jesus que você quer. Você quer uma grande avelã, como o esquilo do filme.

Para aquele que realmente crê, Jesus é plenamente suficiente, nesta vida e eternamente. O que crê já começa a desfrutar da companhia de Jesus aqui, e não será diferente no céu, onde a ocupação dos salvos será admirar o Cordeiro que deu sua vida para nos salvar. Se a pessoa de Cristo não for suficiente para você aqui, não será suficiente para você lá. Se você acha maçante passar a eternidade adorando aquele diante de quem todo joelho se dobrará, o céu não foi feito para você.

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Todo aquele que o Pai me dá

João 6:37

Digamos que você um dia ouviu o evangelho, sentiu o peso de seus pecados e decidiu crer que Jesus é Deus e Salvador. Naquele momento você teve todos os seus pecados perdoados; você foi totalmente purificado pelo sangue do Cordeiro de Deus, e passou a ser habitado pelo Espírito Santo. Uma nova vida se abriu diante de seus olhos.

Mas o que será que realmente levou você a buscar Jesus? A resposta está neste capítulo 6 do Evangelho de João. Jesus diz: “Todo o que o Pai me der virá a mim” (Jo 6:37). Percebe? Primeiro o Pai deu você a Jesus, depois você foi a ele. Deus já tinha incluído você na agenda dele, e foi só por isso que você creu em Jesus. Ir a Jesus não foi ideia sua, mas do Pai.

Em sua carta aos Efésios Paulo fala desta escolha, eleição e predestinação. A menos que você arranque algumas páginas de sua Bíblia, não há como negar que os salvos são eleitos por Deus. Talvez você diga: “Ótimo, então não vou me preocupar. Se Deus quiser me salvar, ele fará isso”. Ok, então espere sentado pelo trem da salvação, mas só quero avisar que com uma mentalidade assim você não estará sentado na estação, mas bem em cima dos trilhos.

É um engano acreditar que crer em Jesus seja uma questão de escolha, como se você estivesse em terreno neutro decidindo entre salvação e condenação. Não é assim. Todos nós já nascemos condenados e literalmente no corredor da morte. A única opção é crer em Jesus, algo que certamente não está em nossa agenda, já que nascemos inimigos de Deus. Mas, se é Deus quem escolhe, como saber se você foi escolhido? Crendo nele. Os nomes dos escolhidos não aparecem do lado de fora da porta, só do lado de dentro.

A soberania de Deus em escolher quem ele quer é uma verdade bíblica tanto quanto a responsabilidade humana de crer em Jesus. Eu posso não entender pra que crer se Deus já me elegeu, mas isso não muda o fato de que estamos diante de uma verdade bíblica. Eu não entendo como um medicamento age em meu organismo, mas eu o tomo mesmo assim. É por isso que somos salvos por fé, não por lógica.

Mas não seria Deus injusto ao escolher um para ser salvo e outro para ser condenado? Deus não escolhe quem vai ser condenado, pois todos já nascemos nesta condição por sermos pecadores. Você não pode negar que possui uma “ficha criminal” de pecados. Deus é justo ao condenar o pecador e é misericordioso ao escolher quem ele quer salvar.

Responda rápido: Quando o presidente de um país onde existe a pena máxima concede perdão a um condenado no corredor da morte, acaso ele está sendo injusto para com todos os outros criminosos que serão executados?

Se você está surpreso com a declaração de Jesus, de que “todo o que o Pai me der virá a mim” (Jo 6:37), espere até descobrir nos próximos 3 minutos como ele termina essa frase.

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De maneira nenhuma

João 6:37-40

Todo o que o Pai me der virá a mim”, começa dizendo o versículo 37 deste capítulo 6 do Evangelho de João, indicando a soberania de Deus em escolher quem ele quer para a salvação. Eu sei que muitos discordam do fato de Deus eleger alguns para salvação, mas então é preciso discordar desta afirmação de Jesus.

É preciso fazer muito malabarismo para negar uma verdade tão clara da Palavra de Deus. Há quem inverta a ordem para dizer que se você for a Jesus o Pai irá escolhê-lo. Também já ouvi que aqui estaria falando apenas de uma classe especial de pessoas, como os apóstolos. Sabe por que todo esse esforço para negar que Deus elege de antemão os que são salvos? Para dar ao ser humano o mérito por sua salvação.

Se tivermos qualquer parte em nossa salvação, então somos semi-pecadores, estamos semi-arruinados pelo pecado e no cemitério são enterradas pessoas ligeiramente mortas. Basta ler a carta de Paulo aos Romanos para deixar de lado essa ideia romântica de que existe em nós qualquer simpatia por Deus. Não existe. Somos inimigos por natureza.

Todos pecaram… não há quem busque a Deus, nem um sequer” (Rm 3:9-23). Se você acha que partiu de você a iniciativa de ir a Jesus, eu pergunto: que parte de você é essa que ficou imune ao pecado, que anseia por Deus e é amiga dele? A verdade é que não buscamos a Deus e somos inimigos dele. Esta é a verdade cabal, ela só faz aumentar ainda mais o fulgor da graça de Deus em decidir salvar alguns de uma raça completamente perdida.

Jesus não apenas diz que todo aquele que o Pai lhe dá irá a ele, mas vai além: “…e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6:37). De “jamais” quer dizer de maneira nenhuma, nunca, never! Uma vez salvo, salvo para sempre. Eu sei que alguns líderes religiosos odeiam esta expressão, pois adoram ameaçar com fogo e enxofre seus seguidores caso estes deixem de segui-los.

De certa forma eles têm razão, pois não há qualquer garantia de salvação para quem segue um líder religioso ou uma religião. A garantia é só para os que são salvos por Cristo, e não por suas boas obras, sua perseverança, sua religião etc. Jesus só garante a vida eterna àqueles que o Pai lhe deu, não àqueles que se acham capazes de conquistar a própria salvação por uma mudança de vida. Veja o que ele diz em seguida:

Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me envi ou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6:38-39). Será que você está entre estes que o Pai quer dar a vida eterna? Só existem duas maneiras de descobrir: uma agora e outra depois. Agora é crendo em Jesus. Depois será tarde demais.

Nos próximos 3 minutos Jesus revela a solução para a fisgada da morte.

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A fisgada da morte

João 6:41-44

Os judeus ficam indignados quando Jesus diz que é o pão que desceu do céu. Como poderia Jesus ter descido do céu se era filho de José? O que eles não sabem é que José não é realmente pai de Jesus. Ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de uma jovem virgem e nasceu neste mundo na forma humana.

Sim, ele desceu do céu, e de onde mais poderia descer aquele que é o Filho eterno de Deus, que e é tão divino quanto o Pai e o Espírito Santo? Um Deus em três Pessoas é uma verdade que já aparece no início da Bíblia, quando Deus diz, no plural, “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança” (Gn 1:26). Não é algo para você entender, é algo para você crer.

Ao declarar que desceu do céu Jesus está dizendo que existia antes de assumir a forma humana. Nenhum dos profetas de Israel jamais teria a audácia de afirmar que desceu do céu. Ou aqueles judeus estavam diante de um impostor, ou Jesus era quem realmente afirmava ser.

E para não deixar dúvidas, ele volta a afirmar o que dissera momentos antes, de que ninguém pode ir a ele se não for enviado pelo Pai, acrescentando que ressuscitará todo aquele que o Pai lhe der. Só Deus tem o poder de dar vida a um corpo morto. Quando Deus lançou as dez pragas sobre o Egito, os magos de faraó imitaram as primeiras, mas reconheceram sua derrota quando Deus transformou o pó em piolhos. Só Deus tem o poder de transformar poeira em vida.

Quando Jesus promete ressuscitar todo aquele que o Pai lhe der, costumamos pensar em um cadáver ainda fresco e bem arrumado dentro de um caixão cheio de flores. Poucos mortos estarão assim na ressurreição dos salvos. A maioria terá virado excremento de larvas, cinza ou pó. Imagine o poder de Jesus! Ele irá ressuscitar até mesmo o corpo que foi dissolvido em ácido ou transformado em gases numa explosão! Aquele que criou todas as coisas a partir do nada é poderoso para recuperar cada partícula do que um dia foi um corpo humano e trazê-lo de volta à vida. O apóstolo Paulo descreve a ressurreição assim:

Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade… então se cumprirá a palavra que está escrita: A morte foi destruída pela vitória. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1 Co 15:52-55).

O aguilhão, ferrão ou anzol da morte é o pecado. A fisgada da morte não pode reter aquele que foi salvo por Jesus. Nos próximos 3 minutos você vai saber quem vai a Jesus.

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Quem vai a Jesus?

João 6:45

Ao dirigir-se aos judeus, Jesus faz questão de lembrá-los da promessa revelada pelos profetas do Antigo Testamento: “Serão ensinados por Deus”. E conclui dizendo que “Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim” (Jo 6:45). Alguns dizem que depois de ouvir e aprender do Pai cabe a você decidir se crê ou não em Jesus. Não é o que Jesus diz aqui.

Ele não diz que todo aquele que do pai ouviu e aprendeu “poderá vir a mim”, mas “vem a mim”. Ir a ele é consequência direta de ouvir e aprender do Pai, e não uma questão de escolha. Se você ouviu e aprendeu do Pai, não há mais como escapar: você irá a Jesus. Por estar espiritualmente morto o ser humano é incapaz de aprender do Pai e reagir a qualquer estímulo espiritual. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14).

Se você não receber a vida que vem de Deus para ser capaz de aprender dele, continuará achando a Palavra de Deus uma grande tolice. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6:44), é o que Jesus diz. Portanto ir a ele não é uma questão de escolha sua. Sua escolha é naturalmente não ir, mas se Deus escolher que você vá, não adianta espernear: seu destino é o céu.

Então por que Jesus diz, no capítulo 5 do Evangelho de João, “vocês não querem vir a mim para terem vida”? Não seria uma questão de escolha querer ir a Jesus? Deveria ser, mas nunca será por causa de nossa inimizade natural contra Deus. Somos egocêntricos e independentes por natureza, e ir a Jesus não consta de nossa agenda. Quando um pecador morre separado de Deus, é assim que ele ficará eternamente, do jeito que sempre quis. No inferno não há arrependidos almejando o céu.

Portanto, se não fosse pela graça de Deus em eleger e salvar alguns, ninguém seria salvo. Em Romanos 3:10-11 diz: “Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus”. Se você se acha capaz de entender e buscar a Deus, então você é uma exceção que Deus não previu. Eu pergunto: Que parte de você não está desgraçadamente arruinada pelo pecado para conseguir tal proeza?

Quando Pedro fez a famosa afirmação reconhecendo que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus respondeu: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus” (Mt 16:17). Você jamais irá a Jesus de moto próprio. Você irá porque Deus quis, e revelou a você tanto o peso do seu pecado quanto o valor da obra que Jesus consumou na cruz. Crer que você é capaz de crer nisso por si próprio é um sentimento tão egocêntrico e rebelde quanto a própria incredulidade.

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O pão vivo

João 6:46-53

Ninguém jamais viu o Pai, exceto Jesus que veio do céu. Paulo escreve a Timóteo que Deus é “o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver” (1 Tm 6:16). Embora os anjos sejam imortais, e os ressuscitados nunca morrerão, essa imortalidade foi adquirida. Só Deus traz em si a imortalidade na sua essência.

Por habitar na luz inacessível Deus está fora do espectro possível de ser detectado. Ninguém jamais o viu ou verá. Ao nos criar à sua imagem e semelhança, isto não incluiu traços físicos, já que Deus é Espírito. Essa imagem revelou-se em perfeição na encarnação de Jesus. “Quem me vê, vê aquele que me enviou” (Jo 12:45), disse Jesus, “a imagem do Deus invisível” (Cl 1:15). Mesmo assim, Deus tomou o cuidado de não deixar qualquer descrição física de Jesus para não cairmos no erro de adorar um retrato. Tudo o que sabemos pelo profeta Isaías é que ele não era atraente.

Jesus continua explicando aos judeus que seus ancestrais tinham comido o maná no deserto, mas aquele alimento não fora suficiente para mantê-los vivos eternamente. Apenas Jesus tinha tal poder. Ele diz: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre” (Jo 6:51). Fica mais fácil entender esta afirmação se você fizer um paralelo com o pão natural, o alimento feito de trigo morto que mantém o corpo vivo.

Você já deve ter visto uma daquelas enormes pedras circulares, com um furo no centro, usadas nos antigos moinhos. Os grãos eram despejados por um orifício da pedra de cima, que girava na horizontal sobre outra pedra fixa. Os grãos eram triturados e esmagados pelo peso da pedra para produzir farinha. A esta se acrescentava água, óleo, sal e fermento, vindo depois o fogo para assar. Só então o pão estava pronto para alimentar as pessoas e impedir que morressem pelo tempo de uma vida.

Você já parou para pensar na similaridade disso com Jesus? Nos evangelhos você o encontra simbolicamente associado ao grão de trigo que precisa morrer. Jesus foi literalmente esmagado e triturado pela mão de um Deus santo; ele passou pelo fogo do juízo depois de receber sobre si o fermento de nossos pecados.

Aquele que foi ungido pelo azeite do Espírito Santo, em quem encontramos a água viva, que andou aqui como sal e luz, que recebeu sobre si o fermento de nossos pecados e foi afligido pelo fogo do juízo, é o único pão que pode fazer você viver para sempre. O pão comum é limitado na manutenção da vida por ser um alimento morto. Mas Jesus morreu e ressuscitou, ele é o pão vivo. Quem dele se alimenta viverá eternamente. E Jesus vai além ao revelar àqueles judeus: “Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos” (Jo 6:53).

Seria isso alguma espécie de antropofagia? É o que veremos nos próximos 3 minutos.

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Comer carne e beber sangue

João 6:53-59

No capítulo 6 do Evangelho de João Jesus diz: “Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos” (Jo 6:53). Seria isso algum tipo de antropofagia ou vampirismo? De maneira nenhuma. O contexto todo é sobre como Deus alimentou os israelitas por quarenta anos no deserto, após libertá-los da escravidão no Egito.

Ainda no Egito eles celebraram a primeira páscoa sacrificando um cordeiro e comendo sua carne assada no fogo. A palavra “páscoa” significa “passar por cima”. E foi o que Deus fez, ao “passar por cima” ou excluir da praga da morte dos primogênitos aqueles que comiam a carne do cordeiro dentro das casas com a marca de sangue no batente da porta. Aquele cordeiro morto era uma figura de Cristo sacrificado por nós.

Nos versículos 47 e 48 deste evangelho Jesus disse que era o pão da vida e quem cresse nele teria a vida eterna. Agora no versículo 54 ele diz que tem vida eterna quem comer sua carne e beber seu sangue. Em ambos os casos a linguagem é figurada. Comer sua carne e beber seu sangue para receber vida eterna é o mesmo que crer no pão que desceu do céu. Lembre-se de que em outras ocasiões ele disse ser a porta e a videira.

É preciso alimentar-se de Cristo para ter vida eterna, do mesmo modo como você come o pão comum para ter vida natural. Comer sua carne e beber seu sangue não é participar de um ritual mágico de transubstanciação do corpo e sangue de Jesus em pão e vinho. Ninguém tem o poder de repetir o sacrifício de Jesus e transmutar seu corpo incorruptível em matéria corruptível. Isto seria negar a imutabilidade da ressurreição. O cristianismo não é um ritual pagão de magia e transmutação, e o cristão não é um vampiro antropófago.

Se você tivesse participado da primeira ceia e alguém perguntasse onde estava Jesus, o que responderia? Que ele tinha se transformado em pão e vinho? Não, você apontaria para o Homem ao seu lado. No entanto naquela noite ele afirmou: “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” (Mt 26:26-28). Obviamente você teria entendido que ele falava em linguagem figurada.

Na Lei Deus havia proibido ao homem beber sangue, pois isso significava obter vida. Qualquer nativo antropófago entenderia o simbolismo disso: ele come a carne e bebe o sangue do inimigo por acreditar receber sua vida e coragem. O sentido da proibição era o mesmo da espada colocada na entrada do Éden: impedir que o homem comesse da árvore da vida e obtivesse vida em seu estado de pecador arruinado.

Mas agora, tendo sido resolvida a questão do pecado na cruz, a vida eterna pode ser recebida comendo carne e bebendo o sangue de Jesus, isto é, alimentando-se de sua morte e dos benefícios que ela nos traz. Se ele tivesse vivido aqui apenas como um exemplo a ser seguido, não haveria salvação para nós. Foi só por ter morrido que podemos ter vida. Comer sua carne e beber seu sangue é você tomar para si todo o valor de sua morte para poder viver eternamente. Nos próximos 3 minutos muitos de seus discípulos mostram estar escandalizados.

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Verdadeiros, falsos e traidores

João 6:60-65

O capítulo 6 do Evangelho de João termina dizendo que muitos discípulos se escandalizaram com as palavras de Jesus. Mas o que exatamente eles ouviram de Jesus? As mesmas coisas que continuam escandalizando muitos hoje. Compare o que Jesus diz com aquilo que as pessoas acreditam e verá que as opiniões não mudaram muito desde então.

Primeiro eles perguntam quais obras precisam fazer, pois acham que a salvação é obtida pelas boas ações. Jesus responde que só uma obra é necessária, a obra de Deus, que é crer naquele que Deus enviou. Eles acham que Jesus é um ser humano qualquer, nascido de uma relação entre José e Maria. Jesus afirma que é o Filho de Deus que desceu do céu.

Eles acham que seguir alguém que multiplica os pães é garantia de pensão vitalícia. Jesus os exorta a buscarem, não a comida que apodrece, mas a que permanece eternamente. Eles acham que ir a Jesus é uma questão de escolha pessoal, Jesus afirma que ninguém pode ir a ele se o Pai não lhe der. Jesus ainda garante que aquele que vai a ele nunca será lançado fora. Finalmente Jesus revela que no final irá ressuscitar aqueles que creem nele.

Você já parou para comparar essas afirmações de Jesus com aquilo que sua religião ensina? Você aprendeu que é preciso fazer boas obras para ser salvo? Jesus diz que uma só obra é necessária: crer nele. Você acredita que Jesus é apenas um ser mais evoluído nascido de pai e mãe? Ele é o Filho de Deus que desceu do céu, é o Emanuel ou “Deus conosco”, gerado pelo Espírito Santo de uma virgem. Você dá ouvidos àquele pregador que só fala de prosperidade material? Jesus o aconselha a não perder seu tempo com coisas que perecem. Você aprendeu que crer nele é escolha sua? Ele revela que só vai a ele quem o Pai lhe der. Você teme perder sua salvação? Jesus diz que aquele que o Pai lhe dá nunca será lançado fora. Você acredita em reencarnação? Jesus fala de uma única ressurreição.

Como se não bastasse, ele diz que é preciso comer sua carne e beber seu sangue para ter vida eterna. Isto significa que só obtemos vida através de sua morte, e não da imitação de sua vida exemplar. Para alguns que achavam que ele falava em literalmente engolir pedaços de sua carne, Jesus revela que a carne para nada aproveita, mas é o espírito que vivifica. Além disso, como iriam comer de sua carne material quando vissem o Filho do homem subir para o céu de onde tinha vindo com corpo e tudo?

Jesus sabia que muitos daqueles que se diziam discípulos nem mesmo criam nele, e que um deles iria traí-lo. Assim é hoje na cristandade professa: existem os que foram salvos pela fé em Jesus, os que se escandalizam com estas afirmações e os que o estão traindo, mais interessados no dinheiro que podem ganhar com Jesus. Em que classe você se enquadra? Nos próximos 3 minutos Pedro diz por que segue a Jesus.

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Jesus e nada mais

João 6:66-71

Neste capítulo 6 de João vemos os principais elementos do evangelho. Jesus conta que desceu do céu, fala de sua morte, representada pela carne e o sangue, cita a ressurreição e revela o seu retorno ao céu. Mas muitos o seguem pelos motivos errados, mais interessados no que ele pode proporcionar do que em sua própria pessoa.

“Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: ‘Vocês também não querem ir?’” (Jo 6:66-67). Ué, cadê aquela multidão que o seguia no início do capítulo, os milhares que ele alimentou na multiplicação dos pães? Agora ele fala apenas aos doze que restaram. Iriam eles também deixá-lo?

Vivemos numa época em que a cristandade se transformou em um grande circo, com novas atrações para atrair e entreter o público. Onde antes havia um pregador do evangelho hoje há um palco com músicos e dançarinas. Há eventos sociais, empresariais e esportivos para atraírem pessoas com os mais variados interesses. E Jesus, onde está?

Imagine que você fosse um cristão vivendo no primeiro século. Para começar, você não se filiaria a uma denominação porque tal ideia só apareceria mais de mil anos depois. Você se contentaria em ser chamado simplesmente de cristão. Ao se reunir em comunhão com o Senhor e com seus irmãos, vocês se ocupariam da doutrina dos apóstolos, das orações e da ceia do Senhor. Quem quisesse ver músicos e dançarinas teria de ir aos festivais dos deuses romanos.

Apenas o Espírito Santo, e não um homem, lideraria essas reuniões. Um irmão poderia sugerir um hino para todos cantarem, outro faria uma oração, e dois ou três ministrariam a Palavra de Deus, enquanto os outros estariam julgando. Nada de gritarias ou ataques de histerismo. Haveria reverência e ordem, porque o Senhor estaria bem ali no meio de vocês. Afinal, era para ele e em seu nome que vocês estariam congregados.

Jesus seria suficiente para vocês, mas parece que em nosso capítulo ele não é suficiente para alguns que querem abandoná-lo. Ele pergunta aos doze se querem fazer o mesmo e Pedro responde: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6:68-69).

Você já creu em Jesus? Ótimo. Pedro diz “nós cremos e sabemos”, portanto agora você irá desejar saber mais de Jesus, congregar-se para ele, não para você ou suas emoções, nem para um líder ou religião. Irá querer estar onde ele está, onde ele é o centro das atenções, onde ele é a atração principal e nada mais. Mas Pedro erra numa coisa. Ele diz “nós” temos crido e conhecido. Ele fala pelos doze sem saber que entre eles existe um diabo: Judas, o traidor, que segue a Jesus de olho no dinheiro.

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Fora do arraial

João 7:1-9

O capítulo 7 do Evangelho de João assinala que estava próxima a Festa dos Tabernáculos. Apesar de ter sido instituída por Deus no Antigo Testamento, aqui ela é chamada de “festa dos judeus”. Por que dos judeus? Porque agora eles a celebravam para si mesmos e com o coração completamente afastado de Deus.

Afinal, Jesus procurava manter-se afastado da Judeia porque os religiosos judeus, os mesmos que organizavam a festa, queriam matá-lo. Todo coração afastado de Deus quer se livrar de Jesus. E tem mais: não são apenas os religiosos judeus que estão longe dos pensamentos de Deus. Aqui os próprios irmãos de Jesus não creem nele e nem estão no verdadeiro espírito da festa instituída por Deus.

Durante a Festa dos Tabernáculos eles deviam morar em tendas por sete dias para se lembrarem de que um dia foram peregrinos vivendo em um deserto. Este é também o espírito no qual os cristãos deveriam viver neste mundo: peregrinos sem morada definitiva.

Os irmãos de Jesus insistem para que ele vá a Jerusalém para que as pessoas vejam os milagres que ele é capaz de fazer e fique famoso. Afinal, raciocinam seus irmãos, quem quer ficar famoso não se esconde, mas se exibe para o mundo. Porém Jesus explica que o seu tempo ainda não chegou, isto é, de ser visto e reconhecido de uma extremidade à outra da Terra como acontecerá quando ele voltar.

O raciocínio dos irmãos de Jesus é igual ao de qualquer ser humano. Eles acham que Jesus faz milagres para chamar atenção sobre si. Às vésperas da festa que deveria representar o caráter peregrino do povo de Deus neste mundo, eles estão preocupados com fama e reconhecimento. Hoje, enquanto alguns cristãos estão preocupados com fama e reconhecimento, outros compartilham da vergonha e rejeição de Jesus e são criticados por seus próprios irmãos por não desejarem participar do grande circo em que se tornou a cristandade.

O capítulo 13 de Hebreus faz uma distinção clara entre os costumes e celebrações dos judeus e a Igreja, o povo peregrino de Deus neste mundo na atual dispensação. Lá diz: “Saiamos a ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13:13-15).

Quando você percebe que a cristandade criou um sistema muito semelhante ao arraial dos judeus, não resta opção a não ser sair desse arraial cristão para compartilhar da vergonha e rejeição que Cristo teve e tem neste mundo. Se você deseja oferecer sempre a Deus sacrifício de louvor como o fruto de lábios que confessam o nome de Jesus e não outro, esta é a coisa certa a fazer: sair do arraial, mas sair a Jesus.

Nos próximos 3 minutos você vai conhecer o segredo para se entender a Palavra de Deus.

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O segredo para entender a Bíblia

João 7:9-17

Depois que os irmãos de Jesus partem em direção à Jerusalém para a Festa dos Tabernáculos Jesus também vai até lá, mas escondido. Em Jerusalém o povo está curioso a seu respeito. Onde estaria ele? Uns dizem que ele é bom, outros que é um enganador, mas o medo que as pessoas têm dos líderes religiosos as impede de falar abertamente de Jesus.

Esse medo existe até hoje. Durante séculos os líderes religiosos de Roma impediram que as escrituras fossem lidas pelo povo. A posse e leitura da Bíblia estavam restritas aos religiosos e durante a Inquisição milhares de pessoas foram queimadas vivas por lerem ou possuírem cópias da Bíblia. Líderes religiosos têm pavor de perder o controle, e isto não ocorre apenas no catolicismo, mas também no protestantismo.

Hoje há muitos que acreditam que você só é capaz de compreender as escrituras e ensiná-las se passar pelo ensino formal de um seminário ou faculdade teológica. E mesmo que alguns defendam que todos devem ter acesso à Palavra de Deus, a cristandade continua dividindo os cristãos entre clero e leigos. No capítulo 2 de Apocalipse Jesus condena tal ideia e a chama de “nicolaíta”, que em grego significa “conquistadores do povo”.

A mesma questão é levantada aqui pelos religiosos judeus quando Jesus vai ao templo e começa a ensinar. Eles perguntam: “Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado?” (Jo 7:15). Mas Jesus responde que seu ensino não vem de si mesmo, mas daquele que o enviou. Lembre-se de que, mesmo sendo Deus, Jesus andou aqui no caráter de um Filho obediente que só fazia ou dizia aquilo que era conforme a vontade de seu Pai. E é justamente este o segredo para se conhecer os pensamentos de Deus em Sua Palavra, as escrituras.

Jesus diz: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7:17). Como aqueles religiosos judeus poderiam saber se o que Jesus dizia era realmente de Deus? A condição para isso era querer fazer a vontade de Deus. Como entender hoje a Palavra de Deus e saber se esse entendimento vem de Deus ou dos homens? A condição continua a mesma: desejar fazer a vontade de Deus.

A razão para isso é simples: Deus não perde tempo revelando suas pérolas aos porcos que não têm outro interesse senão pisá-las. A Palavra de Deus não está sujeita à curiosidade humana, e as mais preciosas verdades podem acabar transformadas em coisas abomináveis quando misturadas com a ânsia que o ser humano tem de exercer poder sobre os seus semelhantes.

Nos próximos 3 minutos Jesus nos ensina a identificar os falsos mestres.

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Os falsos mestres

João 7:18

Todos nós gostamos de falar de nós mesmos. Falamos de nosso trabalho, de nossos filhos, de nossos talentos e até de nossos problemas e defeitos para chamar atenção. Eu e você somos assim, imperfeitos e loucos por admiração, piedade ou bajulação. Somos como Caim, que matou seu irmão Abel: não queremos que o nosso nome seja esquecido.

Caim construiu a primeira cidade e colocou nela o nome de seu filho para perpetuar sua descendência. Depois do dilúvio foi construída a torre de Babel para perpetuar o nome do ser humano neste mundo. Saddam Hussein tentou reconstruir Babilônia gravando o seu próprio nome em cada tijolo. O Salmo 49 diz que o insensato acha que vai viver perpetuamente e dá às suas terras o seu próprio nome. É por isso que temos ruas, praças e cidades com nomes de pessoas importantes.

Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito”. Jesus diz isso no capítulo 7 de João, condenando a exaltação própria É claro que quando enviamos um currículo ou uma proposta de trabalho precisamos falar de nós mesmos, pois quem nos contrata quer conhecer nossas habilidades. Nas coisas de Deus isso não tem lugar. Jesus disse que dentre os homens ninguém era maior do que João Batista. No entanto, João diz de si mesmo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).

Nas cartas às sete igrejas em Apocalipse, Filadélfia não fala nada de si mesma, mas Jesus fala muito bem dela. Por outro lado, Laodiceia dá um grande testemunho de si mesma, dizendo-se rica e abastada, mas Jesus a chama de desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Na Bíblia há homens e mulheres admiráveis pelo serviço que prestaram a Deus, mas são os outros ou o próprio Deus que dão testemunho deles.

Gabar-se de seus feitos, buscar a própria glória e exaltar o próprio nome é o inverso do que Jesus faz. Ele foi o único que não buscou fama. Apesar de ser Deus, ele viveu aqui como um servo, um Homem perfeito, sem pecado ou qualquer imperfeição de caráter. Ele, o único que realmente podia falar de si mesmo, que podia buscar a própria glória e exaltar o próprio nome, buscou aqui tão somente a glória do Pai que o enviou. Um verdadeiro embaixador nunca promove a si próprio.

Hoje é fácil identificar um falso mestre: ele fala de si mesmo, se gaba de suas obras, e busca seguidores que o apoiem, admirem e se submetam à sua vontade. Você tem seguido alguém assim?

Nos próximos 3 minutos Jesus fala daqueles que usam a Palavra de Deus para negarem… a Palavra de Deus!

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Os juízes de Deus

João 7:19-33

Jesus diz aos judeus que eles receberam a Lei de Moisés, porém não a observam porque a Lei condena o homicídio e eles querem matá-lo. E por que razão eles querem matar Jesus? Por ter curado um homem no sábado, o dia determinado por Deus para o descanso do povo de Israel.

Jesus mostra que eles próprios trabalham no sábado quando, por exemplo, circuncidam um bebê. A cura do homem em qualquer dia que fosse estava em conformidade com a misericórdia e compaixão de Deus. Mas aqueles religiosos têm o seu próprio modo de ver as coisas: certo é o que eles fazem, errado é o que Jesus faz. Qualquer coisa serve de pretexto para se livrarem do Messias de Israel.

Falando através do profeta Oseias, Deus disse: “Pois desejo misericórdia, não sacrifícios, e conhecimento de Deus em vez de holocaustos… Assim como os assaltantes ficam de emboscada à espera de um homem, assim fazem também fazem os bandos de sacerdotes; eles assassinam na estrada de Siquém e cometem outros crimes vergonhosos” (Os 6:6).

Deus compara aqueles que deviam servir de guias do povo de Israel a quadrilhas de assaltantes que armam ciladas, e é exatamente o caso aqui, quando decidem matar o Filho de Deus, aquele que sonda os corações. Quando Jesus revela a intenção homicida deles, os religiosos reagem com difamação e mentira: “Você está endemoninhado… Quem está procurando matá-lo?” (Jo 7:20).

Ao julgarem Jesus, aqueles religiosos judeus se colocam na posição de juízes do próprio Deus. Jesus os aconselha a não julgarem pela aparência, mas segundo o reto juízo. Julgar pela aparência é interpretar as coisas segundo a intolerância e o preconceito do nosso coração, e não segundo os pensamentos de Deus. Quem julga pela aparência determina o que é certo e errado com base em seus próprios parâmetros, e não naquilo que a Palavra de Deus revela através do discernimento que somente o Espírito Santo é capaz de nos dar.

O povo, porém, denuncia o real intento dos líderes religiosos contra Jesus: “Não é este o homem que estão procurando matar? Aqui está ele, falando publicamente, e não lhe dizem uma palavra. Será que as autoridades chegaram à conclusão de que ele é realmente o Cristo? Mas nós sabemos de onde é este homem; quando o Cristo vier, ninguém saberá de onde ele é” (Jo 7:25-27). Quando os sacerdotes e fariseus ouvem a multidão dizer isso, mandam os guardas prenderem Jesus. O desejo dos líderes é manter Jesus sob controle, enquanto tentam descobrir um jeito de eliminá-lo de vez.

Mas Jesus ainda ficaria algum tempo no meio deles, pelo até que os desígnios de Deus fossem cumpridos. Então valeria para aqueles líderes as solenes palavras de Jesus: “Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão; onde eu estou, vocês não podem vir” (Jo 7:34). Como assim? Que lugar era esse onde Jesus estava no mesmo instante em que falava com eles? Você irá descobrir nos próximos 3 minutos.

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Conexão interrompida

João 7:33-36

Jesus avisa os judeus que ainda estaria com eles, mas depois voltaria para o Pai. Ele fala obviamente de sua morte e ressurreição, mas o interessante é o verbo usado no versículo 34 deste capítulo 7 de João.

Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão” está no futuro. Mas, na continuação, ele diz: “onde eu estou, vocês não podem vir”. Onde mais Jesus podia estar naquele exato momento em que conversava com eles? No céu. Isso mesmo, simultaneamente no céu e na terra, porque ele é Deus. Mas o horror destas palavras estava na impossibilidade de eles estarem no céu com Jesus, um destino que eles automaticamente selavam ao rejeitá-lo.

Não era o desejo de Deus que aquela gente acabasse assim. Uns seiscentos anos antes o profeta Jeremias revelava as intenções de Deus: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vocês… pensamentos de paz e não de mal… Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração” (Jr 29:11). Aquela era uma promessa para um povo que estava exilado na Babilônia, mas o sentimento de Deus não mudou.

Hoje, se você está consciente de que a vida aqui não passa de um exílio em um mundo de tristeza e dor, a mesma promessa vale para você: “Vocês me procurarão e me acharão”. Quando? Imediatamente. E depois? Bem, alguns daqueles judeus puderam crer em Jesus mais tarde, ao descobrirem que ele tinha sido enviado para morrer e ressuscitar por eles. Mas para você pode não existir essa chance.

Digo isto porque a qualquer momento a janela de oportunidade pode fechar definitivamente para você. Como assim? Bem, há várias formas de isso acontecer se você escutar e não crer no evangelho, cuja mensagem se resume em Jesus ter morrido na cruz para pagar os seus pecados e ressuscitado ao terceiro dia para a sua justificação.

Um “tilt” qualquer em seus neurônios pode torná-lo incapaz de crer no que ouviu. Ou o seu coração poderá desistir de bater e a morte encerrar de vez suas chances de ser salvo. Existe ainda outra possibilidade, que é bendita para aqueles que creem, porém aterradora para quem ouviu o evangelho e não creu: A volta de Jesus a qualquer momento.

A Bíblia diz que ele vem primeiro em um evento secreto, para ressuscitar os crentes mortos e tirar do mundo os crentes vivos. É o que chamamos de “arrebatamento”. Alguns anos depois ele volta de modo visível e terrível. Todos os que escutaram o evangelho antes do arrebatamento, e não creram, serão incapazes de crer, pois o próprio Deus fará esse bloqueio. Afinal, era o que queriam desde o início, não é mesmo?

Em sua segunda carta aos Tessalonicenses, ao falar dessas pessoas no período entre o arrebatamento e a vinda visível de Jesus, o apóstolo Paulo coloca mais ou menos assim: “Deus lhes enviará um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira e sejam condenados todos os que não creram na verdade… porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:10:12).

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Para quem tem sede

João 7:37-39

No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: ‘Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva’” (Jo 7:37).

O oitavo dia da Festa dos Tabernáculos era um dia atípico. As celebrações eram completamente diferentes. Embora o Antigo Testamento não mencione isso, a tradição judaica revela que nesse dia os sacerdotes derramavam água sobre o altar. Pense no significado que o derramar das águas tinha numa terra pobre de rios, onde dependiam da chuva que cai do céu para sobreviverem. Sua fonte de vida e alegria estava no céu.

Agora entre eles está aquele que “os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter” (1 Rs 8:27). convidando a todos para irem a ele. Jesus explica esse “ir a ele” no versículo 38: “Quem crer em mim”. É apenas pela fé em Jesus que você obtém a salvação e a alegria eterna.

O profeta Isaías escreveu: “Com alegria vocês tirarão água das fontes da salvação” (Is 12:3). Em outra passagem ele diz: “Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e, vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo. Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz? Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e a alma de vocês se deliciará na mais fina refeição” (Is 55:1-2).

Jesus é o cumprimento destas promessas. O apóstolo João explica que os “rios de água viva” (Jo 7:38-39) representam o Espírito Santo, que haviam de receber todos os que cressem em Jesus depois de sua morte, ressurreição e ascensão para a glória. Como receber a salvação eterna e o Espírito Santo?

Primeiro, é preciso que você reconheça sua sede. Eu e você somos pecadores por natureza, e não consigo pensar em uma condição mais sedenta e necessitada do que esta. Segundo, é preciso que você reconheça que coisa alguma vinda de você poderá salvá-lo. Não somos salvos e tampouco recebemos o Espírito Santo por nossos meios ou méritos. As águas são oferecidas de graça.

Em terceiro lugar é preciso entender que a fonte de sua salvação e bênção é uma pessoa: Jesus. É a ele que você deve ir, não a uma religião, sacerdote ou ordenanças como o batismo ou a ceia. É somente pela fé em Jesus que você recebe a salvação e o Espírito Santo, essa fonte que se transformará em rios de água viva.

O Espírito foi derramado no dia de Pentecostes, no capítulo 2 do livro de Atos, quando teve início a Igreja. Desde então, o Espírito Santo vem habitar em todo aquele que verdadeiramente crê em Jesus. Não se trata de um acessório, mas de parte integrante da salvação: seu penhor ou garantia. Romanos 8 diz que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8:9). Se alguém disser que você está salvo, mas precisa fazer alguma coisa a mais para receber o Espírito, desconfie.

Nos próximos 3 minutos Jesus divide as opiniões dos homens.

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Assumindo sua fé

João 7:40-53

As pessoas reagem de modo diferente em relação a Jesus. Neste capítulo alguns afirmam que ele é o Profeta. Talvez se lembrem das palavras de Moisés repetidas por Pedro em Atos 3: “O Senhor Deus lhes levantará dentre seus irmãos um profeta como eu; ouçam-no em tudo o que ele lhes disser” (At 3:22).

Outros acreditam que ele seja o Cristo, o Messias prometido para libertar o povo de seus inimigos. Mas há quem discorde, lembrando que o Cristo nasceria em Belém da Judeia, não na Galileia, e seria descendente do Rei Davi. Eles ignoram que Jesus realmente nasceu em Belém e que Maria, sua mãe, é da linhagem de Davi.

Os oficiais, que devem prendê-lo, não ousam fazê-lo. “Ninguém jamais falou da maneira como esse homem fala” (Jo 7:46), é a justificativa que dão aos sacerdotes e fariseus que os enviaram.

E você, qual é sua posição em relação a Jesus? Você o considera um mero profeta ou reconhece que ele é o próprio Verbo de Deus encarnado? Para você ele é um libertador político, ou você o tem como aquele que morreu para libertá-lo do pecado e da morte? Espero que você não seja dos que gostariam de vê-lo preso para deixar de incomodar sua consciência, ou dos que querem distância dele com medo do que as pessoas iriam pensar ou dos prejuízos que uma proximidade poderia causar à sua reputação.

Em outra passagem Jesus avisa: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 8:38). Crer em Jesus em seu coração e confessar publicamente sua fé fará toda a diferença para você na eternidade.

Aqui vemos um homem que tinha tudo para se envergonhar de Jesus. É Nicodemos, que no capítulo 3 encontrou-se com ele de noite, com medo de ser visto em sua companhia. Homem rico e influente, em sua posição de membro do Sinédrio ou poder legislativo ele tinha muito a perder. Mais do que eu ou você. Mesmo assim, agora ele defende Jesus diante das outras autoridades, dizendo: “A nossa lei condena alguém, sem primeiro ouvi-lo para saber o que ele está fazendo?” (Jo 7:51).

Seus colegas o tratam com desdém. Mas você voltará a encontrá-lo no final, ajudando a retirar corpo de Jesus da cruz e preparando-o para a sepultura. Nem mesmo os apóstolos tiveram coragem de fazer isso. Muitos dos que falam de sua fé com desenvoltura quando tudo vai bem, simplesmente desaparecem ao menor sinal de perigo, com medo de perderem o que têm. E os que parecem ser os menos prováveis, são os que mais refletem a luz de Jesus na noite escura da adversidade.

Nosso capítulo termina dizendo: “Então cada um foi para a sua casa” (Jo 7:53). Menos Jesus, que nos próximos 3 minutos encontraremos passando a noite ao relento, no Monte das Oliveiras.

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O único lugar seguro

João 8:1-11

Enquanto o capítulo 7 do Evangelho de João termina dizendo que cada um foi para sua própria casa, o capítulo 8 começa assim: “Jesus, porém, foi para o monte das Oliveiras” (Jo 8:1). É ali que ele passa a noite em oração. As raposas têm covis e os pássaros têm ninhos, mas Jesus não tem outro lugar para recostar a cabeça além do ombro do Pai.

Cedo de manhã ele já está no Templo de Jerusalém, ensinando o povo. Querendo fazer Jesus cair em contradição, os escribas e fariseus trazem a ele uma mulher “surpreendida em ato de adultério” (Jo 8:4). Eles lembram que a Lei de Moisés ordena que o adúltero seja morto por apedrejamento e querem saber a opinião de Jesus.

Se ele disser que a mulher não deve se apedrejada, eles o acusarão de ir contra a Lei de Moisés. Se apoiar o apedrejamento, estará negando que é o Salvador, além de desprezar a lei do invasor romano, o único que podia condenar alguém à morte.

Enquanto eles falam, Jesus escreve com o dedo na terra. Esta é a única obra de próprio punho escrita por Jesus da qual temos conhecimento. Ela foi apagada pelo vento há dois mil anos. O que ele escreveu? Ninguém sabe.

Deus escreveu com o dedo em tábuas de pedra, quando deu a Lei aos israelitas, e a Lei não tinha o objetivo de salvar, mas de condenar. Em Jeremias 17, Deus afirma: “aqueles que se desviarem de ti terão os seus nomes escritos no pó, pois abandonaram o Senhor, a fonte de água viva” (Jr 17:13). Estaria Jesus escrevendo os nomes dos que acusam a mulher?

A Lei de Moisés ordenava que ambos, homem e mulher, fossem apedrejados. Ao afirmarem que a mulher fora pega em flagrante adultério, eles se tornam culpados de transgredir a Lei por acusarem apenas a mulher. Estaria o adúltero entre eles?

Eles insistem e Jesus confirma que a Lei deve ser aplicada e a mulher apedrejada. Mas, aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra. Com suas consciências culpadas eles se afastam, começando pelos mais velhos, com maior bagagem de pecados e maior reputação a zelar. Eles chegaram juntos, mas agora se afastam um a um, cada um por si.

Apenas a mulher permanece diante de Jesus, o único sem pecado que pode apedrejá-la. Mas ele não faz isso, pois não veio para condenar, mas para salvar. Um dia ele voltará para julgar, mas enquanto isso a palavra que ele tem para o pecador é a mesma que disse à mulher: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado” (Jo 8:11).

Hoje o único lugar seguro para o pecador se refugiar é na presença de Jesus. Quando você se coloca diante dele na condição de réu culpado e merecedor do juízo de Deus, é perdão que você recebe, não condenação. Então por que continuar fugindo dele como fizeram os fariseus?

Nos próximos 3 minutos veremos por que as pessoas fogem de Jesus.

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Baratas, aranhas e escorpiões

João 8:12

Fugir de Jesus é a reação natural de qualquer pecador. Foi assim no Éden depois que Adão pecou; é assim comigo e é assim com você. Somos como baratas, aranhas e escorpiões escondidos debaixo de uma pedra. Quando esta é levantada e a luz do sol revela o esconderijo, o jeito é correr para se esconder debaixo de outra pedra, longe da luz.

Fugimos da luz porque ela nos denuncia; revela nossa posição e condição. Nossa posição é naturalmente de separação, rebeldia e inimizade contra Deus. Nossa condição é de pecadores, transgressores das leis divinas e dignos de condenação. Numa situação assim, o que fazer senão fugir?

Como acontece com os fariseus deste capítulo, a presença de Jesus não só revela nossa posição e condição, como traz à tona nossa hipocrisia e a pretensão de nos acharmos capazes de mascarar nosso estado. Nessa hora religião, boas obras e autoafirmação são usadas para passar uma demão de cal neste sepulcro cheio de iniquidade que é cada um de nós.

Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8:12). Seguir a Jesus é se expor à luz e deixar que revele toda a nossa imundície. Mas o fato de a sujeira vir à tona e inquietar nossa consciência não nos garante a salvação. Os fariseus que queriam apedrejar a adúltera ficaram com suas consciências inquietas, mas isso só serviu para afastá-los ainda mais de Jesus.

O remorso gerado por uma consciência culpada não necessariamente nos aproxima de Deus. Caim mostrou ter esse tipo de remorso ao confessar a Deus o seu pecado, dizendo: “Meu castigo é maior do que posso suportar. Hoje me expulsas desta terra, e terei que me esconder da tua face; serei um fugitivo errante pelo mundo, e qualquer que me encontrar me matará” (Gn 4:13-14).

Ele não estava arrependido do que fez e se achava até na posição de poder decidir sua pena. Deus não havia dito que seu castigo seria maior do que ele poderia suportar, e nem o expulsou da terra. Parece até muito conveniente Caim agora poder dizer “terei que me esconder da tua face”. Afinal, esse é um desejo natural a todo ser humano: querer distância de Deus.

Pelo mesmo motivo aqueles fariseus se afastam de Jesus. Eles querem evitar que seja revelado o conteúdo de seus corações, virados ao avesso pela presença da Luz. E você, o que faz quando confrontado com Jesus? Fica ou foge? A carta aos Efésios diz que “tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas. Por isso é que foi dito: ‘Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti’” (Ef 5:13-14).

Nos próximos 3 minutos Jesus continua ensinando em um aposento do Templo que leva um nome muito significativo para lições tão preciosas: o Lugar do Tesouro.

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O lugar do tesouro

João 8:13-20

Aparentemente os mesmos fariseus que um pouco antes queriam apedrejar a mulher adúltera voltam agora a confrontar Jesus. Eles voltam para confrontá-lo com suas próprias palavras do capítulo 5, quando ele disse: “Se testifico acerca de mim mesmo, o meu testemunho não é válido” (Jo 5:31).

O confronto ocorre no lugar do tesouro, o aposento do templo onde eram lançadas as ofertas para Deus, mas aqueles fariseus estão ali para lançar acusações contra o Filho de Deus. Em resposta, a primeira coisa que Jesus revela é que ele é a luz do mundo. A segunda, que quem o segue não anda em trevas, mas tem a luz da vida. Mas ele não para aí.

A Lei exigia que, para ser válido, um testemunho devia ser dado por duas ou mais pessoas. Jesus explica por que o seu testemunho é verdadeiro, ainda que aparentemente seja dado por apenas uma pessoa, ele próprio.

A primeira razão que ele apresenta é o fato de ser onisciente. Ele sabe de onde vem e para onde vai, algo que seus acusadores ignoram. Existe também algo sutil em sua afirmação, pois se ele veio ao mundo isto implica em sua pré-existência, algo que nenhum outro homem pode ter. Reconhecer que Jesus não apenas nasceu em um corpo de carne e ossos, mas que veio em carne, é reconhecer sua divindade.

Ele continua mostrando aos fariseus que eles não têm autoridade moral para julgá-lo, já que julgam segundo a carne, ou seja, de acordo com os interesses e desejos do homem natural. Acaso não foi o que ocorreu ao acusarem a mulher adúltera? Eles deliberadamente deixaram o homem adúltero fora da acusação de adultério. É preciso que existam duas pessoas para o ato se consumar e ocorrer o flagrante que os fariseus afirmavam ter ocorrido.

Jesus continua revelando que seu testemunho é corroborado pelo seu Pai que lhe enviou, portanto já não é apenas o testemunho de um só, mas de duas Pessoas da divindade. Não apenas seus milagres mostravam que ele era o Messias prometido, mas também a voz do Pai que veio do céu por ocasião do batismo público de Jesus. Mas eles também não aceitam o testemunho do Pai por não conhecê-lo, e Jesus revela que eles não conhecem o Pai por não conhecerem a Jesus, o Filho de Deus.

O que ele diz serve também para você: é impossível alguém conhecer o Pai sem conhecer a Jesus, o Filho. No primeiro capítulo do Evangelho de João está claro que não basta pertencer à espécie humana para ser um filho de Deus e poder chamá-lo de Pai. Apenas os que creem no Filho de Deus podem ser chamados de filhos de Deus. Ser filho de Deus é um privilégio reservado apenas aos que um dia conhecem a Jesus como Senhor e Salvador.

Os judeus não conseguem prender Jesus ali porque ainda não tinha chegado sua hora. Nos próximos 3 minutos ele fala dessa hora.

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A hora da ausência

João 8:21-25

Durante séculos os judeus tinham esperado pelo Messias, aquele que fora prometido por Deus por intermédio dos profetas. Era para o Messias que todos os textos do Antigo Testamento apontavam, seja de forma explícita ou em figuras. Agora o Messias está bem ali, na frente deles.

Mas eles não o reconhecem. Pior do que isso, estão determinados a matá-lo e Jesus sabe que conseguirão cumprir seu intento. Por isso agora ele fala de sua ausência, que aqueles judeus o buscarão e não o acharão. Para onde ele vai é impossível eles irem também.

Os judeus pensam que ele está falando de suicidar-se, mas Jesus fala de seu sacrifício e também da ressurreição e ascensão ao céu, seu lugar de origem. Se você alguma vez já se sentiu frustrado ao ver uma pessoa partir para sempre, sem que você tivesse a oportunidade de resolver alguma demanda com ela, vai entender o que está acontecendo aqui.

Jesus revela a eles que sua rejeição irá selar o destino de cada um deles de uma vez para sempre. Jesus voltaria para o céu; eles permaneceriam no mundo até morrerem e serem condenados ao lago de fogo. Mas o quê exatamente eles precisam fazer para não ter esse destino? O versículo 24 é bem claro: “Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados” (Jo 8:24).

A expressão “Eu Sou” foi usada por Deus ao se revelar a Moisés. Este indagou quem era o que falava com ele, e a resposta de Deus, em Êxodo 3:14, foi: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”. A expressão “Eu Sou” revelava a essência de Deus, aquele que existe em si mesmo, independente das coisas criadas. Jesus é Deus, é o “Eu sou o que sou”, e você também precisa crer nisto.

Outro detalhe importante desta passagem do Evangelho de João é a diferença entre o que Jesus diz nos versículos 21 e 24, uma diferença que você só encontra nas melhores versões da Bíblia. Primeiro ele diz aos judeus: “morrereis no vosso pecado, no singular. Depois ele diz: “morrereis em vossos pecados, plural.

Quando a Bíblia fala em “pecado”, no singular, está se referindo à nossa natureza pecaminosa, aquela que herdamos de Adão. Quando aparece no plural são os frutos dessa natureza, nossas ações realizadas independentes da vontade de Deus. Não existe solução para aqueles que saem desta vida em uma condição de culpados, tanto por sua natureza, ou “pecado”, como por seus atos rebeldes, ou “pecados”.

O destino daqueles judeus foi selado ao não crerem em Jesus como o “Eu Sou”, o próprio Deus, aquele que tem em si mesmo a existência. Jesus se ausentaria deles e eles ficariam eternamente ausentes de Jesus. E você, qual é o seu destino?

Nos próximos 3 minutos Jesus fala do dia em que seria levantado por aqueles mesmos judeus que falavam com ele.

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Levantado

João 8:26-29

Este trecho revela um abismo entre Jesus e os judeus. Nada do que ele diz parece penetrar na mente deles. Sua incredulidade os torna impermeáveis à verdade. Mas Jesus diz que um dia eles iriam entender, embora nem por isso viessem a crer.

Ao falar que será levantado, Jesus prediz sua morte na cruz. No capítulo 3 deste evangelho ele já havia usado a mesma expressão, ao se comparar à serpente de bronze que Moisés levantou no deserto. Agora ele vai além, e diz: “Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou” (Jo 8:28).

Algumas traduções trazem “conhecereis quem eu sou”, mas o correto é que Eu Sou”, pois ele volta a usar aqui a mesma expressão que usou um pouco antes no versículo 24, e que Jeová também usou no Antigo Testamento ao revelar-se a Moisés. Ao dizer “saberão”, Jesus lança sobre eles a responsabilidade de terem conhecido a verdade e deliberadamente a terem descartado.

Aqueles judeus ainda veriam muitos milagres, inclusive a ressurreição de mortos como Lázaro. Além disso, quando Jesus fosse “levantado” eles veriam o dia se transformar em noite, a terra tremer e as pedras se partirem. O véu do templo se rasgaria, sepulcros se abririam e pessoas ressuscitariam e entrariam em Jerusalém para o assombro de muitos.

Finalmente, eles veriam o túmulo de Jesus vazio e mais de quinhentas testemunhas afirmando tê-lo visto ressuscitado. Mesmo assim continuariam inimigos da verdade. É de pessoas assim que a carta aos Hebreus fala no capítulo 6, que diz:

Ora para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública” (Hb 6:4-6).

A passagem fala de apóstatas, pessoas que conheceram, provaram e participaram da verdade, mas não creram. Não são crentes que tropeçaram, mas pessoas que caíram dessa posição de grande privilégio. Pessoas que, apesar de terem à disposição todas as evidências para crerem em Cristo, voltaram suas costas para ele.

Conheço um europeu que se diz “pós-cristão”. Ele quer dizer que na Europa eles já passaram dessa fase. Se você também foi criado à sombra do cristianismo e se acha tão avançado que já passou dessa fase, sugiro que volte à fase anterior. Há mais esperança para um aborígene analfabeto enfiado nas selvas da Nova Zelândia, do que para um ocidental ilustre e bem educado que conheceu o evangelho e voltou suas costas para ele.

Nos próximos 3 minutos Jesus fala da verdade que liberta.

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A verdade que liberta

João 8:30-32

Ao escutarem o que Jesus diz, muitos creem nele, e a estes ele diz: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos” (Jo 8:31). Você não é salvo por permanecer na palavra de Jesus, mas permanece na sua palavra por ter sido salvo. É isso que diferencia um verdadeiro discípulo de alguém que apenas professa ser cristão.

Jesus diz ainda: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8:32). Mas como alguém pode ser livre colocando-se sob o senhorio de Cristo e entregando a ele a direção de sua vida? Acaso liberdade não é ter o livre arbítrio de fazer o que bem entender e ser dono do próprio nariz?

Não. Primeiro, porque a ideia de que alguém tenha livre arbítrio é falsa. Ninguém faz suas próprias escolhas de livre e espontânea vontade. Adão pôde escolher, nós não. Desde a queda do homem as nossas escolhas passaram a ser ditadas pelo pecado que habita nós. Por isso Jesus diz que aquele que comete pecado é servo do pecado. Ao pecar você está sob a direção de sua velha natureza. Ao crer em Jesus você é liberto.

Mas nem sempre o cristão desfruta dessa liberdade. Se você ler a carta aos Romanos, verá ali uma progressão. Os primeiros capítulos dizem que ninguém busca a Deus, por sermos pecadores por natureza. Portanto não temos livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal: nascemos configurados para escolher o mal. O capítulo 7 de Romanos diz que na carne, isto é, em nossa natureza, não existe bem algum.

É só depois de receber a nova vida pelo novo nascimento que você passa a desejar o bem, mas encontra em sua carne a tendência de fazer o mal. Você descobre que é um novo homem, porém com o corpo do velho homem atado a você. É neste ponto que a alma clama e descobre que sua libertação está fora de si, em Jesus, e não em tentar domesticar sua carne pelos preceitos da lei dada a Moisés:

Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado” (Rm 7:24-25).

É no capítulo 8 de Romanos que Paulo explica como se ver livre da lei do pecado e da morte. Quando o cristão vive no espírito de Romanos 8 ele tem uma vida livre e de comunhão com Deus. Quando ainda se encontra em Romanos 7, tentando fazer sua carne obedecer à lei de Deus, ele vive frustrado, isso quando não se transforma num hipócrita.

Ser verdadeiramente livre é estar em Cristo e ser guiado por sua palavra aplicada pelo Espírito Santo, do mesmo modo como um trem precisa estar nos trilhos e ser guiado por eles para correr livre. Um trem correndo fora dos trilhos não é livre, é um desastre.

Nos próximos 3 minutos os judeus retrucam que nunca foram escravos.

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Escravos viciados

João 8:33-36

Quando os judeus escutam Jesus dizer que a verdade os libertará, eles retrucam que nunca foram escravos de ninguém, pois são descendentes de Abraão. Para quê oferecer liberdade a quem nunca foi escravo? Mas eles eram escravos. Apenas não sabiam disso.

Quando jovem, tentei falar de Cristo a um amigo. Eu era recém-convertido e apresentei a ele um evangelho que não era exatamente o evangelho da graça de Deus que salva o pecador do juízo eterno. Falei mais do que Jesus tinha feito comigo e insisti para que ele cresse, a fim de experimentar uma mudança de vida.

Como eu vinha de um envolvimento com o esoterismo e espiritualismo, dei meu testemunho de libertação dessas coisas e de como minha vida tinha sido transformada. Falei também de casos de conversões de drogados, bandidos e prostitutas. Ele não demonstrou qualquer interesse.

Para ele, a última coisa que queria era mudar de vida. Ele tinha religião, família, trabalho — tudo o que quer ter uma pessoa normal e bem sucedida. Depois de agradecer minha boa intenção, sugeriu que eu levasse aquela mensagem a pessoas escravizadas em falsas religiões, vícios ou prostituição, não a pessoas normais como ele.

Neste capítulo encontramos pessoas normais. São judeus que podem comprovar sua linhagem como povo de Deus, que professam a religião instituída por Deus e adoram no Templo que Deus determinou. Não estão envolvidos com drogas, roubo ou prostituição. São pessoas honradas em sua sociedade. De quê exatamente Jesus quer libertá-las?

Confiar numa vida boa, numa religião e numa condição social estável é continuar escravo do pecado e de Satanás sem perceber. Ir a Jesus para garantir uma vida boa, uma religião e uma condição social estável, é a mesma coisa. Jesus chama aqueles judeus de filhos do diabo, por estarem sendo enganados pelo pai da mentira.

O capítulo 2 de Efésios diz que, antes de nos convertermos a Cristo, estamos espiritualmente mortos em pecados e andamos segundo o curso deste mundo e de Satanás. Agimos de acordo com os desejos de nossa carne e dos pensamentos, e somos por natureza filhos da ira, não filhos de Deus. Somos escravos e nem nos damos conta disso.

Embora Cristo possa mudar exteriormente a vida de alguém, reduzir a conversão a uma mudança de vida é comprometer a essência do evangelho. Um viciado pode mudar de vida através de um tratamento médico, mas nem por isso deixará de ser escravo do pecado, da carne e de Satanás. Cristo não morreu na cruz para dar a você uma vida certinha, mas para livrá-lo do juízo e da condenação eterna.

Nos próximos 3 minutos você irá aprender algo com a fé de Abraão.

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A fé de Abraão

João 8:37-47

A justificativa dos judeus para não precisarem da libertação que Jesus oferece, é que eles são filhos de Abraão. Jesus então cobra deles: “Se vocês fossem filhos de Abraão, fariam as obras que Abraão fez” (Jo 8:39).

Deus ordenou a Abraão que saísse de sua terra e fosse para uma terra que ainda iria lhe mostrar. Abraão obedeceu e saiu, sem saber para onde. Em Romanos o nome de Abraão está associado à fé, o firme fundamento ou alicerce das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.

A fé liga o mundo visível com o invisível; ela faz a conexão entre o passado, o presente e o futuro. Pela fé no que Deus diz do sacrifício de Cristo no passado, eu posso desfrutar, no presente, do perdão de meus pecados e da certeza da vida eterna, além do livramento do juízo futuro.

Portanto, a fé é uma resposta à Palavra de Deus. Jesus diz àqueles judeus: “em vocês não há lugar para a minha palavra” (Jo 8:37), e complementa, “aquele que pertence a Deus ouve o que Deus diz. Vocês não ouvem porque não pertencem a Deus” (Jo 8:47). Mais uma vez ele afirma ser Deus, mas aqueles judeus, ao duvidarem, seguem na contramão de Abraão.

Quando Sara, que era estéril, ela estava na casa dos noventa anos e Abraão em torno de cem, Deus prometeu que teriam um filho. Quando o filho, Isaque, já era crescido, Deus provou a fé de Abraão pedindo que o sacrificasse. Crendo que Deus ressuscitaria Isaque, pois havia prometido que ele teria descendentes, Abraão fez conforme Deus pediu.

Abraão subiu com Isaque um dos montes que Deus indicara na terra de Moriá, onde hoje ficam Jerusalém e o Calvário. Enquanto Abraão levava a faca e as brasas para o fogo do sacrifício, Isaque carregava nos ombros a madeira sobre a qual seria colocado para morrer. No último instante, Deus deu a Abraão um carneiro para substituir Isaque no sacrifício.

Você certamente já ouviu falar de uma cena assim: um Filho obediente ao Pai, subindo um monte, onde hoje fica Jerusalém, com um madeiro às costas para ser sacrificado sobre ele. A diferença é que, no caso de Jesus, não havia um animal para substituí-lo. Ele era o próprio Cordeiro.

Vendo o quanto Abraão amava a Deus, e a confiança que tinha na sua Palavra, Deus lhe disse: “Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho” (Gn 22:12). Se você crê em Jesus como seu Salvador e tem a Deus por Pai, você pode dizer o mesmo a ele: Agora sei que me amas, visto que não me negaste teu Filho, o teu único Filho.

Nos próximos 3 minutos você irá entender o que é ser justificado pela fé.

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Justificados pela fé

João 8:37-50

Os judeus que conversam com Jesus tentam se justificar de várias maneiras. Além de apelarem para a linhagem de Abraão, eles também se comparam a outras pessoas e se consideram melhores do que a mulher adúltera, os nascidos de prostituição e os samaritanos.

Eles parecem até insinuar serem melhores do que Jesus. Afinal, não são “samaritanos endemoninhados”, como acusam Jesus de ser, e nem são nascidos de uma gravidez inexplicável. Até hoje os judeus chamam Jesus de “ben Panthera”, ou “filho de Pantera”, um soldado romano.

Gostamos de nos justificar pela comparação com outros piores do que nós. O problema é que a única justificativa plausível para alguém ser aceito por Deus é ser tão puro, santo e justo quanto o único Homem perfeito que já passou por aqui: Jesus. Assim como acontece com o perdão, que deve partir daquele que foi ofendido, a justificação também não pode partir de nós, mas de Deus.

Quando você crê em Cristo, você não é apenas perdoado, mas é justificado, isto é, considerado justo aos olhos de Deus, que passa a enxergá-lo através do que Cristo representa para ele. A justificação não muda o fato de você ser um pecador e nem diminui a gravidade do seu pecado. Ela altera a opinião que Deus tem de você, que passa de ímpio para justificado aos olhos dele. No perdão, Deus diz ao pecador: “Pode ir, você não me deve mais nada”. Na justificação, ele diz: “Pode vir morar comigo, você é idôneo”.

Mas como alguém pode mudar sua opinião em relação a um transgressor? Imagine um estudante na sala de aula que, sem motivo aparente, nocauteia com um soco o colega ao lado. Antes de encaminhar o agressor para a diretoria para ser expulso da escola, o professor encontra uma arma no bolso do rapaz desmaiado e fica sabendo que ele planejava matá-lo.

Imediatamente o agressor passa de vilão a herói aos olhos do professor. Não ocorreu nenhuma mudança na violência da agressão. O que mudou foi o conceito que o diretor passou a ter daquele aluno.

O capítulo 3 de Romanos diz que “ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei… pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:23-26).

Você só pode ser justificado por Deus através destas 3 coisas: a graça, o sangue e a fé. Aí eu pergunto: será que você está tentando ser justificado com base nos seus esforços ou se comparando com aquelas pessoas que considera piores que você?

Nos próximos 3 minutos Jesus revela que sempre existiu.

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Eterno

João 8:51-59

A palavra “eterno” não faz muito sentido para nós, que nascemos e vivemos no tempo. Assim como os céus e a Terra, o tempo também foi criado e está intimamente ligado ao mundo material. A Bíblia afirma isso e Einstein também. Ele disse:

Supondo que toda matéria desaparecesse do mundo, então, antes da relatividade, acreditava-se que espaço e tempo continuariam a existir em um mundo vazio. Mas, de acordo com a Teoria da Relatividade, se matéria e movimento desaparecessem, já não haveria mais espaço ou tempo”.

Muito antes de Einstein, Agostinho escreveu: “Não há dúvida de que o mundo não foi criado no tempo, mas com o tempo”, e acerca de Deus, ele diz: “Teus anos permanecem ao mesmo tempo… Teus anos são um dia, e teu dia não é como nossa sequência de dias, mas é hoje”.

Imagine você o nó na cabeça dos judeus neste capítulo quando escutam Jesus dizer: “Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou” (Jo 8:58). Ele não diz “antes que Abraão existisse, eu já existia”, mas usa novamente a mesma expressão usada por Deus para se apresentar a Moisés: “Eu Sou”.

Isto revela que Jesus é Deus, o Filho Eterno, não sujeito ao tempo, ou pelo menos não mais do que naquilo que ele mesmo quis se sujeitar em sua relação com a criação. Este aspecto atemporal de Jesus pode ser visto no mesmo Evangelho de João, quando ele diz no capítulo 3:

Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu” (Jo 3:13). Veja que na passagem o “Filho do Homem”, que é o Filho Eterno em sua condição humana, desceu do céu, está no céu e, ao mesmo tempo, conversa na terra com Nicodemos. Quer mais? Então veja o capítulo 1 da carta aos Colossenses:

Jesus “… é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis… Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1:15-17).

Em João 17 Jesus ora: “Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17:5). O Filho Eterno já estava com o Pai antes que o tempo e a matéria viessem a existir. Em Hebreus diz que ele sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1:3). Além de ser o Verbo ativo da criação, Jesus governa as leis da física e mantém coesas as partículas que compõem a matéria.

Nosso capítulo termina dizendo que os judeus “pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se e, saiu do templo, passando pelo meio deles” (Jo 8:59). Como ele fez isso?

Nos próximos 3 minutos Jesus revela por que o cego nasceu assim.

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Por que sofremos?

João 9:1-3

No final de uma notícia na Internet sobre o terremoto do Haiti, um leitor deixou seu comentário: “Se Deus existe, então ele é incompetente”. Você já reparou que sempre que algo dá errado tem gente que aponta o dedo para Deus? Os ateus são os que mais gostam de jogar a culpa no Deus que eles afirmam não existir.

Esta prática não é nem um pouco original. Adão foi o primeiro a culpar Deus, por lhe ter dado a mulher que o levaria a pecar. “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi” (Gn 3:12). Adão insinua que nada daquilo teria acontecido se Deus não tivesse criado sua esposa.

Você já culpou alguém por seus próprios erros? Isso mostra que você é tão pecador quanto Adão. Ah, você nunca erra? Bem, então seu caso é mais grave. Todo profissional de saúde conhece os cinco estágios pelos quais passa um paciente ao receber a notícia de que está com câncer.

Primeiro vem a negação: “Isto não está acontecendo comigo”. Em seguida, a raiva: “Por que eu?”. O passo seguinte é barganhar e tentar resolver o problema sozinho: “Se eu mudar de vida, o problema desaparece”. Depois, a depressão: “Ai de mim! Estou perdido!”. Finalmente vem a aceitação e a disposição para receber ajuda externa.

O pecado – primeiro dos anjos e depois do homem – é o câncer que arruinou não só a espécie humana, mas toda a criação. O apóstolo Paulo explica, em Romanos 8, que “a criação ficou sujeita à vaidade” e vive na expectativa “de ser liberta do cativeiro da corrupção” e “toda a criação juntamente geme e está com dores de parto até agora” (Rm 8:20-22).

Tudo — absolutamente tudo — ficou arruinado: as criaturas, a terra, o universo, o tempo e o espaço. E quando a Bíblia fala que toda a criação está com dores de parto, entenda que a metáfora é bem precisa: as dores de parto tendem a aumentar e ocorrem a intervalos cada vez menores até a hora final. Sofrimentos cada vez maiores e mais frequentes devem ocupar as manchetes até Cristo voltar.

Neste capítulo 9 do Evangelho de João, Jesus vê um homem cego de nascença e seus discípulos lhe perguntam: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” (Jo 9:2). A resposta você verá nos próximos 3 minutos.

Enquanto isso, que tal analisar em que estágio você se encontra? Você nega que é pecador? Sente raiva e culpa outros por seu pecado? Decidiu mudar de vida para resolver o problema. Caiu em depressão por não conseguir? Bem, quer um conselho? Vá logo para o último estágio e peça ajuda externa: recorra a Jesus para receber o perdão e a salvação.

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O cego que nasceu assim

João 9:1-3

Ao encontrarem o cego de nascença, os discípulos de Jesus tentam descobrir a causa do problema, e erram ao levantarem apenas duas possibilidades. Eles perguntam: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” (Jo 9:2).

A origem de um rio é sua nascente, mas a razão de ele correr neste, e não naquele lugar, depende de vários fatores. É simples entender que a origem de todo o sofrimento é o pecado que arruinou a criação, mas não é tão simples assim descobrir por que um sofre e outro não.

Apesar de existirem problemas que são um resultado direto de nossos erros — como bater no poste por dirigir embriagado — é preciso cautela antes de culpar alguém por algum defeito, doença ou desgraça. Ao encontrarmos uma pessoa que sofre, costumamos agir como os três amigos que visitaram Jó em sua tribulação: eles estavam indo muito bem até decidirem abrir a boca.

A interpretação que os três amigos dão para a desgraça de Jó no livro de mesmo nome não representa a sabedoria de Deus, e sim a sabedoria humana. Em 1 Coríntios diz que o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria humana, portanto o método usado por Elifaz, Bildade e Sofar não serve para discernir a razão do sofrimento de alguém.

Elifaz fala da experiência própria e individual. Ele diz no capítulo 4 do livro de Jó: “Pelo que tenho observado…” (Jó 4:8). Bildade, o outro amigo, apela para a tradição. No capítulo 8 ele diz: “Pergunte às gerações anteriores e veja o que os seus pais aprenderam…” (Jó 8:8). No capítulo 11 é a vez de Sofar apresentar seu argumento religioso e legalista. Segundo ele, se Jó “consagrar o coração… se afastar das suas mãos o pecado, e não permitir que a maldade habite em sua tenda…” (Jó 11:13-14) tudo irá bem.

Somos assim: julgamos as pessoas pela nossa experiência, pelas nossas tradições e pela religião, e deduzimos que, se alguém sofre, é por ter falhado em algum destes pontos. É claro que esse tipo de julgamento também me faz sentir superior à pessoa que sofre, e minha mensagem acabará sendo: “Seja como eu sou, faça como eu faço, viva como eu vivo, e você não irá sofrer”. Mas, parafraseando José no livro de Gênesis, “estaria eu no lugar de Deus?” (Gn 50:19).

Paulo, na carta aos Romanos, diz: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor?” (Rm 11:33). Pois é, nem eu nem você somos capazes de entender os motivos e razões de Deus. O melhor é não sairmos por aí dando o nosso veredito para a razão do sofrimento de cada um.

Quando os discípulos perguntam se o cego nasceu assim por causa de algum pecado dele ou de seus pais, Jesus responde: “Nem ele nem seus pais pecaram” (Jo 9:3). Então por que ele nasceu cego? A resposta está nos próximos 3 minutos.

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As razões de Deus

João 9:1-3

Por pertencer à espécie humana, o cego do capítulo 9 do Evangelho de João era um pecador, portanto sujeito às imperfeições causadas pelo pecado. Mas por que um nasce cego e outro não? Pensando que sua deficiência fosse resultado direto de algum pecado seu ou de seus pais, a pergunta dos discípulos sugere duas possibilidades.

A primeira é de que ele tivesse pecado antes de nascer, mas a ideia de alguém viver, morrer e reencarnar para se livrar de pecados é claramente descartada na Bíblia. Na carta aos Hebreus diz que “o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb 9:27).

A outra possibilidade é que sua deficiência fosse um castigo por algum pecado cometido por seus pais. Em ambos os casos, ou o homem é visto como responsável por um defeito que não poderia ter causado a si mesmo, ou estaria sofrendo pelo pecado cometido por terceiros.

Jesus resolve o enigma afirmando que “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele” (Jo 9:3). O cego tinha pecados? Sim. Seus pais? Também, como qualquer ser humano. Mas neste caso sua deficiência não era fruto de algum pecado em particular, seu ou de seus pais. Ao permitiu que o homem nascesse assim, Deus tinha em vista algo maior: manifestar nele a obra e o poder de Deus.

Todos nós somos cegos quando o assunto é enxergar as razões de Deus, por isso nos indignamos sempre que algo ruim acontece conosco. Em 1 Coríntios diz que “quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido” (1 Co 13:11-12).

Quando pequeno eu não entendia como meus pais podiam me amar na hora da bronca ou das palmadas. Que amor de mãe era aquele que me fazia engolir uma colher diária de óleo de fígado de bacalhau? E por que meu pai me segurava e não me socorria quando o farmacêutico me atacava com uma seringa? Por mais que me explicassem as razões, naquela idade eu não entenderia. Só hoje eu entendo.

Nossa dificuldade não está em não existir uma razão para o sofrimento. O problema é que, ou não entendemos, ou simplesmente não querermos aceitar as razões de Deus. Na carta aos Filipenses, depois de dizer que aprendeu a viver contente em quaisquer circunstâncias, o apóstolo Paulo conclui: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:13). Em Cristo, eu e você também podemos todas as coisas. Inclusive aceitar que Deus está com a razão.

Nos próximos 3 minutos os olhos do cego ficam cheios de lama.

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A cura do cego

João 9:1-7

O capítulo 9 de João começa com um detalhe importante: é Jesus, e não seus discípulos, quem primeiro vê o cego. No caso do paralítico do capítulo 5, Jesus também já sabia que o homem estava enfermo há muito tempo. Por enxergar e saber todas as coisas, Jesus dá um tratamento personalizado para necessidades de cada um.

No caso do cego, ele cospe no chão, faz um pouco de lodo e passa em seus olhos. Depois ordena que ele vá lavar-se no tanque de Siloé. Por que lodo? Não sei, mas se ele fez é porque era necessário para aquela pessoa naquele momento. Jesus age de diferentes maneiras com diferentes pessoas. Não entendemos, mas cremos que aquilo ele faz está bem feito. Ou até o que ele não faz.

O apóstolo Paulo tinha um problema que chamou de “espinho na carne”, e não foi por falta de pedir que o Senhor não o livrou do problema. Sabe qual foi a resposta às suas orações? “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:7-9). Você acha que Paulo se indignou por isso, entrou em depressão e não quis mais nem saber de servir a Cristo? Pelo contrário. Veja o que ele diz:

Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Co 12:9-10).

Hoje, em cada canal de TV tem um pregador prometendo o fim de todos os seus problemas se você crer em Jesus. É mentira. O que Deus oferece é o perdão dos pecados e a vida eterna. Depois de se converter a Cristo, você se vê num mundo arruinado pelo pecado e no mesmo corpo sujeito a doenças e morte. Ainda que você viva cento e vinte anos, sua morte será causada por alguma doença ou falência dos órgãos.

Por isso qualquer cura feita por Jesus ou seus discípulos tinha um objetivo bem particular. Uma vez cumprido esse objetivo, todos os que foram curados ou ressuscitados acabaram adoecendo e morrendo. Ou você acha que Lázaro continua por aí?

O pagão pensa que os deuses só lhe são propícios quando tudo vai bem. O verdadeiro crente tem certeza de que o Senhor sempre está ao seu lado, na alegria e na tristeza. Por isso o profeta Habacuque dá um belo testemunho de fé e confiança em Deus, quando diz:

Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação” (Hc 3:17). E você, se alegra em Deus quando tudo vai mal?

Nos próximos 3 minutos os vizinhos não reconhecem o cego depois de curado.

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O cego que não era mais

João 9:8-12

Agora os amigos e vizinhos do cego que foi curado não o reconhecem. “’Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando?’ Alguns afirmavam que era ele. Outros diziam: ‘Não, apenas se parece com ele’. Mas ele próprio insistia: ‘Sou eu mesmo’” (Jo 9:8-9).

Você sempre sai diferente de um encontro pessoal com Jesus. Não que precise experimentar algo tão radical quanto uma cura física, como a deste cego, ou algum tipo de experiência mística que o faça perder o controle de si mesmo. Ser tocado por Jesus é ter os olhos abertos para as realidades espirituais. Três coisas acontecem aqui.

A primeira é a transformação de um estado para outro. O cego é literalmente curado e passa a enxergar. Quando você se reconhece cego espiritualmente e crê no Salvador, é curado de seus pecados. O bloqueio que o impedia de enxergar as verdades espirituais é removido. Sua perspectiva de vida passa a incluir a eternidade.

Agora o cego também sabe para onde vai. Antes ele podia até saber que estava numa estrada, mas não podia ver o seu destino. Se você caminha pela estrada da vida sem saber para onde vai, ainda está cego. A terceira consequência do encontro com Jesus é que os parentes e amigos percebem a mudança, mesmo sem saber o que foi que mudou.

Após ter sido salvo por Jesus você passa a testemunhar dele, como faz o cego aqui. Ele chega até mesmo a levar outros a Cristo, pois alguns querem saber onde está Jesus. Eles também querem se encontrar com ele, seja por mera curiosidade ou por realmente desejarem que suas vidas sejam transformadas.

Mas não espere que ao ser tocado por Jesus você adquira um conhecimento instantâneo das coisas de Deus. Sua salvação é instantânea — ao crer no Salvador você é imediatamente perdoado de todos os seus pecados. Mas o conhecimento de quem o salvou virá gradativamente, como acontece com o homem que era cego.

Sua salvação não depende do quanto você conhece, mas apenas de sua fé no Salvador e no que ele fez por você. Alguém convertido há trinta segundos está tão salvo quanto aquele que se converteu há trinta anos. Tudo o que você precisa saber é que Jesus morreu para levar os seus pecados e ressuscitou ao terceiro dia para sua justificação.

São as religiões humanas que condicionam a vida eterna ao estudo e aperfeiçoamento, fazendo do céu um lugar distante e inacessível. Mas o ladrão convertido ao lado de Jesus na cruz tão somente clamou por salvação e foi ouvido: “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23:43), disselhe Jesus. Este é o Deus da Bíblia, acessível e pronto para salvar. Ele diz: “Eu o ouvi no tempo favorável e o socorri no dia da salvação. Digo-lhes que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!” (2 Co 6:2).

Nos próximos 3 minutos o cego curado enfrenta a oposição da religião e sua família se envergonha do que aconteceu com ele.

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Tradição, família e propriedade

João 9:13-23

Quem se converte a Jesus encontra oposição, seja ela cultural, religiosa ou familiar. Em alguns países você pode perder seu emprego, bens e propriedades por causa de sua fé em Jesus. Felizmente tradição, família e propriedade são coisas desta vida, e não têm nada a ver com o céu.

O simples fato de você descobrir que a Verdade é Jesus transforma todo o resto em mentira. Se é Jesus quem salva, então minha religião não pode salvar. Se é através de Jesus que meus pecados são perdoados, então nenhum sacerdote humano pode me garantir o perdão. Se é Jesus o único intermediário entre Deus e os homens, onde ficam os santos considerados mediadores dos pecadores?

Sobre isto o apóstolo Paulo escreveu: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus” (1 Tm 2:5). E veja o que o apóstolo Pedro diz de Jesus no livro de Atos: “Este Jesus é a pedra… Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4:11, 12).

O cego que foi curado é agora levado aos líderes religiosos e estes passam a contestar sua cura por ter sido feita no sábado, que era o dia do descanso obrigatório da religião judaica. Referindo-se a Jesus, que era o próprio Criador e Senhor do sábado, eles afirmam: “Esse homem não é de Deus, pois não guarda o sábado” (Jo 9:16).

Quando você se converte a Jesus a oposição religiosa vai lhe dizer que isso não aconteceu, pois não se encaixa nos padrões que os homens estabeleceram. Ou as pessoas tentarão minimizar isso, afirmando que você não era tão mal assim, como fazem os fariseus que agora passam a duvidar que o homem fosse realmente cego.

Eles interrogam seus pais, mas estes não querem se envolver. Eles têm medo de serem expulsos da sinagoga se reconhecerem que Jesus é o Messias prometido a Israel. Se você estiver preso à sua tradição religiosa ou ao seu status na sociedade, que lhe garante riquezas e oportunidades, não vai querer se comprometer por causa de Jesus. Sua preocupação será: “O que meus amigos pensarão de mim se eu me tornar um crente em Jesus?”. Você já pensou assim?

O apóstolo Pedro escreveu aos crentes em Jesus: “Não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito… Por meio dele vocês creem em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou… Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (1 Pe 1:18-23).

Você prefere agarrar-se às coisas terrenas e passageiras, ou às coisas celestiais e eternas? Nos próximos 3 minutos o ex-cego é expulso da sociedade.

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Expulso

João 9:24-41

Os religiosos fariseus não desistem. Eles voltam ao homem que foi curado e exigem que ele fale mal de Jesus. Querem que ele diga que Jesus é pecador. O ex-cego é sincero o suficiente para admitir: “Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” (Jo 9:25).

No diálogo que se segue é notória a intrepidez do homem curado por Jesus. Aquele que nasceu cego e nunca leu um livro sequer consegue deixar os cultos fariseus numa saia justa. Do versículo 27 ao 33 ele responde à insistência dos fariseus mais ou menos assim:

Vocês perguntam como Jesus me abriu os olhos? Eu já disse e vocês nem ligaram! Por que querem que eu repita? Acaso vocês querem se tornar discípulos dele? Vocês são tão sabidos, todavia não sabem de onde é esse Jesus que me abriu os olhos. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu falar de alguém que tivesse curado um cego de nascença! Se este homem não fosse de Deus, não poderia fazer isso”.

No capítulo 4 de Atos, Pedro e João os líderes religiosos também são surpreendidos com a desenvoltura daqueles simples pescadores. Ali diz que “percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4:13).

Você pode fazer todos os cursos de teologia do mundo e continuar ignorante acerca de Jesus. É só na presença dele e em comunhão com ele que você irá conhecer quem ele realmente é. A exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, é somente aos pés dele que você descobre o quanto ele é magnífico. Jesus, Deus e Homem.

Os fariseus encerram a conversa do mesmo jeito que fazem os líderes religiosos que se consideram superiores aos leigos: “Você nasceu cheio de pecado; como tem a ousadia de nos ensinar?” (Jo 9:34). Em seguida expulsam o ex-cego. Melhor assim. Por quê? Ora, livre da influência da religião e de seus líderes, o homem agora está pronto para conhecer mais de Jesus.

Jesus se revela a ele como o “Filho do Homem”, expressão que o profeta Daniel usa para o Messias: “Na minha visão à noite, vi alguém semelhante a um Filho do Homem, vindo com as nuvens dos céus… A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído” (Dn 7:13-14).

Agora aquele homem não apenas crê, mas também adora a Jesus. Não se esqueça disto: você não terá uma visão clara e cristalina de quem é Jesus enquanto estiver sob a influência das religiões e de seus líderes. Se for este o seu caso, espero sinceramente que você também seja expulso para se encontrar com Jesus fora de tudo isso e adorá-lo ali.

Nos próximos 3 minutos Jesus alerta para os ladrões e lobos, que só querem roubar, matar e destruir as ovelhas.

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O bom Pastor

João 10:1-2

O capítulo 10 abre com a expressão “Eu lhes asseguro…” para enfatizar o que vem a seguir. O contexto, em especial a partir do versículo 19, mostra que ele disse isso aos mesmos fariseus que no capítulo anterior criaram toda aquela polêmica sobre a cura do cego.

Os fariseus se achavam os verdadeiros pastores do povo, mas Jesus mostra aqui que eles estavam longe de ter a qualificação necessária para isso. Os três pontos importantes neste capítulo são: Jesus entra pela porta; Jesus é a porta; e Jesus é o Pastor das ovelhas.

Quem entra pela porta é quem se sujeita às condições estabelecidas pelo dono da casa. Jesus veio em total submissão ao Pai e cumprindo cada etapa que estava determinada ao Messias prometido. Ele não arrombou a porta, como faria um ladrão ou líder revolucionário. Ele não veio para roubar, matar ou destruir. Jesus é o Servo humilde de Filipenses 2:

Cristo Jesus… embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2:6-8).

Você deve se lembrar do que aconteceu no batismo de Jesus. Enquanto os judeus eram batizados por João Batista para o arrependimento, Jesus, que não tinha pecado algum de que se arrepender, também quis ser batizado. Além de cumprir o caminho determinado para o Messias, ele pôde assim se identificar com aqueles que eram batizados.

João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: ‘Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’ Respondeu Jesus: ‘Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça’” (Mc 3:14-15).

Não se esqueça de que nos evangelhos vemos Jesus em sua relação com Israel. A Igreja só viria a existir no capítulo 2 do livro de Atos, portanto seu rebanho aqui neste capítulo é Israel, não a Igreja. Mesmo assim podemos aplicar isto também aos que hoje creem em Cristo. O mesmo pode ser dito dos diferentes aspectos que Jesus assume como Pastor.

Neste capítulo, ele é o “bom Pastor” que dá a vida pelas ovelhas. Em Hebreus 13, ele é o “grande Pastor”, que ressuscitou e completou a obra da redenção de suas ovelhas. Em 1 Pedro 2, ele é o “supremo Pastor” que voltará para dar às ovelhas uma incorruptível coroa de glória.

Quer ver esta mesma sequência nos Salmos? Então leia os Salmos 22, 23 e 24 (nas edições católicas da Bíblia a numeração é 21, 22 e 23). Jesus aparece nestes Salmos como o “bom Pastor”, o “grande Pastor” e o “supremo Pastor”, aquele que morreu, vive, e voltará.

Nos próximos 3 minutos faremos um passeio pelos Salmos para acompanhar essa trajetória do Pastor.

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O Pastor é morto

João 10; Salmo 22

No capítulo 10 do Evangelho de João encontramos Jesus, o “bom Pastor”. A profecia que fala deste caráter do Pastor está no Salmo 22, onde ele é visto morrendo por suas ovelhas numa cruz. Para entender melhor o que vou dizer aqui, sugiro que leia o Salmo 22 na íntegra.

O Salmo começa com um brado desesperado: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Sl 22:1). Quem é esse desamparado de Deus, descrito aqui como motivo de zombaria do povo, sofrendo dor e sede entre malfeitores, com mãos e pés traspassados e tendo suas vestes sorteadas? Compare este Salmo com o relato da crucificação nos evangelhos e terá uma visão mais ampla de Jesus sendo crucificado.

Mil anos depois do Salmo 22 ter sido escrito, Jesus deu o mesmo brado de desespero e abandono numa cruz. Durante três horas, ele foi o alvo de toda a indignação dos homens pelo único crime de ser perfeito. Por não suportarem conviver com alguém sem pecado, os homens o abandonaram ali.

Então, aquele que não conheceu pecado, foi feito pecado por nós, e o mundo ficou envolto em trevas. Durante três horas Jesus foi alvo de toda a indignação de Deus, ao levar sobre o seu corpo os nossos pecados. Depois de abandonado pelos homens, agora era a vez de Deus abandoná-lo ali, por não suportar relacionar-se com alguém carregado de pecados.

No Salmo 22 o crucificado lembra que Israel jamais foi abandonado por Deus. Isto também é verdade em relação a qualquer ser humano. Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas espera que ele se converta. Nenhum ser humano, por mais ímpio que seja, é abandonado por Deus. Até seu último suspiro Deus está ao seu lado aguardando que se converta de seu pecado.

Prova disso é o bandido arrependido ao lado de Jesus. Antes de morrer ele ouviu palavras que lhe asseguravam a entrada imediata no Paraíso. No entanto, naquela mesma cena o próprio Jesus foi abandonado por Deus. O injusto ladrão só podia ser recebido por Deus se o justo Jesus morresse abandonado. No livro de Lamentações o profeta Jeremias expressa os sentimentos do Messias com estas palavras:

Eu sou o homem que viu a aflição trazida pela vara da sua ira. Ele me impeliu e me fez andar na escuridão, e não na luz; sim, ele voltou sua mão contra mim vez após vez, o tempo todo… Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração” (Lm 3:1-8)

Hoje sabemos que Jesus não permaneceu morto, mas ressuscitou. No mesmo Salmo 22 ele chama aqueles que foram salvos por ele de “irmãos” e promete estar no meio da congregação de seus “irmãos” louvando a Deus juntamente com eles. Nos próximos 3 minutos encontraremos o “grande Pastor” no Salmo 23, agora ressuscitado e cuidando de suas ovelhas.

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O Senhor é o meu pastor

Salmo 23

O Salmo 23 diz que “o Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Sl 23:1). Muita gente saboreia cada sílaba do “nada me faltará”, mas passa por alto “o Senhor é o meu pastor”. A última coisa que nossa natureza caída em pecado deseja é ter o Senhor como Pastor.

Nós naturalmente queremos ser pastores de nós mesmos, buscando aquilo que nós achamos que precisamos. Mas é o Pastor quem conhece as reais necessidades de suas ovelhas, e é ele quem deve decidir qual pasto é verde e qual água é tranquila.

O Pastor não empurra suas ovelhas, mas as guia mansamente. Ele faz isso por veredas da justiça, e não por caminhos ilícitos ou atalhos obscuros. A frase “por amor do seu nome” indica que é a sua reputação que está em jogo. A segurança da ovelha não está no sustento que o Pastor não deixa faltar, mas em ser guiada por quem tem uma reputação a zelar.

A ovelha tem sua cabeça ungida com azeite, figura do Espírito Santo, e seu cálice transborda. A Bíblia diz que o vinho alegra o coração do homem, portanto um cálice que transborda fala de uma alegria maior do que podemos conter. A vara e o cajado do pastor são instrumentos que tanto servem para afugentar o lobo, como para disciplinar, guiar e resgatar a ovelha.

Repare que alimento, descanso, direção e refrigério são coisas transitórias. Além disso, mesmo que o Pastor prepare uma mesa para cada ovelha como prova de sustento e comunhão, existem inimigos em redor. Trata-se de um cenário hostil, onde a ovelha convive com necessidades e perigos, enquanto é apascentada por esse grande Pastor.

O maior inimigo neste cenário é a morte, mas aquele que tem o Senhor como Pastor não teme mal algum ao passar pelo tenebroso vale que o leva para fora das pastagens provisórias desta vida. A ovelha sai daqui com a certeza de que bondade e misericórdia lhe seguirão e que habitará na Casa do Senhor para sempre.

Temos, portanto, um campo transitório onde a ovelha é pastoreada, um vale tenebroso com uma morte que já não é temida e um futuro brilhante e eterno na casa do Senhor. É a casa do Senhor, e não o capim daqui, que a ovelha deve almejar. Mas quem é a ovelha?

Embora o Salmo 23 seja usado como amuleto em Bíblias de decoração, suas promessas só valem para quem tem o Senhor como Pastor. Se você não creu no Salvador crucificado do Salmo 22 — se os seus pecados não estiveram sobre ele quando foi abandonado por Deus na cruz — o Salmo 23 não é para você.

Nos próximos 3 minutos vamos descobrir o tamanho da herança reservada àqueles que têm o Senhor como Salvador e Pastor.

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O Pastor reina

Salmo 24

Depois de nos ocuparmos com o “bom Pastor” do Salmo 22, que dá a vida por suas ovelhas, e com o “grande Pastor” do Salmo 23, que apascenta suas ovelhas, chegamos ao Salmo 24. Aqui o “supremo Pastor” estabelece o seu reino neste mundo. O mesmo que morreu e ressuscitou, é o que voltará para tomar posse daquilo que é seu.

Quando Cristo voltar ele reinará por mil anos neste mundo sobre o seu povo terrenal, Israel. Então, a Igreja, o povo celestial que está sendo reunido num só corpo neste período da graça, voltará com Cristo para reinar com ele sobre o mundo.

O Salmo diz que a terra é dele, pois ele a fez. No primeiro capítulo de João, referindo-se a Jesus, o evangelista escreve: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:3). O mesmo que fez o mundo e assumiu a forma humana para morrer numa cruz e ressuscitar é chamado neste Salmo de Rei da Glória.

Você só irá entender a Bíblia quando perceber que ela é uma única história — a história de Jesus — apresentado em seus muitos aspectos por diferentes personagens e episódios. Ele aparece como Criador em Gênesis quando Elohim, palavra hebraica plural, declara: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26).

Ele aparece também representado em cada sacrifício de animais que eram mortos por causa do pecado do homem, começando pelo que foi morto para cobrir a nudez de Adão e Eva. À medida que você avança na leitura da Bíblia, as figuras vão se tornando mais nítidas, quando os profetas passam a anunciar sua vinda em forma humana.

No capítulo 7 de seu livro, escrito setecentos anos antes da vinda de Cristo, Isaías profetizou que uma virgem daria à luz um filho. No capítulo 9 do mesmo livro, o profeta dá detalhes de quem seria aquele menino: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is 9:6).

Ele é humano, e ao mesmo tempo divino. Traz sobre os seus ombros o governo. Jesus é o Rei da glória deste Salmo. Ele é maravilhoso conselheiro, pois onisciente, conhece todas as coisas. É Deus forte, porque é onipotente. É Pai da eternidade, a origem de tudo. Finalmente, é Príncipe da paz. Jesus é Deus.

Mas a encarnação continuará sendo um mistério maior que nossa capacidade de compreensão. Você só pode aceitar e desfrutar de seus benefícios pela fé. Nos próximos 3 minutos voltaremos a nos ocupar com Jesus em sua humanidade no capítulo 10 do Evangelho de João.

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Os falsos pastores

João 10:1-15

Nos três Salmos das últimas três mensagens vimos o verdadeiro Pastor, que morreu, ressuscitou e voltará. Neste capítulo 10 do Evangelho de João, Jesus é o legítimo pastor, que entra pela porta do aprisco.

Os fariseus, que resistem a ele, são chamados de ladrões e salteadores. Seu intento é manter o rebanho preso e explorá-lo para benefício próprio. Quando alguém decide seguir a Jesus, como fez o cego depois de curado, esse é expulso e perseguido pelos falsos pastores.

Ao contrário do Pastor verdadeiro, que vai à frente das ovelhas e é espontaneamente seguido por elas, os falsos pastores tocam suas ovelhas, como se costuma fazer com o gado. Eles as sobrecarregam com fardos de regras que eles próprios não seriam capazes de levar.

Suas ovelhas não os seguem pela gratidão de terem sido salvas e libertas de seus pecados, mas pelo medo de serem castigadas, como acontecia com os pais do cego que foi curado. Não são pessoas atraídas pela voz do verdadeiro Pastor, mas aprisionadas pelo terror das ameaças feitas pelos falsos guias.

Uma ovelha de Jesus sabe que o seu Pastor não a levará por um caminho que ele próprio já não tenha percorrido. Sua sensação não é de aprisionamento, mas de liberdade. Afinal, Jesus promete: “Quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem… eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10:9).

Uma ovelha de Jesus não se torna ovelha por segui-lo. Ela o segue por ser ovelha, uma natureza que recebeu ao nascer de novo. Deus dá a ela a capacidade de discernir a voz do verdadeiro Pastor e fugir do falso. As ovelhas de Jesus “porque conhecem a sua voz. Mas nunca seguirão um estranho; na verdade, fugirão dele, porque não reconhecem a voz de estranhos”(Jo 10:4-5).

A diferença entre Jesus e os falsos pastores, é que Jesus, sendo rico, se fez pobre por amor de suas ovelhas. Ele deu tudo por elas, inclusive a própria vida, sem pedir nada em troca. Os falsos pastores, por sua vez, sendo pobres, querem ficar ricos à custa das ovelhas. Por isso, neste capítulo, são chamados de mercenários.

O dicionário define mercenário como alguém que faz as coisas interessado apenas no dinheiro. No capítulo 3 de 2 Timóteo encontramos a condição da cristandade nos últimos dias, isto é, hoje. Ali vemos homens amantes de si mesmos e avarentos, fazendo o papel de Janes e Jambres, os magos de Faraó que imitavam os milagres que Deus fazia através de Moisés. Avarento significa obcecado por dinheiro.

Nos próximos 3 minutos Jesus dá algo que ninguém poderia tirar dele. E o faz de livre e espontânea vontade.

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O poder de dar a vida

João 10:16-21

Fazendo uma retrospectiva dos eventos deste capítulo, o verdadeiro Pastor, Jesus, entra no aprisco pela porta e chama suas ovelhas para que saiam dali. Elas ouvem a sua voz e o seguem. Então ele diz que o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

No versículo 16 ele revela: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor”. Jesus fala dos gentios que seriam beneficiados por sua morte. Já não se trata de um aprisco, mas de um rebanho. Um aprisco precisa de cercas, muros e porteiras para manter as ovelhas juntas. Um rebanho só precisa do Pastor.

A morte de Jesus mudaria tudo. O aprisco de Israel seria deixado de lado e Deus estenderia sua graça em salvar qualquer um, judeu ou gentio. Até a razão do amor do Pai pelo Filho é revelada aqui: “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la” (Jo 10:17).

Com sua morte Jesus glorificou a Deus em todos os aspectos. Mesmo que ninguém fosse salvo, ele ainda teria glorificado a Deus por ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, solucionando a questão do pecado que manchou a Criação. Mas Jesus é também o Salvador de pecadores, por salvar individualmente todo aquele que o Pai lhe deu para que cresse nele e na suficiência de sua morte substitutiva.

Há outra verdade revelada aqui que põe por terra toda a especulação dos que tentam desvendar a causa da morte de Jesus. Uns falam em asfixia, outros em colapso resultante dos flagelos, e há quem pense ter sido a lança do soldado romano, mas ela foi fincada num corpo já morto. O próprio Jesus explica a causa de sua morte:

Eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai” (Jo 10:17-18)

Nenhum ser humano tem o poder de dar a vida. Você pode decidir morrer para salvar um amigo, mas haverá uma causa externa da morte. Nem mesmo um suicida é capaz de dar sua vida. Ele mata a si mesmo. Jesus fala do verbo morrer na primeira pessoa do singular, do ato de encerrar a vida e entregar o espírito sem uma causa externa. Ele recebeu esse poder para cumprir uma ordem dada pelo Pai.

Lucas descreve como ele fez isso na cruz: “Jesus bradou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Tendo dito isso, expirou” (Lc 23:46). As afirmações de Jesus eram tão radicais que alguns judeus dizem que ele está endemoninhado.

Nos próximos 3 minutos encontramos Jesus num cenário típico de inverno.

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Seguros eternamente

João 10:22-42

Repare no versículo 22 deste capítulo 10 de João: “Celebrava-se a festa da Dedicação, em Jerusalém. Era inverno”. Uma cena de inverno é bem apropriada para descrever a frieza com que o Messias está sendo tratado pelo seu próprio povo.

Mais à frente, no capítulo 13 deste mesmo evangelho, encontramos Jesus dando um bocado de pão molhado em vinho para Judas, antes da última ceia com seus apóstolos. Ali diz: “Assim que comeu o pão, Judas saiu. E era noite” (Jo 13:30). É inverno quando os judeus rejeitam o Messias. Quando o entregarem à morte, será noite.

Os judeus voltam a questioná-lo no Templo em Jerusalém: “‘Se é você o Cristo, diga-nos abertamente’. Jesus respondeu: ‘Eu já lhes disse, mas vocês não creem. As obras que eu realizo em nome de meu Pai falam por mim, mas vocês não creem, porque não são minhas ovelhas’” (Jo 10:24-26).

O verdadeiro Pastor continua explicando: “‘As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um’ Novamente os judeus pegaram pedras para apedrejá-lo” (Jo 10:27-31).

Veja quantas coisas há nestas palavras: as ovelhas sabem discernir a voz do Pastor, ele as conhece uma a uma, elas recebem dele a vida eterna, nunca irão perecer, ninguém pode tirá-las das mãos de Jesus que as recebeu do Pai, ninguém pode arrancá-las das mãos do Pai, e Jesus e o Pai são um.

Aqui diz que, vida eterna, nós recebemos de Jesus; nós não a temos de nós mesmos. Não se trata apenas de uma vida que não termina; por ser eterna, é também uma vida que não tem começo. É a vida de Jesus, o Filho Eterno de Deus. Esta é a garantia interna de que, ao crermos em Jesus, recebemos em nós uma vida que nunca mais perderemos, caso contrário ela não seria eterna.

Então vem a dupla garantia contra as ameaças externas: Ninguém pode arrebatar uma ovelha, nem das mãos de Jesus, nem das mãos do Pai. Foi o Pai quem as deu ao filho e nenhuma delas se perderá. “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1 Jo 5:12).

As ovelhas que o lobo arrebata no versículo 12 são as que não têm a Jesus como Pastor. Lá ele alerta: “O mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa”.

Nos próximos 3 minutos Jesus não cura um doente. Ele espera o doente morrer para visitá-lo.

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O homem que não foi curado

João 11

O capítulo 11 do Evangelho de João é conhecido como o capítulo em que Jesus ressuscita Lázaro. Mas pode também ser visto como o capítulo do homem que Jesus não curou. Aqui Jesus sabe que um de seus melhores amigos está doente, mas não faz nada para curá-lo.

Quando Marta e Maria, irmãs de Lázaro, mandam avisá-lo de que Lázaro está enfermo, Jesus apenas comenta: “Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela” (Jo 11:4). Então, ele fica ainda dois dias onde está, sem demonstrar qualquer urgência.

Se você acha normal essa atitude, imagine ligar para o Pronto Socorro pedindo uma ambulância para um familiar doente e ouvir o médico dizer: “Estarei aí em alguns dias. Não se preocupe porque esta enfermidade não é para a morte, mas para o progresso da medicina, pois trará grande prestígio à minha carreira”.

Você ficaria decepcionado, como ficam Marta e Maria quando Jesus chega atrasado ao enterro de Lázaro, após uma viagem que durou dois dias, mais os dois dias que permaneceu no lugar onde estava. Ambas fazem o mesmo comentário: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido” (Jo 11:21, 32).

A questão é que Jesus não é médico. Se ele tivesse vindo para curar doentes, teria curado toda a população do planeta com a mesma facilidade que ressuscitou Lázaro. Mas ele é o Filho de Deus que veio ao mundo com a missão específica de morrer para salvar pecadores.

Para entender a diferença, vou usar um exemplo bem tosco. Imagine um moribundo sendo consumido por uma doença incurável. O médico avisa que é capaz curá-lo para sempre, dando a ele saúde perpétua, porém que não irá fazê-lo imediatamente, mas em um dia futuro. Enquanto isso, apenas para demonstrar que tem capacidade, o médico faz sua dor de dente desaparecer como num passe de mágica.

Este exemplo dá uma ideia da diferença entre um benefício passageiro nesta vida e a salvação eterna que Jesus oferece. Os milagres e curas que Jesus e seus discípulos faziam eram para demonstrar suas credenciais de Messias. Era como se abrisse uma fresta no tempo e dissesse aos judeus: “Vejam como será quando eu reinar”.

Quando João Batista mandou perguntar se ele era o Messias ou se deviam aguardar outro, Jesus respondeu: “Os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres” (Mt 11:5). Aquelas credenciais provavam que o Messias havia chegado.

Nos próximos 3 minutos vamos entender melhor o papel das curas e milagres no ministério de Jesus e de seus discípulos.

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Enfermidade para a glória de Deus

João 11

Jesus não cura Lázaro porque tinha outra coisa em mente, muito maior e melhor. As curas e milagres que Jesus e seus apóstolos faziam tinham um objetivo bem definido para cada pessoa, momento e lugar. Ora serviam para provar a fé de pessoas como Marta e Maria, ora para demonstrar a incredulidade de pessoas como os fariseus.

Em Atos 19 diz que “Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles” (At 19:11). Aqueles sinais serviam para mostrar que a mensagem de Paulo vinha de Deus. Porém as boas novas do evangelho não são de curas e milagres, mas de salvação eterna para todo o que crê em Jesus, que morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.

Os próprios apóstolos ficavam doentes e usavam remédios. Paulo tinha “um espinho na carne”, algum tipo de enfermidade ou limitação. Três vezes ele pediu ao Senhor que o livrasse. Sabe qual foi a resposta? “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:7-9). Por que Paulo não curava a si mesmo? Por que deixou Trófimo doente em Mileto? (2 Tm 4:20). Por que receitou a Timóteo um remédio caseiro para seu estômago? Por que não dar a ele um lenço milagroso? (1 Tm 5:23).

Provavelmente Deus queria ensinar algo a eles, ou a nós, sobre o seu modo de agir. Paulo, Trófimo e Timóteo não precisavam de provas de que Jesus era o Salvador. Quem crê, anda por fé, não por vista. Tomé, que gostava de ver para crer, ouviu de Jesus que mais bem aventurados seriam os que viriam a crer sem ver.

Não sei por que tanta gente tem essa fixação por curas e sinais. Acaso Jesus não é suficiente? Lembre-se de que ele não confiava naqueles que o seguiam por causa dos sinais. Se você ficar doente, ore. Se for da vontade de Deus, ele irá curá-lo, diretamente ou por meio dos médicos e medicamentos. Se isso não acontecer, Deus certamente tem um propósito para você ou para as pessoas ao seu redor.

A diferença entre um pagão idólatra e um cristão verdadeiramente nascido de novo é que o primeiro só acredita que Deus está ao seu lado quando tudo vai bem. O verdadeiro crente, porém, se regozija também na falta de saúde, dinheiro, prosperidade, liberdade etc. O apóstolo Paulo escreveu: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:12).

Se Paulo podia todas as coisas, você também pode aceitar a vontade de Deus para você, seja ela qual for. Nos próximos 3 minutos Jesus mostra a Marta e a Maria que a vontade de Deus é sempre a melhor.

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Lepra e pecado

João 11

A Lei dada aos judeus no Antigo Testamento determinava que o leproso fosse desterrado para fora do convívio da sociedade. Naquele tempo, a lepra era incurável, por isso, na Bíblia, ela aparece como figura da mais temível enfermidade espiritual: o pecado.

A lepra é a doença mais antiga mencionada nos papiros egípcios. O pecado assola a humanidade desde o Éden. A lepra pode ser contagiosa. Em Romanos 5:12 diz que “o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram”.

A lepra corrompe o corpo, compromete os nervos e tira a sensibilidade da pele. O leproso corre o risco de se autodestruir sem perceber. O pecado corrompe o ser humano, e o torna insensível à sua própria destruição. Já nascemos pecadores e espiritualmente mortos em nossos delitos e pecados, mas, assim como ocorre com a lepra, é aos poucos que se manifesta a nossa degradação física e moral.

Isaías descreve o nosso estado assim: “A cabeça toda está ferida, todo o coração está sofrendo. Da sola do pé ao alto da cabeça não há nada são; somente machucados, vergões e ferimentos abertos, que não foram limpos nem enfaixados nem tratados com azeite… Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo.”(Is 1:5-6; 64:6)

O pecado é como um aguilhão ou anzol que fisga o homem e o arrasta para a inevitável morte, enquanto ele se debate para permanecer vivo. E não acaba aí. No livro de Hebreus diz que “o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb 9:27).

Se a morte física determina o fim de toda esperança nesta vida, o juízo de Deus sela nosso destino eterno. A palavra “juízo” não é no sentido de um julgamento para ver se o homem é ou não pecador, se merece ou não a condenação, pois pecadores culpados todos nós somos por natureza. No juízo, Deus irá lavrar a sentença eterna para aqueles que não tiveram seus pecados lavados pelo sangue de Jesus.

Lázaro representa o ser humano, morto e sem esperança de cura. No Antigo Testamento os sacerdotes examinavam regularmente o leproso. Curiosamente, quando a lepra tinha coberto toda a pele, da cabeça aos pés, o homem era declarado, pelos sacerdotes, como curado.

Antes de seu maior milagre, Jesus espera até que o pecado cubra Lázaro da cabeça aos pés com sua mortalha final. Ele espera a morte cantar vitória. O Lázaro que sai do túmulo prefigura cada salvo por Cristo, cada um em quem se cumprirá o que Isaías profetizou e Paulo endossou com estas palavras: “A morte foi destruída pela vitória. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1 Co 15:54-55; Is 25:8).

Nos próximos 3 minutos vamos conhecer a lista das celebridades de Deus.

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Celebridades para Deus

João 11:1

Todos os anos os jornais e revistas publicam listas de celebridades. São pessoas que fizeram sucesso, ganharam dinheiro e foram destaque na mídia. O tempo passa, as listas mudam, e os nomes desaparecem. Será que existe uma lista permanente de celebridades? Existe, a Bíblia.

Nela você encontra celebridades cujos nomes resistem à poeira dos séculos. Tirando os reis, como Davi e Salomão, a grande maioria das celebridades bíblicas jamais teria aparecido nas listas dos famosos. É a opinião que Deus tem dessas pessoas que as torna célebres.

Quer um exemplo de como Deus não se esquece das pessoas? Se eu perguntar quem ele usou para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito, você responderá apenas “Moisés” ou, no máximo “Moisés e Arão”. É quase certo que irá se esquecer de Miriã, a irmã de Moisés que Deus usou para preservar a vida do futuro líder.

Mas quando Deus menciona os libertadores de Israel no livro do profeta Miquéias, ele diz ao povo: “Eu o tirei do Egito, e o redimi da terra da escravidão; enviei Moisés, Arão e Miriã para conduzi-lo” (Mq 6:4). Deus não se esquece dela, como não se esquece de cada um dos seus, não importa o quão desprezível sejam aos olhos do mundo. Na parábola do rico e Lázaro, apenas o mendigo tem nome. O rico não.

Neste capítulo João chama Betânia de “povoado de Maria e de sua irmã Marta” (Jo 11:1). Talvez você more em uma cidade famosa por ser o berço de um grande escritor, de um político famoso ou de um empresário bem sucedido, mas Betânia é conhecida até hoje por causa dessas mulheres. Elas não escreveram livros, nunca se elegeram a um cargo público e nem saberiam como administrar uma empresa. Então o que elas fizeram? Simplesmente deram a Jesus a atenção que ele merecia.

No capítulo 5 do livro de Cantares, a noiva escuta as outras mulheres perguntarem: “Que diferença há entre o seu amado e outro qualquer?”. Então ela responde: “O meu amado tem a pele bronzeada; ele se destaca entre dez mil. Sua cabeça é ouro, o ouro mais puro; seus cabelos ondulam ao vento como ramos de palmeira; são negros como o corvo. Seus olhos são como pombas junto aos regatos de água, lavados em leite, incrustados como joias. Suas faces são como um jardim de especiarias que exalam perfume. Seus lábios são como lírios que destilam mirra. Seus braços são cilindros de ouro engastados com berilo. Seu tronco é como marfim polido adornado de safiras. Suas pernas são colunas de mármore firmadas em bases de ouro puro. Sua aparência é como o Líbano; ele é elegante como os cedros. Sua boca é a própria doçura; ele é mui desejável. Esse é o meu amado, esse é o meu querido” (Ct 5:9-16).

Quando você se perguntar o que os crentes veem em Jesus, a resposta é esta. “Ele é mui desejável”.

Nos próximos 3 minutos, Jesus é visto chorando.

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Jesus chorou

João 11:20-36

Maria e Marta são muito diferentes entre si. Marta parece ser mais racional e indagadora. Maria, por sua vez, tem uma personalidade mais contemplativa.

Alguém poderia achar Maria mais “espiritual” do que Marta, mas nossas características naturais de nada servem para Deus. Elas são qualidades que foram contaminadas pelo pecado.

Mesmo assim Deus respeita essa diversidade e é capaz de atender a cada um conforme as suas particularidades. Repare que tanto Marta quanto Maria vão se encontrar com o Senhor dizendo a mesma coisa: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido” (Jo 11:21, 32).

Para a racional Marta o Senhor explica que ele é a ressurreição e a vida, que quem vive e crê nele não morrerá eternamente, e ainda a desafia com uma pergunta: “Você crê nisso?” (Jo 11:26). Marta responde que sim, que crê que ele é o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. E corre chamar Maria, dizendo: “O Mestre está aqui e está chamando você” (Jo 11:28).

Ao se encontrar com Marta, Jesus fala. Ao se encontrar com Maria, ele perde a fala. Quando Jesus vê Maria chorar, a versão em português diz que ele “agitou-se no espírito e perturbou-se”(Jo 11:33). A palavra grega traduzida aqui como “perturbou-se” é a mesma que em Marcos 14:5 é traduzida como “a repreendiam severamente”. O sentido é de indignação.

Lá as pessoas se indignaram com o aparente desperdício de perfume que a mulher derramou sobre a cabeça de Jesus. Aqui, diante do túmulo de Lázaro, Jesus fica indignado com o desperdício da vida. Por isso ele chora. Os judeus o veem chorar e comentam: “Vejam como ele amava Lázaro”. Mas por que ele choraria por Lázaro se sabia que minutos depois iria transformar o funeral em festa?

Jesus chora por causa do desperdício, do estrago que o pecado e a morte causaram na criação. Ele chora por mim; ele chora por você; ele chora por nossa dor, nossa aflição e pela saudade que a morte traz. Um pouco antes era Jesus Deus quem falava com Marta em verdade. Agora é Jesus Homem quem fala com Maria em humanidade.

Você precisa de Jesus porque ele é Deus Todo-Poderoso manifestado em verdade. Você precisa de Jesus porque ele é Homem, manifestado em graça. Nele graça e verdade se encontraram. Deus, em toda a sua perfeição, e Homem, capaz de entender seu sofrimento e chorar com você quando você chora. Isso sem perder um átomo sequer de sua divindade.

Nos próximos 3 minutos o Verbo de Deus ressuscita o morto.

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A palavra que da vida

João 11:37-45

Quatro mil anos depois da queda de Adão, que levou o homem à morte, Jesus está parado diante do sepulcro de um Lázaro morto há quatro dias. Para Deus, um dia é como mil anos e mil anos como um dia.

Ele ordena que a pedra que bloqueia a entrada da gruta seja tirada, porém Marta protesta. Afinal, um cadáver de quatro dias já cheira mal. Mas Jesus cobra de Marta a fé que contempla o invisível e torna realidade o impossível. Jesus podia muito bem tirar ele mesmo a pedra, ou até fazer Lázaro atravessá-la, mas então não haveria o ato de crer, que vem antes de ver; o exercício da fé, esse passo de certeza que desafia todo o ceticismo da razão.

Nos evangelhos encontramos Jesus ora emprestando dos discípulos os poucos pães e peixes que carregam, ora passando lama nos olhos do cego e indicando um determinado tanque para ele ir se lavar. A obra certamente é de Deus, mas ele quer que o homem responda ao comando da sua Palavra, mesmo que esteja morto. Para isso ele antes dá vida, como faz com Lázaro aqui.

Primeiro Jesus se dirige ao Pai dizendo: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste” (Jo 11:41). Porque me ouviste?! Mas quando foi que ele falou com o Pai? O que foi que ele pediu e em quê o Pai lhe atendeu? Certamente ele está se referindo a uma oração feita na comunhão secreta entre Jesus e seu Pai. Antes mesmo de ordenar que Lázaro saia vivo do sepulcro, o Filho já teve seu pedido atendido e esta oração audível é apenas para que os presentes creiam que o Pai enviou o Filho. O próprio Jesus explica isso após suas palavras de gratidão. “Eu sabia que sempre me ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que creia que tu me enviaste” (Jo 11:42)

Então vem o brado: “Lázaro, venha para fora!” (Jo 11:43). A mesma Palavra de Deus que trouxe o Universo à existência agora tira da morte um corpo em decomposição e o traz para fora ressuscitado. O modo como Lázaro sai do túmulo é uma incógnita, pois sabemos que ele está com as mãos e os pés atados. É necessário que o desamarrem para que ele consiga andar, e mais uma vez Jesus deixa aos homens essa tarefa.

A história termina dizendo que “Muitos dos judeus que tinham vindo visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele” (Jo 11:45). É uma pena que ali diga “muitos” e não “todos”. Hoje há milhões de pessoas que vivem indiferentes ao brado de Jesus: “Venha para fora!”. Será você uma delas?

O que o faz pensar que pode esperar para decidir mais tarde dar ouvidos à voz de Jesus? Não importa qual seja a sua idade, a qualquer momento poderá fechar a janela da oportunidade que Deus determinou para você. Seu coração tem um número finito de batimentos. Quando você menos esperar, ele irá parar.

É bem significativo vermos que a vida que Jesus dá a Lázaro terá um preço: a sua própria vida. Nos próximos 3 minutos os judeus tramam como irão matá-lo.

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Pobre judeu, pobre incrédulo

João 11:45-48

Quatro dias antes da cena que acabamos de ver diante do túmulo de Lázaro, os discípulos de Jesus o aconselhavam a não voltar à Judéia para não ser apedrejado. Jesus respondeu revelando que Lázaro já estava morto e que ele iria até lá para ressuscitá-lo.

Ele acrescentou que era grato por não estar lá quando Lázaro adoeceu, pois poderia curá-lo. Ao permitir que a morte levasse seu amigo, Jesus dava aos discípulos a oportunidade de crerem nele, não só como o Messias de Israel, mas como o próprio Deus encarnado, o Senhor da ressurreição e da vida.

Você viu que o texto menciona Tomé logo depois dessa breve lição sobre crer? Tomé é conhecido por sua incredulidade, mas o versículo 16 dá a ele um voto de confiança, ao dizer “Vamos também para morrermos com ele”. Tomé amava o Senhor ao ponto de estar disposto a morrer com ele, e o Espírito Santo fez questão de registrar isto nas páginas sagradas.

O Senhor conhece nossas fraquezas, mas não deixa de reconhecer que o amamos. Ele não busca por super-homens e supermulheres, mas por seres humanos iguais a você e a mim, com falhas, dúvidas e temores. Porém o amor lança fora o temor. Vivemos confiantes quando entendemos o quanto Deus nos ama. Mas o quanto Deus nos ama?

A resposta é simples: a medida do amor de alguém está no valor daquilo que essa pessoa está disposta a dar como prova desse amor. “Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito” (Jo 3:16). Esta é a medida do amor de Deus por mim e por você. Se você tem um filho, certamente iria preferir morrer a entregá-lo à morte. “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8).

A ressurreição de Lázaro é o estopim dos eventos que culminam com a prisão e morte de Jesus. Alguns dos que veem Jesus ressuscitar Lázaro creem nele e decidem segui-lo. Outros parecem gostar mais de jogar lenha na fogueira do que de desfrutar da companhia de Jesus. Estes vão correndo contar aos religiosos judeus.

Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio. ‘O que estamos fazendo?’, perguntaram eles. ‘Aí está esse homem realizando muitos sinais miraculosos. Se o deixarmos, todos crerão nele, e então os romanos virão e tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação’” (Jo 11:47-48).

Pobres judeus! Temem perder o que os romanos já tiraram deles há muito tempo. Aqui Israel é uma nação invadida e tributária do invasor romano. Pobre incrédulo! Teme perder o que Satanás já tirou dele há muito tempo. Assim como os judeus de então, cada ser humano é uma nação invadida e tributária do invasor de sua mente e vontade: o diabo.

Nos próximos 3 minutos Deus usa o sacerdote Caifás para anunciar que um homem deve morrer pela nação de Israel.

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Um por todos

João 11:49-57

Uma das chaves para se entender a Bíblia é o capítulo 9 de Gênesis. Após julgar a maldade humana, Deus estabelece novas regras para os sobreviventes do dilúvio, Noé e sua família. O fundamento do recomeço está no sacrifício que Noé faz sobre um altar no final do capítulo 8, uma figura de Cristo morrendo para garantir a sobrevivência do homem.

Isto é prefigurado também na permissão que Deus dá a Noé e seus descendentes para que se alimentem da morte dos animais. Antes disso os seres humanos eram vegetarianos e os animais não fugiam deles. A partir daquele momento Deus coloca nos animais o medo dos homens.

Ali Deus também estabeleceu o governo humano, delegando ao homem poder de vida e morte sobre seus semelhantes. Quem derramasse o sangue de alguém poderia ter seu sangue derramado pela autoridade. O apóstolo Paulo fala disso no capítulo 13 de Romanos:

Não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu… Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal” (Rm 13:1-4).

Repare que a autoridade tem o direito de usar a espada. Governo e pena de morte são duas coisas que Deus instituiu e nunca revogou. Porém, quando a autoridade faz a sua própria vontade, terá de prestar contas disso, mesmo que seus atos sejam usados por Deus para cumprir seus planos eternos. Isso vale para as autoridades de Israel e de Roma que condenaram Jesus à morte. Quando Pilatos se gabar de sua autoridade para soltar ou crucificar Jesus, receberá dele a resposta: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima” (Jo 19:11).

Em nosso capítulo 11 do Evangelho de João, os sacerdotes judeus e os fariseus estão preocupados: “O que estamos fazendo? Aí está esse homem realizando muitos sinais miraculosos”(Jo 11:47). É curioso que muitos hoje duvidem dos milagres que Jesus fazia, sem nunca terem morado na Judéia há dois mil anos. No entanto, os inimigos contemporâneos de Jesus viam seus milagres, reconheciam que eram genuínos, e se preocupavam com eles.

O sumo sacerdote, Caifás, profetiza: “É melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação” (Jo 11:50). Ele não diz isso de si mesmo, mas Deus revela através dele que Jesus seria morto para reunir num só corpo todos os salvos dentre os judeus e os gentios.

Ironicamente, foi justamente por tentarem se livrar de Jesus para não perderem sua nação, que os judeus a perderam. Ironicamente também, aqueles que hoje tentam se livrar de Jesus, por medo de perderem sua vida aqui, irão perdê-la eternamente.

Nos próximos 3 minutos vemos a nova vida manifestada em comunhão, serviço e adoração.

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Cristo, o centro

João 12:1-3

O capítulo 12 do Evangelho de João abre com uma cena que representa bem a nova vida em Cristo. Estamos outra vez em Betânia, naquele lar onde Jesus tem o prazer de estar, cercado por Lázaro, Marta e Maria. Os três nos ajudam a enxergar melhor o que é ter a Jesus como o único centro de comunhão, serviço e adoração.

Lázaro representa a nova vida, vivida em comunhão com Jesus no poder da ressurreição. Há pouco ele era um homem morto, mas foi chamado para fora da morte por Jesus. Agora seu prazer está em passar seu tempo na presença daquele que o salvou.

Marta está ocupada em servir, mas não como da outra vez, quando foi repreendida por fazer do serviço o centro de suas atenções. Em Lucas 10 diz que Marta estava “preocupada e inquieta com muitas coisas”. Lá ela reclamava por ter de fazer tudo sozinha, enquanto Maria ficava aos pés de Jesus ouvindo sua palavra. O Senhor a repreendeu, então, com estas palavras: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10:40-42).

Agora, em nosso capítulo, Marta, que viu seu irmão ressuscitar, também serve em novidade de vida. O centro de suas atenções não está mais no serviço, mas no Senhor a quem ela serve. Ela aprendeu a se ocupar com Jesus, e com ele somente.

Maria continua aos pés de Jesus, porém agora não está ali como aluna, mas como adoradora. Ela derrama um perfume caríssimo sobre seus pés e os enxuga com seus cabelos. Por mais que serviço e aprendizado sejam importantes, o Pai não busca por servos ou alunos. O Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade.

Porém não existe adoração real se esta não estiver focada no fundamento da obra de Jesus: seu sacrifício na cruz. Ele próprio ensina isto, ao dizer que aquilo que Maria faz aponta para a sua morte.

No céu os salvos irão adorar ao Cordeiro que foi morto e com o seu sangue comprou para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Na terra, a expressão máxima da adoração está no “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19). Na ceia, pão e vinho são um retrato do corpo e do sangue de Jesus sacrificado. Mas mesmo ali, não é o pão e o vinho o centro das atenções, mas o que eles representam: Jesus na morte.

Quando Jesus curava doenças ou multiplicava os pães, era seguido por multidões interessadas em boa saúde e barriga cheia. Mas, quando o assunto é adoração, vemos estes três irmãos em sua presença, tendo a ele como o centro das atenções. O que atrai você? Um pregador eloquente, uma banda afinada, um show de milagres… ou só Jesus?

Nos próximos 3 minutos Judas troca Jesus pelos pobres.

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Veneno de rato

João 12:3-9

Quem lê o início do capítulo 12 de João tem a impressão de que Jesus está ali apenas com Lázaro, Maria e Marta. Mas o versículo 4 revela que tinha muito mais gente na casa. Os outros apóstolos estavam ali, e outros correram para lá querendo ver Jesus e Lázaro, o ressuscitado.

Mesmo assim, os primeiros versículos representam uma espécie de ilha de tranquilidade, comunhão e adoração, da qual participam apenas Jesus, Lázaro, Marta e Maria. Em redor há um mundo de indiferença e interesses escusos, como é escuso o interesse de Judas pelo perfume que Maria derrama nos pés de Jesus.

Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários” — reclama Judas. Um denário era a moeda de prata correspondente a um dia de trabalho, portanto Maria derrama aos pés do Senhor meses de economia. Mas Judas, que em poucos dias irá trair seu Mestre por um décimo desse valor, acha um desperdício.

Aparentemente Judas retruca por uma boa causa: dar o dinheiro aos pobres, e é aí que mora o perigo. Toda mentira diabólica tem sempre um fundo de verdade. Ouvi dizer que veneno de rato é 99% milho e 1% estricnina. O veneno mortal é muito pouco, mas suficiente para não ser notado em meio à quase totalidade de alimento real.

No capítulo 3 de 2 Timóteo Paulo alerta para os falsos pregadores dos últimos dias: como Judas, eles têm aparência de piedade e são gananciosos, ou seja, adoram dinheiro. Sua especialidade é atrair mulheres levadas por várias concupiscências. Concupiscência não é um desejo por coisas más, mas um desejo extremo por qualquer coisa, inclusive coisas lícitas como saúde, dinheiro e felicidade no amor.

Maria age corretamente ao gastar o que tinha de valor com Jesus. Sempre que ela quisesse ajudar os pobres, haveria pobres para serem ajudados, mas esta ocasião é única. Em breve ela já não poderá contar com a presença física do Senhor. Ele está prestes a morrer.

Algumas oportunidades surgem e desaparecem em questão de minutos. Se não forem agarradas na hora, podem nunca mais voltar. Nos evangelhos vemos pessoas fazendo coisas ridículas, só para não perderem a oportunidade de um encontro pessoal com Jesus. Com o baixinho Zaqueu foi assim. Homem rico e importante, ele não deu a mínima para o que os outros poderiam pensar. Subiu numa árvore só para ver Jesus passar.

E você, estaria disposto agora mesmo a fazer como Maria e entregar o que tem de mais precioso a Jesus? Sua vida, por exemplo. Estaria pronto a enfrentar o desprezo de amigos e familiares para receber o Salvador, como fez Zaqueu? Então agarre esta oportunidade e creia agora no Salvador que morreu por você.

Nos próximos 3 minutos veremos o que pode acontecer com quem não agarra uma oportunidade assim.

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Impossível

João 12:3-9

Judas é uma figura do homem religioso, que teve a chance de ser salvo e não foi. É de pessoas assim que fala o capítulo 6 da carta aos Hebreus. Pessoas que perderam a chance de serem salvas. Lá diz:

Para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento” (Hb 6:4-6).

Judas foi iluminado. Andou na presença da luz do mundo, mas escolheu as trevas. Ele provou da dádiva celestial — Cristo — como quem apenas prova uma bebida sem querer bebê-la. Teve a sua parcela dos benefícios do Espírito Santo, que convence do pecado, da justiça e do juízo vindouro, mas cauterizou a própria consciência.

A boca de Judas provou e pregou a boa Palavra de Deus, e ele também experimentou os poderes ou milagres do mundo vindouro. Mesmo assim decidiu não crer. É impossível alguém se arrepender depois de rejeitar tantas oportunidades.

Quem visse Judas andando com Jesus jamais duvidaria de sua fé. Mas essa fé nunca existiu. Judas apenas vestiu uma fantasia cristã, como muitos fazem, sem crer em Cristo como Senhor e Salvador. Todos gostam da ideia de um Jesus Salvador, mas nem todo mundo o quer como Senhor ou dono absoluto de sua vida e vontade.

Tudo o que fazemos de vontade própria é rebelião contra Deus. Quando andou aqui, Jesus deixou claro que seu desejo era fazer a vontade do Pai, não a sua própria vontade. Ora, se ele, que é Deus e Homem, sem pecado, cuja vontade é mais que perfeita, não quis fazer sua própria vontade, o que dizer de nós, fracos e pecadores?

Sabe o que significa a palavra “pecado”? Em 1 João 3:4 diz que “qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; o pecado é iniquidade”. Algumas versões da Bíblia trazem que “o pecado é a transgressão da Lei”, mas é um erro de tradução, pois o pecado existia antes da Lei dada a Moisés. O sentido original é que pecado é ser governado pela vontade própria, que é o mesmo de estar desgovernado. Outra versão diz que “pecado é rebeldia”.

Assim tinham sido os cristãos de Éfeso antes da conversão, e Paulo lhes lembra disso na carta aos Efésios, capítulo 2: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos”(Jo 2:1-3).

É hora de você submeter sua vida e vontade ao Salvador e Senhor Jesus para ser salvo eternamente. Esta é a sua oportunidade. O que pode acontecer se não fizer isso? Veremos nos próximos 3 minutos… se você ainda tiver 3 minutos.

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Num piscar de olhos

1 Tessalonicenses 4:13-18

Algumas coisas podem fechar de vez a janela de oportunidade que Deus oferece para você ser salvo. Um acidente ou enfermidade que o torne incapaz de decidir é uma delas. A menos que você seja um feto, uma criança ou nasceu incapaz de responder por seus atos, o pleno domínio de suas faculdades mentais o torna responsável por suas decisões.

Isso não ocorre apenas nas coisas de Deus, mas até na lei dos homens, que diz que ninguém pode alegar desconhecer a lei. Do mesmo modo ninguém será tido por inocente diante de Deus. Quer saber como?

Você já julgou as ações de outra pessoa? Então você está apto a julgar a si mesmo e isso o torna responsável diante de Deus. Na carta aos Romanos, Deus afirma: “Você, que julga, os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Rm 2:1).

Além de uma enfermidade que o impeça de tomar a decisão de crer em Jesus, a morte também pode por um fim às suas chances. Neste exato momento no necrotério mais próximo de sua casa existe alguém que ontem não fazia ideia de que hoje estaria deitado ali.

Outra coisa que pode impedir você de crer, após ter escutado o evangelho, é o arrebatamento da Igreja descrito em 1 Tessalonicenses 4:16: “O próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre”.

O arrebatamento podia ter ocorrido já nos dias de Paulo, por isso ele se inclui dizendo “[nós] os que ficarmos vivos, seremos arrebatados”. Não existia coisa alguma que devesse ocorrer antes, e continua não existindo, exceto a paciência de Deus em aguardar que mais gente se converta. Porém, uma vez dada a ordem da partida, a Bíblia diz que isso acontecerá em um piscar de olhos. E depois?

Bem, depois o mundo seguirá sem os restos mortais dos que morreram na fé desde Abel e sem os verdadeiros cristãos que estiverem vivos nesse momento. Os primeiros ressuscitarão e os outros serão transformados. Se você quer saber a explicação que os jornais darão no dia seguinte para a falta de tanta gente, terá de comprar os jornais do dia seguinte. Mas aí será tarde demais para você.

Antes da minha conversão na década de 70 me envolvi com esoterismo. Na época havia uma teoria de que um planeta passaria perto da Terra e as pessoas menos evoluídas espiritualmente seriam tiradas daqui e levadas para lá por extraterrestres. O mundo ficaria livre delas para viver uma nova era de paz e prosperidade. Segundo aquela ideia esotérica, hoje eu seria um dos atrasados que serão tirados daqui.

Nos próximos 3 minutos veja o que acontecerá aos que forem deixados para trás.

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Deixados para trás

2 Tessalonicenses 2

O capítulo 4 de 1 Tessalonicenses fala do arrebatamento da igreja. O capítulo seguinte fala do dia do Senhor. O arrebatamento era um mistério desconhecido dos profetas do Antigo Testamento e só revelado a Paulo, como ele explica em 1 Coríntios 15. Já o dia do Senhor era bem conhecido dos judeus como um tempo profético de juízo e tribulação.

A bendita esperança do crente em Jesus é o arrebatamento, porém o dia do Senhor é a perspectiva aterradora para os que forem deixados para trás. Ele é comparado a um ladrão que ataca de noite. O capítulo 2 de 2 Tessalonicenses dá detalhes do que acontecerá após o arrebatamento da igreja. Mas que igreja é essa que será arrebatada do mundo, e quem faz parte dela?

Bem, na Bíblia igreja nunca é um edifício de tijolos, mas é uma casa espiritual construído com pedras humanas sobre o alicerce dos apóstolos e profetas do Novo Testamento, e tendo a Jesus como pedra de esquina. A igreja da Bíblia não é denominada “Igreja X” ou “Igreja Y”, e nenhum de seus membros a chama de “minha igreja” ou “igreja do pastor fulano”. É a igreja de Deus e só Jesus a chama de “minha igreja”.

Você não consegue tornar-se membro dela, porque é Jesus quem acrescenta a ela os que vão sendo salvos. Por ser esta igreja o corpo de Cristo, nem você, nem o pecado e nem o diabo é capaz de arrancar um membro desse corpo. A igreja é formada por todos — sim, TODOS — os que creem em Jesus, que tiveram seus pecados lavados pelo sangue derramado na cruz e receberam o Espírito Santo. Mesmo porque “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8:9).

Depois do arrebatamento da igreja o mundo ficará à mercê do diabo e de seu anticristo. A apostasia, ou abandono da verdade, que já pode ser vista por aí, correrá solta, até o anticristo se apresentar como Deus. Antes do arrebatamento o Espírito Santo estava no mundo habitando na igreja e nos crentes individualmente, mas então não haverá mais impedimento para a deterioração completa do mundo.

Por mais que as coisas pareçam ruins hoje, elas ainda têm Deus no controle. Quando Pilatos se gabou de ter autoridade para soltar ou crucificar Jesus, ficou sabendo que só tinha tal autoridade porque a recebeu de Deus. Além do controle que Deus exerce hoje sobre os governos humanos, o Espírito Santo nos crentes também forma uma barreira à total manifestação do mal.

Quem crê em Jesus é sal e luz neste mundo, e o sal é usado para preservar a carne. É também luz, e basta saber que a iluminação pública inibe a prática criminosa para você entender essa influência. Os cristãos sempre foram os estraga-prazeres neste mundo, mas com o arrebatamento o problema acabará e quem ficar no mundo poderá viver do jeito que o diabo gosta. Literalmente.

Nos próximos 3 minutos Deus manda a operação do erro.

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Deixados para trás II

2 Tessalonicenses 2

Ao falar do arrebatamento da igreja, Paulo se incluiu entre os que participariam dele. Ele diz: “[nós] os que ficarmos vivos, seremos arrebatados”. Será que ele não leu Mateus 24:14, que diz que “este evangelho do reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim”? Daria tempo de o evangelho ser pregado no mundo inteiro no período de vida de Paulo?

Acontece que Mateus fala do evangelho do reino, e não do evangelho da graça que hoje é pregado. O evangelho do reino anunciava a chegada do Messias e Rei dos judeus, foi pregado por João Batista e pelos apóstolos, e voltará a ser pregado pelos que se converterem após o arrebatamento da igreja. Jesus é o Rei dos judeus, mas a Bíblia nunca diz que ele seja rei dos cristãos. Para os cristãos ele é Senhor.

Uma das chaves para se entender a Bíblia está em perceber que Deus tem um povo, Israel, escolhido desde a fundação do mundo, e outro povo, a igreja, escolhido antes da fundação do mundo. Israel recebeu promessas de bênçãos terrenas; a igreja recebeu promessas de bênçãos celestiais. Daí o contraste entre o Antigo e o Novo Testamento.

Quando Israel rejeitou seu Rei e o pregou na cruz, o relógio profético parou quando faltavam sete anos para o fim do mundo atual e o início do reinado de mil anos de Cristo. Deus abriu um parêntese na história para inserir aí a igreja, mas não disse quanto tempo esse parêntese iria durar. Por isso Paulo aguardava o arrebatamento a qualquer momento.

O parêntese será encerrado com o arrebatamento, e então o relógio profético voltará a bater seus últimos sete anos. Nesse período, um remanescente judeu se converterá ao Messias e o evangelho do reino voltará a ser pregado, anunciando a volta do Rei Jesus. “Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mt 24:14), quando Jesus voltará com a igreja, para inaugurar seu reino de mil anos. É por isso que o capítulo 3 de 1 Tessalonicenses termina falando da “vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (1 Ts 3:13). Que “santos” são estes? Os que tinham sido arrebatados.

Agora preste atenção: após o arrebatamento da igreja só irá se converter quem ficou no mundo e nunca escutou o evangelho da graça. E os que escutaram e foram deixados para trás? Deus fará com que estes acreditem na mentira do anticristo. É o que a Bíblia chama de “operação do erro” em 2 Tessalonicenses 2. Se essa pessoa for você, saiba que tudo o que o separa de crer no anticristo é “num abrir e fechar de olhos” (1 Co 15:52).

Não acredite nos livros que mostram cristãos se convertendo após o arrebatamento, ou em vídeos com gente dentro de um templo esvaziado pelo arrebatamento, caindo de joelhos e pedindo perdão a Deus. “Porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar… Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2 Ts 2:10-11).

Nos próximos 3 minutos Jesus entra em Jerusalém.

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Montado em um jumentinho

João 12:12-22

Voltando ao capítulo 12 do Evangelho de João encontramos uma cena diferente. As ruas de Jerusalém estão cheias de peregrinos, quando começa a circular a notícia de que Jesus virá à cidade. A multidão sai para esperar aquele que ressuscitou Lázaro.

Nem mesmo os discípulos, que conheciam as escrituras, percebem que isso é o cumprimento das palavras do profeta Zacarias: “Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta” (Zc 9:9). Aquele que um dia virá montado nas nuvens do céu, agora entra em Jerusalém montado em um jumentinho.

A multidão lança ramos de palmeiras em seu caminho e clama empolgada: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o Rei de Israel!”(Jo 12:13). “Hosana” significa “salva-nos, te suplicamos”, mas a salvação que o povo espera é a libertação do invasor romano. Em poucos dias essas mesmas pessoas irão clamar “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Jo 19:6) e, depois de coroá-lo com espinhos, darão a ele um trono singular: a cruz.

Ninguém quer um Jesus manso e humilde, mas um Rei poderoso e implacável. O que aqueles judeus não entendem é que Israel tem maior culpa que os romanos, por falhar em ser um testemunho de Deus no mundo. Seiscentos anos antes Deus falara pelo profeta Ezequiel:

Esta é Jerusalém, que pus no meio dos povos, com nações ao seu redor. Contudo, em sua maldade, ela se revoltou contra as minhas leis e contra os meus decretos mais do que os povos e as nações ao seu redor” (Ez 5:5-6).

Se você se diz cristão, se orgulha de conhecer a Palavra de Deus e sai por aí proclamando “Hosana!” e “Aleluia!” como se fossem palavras mágicas, saiba que aquelas pessoas também faziam isso. Elas queriam um Jesus que as libertasse da opressão, multiplicasse o pão e curasse seus enfermos. Um Jesus talismã da prosperidade.

Talvez você diga que hoje os tempos são outros e os cristãos realmente estão dando um bom testemunho neste mundo. Então eles devem ser diferentes daqueles que Paulo denuncia em 1 Coríntios 5 como sendo piores que os pagãos: “Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai” (1 Co 5:1).

Infelizmente a ruína da cristandade tem dois mil anos de história, e hoje um cristão sincero tem dificuldade para testemunhar de sua fé. Para o incrédulo, ou ele é o pregador esperto que pede dinheiro, ou o crente bobo que dá. Mesmo assim sempre haverá pessoas como os gregos do versículo 21 deste capítulo 12 de João. “Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, com um pedido: ‘Senhor, queremos ver Jesus’”. E você? Quer ver Jesus ou está em busca de outras coisas?

Nos próximos 3 minutos o grão de trigo avisa que vai morrer.

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O grão de trigo deve morrer

João 12:23-26

Se você entender o que Jesus diz no versículo 23 do capítulo 12 de João, verá que ele fala do fim do homem em sua condição terrena. “Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12:23-24).

Acompanhe meu raciocínio: Os gregos ou gentios expressam seu desejo de ver Jesus, enquanto os judeus o aclamam como Rei, antes de o entregarem aos romanos para ser morto. Aquela é uma sociedade fundamentada numa tríplice cultura, como mais tarde os dizeres na cruz comprovariam: a frase “ESTE É O REI DOS JUDEUS” (Lc 23:38) foi escrita em caracteres gregos, romanos e hebraicos.

Vivemos numa sociedade que herdou suas crenças religiosas do judaísmo, seja você cristão ou muçulmano. Ao mesmo tempo nossa organização social, política, jurídica e militar é romana em sua essência, e nosso pensamento está impregnado de filosofia grega. E é para esse grego que trazemos em nós que Jesus fala aqui.

Nos tempos do Novo Testamento a filosofia grega ia desde os que queriam aproveitar o aqui e agora até os que acreditavam na imortalidade da alma. Para uns, entregar a própria vida era um desperdício. Para outros, ressuscitar não passava de ficção. Ao falar do grão de trigo que precisa morrer para dar fruto Jesus está falando de sua morte e ressurreição, uma loucura para qualquer grego.

Em Atos 17 os atenienses ficam divididos com o que Paulo diz no Areópago. “Quando ouviram sobre a ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, e outros disseram: ‘A esse respeito nós o ouviremos outra vez’” (At 17:32). Alguns creram, mas precisaram abandonar seu pensamento filosófico, pois a ressurreição não cabia nele.

Paulo mostra isso em 1 Coríntios ao dizer que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1:18). Deus destruiria a sabedoria dos sábios e a inteligência dos inteligentes, tornando louca a sabedoria deste mundo, a mesma sabedoria que os gregos vendiam e a sociedade moderna comprou.

O evangelho nada tem a ver com sabedoria humana, mas com a que é ensinada pelo Espírito de Deus e entendida pelos que possuem a mente de Cristo. A cartada final contra a sabedoria humana acontece no capítulo 15 de 1 Coríntios: “Se não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm… Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram” (1 Co 15:13-20).

Ao crer em Cristo você leva o pacote completo que inclui morte e ressurreição. Ontem um Homem morreu em seu lugar para pagar pelos pecados que você cometeu. Hoje esse Homem está no céu, em carne e ossos. É disso que falaremos nos próximos 3 minutos.

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Morte e ressurreição

1 Coríntios 15

Para entender como a morte e ressurreição de Jesus são essenciais ao cristianismo, leia o capítulo 15 de 1 Coríntios. Ali o apóstolo Paulo resume o evangelho da seguinte forma: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:3-4).

Primeiro, o evangelho ou “boas novas” está em conformidade com as Escrituras, neste caso aquilo que hoje chamamos de Antigo Testamento que os judeus já conheciam. Segundo, a morte e ressurreição de Jesus são inseparáveis. Não há como você crer numa sem crer na outra.

Isto traz duas implicações importantes: uma é que não há outra forma de você se livrar de seus pecados a não ser pelo sangue de Cristo. Qualquer esforço seu, como caridade, sofrimento ou rezas, não podem salvá-lo, a menos que você duvide do que a Bíblia diz. E o que ela diz?

Em 1 Timóteo 1:15 diz que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”, e ele deixou isso muito claro quando afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14:6). Todos os caminhos podem levar a Roma, mas só um leva ao Pai: JESUS. Só ele morreu como substituto do pecador; só ele levou sobre si os nossos pecados, e só ele ressuscitou para nossa justificação. Ou você acha que ele mentiu ao afirmar ser o único caminho que leva ao Pai?

Em Atos 4:12 diz que “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”. Em 1 Timóteo 2:5 diz que “há um só Deus e um só mediador [intermediário] entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus”, portanto nem Maria nem outros santos poderão servir de intermediários entre você e Deus.

Mas muita atenção aqui: é Cristo Jesus HOMEM o único mediador entre você e Deus. Não se trata de um ser angelical ou etéreo, mas de um Jesus que agora está no céu, glorificado em seu corpo humano de carne e ossos. A dificuldade que alguns têm de aceitar isto é por terem sido criados achando que a matéria é intrinsecamente ruim. Mas essa ideia foi emprestada da filosofia grega e também das religiões orientais, e depois divulgada pelos monges e ascetas.

Porém não havia monges entre os primeiros cristãos. Essa prática surgiu trezentos anos mais tarde e criou a falsa ideia de que uma pessoa santa, isto é, separada para Deus, deveria viver longe de tudo e de todos. Escrevendo de Roma, Paulo termina sua carta aos crentes em Filipos com a frase: “Todos os santos lhes enviam saudações, especialmente os que estão no palácio de César” (Fp 4:22).

César, o imperador, tinha parentes cristãos vivendo no palácio em Roma? Sim. Onde mais estariam? Numa caverna no alto de uma montanha? Nos próximos 3 minutos você aprenderá que a ideia de um cristianismo avesso ao mundo material não é bíblica.

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Um Homem na gloria

1 Coríntios 15

Se, por um lado, os católicos transformaram São Francisco de Assis em garoto propaganda de uma vida despojada, os protestantes europeus, influenciados por Rousseau, partiram para o Novo Mundo acreditando que o lugar do cristão era nas fazendas, longe do burburinho das cidades. Ambos desenvolveram a ideia de que o mundo material é intrinsecamente ruim, e que tudo o que é etéreo e intangível é bom.

Por causa desse engano, qualquer coisa vestida de espiritualidade é hoje engolida como boa, e cristianismo virou sinônimo de espiritual, etéreo e intangível. Mas o que Deus pensa do mundo material? No relato da Criação, em Gênesis 1, a frase “Deus viu que ficou bom” é repetida cinco vezes, sempre falando de coisas materiais. No final “Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom (Gn 1:31).

Portanto o problema não está na matéria, mas no pecado que a corrompe. Se o mundo material fosse intrinsecamente maligno, o Filho de Deus jamais teria assumido a forma humana. No entanto, 1 Timóteo 3:16 afirma que “Deus se manifestou em carne”. Depois de ressuscitado, Jesus reencontra os discípulos em seu corpo material e deixa claro não se tratar da materialização de um espírito desencarnado. Lucas descreve esse encontro com estas palavras:

Eles ficaram assustados e com medo, pensando que estavam vendo um espírito. Ele lhes disse: ‘Por que vocês estão perturbados e por que se levantam dúvidas em seus corações? Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho’. Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E por não crerem ainda, tão cheios estavam de alegria e de espanto, ele lhes perguntou: ‘Vocês têm aqui algo para comer?’ Deram-lhe um pedaço de peixe assado, e ele o comeu na presença deles” (Lc 24:37-43)

O Evangelho de João acrescenta que Jesus diz a Tomé que coloque o dedo em sua mão varada pelo prego e no seu lado furado pela lança do soldado. As cicatrizes eram reais e acompanharão Jesus por toda a eternidade. Por isso em Apocalipse 5:6 ele é visto no céu como “um Cordeiro, que parecia ter estado morto”.

Foi com seu corpo humano e material, embora transformado, que Jesus subiu ao céu diante dos olhos dos discípulos. Se você acha que ele permaneceu na forma humana só até subir, voltando a ser um espírito no céu, precisa ler Colossenses 2:9. Ali diz que, em Cristo ressuscitado e glorificado, “habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. O verbo “habitar” está no presente, e corporalmente significa em um corpo humano de carne e ossos no céu.

Mas para isso Jesus precisou morrer, e é para os momentos que precedem sua morte que voltaremos nos próximos 3 minutos.

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Vamos fechar

João 12:23-26

Já aconteceu de você estar em um lugar e ouvir alguém dizer: “Saiam todos porque vamos fechar”? É mais ou menos o que vemos a partir de João 12:2426: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará”.

Para não voltar sozinho ao céu, Jesus deve morrer, colocando assim um ponto final na primeira Criação. Em Romanos 5:14 o primeiro Adão “era um tipo daquele que haveria de vir”. Jesus é o Homem segundo o plano original de Deus, é o “último Adão”. Jesus, o Filho Eterno de Deus, veio em carne, porém sem herdar o pecado e a corrupção que caiu sobre ela. Ele se colocou temporariamente numa condição menor que a dos anjos. O primeiro homem veio da terra e recebeu vida física. O segundo Homem veio do céu e dá vida eterna.

Ao associar-se à primeira Criação, Jesus glorificou a Deus como Homem perfeito. Com sua morte ele resolveu de uma vez por todas a questão do pecado, e por isso é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mesmo que ninguém fosse salvo, seu sacrifício teria tirado o pecado do mundo, removendo aquilo que manchou a Criação original. Agora ele está prestes a morrer, ressuscitar e ser glorificado como “as primícias” ou “primeiros frutos” da nova Criação. No que diz respeito à primeira Criação, na porta Deus colocou uma placa que diz: “Saiam todos porque vamos fechar”.

Leia 1 Coríntios 15, do versículo 35 em diante, para entender. Lá você encontra sempre duas coisas, uma da Criação original, outra da nova Criação. Tem o grão de trigo e a planta do trigo; tem corpo semeado em corrupção e corpo ressuscitado em incorrupção; corpo natural e corpo espiritual; o primeiro Adão, feito alma vivente, e o último Adão, Cristo, feito espírito vivificante; o homem terreno e o homem celestial; o corpo mortal e o corpo revestido da imortalidade.

Em João 12 o grão de trigo está prestes a morrer para colocar um fim ao homem em sua condição terrena, e ressuscitar, para revelar o homem na nova Criação. Aquele que crê em Jesus subirá ao céu à semelhança dele, em um corpo de carne e ossos, porém incorruptível e imortal. Os novos céus e a nova terra pertencem ao estado eterno, o “grand finale” do qual a Bíblia quase não fala. Jesus diz: “Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará” (Jo 12:26).

A Criação original, de corpos terrestres, mortais e corruptíveis, está com os dias contados. Mas Deus já providenciou uma baldeação segura para a nova Criação em corpos ressuscitados, incorruptíveis e imortais. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (2 Co 5:17).

E você está em Cristo pela fé nele? Então como é que continua aqui? A resposta você verá nos próximos 3 minutos.

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O juízo do mundo

João 12:27-33

Embora sem pecado, Jesus compartilha dos sentimentos humanos. Em João 12:27 ele diz: “Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não; eu vim exatamente para isto, para esta hora”. Quem poderia imaginar que o Filho de Deus viria em carne para ser o “Emanuel” ou “Deus conosco”? Que sentiria fome, sede e cansaço, e seria atribulado pela perspectiva da cruz? Da próxima vez que você reclamar que não é amado por Deus, pense nisto.

Ao invés de orar para ser livre da morte, Jesus ora para que o nome do Pai seja glorificado. A resposta é imediata. Uma voz do céu diz: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente” (Jo 12:28). O nome do Pai foi glorificado pela vida perfeita de Jesus neste mundo. Agora seria mais uma vez glorificado pelo sacrifício perfeito do Cordeiro de Deus.

O destino do mundo é selado: os homens pregarão o Cristo numa cruz na maior prova de ódio e rejeição contra o Criador. Você ainda acredita na humanidade e espera um mundo melhor pelo esforço conjunto da sociedade? Na crucificação o esforço conjunto da sociedade uniu todos contra Jesus: religiosos, políticos e até ladrões.

O mundo é culpado de ter rejeitado Jesus. Os judeus, em particular, atraem sobre si a maldição que pronunciaram em Mateus 27:25: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos”. Assim tem sido desde então. E Jesus avisa que “será expulso o príncipe deste mundo”, declarando a cabal vitória contra Satanás. Na cruz a serpente teria a cabeça esmagada pelo calcanhar ferido da semente da mulher, conforme Deus prometera no jardim do Éden.

Mas se Jesus morreu e ressuscitou, e se Satanás foi derrotado, por que as coisas continuam como estão e Cristo ainda não voltou? Vamos deixar que Pedro responda em sua segunda epístola:

Pela mesma palavra os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios. Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3:7).

Se você ainda não creu em Jesus como seu Salvador, é a paciência de Deus que está retendo o juízo por amor de você. Talvez você seja o último passageiro para o céu. Se você já foi salvo por Jesus, pode estar aqui para testemunhar ao último que irá crer.

Nos próximos 3 minutos a luz está prestes a se apagar.

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Luz e trevas

João 12:34-41

Os judeus, familiarizados com as Escrituras, estão intrigados com as declarações de Jesus. Eles sabem que o Filho do Homem permanecerá para sempre. Então quem é esse Filho do Homem que Jesus insiste em dizer que será levantado para morrer?

No capítulo 7 de seu livro, Daniel fala do Filho do Homem que viria do céu para ter um domínio eterno sobre todos os povos. Esse Filho do Homem é Jesus, o Cristo ou Messias, que apesar de assumir a condição humana, não nasceu neste mundo como um ser humano comum. Ele veio em carne, porque já existia antes de vir.

Nos evangelhos Jesus usa a mesma expressão “EU SOU” que Deus usou ao se apresentar a Moisés. A expressão significa aquele que tem em si mesmo a existência, independente das coisas criadas. Em Apocalipse 1:8 Jesus se apresenta como o Alfa e o Ômega, primeira e última letra do alfabeto grego, e também como “o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso”, títulos que só cabem a Deus.

O profeta Isaías previu que o Messias nasceria de uma virgem e seria chamado de Emanuel, que significa “Deus conosco”. É assim que Jesus é chamado no primeiro capítulo do Evangelho de Mateus. Juntando tudo você entenderá por que João, em suas epístolas, refere-se a Jesus, não como aquele que nasceu, mas como o que veio em carne. Diferente de apenas nascer, a expressão “vir em carne” denota pré-existência.

Em sua primeira epístola, João alerta que “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo” (1 Jo4:3). Hoje somos constantemente bombardeados por livros, filmes e programas de TV promovendo a espiritualidade e a comunicação com os espíritos. O que dizem esses “espíritos”? Que Jesus é um espírito elevado, evoluído, reencarnado etc.

Porém, o apóstolo João termina sua primeira epístola dizendo a respeito de Jesus: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:20). De que mais você precisa para renegar como satânica toda doutrina ou filosofia que negue a divindade de Jesus? Ainda que ela venha até você com o nome de evangelho, Paulo nos alerta em sua carta aos Gálatas com todas as letras: “Ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado” (Gl 1:8).

Em João 12:35, Jesus alerta os judeus que a luz estará entre eles só por um momento. Se não receberem a Jesus tal qual ele é — Deus e Homem — só lhes restam trevas. Após avisá-los, Jesus se esconde deles. A pior coisa que pode acontecer a alguém é não ser mais capaz de encontrar a luz, após ter sido exposto ela. Para estes vale o que Isaías disse no capítulo 6:9-10 e João repete aqui: “Cegou os seus olhos e endureceu os seus corações, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure” (Jo 12:40).

Nos próximos 3 minutos alguns decidem ficar em cima do muro.

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Em cima do muro

João 12:42-43

Qualquer que seja a razão de irmos ou não a Jesus, ela será egoísta. Vamos a ele por estarmos doentes, necessitados ou perdidos, e o evitamos por medo de perder família, amigos ou posição na sociedade. É o caso deste capítulo 12, que diz que “muitos líderes dos judeus creram nele. Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé, com medo de serem expulsos da sinagoga; pois preferiam a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus” (Jo 12:42). Hoje diríamos que ficaram em cima do muro.

Em sua salvação não há nada de que você possa se gloriar. Ela vem de Deus, não de você. “Não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2:8-10). Isso não agrada o ser humano, que adora ser bajulado pelos seis feitos. Para não perderem as regalias que têm em sua religião, alguns judeus aqui creem em Jesus, porém não o confessam como Senhor e Salvador.

Todavia, a Palavra de Deus é bem clara ao afirmar, na carta aos Romanos, que “se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação” (Rm 10:9-11).

Este capítulo fala dos que não confessavam publicamente sua fé em Jesus por medo de perderem sua posição no arraial da sociedade e religião. Você acha que isso mudou com a Igreja? Os cristãos são feitos da mesma carne que eles, portanto era de se esperar que dessem um jeitinho para que a fé do coração e a confissão da boca pudessem ser exercitadas, sem, contudo, perderem o gostinho da bajulação humana.

Por isso você encontra hoje muitos grupos de cristãos que criaram seus próprios meios de garantir um recheio para o ego. Primeiro, os dons como evangelista, pastor e mestre — que não são a mesma coisa que talentos como a habilidade de cantar, falar ou escrever — viraram títulos honoríficos como os que usamos para autoridades civis e militares.

Depois foram criados cargos eclesiásticos como diretor disso e presidente daquilo. Até mesmo títulos como “Reverendo”, que a Bíblia só usa para Deus, passaram a ser usados por homens comuns e foram criados cursos de teologia que concedem títulos honrosos como “Doutor em Divindade”. O ego adora essas coisas.

Não se engane: Jesus não teve qualquer honraria no arraial do judaísmo. Ele só experimentou desonra, vergonha e desprezo. Hoje existe igualmente uma espécie de “arraial da cristandade”, e a admoestação de Hebreus 13 vale para nós também: “Saiamos até ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou” (Hb 13:13).

Nos próximos 3 minutos saiba por que é impossível que alguém creia em Deus sem crer em Jesus.

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Nas trevas ou na luz?

João 12:44-50

Crer em Deus Pai é também crer em Jesus, o Filho de Deus. Honrar a um é honrar ao outro, e rejeitar a um é rejeitar a ambos. É impossível crer em um sem crer no outro, pois o Filho e o Pai são duas Pessoas ou personalidades indissolúveis do único Deus.

Deus nunca foi visto por ninguém, mas quem vê a Jesus vê a Deus, não fisicamente, mas moralmente. A carta aos Hebreus diz que Jesus é o resplendor da glória de Deus e a expressa imagem da sua Pessoa. Ele sustenta todas as coisas pela Palavra do seu poder. Se você não crê na divindade do Filho, terá de rejeitar também a divindade do Pai.

Neste evangelho Jesus afirma ser a luz que veio a um mundo cujas trevas engolfaram todos os homens sem exceção. É só pela fé em Jesus que você é transportado das trevas para a luz. Crer nele é crer nas suas palavras, as mesmas que no último dia irão julgar os incrédulos.

No versículo 49 Jesus diz: “O Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar”. Perceba que “dizer” e “falar” são duas palavras com significados diferentes. Jesus recebeu do Pai não apenas o sentido e significado de sua mensagem, mas também literalmente as palavras que devia articular. Elas revelam o objetivo de Deus para você: a condenação, se continuar como está, ou a vida eterna se crer em Jesus.

Não existe meio termo: ou você está na luz ou nas trevas. Vivendo nas trevas você continuará sentindo pavor de Deus, buscando outras coisas para saciar seu coração, e ignorando o que o destino trará. Cada dia só aumentará a pressão no gatilho da Roleta Russa de sua vida.

Seu pavor de Deus será por ver a morte no fim do túnel. Você sente calafrios só de pensar em se encontrar com ele na condição de réu, para ser julgado. Você o vê como um tirano, cuja ira deve ser aplacada com penitências, rezas e esmolas, ou cujo favor você precisa fazer por merecer. Mas pode ser que não sinta nada disso por achar que Deus é um velhinho bondoso e senil que nem vai reparar nos seus pecados. Só que quando você coloca a cabeça no travesseiro, você cai na real.

Porém, se você creu em Jesus como seu Salvador, o sacrifício dele na cruz proveu tudo o que era necessário para satisfazer a Deus, e você foi transportado das trevas para a luz. Agora você vive na certeza de que todos os seus pecados foram pagos por Jesus lá na cruz, e você foi perdoado de todos eles no exato momento em que se converteu. Você vive aliviado por saber que irá comparecer na presença de Deus com sua ficha limpa pelo sangue do Cordeiro de Deus, e que desde já pode desfrutar da bendita intimidade de chamar a Deus de Pai.

Nos próximos 3 minutos veja os sete milagres que Jesus fez até aqui e como eles se aplicam ao pecador que crê em Jesus.

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Os 7 milagres

João 13:1

Até o capítulo 12 do Evangelho de João vimos Jesus enfrentando a incredulidade dos judeus. O capítulo 13 é um divisor de águas. Jesus aparece literalmente um andar acima desse cenário de incredulidade. Nós o encontramos, antes da Páscoa, jantando com seus discípulos num cenáculo, que era o andar superior de uma casa.

Até aqui Jesus efetuou sete sinais ou milagres que também servem para mostrar como ele liberta o pecador e o coloca neste andar superior de comunhão com ele. O primeiro foi ao transformar água em vinho numa festa de casamento. Se você evita Jesus por achar que ele é um estraga prazeres, por que você acha que resolveu o problema da falta de vinho? Ele quer transformar a água da Palavra de Deus no vinho da alegria em seu coração. O Salmo 104 diz que o vinho alegra o coração.

Depois vimos Jesus curando o filho de um nobre. Nobreza, riqueza e fama não são garantias de uma vida sem problemas. Visite um hospital ou cemitério e verá que neles há ricos e pobres, chefes e subordinados, famosos e anônimos. Só Jesus pode resolver aquilo que dinheiro e posição não podem: curar você de seu pecado, que é a verdadeira causa da morte e da perdição.

Em seguida nós o vimos à beira do tanque de Betesda curando um homem incapaz de se mover. Como aquele paralítico, você é incapaz de se aproximar um centímetro sequer da cura de sua alma. É Jesus quem encontra você e o liberta, como fez com o homem à beira do tanque.

No capítulo 6 ele alimentou cinco mil pessoas famintas e necessitadas. É só em Jesus que você encontra o alimento e a energia para sua vida diária. Cristo é o pão do céu. No mesmo capítulo encontramos os discípulos em meio às ondas de um mar revolto. “Não temais” (Jo 6:20), diz ele. Oras, não são estas as palavras que você gostaria de ouvir quando as tempestades desta vida parecem querer acabar com você?

O cego de nascença passou a ver no capítulo 9. É impossível você enxergar o mundo espiritual a menos que seja tocado pelo poder de Cristo. Ele pode tirar a venda que o impede de enxergar a formosura de um Salvador que deu sua vida para tirar você das trevas.

Finalmente, o sétimo milagre foi o morto Lázaro sair vivo da sepultura. A Bíblia diz que estamos mortos em “ofensas e pecados”. O que um morto pode fazer por si mesmo? Absolutamente nada. Então por que você tem tentado fazer algo para se salvar? Lembre-se de uma vez por todas: o que precisava ser feito Jesus já fez. Você só precisa crer nisso.

Nos próximos 3 minutos Jesus lava os pés de seus discípulos.

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Dois objetivos

João 13:1-3

O capítulo 13 começa falando do amor que Jesus tinha por seus discípulos, e continuaria tendo até terminar o que veio fazer aqui. Costumamos ler a Bíblia para encontrar nela o que devemos fazer para Deus, quando o seu principal objetivo é mostrar o que Deus fez por nós.

O versículo 3 diz que “Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus”. Acaso você conhece mais alguém em cujas mãos Deus tenha depositado todas as coisas? Se Deus colocou nas mãos de Jesus todas as coisas, isso inclui também o destino do mundo e das pessoas. E você é uma delas.

Jesus veio ao mundo com dois objetivos em mente. Um foi o de resolver a questão do pecado que arruinou a Criação e poderia manchar a reputação de Deus. A glória de Deus estava em jogo, e isso precisava ser resolvido. Neste sentido amplo de sua morte, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo pelo sacrifício de si mesmo.

O outro objetivo era salvar você por intermédio do mesmo sacrifício. Entenda que o Cordeiro de Deus morreu para tirar o pecado do mundo, e a palavra pecado aqui é singular. Mas ele morreu também para levar sobre si os pecados daqueles que creem nele, e pecados aqui é plural. A obra de Cristo é universal, mas o perdão é individual. Somente os que creem em Jesus podem desfrutar do perdão de seus pecados.

Você pode alegar que nem existia quando Adão pecou, mas você herdou o pecado mesmo assim. Como se fosse a herança maldita recebida de um avô traficante, você tem feito saques frequentes da droga que ele deixou enterrada em seu quintal. Todos os dias você peca. O que fará quando lhe pedirem conta disso? Dirá que é inocente?

Mas veja que você também não existia quando Jesus morreu, e agora pode receber os benefícios daquele sacrifício. Assim como o pecado e a morte vieram por um só homem, a ressurreição e a vida podem ser suas graças a um só homem. Por uma só ofensa veio o juízo a todos os homens, mas por um só ato de justiça veio a graça para quem quiser. Por causa da desobediência de um, muitos foram feitos pecadores, mas pela obediência de um, muitos serão feitos justos.

A morte de Jesus pagando o preço por seus pecados aconteceu há dois mil anos, mas perdão de seus pecados você recebe no momento em que crê em Jesus. Na cruz ele morreu por todos, porém pagou o pecado de muitos. O que isto significa? Que nem todos serão salvos, mas apenas os muitos que crerem nele. Na parábola do tesouro escondido no campo o homem compra o campo inteiro, só por causa do tesouro escondido nele. Se você crê em Jesus, você faz parte desse tesouro.

Nos próximos 3 minutos vamos entender melhor quem é este que saiu de Deus e agora estava prestes a voltar para Deus.

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Da gloria para a gloria

Filipenses 2:6-11

Para entender o que diz o versículo 3 do capítulo 13 de João — que Jesus “viera de Deus e estava voltando para Deus” — veja o que Paulo escreveu aos Filipenses: “Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se” (Fp 2:5-6). Outra tradução diz “não teve por usurpação ser igual a Deus”. O que significa?

Jesus foi, é, e sempre será Deus em todos os aspectos da sua Pessoa. Este é o significado de ser igual. Mas é preciso distinguir entre a pessoa e a posição que ocupa. Para nos salvar, Jesus não considerou que a posição que ocupava na glória era algo de que não poderia abrir mão. Assim ele deixou a posição que ocupava, sem deixar de ser quem sempre foi: o “verdadeiro Deus”, como diz João em sua epístola (1 Jo 5:20).

Ao chegar em casa um policial tira seu uniforme, despindo-se de sua posição oficial sem perder sua natureza humana. Ao vir ao mundo na condição de homem, Jesus despiu-se de sua posição excelsa para assumir a posição de um servo, porém sem perder sua natureza divina.

Se você leu o clássico “O príncipe e o mendigo” irá entender que o príncipe em momento algum deixou de ser quem ele era. Ele apenas desceu momentaneamente de sua posição real ao trocar de roupa com um mendigo. Ao assumir a posição de um mendigo ele precisou se submeter às autoridades que antes estavam sob seu comando.

É por isso que vemos Jesus dizer, no capítulo 14 do evangelho João, “meu Pai é maior do que eu” (Jo 14:28), mas no capítulo 10:30, “eu e o Pai somos um”. Ao assumir o papel de homem, Jesus, o Filho eterno, ficou durante trinta e poucos anos numa posição hierárquica inferior ao Pai, mas sem deixar de ser Deus. Era só assumindo a condição humana que ele podia descer à morte no lugar do pecador.

Por isso a passagem em Filipenses continua dizendo que Jesus “esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2:7-8).

Repare que aquele que saiu de Deus desceu 7 passos: (1) Não se apegou à sua posição, (2) esvaziou-se, (3) tomou a forma de servo, (4) fez-se semelhante aos homens, (5) humilhou-se, (6) foi obediente até à morte, e (7) morte de cruz. Então, ao voltar à sua posição original na glória, agora como Deus e Homem, nós o vemos subindo 7 passos:

(1) Deus o exaltou à mais alta posição (2) e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, (3) nos céus, (4) na terra, e (5) debaixo da terra, e (6) e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, (7) para a glória de Deus Pai”.

Nos próximos 3 minutos vamos falar um pouco de água.

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O que a agua faz

João 13:4-11

Lavar os pés era um ritual comum entre os judeus que voltavam da rua ou entravam na casa de alguém. As pessoas andavam descalças ou de sandálias em ruas de terra, e os pés ficavam bem sujos. O costume de lavar os pés tinha um caráter bastante prático.

Além disso, lavar os pés de um visitante era também uma forma de expressar boas maneiras, mas entre os ricos isso era feito por um escravo, não pelo próprio dono da casa. Ao lavar os pés de seus discípulos, Jesus desce à posição de um mero servo e lhes ensina uma lição: “que vocês façam como lhes fiz” (Jo 13:15).

A lição é óbvia, mas o significado da passagem toda nem tanto. Primeiro, quem está lavando os pés dos discípulos? O mesmo Jesus que saiu de Deus e em breve voltaria para Deus. Ele desceu de uma posição tão elevada, que homem algum poderá jamais alcançar. Jesus não apenas desceu do céu, para onde promete levar os salvos; Efésios 4:10 diz que ele subiu “acima de todos os céus”, seu lugar de origem.

Paulo explica assim a ressurreição e ascensão de Jesus: “Que significa ‘ele subiu’, senão que também descera às profundezas da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas” (Ef 4:10).

Percebe a extensão do que Jesus fez? E, no entanto, aqui vemos esse Ser eterno e sublime pondo-se abaixo dos pobres e mortais discípulos. Muito em breve ele iria descer ainda mais: sofreria o terror de uma eternidade de juízo infernal condensada nas três horas de trevas que passou na cruz, antes de entregar sua vida e descer à sepultura.

Para você entender o que vai acontecer agora, é preciso lembrar que a Palavra de Deus é às vezes representada pela água, e o Espírito Santo pela figura de um servo. Efésios 5:26 nos fala de purificação “pelo lavar da água mediante a palavra”. Em João 2 os vasos de pedra são enchidos de água pelos servos, a qual é transformada em vinho por Jesus. Vasos, água, servos e vinho, simbolizam, respectivamente, pessoas, a Palavra de Deus, o Espírito Santo e vida com alegria.

Ao conversar com Nicodemos no capítulo 3, Jesus diz que ele precisa nascer de novo, da água e do Espírito. De que água você acha que ele está falando ali? Certamente não do batismo, que não tem poder de transformar uma vida, mas da Palavra de Deus que é transformada em vida, pela ação do Espírito, naquele que a recebe.

Assim como a água tem o poder de limpar os pés, a Palavra de Deus também tem um poder purificador. Mas você deve estar confuso, pois aprendeu que somos limpos pelo sangue de Jesus.

Nos próximos 3 minutos vamos entender o lugar que ocupam o sangue e a água na purificação do pecador.

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Sangue e agua

João 13:4-11

Na cena da crucificação, o soldado fere com a lança o corpo morto de Jesus, e dali saem sangue e água. O sangue nos limpa da culpa do pecado, e a água representa a purificação da corrupção que o pecado causa em nós. Já ouviu falar do hino “Rocha Eterna”? No original inglês seu autor expressou muito bem o que chamou de “dupla cura”. Numa tradução literal, a primeira estrofe diz algo assim:

Rocha Eterna, ferida por mim, quero refugiar-me em Ti. Que a água e o sangue, do Teu lado ferido, me sirvam de dupla cura; salvando-me da ira e purificando-me do pecado”.

O apóstolo João, em sua primeira carta, diz que “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7). Hebreus 9 diz que o sangue purifica nossas consciências. Hebreus 10:22 diz: “Aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura”.

Vamos voltar agora à cena da lavagem dos pés. Ao chegar a vez de Pedro ter seus pés lavados, ele se recusa, dizendo, “Não; nunca lavarás os meus pés”. Mas a resposta do Senhor o faz mudar de ideia: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo” (Jo 13:7-8). A expressão “parte comigo” tem o sentido de andar junto com Jesus.

Imediatamente Pedro muda de ideia e vai ao outro extremo: “Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça”. A resposta de Jesus nos ensina muita coisa: “Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo” (Jo 13:10).

No Antigo Testamento o sacerdote era lavado uma vez da cabeça aos pés, quando era consagrado para o sacerdócio e o serviço no Templo. Depois disso ele precisava lavar apenas os pés e as mãos para entrar na presença de Deus. Jesus diz a Pedro que ele já está limpo, exceto os pés, e o mesmo vale para você, se já tiver nascido “da água e do Espírito” (Jo 3:5).

Pedro aprendeu a lição, pois mais tarde em sua epístola ele escreve que “vocês foram regenerados [gerados de novo]… por meio da palavra de Deus” (1 Pe 1:23). A “água” da Palavra não apenas nos infunde vida ao nascermos de novo, mas também nos deixa limpos para estarmos na presença de Deus. Porém, o contato com o mundo exige que tenhamos, por assim dizer, os pés lavados pela mesma Palavra. Ela ajuda a tirar a poeira do mal que gruda em nós, daí a importância de lavarmos os pés uns dos outros com a Palavra.

Mas, ao dizer que os discípulos só precisavam lavar os pés por já estarem limpos, Jesus acrescenta: “Mas nem todos” (Jo 13:10). Entre eles existe um homem em quem a Palavra de Deus não tem qualquer efeito; Judas ainda está sujo. E você, precisa ter apenas os pés lavados ou ainda está em sua condição original, sujo aos olhos de Deus?

Nos próximos 3 minutos veremos como cada um pode lavar os pés de seu irmão.

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O lava-pés

João 13:12-17

O versículo 12 revela que Jesus havia tirado suas vestes antes de se agachar para lavar os pés de seus discípulos. Veja o que diz: “Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: ‘Vocês entendem o que lhes fiz?’”.

Nenhum de nós teria sido salvo se Jesus não tivesse tirado suas vestes celestiais para descer ao mundo e dar a vida por nós. Ao lavar os pés de seus discípulos Jesus mostra isso e também nos deixa um exemplo.

Vivemos hoje na condição de Laodiceia, o último estado da igreja em Apocalipse 3. “Estou rica, adquiri riquezas”, diz ela, “e não preciso de nada” (Ap 3:17). E realmente assim é, se considerarmos os números, os templos e as realizações daquilo que é identificado como cristandade. Mas o Senhor a chama de infeliz, miserável, pobre, cega e nua, e ainda aconselha que compre ouro provado ao fogo, roupas limpas para cobrir sua nudez, e colírio para poder enxergar.

Volta e meia aqueles discípulos eram flagrados comparando-se uns aos outros para ver qual deles ganharia um lugar de destaque, ao lado de Jesus. Agora eles entendem que, se quiserem ocupar um lugar ao lado de Jesus nesta vida, terão de se agachar e lavar pés encardidos.

Se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou” (Jo 13:14-16).

Você não precisa de muito colírio para enxergar que Jesus não está falando de água e sabão. Ele não está instituindo um ritual, mas mostrando o espírito com o qual devemos agir uns para com os outros. Quando você vê altos dignitários do mundo religioso, ricamente vestidos e literalmente lavando os pés de seus seguidores, pode ter certeza de que não é disso que Jesus está falando aqui.

Já vimos que a água é uma figura da Palavra de Deus; que todo aquele que é nascido de novo foi gerado por essa mesma “água” e está limpo aos olhos de Deus, e que nossos pés ficam sujos pelo contato com a degradação do mundo. Vimos também que Jesus desceu ao mais baixo para nos abençoar. E então, como abençoar nossos irmãos? Lavando seus pés com uma bacia e um pouco de água?

Jesus nos ensina a nos diminuirmos diante de nossos irmãos, e aplicarmos neles a revigorante Palavra de Deus. Todas as vezes que você leva uma palavra de exortação, consolo ou edificação a alguém, em um espírito de humildade e mansidão, está praticando o lava-pés.

Mas existe uma grande diferença entre ter os pés lavados e levantar o calcanhar contra Jesus. É o que veremos nos próximos 3 minutos.

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O falso apostolo

João 13:18-22

Ao lavar os pés dos discípulos Jesus revela fazer isso porque apenas os seus pés precisavam ser limpos do contato com o mundo. No mais todos estavam limpos por terem sido gerados de novo pela Palavra de Deus. Exceto um: Judas.

Aqui vemos um apóstolo que recebeu privilégios iguais aos dos outros, porém em quem a água da Palavra não tem qualquer efeito. Judas andou com o Senhor, mas tinha outra agenda. Seu pensamento e propósito estavam focados no que ele poderia lucrar seguindo a Jesus.

O final do capítulo 6 deste Evangelho deixa claro que Jesus o escolheu, mesmo sabendo qual seria a sua intenção: “‘Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo’. Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de traí-lo” (Jo 6:70-71).

À semelhança daqueles descritos em Hebreus 6:4-7, Judas foi iluminado, provou o dom celestial, se fez participante do Espírito Santo, e experimentou a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir. Faltou crer, que é a condição essencial para ser salvo. Era impossível alguém assim ser renovado para o arrependimento.

Depois de lavar os pés de seus discípulos — inclusive de Judas — Jesus revela existir ali um traidor, para que os outros possam identificá-lo quando chegar a hora. Ele cita a profecia do Salmo 41:9, escrita mil anos antes: “Até o meu melhor amigo, em quem eu confiava e que partilhava do meu pão, voltou-se contra mim”.

Jesus diz: “Estou lhes dizendo antes que aconteça, a fim de que, quando acontecer, vocês creiam que Eu Sou (Jo 13:19). Ele usa novamente a expressão que Jeová usou ao se revelar a Moisés: “EU SOU”. Trair a Jesus é trair o próprio Deus. Quem faz isso não fica impune.

Os discípulos nem imaginam quem é o traidor, e isso demonstra o quanto Judas era parecido com os outros apóstolos. Ninguém desconfiaria dele, como muitos hoje nem desconfiam dos lobos vestidos de cordeiro infiltrados nos templos e canais de rádio e TV.

Mas Jesus faz um alerta: “Quem receber aquele que eu enviar, estará me recebendo; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Jo 13:20). Por mais incrível que possa parecer, Judas havia sido enviado junto com os outros pelo próprio Senhor para pregar as boas novas.

Se você se recusa a crer em Jesus por causa dos picaretas que estão por aí pregando o evangelho, saiba que, para Deus, essa desculpa não cola. Você é convidado a crer em Jesus, o Salvador, e não em quem prega esse nome. Ao referir-se aos falsos pregadores, Paulo escreveu: “Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro” (Fp 1:18).

Nos próximos 3 minutos o diabo entra em Judas.

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Trevas

João 13:23-30

Esqueça o quadro “A Santa Ceia” de Leonardo Da Vinci. Naquela época e lugar as pessoas não se sentavam em cadeiras, e muito menos todas do mesmo lado da mesa, como se estivessem posando para uma foto. Elas sentavam-se no chão, em almofadas ou bancos baixos, diante de uma mesa também baixa. Sentado assim na diagonal, encontramos João reclinado sobre o peito de Jesus.

Pedro faz um sinal a João para que ele pergunte a Jesus quem seria o traidor. Jesus revela a João que o traidor é aquele a quem ele dará um pedaço de pão molhado, talvez em azeite ou no molho da refeição. Tudo indica que isso foi falado em voz baixa, pois ninguém mais escutou.

Existe um lugar onde podemos escutar melhor o que Jesus tem a nos dizer, e esse lugar é bem perto dele. Ali escutamos o que outros não escutam e entendemos o que outros não entendem. Todos na sala interpretam o gesto de Jesus como uma expressão de seu apreço por Judas, mas João sabe que é justamente o contrário.

Até aqui Judas andou segundo a influência de sua própria vontade e do diabo. A partir de agora o diabo passa a ter total controle sobre ele. O primeiro Salmo começa dizendo que é “bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”.

Perceba que existe um processo: andar, parar e sentar. Todo erro e transgressão começam quando acompanhamos os ímpios em suas ideias e conversas, e evolui ao nos determos em seus caminhos. Quando menos esperamos já estamos sentados em sua roda, como companheiro deles.

Não podemos evitar que o diabo nos influencie por meio de coisas, pessoas ou pensamentos, mas podemos evitar nos deter nessas coisas, pessoas ou pensamentos. Desvie um grau em sua rota e o ângulo irá abrir até lá na frente você acabar a quilômetros de seu destino original.

Ao acalentar pensamentos sugeridos pelo diabo, Judas acaba se tornando companheiro dele é totalmente dominado. Judas vira as costas para Jesus e sai da sala. Os discípulos acreditam que Jesus tenha dito a Judas para sair comprar algo ou dar algum dinheiro aos pobres. O versículo 27 deste capítulo 13 do Evangelho de João diz que ele saiu por Satanás ter entrado nele, e o 30 termina com estas significativas palavras: “E era já noite”.

Quem volta as costas para a Luz tem diante de si apenas densas trevas. Se você decidir viver segundo o conselho dos ímpios — inclusive o seu próprio conselho — acabará sendo um instrumento do diabo sem perceber. Mas, se permanecer reclinado sobre o peito de Jesus, em íntima comunhão com ele, você descobrirá coisas que outros ignoram.

Nos próximos 3 minutos Jesus revela qual é a carteira de identidade de um verdadeiro discípulo.

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Identidade de discípulo

João 13:31-35

O clima na sala muda com a saída de Judas. Aos que ficam Jesus os chama de “filhinhos” e lhes revela o que ocorre nos bastidores: “Agora, foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele” (Jo 13:31). Jesus é o Filho do Homem por ser Deus em humanidade, e “glorificado” significa alguém grandemente honrado. O desejo de Deus para Jesus é visto aqui como já realizado e agora os discípulos sabem disso.

Quando decidiu destruir Sodoma, o Senhor ponderou consigo mesmo: “Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?” (Gn 18:17). Não, ele não ocultaria os seus planos de alguém com quem desfrutava de comunhão. Ter comunhão significa ter coisas em comum. A passagem em Gênesis 17 mostra que Deus não apenas revela a Abraão o que pretende fazer, como escuta com atenção quando este intercede pelos moradores de Sodoma.

Abraão consegue do Senhor a promessa de não destruir a cidade se nela encontrar 50 justos. Em seguida, com um sentimento de amor para com os habitantes de Sodoma, Abraão continua intercedendo:

“’Na hipótese de faltarem cinco para cinquenta justos, destruirás por isso toda a cidade?’ Ele respondeu: ‘Não a destruirei se eu achar ali quarenta e cinco’… ‘E se, porventura, houver ali quarenta?’ Respondeu: ‘Não o farei por amor dos quarenta’… ‘Se houver, porventura, ali trinta?’ Respondeu o SENHOR: ‘Não o farei se eu encontrar ali trinta’… ‘Se, porventura, houver ali vinte?’ Respondeu o SENHOR: ‘Não a destruirei por amor dos vinte’… ‘Se, porventura, houver ali dez?’ Respondeu o SENHOR: ‘Não a destruirei por amor dos dez’” (Gn 18:28-32). Abraão parou no dez, mas eu fico pensando se Deus teria mesmo destruído Sodoma caso Abraão intercedesse até a possibilidade de existir ali apenas um justo.

Depois de salvo pela fé em Jesus e em seu sacrifício na cruz, o crente é deixado aqui para ocupar o lugar que Jesus ocupou, ou seja, ser um testemunho de Deus em um mundo corrompido pelo pecado, e interceder pela salvação de seus habitantes. Esta é a “carteira de identidade” de um verdadeiro discípulo de Jesus: o amor pelas pessoas.

O verdadeiro cristão ama porque Deus o amou primeiro. Ele quer que outros pecadores sejam salvos, porque ele próprio, um pecador, foi alcançado pela misericórdia de Deus. O amor é uma consequência da salvação recebida, não o contrário. As religiões humanas colocam o amor como condição para se receber a salvação. A caridade do homem religioso pode parecer piedade, mas é interesseira. Ele ama o próximo porque acredita que isso irá contar pontos em sua salvação.

A Lei dada a Moisés dizia “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Jesus, porém, diz aos que já são salvos: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:43-44). Para quê? Para ser salvo? Não, mas por já ter sido salvo e não ter sido tratado por Deus com o rigor que merecia. Ao crer em Jesus você recebe o que não merecia: a salvação. E fica livre de receber o que merecia: a condenação eterna.

Se você acha que amor é aquilo que você vê nos filmes e romances, é melhor ficar atento ao que irá aprender nos próximos 3 minutos.

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Amor

João 13:35

O amor é tão antigo quanto o próprio Deus — é eterno, sempre existiu e sempre existirá. O amor faz parte da essência de Deus. O apóstolo João afirma em sua primeira carta que “Deus é amor” (1 Jo 4:8). Mas como o amor podia existir antes de todas as coisas? Como Deus podia amar quando ainda não existia alguém para ser amado?

É aí que entra a Trindade, uma palavra usada para explicar que Deus é um, porém em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Esse um só Deus em três Pessoas pode ser claramente visto desde o livro de Gênesis. Ali Deus é chamado de Elohim, palavra hebraica plural, e ao criar Adão, Deus fala no plural: “Façamos o homem” (Gn 1:26).

Em João 17, Jesus, o Filho, diz ao Pai: “Me amaste antes da criação do mundo” (Jo 17:24). Esse amor já era exercitado no seio da Trindade quando não existia nem tempo, nem matéria. Na Bíblia você encontra expressões como “o próprio Pai os ama” (Jo 16:27), “Cristo amou a igreja” (Ef 5:25) e “Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” (Rm 5:5).

Além disso, por ser onisciente e onipresente no tempo e no espaço, Deus pode amar você antes de você existir. Se você perguntar quando foi que Deus começou a amar você, a resposta correta é “nunca”. Ele nunca começou a amar, porque sempre amou. Por não existir uma palavra para expressar a magnitude desse amor, João diz que “Deus tanto amou o mundo” (Jo 3:16). O mundo são as pessoas, e as expressões “tanto” ou “de tal maneira” são usadas por ser impossível quantificar esse amor.

Portanto, a menos que você creia em Jesus como seu Salvador, jamais irá entender o real significado de um amor que não tem começo e nem fim, porque é eterno. A primeira carta de João diz que nós amamos a Deus “porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19). Como você pode dizer que ama a Deus se ainda não experimentou esse amor crendo em Jesus?

Ao falar desse amor, João diz que “o amor procede de Deus” e “aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4:7). Isto equivale dizer que se você ainda não nasceu de novo — se ainda não nasceu de Deus — só poderá amar com as diferentes formas de amor natural, como o de mãe, o fraterno ou o erótico. Jamais saberá o que é amar com o amor que é derramado pelo Espírito Santo nos corações daqueles nos quais ele habita.

E João vai além, ao escrever que “quem não ama [com esse amor de Deus] não conhece a Deus” (1 Jo 4:7). Quando você nasce de novo e é salvo por Jesus, passa a desfrutar dos benefícios desse amor, como por exemplo, a segurança eterna. Mas digamos que mesmo depois de convertido você ainda tenha medo de ser condenado. A Bíblia diz que “no amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1 Jo 4:18).

Nos próximos 3 minutos Jesus joga um balde de água fria na autoconfiança de Pedro.

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Autoconfiança

João 13:36-38

No final do capítulo 13 do Evangelho de João vemos Jesus jogar um balde de água fria na autoconfiança de Pedro, que dizia ser capaz de fazer e acontecer para permanecer ao lado de Jesus. Confiar em si mesmo é dar rédea solta ao pecado, que é a independência de Deus.

Após revelar aos seus discípulos que iria partir e que eles não poderiam segui-lo naquele momento, Pedro retruca: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Darei a minha vida por ti” (Jo 13:37). Pobre Pedro, teimoso como uma mula e nem um pouco diferente de cada um de nós. A resposta de Jesus revela a estupidez dessa demonstração de autoconfiança: “Você dará a vida por mim? Asseguro-lhe que, antes que o galo cante, você me negará três vezes” (Jo 13:38).

Deus nos criou para sermos dependentes dele. Adão poderia ter vivido para sempre com um Deus pronto a suprir todas as suas necessidades. Mesmo assim ele quis ser “como Deus” (Gn 3:5); quis ser dono do seu próprio nariz, independente de seu Criador. O pecado de Adão, esse princípio de independência, autoconfiança e insubordinação, está arraigado na alma de todo ser humano, inclusive eu e você.

A sabedoria humana diz: “Confie em si mesmo”. Mas Deus diz: “Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força” (Jr 17:5). Seus amigos aconselham: “Siga o seu coração”, mas Deus alerta: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável” (Jr 17:9). Deus desdenha do desejo de independência daqueles que querem ser donos do próprio nariz: “Não sejam como o cavalo ou o burro, que não têm entendimento mas precisam ser controlados com freios e rédeas”(Sl 32:9). No mesmo Salmo Deus diz que deseja ensinar a você o caminho que deve trilhar, e bastará um olhar dele para você entender.

Enquanto isso, a religião do homem continuará insistindo que você deve fazer mundos e fundos para Deus, quando é ele quem deseja fazer tudo por você. Ou melhor, quem já fez o mais difícil: entregar seu Filho para morrer pelos pecados que você cometeu. O instinto de Pedro de querer fazer sua autoconfiança parecer devoção, não passa de uma tentativa de satisfazer o próprio ego, como fez o rei Saul no Antigo Testamento.

Ao invés de destruir completamente o rebanho que tinha sido capturado do inimigo, conforme Deus tinha ordenado, Saul alegou que havia poupado o melhor do rebanho para oferecer de sacrifício a Deus. A resposta que recebeu de Deus, através do profeta Samuel, foi:

Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria” (1 Sm 15:22-23).

Nos próximos 3 minutos Jesus revela a bendita esperança dos que já se converteram.

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Uma reserva assegurada

João 14:1-2

Jesus revela a maravilhosa perspectiva que têm todos os que creem nele como Salvador. Enquanto a religião do homem coloca pesados fardos sobre seus seguidores e nunca lhes dá a certeza de coisa alguma, o evangelho indica claramente que a salvação vem pela fé em Jesus. Por isso, antes de falar do futuro eterno e seguro para os que creem nele, Jesus começa falando de fé:

Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar” (Jo 14:1).

Primeiro Jesus afirma que, se você crê nele pode viver tranquilo e confiante, sem medo de ter uma surpresa desagradável quando partir desta vida. Por isso preste muita atenção: Se você escutou um evangelho condicional, você não escutou o evangelho, cujo significado é “boas novas” ou “boa notícia”.

O que é um evangelho condicional? É aquele que coloca condições para você ser salvo. É um evangelho que diz que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para salvar você, e portanto não basta crer em Jesus e em sua obra na cruz. É um evangelho cheio de “se”, do tipo se você perseverar”, “se você for à igreja”, “se você der o dízimo”, “se você fizer isso…”, “se você fizer aquilo…”.

Ora, como alguém poderia chamar algo assim de “boa notícia”? Sei muito bem que sou um pecador perdido — que sou zero à esquerda aos olhos de Deus —, portanto como Deus iria esperar que eu fizesse alguma coisa para ser salvo? Como você poderia ter a certeza de todos os seus pecados pagos e do perdão completo de Deus, se, no momento de sua conversão, você recebesse uma lista de coisas que ainda faltaria fazer? Como Jesus poderia ter morrido gritando “ESTÁ CONSUMADO” ou “ESTÁ TERMINADO” se ainda restasse alguma coisa para você terminar?

Veja a ordem das coisas na passagem que citei: primeiro, não se perturbe o seu coração, simplesmente creia em Deus e em Jesus. Segundo, Jesus já foi preparar um aposento para você na casa do Pai no céu. E ele nos dá certeza disso ao afirmar: “Se não fosse assim, eu lhes teria dito” (Jo 14:2). Bendita provisão! Jesus passou pela morte e ressurreição para preparar um lugar para você no céu!

Se o céu fosse um hotel cinco estrelas, a sua fé em Jesus seria a sua reserva, o sangue derramado na cruz a sua chave para entrar lá, e o Espírito Santo, que você recebeu no momento em que creu, a confirmação da reserva. O que falta agora? Aguardar o traslado até lá e fazer o check-in. Mas que traslado é esse? Posso lhe adiantar que será via aérea, mas vamos deixar isso para os próximos 3 minutos.

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O que você espera?

João 14:3

Depois de Jesus garantir aos seus discípulos que não deviam viver temerosos, pois ele iria preparar um aposento para eles no céu, ele revela o que deveriam esperar: “E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (Jo 14:3). Portanto, se você já creu em Jesus, é por ele que deve esperar, e não pelo anticristo ou por alguma catástrofe mundial.

Sua promessa de nos levar para estar com ele é o arrebatamento da Igreja — é diferente da vinda ou manifestação de Cristo para julgar o mundo, salvar Israel e iniciar o seu reino de mil anos. No arrebatamento Jesus vem para tirar os salvos do mundo (1 Ts 4:17); em sua vinda ele vem “com todos os seus santos” (1 Ts 3:13) arrebatados cerca de sete anos antes. O arrebatamento é num “abrir e fechar de olhos” (1 Co 15:52), ou seja, rápido demais para ser visto; em sua vinda “todo olho o verá” (Ap 1:7).

No arrebatamento ele vem buscar a Igreja; na sua vinda vem libertar Israel. No arrebatamento de seu povo celestial o encontro ocorre “nas nuvens… nos ares “(1 Ts 4:17); em sua vinda para Israel, o seu povo terreno, ele coloca os pés na terra, no Monte das Oliveiras (Zc 14:4). No arrebatamento é o próprio Jesus quem reúne os seus; em sua vinda ele envia os anjos para reunirem os eleitos de Israel (Mt 13:27).

No arrebatamento ele tira os crentes do mundo e deixa os ímpios; em sua vinda ele tira os ímpios do mundo para serem julgados (Mt 24:40-41) e deixa aqui os que se converteram depois do arrebatamento, para participarem do seu reino de mil anos (Mt 25:34). No arrebatamento ele vem para libertar os seus “da ira que há de vir” (1 Ts 1:10); em sua vinda ele vem derramar sua ira (Ap 6:17). No arrebatamento ele vem como Noivo para buscar sua noiva, a Igreja; em sua vinda, ele vem como o Filho do Homem para julgar os que o rejeitaram.

No arrebatamento ele vem como a “Estrela da Manhã” (2 Pe 1:19), que desponta pouco antes de raiar o dia, quando mundo ainda está em trevas; em sua vinda, ele vem como o “Sol da Justiça” (Ml 4:2), que é o próprio raiar do dia. No arrebatamento ele vem de surpresa, sem aviso; sua vinda, porém, é precedida de muitos sinais, guerras e catástrofes.

Muitos cristãos hoje vivem na expectativa da vinda do anticristo e da grande tribulação, mas estes eventos somente ocorrerão depois do arrebatamento e antes da vinda de Cristo para reinar. Não havia nada que precisasse acontecer para Jesus cumprir sua promessa de nos levar para si. O próprio Paulo já esperava pelo arrebatamento em seus dias, e se incluía nele ao dizer “[nós] os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares” (1 Ts 4:17).

E você, está esperando por Jesus ou pelos acontecimentos que antecederão sua vinda para Israel? Seria muito estranho sermos arrebatados neste exato momento pelo Senhor Jesus e você ser pego de surpresa, por achar que o anticristo iria chegar primeiro.

Nos próximos 3 minutos Jesus revela o caminho para o céu.

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O caminho

João 14:4-6

Há dois mil anos o Império Romano dominava todo o Oriente Médio e parte da Europa, Ásia e Norte da África. Os romanos construíram uma rede de estradas que permitiam que suas tropas se deslocassem rapidamente para qualquer ponto do Império. Se alguém perguntasse como ir a Roma, a resposta seria: “Não se preocupe, escolha qualquer caminho porque todos os caminhos levam a Roma”. Mas e se alguém quisesse ir para o céu, será que podia escolher qualquer caminho?

Pouco antes de sua morte e ressurreição, Jesus diz aos discípulos: “Vocês conhecem o caminho para onde vou” (Jo 14:4). Tomé não entende. “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” (Jo 14:5). Bem, hoje sabemos para onde Jesus foi depois de morrer e ressuscitar: ele foi para o céu. Portanto a primeira parte da dúvida de Tomé já foi resolvida. Falta resolver a segunda parte, que ainda é a dúvida de muitas pessoas: Qual é o caminho para o céu?

Assim como fizeram com Roma, os homens inventaram muitas estradas para o céu. Algumas são esburacadas, pois há quem pense que você só chega lá sofrendo muito aqui. Outras só têm o traçado, ficando por sua conta as obras que pavimentarão sua estrada. Há o caminho da reencarnação, mas nele você sempre volta ao ponto de partida, às vezes com um carro pior se não dirigiu direito da vez anterior. Existem ainda os caminhos cheios de pedágios, para sustentar os pregadores que os criaram.

Será que me esqueci de algum caminho criado pelo homem? Com certeza. Eles são tantos que eu não conseguiria contar, mas nenhum deles garante o destino. Quer uma dica? Quando você é convidado para ir à casa de alguém, quem é a pessoa mais confiável para lhe indicar o caminho? Quem mora lá. Então vamos perguntar a Jesus qual é o caminho para o céu. Ele responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14:6)

Simples e direto. O caminho não é uma religião, não é uma igreja, não é uma filosofia, não é uma doutrina, não é o sofrimento, não são as boas obras, não é a guarda da Lei de Moisés, não são as ordenanças como o batismo ou a ceia do Senhor, e nem tampouco dízimos, ofertas ou contribuições. O caminho é uma Pessoa; o caminho é Jesus. Se você está em Jesus, você está no caminho, e o único acesso a este caminho é pela fé em Jesus e na única obra que foi necessária para pavimentar essa estrada: a morte e ressurreição do Filho de Deus.

Antes que alguém pergunte que mal há tomar algum outro caminho, Jesus responde: “Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. Se você considerar a resposta de Jesus pouco democrática para alguém moderno e esclarecido como você, fique à vontade. Escolha qualquer caminho que preferir ou achar mais adequado ao seu estilo. Você certamente chegará em Roma.

Nos próximos 3 minutos Jesus revela o Pai.

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O Pai

João 14:7-9

Se você usa óculos, já deve ter procurado por eles sem perceber que estavam bem no seu nariz. É o caso aqui, quando Filipe pede a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai” (Jo 14:6). Ele certamente se esqueceu do que Jesus dissera algum tempo antes: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30). Hoje todo cristão genuíno sabe que existe um só Deus em três Pessoas distintas — Pai, Filho e Espírito Santo — e que Jesus “é a imagem do Deus invisível” (Cl 1:15).

Você certamente conhece expressões do tipo “é a cara do pai” ou “tal pai, tal filho”. Também já deve ter identificado o filho de um amigo apenas pelo seu modo de ser. Mesmo que não fossem fisicamente idênticos, o modo de falar, olhar, andar e agir revela o parentesco. As palavras de Jesus a Filipe têm um tom de repreensão: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’” (Jo 14:9).

Para nós hoje, falar de Deus como Pai pode parecer banal, mas naquela época jamais passaria pela cabeça de um judeu tratar o Criador com tamanha intimidade. Hoje costumamos usar expressões do tipo “eu também sou filho de Deus”, embora isto só seja biblicamente verdadeiro para aqueles que nasceram de novo pela fé em Jesus. Para os demais, Deus continua sendo só o seu Criador.

No Antigo Testamento você encontra oito vezes Deus sendo chamado de “Pai”, e mesmo assim apenas no sentido de Criador ou chefe do povo de Israel. No Novo Testamento o termo aparece 272 vezes com um sentido de intimidade que os judeus consideravam desrespeitosa e até blasfema. Às vezes Jesus utiliza a palavra “Aba”, a mesma forma que era utilizada pelas crianças, algo como “Papai” hoje.

Filipe quer ver o Pai, ter um relacionamento íntimo com Deus, sem perceber que o Homem de carne e ossos que está bem em sua frente é um com o Pai. Na carta aos Hebreus, Jesus é descrito como “a expressão exata” de Deus (Hb 1:3). Conhecer a Jesus é conhecer o Pai. Filipe tinha passado três anos com Jesus sem perceber que Jesus e o Pai são um único e mesmo Deus. E você, o quanto você conhece de Jesus?

Mas veja que interessante a segunda parte da pergunta de Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14:8). Eu e você já fizemos algum pedido do tipo “Senhor, faça tal coisa, porque isso é tudo o que eu quero”. Ali está um homem que tem a companhia de Jesus o tempo todo e ainda acha que só será feliz se tiver algo mais. Não são poucas as vezes em que eu me encontro insatisfeito por achar que existe algo mais que Jesus possa me dar ou revelar.

Mas que insatisfação boba é essa! Se você já viu a Jesus com os olhos da fé, você viu o Pai. Se você tem o Filho de Deus, você tem o Pai! A questão é saber se você já nasceu de novo para poder chamar a Deus de “Pai” e viver satisfeito, como o salmista que diz: “A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti” (Sl 73:25).

Nos próximos 3 minutos, será que você acredita em Jesus?

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Crer ou ver?

João 14:10-11

Há duas maneiras de você crer no que alguém diz: acreditando na pessoa ou esperando que ela prove que diz a verdade. Se alguém diz que ama você, como você reage? Aceita a sua palavra, ou responde: “Ok, então prove!”. Jesus diz: “Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim” (Jo 14:11). Pelo jeito os discípulos ainda estavam desconfiados, pois Jesus acrescenta: “Pelo menos creiam por causa das mesmas obras” (Jo 14:11).

Há quem só acredite na Palavra de Jesus se enxergar ou sentir algo. A Bíblia descreve muitos milagres feitos por Jesus, mas será que eles já não são suficientes para você? Os milagres que Jesus fazia tinham um objetivo muito claro: mostrar que ele estava no Pai e era Deus agindo ali. Aos cristãos de Corinto Paulo diz: “Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Co 1:22-23).

Os judeus queriam ver; os gentios, entender. Em Cristo crucificado encontramos as duas coisas — o poder de Deus e a sabedoria de Deus — mas de um modo que é loucura para a mente carnal. O evangelho — a boa notícia de Jesus morto por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação — é o “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego” (Rm 1:16).

Na mesma carta Paulo fala que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10:17). Então por que você ainda espera ver algo? Esperar por algum milagre é o mesmo que você dizer a Jesus: “Você me ama? Ok, então prove!”. Mas que prova de amor você está esperando? Que ele morra outra vez por você? Que suba vivo ao céu diante de seus olhos?

Hoje muitos correm atrás de visões, sinais e milagres, como se fossem esteroides da fé, sem os quais se sentem fracos. Ao colocar seu foco nos milagres de Deus, ao invés de colocá-lo no Deus dos milagres, você fica vulnerável ao engano. Satanás é capaz de imitar muitos dos sinais e milagres que você encontra na Bíblia.

O problema é que, quando a mente carnal vê um milagre, mesmo que autêntico, ela tira conclusões também carnais. No livro de Atos, quando Paulo foi curado milagrosamente da picada de uma víbora, as pessoas do lugar o consideraram um deus. Quando ele curou um homem, foi chamado de Mercúrio, e seu companheiro Barnabé de Júpiter. O sacerdote local trouxe touros para sacrificar em homenagem a eles.

Quantas pessoas você conhece que mergulham no erro quando veem algum milagre? Pessoas que passam a seguir cegamente um líder religioso, fazem orações a alguma imagem, penduram objetos no pescoço, acreditando existir neles poder para protegê-las… Se você ficar correndo atrás de sinais e milagres, acabará deixando de se ocupar com aquele que deveria ser o foco da sua atenção: Jesus.

Nos próximos 3 minutos você poderá fazer obras maiores do que as que Jesus fez.

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Obras maiores

João 14:12

Jesus diz aos discípulos: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai” (Jo 14:12). Enquanto estava aqui, Jesus curou pessoas que depois adoeceram, multiplicou pães para pessoas que voltaram a ter fome, e ressuscitou mortos que mais tarde morreram. No livro de Atos vemos os discípulos fazendo as obras semelhantes, conforme Jesus prometera. Mas e as obras maiores?

Sem diminuir a importância dos milagres de Jesus e dos discípulos, que tinham o objetivo de demonstrar o poder de Deus sobre o mundo material, dá para perceber que seus benefícios eram temporários? Saúde, alimento e ressurreição que só duravam uma vida. Lázaro morreu depois. No entanto, a obra iniciada pelo Espírito Santo através dos apóstolos, e continuada pelos cristãos que até hoje levam o evangelho, tem curado a alma, alimentado o espírito e destinado milhões de pessoas à ressurreição eterna.

Nem a transformação de água em vinho, a multiplicação dos pães ou a caminhada de Jesus sobre as águas, têm tamanha magnitude. Principalmente quando entendemos que a salvação de uma alma é consequência direta da maior obra de todos os tempos, a morte de Cristo na cruz e sua ressurreição, algo que ainda não tinha ocorrido quando ele disse estas palavras aos discípulos.

As maiores obras são as obras que duram eternamente. Costumamos valorizar as obras materiais e temporais, porque vivemos limitados no espaço e tempo, e nunca vimos o mundo espiritual. Para entender o que Jesus disse, é preciso ter uma “régua” eterna; medir as coisas que não terão fim. O que é mais importante, uma pessoa curada de câncer ou salva eternamente? Um aleijado que passa a andar ou um ressuscitado capaz de voar? Um cego que consegue ver TV um ou pecador salvo, capaz de ver a face de Cristo?

Em 2 Coríntios 4:18 Paulo escreve: “Fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”. É ótimo que você ore pela cura, manutenção e bem estar de alguém, mas nada disso fará sentido se essa pessoa se perder eternamente.

No dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu ao mundo para habitar na igreja e em cada cristão individualmente. É por intermédio dele que o cristão conduz um pecador à salvação eterna — uma obra infinitamente maior do que qualquer milagre físico e transitório.

Nos próximos três minutos você aprenderá como receber tudo o que pedir em oração.

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Tudo o que pedirmos

João 14:13, 14

Neste capítulo 14 do Evangelho de João, Jesus promete: “E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei” (Jo 14:13-14). Depois de ler esta passagem você irá pensar que o cristão pode até pedir o carro do ano, e Deus lhe dará. Não é bem assim.

Deus responde a todas as orações feitas em nome de Jesus, mas para muitas delas a resposta de Deus é “não”. Orar em nome de Jesus não é usar seu nome como se fosse uma palavra mágica que abre portas, como o “Abracadabra!”, de Aladim, o “Shazam!”, do Capitão Marvel, ou “Eu tenho a força!”, do He-Man. Pedir algo em nome de Jesus é pedir com a autoridade que ele concedeu aos que creem nele.

Quando você dá uma procuração a alguém, está capacitando essa pessoa a fazer determinadas coisas em seu nome. Mas uma procuração estabelece limites, e os limites são sempre aqueles determinados pela vontade de quem deu a procuração. A pessoa que tem a procuração não pode simplesmente sair por aí fazendo o que bem entender em seu nome. Do mesmo modo, o crente em Jesus não deve usar o nome dele, a menos que tenha certeza de estar fazendo aquilo que é da vontade do Senhor.

João 15:7 explica que a oração eficaz vai sempre depender de uma comunhão eficaz. Ali Jesus diz: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido”. A chave para esse “o que quiserem” está em 1 João 5:14: “Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve”. Percebeu a ordem das coisas? Primeiro, devemos estar em Cristo e a sua Palavra estar em nós. Segundo, precisamos pedir de acordo com a sua vontade.

Você pode amar muito seu filho, mas não dará a ele tudo o que ele pedir, pois a criança nem sempre sabe o que quer. Porém um filho que tem uma comunhão íntima com seu pai — que conhece seus pensamentos, que observa seu modo de agir e as coisas que seu pai gosta ou não — saberá pedir aquilo que é segundo a vontade de seu pai.

Mas como podemos conhecer a vontade de Deus? Vivendo tão próximo dele que Deus terá prazer em mostrá-la para nós. Além disso, andando na proximidade de Deus, não perderemos uma palavra sequer das coisas que ele quiser nos falar. Se estivermos no Senhor — e isto significa comunhão — e a Sua Palavra estiver em nós — e isto é familiaridade com sua Palavra ao ponto de ela impregnar nossos pensamentos — então saberemos pedir aquilo que ele também deseja nos dar. Então literalmente TUDO o que pedirmos nos será feito.

Nos próximos 3 minutos, saiba se você tem o comprovante da sua salvação eterna.

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A garantia da salvação

João 14:15-17

Você deve estar lembrado de que, neste capítulo, Jesus ficou apenas com seus discípulos após a saída de Judas. Portanto, as coisas que ele diz aqui são reservadas àqueles que verdadeiramente creem nele. Elas não farão sentido para você, se ainda não se converteu a Cristo.

Jesus diz: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (Jo 14:15-17).

Não falta muito para Jesus ser traído, preso e entregue à morte. Os discípulos ficarão muito tristes, mas o que Jesus pede não é choro e nem vela. Ele pede obediência aos seus mandamentos, os quais estão nos evangelhos e também nas epístolas que o Espírito Santo inspirou seus apóstolos a escreverem. Estas são suas instruções antes da partida.

Ao sair deste mundo, Jesus rogará ao Pai que envie o Espírito Santo para consolar os que creram nele. Repare nestas palavras: “para estar com vocês para sempre”. Não há qualquer possibilidade de você receber o Espírito Santo de Deus e depois perdê-lo. É para sempre.

Esse Espírito é também o Espírito de verdade, ou seja, ele jamais poderá estar associado ao erro. Se você aprender coisas que não pode encontrar na Palavra de Deus, saiba que elas não vêm do Espírito Santo de Deus. O mundo não pode receber esse Espírito, porque é um privilégio apenas dos verdadeiros crentes em Jesus.

Assim como acontecia com os discípulos no momento em que Jesus falava, e também com os crentes que viveram no período anterior à Igreja, o Espírito habitava com eles, mas ainda não estava neles. A vinda do Espírito Santo para habitar nos crentes individualmente, e na Igreja coletivamente, é vista no capítulo 2 do livro de Atos, quando foi formada a Igreja, que é o corpo de Cristo.

Mas o que é preciso para o Espírito Santo habitar em você, e quando isso acontece? O apóstolo Paulo responde em Efésios 1:13: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa”. A ordem é esta: você ouve o evangelho, crê nele e recebe o Espírito Santo. Não é uma questão de sentir, mas de crer.

A passagem continua dizendo que o Espírito Santo “é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória” (Ef 1:14). Penhor é o mesmo que comprovante ou garantia, e sem esse comprovante você não está salvo. Sem o Espírito Santo você nem mesmo pode afirmar que é de Jesus, pois em Romanos 8:9 diz que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo”.

Nos próximos 3 minutos Jesus mostra o que o cristão deve esperar.

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Porque Ele vive

João 14:18-20

Jesus promete aos discípulos que não os deixará órfãos, mas voltará para eles. Essa promessa se cumpriria com sua ressurreição, e também com a vinda do Espírito Santo para habitar neles, e mais tarde também no arrebatamento, que é a volta de Jesus para buscar a sua igreja.

Ele diz: “Dentro de pouco tempo o mundo já não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14:19). Em breve os que o rejeitaram não seriam capazes de enxergá-lo. Nenhum incrédulo viu a Jesus depois de sepultado e ressuscitado, e nenhum incrédulo o verá quando os seus forem arrebatados “nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares”.

Depois “ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram” (Ap 1:7). Mas aí os que morreram em seus pecados irão preferir não tê-lo visto. Eles receberão a condenação eterna no lago de fogo, originalmente “preparado para o diabo e os seus anjos” (Mt 25:42) e não para o homem. Mas o homem incrédulo será lançado lá. Todo aquele que rejeita o Filho de Deus em vida, para salvação, dobrará os joelhos diante dele na morte, para a condenação.

Para aquele que crê, Jesus assegura: “Porque eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14:19). O crente contempla com os olhos da fé um Jesus vivo e glorioso, não um Jesus morto em um crucifixo. A cruz foi o instrumento de condenação do Salvador. Para um cristão, curvar-se diante de uma réplica da cruz é o mesmo que os amigos de Tiradentes venerarem uma forca, ou os súditos de Maria Antonieta uma guilhotina. Jesus não está na cruz.

Porque ele vive, você também tem vida eterna ao crer nele. A segurança do crente está no fato de Jesus ter morrido e ressuscitado. Ele morreu para tirar o pecado do mundo e pagar pelos pecados dos que creem nele, e ressuscitou para justificá-los. Se permanecesse na morte não haveria esperança para o homem. A esperança está em sabermos que agora há um Homem no céu, de carne e ossos : Jesus glorificado.

Jesus promete aos discípulos: “Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” (Jo 14:20). Talvez isto seja uma referência à descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, quando foi formada a igreja e o Espírito veio habitar nela e em cada crente. A partir de então todo aquele que crê em Jesus recebe o Espírito e é acrescentado pelo Senhor à igreja, que é o seu corpo. Ninguém se faz membro dela: é o próprio Jesus quem acrescenta os membros ao seu corpo.

Ao crer em Jesus, você passa a ser habitado pelo Espírito Santo, que lhe dá a capacidade de conhecer as coisas de Deus. Como membro da igreja, que é o corpo de Cristo, você fica ligado a Ele, que é a cabeça do corpo. E como Jesus está no Pai, a conexão que você tem com Deus é direta e garantida pela obra consumada de Jesus e pelo poder que há em seu nome.

Jesus certamente ama você, mas como saber se você realmente ama Jesus? Veja nos próximos 3 minutos.

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Um tipo especial de amor

João 14:21

No versículo 21 do capítulo 14 de João, Jesus diz: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele”. Ora, se Jesus nos amou tanto, ao ponto de dar sua vida por nós, de que amor ele está falando agora? Só pode ser algum tipo especial de amor.

Ao nascer de novo você passa a fazer parte da família de Deus e ganha o privilégio de chamá-lo de Pai. Numa grande família um pai ama a todos os seus filhos de igual modo, porém tem maior prazer no filho obediente. Um genuíno filho de Deus expressa o seu amor pelo Pai guardando os mandamentos de Jesus, e desfruta assim desse tipo especial de amor que é mencionado aqui.

Mas quais seriam esses mandamentos de Jesus? Não creio que sejam especificamente os dez mandamentos ou a Lei que você encontra no Antigo Testamento. O apóstolo Paulo, antes de se converter, tinha muito zelo pela Lei, mas não nutria qualquer amor por Jesus ou seus discípulos. Portanto, guardar a Lei não é exatamente a mesma coisa que guardar os mandamentos de Jesus.

Nos quatro evangelhos há vários mandamentos de Jesus. Um exemplo? Em Mateus diz “brilhe a luz de vocês diante dos homens”, “não resistam ao perverso”, “dê a quem lhe pede”, “amem os seus inimigos”, “sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”(Mt 5:16-48)…

Nas epístolas também há mandamentos de Jesus dados por intermédio dos apóstolos para cada crente, individualmente, e para a igreja coletivamente. Em Romanos 12 você encontra: “Não se amoldem ao padrão deste mundo”, “Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração”… E quando o assunto são os mandamentos de Jesus para a igreja, um exemplo é o capítulo 14 de 1 Coríntios, que termina com o apóstolo Paulo dizendo: “Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1 Co 14:37).

Quando você se converte a Cristo, passa a ter um relacionamento com ele que não é regido por uma lista de regras, mas por amor, respeito e… imitação! Isso mesmo. Ao invés de perguntar “O que eu posso e o que não posso fazer?”, sua pergunta deveria ser “Como o Senhor Jesus faria?” Quanto mais você conhecê-lo, quanto mais ler a sua Palavra e ter comunhão com ele, melhor você entenderá o que lhe agrada.

É por isso que Paulo, em Efésios 5:1-2, exorta os que creem em Cristo a serem “imitadores de Deus, como filhos amados” e a viverem “em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus”. E o apóstolo João diz: “Aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (1 Jo 2:6).

Nos próximos 3 minutos, o que acontece quando Deus vem morar em você.

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Morada de Deus

João 14:22-26

Um dos discípulos, Judas (não o traidor), não entende como é que Jesus iria se manifestar a eles e não ao mundo. Provavelmente Judas esteja pensando na manifestação gloriosa do Messias, o Cristo, vindo para reinar. Ele não percebe que Jesus está falando de uma manifestação que não é pública, mas de intimidade para com aqueles que são seus.

Jesus responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou” (Jo 14:23). Simples assim. Se você duvida da Palavra de Deus, não ama a Jesus.

Ele promete que cada discípulo seria uma habitação de Deus em Espírito: “Nós viremos a ele e faremos nele morada”. Por que ele fala no plural? Porque ao crer em Cristo, tanto o Pai como o Filho fazem do crente a sua morada através do Espírito Santo. O Espírito Santo vem habitar em você, mas é Deus na sua totalidade, ou toda a Trindade, que está envolvida nessa operação.

Aqueles discípulos só iriam receber este privilégio alguns dias depois, quando fosse formada a igreja no dia de Pentecostes e o Espírito Santo descesse sobre eles. Ele viria habitar na igreja coletivamente, e em cada crente individualmente. É por isso que qualquer recém-convertido nos dias de hoje conhece melhor o Salvador do que os discípulos de Jesus conheciam quando andavam com ele aqui, antes do dia de Pentecostes.

No período dos evangelhos, os discípulos não tinham o Espírito Santo habitando neles. Eles eram como qualquer crente do Antigo Testamento. O Espírito de Deus estava com eles, mas não neles. Em 1 Coríntios 2:11 Paulo explica assim: “Quem dentre os homens conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus”.

Vou dar um exemplo: o seu espírito humano é a sua parte mais íntima, que conhece você perfeitamente. Se eu quisesse conhecer realmente como você é, o que pensa, do que gosta, eu precisaria transplantar o seu espírito em mim. Aí eu entenderia você. É o que Deus faz, quando o Espírito dele vem habitar em você ao crer em Jesus. Você passa a entender realmente como Deus é, o que pensa, do que gosta…

Percebeu agora por que quando você fala do evangelho a um incrédulo isso para ele soa como loucura? Sem a nova vida que vem de Deus e o recebimento do Espírito Santo, é impossível alguém compreender as coisas de Deus. E Jesus continua mostrando aos apóstolos como eles seriam capazes de escrever os evangelhos tantos anos depois, ao dizer: “O Espírito Santo… lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse” (Jo 14:26).

Nos próximos 3 minutos, Jesus fala de um tipo diferente de paz.

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Uma paz diferente

João 14:27-31

Quando Jesus morreu, deixou poucas coisas materiais. O seu espólio não passava de algumas peças de roupa que acabaram sendo sorteadas entre os soldados que o crucificaram. Ele também não deixou qualquer coisa escrita de próprio punho, e tudo o que sabemos sobre ele e das coisas que falou é aquilo que seus discípulos nos legaram.

Antes de morrer, porém, Jesus deixou em seu testamento algo inigualável, e é disso que fala o versículo 27 do capítulo 14 de João: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou”. De que paz ele está falando? Daquela que não temos por natureza, porque se a tivéssemos ele não precisaria ter vindo ao mundo morrer por nós.

Quando está prestes a morrer, Jesus aponta para uma das consequências de seu sacrifício: a paz. O seu sacrifício seria o único meio de Deus fazer as pazes com o homem. Uma pessoa que crê em Jesus, que aceita para si tudo o que o seu sacrifício significa, tem paz com Deus. Trata-se de uma paz eterna e permanente que nada ou ninguém poderá tirar.

Como você se sentiria se acabasse de receber a notícia de que um câncer foi curado? Ou que uma dívida impagável foi anistiada? Ou que sua pena, caso fosse um criminoso, tivesse sido anulada? Você teria paz com respeito a essas coisas, uma sensação de alívio que o levaria a suspirar e sorrir. Você teria trocado um futuro sombrio por um futuro brilhante. Seria essa a sensação de paz que invadiria seu coração.

E se Deus disser que seus pecados estão todos perdoados; que você vai viver eternamente em um corpo imortal e incorruptível; que tem para si um lugar reservado na glória dos céus, como você se sentiria? “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou”. Este é o legado de Jesus para aqueles que creem nele. Não um alívio passageiro de um problema de saúde, financeiro ou legal, mas uma paz eterna e consolidada por Jesus por meio de sua morte e ressurreição.

Eu e você herdamos o pecado de Adão e nem sequer podemos alegar que não tínhamos nada a ver com o que aconteceu no jardim do Éden. É só ver quantas vezes pecamos para entendermos que estamos constantemente fazendo uso dessa herança. Agora Cristo oferece outra herança, o perdão completo de seus pecados e a paz que excede todo entendimento. “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo” (Jo 14:27).

Sim, o mundo também oferece uma paz, mas ela é como as poucas peças de roupa que os soldados tiraram de Jesus e logo estariam podres. A paz que o mundo oferece é uma satisfação efêmera na compra de uma roupa, do primeiro carro ou na conquista de um novo amor. Quantas vezes você quis desesperadamente algo, conseguiu, e depois perdeu o interesse?

Nos próximos 3 minutos, descubra como obter o máximo de seu relacionamento com Jesus.

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A videira verdadeira

João 15:1-6

O Salmo 80:8 diz: “Do Egito trouxeste uma videira; expulsaste as nações e a plantaste”. Atente para o fato de que uma vinha é plantada na terra. Então em Isaías 5:7 diz que “a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel”. É preciso ter isto em mente para entender o que Jesus diz neste capítulo 15 do Evangelho de João. O que ele diz?

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15:1). Israel falhou em seu papel de vinha ou testemunho de Deus para frutificar neste mundo. Deus então deixou Israel de lado e enviou o seu Filho ao mundo para ocupar esse lugar. Enquanto estava no mundo, Jesus era a videira verdadeira, o único capaz de dar fruto.

Aqui Jesus não fala de salvação, a qual não vem como recompensa por qualquer obra ou fruto de nossa parte. A salvação você só recebe de graça, pela fé em Jesus e em sua obra na cruz. Portanto o assunto aqui é a vida na terra, não no céu. Ele fala de fruto ou resultado, algo que só faz sentido enquanto estamos no mundo, não na glória.

Então ele segue falando: “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele [o Pai] corta” (Jo 15:2). Quem apenas professa estar em Cristo, mas não é verdadeiramente nascido de novo, obviamente não faz parte dessa videira. Nada mais lógico que tal ramo seja excluído. Ele avisa: “Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados” (Jo 15:6).

Após dizer que o ramo que não dá fruto é tirada, pois Deus só quer o fruto real de uma vida nova, Jesus explica que “todo [ramo] que dá fruto ele [o Pai] poda, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15:2). Quem já viu uma videira depois de podada se surpreende de como a planta fica despojada de folhas e ramos desnecessários. Tudo o que resta é o tronco principal e alguns galhos mais robustos. Desaparecem os ramos que não servem para nada e as folhas, que formam a beleza exterior da planta. Se isto não for feito, não haverá fruto naquela estação.

E como os ramos são limpos ou podados? Jesus responde: “Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado” (Jo 15:3). É pela leitura da Palavra de Deus que o cristão é mantido limpo das contaminações, aparências e futilidades desnecessárias. Mas não basta ler a Bíblia. É preciso estar em comunhão com a videira, da qual vem a seiva que dá vida aos ramos.

É o que Jesus diz aqui: “Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:4-5).

E já que estamos falando de “fruto”, que tal irmos até a carta de Paulo aos Gálatas para ver um pouco mais sobre o assunto? Nos próximos 3 minutos.

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Fruto

Gálatas 5:22

Muita gente lê o versículo 22 do capítulo 5 da carta aos Gálatas colocando um “s” na palavra “fruto”. Mas veja o que diz o texto: “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5:22-23). Percebeu que “fruto” é singular? A palavra aparece no singular também no capítulo 15 de João, quando Jesus diz: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15:5).

Na carta aos Gálatas, as palavras amor, gozo, paciência etc. são as qualidades do fruto do Espírito na vida daquele que crê em Jesus e está conectado à videira verdadeira. Talvez você diga que conhece muita gente amorosa, paciente, benigna, mansa e equilibrada que nunca creu em Jesus. Sim, algumas dessas qualidades podem ser encontradas naturalmente nos seres humanos e até nos animais.

Mas o assunto aqui não são as características naturais, e sim o fruto do Espírito de Deus, ou as nove facetas que compõem o caráter cristão. As três primeiras são interiores: amor, gozo e paz. Depois temos três exteriores, de nossa relação com as pessoas: paciência, benignidade e bondade. As três últimas, fé, mansidão e domínio próprio, falam de nossa relação com Deus. Junte tudo e você tem a expressão de como Jesus é.

Em Gálatas 2:20 Paulo revela como ele era capaz de dar esse fruto: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2:20). Percebe que a vida cristã não é uma lista de leis e regras, mas a expressão, em nós, daquilo que Cristo é em si mesmo?

Você pode ter características naturais, como amor, paciência ou mansidão, e até desenvolver mais uma do que outra, pois são independentes. Mas quando o assunto é o fruto do Espírito em nós, todas elas formam um conjunto harmônico, um fruto perfeito. Pense numa tangerina com gomos de diferentes tamanhos e você terá uma aberração, não um fruto perfeito. O fruto do Espírito no cristão traz todas essas qualidades em igual medida.

Perceba também que existe uma grande diferença entre um fruto artificial, de plástico e inerte, e um fruto natural, vivo e cheiroso. O primeiro é produzido numa fábrica pelo esforço humano. O outro cresce naturalmente, desde que esteja recebendo continuamente a seiva da árvore que o produz. Agora vai fazer muito mais sentido para você o que Jesus disse no capítulo 15 de João:

Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:4-5).

Nos próximos 3 minutos, tudo o que você quiser, Deus fará.

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Tudo o que você quiser

João 15:7

Jesus prometeu aos que são seus: “[Vocês] pedirão o que quiserem, e lhes será concedido”. Será que isso inclui prosperidade, sorte no amor e saúde para toda a vida? Não é bem assim. Vamos ler todo o versículo: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido” (Jo 15:7).

A primeira condição para você receber tudo o que quiser é estar em Cristo, como no exemplo da videira e das varas. Somente uma conexão direta com ele pode fazer você produzir fruto para Deus. Então você poderá dizer como Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2:20). Você já não viverá para si, mas para Deus.

Ao se converter você ficou sob nova direção, como explica a Palavra de Deus: “Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês” (1 Co 6:20). Portanto o seu corpo e o seu espírito passaram a ser propriedade exclusiva de Deus, que pagou por eles com o sangue de Jesus. Em seu vocabulário já não existe lugar para frases como “A vida é minha, eu faço o que quero”. Isso foi antes, quando você obedecia à carne e ao diabo.

Depois da primeira condição — “se vocês permanecerem em mim” — vem a segunda — “e as minhas palavras permanecerem em vocês”. Isto significa que você deve ler ou ouvir a Palavra de Deus até ficar encharcado com ela; até que seus pensamentos sejam formados por ela, e não mais pela sua mente natural, pela opinião pública ou por aquilo que aprendeu.

A Bíblia diz que “as más companhias — ou más conversações — corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). Parafraseando isso poderíamos dizer que as boas companhias ou boas conversações corrompem os maus costumes. Se as amizades e conversas dos ímpios são poderosas para fazerem você pensar e agir como um ímpio, a comunhão com Deus, a oração e o escutar a Palavra também têm o poder de fazerem você pensar e agir do jeito que Deus gosta.

Juntando tudo, se você estiver em Cristo e as palavras dele estiverem em você, tudo o que quiser Deus fará, pois você irá pedir segundo o pensamento de Deus. É como se Deus dissesse: “Ora veja que coincidência! Isto que você acaba de pedir é justamente o próximo item em minha lista de coisas para você!”. É a vontade de Deus, não a sua que prevalece.

Acho que já deu para entender o quanto estão errados esses pregadores que dizem para você pedir o que quiser e até desafiar a Deus, não é mesmo? Eles acham que Deus é como o gênio da lâmpada de Aladim, que vive só para satisfazer nossas vontades e caprichos. São esses que a carta aos Filipenses chama de “inimigos da cruz de Cristo. Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3:18-19).

Nos próximos 3 minutos Jesus explica quem são os discípulos.

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Discipulado

João 15:8

Jesus diz: “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos” (Jo 15:8). Fiz uma busca no Novo Testamento para ver quantos cristãos eu encontraria como discípulos de outros cristãos e não encontrei nenhum. Eles eram discípulos só de Jesus, e nenhum deles tinha discípulos, só Jesus.

Na cristandade hoje há muitos que buscam discípulos para si, e outros que se deixam transformar em discípulos de homens. Mas em Atos 20, depois de avisar os cristãos de Éfeso que os lobos não poupariam o rebanho, Paulo os alertou de que alguns tentariam arrebanhar discípulos para si. Veja o que ele disse:

Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos” (At 20:29-30).

O antídoto contra isso está no versículo 32 do mesmo capítulo 20 de Atos: “Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados” (At 20:32). Você só está seguro se sujeitar-se a Deus e à sua Palavra, e não sair por aí correndo atrás de novidades. A segunda carta a Timóteo ensina que nos últimos dias os homens “não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos” (2 Tm 4:3).

Em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo chama de carnalidade a tendência que temos de nos identificar segundo preferências humanas. Ele diz: “Cada um de vocês afirma: ‘Eu sou de Paulo’; ‘eu de Apolo’; ‘eu de Pedro’; e ‘eu de Cristo’. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo?… Pois quando alguém diz: ‘Eu sou de Paulo’, e outro: ‘Eu sou de Apolo’, não estão sendo carnais? Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer” (1 Co 1:11-13; 3:3-5).

Considerando que alguns se identificavam como sendo de Cristo, como se os outros não fossem, o ponto aqui são as divisões que esse tipo de atitude causa. Seguirmos a homens, ou nos identificarmos por nomes de homens ou denominações criadas por homens, é uma atitude carnal. O Senhor jamais identificou os seus discípulos como membros da religião A, B ou C, mas simplesmente como “irmãos” (Mt 23:8).

Quando no capítulo 6 deste evangelho muitos deixam de seguir o Senhor, após ele dizer que “a carne não produz nada que se aproveite” (Jo 6:63), Jesus pergunta aos discípulos se queriam fazer o mesmo. Pedro responde: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6: , 66-69). Se você foi salvo por Cristo, e não por um homem ou religião, não irá querer ser identificado por nomes que os homens inventaram.

Nos próximos 3 minutos conheça o amor que sempre esteve ali.

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Amor sem medida

João 15:9-13

Ninguém me ama!”. Acho que todos nós já sentimos isso em algum momento da vida, não é mesmo? Porém há quem adote isso como um lema, uma muleta para a vida inteira. São pessoas que vivem cantando a velha canção, cuja letra dizia: “Ninguém me ama, ninguém me quer; Ninguém me chama de meu amor. A vida passa, e eu sem ninguém, e quem me abraça não me quer bem”.

Ok, vamos supor que você, que tem tanto amor para dar, não encontrou alguém capaz de amar você. Será que você procurou direito? Como identificar alguém capaz de amar você com um amor sem medida? Jesus dá a dica no Evangelho de João, capítulo 15, versículo 13: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”. Quem realmente ama está disposto a abrir mão de tudo pela pessoa amada. Até da própria vida.

Está na hora de você conhecer o amor de Deus e a expressão máxima desse amor: Jesus. Ele não desceu do céu como um Avatar, para dar um exemplo de como você deve ser. Ele desceu para entregar sua vida numa cruz e tornar você apto para morar com ele no céu. É somente pelo sacrifício de Jesus, colocando-se no seu lugar de réu e recebendo a paga pelos pecados que você cometeu, que você pode ter agora todos os pecados perdoados e ser visto por Deus como uma nova criação.

Da próxima vez que você começar com aquela ladainha de que não é amado, pare e pense em Jesus. Ele ama você com um amor que ninguém seria capaz de expressar. E quando cogitar que ninguém lhe quer, pense na distância infinita que ele percorreu da magnífica glória até este mundo arruinado, só para ter você ao seu lado.

Não é com um amor qualquer que ele ama você, mas com o mesmo amor divino com que ele próprio, o Filho Eterno, foi amado pelo Pai. Veja o que ele diz: “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor… Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15:9-11).

Quando você crê em Jesus como seu Salvador e Senhor, sua alegria é completa, seu cálice transborda. Você passa a viver em feliz comunhão com o próprio Deus. Se não tem sido esta a sua experiência, então é por não estar cumprindo a condição que Jesus colocou, não para a sua salvação, que depende apenas da fé em Jesus e sua obra, mas para a alegria da comunhão, que depende de obediência. Ele explica assim:

Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço… O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 15:10-12). O que?! Amar como Cristo me amou?! Impossível, não é mesmo? Por isso nem tente encontrar em si mesmo esse amor sem medida. É com o amor de Deus que você deve amar as pessoas. Mas para isso é preciso conhecer esse amor, deixando-se abraçar por Jesus, aquele que lhe quer bem.

Nos próximos 3 minutos você pode ser promovido.

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Servos, amigos, irmãos e co-herdeiros

João 15:14-15

Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”, diz o ditado popular. Nossos relacionamentos definem quem somos, e o tipo de relacionamento que temos com Jesus é o que define se somos ou não amigos dele. Ele diz: “Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (Jo 15:14-15).

Amigos! Que promoção maravilhosa quando nos dispomos a fazer o que Jesus ordena. Obviamente ele não vai nos ordenar coisa alguma sem antes nos capacitar para isso. Ao serem promovidos a amigos, os discípulos passaram a fazer parte do círculo de comunicação interna de Deus, sendo informados das conversas entre o Pai e seu Filho Jesus.

Agora você entende a razão de alguns céticos não fazerem ideia do que diz a Palavra de Deus. E como poderiam? Para aqueles que insistem em permanecer na condição natural de pecadores inimigos de Deus, a Bíblia não faz qualquer sentido. É preciso receber antes vida de Deus para entrar nesse círculo, primeiro de servos e depois de amigos.

No início os discípulos ignoravam totalmente a existência de Jesus. Então foram apresentados a ele, porém não entendiam exatamente quem era aquele homem tão perfeito. Na condição de discípulos, passaram a servi-lo e aprender com ele. Tornaram-se servos de Jesus. Agora vemos que Jesus os promove à condição de amigos, pois começa a confidenciar a eles seus segredos.

Hoje sabemos que ele não parou nesse ponto, de chamá-los apenas de amigos, por mais privilegiado que isso pudesse ser. Depois de entregar sua vida na cruz por nós, e ressuscitar ao terceiro dia, antes de subir ao céu Jesus diz a Maria Madalena: “Vá a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (Jo 20:17).

Irmãos! Que privilégio sermos chamados por Jesus de seus irmãos! E ele próprio faz questão de frisar que isso significa desfrutar do mesmo relacionamento de parentesco que tem com o Pai. “Meu Pai e Pai de vocês… meu Deus e Deus de vocês” (Jo 20:17). Mas espere; isso não é tudo.

Depois de subir ao céu e se assentar à destra da Majestade nas alturas, Jesus enviou o Espírito Santo de Deus para habitar em cada um dos que creem nele. Estes são agora chamados, na carta aos Hebreus, de “irmãos santos, participantes da vocação celestial” (Hb 3:1), e na carta aos Romanos, “co-herdeiros com Cristo” e “participantes da sua glória” (Rm 8:17).

Vou dar um tempo para você digerir tudo isso antes de passarmos aos próximos 3 minutos.

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Um mundo sem conserto

João 15:16-27

Se você prestou atenção no episódio anterior, entendeu que Deus transforma um inimigo seu em filho, co-herdeiro com Cristo e destinado a participar da glória que Jesus recebeu do Pai. Nada disso vem por mérito, mas Deus dá graciosamente àquele que crê em Jesus.

Bem, mas pelo menos sobra para você o mérito de ter decidido crer em Jesus, certo? Errado. Veja o que ele diz: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça” (Jo 15:16). Não somos nós que escolhemos a Jesus, mas ele nos escolhe. O fruto que permanece é um fruto que só pode ser produzido enquanto você está aqui, mas cujo valor será mais bem apreciado no céu. Que fruto é esse?

Na carta aos Gálatas o fruto do Espírito é descrito como “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5:22). Assim como o fruto apenas identifica o tipo de árvore, essas qualidades não tornam você um cristão, mas apenas evidenciam aquilo que você é pela fé em Jesus. Esse fruto serve de testemunho para que outros venham a crer em Jesus e sejam destinados à glória eterna.

Muitos cristãos acreditam que devem tornar o mundo melhor e que um dia, depois de eliminadas as injustiças, Cristo dirá, “Ok, agora que vocês já deixaram a casa arrumada, eu posso voltar”. Não existe nada disso na Palavra de Deus. Este mundo caminhará inevitavelmente para um juízo de fogo e não há nada que você ou eu possamos fazer para mudar isso. Tudo o que aqui for construído, melhorado ou conservado será queimado.

O que então permanece para sempre? Aquilo que for despachado para o céu, onde a traça não rói, a ferrugem não corrói e o ladrão não rouba. Jesus não se intrometeu na política do seu tempo, não se preocupou em mudar o governo, promover agitações e guerras, ou construir grandes monumentos que marcassem sua passagem aqui. Tudo o que ele fez tinha por objetivo o céu. O que ele fez é o que permanece para sempre.

Para Jesus o mundo foi o lugar de sua rejeição e onde ele foi imolado em sacrifício a Deus. O fogo do castigo divino caiu sobre ele para que aqueles que nele creem não sejam réus do juízo e fogo eterno. Jesus veio, não para melhorar o mundo, mas para resgatar pessoas do mundo e colocá-las na lista de passageiros destinados ao céu.

Enquanto o dia da partida não vem, a função desses é testemunhar de Jesus com palavras e obras, e exercer o papel de misericórdia e amor que ele desempenhou aqui. Mas não espere aplausos por isso. Ele avisou: “Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia… Se me perseguiram, também perseguirão vocês” (Jo 15:18-25).

Nos próximos 3 minutos Jesus revela de onde vem a capacidade para testemunharmos dele aqui.

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O Espírito de verdade

João 16:1-7

No capítulo 16 do Evangelho de João os discípulos de Jesus são avisados que receberiam algo que ninguém jamais recebera: o Espírito Santo. Até mesmo um israelita, que se considerava cidadão de uma nação governada por Deus, nunca pensou em ter o Espírito Santo de Deus habitando dentro de si.

No Antigo Testamento, nos evangelhos e no período anterior ao dia de Pentecostes descrito em Atos 2, o Espírito Santo inspirava e influenciava os que eram de Deus, capacitando-os para coisas extraordinárias. Era assim com os apóstolos de Jesus. Porém o Espírito, que estava com eles ou sobre eles, jamais esteve neles.

Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, o Espírito de Deus seria enviado para habitar na igreja, como um todo, e no crente individualmente. É esta a promessa que Jesus agora faz aos discípulos, não sem antes alertá-los de que neste mundo eles seriam odiados, como o próprio Jesus era odiado e seria odiado até hoje.

Não se iluda: o ódio da humanidade contra Jesus é o mesmo do dia em que a multidão escolheu Barrabás. Não falo só do ódio que se traduz em perseguição aos cristãos em países avessos ao cristianismo. Nesses o ódio a Jesus é notório e o diabo “anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar” (1 Pe 5:8).

Falo dos países cristianizados, onde “Satanás se disfarça de anjo de luz” e seus servos fingem ser “servos da justiça” (2 Co 11:14-15). A civilização ocidental disfarça seu ódio com uma fachada de reverência que esconde guerras, torturas psicológicas e estelionatos praticados em nome de Jesus. Se você quiser arruinar a reputação de alguém é só associar o nome dessa pessoa a atividades criminosas. É o que o Ocidente vem fazendo com o nome de Jesus há dois mil anos.

Você acha que os discípulos entendem o que Jesus lhes diz? Absolutamente nada! Neste momento eles não passam de cabos eleitorais em plena euforia de campanha. Para eles Jesus é o candidato vitorioso a Rei de Israel. Afinal, ele acabara de ser aclamado pelo povo em sua entrada triunfal em Jerusalém. Eles estão certos de que Jesus veio libertá-los do opressor romano e estabelecer seu reino.

Mas Jesus lhes diz: “Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus” (Jo 16:2). Bem, não é exatamente isso o que eles esperam. Ser expulso da sinagoga é humilhante; é como perder a identidade de judeu em uma nação considerada teocrática, isto é, governada por Deus.

Mal sabem eles que muito em breve os únicos governados por Deus neste mundo seriam aqueles que tivessem o Espírito Santo de Deus habitando em si. E que nos séculos seguintes o mundo seria como um grande tribunal, com Deus perguntando à humanidade: “Onde está meu Filho?”. É o que veremos nos próximos 3 minutos.

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Pecado, justiça e juízo

João 16:8-11

Após Caim ter matado seu irmão Abel, Deus lhe perguntou: “Onde está seu irmão?”. Caim alegou que não era responsável por seu irmão e ouviu de Deus a sentença: “Da terra o sangue do seu irmão está clamando. Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão” (Gn 4:9-11). Algo semelhante acontece aqui.

Abel é uma figura de Jesus, que foi igualmente entregue à morte por seus irmãos judeus. Jesus revela aos discípulos que o Espírito Santo viria preencher a lacuna criada por sua rejeição e morte, e assim convencer “o mundo do pecado” (Jo 16:8). É como se Deus perguntasse: “Onde está meu filho?”. A presença do Espírito Santo no mundo é a evidência de que Jesus foi expulso daqui. A vinda do Espírito torna o mundo convicto do pecado.

Além de convencer o mundo do pecado, o Espírito o convence “da justiça”. Jesus, o justo aos olhos do Pai, foi considerado pelos judeus como possuído por demônio. Deus atestou sua justiça ressuscitando-o de entre os mortos. O Espírito só viria depois de Jesus ressuscitar e ir para o Pai, que o chamou de “meu servo, o Justo” (Is 53:11). A presença do Espírito aqui convence o mundo da justiça.

Jesus diz ainda que a vinda do Espírito Santo convenceria o mundo “do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (Jo 16:11). Isso demonstra que Satanás é o príncipe deste mundo e os seres humanos seus súditos. Ele conseguiu liderar a humanidade em sua rejeição ao Filho de Deus. Como fora prometido no Éden, a serpente feriu o calcanhar do descendente da mulher, mas teve sua cabeça esmagada por este.

Na cruz Satanás foi vencido e condenado. Agora só falta ele receber a pena e ser lançado no “fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos” (Mt 25:41). O lago de fogo não foi preparado para o homem, mas para os anjos. Quem insiste em permanecer na incredulidade irá compartilhar com os anjos caídos de um destino que Deus não havia preparado para o homem.

Há quem diga que se Jesus estivesse aqui o mundo não teria tanta tristeza e dor. É verdade, se ele tivesse sido recebido teria dado início ao seu reino aqui. Mas ele não está aqui, e sua ausência torna o homem ainda mais culpado. O Espírito não desceu para endireitar o mundo; Ele veio para tornar o mundo convicto do pecado, da justiça e do juízo. E para consolar, edificar e exortar os que pertencem a Cristo.

O fato de o Espírito Santo habitar hoje no corpo de Cristo, que é a igreja, formada por todos os salvos por Jesus, cria uma espécie de barreira para Satanás não agir livremente. Sim, pode crer que o mundo ficará muito pior depois que a Igreja e o Espírito forem tirados daqui. Jesus voltará para buscar os que são seus, aqueles aos quais foi dado tudo o que é dele. “Tudo”? Sim, saiba nos próximos 3 minutos.

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Toda a verdade

João 16:12-15

Jesus revela aos discípulos que ainda tem muito para dizer, mas eles não podem suportar. A verdade é absoluta, mas sua transmissão é progressiva e sua recepção depende da condição do homem. Falta algo a eles, e esse algo é o Espírito Santo que desceria alguns dias depois para habitar neste mundo. Até aqui o Espírito agia para os seus. A partir de então agiria nos seus.

A vinda do Espírito Santo após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus capacitaria os apóstolos a receberem a revelação de TODA a verdade, e os crentes a compreendê-la. O Espírito os guiaria a “toda a verdade” (Jo 16:13). Ouviu isso: TODA a verdade foi entregue aos apóstolos e pode hoje ser encontrada no Novo Testamento, tanto de forma explícita, como implícita. É só por meio do Novo que é possível entender o Velho Testamento.

Não existe mais verdade do que a que já foi revelada aos apóstolos. Nada mais há para ser revelado. Tudo agora está na completa Palavra de Deus, à qual você e eu temos acesso. Surpreso? Então veja o que Jesus diz no versículo 15: “Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês”. TUDO! Nada menos que tudo o que pertence ao Pai é de Cristo e esse “tudo” o Espírito revelou aos apóstolos.

Em 1 Coríntios 2:9-10 Paulo escreve: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” — esta era a situação no Antigo Testamento. “Mas Deus o revelou a nós [apóstolos] por meio do Espírito” — esta é a situação do Novo Testamento, a completa revelação de Deus.

Em Hebreus capítulo 1 diz que “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo”. No original grego, a expressão “falou-nos por meio do Filho” está “falou-nos no Filho” (Hb 1:1-2).

No início de sua primeira epístola, o apóstolo João explica: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:1-2). Essa vida é Jesus.

Mas neste evangelho os apóstolos ainda não podem conter tamanha revelação. Apenas após terem recebido o Espírito Santo é que este os inspiraria, ou ditaria tudo a eles, palavra por palavra. O apóstolo Paulo explica: “Temos empregado as próprias palavras que nos foram dadas pelo Espírito Santo, e não palavras que nós, como homens, pudéssemos escolher. Assim, usamos as palavras do Espírito Santo para explicar as realidades do Espírito Santo” (1 Co 2:13-14).

Nos próximos 3 minutos Jesus fala de tristeza e também de alegria.

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Alegria, alegria!

João 16:16-22

Jesus diz aos seus discípulos: “mais um pouco e já não me verão; um pouco mais, e me verão de novo” (Jo 16:16). Como assim? Ele iria morrer e ser sepultado, e eles não o veriam mais até Jesus ressuscitar e ficar com eles por quarenta dias. Então ele subiria aos céus e outra vez não seria visto até voltar para buscá-los no arrebatamento da igreja, ou antes, caso morressem. Quanto tempo se passaria nesses intervalos? Nem eles saberiam dizer, de tão rápido que seria.

Pelo menos é assim que Jesus ilustra a situação: “A mulher que está dando à luz sente dores, porque chegou a sua hora; mas, quando o bebê nasce, ela esquece a angústia, por causa da alegria de ter nascido no mundo um menino” (Jo 16:21). Ainda que um trabalho de parto seja demorado, toda a angústia da espera desaparece quando a mãe vê a criança. Aí é só alegria.

Os discípulos se angustiariam quando o vissem desfigurado e morto numa cruz, e pouco depois suas esperanças seriam literalmente sepultadas para sempre. Enquanto isso os incrédulos se alegrariam por terem se livrado de Jesus.

A ressurreição de Jesus pegaria os discípulos de surpresa e injetaria neles uma renovada dose de alegria. Mas não seria nada comparada à alegria que sentiriam a partir do dia em que o Espírito Santo de Deus viesse habitar neles e em cada crente em Jesus. No livro de Atos você encontra aqueles tímidos e amedrontados discípulos transformados em ousados pregadores. Aquela alegria ninguém poderia tirar deles.

De que tipo é a sua alegria? Se você só quer gozar esta vida sem prestar contas a ninguém, você se encaixa no perfil daqueles que se alegraram quando viram Jesus morto. Ele seria uma pedra no sapato deles se continuasse vivo por aí. Jesus nem precisava abrir a boca para deixar as pessoas incomodadas. Bastava ele ser quem era: o Filho de Deus, o único homem perfeito, a luz dos homens.

Qualquer coisa exposta à luz tem seus defeitos revelados, e é esse incômodo que Jesus causa nas pessoas até hoje quando ele é apresentado numa pregação do evangelho. Naturalmente fugimos da Palavra de Deus, pois ela é “viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb 4:12-13).

Você fica incomodado quando ouve falar de Jesus? Então você ainda não tem uma alegria eterna. E nem o acesso ao Pai, que é o assunto dos próximos 3 minutos.

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Orando ao Pai e ao Filho

João 16:23-26

Após Jesus morrer, ressuscitar, subir ao céu e ser glorificado, os discípulos não iriam mais perguntar as coisas a ele, como faziam aqui. Eles iriam orar diretamente ao Pai em nome de Jesus, na certeza de serem atendidos graças à estima que o Pai tem por Jesus. O Espírito Santo os capacitaria e ensinaria como orar.

Antes disso nenhum judeu se dirigia a Deus como Pai. Nos evangelhos Jesus introduz a oração ao Pai, e nas epístolas você encontra o apóstolo Paulo dizendo “orei ao Senhor”, isto é, a Jesus. Mas em nenhum lugar na Bíblia você encontra alguém orando ao Espírito Santo, apesar de ele ser Deus. Se os apóstolos e profetas, que escreveram o Novo Testamento inspirados pelo Espírito, não ensinaram que ele deva ser invocado, adorado ou louvado, é melhor você não fazê-lo. Nunca se sabe que espírito irá atender à sua invocação.

Nos bastidores do mundo físico existem espíritos malignos com milhares de anos de experiência em enganar os seres humanos. Nós não os vemos, mas eles nos veem e nos acompanham. Sabem quase tudo a nosso respeito, conseguem prever nossos próximos passos pela observação de nosso comportamento, e são hábeis na arte de iludir e enganar. Pense neles como estelionatários espirituais.

Paulo advertiu que “o Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios” (1 Tm 4:1). João exortou: “Não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus” (1 Jo 4:1). Embora ele fale do espírito do homem que ensina, isso vale também para um espírito que porventura o esteja influenciando.

Como ter certeza se um espírito é de Deus? Não indo além do que está na Bíblia. Invocar o Espírito Santo é ir além do que está escrito. Se o próprio Espírito não nos autorizou a fazê-lo, devemos evitar.

As aparências enganam. Quando passavam pela Macedônia, Paulo e os que estavam com ele foram seguidos por uma jovem que proclamava: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação” (At 16:17). Aquilo que parecia ser uma propaganda do evangelho revelou ser um espírito maligno.

Agora você entende por que algumas reuniões de cristãos mais parecem rituais pagãos, com pessoas rodopiando, caindo e se debatendo no chão, como se estivessem possuídas por algum espírito. Um cristão cheio do Espírito Santo não perde o domínio de si mesmo; ao contrário, Paulo afirma na carta aos Gálatas que o fruto do Espírito é “domínio próprio” (Gl 5:23). Confira na Bíblia.

Nos próximos 3 minutos Jesus se despede dos discípulos.

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A hora da despedida

João 16:27-32

Geralmente as coisas importantes são mencionadas na hora da despedida, e não é diferente neste capítulo. Ao falar da época quando eles teriam o Espírito Santo habitando em si — isto é, a nossa época — Jesus diz: “Nesse dia, vocês pedirão em meu nome”, e acrescenta: “Não digo que pedirei ao Pai em favor de vocês” (Jo 16:26). Enquanto estava aqui, Jesus orava ao Pai pelos discípulos. Em breve eles próprios orariam por si mesmos ao Pai.

Ele continua revelando uma verdade fundamental da fé cristã “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai” (Jo 16:28). Este versículo põe por terra qualquer crença em Jesus como um mero homem, apenas mais evoluído espiritualmente. Ele não foi criado como eu e você. Ele saiu do Pai. Isto significa que Jesus coexistia com o Pai na eternidade antes mesmo de assumir a forma humana ao nascer da virgem.

Ao escrever aos Colossenses Paulo deixa claro quem é este que entrou no mundo: “Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (Cl 3:16). Os alicerces do cristianismo se assentam sobre o fato de Jesus ser Deus e Homem: tão divino quanto o Pai e o Espírito Santo, e tão humano quanto eu e você, exceto o pecado.

Mas agora ele diz aos discípulos que irá deixar o mundo e voltar ao Pai, e em seguida revela que seria abandonado por eles na pior hora, mas que não ficaria só, pois o Pai estaria com ele. Este é outro mistério da Trindade. Na cruz Jesus seria abandonado por Deus ao ser feito pecado por nós. Deus não poderia ter comunhão com o pecado; ele é luz e a luz sairia de cena nas três horas de trevas quando o juízo divino caísse sobre Jesus.

Cumprindo a profecia do Salmo 22:1, Jesus daria o brado: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”. Mas, do mesmo modo como Abraão acompanhou seu filho Isaque até o altar, o Pai faria o mesmo com Jesus, o Filho. Só que neste caso não haveria um carneiro para substitui-lo: Jesus, o Cordeiro de Deus, seria a vítima. Ele seria abandonado por Deus, porém consolado pelo Pai: “Na adversidade estarei com ele”, diz o Salmo 91:15.

Como pode ser isso? Deus abandona Jesus, mas o Pai não? Parece uma contradição, mas não é. Trata-se apenas de nossa limitação humana para entender a intimidade das coisas de Deus. Aqui Jesus diz claramente aos discípulos: “Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão sozinho. Mas, eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo” (Jo 16:32). E assim seria, até mesmo na hora de seu brado, “Deus meu! Deus meu ! Por que me abandonaste?”. Deus longe, o Pai perto.

Talvez você entenda isso melhor nos próximos 3 minutos.

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Amor ou juízo?

João 16:33

Nos últimos 3 minutos Jesus afirmou que seus discípulos o abandonariam na hora de sua morte, porém o Pai estaria consigo. Vimos também que ele seria abandonado por Deus. Duas verdades aparentemente contraditórias revelam que “Deus é amor” (1 Jo 4:8), mas que também “é fogo consumidor” (Hb 12:29). Amor ou juízo — o que você quer?

Nós não nascemos neste mundo como Jesus nasceu. Somos gerados pela vontade da carne e trazemos em nós o pecado de Adão, o primeiro homem da velha criação. Não nascemos com o direito de chamar a Deus de Pai. Mesmo assim, ele nunca nos abandona, esperando que venhamos a crer em Jesus, o último Adão, que é também o segundo homem e as primícias da nova criação.

Jesus, por sua vez, saiu do Pai e entrou no mundo na forma humana por geração divina. Ele foi concebido pelo Espírito de Deus no ventre da virgem Maria. Diferente de nós, ele veio sem pecado, isto é, sem o princípio ativo que nos leva a pecar. Por ser Deus e sem pecado, Jesus era incapaz de pecar. Ele era o único que podia chamar a Deus de Pai.

De um lado temos o homem, pecador e destinado ao juízo eterno quando se encontrar com um Deus santo. De outro, temos Jesus, Deus e Homem perfeito, o Filho eterno que saiu do Pai para cumprir uma missão: tomar o lugar do pecador e receber sobre si a culpa dos nossos pecados, e o terrível juízo de Deus. O Salmo 37:25 diz: “Nunca vi o justo desamparado”. No entanto, na cruz Deus o abandonou para poder receber os pecadores cujos pecados foram julgados e condenados ali em Jesus.

Percebe a importância do que ele fez? Na cruz Jesus foi feito pecado e abandonado por Deus. Pense nesse amor, que assumiu a culpa de pecados que não cometeu, para receber o castigo que jamais mereceu! Mas ele foi até o fim, e Deus, satisfeito com seu sacrifício, o ressuscitou de entre os mortos. Agora ele vive para sempre no céu, em um corpo humano, o primeiro homem a entrar ali assim, as primícias da nova criação.

Deus é um juiz santo, justo e terrível em julgar. Por outro lado, o Pai é amoroso, cheio de graça e vontade de salvar. Aqueles que ainda não têm o perdão dos pecados pela fé em Jesus se encontrarão com Deus na condição de juiz. Os que creem em Jesus receberam o poder de serem feitos filhos de Deus. Já não entrarão em juízo. E você, como está?

Jesus termina o capítulo dizendo: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Ele não promete paz no mundo, mas sim nele. Ao contrário dos pregadores de mentirinha, que prometem saúde, prosperidade e paz neste mundo, aqui Jesus prevê aflições para os seus. Mas ele venceu o mundo, e isto é suficiente para aquele que crê.

Nos próximos 3 minutos Jesus nos dá uma prévia do que está fazendo agora no céu.

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Você tem um advogado?

João 17:1

Se você já creu em Jesus como seu Salvador — se já recebeu de Deus o perdão de seus pecados ao reconhecer que Jesus o substituiu no juízo — agora existem dois no céu falando de você o tempo todo. Eles são incansáveis na tarefa de comentar com Deus tudo a seu respeito. Eles são Jesus e Satanás.

Se você ainda não se converteu a Cristo, não precisa se preocupar com Satanás. Ele não vai gastar saliva falando mal de alguém que ele ainda mantém em suas garras. Mas neste caso você também não terá um advogado, Jesus, intercedendo por você diante do Pai. No céu Jesus fala bem dos que salvou. Satanás fala mal.

Em Apocalipse 12:10 Satanás é chamado de “acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite”. Nos primeiros capítulos do livro de Jó o diabo aparece no céu acusando Jó. Foi também nas regiões celestiais que o diabo lutou com o arcanjo Miguel para saber onde Deus escondera o corpo de Moisés. Talvez o diabo quisesse transformar os ossos do patriarca de Israel em objeto de idolatria e sua sepultura em local de peregrinações (Jd 1:9). O diabo costuma entreter as pessoas religiosas com qualquer coisa que não seja o próprio Jesus.

Mas enquanto Satanás acusa os salvos diante de Deus, Jesus intercede por eles. A oração que Jesus faz neste capítulo 17 de João é um protótipo da intercessão que ele está fazendo neste exato momento no céu. Veja que ele não fala uma palavra sequer contrária aos seus discípulos. Hoje, no céu, ele fala bem de mim para o Pai, sem mencionar minhas falhas e tropeços. Como acontece neste capítulo, no céu Cristo não intercede para que eu receba honras mundanas ou bens materiais, mas roga para que eu seja mantido separado do mundo. A prosperidade que ele quer para mim é espiritual, a única que dura uma eternidade.

Nesta passagem do evangelho ele começa sua intercessão enquanto ainda está no mundo, dizendo que é chegada a hora de morrer, mas logo pensa nos discípulos. Diante da perspectiva de uma morte horrível e do juízo de Deus que cairia sobre si, é neles que Jesus está pensando. Isso é amor verdadeiro; o amor que não procura seus próprios interesses, mas os da pessoa amada.

Jesus roga ao Pai para que o glorifique na morte, e isso inclui ser ressuscitado e assentado à destra da majestade nas alturas. Ninguém poderia tirar sua vida; ele a daria espontaneamente e, apesar de ter o poder de reavê-la, ele não usaria desse poder: deixaria isso a critério do Pai. Em João 10:18 ele diz, a respeito de sua vida: “Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai”.

Após pedir ao Pai que o glorifique, ele roga pela oportunidade de glorificar o Pai por sua morte e ressurreição. Como Jesus iria fazer isso? Veja nos próximos 3 minutos.

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Para a glória de Deus

João 17:1-5

No capítulo 7 de seu evangelho, João diz que “tentaram prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque a sua hora ainda não havia chegado” (Jo 7:30). No capítulo 8 ele diz que “ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora” (Jo 8:20). Agora no capítulo 17 Jesus diz: “Pai, chegou a hora” (Jo 17:1). A morte de Jesus não foi um imprevisto; sua vida não estava à mercê dos homens. Deus estava no controle de tudo, mas mesmo assim os homens seriam responsabilizados por o terem entregado à morte.

Primeiro Jesus pede ao Pai que este o glorifique. Ele está falando de sua ressurreição, que seria o reconhecimento do Pai de que o Filho teria cumprido a missão para a qual foi designado. Em 1 Timóteo 3:16 você tem o roteiro completo dessa missão: “Deus foi manifestado em carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória” (1 Tm 3:16). Ao ressuscitar a Jesus e recebê-lo na glória, o Pai o estaria glorificando.

Jesus, por sua vez, também glorificaria o Pai. Como? Ele mesmo explica aqui em sua oração ao Pai: “Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (Jo 17:2). Jesus glorifica o Pai salvando pecadores. Deus é grandemente glorificado no fato de suas criaturas caídas e perdidas serem transformadas em adoradores que adoram a Deus em espírito e verdade. Foi para isso que Deus nos criou.

Repare que é Jesus quem concede a vida eterna — não somos nós que a obtemos com nossos esforços. Repare também que ele concede a vida aos que o Pai lhe deu para esse propósito. Quando foi que isso aconteceu? Quando Deus “nos escolheu nele [em Jesus] antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus” (Ef 1:4-7).

Escolhidos e predestinados antes da criação do mundo, para sermos adotados como filhos, feitos santos e irrepreensíveis, e tudo isso Deus fez gratuitamente para nós, mas a um enorme preço que foi pago por Jesus na cruz. No final, é essa gloriosa graça que será digna de louvor, e não nossos meros esforços. Percebe agora como é ingênua e mesquinha a ideia de que poderíamos ser salvos por nossas boas obras? Se assim fosse, a glória seria nossa, não de Deus!

Jesus também explica de que vida eterna está falando: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17:3). Repare que aqui Jesus diz com todas as letras que ele é o Cristo, o Messias enviado a Israel. Os judeus não poderiam jamais alegar que não sabiam com quem estavam lidando. Nos próximos 3 minutos Jesus afirma que não roga pelo mundo, por seu progresso ou bem estar.

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Um mundo melhor?

João 17:6-9

A afirmação que Jesus faz no versículo 9 pode surpreender alguns: “Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus” (Jo 17:9). Como assim? Como pode ele deixar o mundo de fora de sua intercessão, se o mundo precisa tanto de progresso, paz e harmonia entre os povos?! Você pode escutar o Papa, o Dalai Lama e outros líderes religiosos rogando pela paz mundial e pelo progresso da sociedade, mas jamais encontrará Jesus fazendo isso.

Ele intercedeu por seus algozes na cruz, ao dizer “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23:34), mas em nenhum momento tentou mudar o sistema, incrementar a economia ou lutar por leis mais justas. A razão é simples: Deus desistiu de melhorar o mundo que rejeitou o seu Filho. O que Deus tem feito é se empenhar em resgatar do mundo um povo para si. São os que creem nele como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio morrer para nos salvar.

Se você fosse o capitão do Titanic depois de atingir o iceberg, o que diria aos passageiros? Que pegassem pincéis e tinta para pintarem o navio de uma cor mais alegre? Não! Você diria a eles para caírem fora dali que o navio estava condenado. O apóstolo Pedro escreve em sua segunda carta: “Os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios… Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada” (2 Pe 3:7-10).

Quando você crê na Palavra de Deus, faz tanto sentido tentar melhorar o mundo quanto pintar de cores alegres o carvão que você comprou para o churrasco. Seu destino é o fogo, não importa o quanto você capriche em melhorá-lo. É por isso que no capítulo 17 de João, Jesus intercede, não pelo mundo, mas pelos que o Pai lhe deu do mundo, os escolhidos antes da criação. Estes são os que creem na Palavra de Deus e foram salvos pela fé em Jesus. O evangelho não é uma missão de melhoria do mundo; o evangelho é uma missão de resgate.

Muitos cristãos não entendem a sua vocação, achando que devem se intrometer na política e nos sistemas daqui como se fossem cidadãos do mundo. Não são, e uma passagem na carta de Paulo aos filipenses mostra isso: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20). Se eu viajar ao Nepal posso até alimentar e vestir os necessitados ali, mas não tenho nada que me intrometer na política do país. Serei estrangeiro ali, como o cristão é estrangeiro aqui neste mundo. Não sou eu quem diz, é Jesus quem repete por duas vezes neste capítulo: “Eles não são do mundo, como eu também não sou” (Jo 17:14, 16).

Nem todos os passageiros do Titanic que tiveram acesso aos botes salva-vidas sobreviveram. Será que todos os que o Pai deu a Jesus estarão seguros eternamente? A resposta está nos próximos 3 minutos.

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Nenhum deles se perdeu

João 17:10-19

Jesus glorifica o Pai salvando pecadores, e é glorificado por cada um que ele salva. É assim que ele diz: “Eu tenho sido glorificado por meio deles” (Jo 17:10). E Jesus não é glorificado apenas pelos seus neste mundo, mas também pelo cuidado que tem por eles para que nenhum se perca. Tanto o recebimento da salvação quanto sua manutenção não vem de nós, mas de Deus. Caso contrário, o homem seria glorificado por sua salvação e por sua perseverança em manter-se salvo.

Enquanto estava aqui Jesus protegia os discípulos, de modo que nenhum deles se perdeu, exceto Judas, que estava destinado à perdição. Agora ele pede ao Pai que guarde os que são seus, e essa mesma intercessão Jesus continua a fazer no céu por cada um dos que são salvos por ele. Se você realmente crê em Cristo saiba que nada e nem ninguém pode tirar você das mãos do Pai.

Jesus guardava os seus discípulos enquanto ainda estava com eles, e mais ainda depois da formação da igreja no dia de Pentecostes em Atos, capítulo 2. A partir daquele dia cada pessoa que crê em Jesus é selada com o Espírito Santo, a garantia de que jamais poderá se perder. Veja o que dizem estas passagens das cartas de Paulo aos Efésios e aos Coríntios:

É Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir… Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus… Foi Deus que nos preparou para esse propósito, dando-nos o Espírito como garantia… o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (2 Co 1:21-22; Ef 1:13-14; 4:30; 2 Co 5:5).

Antigamente os reis validavam um documento colocando nele o seu selo, a marca de seu anel pressionado sobre uma gota de lacre derretido ou simplesmente com tinta, como se fosse um carimbo. O selo era a garantia de propriedade. Assim Deus sela com o Espírito Santo cada um que é salvo por Jesus, como se dissesse: “Este é minha propriedade, ninguém pode tirá-lo de minhas mãos”. Aqueles que acham que podem perder a salvação, ou o Espírito Santo com o qual foram selados como garantia, não fazem ideia de quem é Deus e de como ele é zeloso daquilo que é seu.

Mas o que dizer dos que um dia pareciam tão convertidos e depois voltaram a ser o que eram ou até piores? Bem, talvez nunca tenham nascido de novo, nunca creram em Jesus, mas apenas adotaram uma religião cristã e aprenderam a fingir. O apóstolo João fala desse tipo de gente em sua primeira carta: “Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” (1 Jo 2:19).

Nos próximos 3 minutos Jesus revela o que deseja para aqueles que viriam a crer nele nas gerações futuras, ou seja, eu e você.

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Para que sejam um

João 17:20-26

Quando você entra em um aposento e descobre que tem alguém falando mal de você, o sentimento é de tristeza e indignação. Mas e se a pessoa estiver falando bem de você? E se estiver fazendo mais que isso: estiver intercedendo por você, querendo para você tudo de bom? É o que encontramos aqui. Entramos na intimidade de uma conversa que Jesus está tendo com o Pai, e o assunto da conversa são os que viriam a crer nele no futuro. Há dois mil anos Jesus já intercedia por mim diante do Pai. Veja o que ele diz:

Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles [dos apóstolos] para que sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” (Jo 17:20-24).

A mesma unidade que existe entre o Pai e o Filho é a que deve existir entre os que foram salvos por ele — todos tem um mesmo e único Salvador. Além deste aspecto da unidade, assim como Cristo manifestava Deus no mundo, o cristão deve ser a expressão de Cristo em seu caráter e andar. No livro de Atos, capítulo 4, quando os apóstolos foram interrogados pelas autoridades e pelo sumo sacerdote, estes “ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4:13). O testemunho dos discípulos era coerente com o de Jesus; havia ali uma unidade de caráter e propósitos que o mundo podia perceber.

Mas Jesus vai mais além em sua oração: “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo” (Jo 19:24). Lembre-se de que aqui ele fala como já tendo cumprido a obra da redenção, morrendo, ressuscitando e assentando-se à destra da Majestade nas alturas. E é nesse lugar de indescritível glória que Jesus quer que estejamos para contemplarmos a sua glória.

Ele aponta para o futuro eterno e, ao mesmo tempo, para o passado eterno: “Estejam comigo onde estou…”, e aqui ele está falando da imutabilidade de sua glória eterna; “porque me amaste antes da criação do mundo” (Jo 17:24), ou seja, na eternidade, antes de todas as eras. Entre uma coisa e outra está o tempo, essa coisa linear, que Deus criou juntamente com a matéria que conhecemos, e que deixará de existir quando chegarmos ao estado eterno.

Apesar de toda a ruína em que se transformou a cristandade, com milhares de denominações negando justamente o princípio da unidade, ainda é possível encontrar unidade naquilo que identifica cada cristão: o nome de Jesus. Por que será que alguns dão tão pouco valor a esse nome ao ponto de se deixarem identificar por nomes de religiões criadas por homens?

Nos próximos 3 minutos Jesus faz o mesmo caminho que fez o Rei Davi mil anos antes.

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Um pai omisso

João 18:1

Mil anos antes da cena do capítulo 18 do Evangelho de João, outro homem fez o mesmo caminho que Jesus faz aqui. O rei Davi, quando teve seu trono usurpado por seu filho Absalão, cruzou o ribeiro de Cedrom fugindo de Jerusalém por ter sido um pai omisso. Jesus cruza o mesmo ribeiro por ser um Filho submisso.

Mas quem era Absalão? A história do terceiro filho de Davi, e o seu trágico fim, você encontra nos capítulos 13 ao 20 de 2 Samuel. Seu nome significa “Patrono da paz”, o que Davi certamente queria que ele fosse, ao adotar um método pacífico para educar seus filhos. Absalão foi tratado do mesmo modo que Davi tratava Adonias, seu quarto filho. Dele é dito que “seu pai nunca o havia contrariado; nunca lhe perguntava: ‘Por que você age assim?’“ (1 Rs 1:6).

Absalão era filho de uma das esposas pagãs de Davi, uma união contrária à vontade de Deus. Em seu plano original, Deus queria que cada homem tivesse apenas uma mulher, e que esta adorasse o Deus verdadeiro. Mas nada disso foi levado a sério por Davi, que paparicava seu belo filho. “Em todo o Israel não havia homem tão elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum defeito” 2 Sm 14:25.

Filho de um casamento não autorizado por Deus, criado na idolatria de sua mãe, bajulado por sua aparência e recebendo de seu pai uma educação pacífica, de modo a nunca ser contrariado, advertido ou castigado — esse era Absalão. Os modernos educadores devem muito a Davi por seu método de educar os filhos. É o método do homem, contrário ao método de Deus, descrito em Hebreus 12:

O Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho. Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados” (Hb 12:5-11).

Ao contrário da ideia de que a criança nasce boa e é estragada pelo ambiente, a Bíblia ensina que nascemos pecadores. O livro de Provérbios diz que “a insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela. A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe. Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura” (Pv 22:15; 29:15-17; 23:13-14). Davi não fez assim e só lhe restou chorar a perda de seu filho.

Nos próximos 3 minutos veremos um dragão em pele de cordeiro.

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Dragão em pele de cordeiro

João 18:1

No Antigo Testamento Davi é uma figura de Jesus, o rei traído e desprezado que o profeta Isaías descreveu como não tendo “qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos” (Is 53:2). Por sua vez, Absalão, o filho de Davi elogiado por sua beleza, é uma figura do Anticristo, o usurpador do trono e representante visível do príncipe deste mundo, Satanás.

Porém, quando Jesus voltar para reinar, já não virá mais como o servo manso e humilde, mas como um rei poderoso e implacável para com seus inimigos. Aqueles que hoje creem nesse Jesus desprezado e exilado no céu, recebem a salvação. Os que o rejeitam serão levados a crer no Anticristo, aquele que João descreve como a “besta que saía da terra, com dois chifres como cordeiro, mas que falava como dragão” (Ap 13:11).

Como fez Absalão, cujo nome significava “Patrono da Paz”, o Anticristo virá vestido em pele de cordeiro para encobrir sua natureza de dragão herdada de Satanás. O apóstolo João previu que muitos “anticristos” surgiriam antes do derradeiro Anticristo, e algumas características os denunciariam. Uma seria o fato de negarem que Jesus veio em carne, isto é, que Deus assumiu a forma humana. Outra seria a sua habilidade em fazer sinais e milagres.

Se você vive atrás de sinais e maravilhas, saiba que pessoas assim serão as vítimas do Anticristo. Paulo fala que “a vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:8-10).

Quando Deus ordenou a Faraó que deixasse os israelitas saírem livres da escravidão no Egito, Faraó se opôs. Ao invés de libertar o povo de Deus, mandou que este recebesse uma carga maior de trabalho. Nos capítulos 7 e 8 do livro de Êxodo, por cinco vezes Faraó endureceu seu próprio coração. Então, no capítulo 9 diz que “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êx 9:12). O homem que se recusa teimosamente a ouvir a Palavra de Deus chega a um ponto sem volta, quando o endurecimento de seu coração passa a vir de Deus.

É o que ocorrerá após o arrebatamento da Igreja. Para aqueles que ouviram o evangelho e foram deixados para trás, “Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade” (2 Ts 2:11, 12). Quanto tempo falta para isso acontecer? A Bíblia responde: um piscar de olhos. A hora de crer em Jesus é agora.

Nos próximos 3 minutos, Judas, outra figura do Anticristo, leva os soldados até Jesus.

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Traição e valentia

João 18:2-11

Judas, o traidor, conhece o lugar onde Jesus está, portanto leva consigo “um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e armas” (Jo 18:3). A luz do mundo estava ali, e mesmo assim os homens precisam de lanternas para encontrá-la. Outro evangelho mostra que Judas beija Jesus para identificá-lo para os guardas na noite escura.

Jesus se adianta a ir ao encontro deles. Ele está pronto para ser preso e conduzido à morte. Mas antes os soldados terão uma pequena amostra de quem é aquele que pretendem aprisionar. “A quem vocês estão procurando?”, pergunta Jesus. “A Jesus de Nazaré” (18:4-6), respondem eles.

A resposta de Jesus nos remete ao encontro de Moisés com Deus no capítulo 3 do livro de Êxodo. Ao perguntar a Deus o seu nome, Moisés ouviu a resposta: “EU SOU o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: EU SOU me enviou a vocês” (Êx 3:14). A mesma expressão — “EU SOU” — sai agora da boca de Jesus e isso é suficiente para fazer os soldados caírem de costas. Ali está o Criador, o Senhor do universo, o “EU SOU”, e os soldados são incapazes de suportar apenas um lampejo de sua glória. Este é Jesus e Jeová.

Jesus intercede pelos discípulos. Era a ele que buscavam, portanto que deixassem ir livres os outros. Nenhum deles sofreria dano, nem mesmo Pedro, que em sua impetuosidade sacou da espada e decepou a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus o repreende: “Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?” (Jo18:11). O Evangelho de Lucas revela que Jesus curou a orelha do rapaz.

A Palavra de Deus é chamada em Efésios 6 de “espada do Espírito”, e em Hebreus 4 de “espada de dois gumes”, portanto a repreensão de Jesus faz todo sentido. Jamais deveríamos usar a espada da Palavra de Deus para deixar as pessoas surdas à mesma Palavra. Mas quando é que cortamos orelhas? Quando usamos a Bíblia para agredir as pessoas e as tornamos endurecidas e avessas à verdade.

Você já se viu metralhando pessoas com versículos, mais para defender sua posição do que por desejo de salvá-las? Pessoas inseguras usam a Palavra de Deus como forma de marcar território. Quando brandimos a espada da Palavra com agressividade, ou a usamos para criar em nós uma aura de piedade, podemos estar tentando compensar nossa própria falta de comunhão com Deus.

A valentia de Pedro só confirmava sua insegurança. Horas depois ele negaria Jesus. O piedoso beijo de Judas escondia a traição do filho do diabo que ele realmente era. E você, como tem usado a Palavra de Deus? Para cortar orelhas ou para curar os surdos? Para exibir sua piedade ou para revelar o Salvador?

Nos próximos 3 minutos o Juiz é julgado.

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O julgamento do Juiz

João 18:12-14

Apesar de Jesus pregar publicamente, nunca as autoridades conseguiram prendê-lo. Não faltou ocasião, pois neste mesmo Evangelho de João, nos capítulos 8 e 10, os judeus tentam apedrejá-lo sem conseguirem. Ainda não era chegada sua hora. A morte de Jesus estava nos planos eternos de Deus, por isso ela só poderia ocorrer quando Deus assim determinasse.

Agora Jesus se deixa amarrar e ser levado a Anás, que tinha sido sacerdote no ano anterior. Primeiro Jesus deve passar pelo julgamento das autoridades religiosas, e só depois ser entregue à autoridade civil. Por estarem sob o domínio romano, os judeus não têm poder para condenar alguém à morte.

É interessante este detalhe, pois séculos antes havia sido profetizado que o Messias de Israel seria crucificado conforme o costume romano, e não apedrejado, que era a execução imposta pela lei judaica. Portanto era preciso que a nação de Israel estivesse na condição em que está aqui, sujeita a um invasor gentio, para que as profecias da morte de Jesus se cumprissem.

No Salmo 22 você encontra: “Traspassaram” — isto é, perfuraram ou atravessaram — “minhas mãos e meus pés” (Sl 22:16). O profeta Zacarias previu: “Olharão para mim, aquele a quem traspassaram” (Zc 12:10). Isaías profetizou o mesmo, acrescentando ainda a razão de sua morte: “Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões” (Is 13:5).

Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo lembra uma citação do capítulo 21 de Deuteronômio que diz: “Qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus” (Dt 21:22, 23). Mas como Jesus, na cruz, poderia ser amaldiçoado por Deus? Por ter sido feito pecado ali por nós. Deus não podia ter qualquer ligação com o pecado, portanto não só o abandonou na cruz, como também o considerou maldito e lançou sobre ele o fogo do juízo contra o pecado.

O que Jesus sofreu nas mãos dos homens não difere muito da tortura que muitos prisioneiros receberam ao longo da história. Mas o que ele sofreu nas mãos de Deus é inigualável; é a soma de todos os medos que aterrorizam cada pecador que terá de se apresentar diante de Deus com seus pecados para receber o juízo. Em Jesus esse terror, sofrimento e dor foram multiplicados pelo pecado do mundo e dos que seriam salvos por ele, e elevados à enésima potência da eternidade.

Mal sabiam os juízes Anás, Caifás e Pilatos que Jesus estava prestes a ser julgado com maior rigor e severidade pelo próprio Deus. E tampouco poderiam eles imaginar que aquele réu, fraco e humilde, voltaria como Juiz, para julgá-los e a todos os que não tiveram seus pecados pagos por Jesus na cruz.

Nos próximos 3 minutos Pedro e João têm seus temperamentos revelados.

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Temperamentos

João 18:15-16

Tem início o julgamento de Jesus. Dois discípulos o seguem na incerteza do que irá acontecer. Um deles é Pedro, e o outro talvez seja João, o autor do evangelho. Este deve ser conhecido da família do sumo sacerdote, pois entra na casa e em seguida sai para buscar Pedro, que não conseguira entrar.

Cada um de nós nasce com um temperamento que faz parte de nossa identidade. João parece ser um homem dócil e afável, que ama e é fácil de ser amado. Pedro, por sua vez, é impulsivo e direto. São características humanas que podem estar sob o controle do Espírito ou dos sentidos, às vezes chamados de carne. Assim como eu e você, Pedro e João são pecadores por natureza, e tudo neles, inclusive o temperamento, foi corrompido pelo pecado.

João, com seu temperamento dócil, é mais diplomático e apto a conquistar amizades e acessos, como o da casa do sumo sacerdote. Pessoas acessíveis têm fácil acesso. Pedro, por sua vez, está no outro extremo. Ele é o homem de pavio curto, muito útil para comandar um batalhão, trabalhar de capataz ou ser o primeiro a mergulhar no mar para ir ao encontro do Senhor. Mas dificilmente conseguirá um emprego como relações públicas. Pedro e João sempre foram assim, e essas características fazem deles indivíduos, cada um com uma identidade própria. O problema não é o temperamento, mas o que o controla.

O ser humano passa por diferentes estágios — infância, adolescência e fase adulta — sem perder sua identidade. Em cada fase ele pensa e age de modo diferente, mas é sempre o mesmo ser humano e jamais perderá essa essência. Deus criou o homem e disse que era muito bom. Se assim não fosse, Jesus não teria vindo em um corpo humano. Ao contrário de Jesus, porém, todos nós temos uma natureza pecaminosa que nos incita a pecar. Mas é você, como um ser responsável, quem peca ao se deixar guiar por ela, e deverá prestar contas disso.

O problema é que se você ainda não se converteu a Jesus, você só possui a carne para movê-lo; você só pode ser guiado pela carne e pelos pensamentos, como uma marionete de Satanás. Aquele que, pela fé em Jesus, é nascido de Deus possui, além dessa mesma velha e caída natureza, uma natureza santa e perfeita que vem de Deus. Quando você deixa a velha carne no comando, você peca. Quando você se deixa guiar pelo Espírito de Deus, você age segundo a vontade de Deus.

O problema no Éden foi Eva se deixar guiar pelos sentidos: a árvore era boa para comer, agradável aos olhos e boa para dar entendimento. Havia um apelo sensorial ao corpo, à alma e ao espírito, e ela se deixou levar. Quando nos deixamos guiar pelo que é sensorial, pecamos. Na carta do apóstolo Judas, encontramos a característica dos homens ímpios: eles são “sensuais”. Como animais irracionais, eles são guiados pelos sentidos, não pelo Espírito de Deus.

Nos próximos 3 minutos o temperamento intrépido de Pedro é colocado à prova.

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Na roda dos ímpios

João 18:17-27

Enquanto os homens conspiram para entregar Jesus à morte, a carne de Pedro conspira contra ele. Graças à intervenção de João, ele é admitido no pátio interior da casa do sumo sacerdote, mas logo procura a companhia dos guardas e outros que ajudaram a prender Jesus, para se aquecer em torno da mesma fogueira.

Pedro é reconhecido por uma mulher: “Você não é um dos discípulos desse homem?” Ele nega por medo da mulher. Então é a vez dos que estão ao redor da fogueira questionarem: “Você não é um dos discípulos dele?”. Pedro nega outra vez. Finalmente é reconhecido pelo parente do homem que teve a orelha cortada: “Eu não o vi com ele no olival?” (Jo 18:17-25-27). Pedro nega pela terceira vez e o galo canta.

O Evangelho de Lucas dá mais detalhes do que acontece após o galo cantar: “O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito: ‘Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes’. Saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22:61). Prestes a morrer, Jesus preocupa-se com seu discípulo. Ele já sabia que Pedro iria fraquejar e tinha orado por ele. Agora é com o olhar, e não com uma repreensão, que Jesus toca o coração covarde do discípulo corajoso. Aquele que se dizia disposto a encarar a morte por Jesus não teve sequer coragem de encarar a pergunta de uma mulher.

Se Pedro vivesse nos dias de hoje ele seria um assíduo consumidor de livros e palestras de autoajuda, com mensagens do tipo “Confie em si mesmo”, “Descubra o poder que há em seu interior” ou “Siga o seu coração”. Tudo isso pode soar bonito, mas não passa de confiança na carne. Um pouco antes Jesus tinha deixado claro aos discípulos que, por maior disposição de espírito que eles demonstrassem ter, a carne é fraca. Confiar na carne e nos sentidos nos deixa vulneráveis ao pecado. Pedro que o diga.

Sempre desconfie de sua capacidade natural quando ela é colocada ao serviço do Senhor pela vontade própria. Jeremias escreveu que é maldito o homem que confia no homem, e isso inclui confiar em si mesmo. O temperamento de Pedro só podia ser útil quando controlado pelo Espírito de Deus, como em Atos 4:13, quando Anás e Caifás darão testemunho da intrepidez e coragem de Pedro ao testemunhar de Jesus sob o risco de morrer por isso.

O primeiro Salmo diz que é feliz o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Assentado na roda dos ímpios guardas, em busca daquilo que os aquece, Pedro nega a Jesus. Sempre que você buscar conforto na companhia dos ímpios, seu testemunho será enfraquecido e você acabará sendo uma negação daquilo que deveria ser neste mundo: um testemunho para Jesus.

Nos próximos 3 minutos Jesus é interrogado.

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Um prisioneiro perfeito

João 18:17-27

Um grande engano disseminado até mesmo entre cristãos é que a salvação possa ser obtida pela imitação de Cristo. Evidentemente o cristão, que já teve os seus pecados perdoados pela fé em Cristo graças à sua morte na cruz, tem em Jesus o exemplo de um homem perfeito e deve sim imitá-lo. Mas isso é depois de ter nascido de novo e ter a certeza de sua salvação.

Em sua carta aos Efésios, capítulo 5, Paulo escreve para que “sejam imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5:1), e segue falando das virtudes que devem acompanhar a vida cristã. Em 1 Coríntios 11 ele exorta os cristãos: “tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Co 11:1). Paulo os convida a seguirem seu próprio exemplo, portanto é salutar imitarmos aqueles que andam na fé em Jesus. Mas isso é um complemento à vida cristã, e não o meio pelo qual você recebe a salvação, a qual só pode ser obtida pela fé em Cristo.

Se você tentar imitar Jesus para obter a salvação, terá de começar sendo sem pecado, porque Jesus veio ao mundo sem pecado. O problema é que eu e você viemos ao mundo com uma natureza arruinada que nos fez pecadores desde a concepção. É impossível que, pela imitação, você se torne puro e sem pecado. Por mais que um cão imite um gato, o máximo que consegue é latir com um “miau”. Mas ele continuará sendo um cão em sua essência e por natureza.

Compare os julgamentos de Jesus aqui e de Paulo no capítulo 23 de Atos. Aqui Jesus é esbofeteado por um dos guardas do sumo sacerdote, que diz: “Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote?”, ao que Jesus responde: “Se eu disse algo de mal, denuncie o mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu?” (Jo 18:22-23). A resposta de Jesus é perfeita e desmonta todos os argumentos de seus juízes.

Paulo, em uma situação semelhante, porém guiado pela própria carne e não pelo Espírito, responde: “Deus te ferirá, parede branqueada! Estás aí sentado para me julgar conforme a lei, mas contra a lei me mandas ferir?”, e recebe o troco: “Você ousa insultar o sumo sacerdote de Deus?”, ao que é obrigado a se retratar: “Irmãos, eu não sabia que ele era o sumo sacerdote, pois está escrito: ‘Não fale mal de uma autoridade do seu povo’” (At 23:2-5).

Jesus, Deus e homem perfeito, jamais precisou se retratar porque em momento algum foi movido por outra natureza que não fosse a sua natureza divina e perfeita. Paulo, nascido de novo e possuidor da nova natureza e do Espírito Santo habitando em si, foi obrigado a pedir desculpas por ter deixado sua carne tomar o controle da situação. Assim somos nós em nossas atitudes e palavras, quando comparados ao Senhor Jesus.

Nos próximos 3 minutos Jesus é enviado a Pilatos para ser julgado pelo poder civil.

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De costas para a Verdade

João 18:28-40

Após terem julgado Jesus sem conseguirem acusá-lo de coisa alguma que não fosse a verdade, os sacerdotes decidem enviá-lo a Pilatos, o governador romano. A cena é bizarra, pois representa bem como age o homem religioso e zeloso, porém longe de Deus. Os judeus que acompanham Jesus não entram na residência de Pilatos a fim de evitarem se contaminar com o mal que havia nas habitações dos que não eram judeus. Afinal, era o tempo da Páscoa, e eles queriam continuar participando das celebrações limpos de qualquer culpa.

Seria cômico se não fosse trágico: ao mesmo tempo em que cumprem suas responsabilidades religiosas eles entregam à morte o próprio Filho de Deus. Este é um exemplo clássico da responsabilidade moral sendo atropelada pelo costume ritual. Enquanto evitam se contaminar na casa de um juiz romano e humano, se contaminam com a culpa do assassinato do Juiz divino de todos os homens! Que paredes podiam ser mais imundas que as de seus próprios corações? Pilatos, sim, é quem deveria temer receber aqueles monstros em sua casa.

Mas ali está um homem igualmente ímpio, indo encontrar os judeus do lado de fora para não desagradá-los. “Que acusação vocês têm contra este homem?” (Jo 18:29), pergunta ele. A resposta é que Jesus é criminoso e merece morrer, uma sentença que apenas o invasor romano pode declarar. Na verdade, a acusação que os judeus têm contra Jesus tem dois aspectos. Primeiro, o aspecto religioso: Ele deve morrer por ter blasfemado ao declarar-se o Cristo, o Filho de Deus, fazendo-se assim igual a Deus. Segundo, o aspecto civil: Jesus diz que é o rei dos judeus, e qualquer um com tais pretensões é visto pelo Império Romano como reacionário e digno de morte.

Pilatos está claramente incomodado pela obrigação de julgar aquele homem em quem não vê crime algum, mas apenas uma intriga dos judeus. No diálogo que se segue Jesus declara que seu reino não é deste mundo, aonde ele desceu para dar testemunho da verdade. Todos os que são da verdade dão ouvidos a ele. É aqui que a sorte de Pilatos é selada. Ele não é da verdade e nem quer ser. Por isso, ao perguntar “Que é a verdade?” (Jo 18:38), não espera pela resposta. Dá as costas para Jesus e volta-se aos judeus, com os quais quer manter boas relações. Pilatos é político.

Numa última tentativa de livrar Jesus da morte, ele oferece cumprir o costume de soltar um prisioneiro por ocasião da Páscoa, uma espécie de indulto governamental. Mas os judeus não querem Jesus solto. Preferem que Pilatos solte um criminoso, Barrabás. E Jesus? Que seja crucificado. Se você já escutou a frase “A voz do povo é a voz de Deus”, saiba que ela não está na Bíblia. Nesta eleição democrática ocorrida há dois mil anos a voz do povo vota em Barrabás.

Nos próximos 3 minutos a humanidade revela qual é a sua real intenção para com Deus: acabar com ele.

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Livrando-se de Deus

João 19; Gênesis 3 e 4

Chegamos agora ao capítulo mais solene, não só deste evangelho, mas de toda a história da humanidade: a morte de Jesus. Ele já havia indicado que se o grão de trigo apenas caísse na terra, de nada adiantaria, pois ficaria só. Mas se morresse, germinaria e daria muito fruto. Por isso Jesus deve morrer.

Porém, ao mesmo tempo em que ele deve cumprir o propósito de sua vinda ao mundo, os seres humanos devem revelar sua real disposição para com Deus: livrarem-se dele. No capítulo anterior Jesus diz a Pilatos que aquele que o tinha entregado ao governador romano era “culpado de um pecado maior” (Jo 19:11). Portanto deve existir uma escala de culpabilidade conforme a gravidade do mal.

Neste capítulo atingimos o ápice dessa escala da maldade: o homem está prestes a livrar-se de Deus, não apenas conceitualmente falando, mas de uma maneira prática, cruel e cabal. Ao menos ele pensa que pode conseguir isso para perpetuar-se no poder como deus e senhor de seu próprio destino.

Ao longo das eras Deus tratou com o homem de diferentes maneiras. Chamamos a isso de dispensações. No Éden ele lidou com o ser humano em um estado de inocência, e o homem falhou ao querer livrar-se de Deus. A palavra “pecado” significa viver independente de um elemento regulador. “Vocês serão como Deus”, prometeu a serpente apontando para a autossuficiência. Eva acreditou.

No período que vai da queda do homem ao dilúvio Deus tratou com a humanidade em um estado de consciência. O ser humano agora conhecia o bem e o mal, embora fosse incapaz de fazer o bem e evitar o mal. Abra o jornal e você verá que é assim até hoje. No Éden o homem tentou dispensar a Deus e ocupar sua vaga. Não deu certo, então ele tentou a mesma coisa de diferentes maneiras.

Não satisfeito em livrar-se da concorrência divina, o homem quis também livrar-se da concorrência humana. Caim matou seu irmão, tornando-se, juntamente com seus descendentes, pioneiro em muitas coisas. Foi pioneiro no homicídio e fundou a primeira cidade, sendo também o primeiro a dar nomes de pessoas às coisas feitas pelo homem. Sua cidade ganhou o nome de seu filho Enoque.

Lameque, descendente de Caim, foi o pioneiro da poligamia e do homicídio em defesa própria, e seus três filhos inventaram a pecuária, a música e a tecnologia. O homem fincava assim sua bandeira no mundo e o adornava para viver nele confortavelmente, porém sem a intromissão de Deus. Enquanto isso Adão e Eva tinham outro filho, chamado Sete, de quem nasceu Enos, que significa “frágil” ou “mortal”. Foi nessa época que se passou a invocar o nome do Senhor e é dessa linhagem que veio Jesus, o Salvador do mundo.

Nos próximos 3 minutos a terra antes do dilúvio parece tirada de um conto de literatura fantástica.

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Viagem no tempo

Gênesis 5 e 6

A terra antes do dilúvio é de causar inveja em qualquer autor de literatura fantástica. Era um planeta totalmente diferente. Não chovia — uma névoa regava as plantas. As condições atmosféricas, de radiação solar e menor degradação genética permitiam que sua população vegetariana vivesse por quase mil anos. Sim, vegetariana, porque a carne só seria dada por alimento após o Dilúvio.

A população na véspera do Dilúvio poderia ser igual ou maior que a atual. Faça as contas e você verá. Havia uma única civilização, um único idioma e um único continente. A expectativa de vida era medida em séculos e as pessoas transmitiam verbalmente e de primeira mão séculos de conhecimento. O pai e o avô de Noé eram contemporâneos de Adão, que lhes contou o que aconteceu no Éden. Por isso não havia idolatria antes do dilúvio. As pessoas sabiam que Deus era real, porém tentavam substituí-lo pela capacidade humana, como fazem os modernos humanistas.

No Éden Satanás fora avisado de que um descendente da mulher esmagaria sua cabeça, por isso armou um plano para corromper a linhagem humana. Seus anjos caídos desertaram de seu estado natural, assumiram a forma humana e fecundaram mulheres, que geraram seres híbridos e poderosos conhecidos por “nefilins” ou “gigantes”. Agora você já sabe de onde vêm as antigas lendas de titãs e semideuses. Não são lendas; eles realmente existiram.

Naquele mundo de habitantes centenários, convivendo com titãs com poderes só vistos nos livros de ficção, Deus era reconhecido e respeitado por poucos. Pouquíssimos, se você considerar que apenas Noé, sua esposa, filhos e noras — oito pessoas — acreditaram na Palavra de Deus de que o mundo seria destruído. Somente eles entraram na imensa arca repleta de animais, cuja porta foi fechada do lado de fora pelo próprio Deus.

Por mais de cem anos Noé anunciou publicamente, tanto o juízo de Deus quanto a salvação pela fé. Jesus, em Espírito, pregava por intermédio de Noé aos que mais tarde teriam seus espíritos em prisão por rejeitarem a Palavra de Deus. Para serem salvos teria bastado crer na Palavra de Deus e estar no lugar que Deus determinou: a arca. Mas isso exigia fé, pois a arca foi construída em terra seca numa época quando ninguém sabia o que era chuva, quanto mais um dilúvio.

Hoje Deus avisa que este mundo será mais uma vez destruído, só que por fogo. Desta vez a salvação está numa Pessoa, Jesus, o Filho de Deus, o único sobre quem o fogo do juízo divino já caiu. Para ser salvo de uma enchente você precisa flutuar sobre ela. Para ser salvo do fogo, você precisa estar onde ele já queimou.

Nos próximos 3 minutos o homem encontra mais maneiras de se esquivar de Deus.

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Uma nova chance

Gênesis 7 a 11

Deus decidiu dar outra chance à humanidade, recomeçando por intermédio de Noé e abrindo a dispensação que podemos chamar de ‘governo humano’. Noé recebeu autoridade sobre seus semelhantes, inclusive com poder de condenar à morte aquele que derramasse o sangue de seu próximo. Isso nunca foi revogado por Deus.

Ao saírem da arca, Noé e seus filhos encontraram um mundo diferente. A expectativa de vida, que em poucas gerações cairia para os cento e vinte anos, continuaria a cair até atingir a média de trinta anos. Foi só no século vinte que a medicina reverteu essa tendência e hoje a média gira em torno dos setenta anos, quase novecentos anos menos que a idade de Matusalém, avô de Noé.

Nesse novo mundo Deus deu a carne como alimento, e os animais passaram a temer e a fugir dos homens, o que não acontecia antes. Tudo ia bem, até Noé, o primeiro governador desses novos tempos, sucumbir à embriaguez e cair em desgraça. Como sempre acontece nas dispensações, tudo começa bem e acaba mal. Os descendentes de Noé cuidaram disso no capítulo 11 de Gênesis.

Ali nós os encontramos pretenciosos e declarando-se donos do mundo. Eles dizem: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra” (Gn 11:4). Porém Deus, falando na primeira pessoa do plural por ser uma ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo, declara:

Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer. Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros”. O relato bíblico continua dizendo que “o Senhor os dispersou dali por toda a terra, e pararam de construir a cidade. Por isso foi chamada Babel [que significa ‘confusão’], porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mundo” (Gn 11:6-7).

O homem havia falhado na inocência, na consciência e no governo humano. Deus agora chamaria um para fora da idolatria que assolava o mundo e lhe daria uma promessa. Abrão, nome que significa “pai exaltado”, mais tarde seria chamado de Abraão, ou “pai de uma multidão”. Deus prometia a ele uma terra — Canaã — e uma posteridade, porém não sem sacrifício. Prefigurando o que o próprio Deus faria séculos mais tarde com seu Filho, Abraão recebeu a ordem de sacrificar Isaque, seu filho, em holocausto a Deus.

Aquilo tinha por objetivo provar a fé de Abraão, de que Deus traria seu filho de volta da morte. Uma vez satisfeito, Deus interrompeu o sacrifício e entregou um carneiro para ser morto em lugar de Isaque. Anos mais tarde o sacrifício do Filho de Deus não seria interrompido. O Cordeiro de Deus teria mesmo de morrer.

Nos próximos 3 minutos Deus dá uma chance a um povo teimoso e obstinado: Israel.

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De sangue em sangue

Êxodo 12

Depois de pecarem e perderem sua inocência, Adão e Eva viram Deus sacrificar um animal e fazer vestimentas de peles para eles. O sangue de um animal inocente derramado em prol do pecador permitia que Deus continuasse agindo em graça para com o homem. Abel mostrou ter consciência disso, pois também fez um sacrifício de sangue que foi aceito por Deus na dispensação da consciência.

Noé deu início à terceira dispensação — do governo humano — derramando o sangue no sacrifício de animais e aves que levara na arca para esse fim. A promessa dada a Abraão em sua dispensação também estava associada a um sacrifício, do próprio filho do patriarca, substituído na última hora por um carneiro. A graça de Deus permaneceria disponível ao homem, sempre à sombra do sangue de animais inocentes sacrificados em lugar do pecador.

Encontramos agora os descendentes de Abraão como escravos no Egito e chamados de Israel. Este foi o nome que Deus deu a Jacó, neto de Abraão, para que fosse o patriarca de um povo ao qual foi dada a Lei. A dispensação da Lei inicia com o sangue de animais sacrificados nas casas dos israelitas no Egito, para protegê-los do juízo que cairia sobre os primogênitos daquela terra.

Deus testava o homem para ver se era capaz de viver pelos padrões divinos. A verdade é que a Lei nunca foi obedecida por homem algum, exceto Jesus. A razão é simples: quem transgredisse qualquer mandamento seria culpado de toda a Lei, e um dos mandamentos simplesmente proibia o homem de cobiçar. Experimente parar de pensar em pecar e você se achará pecando em pensamento.

Antes da formação da Igreja, nunca um povo havia sido tão privilegiado como foi Israel. E nunca antes o homem tinha afrontado a Deus da maneira que esse mesmo povo afrontou ao condenar seu Messias à morte. A dispensação da Lei continuou até Jesus pagar pela transgressão da mesma Lei, não por ele, mas pela nação de Israel. No capítulo 11 do Evangelho de João isso foi profetizado por Caifás, o sumo sacerdote:

É melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação”. João continua explicando que “ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los em um corpo” (Jo 11:50-52).

Agora, não mais com o sangue de animais, mas sim de seu próprio Filho, Deus podia tratar com o homem em pura graça na dispensação que leva este nome. “A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5:20).

Nos próximos 3 minutos Jesus fica num fogo cruzado.

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No fogo cruzado

João 19:1-12

Dois homens são pegos em um fogo cruzado. Um é Jesus, atacado de todos os lados pelo povo, clero e soldados. Logo mais ele seria pego em outro fogo cruzado: a cruz. Suas criaturas continuariam a atacá-lo de um lado, enquanto Deus o atacaria de outro, castigando-o por pecados que ele não cometeu.

No capítulo 50 de Isaías o próprio Jesus descreve, de forma profética, o momento em que é coroado de espinhos e vestido com a capa roxa de um rei: “Ofereci minhas costas para aqueles que me batiam, meu rosto para aqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e da cuspida” (Is 50:6).

Antes de ter suas mãos e pés perfurados pelos pregos, Jesus precisou permitir, por assim dizer, que Deus furasse suas orelhas. No capítulo 21 do livro de Êxodo, a Lei determinava que um escravo hebreu só seria escravo por seis anos. Ao sétimo ele sairia livre. Porém, se tivesse recebido de seu senhor uma esposa, e esta lhe tivesse dado filhos, apenas ele estaria livre.

Mas havia uma maneira de mostrar seu amor pela esposa: recusar a liberdade. Para isso o seu senhor deveria levá-lo à presença dos juízes, colocar sua orelha de encontro ao batente da porta, e furá-la com uma ponta de metal. A madeira do batente ficaria marcada e a orelha do escravo perfurada. Para sempre ele levaria em seu corpo a marca de seu amor pela mulher.

No Salmo 40, Jesus profeticamente fala ao Pai: “Sacrifício e oferta não quiseste; as minhas orelhas furaste”. Por amor de sua noiva, a Igreja, Cristo se fez servo e se dispôs a morrer. No mesmo Salmo ele continua: “Tenho grande alegria em fazer a tua vontade, ó meu Deus” (Sl 40:6-8). Por isso neste evangelho vemos um Jesus sereno e tranquilo em meio a chibatadas, socos e cuspidas. Ele sabe que é a vontade do Pai que ele dê sua vida como sacrifício em lugar do pecador.

Pilatos, porém, está atribulado. Três vezes ele disse não ver crime algum em Jesus e tentou fazer os judeus mudarem de ideia. Sua esposa o alertou para não se envolver com aquele justo, pois tivera um sonho ruim. O terror de Pilatos aumenta quando os judeus dizem que Jesus declarou ser Filho de Deus. “De onde você vem?”, pergunta Pilatos a Jesus. Sem resposta. O orgulho de Pilatos lhe sobe à cabeça: “Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?”. Agora Jesus responde: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima” (Jo 19:9-11).

Pilatos está apavorado, porém o brado dos judeus é decisivo: “Se deixares esse homem livre, não és amigo de César” (Jo 19:12). Pilatos não pretende correr esse risco, por mais que sua consciência lhe diga para fazer o contrário.

Nos próximos 3 minutos é minha vez de perguntar: “Qual é o seu César?”.

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Vem, Senhor Jesus!

João 19:13-16

Pilatos já se decidiu. Não pretende trocar a amizade passageira de César pela companhia eterna de Jesus. Os judeus gritam histéricos “Crucifica-o!”, já decididos de que lado preferem ficar. Quando Pilatos pergunta “Devo crucificar o rei de vocês?”, a resposta unânime dos sacerdotes é: “Não temos rei, senão César” (Jo 19:15). Eles trocam o Messias que aguardavam há séculos pelo ditador romano.

Muitos deles estariam vivos trinta e poucos anos mais tarde, quando os romanos destruíssem Jerusalém. O Templo, revestido por dentro de madeira e ouro, seria incendiado e depois desmontado pedra por pedra, para os romanos rasparem o ouro derretido. Jesus avisou: “Não ficará pedra sobre pedra” (Mt 24:2). Ao rejeitarem seu Messias e Rei em troca da ilusão de grandeza e glória que o Império Romano imprimia na mente dos povos conquistados, os judeus perderam tudo.

E você, qual é o seu César? Hoje a Europa, o antigo Império Romano que retorna das cinzas, espera por um líder que restaure suas esperanças de grandeza e glória. Ele virá, a Bíblia diz, mas não é por ele que eu espero. E você?

A esperança do cristão é clara: ele aguarda por seu Senhor, e não pela chegada do anticristo, da tribulação ou de catástrofes globais. As últimas palavras de Jesus em Apocalipse são: “Venho em breve!”. A resposta dos que são seus é: “Amém. Vem, Senhor Jesus!”. Nos seus dias o apóstolo Paulo já esperava o Senhor vir arrebatar sua Igreja. Ele se inclui neste evento ao dizer “nós… os que ficarmos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares” (1 Ts 4:15-18).

Quanto tempo falta? A carta aos hebreus responde: “breve, muito breve”. No grego a palavra “mícron” aparece com o sentido de um átimo. Pelo menos é como irá parecer para aqueles que estiveram com Cristo. A espera terá sido desprezível diante da visão daquele para quem e por meio de quem todas as coisas existem. Em sua carta aos Coríntios, Paulo se inclui outra vez entre estes: “Num momento, num abrir e fechar de olhos… nós seremos transformados” (1 Co 15:52).

Ele não teria dito “nós” se esperasse que o evangelho do reino fosse pregado em todo o mundo, que chegasse a “grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo” (Mt 24:21), e que o anticristo se manifestasse. Ele disse “nós” porque ser arrebatado para estar com Jesus era o primeiro evento em sua lista de coisas a se cumprirem.

E você, está esperando o quê? Sua agenda é a Bíblia, o calendário asteca ou Nostradamus? Seu bilhete de embarque está marcado para daqui a um piscar de olhos, um ano ou uma década? Você será surpreendido como por um ladrão à noite, que vem para estragar sua festa, ou estará aguardando pelo Noivo, com a expectativa de uma noiva?

Nos próximos 3 minutos Jesus é fichado em grego, latim e hebraico.

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The End”

João 19:16-22

Jesus é levado para fora da cidade e pregado numa cruz. A profecia de Isaías se cumpre quanto aos seus parceiros na morte: “Foi contado entre os transgressores” (Is 53:12). Pilatos manda pregar sobre a cruz a ficha criminal de Jesus, escrita em grego, latim e hebraico, com o motivo da condenação: “JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS” (Jo 19:19). A execução é universal.

O grego é a língua da cultura, da ciência, das artes, dos esportes e do comércio global. O latim, do invasor romano, é o idioma do poder civil, militar e judiciário. Até hoje o direito romano é ensinado nas escolas. O hebraico é a língua da religião do homem em seu estado natural. Toda a civilização participa da execução; e é executada por ela.

Ao mesmo tempo a cruz anuncia que o único crime pelo qual Jesus está sendo condenado é o de ser quem ele realmente é: o Rei dos judeus. Porém os judeus lhe dão uma cruz em lugar de trono, e espinhos por coroa. Um dia ele voltará para reinar por mil anos sobre o mesmo povo de Israel que o rejeitou e todos os gentios que estiverem na terra.

Mas sua missão aqui não se limita a ser o Messias e Rei dos judeus. Jesus está prestes a cumprir uma obra de valor eterno: tirar o pecado do mundo e salvar o pecador. A primeira carta de Pedro o chama de “o cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos”.

Antes que o mundo existisse, ou que Adão fosse criado e arruinado pelo pecado, Jesus já estava preparado como o Cordeiro a ser sacrificado. O remédio para o pecado estava pronto antes mesmo da chegada da epidemia. Mesmo assim as pessoas ainda procuram por uma salvação em coisas que só vieram a existir depois da criação do mundo. Quais? Religião é uma delas.

A religião é a tentativa de religar o homem a Deus por meio de esforços humanos de compensação pelo pecado. Caridade, boas obras ou penitências são alguns de seus recursos. Outra tentativa é buscar a salvação em uma instituição, seja ela chamada igreja ou com outro nome, ou em algum homem ou ídolo. A pergunta é simples: estas coisas existiam antes da criação do mundo? Então não servem.

Deus não quer religar coisa alguma e nem nos fazer voltar ao estado de Adão. Deus quer pôr um fim no primeiro homem, Adão, e inaugurar uma nova criação em Jesus. “Se alguém está em Cristo, é nova criação” (2 Co 5:17). Na cruz Deus encerra uma etapa. Não é só Jesus que está sendo crucificado ali — com ele morrem o homem, o mundo e o pecado. A cruz é o ponto final onde a velha criação dá lugar à nova. Por isso na cruz ele diz: “Está consumado” (Jo 19:30).

Nos próximos 3 minutos vemos um sorteio aos pés da cruz.

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O sorteio

João 19:23-24

Em alguns minutos Jesus será o alvo de toda a ira divina contra o pecado. Ele está prestes a morrer no lugar do pecador, sofrendo uma eternidade no lago de fogo condensada em três horas. Quando terminar, Deus se dará por satisfeito e o ressuscitará para nossa justificação. Ele é o primeiro de uma nova criação.

A morte veio por meio de um só homem [Adão], também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem [Jesus]. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem” (1 Co 15:21-23).

O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente; o último Adão, espírito vivificante… O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, do céu. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial. Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial” (1 Co 15:47).

Para Adão e Eva, a primeira evidência de que tinham pecado foi perceberem que estavam nus. Jesus é crucificado despido, e é nesta condição — sem um avental de folhas, um vestido de peles ou suas próprias roupas — que ele se coloca no lugar do pecador para receber a justa paga pelo pecado. Em humilhação e vergonha, sem qualquer proteção contra o fogo do juízo que está prestes a cair sobre si.

Enquanto isso os soldados sorteiam as poucas peças de roupa de Jesus. Eles ignoram que estão cumprindo a profecia do Salmo 22:18 que diz: “Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes”.

Talvez os soldados queiram vender aquelas vestes. Não são diferentes daqueles que hoje usam das coisas de Jesus para enriquecer. Um dia eles dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?”, e o Senhor lhes dirá: “Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mt 7:23).

Talvez os soldados queiram aproveitar o poder que as pessoa viam sair daquelas vestes. “Aonde quer que ele fosse… suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados” (Mc 6:56). É só pela saúde que você está interessado em Jesus?

O Evangelho de João é o único que diz que a túnica “era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo” (Jo 19:23). Cada evangelho apresenta Jesus de uma maneira. Em Mateus ele é o Rei, em Marcos o Servo, em Lucas o Homem e em João, Deus. A túnica sem costura, tecida numa única peça, simboliza a perfeição divina de Jesus. Ele é o Homem perfeito, sem costura, ele é Deus.

Nos próximos 3 minutos Maria é entregue aos cuidados de João.

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João cuida de Maria

João 19:25-27

Algumas mulheres estão próximas da cruz, inclusive Maria, mãe de Jesus. Ao lado dela está João, o autor do evangelho. Devemos observar o tratamento usado entre Jesus e os discípulos, a fim de nos precavermos do erro de adotar títulos espirituais ou eclesiásticos sem qualquer base bíblica.

Jesus chama a Deus de Pai, mas não faz o mesmo com José, seu pai adotivo. Maria é chamada pelos discípulos de “mãe de Jesus”, mas nunca de “mãe de Deus”. Jesus, por sua vez, não a chama de mãe, e sim de “mulher”, uma expressão equivalente a “senhora”. Depois que os judeus alegam que o poder de Jesus viria do príncipe dos demônios, ele rompe seus vínculos naturais com Israel.

Vemos isto quando avisam que sua mãe e irmãos o procuram. Sua resposta é: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”, e apontando para os discípulos, diz: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12:46-50). A última referência a Maria é no capítulo 1 do livro de Atos. Ela não é mencionada nas epístolas, que são as cartas que contêm a doutrina dos apóstolos para a Igreja.

Os discípulos não chamavam outros discípulos de “pai”, mas encontramos João e Paulo chamando de “filhinhos” a seus filhos na fé, aqueles aos quais pregaram o evangelho. O tratamento é de mão única, pois o próprio Jesus ordenou: “A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus” (Mt 23:9). O catolicismo adota para seus líderes o título de “padre”, que é “pai” em latim, numa clara desobediência à ordem de Jesus. Também usa o título “monsenhor”, de origem francesa, que significa “meu senhor”. Porém Paulo ensina: “Para nós… há um único Deus, o Pai… e um só Senhor, Jesus Cristo” (1 Co 8:6).

Vemos os discípulos chamarem a Jesus de Senhor, mas nunca de “amigo”. Só ele podia chamá-los de “amigos”, por revelar a eles coisas que só um amigo deveria saber. Também não os vemos chamando a Jesus de Pai ou de Rei, por não ser esta nossa relação com ele. Ele é Rei para Israel, mas para a Igreja ele é Senhor. Entender estas coisas nos ajuda a compreendermos melhor a Palavra de Deus.

Na cruz Jesus preocupa-se com Maria. “Aí está seu filho”, diz a ela, referindo-se a João. “Aí está a sua mãe”, diz ele a João. “Daquela hora em diante, o discípulo a levou para casa” (Jo 19:26-27), numa clara indicação de que seria João quem cuidaria de Maria, e não o contrário. E ambos poderiam contar com Jesus no céu cuidando deles. Ele já havia franqueado esse acesso, ao dizer: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11:28). É a ele que nós também devemos recorrer em busca de um perpétuo socorro.

Nos próximos 3 minutos Jesus faz um pedido.

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Tenho sede”

João 19:28-29

Na cruz Jesus sofre como homem. Ferido e desidratado, ele pede água. “Tenho sede” (Jo 19:28), diz o criador do universo, dos rios e oceanos. Em seu andar aqui ele alimentou, curou e trouxe refrigério a muitos, mas nunca fez algo em benefício próprio. O Salmo 22 descreve este momento: “Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte” (Sl 22:15).

No capítulo 1 deste evangelho João diz que por meio de Jesus todas as coisas foram criadas. A carta aos Hebreus ensina que ele é o que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder. O livro de Jó diz que ele é o que abre “um canal para a chuva torrencial, e um caminho para a tempestade trovejante, para fazer chover na terra em que não vive nenhum homem, no deserto onde não há ninguém, para matar a sede do deserto árido e nele fazer brotar vegetação” (Jó 38:25-27). Aqui, porém, ele não desvia uma gota sequer para seus lábios ressequidos.

O mesmo capítulo 38 de Jó revela que aos ímpios a luz de Deus é negada. Na cruz, densas trevas caem sobre a terra. A santidade de Deus não pode ter comunhão com o pecado, por isso Jesus deve sofrer ali sozinho e sem luz. Nada descreve de forma tão gráfica o seu sofrimento como a passagem profética do livro de Lamentações. Ali ele fala do juízo que está recebendo do próprio Deus:

Eu sou o homem que viu a aflição trazida pela vara da sua ira. Ele me impeliu e me fez andar na escuridão, e não na luz; sim, ele voltou sua mão contra mim vez após vez, o tempo todo. Fez que a minha pele e a minha carne envelhecessem e quebrou os meus ossos. Ele me sitiou e me cercou de amargura e de pesar. Fez-me habitar na escuridão como os que há muito morreram. Cercou-me de muros, e não posso escapar; atou-me a pesadas correntes.

Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração. Ele impediu o meu caminho com blocos de pedra; e fez tortuosas as minhas sendas. Como um urso à espreita, como um leão escondido, arrancou-me do caminho e despedaçou-me, deixando-me abandonado. Preparou o seu arco e me fez alvo de suas flechas. Atingiu o meu coração com flechas de sua aljava.

Tornei-me motivo de riso de todo o meu povo; nas suas canções eles zombam de mim o tempo todo. Fez-me comer ervas amargas e fartou-me de fel. Quebrou os meus dentes com pedras; e pisoteou-me no pó. Tirou-me a paz; esqueci-me do que significa prosperidade. Por isso digo: ‘Meu esplendor já se foi, bem como tudo o que eu esperava do Senhor’. Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim” (Lm 3:1-20).

Em resposta ao seu pedido de água, os soldados lhe dão vinagre, cumprindo assim mais uma profecia do Antigo Testamento. Sabe por que Jesus sofreu tanto ali? Por você e por mim. Eu sei que ele pagou ali pelos meus pecados. E você?

Nos próximos 3 minutos Jesus entrega sua vida em sacrifício pelo pecado.

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Está consumado”

João 19:30

As últimas palavras de Jesus na cruz são “Está consumado”. E o texto acrescenta: “Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito” (Jo 19:30). É muito importante entender a singularidade destas duas frases, “está consumado” e “entregou o espírito”, porque são coisas que jamais poderão ser ditas de homem algum, só de Jesus.

O sentido do “está consumado” é de algo resolvido, e é a mesma palavra grega usada para uma dívida quitada. Jesus está dizendo que está terminado, a dívida está paga, é o fim da questão. Ninguém mais poderá cobrar uma dívida que foi paga, e ninguém poderá condenar um ex-detento que cumpriu toda a sua pena.

Mas que dívida Jesus tinha para ter assim pago na cruz? Que pena de morte era essa que ele cumpriu até o final? A minha dívida e a minha pena. Ao morrer na cruz, aquele que não tinha pecado, jamais pecou e era incapaz de pecar, foi feito pecado em meu lugar. Ali os meus pecados foram colocados sobre ele e Deus o julgou como se estivesse julgando a mim.

Se eu tivesse que me encontrar com Deus no final meu destino certo seria o lago de fogo. Uma pena eterna de dor e ranger de dentes. Eu mesmo não poderia fazer nada para amenizar isso, pois se trata de uma questão judicial. O bom comportamento de um criminoso ao longo de sua vida não diminui a gravidade de seu crime. Ele deve ser julgado.

Eu, um pecador perdido, só poderia ser salvo se alguém sem qualquer mancha de pecado assumisse minha culpa e tomasse o meu lugar no juízo. Foi o que Jesus fez, ou ninguém jamais poderia ser perdoado e salvo eternamente. É por isso que posso ter a certeza de que todos os meus pecados já foram julgados: Jesus os levou sobre si quando eu nem sequer ainda existia.

O valor da cruz se estende em ambas as direções da história da humanidade — para o passado e para o futuro. Os que antes morreram crendo na misericórdia e graça de Deus, de que ele faria algo pelo pecador, foram salvos pela obra de Cristo na cruz. Os que vieram depois e creram que Deus já providenciou o Cordeiro para o sacrifício, e que este foi consumado ali, são salvos pela mesma obra.

Os que continuam tentando obter a salvação confiando em sua própria religião, caridade ou obras de justiça, jamais conseguirão obter o perdão. É simples entender isto: perdão é algo que você faz por merecer ou é algo que a parte ofendida dá por graça e misericórdia?

Assim é a salvação daquele que crê em Jesus. O que você merecia — o castigo eterno — a misericórdia de Deus não lhe dá. O que você não merecia — a salvação eterna — a graça de Deus lhe dá. É por isso que se chama graça, caso contrário se chamaria dívida.

Nos próximos 3 minutos saiba por que só Jesus era capaz de morrer.

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Morrer

João 19:30

O verbo morrer, no sentido da morte de Jesus, deveria ser um verbo defectivo, como colorir, reaver ou precaver. Você jamais poderá conjugar estes verbos na primeira pessoa, dizendo “eu coloro”, “eu reavo” ou “eu precavo”. Apesar de sermos capazes de conjugar o verbo morrer na primeira pessoa, não somos capazes de morrer na prática. Eu explico.

Uma pessoa pode ser morta por uma doença, acidente ou ação criminosa. Ela pode tirar a própria vida tornando-se homicida de si mesma, mas não pode simplesmente morrer. Ninguém é capaz de parar o próprio coração ou desligar suas funções cerebrais. Ninguém é capaz de entregar o espírito, devolvendo-o a Deus. Exceto Jesus.

No capítulo 10 deste Evangelho de João, Jesus diz ter um poder sobre-humano: dar a sua vida. Ele diz: “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem [ou poder] recebi de meu Pai”. Os judeus entenderam muito bem o que ele quis dizer, pois “muitos deles diziam: ‘Ele está endemoninhado e enlouqueceu’”. (Jo 10:15-20).

Jesus tinha tanto o poder de entregar sua vida — de realmente morrer na primeira pessoa — como de ressuscitar. Ele faz uso desse primeiro poder na cruz, mas não ressuscita por si próprio na sepultura. Deus irá fazê-lo, reconhecendo assim que seu foi sacrifício cumpriu toda a justiça. Porque Jesus vive, aqueles que creem nele podem ter a certeza, não apenas de que já foram julgados em Cristo, como de terem nele a garantia da ressurreição.

Obviamente tudo isso só é possível pela fé, que “é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Você não é salvo pela razão, mas por tocar o invisível. “Pela fé [e não pela ciência] entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível… Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam [chuva e dilúvio], movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família… Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo… Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam” (Hb 11).

Agora você já sabe que se quiser receber o perdão de seus pecados e ter sua dívida para com Deus quitada sem passar pelo juízo final, precisará crer em Jesus; exercitar fé nele e em sua Palavra. Não existe outra maneira. Esta é a única que dá a Deus, e não a você, todo o mérito da sua salvação.

Nos próximos 3 minutos do corpo de Jesus saem sangue e água.

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O lado ferido

João 19:31-37

Apesar de matarem um inocente, os judeus tentam fazer isso dentro de sua própria versão da Lei de Moisés. Decidem tirar os corpos da cruz para evitar que permaneçam ali no sábado. Porém em Deuteronômio 21, a Lei determinava que quem morresse no madeiro devia ser sepultado no mesmo dia, independente de ser sábado ou não.

Eles decidem apressar a morte dos condenados, mas isso não é feito com um golpe de misericórdia na cabeça; suas pernas são quebradas. Duas ou mais marretadas esmigalham seus ossos, impedindo que eles continuem apoiados nos próprios pés. Pendurados pelos braços e incapazes de tomar fôlego, tem início uma nova agonia: a morte por asfixia.

Mas os ossos de Jesus não são quebrados, pois ele já está morto. Será que os judeus repararam no significado disso? Quando Deus instituiu a Páscoa, ao libertar os israelitas do Egito, ele ordenou que nenhum osso do cordeiro sacrificado fosse quebrado. Jesus é sacrificado aqui com seus ossos intactos.

Para certificar-se de que Jesus está morto, o soldado enfia a lança no seu cadáver. Sangue e água vertem da ferida. Se você já tem a certeza de estar pronto para se encontrar com Deus, e isto não por seus próprios méritos, saiba que é a água e o sangue de um corpo morto que lhe dão esse privilégio.

No Salmo 51 o rei Davi se conscientiza de seu pecado — adultério e morte do marido traído — reconhecendo-se sujo e incapaz de apagar suas transgressões:

Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei. Faze-me ouvir de novo júbilo e alegria; e os ossos que esmagaste exultarão. Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável” (Sl 51:1-10).

Se você quiser viver eternamente no céu precisará reconhecer a perdição que existe dentro de você: o pecado que o corrói. Jesus disse que não veio “chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lc 5:32). Você se considera justo? Então não conte com a salvação que Jesus oferece. Você se reconhece pecador? Então é por você que Jesus morreu.

Mas o que significam o sangue e a água que saem do corpo de Jesus? Veja nos próximos 3 minutos… e nos outros também.

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Deus limpa, transforma
e dá o Espírito

Ezequiel 36:23-33

Se você ler o capítulo 36 do livro de Ezequiel, dos versículos 23 ao 33, verá a promessa de salvação para Israel. Ali encontramos o modo como Deus salva, o qual é o mesmo para você e para mim. Repare como tudo é Deus quem faz.

Primeiro existe um reconhecimento de pecado e Deus entra em cena separando aquele que ele quer salvar. A passagem diz: “Eu os tirarei das nações”, que profanaram o santo nome de Deus. O versículo 25 diz: “Aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão puros; eu os purificarei de todas as suas impurezas”.

Deus continua: “Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis… vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Eu os livrarei de toda a sua impureza” (Ez 36:26-27).

Veja que tudo é obra exclusivamente de Deus, não do homem. Este recebe de Deus uma nova perspectiva, novos sentimentos, novos desejos. E não para aí: “Então vocês se lembrarão dos seus caminhos maus e das suas ações ímpias, e terão nojo de si mesmos por causa das suas iniquidades e das suas práticas repugnantes… no dia em que eu os purificar de todos os seus pecados…” (Ez 36:31-33).

Veja a sequência: Deus limpa — “Aspergirei água pura sobre vocês” —; Deus transforma — “Darei a vocês um coração de carne” —; e Deus dá o Espírito Santo — “Porei o meu Espírito em vocês”. Aí sua vida muda e você passa a pensar e a agir como alguém da família de Deus: Eu “os levarei a agirem segundo os meus decretos… vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”. Você passará a sentir nojo do pecado: “Terão nojo de si mesmos… no dia em que eu os purificar”.

Deus explica por que faz isso: “Quero que vocês saibam que não estou fazendo isso por causa de vocês” (Ez 36:32). Tudo o que faz com você é por causa da glória dele, e é justamente aí que está a sua segurança. Deus salva você por causa da reputação dele, e não pelo que você é. Eu e você somos pecadores e tudo o que merecemos é a condenação eterna por causa dos nossos pecados.

Depois de salvá-lo, Deus não irá perder você por nada. Lembre-se de que a reputação dele está em jogo. Ninguém poderá tirar você das mãos de Deus: nem o diabo, nem seus pecados e nem você mesmo. Jesus confirma: “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10:28-30).

Você irá entender melhor nos próximos 3 minutos, quando descobrir que sua salvação é de cima para baixo, do céu para a terra, de Deus para você.

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Carne ou espírito

João 19:31-37

Nos últimos 3 minutos vimos que a salvação tem origem em Deus, e não no homem. É Deus quem limpa, transforma e dá o Espírito Santo. Tudo isso graças ao sangue e à água que saíram do corpo morto de Jesus. Vamos agora escutar o que Jesus está dizendo a Nicodemos no capítulo 3 do Evangelho de João:

Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo… se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:3-6). Como tudo na vida começa com um nascimento, não é diferente a vida nova que você tem em Cristo. É preciso nascer de novo.

Se você acompanhou os últimos 3 minutos viu que primeiro vem a água da purificação, e então Deus dá um novo coração e uma nova natureza que é do céu. Enquanto isso a carne continua a mesma, incapaz de melhorar. “O que nasce da carne é carne”, diz Jesus, mas “o que nasce do Espírito é espírito”. Então você passa a viver com duas naturezas: a velha, que é incapaz de melhorar por estar totalmente arruinada, e a nova, que é igualmente incapaz de melhorar porque é vinda de Deus, portanto perfeita.

A menos que você mantenha a velha natureza mortificada, pois a cruz deu um fim nela, você continuará tendo maus pensamentos e o desejo de pecar. Para não dar chance à velha natureza, é preciso andar no Espírito, que é a mola propulsora da nova natureza. Você viverá assim até o dia da ressurreição, quando passará a viver em um corpo semelhante ao de Jesus.

Mas de que água Jesus está falando a Nicodemos, quando fala de “nascer da água”? Certamente não é do batismo, que simboliza morte e não vida. Ele fala da água da purificação, como a que saiu do lado ferido de Jesus. Efésios 5:26 diz que Jesus entregou-se a si mesmo pela Igreja, “para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável”.

Não há dúvida, portanto, de que a água que lava e purifica você, aplicada pelo Espírito Santo em sua alma, é a Palavra de Deus. Ela também o regenera, preparando-o para a nova vida: “Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente” (1 Pe 1:23).

Hebreus 10:22 fala do acesso que o crente tem à presença de Deus, sem ser julgado ou consumido por sua santidade: “Aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura”. A água pura você já sabe o que é. Mas o que significa “corações aspergidos”? Veremos isto nos próximos 3 minutos.

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Um Deus propício

Levítico 16

Sua nova vida começa com água — a água da Palavra de Deus. Assim foi também em figura na festa de casamento em Caná, na Galileia, quando Jesus ordenou que os servos enchessem as talhas de pedra com água até em cima. Então ele transformou a água em vinho. Primeiro vem a Palavra, depois a vida e alegria.

Todos os salvos por Cristo, de todas as épocas, um dia saberão que sua salvação só foi possível graças ao sangue e à água que saíram do lado ferido de Jesus. Seu valor e eficácia são eternos, atendendo às santas demandas de Deus, tanto para os que viveram antes da cruz, como depois dela. No Antigo Testamento Deus já havia sinalizado que a salvação seria assim: por meio do sangue e da água.

Se você ler o capítulo 8 de Levítico, verá que a consagração dos sacerdotes começava com a água da purificação, na qual eram banhados. Depois vinha o sangue do sacrifício. Água e sangue, representando a Palavra de Deus, que purifica, e o sangue de Cristo, que permite nos aproximarmos de Deus.

Em Levítico, capítulo 16, você encontra a mesma ordem de água e sangue para o sacrifício. Primeiro o sacerdote toma um banho com água, antes de colocar suas vestes de linho. Então um novilho é sacrificado para fazer propiciação pelo próprio sacerdote e por sua família.

Para entender de maneira simples a palavra “propiciação”, pense nela como Deus sendo propício a você, permitindo que entre na presença dele sem ser consumido, já que alguém deu a vida em seu lugar. Quando encontrar a palavra “expiação”, pense na expressão “bode expiatório”, que popularmente é entendida como alguém que toma a culpa e é castigado no lugar do culpado. E a palavra “aspergir” significa simplesmente “borrifar” um líquido com os dedos, neste caso, sangue.

No mesmo capítulo aparecem dois bodes: um para servir de expiação pelo pecado, outro como bode emissário. Um era morto, o outro era solto no deserto. Mas antes de soltá-lo, o sacerdote colocava suas mãos sobre a cabeça do bode e confessava os seus pecados e os do povo. Então o bode solto para levar embora os pecados.

Percebe como esses sacrifícios prefiguravam o sacrifício de Cristo feito uma só vez para tirar os pecados? Jesus tanto morreu, assumindo nossa culpa, como também levou nossos pecados para nunca mais serem trazidos de volta. O sangue do novilho morto era levado para o interior do tabernáculo e ali espargido ou borrifado sobre a tampa da arca da aliança. Qual era o nome dessa tampa? Propiciatório. O sangue era colocado diante de Deus como um lembrete para ele ser propício para com o pecador, pois alguém já tinha dado a vida em seu lugar.

Depois de saber que há tanto tempo Deus já indicava um substituto para você — Jesus — como é que você ainda ousa querer merecer sua salvação com boas obras ou com seus próprios sacrifícios? Será que ainda não caiu a ficha?

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Fim de carreira

João 19:38-42

O capítulo 19 do Evangelho de João termina com o fim da carreira de três pessoas: Jesus, José de Arimateia e Nicodemos. Jesus encerra sua carreira aqui cumprindo a obra que o Pai lhe havia dado: morrer como um sacrifício em lugar do pecador. Logo ele ressuscitaria e subiria ao céu onde permanece até hoje.

Durante o julgamento e morte de Jesus os apóstolos evitaram qualquer associação com o condenado. Pedro chegou até a negar que o conhecia. É nessas horas que vemos aqueles que se gabam de sua fidelidade saírem de cena, e os mais improváveis tomarem o seu lugar. É o que acontece com estes dois homens, José de Arimateia e Nicodemos.

Ambos tinham uma carreira bem sucedida como homens públicos e membros do sinédrio, o poder legislativo de Israel. Eles eram o que hoje chamamos de senadores, e Nicodemos também pertencia à seita dos fariseus, os líderes religiosos que perseguiam a Jesus.

Nicodemos aparece no capítulo 3 deste evangelho conversando com Jesus à noite, com medo de ser visto em sua companhia. No capítulo 7 ele aparece um pouco mais ousado, defendendo Jesus diante de outros senadores e fariseus. Agora nós o vemos com José, pedindo a Pilatos para liberar o corpo de Jesus. Quem mais poderia fazê-lo? Os pescadores Pedro, Tiago e João? Não, Pilatos jamais receberia alguém que não fosse do seu nível social. Deus os preparou para essa hora.

Ambos tinham sido discípulos de Jesus secretamente, mas isso acaba aqui. A partir de agora todos saberão que eles são tão dedicados a Jesus que não se importam de enterrar suas carreiras junto com o cadáver. A partir de agora eles serão rejeitados e perseguidos como qualquer outro cristão.

José cede seu próprio sepulcro. Nicodemos traz mais de trinta quilos de unguentos aromáticos. Os dois homens passam o unguento no corpo de Jesus enquanto o envolvem em faixas de linho. A Lei dos judeus considerava imundos aqueles que cuidavam de cadáveres, mas José e Nicodemos não estão preocupados com isso.

O apóstolo Paulo, outro nobre fariseu, um dia também deu adeus à sua carreira e chamou de esterco toda a sua bagagem social e cultural ao compará-la com o privilégio de conhecer a Cristo. Hoje, no céu, Paulo, José e Nicodemos não têm dúvidas de que valeu a pena assumir publicamente sua fé em Jesus. O mundo não era digno daqueles homens e continua não sendo digno de todos os que assumem uma posição por Jesus, à vezes ao custo de uma carreira, de familiares e amigos, ou mesmo de um relacionamento afetivo.

Como lição de casa sugiro que você leia o capítulo 11 da carta aos Hebreus, e conheça alguns dos milhões que fizeram o mesmo antes mesmo de Jesus ter vindo ao mundo. E nos próximos 3 minutos, Maria Madalena tem uma surpresa.

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Maria de Magdala

João 20:1-2

É madrugada do primeiro dia da semana e Maria Madalena já está diante do sepulcro. A morte de Jesus deixou nela uma impressão amarga, e também nas outras mulheres que acompanharam tudo aos pés da cruz. Jesus está morto, e com ele morrem as esperanças de um futuro brilhante para Israel.

Ela chega à sepultura enquanto ainda está escuro. O Evangelho de Lucas menciona outras mulheres se dirigindo ao sepulcro nesse dia, mas o Evangelho de João fala apenas de Maria Madalena. Talvez por ela ter chegado primeiro, ou pelo relato estar alinhado com o caráter deste Evangelho de João.

João é o discípulo amado, aquele que tinha intimidade suficiente para se reclinar sobre o peito de Jesus. Neste evangelho Jesus é mostrado como o Deus acessível ao homem, como aquele que saiu da glória para salvar o pecador. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (Jo 1:18).

Cerca de mil e quinhentos anos antes Moisés subiu a uma montanha que fumegava como uma gigantesca fornalha para encontrar-se com Deus e receber as tábuas da Lei. Qualquer que tocasse o monte seria fulminado. O chão tremia e uma nuvem espessa descia sobre o lugar. Enquanto trovões e raios rasgavam o céu, um som ensurdecedor apavorava o povo de Israel que aguardava na planície.

Foi em um cenário aterrador que Deus apresentou ao povo o padrão que jamais iriam atingir. “Faremos tudo o que o Senhor ordenou” (Êx 19:8), respondeu o povo em seu orgulho e pretensão. Por cerca de mil e quinhentos anos os judeus fingiram guardar os mandamentos de Deus, que só serviam para apontar que eles estarem fora dos padrões divinos. Não que a Lei de Deus seja ruim. Ela é perfeita. O problema está no homem.

Tudo mudou com a vinda de Jesus. “A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Graça e verdade são as marcas da atual dispensação. Em Jesus, Deus se deixa tocar. Aquele que é 100% divino passou a ser também 100% Homem. Duas naturezas em um mesmo Ser, o mistério da encarnação.

Porém Maria Madalena ainda não sabe disso. Para ela Jesus é o Messias prometido, aquele que traria de volta à Israel a glória do reino de Salomão, inaugurando uma era de paz e prosperidade. Mas ele está morto em um sepulcro fechado por uma grande pedra e lacrado. Mas espere! A pedra não está no lugar! Alguém violou o sepulcro! Maria sai correndo ao encontro de Pedro e João e soa o alarme: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram!” (Jo 20:2).

Nos próximos 3 minutos, conheça o primeiro a crer sem ver.

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O primeiro

João 20:3-10

Pedro e João são pegos de surpresa. Maria Madalena, aflita e ofegante, chega do sepulcro de Jesus dando a eles a notícia: o corpo sumiu. A grande pedra foi tirada e o sepulcro está vazio! Pedro e João saem em disparada.

João é o primeiro a chegar, mas não entra na gruta escavada no barranco. Ele espia dentro e vê as faixas de linho que tinham sido enroladas no corpo de Jesus. Pedro chega, entra, e vê as faixas e também o lenço que tinha sido colocado sobre a face de Jesus. Ao contrário do que diz a lenda do Santo Sudário, o corpo de Jesus foi sepultado enrolado em faixas de linho, conforme o costume da época.

Alguns capítulos antes você viu a história da ressurreição de Lázaro, quando “Jesus bradou em alta voz: ‘Lázaro, venha para fora!’. O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disselhes Jesus: ‘Tirem as faixas dele e deixem-no ir’” (Jo 11:43-44).

Lázaro, com as mãos e pés presos pelas faixas, foi incapaz de se livrar das faixas de tecido, mesmo depois de voltar a viver. Ele precisou de ajuda para isso. Se Jesus ressuscitou da mesma maneira que Lázaro, quem o ajudou a desatar as faixas? A menos que a ressurreição de Jesus tenha sido diferente. E foi.

Lázaro ressuscitou, porém iria morrer novamente depois. Era o mesmo corpo, apenas curado e revivido, mas ainda sujeito à doença, morte e degeneração. Jesus ressuscitou como primícias da nova criação, o protótipo dos que aguardam a ressurreição em um corpo de carne e ossos, porém celestial. Um corpo diferente.

Tão diferente que pôde sair de dentro daquele emaranhado de faixas de linho sem desenrolá-las ou rasgá-las. Tão surpreendente ao ponto de aparecer no meio dos discípulos numa sala com portas e janelas fechadas. Mas ao mesmo tempo tão real que comeu peixe e mel diante deles. Não era um corpo etéreo, um espírito ou assombração. Era o próprio Jesus, corpo, alma e espírito.

Depois de Pedro, João entra no sepulcro e aqui diz que “ele viu e creu” (Jo 20:8). Como assim creu? Creu em quê? Não há nada ali para crer, além de um sepulcro vazio e faixas de tecido! Exatamente. João creu no invisível, e é com o invisível que a fé se ocupa. Cremos em alguém que não vemos, em Jesus, que morreu para nossa salvação e ressuscitou para nossa justificação.

João agora entende passagens como a do Salmo 16: “Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição” (Sl 16:9-10). Quantas vezes Jesus falou de sua morte e ressurreição e os discípulos não entenderam? Quantas vezes você já ouviu a mesma história e ainda não entendeu?

Nos próximos 3 minutos Maria Madalena escuta alguém chamar seu nome.

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Que Jesus você procura?

João 20:11-16

Enquanto Pedro e João voltam para casa, Maria Madalena permanece diante do sepulcro vazio. Ao contrário de João, ela ainda não entendeu que Jesus ressuscitou de entre os mortos. Seu coração continua aflito e angustiado como o coração de qualquer pessoa que percebe que a morte é inevitável, porém não desfruta da certeza da ressurreição e da vida eterna.

Ela decide espiar dentro do sepulcro e vê dois anjos vestidos de branco, sentados no local onde estivera o corpo de Jesus. Eles perguntam: “Mulher, por que está chorando?”, e ela responde, “Levaram embora o meu Senhor, e não sei onde o puseram” (Jo 20:13). Maria não percebe que são anjos, e nem há como saber. Afinal, os únicos seres angelicais que apareceram com asas na Bíblia são os querubins e serafins, duas classes especiais de anjos. Os demais sempre foram vistos em forma humana e falando a língua dos homens, e não alguma língua de anjos.

Maria percebe alguém se aproximando, e este repete a pergunta dos anjos: “Mulher, por que está chorando?”, e acrescenta: “Quem você está procurando?”. Maria pensa ser o jardineiro e suplica: “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou e eu o levarei” (Jo 20:15). Ela ainda não percebeu que está conversando com o próprio Jesus ressuscitado. “Maria!”, diz ele, chamando-a pelo nome.

Só então Maria reconhece Jesus. O modo peculiar como Jesus a chama pelo nome imediatamente desperta nela uma avalanche de emoções. “Rabôni!”, exclama ela em aramaico, que quer dizer “Mestre”. Não irá demorar até Maria perceber que Jesus não é apenas o Mestre que ela e os outros conheciam. Logo ela entenderá que Jesus é o Salvador, o Emanuel, o Filho de Deus vindo em carne.

Será que você está como Maria, sem reconhecer Jesus? Procurando por um morto, quando ele vive? Ou quem sabe você esteja em busca do Jesus que multiplicou os pães, sem perceber que ele não veio trazer comida, mas levar pecados. Será que a sua busca é por um Jesus curandeiro, que lhe garanta mais alguns anos de vida capenga neste mundo? O verdadeiro Jesus quer lhe dar vida eterna!

E o Jesus talismã, será este que você busca, para livrá-lo dos perigos, do mau olhado, das feitiçarias? Você deve estar brincando! A Palavra de Deus garante ao que crê em Jesus que “nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38).

Maria procurava pelo Jesus Mestre. Muita gente pensa assim, acreditando que é pelo aprendizado que se chega ao céu, e que a salvação seja um interminável processo de evolução do espírito. Nos próximos 3 minutos você sentirá vergonha de um dia ter pensado que podia ser salvo por seus esforços para se tornar alguém melhor.

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Eu vi o Senhor!”

João 20:17-18

Maria Madalena está surpresa. Diante de Jesus ressuscitado o desejo dela é que ele permaneça para sempre na terra com os discípulos. Como nos bons tempos, quando caminhava com eles ensinando, alimentando e curando a multidão. Ela não quer que isso termine nunca; ela quer segurá-lo por aqui. Mas Jesus avisa: “Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai” (Jo 20:17).

Os discípulos não teriam mais a companhia física de Jesus na terra, pois ele precisava voltar ao Pai. Ao morrer, o espírito de Jesus voltou para Deus, cumprindo assim a promessa que havia feito ao malfeitor que morreu na cruz: “Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23:43). Mas sua obra não estaria terminada sem a ressurreição, e este é o evangelho completo, do qual Paulo fala em 1 Coríntios 15:

Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei… Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei… que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:1-4).

Qualquer mensagem que não inclua a morte de Jesus pelos nossos pecados, e sua ressurreição para nossa justificação, não é o evangelho, “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). Se o grão de trigo não morresse, ele ficaria só. Mas ele morreu e agora a casa do Pai ficará cheia. Ao completar sua obra de redenção Jesus colocou os que são salvos por ele na mesma posição que agora ocupa diante do Pai.

Se você crê em Jesus, é essa obra, e não os seus próprios esforços, sua caridade ou perseverança, que permite a você chegar diante de Deus purificado, regenerado e adotado como filho. Você é colocado na mesma posição que Jesus agora ocupa diante do Pai. Você ouviu isso? Deus o vê como se estivesse olhando para Jesus: puro, perfeito e imaculado. Será que agora você não está envergonhado de ter tentado entrar no banquete que Deus preparou levando seu pão com mortadela de religião, boas obras e perseverança?

A mensagem que Jesus dá a Maria Madalena mostra a realidade dessa nova posição recebida por graça, e não por mérito: “Vá a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (Jo 20:17). Eles tinham sido chamados de servos e amigos. Agora Jesus os chama de irmãos; ganharam o lugar de filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo. Se você já creu em Jesus, se já tem a certeza do perdão de seus pecados e da vida eterna, então agora você pode chamar a Deus de Pai. Só agora.

Maria Madalena corre contar tudo aos outros discípulos, começando pela notícia de tirar o fôlego: “Eu vi o Senhor!”. Eles também verão, mas só nos próximos 3 minutos.

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O dia do Senhor

João 20:1-19

Maria Madalena corre contar aos discípulos que viu o Senhor e ele os chamou de “irmãos” e filhos de seu Pai. Para um judeu, chamar a Deus de Pai estava fora de questão. Era intimidade demais com o Criador. Porém Jesus deixa claro que aqueles que creem nele são colocados na mesma posição de total aceitação que ele desfruta perante o Pai. Caso contrário ele não nos chamaria de “irmãos”.

Quando você ler a Bíblia, saiba que o Espírito Santo não desperdiça palavras. Se ele diz algo, é melhor acatar, pois existe uma razão de ser. É o caso do dia mencionado no início deste capítulo 20 do Evangelho de João: “o primeiro dia da semana”. No versículo 19 diz “ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana”. O “primeiro dia da semana” é o que hoje chamamos de domingo.

Foi nesse dia que Jesus ressuscitou e apareceu a Maria Madalena e também às outras mulheres, segundo o relato de Mateus no capítulo 28 de seu evangelho. Também apareceu a Cleopas e ao outro discípulo no caminho de Emaús, como nos informa Lucas, no capítulo 24 de seu evangelho, onde também fala de uma aparição particular a Simão Pedro (Mt 28:1-9; Lc 24:15, 34).

É no “primeiro dia da semana” que Jesus se coloca no meio dos discípulos reunidos. Em Atos capítulo 20 Lucas escreve que “no primeiro dia da semana reunimo-nos para partir o pão”. Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, ensina: “No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda”, para ajudar os mais necessitados (1 Co 16:2).

João chama de “dia do Senhor” o primeiro dia da semana, quando recebe a revelação do Apocalipse (Ap 1:10). Não se trata do “dia do Senhor” em que ele descerá do céu para julgar as nações e, mil anos depois para destruir a terra (2 Pe 3:10). No original João diz “dia do Senhor” no mesmo sentido de “ceia do Senhor” de 1 Coríntios 11, ou seja, o dia que pertence ao Senhor. Na Bíblia em inglês fica mais fácil perceber a diferença: o dia de juízo é chamado “the day of the Lord”, e o dia da semana, que João menciona em Apocalipse, é “the Lord’s day”.

O domingo era um dia especial para aqueles discípulos, o dia em que o Senhor ressuscitou e também se colocou no meio deles. Era o dia em que eles separavam o que pretendiam colocar na coleta para suprir as necessidades dos irmãos carentes e da obra do Senhor. Era também no “dia do Senhor” que se reuniam para celebrar a “ceia do Senhor”. O domingo não é o sábado da Lei dada aos judeus, mas é um dia especial para o cristão. É o primeiro dia, o princípio, “o dia do Senhor”, o dia que é dele e deve ser dedicado a ele.

Nos próximos 3 minutos Jesus garante aos seus discípulos aquilo que os homens tanto procuram: a paz.

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Paz seja com vocês”

João 20:19-20

Ao cair da tarde daquele primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos a portas trancadas, por medo dos judeus, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: ‘Paz seja com vocês!’ Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se quando viram o Senhor” (Jo 20:19). É assim que João descreve a primeira reunião que eles têm com Jesus no meio.

Os discípulos têm medo dos judeus, e não é sem razão. Aquele que eles consideravam o Messias e Rei de Israel tinha morrido e eles sentem falta de sua presença física. Antes eles se sentiam seguros na companhia daquele que podia domar as tempestades, mas agora estão reunidos com portas e janelas trancadas para impedir a entrada de qualquer um. Mas Jesus não é qualquer um.

O texto não diz como ele aparece ali sem arrombar a porta, mas o fato em si explica muita coisa. O corpo ressuscitado é imune às limitações impostas pelas leis da física. Ali está um Homem de carne e ossos que atravessa paredes, ou simplesmente aparece no meio deles com o mesmo tipo de corpo que os salvos ressuscitados terão. Com uma exceção: no céu, apenas Jesus terá cicatrizes.

A reação dos discípulos é de alegria. Pela segunda vez Jesus lhes diz “Paz seja com vocês!”, assegurando que já não existe mais a possibilidade de cair sobre eles a ira divina. Todo o juízo de Deus tinha sido derramado em Jesus. Uma vez morto e ressuscitado, a obra está completa. O apóstolo Paulo escreve aos colossenses explicando quem é Jesus:

Ele é o “Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis… criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz” (Cl 1:13-20).

Se você ainda não tem a certeza de seus pecados perdoados; se para você Jesus não é a expressão exata do Deus invisível; se você não crê que tudo foi criado por Jesus e para Jesus, e que tudo subsiste nele; se não aceita que em Jesus você encontra Deus em toda a sua plenitude; se não percebeu que ele foi o primeiro a ressuscitar de entre mortos por já ter feito a paz por seu sangue derramado na cruz, então você ainda não conhece Jesus.

Antes que venham os próximos 3 minutos ou as próximas três batidas de seu coração, certifique-se de pedir a Deus o perdão e a salvação por intermédio de Jesus. É de graça, pois o preço seria alto demais para você. Por isso Jesus pagou.

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Jesus no meio

João 20:19-20

Ao se colocar no meio de seus discípulos reunidos, Jesus lhes ensina uma lição. Em breve ele subiria ao céu e eles não poderiam mais contar com sua presença física e palpável como nesta reunião. Mas mesmo assim eles não deixariam de contar com sua presença em seu meio. Afinal, ele prometeu: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18:20).

Embora algumas versões modernas tragam “onde dois ou três se reunirem em meu nome”, esta não é a forma correta. Dizer que “as laranjas se reuniram sobre a mesa” não é o mesmo que dizer que “as laranjas estão reunidas sobre a mesa”. No primeiro caso, as laranjas têm em si algum poder ou iniciativa. No segundo, algo ou alguém reuniu as laranjas, seja a cesta ou o dono da casa.

As pessoas na grande maioria dos agrupamentos cristãos de hoje “se reúnem”, isto é, se organizam em torno de uma ideia, doutrina, denominação ou líder. Será que isso é o mesmo que ser reunido ou congregado ao nome de Jesus. Será que é a pessoa de Cristo o imã que as atrai? Será ele a razão, o meio e o fim de estarem reunidas? A resposta a estas perguntas depende de outros questionamentos.

Se no meio não estiver Jesus — e quero dizer “no meio” como aquilo que realmente leva as pessoas a estarem ali — então não é uma reunião ao nome dele ou para ele. Mas o que poderia substituir Jesus como aquilo que atrai as pessoas para estarem ali? Outras atrações.

Você já reparou o quanto de entretenimento foi acrescentado às reuniões cristãs? Shows de bandas, cantores e dançarinos. Pregadores contratados com cachês milionários para “reavivar” as pessoas. Megaespectáculos com promessas de curas e milagres com hora marcada, como se a agenda de Deus estivesse ao dispor de seus organizadores. Será isso o que encontramos na Palavra de Deus? Julgue você.

Aqui os discípulos estão isolados do mundo exterior, as portas e janelas trancadas, e Jesus no meio. “Paz seja com vocês!” diz ele. “Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se quando viram o Senhor” (Jo 20:20). E você, de que mais precisa para se alegrar? Será que as evidências da morte de Jesus por você — suas marcas nas mãos e no lado — já não são suficientes para despertar seu interesse nele? Será que é ele quem está no meio do lugar que você frequenta, ou é um pregador, uma banda ou um ritual?

Maria, irmã de Marta e Lázaro, escolheu a melhor parte: Jesus e sua palavra, nada mais. Toda a atividade de Marta — supostamente para servir a Jesus — só lhe valeu uma repreensão do Senhor. Ela estava perdendo a melhor parte. E você, tem se ocupado com pessoa de Jesus ou com as coisas de Jesus. Talvez você precise ver algo, como eloquência, luzes e sons. Se for este o seu caso, você não está sozinho: Tomé também era assim. Mas não é de Tomé que vamos falar nos próximos 3 minutos, e sim do protótipo da igreja que este capítulo representa.

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O protótipo

João 20:21-23

Assim como o Pai me enviou, eu vos envio”, diz Jesus aos discípulos. “E com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam os Espírito Santo’. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados” (Jo 20:21-24).

Três coisas ocorrem nesta cena. Primeiro, os discípulos são comissionados a ocuparem o lugar de um testemunho de Deus no mundo. Segundo, o Senhor sopra sobre eles e diz: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20:22), capacitando-os para essa comissão. Aqui não tem o mesmo caráter de Atos 2, quando o Espírito Santo viria habitar na igreja coletivamente e em cada crente individualmente.

Em terceiro lugar, ele diz: “Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados” (Jo 20:23). Judicialmente falando, só Deus pode perdoar pecados, porém administrativamente ele autoriza os discípulos a fazê-lo. Não entendeu? Digamos que alguém ofenda você e confesse a Deus, que garante a ele o perdão, pois “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9). Porém falta restaurar a comunhão entre vocês, e é aí que entra o seu poder de perdoá-lo, não judicialmente, mas na esfera das relações humanas.

Esta reunião dos discípulos com as portas fechadas é um protótipo do que viria a existir alguns dias depois: a igreja de Deus na terra. Primeiro Israel deixaria de representar Deus neste mundo. A igreja tomaria esse encargo, não como o povo terreno com promessas terrenas e bênçãos materiais que Israel tinha sido, mas como um povo celestial com esperanças celestiais e bênçãos espirituais.

Segundo, Deus enviaria o Espírito Santo para habitar na igreja, coletivamente, e nos crentes, individualmente. Isto seria algo inédito, pois até então o Espírito estava com os santos, mas no período da igreja ele habitaria nos santos. Terceiro, seria delegado à igreja o poder de perdoar pecados administrativamente, ou seja, “ligar” e “desligar”, como em Mateus 18:18; introduzir na comunhão alguém considerado puro, ou excluir dela o impuro. Um exemplo? 1 Coríntios capítulo 5.

Jesus tinha celebrado a ceia com os discípulos em um cenáculo ou pavimento elevado, acima do nível do mundo. A reunião aqui é a portas fechadas. A igreja seria separada, nada teria a ver com a política, as organizações e os negócios do mundo. Estaria no mundo, sem ser do mundo. Finalmente, o mais importante: Jesus estaria no meio; seria ele o único e suficiente foco de atenção, e dele emanaria toda a autoridade na igreja. Ele seria o Senhor de fato. Será que é assim onde você está congregado?

Nos próximos 3 minutos Jesus repreende a incredulidade dos que querem ver para crer.

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Incredulidade

João 20:24-31

Tomé não estava na primeira reunião com os discípulos. Por onde andaria Tomé? Será que a notícia das mulheres que tinham visto Jesus não chegou até ele? No capítulo 24 do Evangelho de Lucas, os discípulos que Jesus encontra no caminho de Emaús já sabiam das mulheres que afirmavam terem visto Jesus ressuscitado. Então o que iam fazer em Emaús? A resposta em ambos os casos é: incredulidade.

Jesus repreende aqueles dois, dizendo: “Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?” (Lc 24:25-26). Não era nem uma questão de acreditar ou não nas mulheres, mas de crer em tudo o que os profetas tinham dito sobre a morte e ressurreição de Cristo; de crer na Palavra de Deus.

Agora é a vez de Tomé, nome que é sinônimo de desconfiança e incredulidade. Ele diz aos outros: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20:25). Uma semana mais tarde, outra vez no primeiro dia da semana, os discípulos estão reunidos no mesmo lugar, e Tomé com eles.

Jesus aparece no meio deles, e fala a Tomé: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia” (Jo 20:27). Tomé se derrete todo: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20:28). Se na primeira reunião dos discípulos nós vimos uma figura da igreja, aqui, nesta segunda reunião, Tomé representa o remanescente judeu que irá crer no Messias após o arrebatamento da igreja, pois o judeu busca sinais, precisa ver parar crer.

O profeta Zacarias previu aquele momento: “Naquele dia procurarei destruir todas as nações que atacarem Jerusalém. E derramarei sobre a família de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de ação de graças e de súplicas. Olharão para mim, aquele a quem traspassaram” (Zc 12:9-10).

A repreensão a Tomé não terminou: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram” (Jo 20:29). É significativo que o texto continue dizendo que “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo 20:30-31).

Em que categoria você se encontra? Na dos que creem ser ver, ou na de Tomé que precisa ver para crer? Você se dá por satisfeito só de ler o registro dos milagres, que foram escritos para nós crermos, ou será que anda por aí em busca de milagres inéditos? Não seja Tomé; “pare de duvidar e creia” na Palavra de Deus.

Mas depois de crer, cuidado para não voltar a fazer as mesmas coisas que fazia. É o que acontece com os discípulos nos próximos 3 minutos.

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Vou pescar”

João 21:1-8

Ao crer em Jesus como seu Senhor e Salvador, uma nova vida começa em você. Ao contrário da religião, que espera que você se transforme numa pessoa melhor para ser aceito por Deus, o evangelho ensina que Jesus veio salvar pecadores, não pessoas boas. A única coisa que você pode apresentar a Deus para provar que é um candidato à salvação são os seus pecados. Basta crer nele para ser perdoado.

Mas depois de salvo pela fé em Cristo, o que acontece? Uma mudança de atitude. Você passa a gostar de coisas que não gostava, e a sentir aversão por coisas que antes apreciava. Novas crenças e valores passam a pautar sua vida como filho de Deus, reconhecendo Jesus como Senhor e dono de seu ser. Como diz na carta aos hebreus, você começa a se ocupar com as “coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação” (Hb 6:9).

Mas e se você voltar a viver exatamente como vivia antes? Bem, parece ser o que encontramos os discípulos fazendo neste capítulo 21 do Evangelho de João. Aqueles ex-pescadores tinham sido transformados, por Jesus, em pescadores de homens. Eles ganharam novas prioridades e uma nova perspectiva, porém neste capítulo não vemos mudança alguma. Eles voltam a fazer o que faziam.

Sem perceber o quanto de influência pode exercer nos outros, Simão Pedro diz: “Vou pescar”. Os outros decidem fazer o mesmo: sobem no barco e voltam ao modo de vida que tinham antes de conhecerem a salvação. O resultado foi uma pescaria de uma noite inteira sem um peixe sequer. Assim somos nós, quando nos esquecemos de que, após crermos em Jesus, estamos sob nova direção. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (2 Co 5:17).

Já amanhecia quando voltavam e viram alguém na praia, mas não reconheceram que era Jesus. Quanto mais nos afastamos dele e da comunhão com as coisas de Deus, mais difícil fica reconhecermos que ele tem algo para nos dizer. E o Senhor tem uma pergunta para eles: “Filhos, vocês têm algo para comer” (Jo 21:5). A resposta óbvia é “Não”. Qualquer verdadeiro discípulo de Cristo passará fome se tentar viver longe dele e buscar satisfação nas coisas de sua velha vida.

Eles estavam a menos de cem metros da praia e podiam ouvir Jesus lhes dizer: “‘Lancem a rede do lado direito do barco e vocês encontrarão’. Eles a lançaram, e não conseguiam recolher a rede, tal era a quantidade de peixes” (Jo 21:6). E você, de que lado tem lançado sua rede? Qualquer lado será o lado errado se não for o lado da vontade de Deus. João identifica que é o Senhor na praia, e Pedro, bem ao seu estilo, pula na água e vai ao encontro de Jesus, enquanto os outros chegam no barco.

Nos próximos 3 minutos os discípulos encontram companhia, conforto e alimento na presença de Jesus.

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Companhia, conforto e alimento

João 21:9-14

Os discípulos chegam à praia, ainda surpresos com resultado de terem jogado a rede seguindo as instruções de Jesus. Ali encontram Jesus, uma fogueira, peixes sobre as brasas e pão. Será que você é daqueles que acreditam que seu sustento é fruto do seu trabalho e não da providência divina? Se você tivesse nascido na Somália, quais teriam sido as chances de ter o emprego que tem?

Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt 5:45), mesmo que eles não saibam disso. Porém, aquele que creu em Jesus como seu Salvador, que teve todos os seus pecados perdoados e foi recebido na família de Deus pela fé, deveria ao menos reconhecer quem o sustenta e quer dirigir sua vida. Alguns dias antes Jesus tinha ensinado os discípulos: “Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:5).

Você reparou que neste encontro na praia é Jesus quem providencia tudo? As brasas, o peixe, o pão e até a rede cheia que irá sustentá-los por alguns dias. Não espere ir a Jesus pensando que é por seus esforços e ofertas que ele lhe dará em troca descanso e sustento. No Salmo 50 Deus deixa claro o que pensa de pessoas que tentam se aproximar de Deus na base da barganha:

Não tenho necessidade de nenhum novilho dos seus estábulos, nem dos bodes dos seus currais, pois todos os animais da floresta são meus, como são as cabeças de gado aos milhares nas colinas. Conheço todas as aves dos montes, e cuido das criaturas do campo. Se eu tivesse fome, precisaria dizer a você? Pois o mundo é meu, e tudo o que nele existe. Acaso como carne de touros ou bebo sangue de bodes? Ofereça a Deus em sacrifício a sua gratidão” (Sl 50:9-14).

Tudo o que Deus espera de você é sua gratidão, mas antes é preciso que você tenha de que agradecer. Jesus convida: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11:28). E em Atos Pedro deixa claro que “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12).

Venham comer” (Jo 21:12), convida Jesus. Ele tinha tudo preparado: companhia, conforto e alimento. Pedro talvez se lembre de outra fogueira recente no pátio da casa do sumo sacerdote, quando quis se aquecer na companhia dos inimigos de Jesus. Tudo dá errado na companhia das pessoas erradas. Você ainda se ilude pensando encontrar companhia, conforto e alimento em seus amigos incrédulos? Cuidado com o ilusório conforto das fogueiras dos homens. Pedro precisou até negar que conhecia o Senhor para não sofrer o repúdio dos inimigos de Jesus.

O desejo de Pedro voltar à velha vida, e arrastar os outros consigo pode ser o resultado de uma pendência em seu coração: ele ainda não se recuperou de ter falhado e negado que conhecia Jesus. O que acontece quando falhamos? Veja a resposta nos próximos 3 minutos.

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Uma tríplice restauração

João 21:15-17

Como você se sentiria se tivesse traído a confiança de seu melhor amigo e, em troca, recebesse dele só amor e consideração? Depois de Pedro estar alimentado e aquecido, Jesus decide aquecer também seu coração. O arrependimento de Pedro havia sido sincero, porém reservado. Jesus quer agora restaurá-lo publicamente.

No original grego são utilizadas duas palavras diferentes aqui — “ágape” e “filéo” — traduzidas em nossas Bíblias pelo genérico verbo “amar”. Mas a diferença é significativa, por isso vou transcrever a passagem com o sentido original:

Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de Jonas, você me ama mais do que estes?’ Disse ele: ‘Sim, Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti’. Disse Jesus: ‘Alimente meus cordeiros’. Pela segunda vez Jesus disse: ‘Simão, filho de Jonas, você me ama?’ Ele respondeu: ‘Sim, Senhor tu sabes que tenho afeição por ti’. Disse Jesus: ‘Pastoreie as minhas ovelhas’. Pela terceira vez, ele lhe disse: ‘Simão, filho de Jonas, você tem afeição por mim?’ Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez ‘Você tem afeição por mim?’ e lhe disse: ‘Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que tenho afeição por ti’. Disselhe Jesus: ‘Alimente minhas ovelhas’“ (Jo 21:15-17).

Antes de negar Jesus por três vezes, Pedro quis parecer mais fiel que os outros discípulos ao afirmar que estava pronto a morrer por ele. Confiança própria é fruto da carne, portanto veja se você não é desses que gostam de se gabar, fazendo alarde de sua fé e perseverança. A autoconfiança nas coisas de Deus costuma esconder o sepulcro caiado da hipocrisia dos fariseus.

Para tratar dessa autoconfiança de Pedro Jesus pergunta se ele o ama mais que os outros discípulos. Jesus sabe que era isso que havia no coração de Pedro, ao afirmar que estava disposto a morrer por Jesus, antes de negá-lo três vezes. Pedro se achava “O Cara”. Mas aqui Pedro não responde usando o amor “ágape”, o amor puro e desinteressado, mas o amor “filéo” da afeição fraternal. Agora ele aprendeu a não confiar em si mesmo. Na terceira vez é Jesus quem pergunta usando “filéo”, e não “ágape”: “Simão… você tem afeição por mim?”. Então Pedro reconhece a divindade e onisciência de Jesus: “Senhor, tu sabes todas as coisas” (Jo 21:15-17).

Pedro passa no teste e Jesus o trata com graça. Na restauração de Pedro é usada a mesma graça que cancela a pena no lago de fogo que o pecador merece, para lhe dar um lugar na glória que ele não merece. O Deus da Bíblia é um Deus de perdão e restauração para quem crê em Jesus. Pedro, que três vezes negou conhecer Jesus, deixa de receber o que merece — uma tripla reprovação — para receber o que não merece — uma tripla incumbência de cuidar dos cordeiros e ovelhas do rebanho.

Você sabe a diferença entre um cordeiro e uma ovelha? Não? Então veja nos próximos 3 minutos.

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O rebanho de Deus

João 21:15-17

Cada vez que Jesus pergunta a Pedro se este o ama, ele também faz um pedido. O primeiro é para que Pedro alimente os seus cordeiros. Os outros são para que ele pastoreie e alimente as ovelhas. Estas são também as incumbências dos que recebem do Senhor a responsabilidade de cuidar do rebanho. Cordeiros são os mais novos, frágeis e tenros, que precisam de leite. Ovelhas são mais crescidas. Um pastor ou ministro deve saber diferenciar umas das outras.

O significado destes dois termos — “pastor” e “ministro” — foi totalmente corrompido pelas religiões. O mesmo aconteceu com o termo “igreja”, que hoje é mais aplicado a uma denominação ou templo de tijolos do que a uma reunião de pessoas, em sua forma local, ou o corpo de Cristo, no seu aspecto universal.

Na Palavra de Deus você encontra três tipos de pastores. O primeiro é um dom, dado pelo Senhor. Na carta aos Efésios Paulo diz que Jesus, após subir aos céus, “designou alguns para… pastores… para que o corpo de Cristo seja edificado” (Ef 4:11-12). A atuação deste pastor é universal, para todo o corpo de Cristo, não fica restrita a uma assembleia local. O pastor não é necessariamente um pregador, já que sua função é cuidar.

Outro “pastor” na Bíblia é o que tem a responsabilidade administrativa de uma assembleia local, mas ele nunca aparece no singular, sempre no plural — “pastores”. São chamados também de “bispos”, “presbíteros” ou “anciãos”. Eles podem ou não ter o dom de pastor citado em Efésios 4. Tanto o “pastor”, o dom universal, como os “pastores”, na função local de supervisores, jamais são vistos na Bíblia dirigindo uma reunião de cristãos. É o Espírito quem usa os diferentes dons. Você também não encontra na Bíblia a formação, eleição ou ordenação de pastores, seja por cursos de teologia, congregações locais ou denominações.

Tanto o dom de “pastor” de Efésios 4, como o ofício identificado como “pastores”, “bispos”, “presbíteros” ou “anciãos”, são exercidos por meio do ministério de cada um, ou seja, eles são ministros de Deus, não de uma denominação. A palavra “ministro” também foi corrompida e transformada em sinônimo de cargo de liderança eclesiástica. Mas o seu significado é o de um servo ou escravo, cuja tarefa é servir. Pense no Senhor Jesus e você terá ideia de um perfeito Ministro. Ele ensinou: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos” (Mc 9:35).

Finalmente, o terceiro tipo de pastor na Bíblia é aquele que o profeta Ezequiel chama de “pastores… que só cuidam de si mesmos” (Ez 34:2). São como os filhos de Eli, que roubavam as ofertas ao Senhor, ou como Diótrefes, que queria ser o mais importante em sua congregação. São descritos por Paulo como “egoístas, avarentos [ou ávidos por dinheiro], presunçosos, arrogantes… tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder” (2 Tm 3:1-5). Destes devemos nos afastar.

Nos próximos 3 minutos o Senhor atende o desejo de Pedro.

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Sem fim

João 21:18-25

Depois de passar por uma sabatina, quando Jesus lhe perguntou três vezes se o amava, e lhe deu também uma tripla responsabilidade, Pedro fica sabendo que seu desejo será realizado. Que desejo? O de morrer pelo Senhor. Antes da crucificação, e antes de sua tripla negação, Pedro dissera estar pronto a morrer. Jesus lhe garante que será assim, com estas palavras:

Quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir”. O texto continua explicando que “Jesus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus” (Jo 21:18-19).

A intenção de Pedro era boa, mas colocá-la em prática estava fora de seu alcance. O mesmo aconteceu com Moisés. Ele quis libertar o povo de Israel da escravidão, porém começou assassinando um egípcio. A intenção era boa, porém jamais poderia ser executada por seus esforços guiados pela vontade própria.

Depois de viver quarenta anos na corte de Faraó, aprendendo toda a ciência do Egito, Moisés foi obrigado a viver quarenta anos escondido para aprender a não confiar em si mesmo. Só então ele estava pronto para guiar o povo numa peregrinação de quarenta anos pelo deserto rumo à terra de Canaã.

Se Pedro tivesse morrido antes, teria sido para sua própria glória. Porém agora ele morreria para a glória de Deus. Paulo expressou bem qual deve ser o sentimento do cristão de glorificar a Deus na vida ou na morte: “Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1:20-21).

Quando Pedro pergunta o que seria de João, Jesus responde: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa?” (Jo 21:22). Isto fez os discípulos pensarem que João não morreria, mas o texto esclarece que não foi o que Jesus quis dizer. João permaneceria vivo até a volta de Cristo porque a ele seria mostrada essa volta na revelação do Apocalipse. Antes de morrer em idade avançada, João teve o privilégio de ver Cristo voltar na visão que recebeu.

Este evangelho não tem começo nem fim, porque assim é Jesus: Deus eterno. Ele começou falando que “todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:3). Agora diz que “Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos” (Jo 21:25).

Seria possível descrever tudo o que Jesus fez? Jamais. O profeta Isaías o chamou de “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:6). O Evangelho de João nos mostrou Jesus, Deus infinito e Homem acessível. O que você está esperando para crer nele? O que está esperando para dedicar sua vida a ele?

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